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SUMÁRIO 
LEI nº 12.850/13 (LEI DAS ORCRIM) .............................................................................................. 2 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 2 
contexto histórico .......................................................................................................................... 2 
CONVENÇÃO DE PALERMO ................................................................................................... 2 
CONCEITO ...................................................................................................................................... 3 
conceito legal ................................................................................................................................ 3 
quantidade de integrantes ............................................................................................................. 4 
associação estruturalmente ordenada com divisão de tarefas ....................................................... 5 
INFRAÇÕES PENAIS COM PENAS MÁXIMAS SUPERIORES A 04 ANOS OU DE 
CARÁTER INTERNACIONAL .................................................................................................. 6 
OUTRAS HIPÓTESES DE INCIDÊNCIA DA LEI Nº 12.850/13 ................................................. 7 
tipo penal .......................................................................................................................................... 8 
características ................................................................................................................................ 8 
forma equiparada .......................................................................................................................... 8 
causas de aumento de pena ............................................................................................................... 9 
art. 2º, §2º ...................................................................................................................................... 9 
art. 2º, §4º ...................................................................................................................................... 9 
DISPOSIÇÕES GERAIS ............................................................................................................... 10 
EFEITO DA CONDENAÇÃO – art. 2º, §6º .............................................................................. 10 
participação de policiais ............................................................................................................. 11 
lei nº 13.964/2019 (pacote anticrimes) ....................................................................................... 12 
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA ....................................... 12 
meios de obtenção de prova ........................................................................................................ 12 
COLABORAÇÃO PREMIADA .................................................................................................... 13 
conceito ....................................................................................................................................... 13 
A COLABORAÇÃO PREMIADA em outras leis ..................................................................... 13 
natureza jurídica .......................................................................................................................... 14 
TRATATIVAS INICIAIS .......................................................................................................... 15 
DOS DEVERES DO COLABORADOR ................................................................................... 17 
BENEFÍCIOS PARA O COLABORADOR .............................................................................. 18 
não oferecimento da denúncia .................................................................................................... 19 
 
 
LEI Nº 12.850/13 (LEI DAS ORCRIM) 
INTRODUÇÃO 
 
CONTEXTO HISTÓRICO 
	
O	 avanço	 dos	 instrumentos	 de	 persecução	 penal,	 tanto	 do	 ponto	 de	 vista	 tecnológico,	
quanto	 de	 investimento	 na	 repressão	 ao	 crime,	 exigiu	 que	 a	 criminalidade	 buscasse	 a	
sofisticação	dos	esquemas	criminosos.	
	
Dito	 de	 outra	 forma,	 os	 criminosos	 viram	 a	 necessidade	 de	 estruturar,	 de	 forma	
organizada,	as	atividades	criminosas	com	o	objetivo	de	escapar	da	punição	estatal	e	auferir	
maiores	lucros	de	suas	práticas	ilícitas.	
	
Hoje,	 não	 é	 possível	 conceber,	 por	 exemplo,	 crimes	 de	 alta	 corrupção	 sem	que	 haja	 a	
atuação	 coordenada	 de	 diversos	 agentes	 nos	 mais	 variados	 segmentos	 da	 sociedade	 (ala	
política,	empresarial	e	agentes	públicos).	
	
Aliás,	a	globalização	e	o	avanço	da	tecnologia	de	comunicação	foram	importantes	fatores	
para	que	a	criminalidade	ganhasse	proporções	transnacionais.	
	
É	nesse	contexto	que	surgiu	a	necessidade	de	uma	legislação	penal	específica	ao	combate	
das	chamadas	organizações	criminosas	(ORCRIM).	
	
CONVENÇÃO DE PALERMO 
	
Antes	do	advento	da	Lei	nº	12.850/13,	não	havia	no	Brasil	um	diploma	legal	que	cuidasse	
especificamente	sobre	as	organizações	criminosas.	
	
Na	realidade,	sequer	havia	um	conceito	legal	de	ORCRIM.	
	
Naquela	 época,	 cabia	 à	 Convenção	 de	 Palermo,	 tratado	 internacional	 que	 o	 Brasil	 é	
signatário,	conceitua	a	ORCRIM	nos	seguintes	termos:	
	
Art.	2º,	C:	grupo	estruturado	de	 três	ou	mais	pessoas,	 existente	há	
algum	 tempo	 e	 atuando	 concertadamente	 com	 o	 propósito	 de	
cometer	uma	ou	mais	 infrações	graves	ou	 enunciadas	na	presente	
Convenção,	 com	 a	 intenção	 de	 obter,	 direta	 ou	 indiretamente,	 um	
benefício	econômico	ou	outro	benefício	material;	
	
Apesar	disso,	por	conta	do	princípio	da	legalidade,	havia	uma	grande	polêmica	acerca	da	
possibilidade	de	um	tratado	internacional	ser	apto	a	tipificar	uma	conduta	como	crime.	
	
A	corrente	majoritária	e,	inclusive,	encampada	pelos	Tribunais	Superiores	era	firme	em	
negar	a	tipicidade	penal	à	definição	de	ORCRIM	dada	pela	Convenção	de	Palermo.	
	
Portanto, é possível afirmar que antes da Lei nº 12.850/13 não havia o crime 
de pertencer à organização criminosa. 
	
DÚVIDA: É possível criminalizar uma conduta por meio de tratado 
internacional? 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
Em	 recente	 decisão	 do	 STJ	 (Info	 659),	 firmou-se	 a	 tese	 de	 que	 a	 tipicidade	 exige	 a	
existência	de	lei	em	sentido	formal,	ou	seja,	que	obedeça	ao	processo	legislativo	para	a	criação	
de	lei.	
	
