Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO LEI nº 12.850/13 (LEI DAS ORCRIM) .............................................................................................. 3 COLABORAÇÃO PREMIADA ...................................................................................................... 3 conceito ......................................................................................................................................... 3 A COLABORAÇÃO PREMIADA em outras leis ....................................................................... 3 natureza jurídica ............................................................................................................................ 4 TRATATIVAS INICIAIS ............................................................................................................ 5 DOS DEVERES DO COLABORADOR ..................................................................................... 7 BENEFÍCIOS PARA O COLABORADOR ................................................................................ 8 não oferecimento da denúncia ...................................................................................................... 8 atuação do juiz no acordo de colaboração premiada .................................................................... 9 acompanhamento do advogado ................................................................................................... 11 retratação da proposta ................................................................................................................. 12 manifestação do RÉU DELATADO nos autos .......................................................................... 12 declarações do colaborador ......................................................................................................... 13 REscisão do acordo de colaboração premiada ............................................................................ 14 direitos do colaborador ............................................................................................................... 14 termo do acordo de colaboração premiada ................................................................................. 15 sigilo do acordo de colaboração premiada .................................................................................. 15 CAPTAÇÃO AMBIENTAL DE SINAIS ELETROMAGNÉTICOS, ÓPTICOS OU ACÚSTICOS .................................................................................................................................. 15 conceito ....................................................................................................................................... 16 pacote anticrimes (lei nº 9.296/96) ............................................................................................. 16 autorização judicial ..................................................................................................................... 17 AÇÃO CONTROLADA ................................................................................................................ 18 CONCEITO ................................................................................................................................ 18 AÇÃO CONTROLADA E AUTORIZAÇÃO JUDICIAL ........................................................ 19 INFILTRAÇÃO DE AGENTES .................................................................................................... 20 CONCEITO ................................................................................................................................ 20 INFILTRAÇÃO DE AGENTES E LEGISLAÇÃO ESPECIAL ............................................... 20 CARACTERÍSTICAS DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES .................................................... 20 infiltração virtual – pacote anticrimes (lei nº 13.964/19) ........................................................... 21 responsabilidade PENAL do agente infiltrado ........................................................................... 23 direitos do agente infiltrado ........................................................................................................ 24 DO ACESSO A REGISTROS, DADOS CADASTRAIS, DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES ........................................................................................................................................................ 24 CONCEITO ................................................................................................................................ 24 alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 TIPOS PENAIS DA LEI Nº 12.850/13 .......................................................................................... 25 DEMAIS TIPOS PENAIS DA LEI Nº 12.850/13 ...................................................................... 