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Resumo do documentário Pro dia nascer feliz

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O documentário Pro dia nascer feliz retrata a desigualdade da educação no Brasil, mostrando a vida escolar e os problemas vividos por estes jovens. São apresentadas escolas localizadas no Estado de Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro, sendo de ensino público e privado. 
 A escola Estadual Parque Piratininga II, localizada na periferia do município de Itaquaquecetuba, mostra um espaço de comunicação entre o aluno, professor e comunidade de forma produtiva e dinâmica. Nesta há discussão sobre sexualidade e outros temas. Os alunos apresentam uma boa argumentação e liderança de ideais. Os professores estim ulam a análise crítica sobre variados temas. Portanto podemos relacionar esta escola com uma tendência progressista libertadora, pois há uma estimulação do senso crítico extraindo “temas geradores”, há grupos de discussão e uma relação horizontal entre o educador e o educando. 
 A escola Manari no interior de Pernambuco mostra uma outra realidade, a falta de professores, estrutura precária e falta de transporte para os estudantes. É apresentado uma aluna, Valéria, estudante que tem anseia por poesia. Pelos relatos dos estudantes e funcionários do colégio, podemos relacionar a uma tendência pedagógica liberal tradicional. 
A escola pública em Duque de Caxias, vive fortemente o problema de violência e de roubo por parte dos estudantes. A dificuldade de uma alavanca social faz com que um futuro promissor se torne apenas um sonho. Podemos relacionar esta escola também a tendência pedagógica libera renovada progressista, por apresentar eventos culturais e oficinas. 
A escola particular na cidade de São Paulo mostra alta rigidez e além disso a instabilidade emocional dos estudantes. A escola não propõe uma dinâmica tão re ciproca com a comunidade, porém tem um enfoque muito grande na absorção da informação e a busca de sucesso nos vestibulares. Tem relação com a tendência liberal tecnicista. 
Neste documentário podemos concluir que as realidades que foram mostradas não são apenas diferentes na questão da dedicação, violência e desrespeito, falta de estrutura ou mesmo da ausência de professores, mas também a falta de um apoio familiar, dificultando ainda mais o desempenho desejado. Além disso o filme mostra a diferença de padrões de ensino e os caminhos que terão que ser percorridos para que a educação no Brasil não seja apenas elitizada.
O documentarista João Jardim visita diversas escolas do Brasil, em várias regiões e de classes sociais distintas. Em cada estabelecimento, jovens com aspirações parecidas, mas com realidades e problemas às vezes muito diferentes.
Nota Cineweb
Crítica Cineweb
01/02/2007
Que o Brasil é cheio de contrastes sociais e que o ensino no país anda defasado há muito tempo não é nenhuma novidade. Ainda assim, o documentarista João Jardim (Janela da Alma) encontrou algo novo a dizer sobre essas duas questões. Em seu Pro Dia Nascer Feliz (premiado na Mostra SP, em 2005, em Gramado, 2006), o diretor mostra como os dois problemas estão intimamente ligados e que é possível construir um país melhor.
Pro Dia Nascer Feliz retrata dois extremos e o abismo que existe entre eles. De um lado, uma pequena escola do interior de Pernambuco. Dentre seus estudantes, está a adolescente Valéria, que aos 16 anos quer continuar os estudos apesar das dificuldades que enfrenta na região onde mora - longe da escola e com poucas perspectivas de um futuro melhor. Isso não a impede de compor poemas e dizer que ‘deveria ter uma péssima impressão da vida, se não fosse a paixão que tenho pela arte de viver’.
Num outro extremo, está uma escola de elite na cidade de São Paulo. Jovens ricas que demonstram uma consciência social – ao menos algumas delas – mas que ainda estão preocupadas demais com seus estudos ou com suas outras atividades, como natação, ioga e vida amorosa.
São dois retratos distintos, que Jardim traça com honestidade, sem ridicularizar ou tomar partido. Em vista das circunstâncias, não fica difícil aderir a Valéria, torcer para que ela vença as adversidades que parecem não lhe dar muitas opções no futuro.
Jardim não deixa de lado o que há entre esses extremos. Como toda escola de elite é parecida, o documentarista volta-se para as escolas da periferia dos grandes centros, onde os problemas são iguais e ao mesmo tempo distintos. No Rio de Janeiro, uma professora diz que seu aluno tem potencial, mas o tráfico é tentador demais. Já na Grande São Paulo, uma professora reclama de falta de estímulo e diz que ‘o professor perdeu a dignidade para trabalhar’. Ela não está exagerando. Cenas de discussão entre alunos e professores chegam a assustar aqueles que já saíram da escola há muitos anos.
Com um sutil diálogo entre diversas realidades, o documentarista questiona, entre outras coisas, o determinismo que prega uma estagnação do indivíduo na classe social na qual nasceu.Pro Dia Nascer Feliz prova que a educação pode ser ferramenta tanto de ascensão quanto de dominação. Curioso que, numa das cenas na escola da elite, na aula de literatura, os alunos discutam o romance O Cortiço, de Aluízio Azevedo. Uma das obras mais importantes do naturalismo, o livro revela a complexa relação social entre dominadores e dominados, proprietários e inquilinos, ricos e pobres. Sintomático que pouca coisa tenha mudado desde que o livro foi publicado, no final do século XIX. Isso Jardim mostra claramente.
Pro Dia Nascer Feliz prima não apenas por sua abordagem, mas também por imagens que comprovam seu olhar apurado para compor quadros visuais, não apenas painéis discursivos. Impossibilitado de mostrar o rosto de menores infratores, Jardim evita a surrada saída de usar a sombra do entrevistado ou o contra-luz, optando por imagens poéticas que contrastam com a triste realidade que os jovens contam.
Pro Dia Nascer Feliz termina com uma certa nota de otimismo – o que prova que nem tudo está perdido, que ainda é possível mudar essa realidade e a mudança tem que começar com os mais jovens. Por suas idéias e honestidade, é um filme poderoso.

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