	
CONCEITO 
 
CONCEITO LEGAL 
 
A	 organização	 criminosa	 tem	 seu	 conceito	 legal	 disposto	 no	 art.	 1º,	 §1º,	 da	 Lei	 nº	
12.850/13.	
	
§	1º	Considera-se	organização	criminosa	a	associação	de	4	(quatro)	
ou	 mais	 pessoas	 estruturalmente	 ordenada	 e	 caracterizada	 pela	
divisão	de	tarefas,	ainda	que	informalmente,	com	objetivo	de	obter,	
direta	ou	indiretamente,	vantagem	de	qualquer	natureza,	mediante	
a	prática	de	infrações	penais	cujas	penas	máximas	sejam	superiores	
a	4	(quatro)	anos,	ou	que	sejam	de	caráter	transnacional.	
	
Nesse	sentido,	os	requisitos	legais	para	a	ORCRIM	são:	
	
LEI EM SENTIDO 
ESTRITO
Critério 
material 
(conteúdo)
Critério formal 
(processo 
legislativo)
	
	
QUANTIDADE DE INTEGRANTES 
	
Afastando-se	do	conceito	apresentado	pela	Convenção	de	Palermo,	a	Lei	nº	12.850/13	
exige	a	participação	de,	no	mínimo	04	integrantes.	
	
É	 importante	 observar	 que	 uma	 distinção	 marcante	 entre	 a	 ORCRIM	 e	 a	 associação	
criminosa	(CP,	art.	288)	reside,	exatamente,	na	quantidade	de	integrantes.	
	
Art.	 288.	 	Associarem-se	 3	 (três)	 ou	 mais	 pessoas,	 para	 o	 fim	
específico	de	cometer	crimes:	
Pena	-	reclusão,	de	1	(um)	a	3	(três)	anos.		
	
Dessa	forma:	
	
	
	
DÚVIDA: É necessário que os integrantes sejam culpáveis? 
	
O	tema	é	polêmico.	
	
ORCRIM
04 ou mais pessoas
Associação 
estruturalmente 
ordenada comdivisão 
de tarefa
Infrações penais com 
penas máximas 
superiores a 04 anos ou 
de caráter transnacional
ORGANIZAÇÃO 
CRIMINOSA
04 ou mais 
integrantes
ASSOCIAÇÃO 
CRIMINOSA
03 ou mais 
integrantes
Contudo,	 a	 corrente	 majoritária	 afirma	 que	 não	 é	 necessário	 que	 os	 integrantes	 da	
ORCRIM	sejam	todos	culpáveis,	para	fins	de	preenchimento	do	requisito	quantitativo.	
	
Nesse	sentido,	verificado	que	a	organização	criminosa	conta	com	mais	de	04	integrantes,	
considera-se	preenchido	o	requisito	do	art.	1º,	§1º,	da	Lei	nº	12.850/13.	
	
ASSOCIAÇÃO ESTRUTURALMENTE ORDENADA COM DIVISÃO DE 
TAREFAS 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
A	 associação	 estruturalmente	 ordenada	 com	divisão	 de	 tarefas	 é	 a	 característica	mais	
marcante	das	ORCRIM.	
	
Assim	 como	 ocorre	 em	 uma	 associação	 criminosa	 (CP,	 art.	 288),	 a	 ORCRIM	 exige	 o	
binômio	denominado	estabilidade	e	permanência,	do	contrário,	seria	apenas	uma	hipótese	
de	concurso	de	pessoas.	
	
Contudo,	o	art.	1º,	§1º,	da	Lei	nº	12.850/13	vai	além	(da	estabilidade	e	permanência)	e	
afirma	que	tal	associação	deve	ser	estruturalmente	ordenada	com	divisão	de	tarefas,	ou	seja,	
trata-se	de	uma	espécie	particular	de	estabilidade	e	permanência.	
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	 “A”	é	o	 líder	de	um	grupo	criminoso	que	é	especializado	em	
fraudar	licitações	na	área	da	saúde.	Além	de	controlar	um	grupo	de	empresários	do	ramo	de	
fornecimento	 de	 insumos	 hospitalares,	 “A”	 é	 responsável	 pelo	 pagamento	 de	 propinas	 aos	
agentes	públicos	responsáveis	pela	licitação	e	fiscalização	do	contrato	administrativo.	
	
No	exemplo	acima,	é	possível	afirmar	que	tal	grupo	criminoso	é	classificado	como	uma	
organização	criminosa,	já	que,	além	da	existência	de	uma	estrutura	hierarquizada,	há	divisão	
de	tarefas,	existindo,	inclusive,	um	núcleo	econômico	e	outro	formado	por	agentes	públicos.	
	
	
	
A título de curiosidade, em minha atuação como Delegado de Polícia Federal, 
quando verifico a existência de infração penal que envolva a pluralidade de agentes 
ORGANIZAÇÃO 
CRIMINOSA
Estabilidade e 
permanência
Estruturalmente 
ordenada e com 
divisão de tarefas
ASSOCIAÇÃO 
CRIMINOSA
Estabilidade e 
permanência
(notadamente, quando há 04 ou mais integrantes), sempre busco, inicialmente, 
verificar se estão presentes os requisitos da ORCRIM. 
 
O motivo é simples. 
 
Os requisitos da ORCRIM são mais específicos do que a associação criminosa 
(CP, art. 288), além de cominar pena mais grave. 
 
Outro motivo, porém, de ordem prática é a tipificação penal da conduta do 
agente que embaraça a investigação de ORCRIM (Lei nº 12.850/13, art. 2º, §1º), 
que não possui correspondente no Código Penal. Assim, caso um envolvido 
embaraçasse a investigação policial (o que sempre acontece), eu conseguiria, 
facilmente, uma medida cautelar, inclusive, uma prisão preventiva. 
 