25 alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 LEI Nº 12.850/13 (LEI DAS ORCRIM) COLABORAÇÃO PREMIADA IMPORTANTE: ALTERAÇÃO LEGISLATIVA (LEI Nº 13.964/2019) CONCEITO A colaboração premiada ocorre quando o investigado/acusado, além de confessar a prática do delito, resolve colaborar com a elucidação dos fatos, fornecendo informações relevantes que irão auxiliar, efetivamente, na colheita de provas contra os demais envolvidos e, em contrapartida, recebe benefícios penais e processuais. A COLABORAÇÃO PREMIADA EM OUTRAS LEIS É importante ressaltar que a colaboração premiada não foi um instituto criado pela Lei nº 12.850/13. Nesse sentido, outras leis penais já trataram sobre a colaboração premiada, por exemplo, destacam-se: • Lei de Lavagem de Capitais (Lei nº 9.613/98); • Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06); • Lei de Crimes contra a Ordem Tributária (Lei nº 8.137/90); • Código Penal; Em relação ao Código Penal, a colaboração premiada é prevista para o crime de extorsão mediante sequestro (CP, art. 159, §4º). O investigado/acusado confessa a prática do delito O investigado/acusado apresenta informações relevantes O investigado/acusado recebe benefícios penais e processuais alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 Art. 159, § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996) DÚVIDA: E por que a Lei nº 12.850/13 é tão importante para a colaboração premiada e por que o instituto foi tão utilizado a partir de sua promulgação? Na realidade, o grande mérito da Lei nº 12.850/13 foi tratar do instituto da colaboração premiada de forma mais detalhada, inclusive, descrevendo o procedimento de celebração do acordo. NATUREZA JURÍDICA Inicialmente, cumpre salientar que natureza jurídica é a “espécie” de determinado instituto dentro do Direito, ou seja, nada mais é do que uma forma de classificar algo no mundo jurídico. Por exemplo, a natureza jurídica da legítima defesa é de causa de exclusão da ilicitude (CP, art. 23). Com o advento do Pacote Anticrimes, a natureza jurídica da colaboração premiada tornou-se prevista em lei, nos termos do art. 3º-A da Lei das ORCRIM: Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Dito isso, a natureza jurídica da colaboração premiada é de MEIO DE OBTENÇÃO DE PROVA. DÚVIDA: Existe diferença entre meio de prova e meio de obtenção de prova? Sim, e muita! Meio de prova é algo que serve ao convencimento do juiz, como exemplo, o depoimento prestado por uma testemunha ou um laudo pericial. Por outro lado, o meio de obtenção de prova é o método empregado para alcançar os elementos de prova, por exemplo, uma interceptação telefônica que, sefrutífera, tratará informações relevantes ao conhecimento do juiz. Assim, quando se afirma que a colaboração premiada é meio de obtenção de prova, quer dizer que ela não prova nada! Trata-se, apenas, de uma técnica para se obter provas. alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 DÚVIDA: Então, se o colaborador não comprovar por meio de outros elementos o que informou aos órgãos de investigação/acusação no acordo de colaboração premiada, não é possível condenar o delatado? Isso mesmo! Como a colaboração premiada é apenas um meio de obtenção de provas, as informações apresentadas pelo colaborador não são aptas, por si só, a embasar uma condenação penal. Assim, todas as informações prestadas pelo colaborador deverão ser corroboradas por outros elementos de informação capazes de ratificar aquilo que foi apresentado na oitiva daquele. DÚVIDA: O delatado pode impugnar o acordo de colaboração premiada celebrado por terceiro colaborador? A resposta é, em regra, NÃO. Por se tratar de um negócio jurídico personalíssimo, firmado entre o colaborador e os órgãos de investigação/acusação, os efeitos são entre as partes envolvidas. Contudo, caso a homologação do acordo de colaboração premiada não respeitar a prerrogativa de foro, será possível a impugnação pelo delatado. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, parlamentar federal, foi delatado em colaboração premiada homologada pelo juiz de 1ª instância. Nesse caso, “A” poderá impugnar a homologação em razão da incompetência do juízo que não respeitou sua prerrogativa de foro. TRATATIVAS INICIAIS A Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrimes) inovou a Lei das ORCRIM de forma a esmiuçar o procedimento para a celebração do acordo de colaboração premiada, razão pela qual o tema será abordado de forma detalhada no presente tópico. O art. 3º-B, caput, da Lei nº 12.850/13 tem a seguinte redação: Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formalização de acordo de colaboração demarca o início das negociações e constitui também marco de confidencialidade, configurando violação de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou de documento que as formalize, até o levantamento de sigilo por decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Da leitura do dispositivo legal, resta evidente que a negociação da colaboração premiada é marcada pela confidencialidade, de forma que a divulgação indevida das tratativas iniciais configura violação dos princípios da boa-fé e da confiança. alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 DÚVIDA: Apesar da confidencialidade do acordo de colaboração premiada, é possível que o terceiro mencionado pelo colaborador tenha acesso aos termos da colaboração? A resposta é SIM. Segundo recente julgamento do STF (Info 978), terceiros que tenham sido mencionados pelos colaboradores podem obter acesso aos termos dos colaboradores em obediência à Súmula Vinculante nº 14. Nesse caso, o acesso é restrito aos documentos em que o requerente é efetivamente citado e desde que não se refira à diligência ainda em andamento. O art. 3º-B, §1º, da Lei nº 12.850/13 tem a seguinte redação: Art. 3º-B, § 1º A proposta de acordo de colaboração premiada poderá ser sumariamente indeferida, com a devida justificativa, cientificando-se o interessado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) O dispositivo legal positivou (transformou em lei) o entendimento jurisprudencial de que o