Contudo, se não for possível enquadrar o grupo criminoso na definição legal de 
organização criminosa, eu busco a “segunda opção”: associação criminosa (CP, art. 
288). 
 
Se presentes apenas os requisitos de estabilidade e permanência, a imputação 
é feita nesse tipo penal. 
 
Além de “pesar” no total da pena, possibilitando, por exemplo, o preenchimento 
do requisito legal da prisão preventiva de pena superior a 04 anos, o fato de ser 
cominada a pena de reclusão, “facilita” o requisito legal da interceptação telefônica 
(crime apenado com reclusão) para os crimes licitatórios (Lei nº 8.666/93), cujas 
penas são de detenção. 
 
Por fim, se ausentes até mesmo a estabilidade e permanência, é a hipótese de 
mero concurso de pessoas, circunstância que, no máximo, leva à modalidade 
qualificada de determinados tipos penais. 
 
	
INFRAÇÕES PENAIS COM PENAS MÁXIMAS SUPERIORES A 04 ANOS 
OU DE CARÁTER INTERNACIONAL 
	
A	Lei	nº	12.850/13	exige	o	preenchimento	alternativo	de	um	dos	seguintes	requisitos:	
	
	
	
Dessa	 forma,	 percebe-se	 que	 a	 caracterização	 de	 uma	 ORCRIM	 exige	 que	 os	 ilícitos	
praticados	sejam	de	natureza	grave	(pena	máxima	superior	a	04	anos)	ou	que	tenham	caráter	
transnacional.	
	
Caso preenchido o requisito de “caráter transnacional”, não é necessário que 
os crimes praticados tenham pena máxima superior a 04 anos. 
 
OUTRAS HIPÓTESES DE INCIDÊNCIA DA LEI Nº 12.850/13 
 
A	Lei	nº	12.850/13	admite	sua	incidência	para	hipóteses	em	que	infração	penal	não	se	
relaciona	às	organizações	criminosas.	
	
Nesse	sentido,	nos	termos	do	art.	1º,	§2º:	
	
§	2º	Esta	Lei	se	aplica	também:	
I	 -	 às	 infrações	 penais	 previstas	 em	 tratado	 ou	 convenção	
internacional	quando,	iniciada	a	execução	no	País,	o	resultado	tenha	
ou	devesse	ter	ocorrido	no	estrangeiro,	ou	reciprocamente;	
II	 -	 às	 organizações	 terroristas,	 entendidas	 como	aquelas	 voltadas	
para	a	prática	dos	atos	de	terrorismo	legalmente	definidos.	
	
Assim:	
	
ORCRIM
Prática de infrações 
penais com pena 
máxima superior a 
04 anos
Caráter 
transnacional
	
	
Ø Crimes	à	distância:	são	aqueles	em	que	o	iter	criminis	alcança	mais	de	um	país,	por	
exemplo,	um	policial	federal,	em	zona	de	fronteira,	é	alvejado	no	estrangeiro,	mas	
falece	em	um	hospital	no	território	brasileiro;	
	
É	 importante	 esclarecer	 que	 nesses	 casos	 a	 Lei	 nº	 12.850/13	 será	 aplicada,	
independentemente,	da	verificação	de	existência	de	uma	ORCRIM,	ou	seja,	será	possível	utilizar	
todos	os	meios	de	obtenção	de	prova,	tal	qual	a	colaboração	premiada,	ação	controlada,	etc.	
 
TIPO PENAL 
	
O	art.	2ª,	caput,	da	Lei	nº	12.850/13	apresenta	o	crime	de	constituir,	financiar	ou	integrar	
uma	organização	criminosa:	
	
Art.	2º	Promover,	constituir,	financiar	ou	integrar,	pessoalmente	ou	
por	interposta	pessoa,	organização	criminosa:		
Pena	-	reclusão,	de	3	(três)	a	8	(oito)	anos,	e	multa,	sem	prejuízo	das	
penas	correspondentes	às	demais	infrações	penais	praticadas.		
	
CARACTERÍSTICAS 
	
Trata-se	 de	 infração	 penal	 classificada	 como	 tipo	misto	 alternativo	 de	 forma	 que	 a	
prática	de	mais	de	um	núcleo	do	tipo	penal	configura	crime	único.	
	
Ademais,	é	espécie	de	crime	formal,	não	se	exigindo	a	efetiva	prática	de	infrações	penais	
pela	ORCRIM	para	a	consumação	do	crime.	
	
FORMA EQUIPARADA 
	
O	art.	2º,	§1º,	da	Lei	nº	12.850/13	apresenta	a	forma	equiparada:	
	
§	1o	Nas	mesmas	penas	incorre	quem	impede	ou,	de	qualquer	forma,	
embaraça	a	investigação	de	infração	penal	que	envolva	organização	
criminosa.		
LEI Nº 
12.850/13
Crimes à 
distância
Organizações 
terroristas
	
A	 forma	equiparada	prevista	no	art.	 2º,	 §1º,	 serve	 como	 importante	 instrumento	para	
coibir	a	conduta	de	indivíduos	que,	mesmo	sem	pertencer	à	ORCRIM,	embaraçam	a	investigação	
do	grupo	criminoso.	
 
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 
 
ART. 2º, §2º 
	
O	art.	2º,	§2º,	da	Lei	nº	12.850/13,	tem	a	seguinte	redação:	
	
Art.	2º,	§	2º	As	penas	aumentam-se	até	a	metade	se	na	atuação	da	
organização	criminosa	houver	emprego	de	arma	de	fogo.	
	
Dessa	forma:	
	
	
	
ART. 2º, §4º 
	
O	art.	2º,	§4º,	da	Lei	nº	12.850/13,	tem	a	seguinte	redação:	
	
Art.	 2º,	 §	 4º	 A	 pena	 é	 aumentada	 de	 1/6	 (um	 sexto)	 a	 2/3	 (dois	
terços):	
I	-	se	há	participação	de	criança	ou	adolescente;	
II	-	se	há	concurso	de	funcionário	público,	valendo-se	a	organização	
criminosa	dessa	condição	para	a	prática	de	infração	penal;	
III	-	se	o	produto	ou	proveito	da	infração	penal	destinar-se,	no	todo	
ou	em	parte,	ao	exterior;	
IV	 -	 se	 a	 organização	 criminosa	 mantém	 conexão	 com	 outras	
organizações	criminosas	independentes;	
V	-	se	as	circunstâncias	do	fato	evidenciarem	a	transnacionalidade	
da	organização.	
	
Dessa	forma:	
	
Aumento até 
a metade
Emprego de 
arma de fogo
	
 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
EFEITO DA CONDENAÇÃO – ART. 2º, §6º 
	
O	art.	2º,	§6º,	da	Lei	nº	12.850/13,	tem	a	seguinte	redação:	
	
Art.	2º,	§	6º	A	condenação	com	trânsito	em	 julgado	acarretará	ao	
funcionário	público	a	perda	do	cargo,	função,	emprego	ou	mandato	
eletivo	e	a	interdição	para	o	exercício	de	função	ou	cargo	público	pelo	
prazo	de	8	(oito)	anos	subsequentes	aocumprimento	da	pena.	
	
Assim,	 além	 de	 perder	 o	 cargo	 público	 que	 atualmente	 ocupa,	 o	 funcionário	 público	
condenado	por	integrar	uma	ORCRIM	ficará	impedido	de	exercer	outra	função	ou	cargo	público	
pelo	prazo	de	08	anos	subsequentes	ao	cumprimento	da	pena.	
	
	
Aumento de 
1/6 a 2/3
Participação de 
criança ou 
adolescente
Participação de 
funcionário público
Destinção do 
produto do crime 
ao exterior
Conexão entre 
ORCRIM 
independentes
Transnacionalidade 
da ORCRIM
	
	
DÚVIDA: A perda do cargo público em razão da condenação por integrar 
ORCRIM configura efeito automático da decisão judicial? 
	
A	resposta,	apesar	de	polêmica,	é	SIM.	
	
Em	 regra,	 a	 perda	 do	 cargo	 público	 não	 configura	 efeito	 extrapenal	 automático	 da	
condenação	(CP,	art.	92,	I).	
	
Contudo,	 uma	 exceção	 pacificamente	 reconhecida	 pela	 jurisprudência	 e	 doutrina	 é	 a	
condenação	decorrente	do	crime	de	tortura	(Lei	nº	9.455/97).	
	
Em	relação	à	Lei	nº	12.850/13,	não	há	consenso	acerca	da	perda	automática	do	cargo	
público,	apesar	de	ser	essa	a	posição	adotada	pelo	CESPE	e	por	parte	da	doutrina1.	
	
(CESPE/2020 – MPE-CE – Analista) A respeito de aspectos penais da Lei de 
Licitações e Contratos (Lei n.º 8.666/1993), da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei n.º 
9.613/1998) e da Lei de Organização Criminosa (Lei n.º 12.850/2013), julgue o item 
seguinte. 
 
A perda do cargo público constitui efeito automático extrapenal da condenação 
transitada em julgado por crime de organização criminosa praticado por servidor 
público. 
 
RESPOSTA: Certo. 
	
PARTICIPAÇÃO DE POLICIAIS 
	
O	art.	2º,	§7º,	da	Lei	nº	12.850/13,	tem	a	seguinte	redação:	
	
Art.	2º,	§	7º	Se	houver	indícios	de	participação	de	policial	nos	crimes	
de	que	trata	esta	Lei,	a	Corregedoria	de	Polícia	instaurará	inquérito	
 
1 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Vol. Único. 11ª Edição. 2019, pág. 876. 
EFEITO DA 
CONDENAÇÃO
Perda do 
cargo público
Interdição 
por 08 anos
policial	e	comunicará	ao	Ministério	Público,	que	designará	membro	
para	acompanhar	o	feito	até	a	sua	conclusão.	
	
O	dispositivo	legal	disciplina	a	participação	de	policiais	na	ORCRIM,	hipótese	em	que	o	
Ministério	Público	deverá	designar	um	membro	para	acompanhar	a	investigação	policial.	
	
LEI Nº 13.964/2019 (PACOTE ANTICRIMES) 
	
IMPORTANTE: ALTERAÇÃO LEGISLATIVA (LEI Nº 13.964/2019) 
	
A	Lei	nº	13.964/2019	(Pacote	Anticrimes)	inseriu	os	§§	8º	e	9º	ao	art.	2º,	nos	seguintes	
termos:	
	
Art.	2º,	§	8º	As	 lideranças	de	organizações	criminosas	armadas	ou	
que	 tenham	armas	à	disposição	deverão	 iniciar	o	cumprimento	da	
pena	em	estabelecimentos	penais	de	segurança	máxima.			 (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019)	
	
§	 9º	 O	 condenado	 expressamente	 em	 sentença	 por	 integrar	
organização	 criminosa	 ou	 por	 crime	 praticado	 por	 meio	 de	
organização	 criminosa	 não	 poderá	 progredir	 de	 regime	 de	
cumprimento	 de	 pena	 ou	 obter	 livramento	 condicional	 ou	 outros	
benefícios	prisionais	se	houver	elementos	probatórios	que	indiquem	
a	manutenção	do	vínculo	associativo.					 (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019)	
	
Em	relação	ao	§8º,	há	previsão	de	cumprimento	da	pena	em	estabelecimentos	penais	de	
segurança	máxima	para	as	lideranças	das	ORCRIM	que	se	utilizem	de	armas.	
	