Ministério Público não é obrigado a celebrar o acordo de colaboração premiada. Por se tratar de um negócio jurídico e, até mesmo pelas peculiaridades do instituto, a celebração do acordo de colaboração premiada está dentro da discricionariedade, ou seja, submete-se ao juízo de conveniência e oportunidade do órgão ministerial. Porém, não ocorrendo o indeferimento sumário, haverá a assinatura do termo de confidencialidade que vinculará as partes, impedindo posterior indeferimento imotivado, nos termos do art. 3º-B, §2º: Art. 3º-B, § 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão firmar Termo de Confidencialidade para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos envolvidos na negociação e impedirá o indeferimento posterior sem justa causa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) O art. 3º-B, §1º, da Lei nº 12.850/13 tem a seguinte redação: Art. 3º-B, § 3º O recebimento de proposta de colaboração para análise ou o Termo de Confidencialidade não implica, por si só, a suspensão da investigação, ressalvado acordo em contrário quanto à propositura de medidas processuais penais cautelares e assecuratórias, bem como medidas processuais cíveis admitidas pela legislação processual civil em vigor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) A Lei nº 13.964/2019 apresentou interessante disposição acerca do prosseguimento da investigação, mesmo quando apresentada a proposta de acordo de colaboração premiada. alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 7 Nesse sentido, o recebimento da proposta não suspende a investigação, salvo acordo acerca de medidas processuais penais cautelares e assecuratórias, como exemplo, prisão preventiva. Por outro lado, o art. 3º-B, §6º, prevê a impossibilidade de utilização das informações prestadas pelo colaborador quando não celebrado o acordo por iniciativa do celebrante (órgão de persecução penal). Art. 3º-B, § 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) A exigência de boa-fé do colaborador denota que se, ardilosamente, ocultou informações relevantes ou faltou com a verdade, seria possível a utilização dessas contra si. Por fim, o art. 3º-C apresenta outras disposições acerca das tratativas iniciais: Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com procuração do interessado com poderes específicos para iniciar o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser realizada sem a presença de advogado constituído ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá solicitar a presença de outro advogado ou a participação de defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador deve narrar todos os fatos ilícitos para os quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos investigados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração e os anexos com os fatos adequadamente descritos, com todas as suas circunstâncias, indicando as provas e os elementos de corroboração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) DOS DEVERES DO COLABORADOR Inicialmente, a colaboração premiada deverá produzir um ou mais dos resultados descritos no art. 4º da Lei nº 12.850/13: Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 8 I - a identificaçãodos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. § 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração. BENEFÍCIOS PARA O COLABORADOR A Lei nº 1.850/13 apresenta um rol de benefícios ao colaborador: • Redução de pena; • Progressão de regime; • Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos; • Perdão judicial; • Não oferecimento de denúncia; Em relação ao perdão judicial, a colaboração é permitida, nos termos do art. 4º, §2º, da Lei nº 12.850/13. Art. 4º, § 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). DÚVIDA: O Delegado de Polícia pode celebrar acordo de colaboração premiada? A resposta é SIM. Além da previsão legal expressa (art. 4º, §2º), o STF (Info 907) decidiu que o delegado de polícia pode formalizar acordo de colaboração premiada, desde que seja no curso do inquérito policial e sejam respeitadas as prerrogativas do Ministério Público. NÃO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 9 Sem dúvidas, o benefício mais interessante que pode ser oferecido ao colaborador é o não oferecimento da denúncia, conforme art. 4º, §4º, da Lei nº 12.850/13. É bastante interessante a possibilidade de mencionado benefício, na medida em que tanto o órgão ministerial, quanto à polícia judiciária, são submetidos ao princípio da obrigatoriedade no Processo Penal. DÚVIDA: O que é o princípio da obrigatoriedade no Processo Penal? Segundo tal princípio, verificada a prática de uma conduta delituosa, a autoridade policial é obrigada a instaurar o inquérito policial de ofício (crime de ação penal pública incondicionada) ou a requerimento do ofendido (crime de ação penal privada ou de ação penal pública condicionada à representação). Da mesma forma, o órgão ministerial é obrigado a apresentar denúncia quando presente a justa causa e os demais requisitos da denúncia. Em relação ao não oferecimento da denúncia, a Lei nº 13.964/19 trouxe nova redação quanto aos requisitos de sua concessão, nos termos do art. 4º, §4º: Art. 4º, § 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - não for o líder da organização criminosa; II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. § 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio da infração quando o Ministério Público ou a autoridade policial competente tenha instaurado inquérito ou procedimento investigatório para apuração dos fatos apresentados pelo colaborador. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Dessa forma, para se obter o benefício de não oferecimento da denúncia, não basta apenas que o colaborador não seja o líder da ORCRIM e que seja o primeiro a prestar a colaboração, mas que haja o elemento de novidade acerca da infração a ser revelada. A alteração legislativa visa afastar a crítica que envolve a celebração de acordo de colaboração premiada em investigações que já existem elementos de prova suficientes e que possam representar benefícios apenas para o colaborador. ATUAÇÃO DO JUIZ NO ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA O art. 4º, §6º, da Lei nº 12.850/13, afirma que a autoridade judicial não poderá participar das negociações do acordo de colaboração premiada: alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 10 Art. 4º, § 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor. A ideia é simples: evitar que o juiz, ao participar das negociações, perca a imparcialidade necessária para apreciar a ação penal. Por outro lado, a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrimes) trouxe nova redação ao art. 4º, 7º, da Lei nº 12.850/13: Art. 4º, § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará os seguintes aspectos na homologação: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - regularidade e legalidade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo nulas as cláusulas que violem o critério de definição do regime inicial de cumprimento de pena do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), as regras de cada um dos regimes previstos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - voluntariedade da manifestação de vontade, especialmente nos casos em que o colaborador está ou esteve sob efeito de medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Na redação anterior, o juiz deveria verificar apenas a regularidade, legalidade e voluntariedade da manifestação de vontade. Contudo, com o advento do Pacote Anticrimes, o juiz deverá observar se os termos do acordo de colaboração premiada respeitam, dentre outros requisitos, os preceitos legais de fixação de regime de pena. O art. 4º, §7º-A, da Lei nº 12.850/13 aponta que o juiz somente poderá conceder os benefícios pactuados caso estejam adequados ao Código Penal: Art. 4º, § 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fundamentada do mérito da denúncia, do perdão judicial e das primeiras etapas de aplicação da pena, nos termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), antes de conceder os benefícios pactuados, exceto quando o acordo prever o não oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 11 ou já tiver sido proferida sentença. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Com a inovação legislativa, há um maior controle judicial acerca dos benefícios pactuados, assim, evita-se a celebração de acordos que não atendam ao interesse público. O art. 4º, §7º-B, daLei nº 12.850/13, garante a possibilidade de impugnar a decisão homologatória: Art. 4º, § 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de renúncia ao direito de impugnar a decisão homologatória. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Com o Pacote Anticrimes (Lei nº 13.964/19), a recusa do juiz em homologar o acordo de colaboração enseja a devolução às partes para as adequações necessárias, não existindo mais a possibilidade de a própria autoridade judicial ajustá-lo. Art. 4º, § 8º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto. Art. 4º, § 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais, devolvendo-a às partes para as adequações necessárias. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Tal previsão aponta o cuidado do legislador em impedir o envolvimento demasiado do juiz na fase de tratativas do acordo de colaboração premiada. ACOMPANHAMENTO DO ADVOGADO O art. 4º, §9º, da Lei nº 12.850/13, prevê que o colaborador será ouvido pelo Ministério Público ou pela autoridade policial sempre acompanhado de seu advogado: Art. 4º, § 9º Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas investigações. É interessante destacar que mesmo acompanhado de seu defensor, o colaborador deverá renunciar ao direito ao silêncio e deverá firmar o compromisso legal de dizer a verdade, nos termos do §14º, do mesmo artigo: Art. 4º, § 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade. Assim: alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 12 RETRATAÇÃO DA PROPOSTA A retratação da proposta de colaboração premiada é admissível, nos termos do art. 4º, §10: Art. 4º, § 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. Dessa forma, caso o colaborador se arrependa do acordo, as provas produzidas com base em sua colaboração não poderão ser produzidas em seu desfavor. DÚVIDA: É possível a utilização das provas produzidas por meio da colaboração premiada contra terceiros quando o colaborador se retrata? A resposta é SIM. A vedação quanto à utilização é reservada, apenas, ao colaborador. MANIFESTAÇÃO DO RÉU DELATADO NOS AUTOS O Pacote Anticrimes (Lei nº 13.964/19) acrescentou o §10-A ao art. 4º, com a seguinte redação: Art. 4º, § 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir ao réu delatado a oportunidade de manifestar-se após o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) COLABORADOR Sempre acompanhado de advogado Renúncia ao direito ao silêncio e compromisso legal de dizer a verdade alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 13 A