Por	outro	lado,	no	art.	2º,	§9º,	a	manutenção	do	vínculo	associativo	do	condenado	com	a	
ORCRIM	 leva	à	proibição	de	benefícios	penais	 como	a	progressão	de	 regime	e	o	 livramento	
condicional.	
 
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA 
 
MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVA 
	
O	art.	3º	da	Lei	nº	12.850/13	apresenta	um	rol	de	meios	de	obtenção	de	prova	admitidos	
na	persecução	penal:	
	
Art.	3º	Em	qualquer	fase	da	persecução	penal,	serão	permitidos,	sem	
prejuízo	de	outros	já	previstos	em	lei,	os	seguintes	meios	de	obtenção	
da	prova:	
I	-	colaboração	premiada;	
II	 -	 captação	 ambiental	 de	 sinais	 eletromagnéticos,	 ópticos	 ou	
acústicos;	
III	-	ação	controlada;	
IV	-	acesso	a	registros	de	ligações	telefônicas	e	telemáticas,	a	dados	
cadastrais	constantes	de	bancos	de	dados	públicos	ou	privados	e	a	
informações	eleitorais	ou	comerciais;	
V	 -	 interceptação	 de	 comunicações	 telefônicas	 e	 telemáticas,	 nos	
termos	da	legislação	específica;	
VI	-	afastamento	dos	sigilos	financeiro,	bancário	e	fiscal,	nos	termos	
da	legislação	específica;	
VII	-	infiltração,	por	policiais,	em	atividade	de	investigação,	na	forma	
do	art.	11;	
VIII	 -	 cooperação	 entre	 instituições	 e	 órgãos	 federais,	 distritais,	
estaduais	e	municipais	na	busca	de	provas	e	informações	de	interesse	
da	investigação	ou	da	instrução	criminal.	
 
COLABORAÇÃO PREMIADA 
 
IMPORTANTE: ALTERAÇÃO LEGISLATIVA (LEI Nº 13.964/2019) 
	
CONCEITO 
	
A	 colaboração	 premiada	 ocorre	 quando	 o	 investigado/acusado,	 além	 de	 confessar	 a	
prática	 do	 delito,	 resolve	 colaborar	 com	 a	 elucidação	 dos	 fatos,	 fornecendo	 informações	
relevantes	que	irão	auxiliar,	efetivamente,	na	colheita	de	provas	contra	os	demais	envolvidos	e,	
em	contrapartida,	recebe	benefícios	penais	e	processuais.	
	
	
	
A COLABORAÇÃO PREMIADA EM OUTRAS LEIS 
	
É	importante	ressaltar	que	a	colaboração	premiada	não	foi	um	instituto	criado	pela	Lei	nº	
12.850/13.	
	
Nesse	sentido,	outras	leis	penais	já	trataram	sobre	a	colaboração	premiada,	por	exemplo,	
destacam-se:	
O investigado/acusado confessa a prática do delito
O investigado/acusado apresenta informações relevantes
O investigado/acusado recebe benefícios penais e processuais
	
• Lei	de	Lavagem	de	Capitais	(Lei	nº	9.613/98);	
• Lei	de	Drogas	(Lei	nº	11.343/06);	
• Lei	de	Crimes	contra	a	Ordem	Tributária	(Lei	nº	8.137/90);	
• Código	Penal;	
	
Em	relação	ao	Código	Penal,	a	colaboração	premiada	é	prevista	para	o	crime	de	extorsão	
mediante	sequestro	(CP,	art.	159,	§4º).	
	
Art.	159,	§	4º -	Se	o	crime	é	cometido	em	concurso,	o	concorrente	que	
o	denunciar	à	autoridade,	 facilitando	a	 libertação	do	 sequestrado,	
terá	sua	pena	reduzida	de	um	a	dois	terços.																		 (Redação dada 
pela Lei nº 9.269, de 1996)	
	
DÚVIDA: E por que a Lei nº 12.850/13 é tão importante para a colaboração 
premiada e por que o instituto foi tão utilizado a partir de sua promulgação? 
	
Na	realidade,	o	grande	mérito	da	Lei	nº	12.850/13	foi	tratar	do	instituto	da	colaboração	
premiada	de	forma	mais	detalhada,	inclusive,	descrevendo	o	procedimento	de	celebração	do	
acordo.	
	
NATUREZA JURÍDICA 
	
Inicialmente,	 cumpre	 salientar	 que	 natureza	 jurídica	 é	 a	 “espécie”	 de	 determinado	
instituto	dentro	do	Direito,	ou	seja,	nada	mais	é	do	que	uma	forma	de	classificar	algo	no	mundo	
jurídico.		Por	exemplo,	a	natureza	jurídica	da	legítima	defesa	é	de	causa	de	exclusão	da	ilicitude	
(CP,	art.	23).	
	
Com	 o	 advento	 do	 Pacote	 Anticrimes,	 a	 natureza	 jurídica	 da	 colaboração	 premiada	
tornou-se	prevista	em	lei,	nos	termos	do	art.	3º-A	da	Lei	das	ORCRIM:	
	
Art.	 3º-A.	 O	 acordo	 de	 colaboração	 premiada	 é	 negócio	 jurídico	
processual	e	meio	de	obtenção	de	prova,	que	pressupõe	utilidade	e	
interesse	públicos.				 (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)	
	
Dito	 isso,	 a	natureza	 jurídica	da	 colaboração	premiada	 é	de	MEIO	DE	OBTENÇÃO	DE	
PROVA.	
	
DÚVIDA: Existe diferença entre meio de prova e meio de obtenção de prova? 
	
Sim,	e	muita!	
	
Meio	de	prova	é	algo	que	serve	ao	convencimento	do	juiz,	como	exemplo,	o	depoimento	
prestado	por	uma	testemunha	ou	um	laudo	pericial.	
	
Por	outro	 lado,	o	meio	de	obtenção	de	prova	é	o	método	empregado	para	alcançar	os	
elementos	 de	 prova,	 por	 exemplo,	 uma	 interceptação	 telefônica	 que,	 se	 frutífera,	 tratará	
informações	relevantes	ao	conhecimento	do	juiz.	
	
Assim,	quando	se	afirma	que	a	colaboração	premiada	é	meio	de	obtenção	de	prova,	quer	
dizer	que	ela	não	prova	nada!	Trata-se,	apenas,	de	uma	técnica	para	se	obter	provas.	
	
DÚVIDA: Então, se o colaborador não comprovar por meio de outros 
elementos o que informou aos órgãos de investigação/acusação no acordo de 
colaboraçãopremiada, não é possível condenar o delatado? 
	
Isso	mesmo!	
	
Como	a	colaboração	premiada	é	apenas	um	meio	de	obtenção	de	provas,	as	informações	
apresentadas	pelo	colaborador	não	são	aptas,	por	si	só,	a	embasar	uma	condenação	penal.	
	
Assim,	todas	as	 informações	prestadas	pelo	colaborador	deverão	ser	corroboradas	por	
outros	 elementos	 de	 informação	 capazes	 de	 ratificar	 aquilo	 que	 foi	 apresentado	 na	 oitiva	
daquele.	
	
DÚVIDA: O delatado pode impugnar o acordo de colaboração premiada 
celebrado por terceiro colaborador? 
	
A	resposta	é,	em	regra,	NÃO.	
	
Por	se	 tratar	de	um	negócio	 jurídico	personalíssimo,	 firmado	entre	o	colaborador	e	os	
órgãos	de	investigação/acusação,	os	efeitos	são	entre	as	partes	envolvidas.	
	
Contudo,	 caso	 a	 homologação	 do	 acordo	 de	 colaboração	 premiada	 não	 respeitar	 a	
prerrogativa	de	foro,	será	possível	a	impugnação	pelo	delatado.	
	
SITUAÇÃO	 HIPOTÉTICA:	 “A”,	 parlamentar	 federal,	 foi	 delatado	 em	 colaboração	
premiada	 homologada	 pelo	 juiz	 de	 1ª	 instância.	 Nesse	 caso,	 “A”	 poderá	 impugnar	 a	
homologação	em	razão	da	incompetência	do	juízo	que	não	respeitou	sua	prerrogativa	de	foro.	
	
TRATATIVAS INICIAIS 
	
A	Lei	nº	13.964/2019	(Pacote	Anticrimes)	inovou	a	Lei	das	ORCRIM	de	forma	a	esmiuçar	
o	procedimento	para	a	celebração	do	acordo	de	colaboração	premiada,	razão	pela	qual	o	tema	
será	abordado	de	forma	detalhada	no	presente	tópico.	
	
O	art.	3º-B,	caput,	da	Lei	nº	12.850/13	tem	a	seguinte	redação:	
	
Art.	3º-B.	O	recebimento	da	proposta	para	formalização	de	acordo	de	
colaboração	demarca	o	 início	das	negociações	 e	 constitui	 também	
marco	de	confidencialidade,	configurando	violação	de	sigilo	e	quebra	
da	confiança	e	da	boa-fé	a	divulgação	de	tais	tratativas	iniciais	ou	de	
documento	que	as	formalize,	até	o	levantamento	de	sigilo	por	decisão	
judicial.				 (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)	
	
Da	leitura	do	dispositivo	legal,	resta	evidente	que	a	negociação	da	colaboração	premiada	
é	marcada	pela	confidencialidade,	de	forma	que	a	divulgação	indevida	das	tratativas	iniciais	
configura	violação	dos	princípios	da	boa-fé	e	da	confiança.	
	
DÚVIDA: Apesar da confidencialidade do acordo de colaboração premiada, é 
possível que o terceiro mencionado pelo colaborador tenha acesso aos termos da 
colaboração? 
	
A	resposta	é	SIM.	
	
Segundo	recente	julgamento	do	STF	(Info	978),	terceiros	que	tenham	sido	mencionados	
pelos	 colaboradores	 podem	 obter	 acesso	 aos	 termos	 dos	 colaboradores	 em	 obediência	 à	
Súmula	Vinculante	nº	14.	
	
Nesse	caso,	o	acesso	é	restrito	aos	documentos	em	que	o	requerente	é	efetivamente	citado	
e	desde	que	não	se	refira	à	diligência	ainda	em	andamento.	
	
O	art.	3º-B,	§1º,	da	Lei	nº	12.850/13	tem	a	seguinte	redação:	
	
Art.	3º-B,	§	1º	A	proposta	de	acordo	de	colaboração	premiada	poderá	
ser	 sumariamente	 indeferida,	 com	 a	 devida	 justificativa,	
cientificando-se	o	interessado.			 (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)	
	
O	dispositivo	legal	positivou	(transformou	em	lei)	o	entendimento	jurisprudencial	de	que	
o	Ministério	Público	não	é	obrigado	a	celebrar	o	acordo	de	colaboração	premiada.	
	
Por	 se	 tratar	de	um	negócio	 jurídico	e,	 até	mesmo	pelas	peculiaridades	do	 instituto,	 a	
celebração	 do	 acordo	 de	 colaboração	 premiada	 está	 dentro	 da	 discricionariedade,	 ou	 seja,	
submete-se	ao	juízo	de	conveniência	e	oportunidade	do	órgão	ministerial.	
	
Porém,	 não	 ocorrendo	 o	 indeferimento	 sumário,	 haverá	 a	 assinatura	 do	 termo	 de	
confidencialidade	que	vinculará	as	partes,	impedindo	posterior	indeferimento	imotivado,	nos	
termos	do	art.	3º-B,	§2º:	
	
Art.	 3º-B,	 §	 2º	 Caso	 não	 haja	 indeferimento	 sumário,	 as	 partes	
deverão	 firmar	 Termo	 de	 Confidencialidade	 para	 prosseguimento	
das	tratativas,	o	que	vinculará	os	órgãos	envolvidos	na	negociação	e	
impedirá	o	indeferimento	posterior	sem	justa	causa.					 (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019)	
	
O	art.	3º-B,	§1º,	da	Lei	nº	12.850/13	tem	a	seguinte	redação:	
	
Art.	 3º-B,	 §	 3º	 O	 recebimento	 de	 proposta	 de	 colaboração	 para	
análise	 ou	 o	 Termo	 de	 Confidencialidade	 não	 implica,	 por	 si	 só,	 a	
suspensão	da	investigação,	ressalvado	acordo	em	contrário	quanto	à	
propositura	 de	 medidas	 processuais	 penais	 cautelares	 e	
assecuratórias,	bem	como	medidas	processuais	cíveis	admitidas	pela	
legislação	processual	civil	em	vigor.					(Incluído	pela	Lei	nº	13.964,	de	
2019)	
	
A	Lei	nº	13.964/2019	apresentou	interessante	disposição	acerca	do	prosseguimento	da	
investigação,	mesmo	quando	apresentada	a	proposta	de	acordo	de	colaboração	premiada.	
	
Nesse	 sentido,	 o	 recebimento	 da	 proposta	 não	 suspende	 a	 investigação,	 salvo	 acordo	
acerca	 de	 medidas	 processuais	 penais	 cautelares	 e	 assecuratórias,	 como	 exemplo,	 prisão	
preventiva.	
	
Por	outro	 lado,	o	art.	3º-B,	 §6º,	prevê	a	 impossibilidade	de	utilização	das	 informações	
prestadas	pelo	colaborador	quando	não	celebrado	o	acordo	por	iniciativa	do	celebrante	(órgão	
de	persecução	penal).	
	
Art.	 3º-B,	 §	 6º	 Na	 hipótese	 de	 não	 ser	 celebrado	 o	 acordo	 por	
iniciativa	do	celebrante,	 esse	não	poderá	 se	valer	de	nenhuma	das	
informações	 ou	 provas	 apresentadas	 pelo	 colaborador,	de	 boa-fé,	
para	 qualquer	 outra	 finalidade.		 (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019)	
	
A	exigência	de	boa-fé	do	colaborador	denota	que	se,	ardilosamente,	ocultou	informações	
relevantes	ou	faltou	com	a	verdade,	seria	possível	a	utilização	dessas	contra	si.	
	
Por	fim,	o	art.	3º-C	apresenta	outras	disposições	acerca	das	tratativas	iniciais:	
	
Art.	3º-C.	A	proposta	de	colaboração	premiada	deve	estar	instruída	
com	procuração	do	interessado	com	poderes	específicos	para	iniciar	
o	 procedimento	 de	 colaboração	 e	 suas	 tratativas,	 ou	 firmada	
pessoalmente	pela	parte	que	pretende	a	colaboração	e	seu	advogado	
ou	defensor	público.			 (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)	
§	 1º	 Nenhuma	 tratativa	 sobre	 colaboração	 premiada	 deve	 ser	
realizada	 sem	 a	 presença	 de	 advogado	 constituído	 ou	 defensor	
público.				 (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)	
§	2º	Em	caso	de	eventual	conflito	de	 interesses,	ou	de	colaborador	
hipossuficiente,	 o	 celebrante	 deverá	 solicitar	 a	 presença	 de	 outro	
advogado	ou	a	participação	de	defensor	público.				 (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019)	
§	3º	No	acordo	de	colaboração	premiada,	o	colaborador	deve	narrar	
todos	os	fatos	ilícitos	para	os	quais	concorreu	e	que	tenham	relação	
direta	 com	os	 fatos	 investigados.				 (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019)	
§	4º	Incumbe	à	defesa	instruir	a	proposta	de	colaboração	e	os	anexos	
com	 os	 fatos	 adequadamente	 descritos,	 com	 todas	 as	 suas	
circunstâncias,	 indicando	 as	 provas	 e	 os	 elementos	 de	
corroboração.		 (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)	
	
DOS DEVERES DO COLABORADOR 
 
Inicialmente,	 a	 colaboração	 premiada	 deverá	 produzir	 um	 ou	 mais	 dos	 resultados	
descritos	no	art.	4º	da	Lei	nº	12.850/13:	
	
Art.	4º	O	juiz	poderá,	a	requerimento	das	partes,	conceder	o	perdão	
judicial,	 reduzir	 em	 até	 2/3	 (dois	 terços)	 a	 pena	 privativa	 de	
liberdade	ou	substituí-la	por	restritiva	de	direitos	daquele	que	tenha	
colaborado	 efetiva	 e	 voluntariamente	 com	a	 investigação	 e	 com	o	
processo	criminal,	desde	que	dessa	colaboração	advenha	um	ou	mais	
dos	seguintes	resultados:	
I	-	a	identificação	dos	demais	coautores	e	partícipes	da	organização	
criminosa	e	das	infrações	penais	por	eles	praticadas;	
II	-	a	revelação	da	estrutura	hierárquica	e	da	divisão	de	tarefas	da	
organização	criminosa;	
III	-	a	prevenção	de	infrações	penais	decorrentes	das	atividades	da	
organização	criminosa;	
IV	 -	a	 recuperação	 total	ou	parcial	do	produto	ou	do	proveito	das	
infrações	penais	praticadas	pela	organização	criminosa;	
V	 -	 a	 localização	 de	 eventual	 vítima	 com	 a	 sua	 integridade	 física	
preservada.	
§	1º	Em	qualquer	caso,	a	concessão	do	benefício	levará	em	conta	a	
personalidade	 docolaborador,	 a	 natureza,	 as	 circunstâncias,	 a	
gravidade	e	a	 repercussão	 social	do	 fato	criminoso	e	a	eficácia	da	
colaboração.	
	
BENEFÍCIOS PARA O COLABORADOR 
 
A	Lei	nº	1.850/13	apresenta	um	rol	de	benefícios	ao	colaborador:	
	
• Redução	de	pena;	
• Progressão	de	regime;	
• Substituição	da	pena	privativa	de	liberdade	por	restritiva	de	direitos;	
• Perdão	judicial;	
• Não	oferecimento	de	denúncia;	
	
Em	relação	ao	perdão	judicial,	a	colaboração	é	permitida,	nos	termos	do	art.	4º,	§2º,	da	Lei	
nº	12.850/13.	
	
Art.	4º,	§	2º	Considerando	a	relevância	da	colaboração	prestada,	o	
Ministério	 Público,	 a	 qualquer	 tempo,	 e	 o	 delegado	de	 polícia,	 nos	
autos	 do	 inquérito	 policial,	 com	 a	 manifestação	 do	 Ministério	
Público,	poderão	requerer	ou	representar	ao	juiz	pela	concessão	de	
perdão	judicial	ao	colaborador,	ainda	que	esse	benefício	não	tenha	
sido	previsto	na	proposta	inicial,	aplicando-se,	no	que	couber,	o	art.	
28	 do	 Decreto-Lei	 nº	 3.689,	 de	 3	 de	 outubro	 de	 1941	 (Código	 de	
Processo	Penal).	
	
DÚVIDA: O Delegado de Polícia pode celebrar acordo de colaboração 
premiada? 
	
A	resposta	é	SIM.	
	
Além	da	previsão	legal	expressa	(art.	4º,	§2º),	o	STF	(Info	907)	decidiu	que	o	delegado	de	
polícia	pode	formalizar	acordo	de	colaboração	premiada,	desde	que	seja	no	curso	do	inquérito	
policial	e	sejam	respeitadas	as	prerrogativas	do	Ministério	Público.	
	
NÃO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA 
	
Sem	dúvidas,	o	benefício	mais	interessante	que	pode	ser	oferecido	ao	colaborador	é	o	não	
oferecimento	da	denúncia,	conforme	art.	4º,	§4º,	da	Lei	nº	12.850/13.	
	
É	bastante	interessante	a	possibilidade	de	mencionado	benefício,	na	medida	em	que	tanto	
o	órgão	ministerial,	quanto	à	polícia	judiciária,	são	submetidos	ao	princípio	da	obrigatoriedade	
no	Processo	Penal.	
	
DÚVIDA: O que é o princípio da obrigatoriedade no Processo Penal? 
	
Segundo	tal	princípio,	verificada	a	prática	de	uma	conduta	delituosa,	a	autoridade	policial	
é	 obrigada	 a	 instaurar	 o	 inquérito	 policial	 de	 ofício	 (crime	 de	 ação	 penal	 pública	
incondicionada)	ou	a	requerimento	do	ofendido	(crime	de	ação	penal	privada	ou	de	ação	penal	
pública	condicionada	à	representação).	
	
Da	mesma	forma,	o	órgão	ministerial	é	obrigado	a	apresentar	denúncia	quando	presente	
a	justa	causa	e	os	demais	requisitos	da	denúncia.	
	
Em	relação	ao	não	oferecimento	da	denúncia,	a	Lei	nº	13.964/19	trouxe	nova	redação	
quanto	aos	requisitos	de	sua	concessão,	nos	termos	do	art.	4º,	§4º:	
	
Art.	4º,	§	4º	Nas	mesmas	hipóteses	do caput deste	artigo,	o	Ministério	
Público	poderá	deixar	de	oferecer	denúncia	se	a	proposta	de	acordo	
de	 colaboração	 referir-se	 a	 infração	 de	 cuja	 existência	 não	 tenha	
prévio	conhecimento	e	o	colaborador:				 (Redação dada pela Lei nº 
13.964, de 2019)	
I	-	não	for	o	líder	da	organização	criminosa;	
II	 -	 for	 o	 primeiro	 a	 prestar	 efetiva	 colaboração	 nos	 termos	 deste	
artigo.	
§	 4º-A.	 Considera-se	 existente	 o	 conhecimento	 prévio	 da	 infração	
quando	 o	 Ministério	 Público	 ou	 a	 autoridade	 policial	 competente	
tenha	 instaurado	 inquérito	 ou	 procedimento	 investigatório	 para	
apuração	dos	fatos	apresentados	pelo	colaborador.				 (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019)	
	
Dessa	forma,	para	se	obter	o	benefício	de	não	oferecimento	da	denúncia,	não	basta	apenas	
que	o	colaborador	não	seja	o	líder	da	ORCRIM	e	que	seja	o	primeiro	a	prestar	a	colaboração,	
mas	que	haja	o	elemento	de	novidade	acerca	da	infração	a	ser	revelada.	
	
A	 alteração	 legislativa	 visa	 afastar	 a	 crítica	 que	 envolve	 a	 celebração	 de	 acordo	 de	
colaboração	premiada	em	investigações	que	já	existem	elementos	de	prova	suficientes	e	que	
possam	representar	benefícios	apenas	para	o	colaborador.

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