previsão é bastante importante e dá primazia ao princípio do contraditório e ampla defesa, na medida em que permite ao réu delatado se pronunciar após a manifestação de seu delator. Antes do advento do Pacote Anticrimes, o tema já havia sido objeto de apreciação pelo STF, especificamente, em relação à apresentação de alegações finais do delator ao final, após manifestação da acusação e do réu colaborador. O réu delatado tem o direito de apresentar suas alegações finais somente após o réu delator. Os réus colaboradores não podem se manifestar por último (ou no mesmo prazo dos réus delatados) porque as informações trazidas por eles possuem uma carga acusatória. O direito fundamental ao contraditório e à ampla defesa deve permear todo o processo legal, garantindo-se sempre a possibilidade de a defesa se manifestar depois do agente acusador. Vale ressaltar que pouco importa a qualificação jurídica do agente acusador: Ministério Público ou corréu colaborador. Se é um “agente acusador”, a defesa deve falar depois dele. Ao se permitir que os réus colaboradores falem por último (ou simultaneamente com os réus delatados), há uma inversão processual que ocasiona sério prejuízo ao delatado, tendo em vista que ele não terá oportunidade de repelir os argumentos eventualmente incriminatórios trazidos pelo réu delator ou para reforçar os favoráveis à sua defesa. Permitir o oferecimento de memoriais escritos de réus colaboradores, de forma simultânea ou depois da defesa — sobretudo no caso de utilização desse meio de prova para prolação da condenação —, compromete o pleno exercício do contraditório, que pressupõe o direito de a defesa falar por último, a fim de poder reagir às manifestações acusatórias. STF. 2ª Turma. HC 157627 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 27/8/2019 (Info 949).1 DECLARAÇÕES DO COLABORADOR Como visto anteriormente, a colaboração premiada tem natureza jurídica de meio de obtenção de prova, não sendo apta, por si só, a ensejar uma condenação criminal. O Pacote Anticrimes acrescentou o §16 ao art. 4º, com a seguinte redação: Art. 4º, § 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada ou proferida com fundamento apenas nas declarações do colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - medidas cautelares reais ou pessoais; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 1 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Em ação penal envolvendo réus colaboradores e não colaboradores, o réu delatado tem o direito de apresentar suas alegações finais somente após o réu que firmou acordo de colaboração premiada. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/e7ac288b0f2d41445904d071ba37aaff>. Acesso em: 27/07/2020 alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 14 III - sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Dessa forma, com o advento da Lei nº 13.964/19, o legislador ampliou a restrição ao valor probatório da colaboração premiada, impedindo que as medidas listadas no art. 4º, §16º, fossem decretas apenas com fundamento nesse meio de obtenção de prova. RESCISÃO DO ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA O acordo de colaboração premiada poderá ser rescindido conforme art. 4º, §§ 17 e 18: § 17. O acordo homologado poderá ser rescindido em caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto da colaboração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe que o colaborador cesse o envolvimento em conduta ilícita relacionada ao objeto da colaboração, sob pena de rescisão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Inicialmente, é oportuno salientar que rescisão não se confunde com retratação. A rescisão pressupõe o descumprimento do acordo pela parte e enseja a imposição de sanções, tais como a perda dos benefícios pactuados com possibilidade de utilização das informações obtidas, inclusive, em desfavor do colaborador. DIREITOS DO COLABORADOR O art. 5º da Lei nº 12.850/13 apresenta o rol de direitos do colaborador: Art. 5º São direitos do colaborador: I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica; II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados; III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes; IV - participar das audiências sem contato visual com os outros acusados; V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito; VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dosdemais corréus ou condenados. VI - cumprir pena ou prisão cautelar em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) A novidade, como se percebe do texto legal, é singela e se limita a incluir o cumprimento da prisão cautelar em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados. alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 15 TERMO DO ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA O art. 6º da Lei nº 12.850/13 apresenta os requisitos do acordo de colaboração premiada, que, sinceramente, não apresenta relevância para as provas de carreiras policiais: Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e conter: I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados; II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia; III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor; IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor; V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando necessário. SIGILO DO ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA O art. 7º da Lei nº 12.850/13 trata do sigilo inerente ao acordo de colaboração premiada: Art. 7º O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo apenas informações que não possam identificar o colaborador e o seu objeto. § 1º As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. § 2º O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento. § 3º O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim que recebida a denúncia, observado o disposto no art. 5º . § 3º O acordo de colaboração premiada e os depoimentos do colaborador serão mantidos em sigilo até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime, sendo vedado ao magistrado decidir por sua publicidade em qualquer hipótese. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) A novidade está no marco temporal do sigilo do acordo que é o recebimento da denúncia ou queixa-crime, que passa a ser determinado por imposição legal. CAPTAÇÃO AMBIENTAL DE SINAIS ELETROMAGNÉTICOS, ÓPTICOS OU ACÚSTICOS alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 16 Prevista no art. 3º, inciso II, da Lei nº 12.850/13, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos não teve seu procedimento disciplinado como os demais instrumentos investigativos. Na realidade, coube à Lei nº 9.296/96 (Lei das Interceptações Telefônicas), por meio do Pacote Anticrimes, disciplinar o tema. CONCEITO A captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos é um meio de obtenção de prova que consiste na captura de informações visuais, acústicas ou de dados eletromagnéticos em local específico, com o objetivo de levantar elementos de prova que não seriam alcançados pelos métodos tradicionais de interceptação de dados. PACOTE ANTICRIMES (LEI Nº 9.296/96) O art. 8º-A da Lei nº 9.296/96 apresenta os requisitos para a utilização da medida cautelar: Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas. Dessa forma: alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 17 AUTORIZAÇÃO JUDICIAL MUITO IMPORTANTE Conforme o art. 8º-A da Lei nº 9.296/96, a captação ambiental exige autorização judicial para sua utilização. Contudo, doutrinadores, como Renato Brasileiro2, afirmam que a captação ambiental em lugares públicos independe de autorização judicial, pois “se os interlocutores desejassem privacidade e certeza de que não seriam importunados ou ouvidos, deveriam recolher-se a lugar privado”. Dessa forma, para o autor, a autorização judicial exigida pela Lei nº 13.964/19 seria adequada à captação em ambientes privados, tal qual a residência ou escritório do investigado. DÚVIDA: Se um policial, durante a prisão em flagrante, gravasse, informalmente e sem conhecimento do conduzido, conversa em que este admitisse a prática do crime, tal confissão seria lícita? A resposta é NÃO. Segundo a jurisprudência do STJ, a prova produzida é ilícita, pois o preso deve ser informado de seu direito de permanecer calado (CF/88, art. 5º, LXIII). 2 BRASILEIRO, Renato. Pacote Anticrimes: Comentários à Lei nº 13.964/19, Vol. Único. 2020. Pág. 443. CAPTAÇÃO AMBIENTAL Imprescindibilidade da medida cautelar Elementos probatórios razoáveis de autoria e participação Penas máximas superiores a 04 anos ou infrações penais conexas alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 18 AÇÃO CONTROLADA CONCEITO É um instrumento de investigação em que a autoridade policial (ou administrativa), mesmo diante de indícios da prática de uma conduta delituosa, retarda a intervenção para um momento posterior e mais conveniente do ponto de vista da investigação. Tal conveniência se traduz em: • Angariar um maior número elementos de informação; • Implicar um maior número de envolvidos; • Recuperar o produto do crime e, se for o caso, salvar/resgatar, com segurança as vítimas; A ação controlada é conhecida, também, como flagrante prorrogado, retardado ou diferido e, devido a essa nomenclatura, muitos alunos se confundem com o chamado flagrante esperado. DÚVIDA: O que é o flagrante esperado? O flagrante esperado ocorre quando a autoridade ou agente policial, tomando ciência da iminente ocorrência de um delito, comparece ao local e aguarda a ação do criminoso, sem, contudo, induzi-lo a agir. Em outras palavras, os policiais adotam uma postura passiva e aguardam o desenrolar dos fatos, efetuando a prisão em flagrante no momento em que o criminoso pratica um ato executório. Por exemplo: Uma equipe policial, com informações de que bandidos estariam a caminho de uma agência bancária para praticar um roubo, aguarda em posições estratégicas para o confronto. Abaixo, segue uma tabela para facilitar a diferenciação entre os dois tipos de flagrantes: AÇÃO CONTROLADA (FLAGRANTE PRORROGADO) FLAGRANTE ESPERADO A autoridade policial, tendo conhecimento dos fatos, retarda, propositalmente, a intervenção policial e aguarda o momento mais oportuno para realizar a prisão em flagrante. A autoridade policial, tendo conhecimento dos fatos, comparece ao local e aguarda o momento em que o criminoso pratica um ato executório e, então, realiza a prisão em flagrante. alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 19 RESUMO: O flagrante já poderia ter sido realizado, mas não foi feito por conta de um juízo de conveniência e oportunidade RESUMO: O flagrante é um evento futuro e, por isso, a autoridade policial vai até o local,aguarda o momento da prática do crime e realiza a prisão em flagrante. AÇÃO CONTROLADA E AUTORIZAÇÃO JUDICIAL MUITO IMPORTANTE A ação controlada, assim como a colaboração premiada, não é uma novidade da Lei nº 12.850/13. Na realidade, outros diplomas legais importantes, como a Lei de Drogas (Lei nº 11.343/13) e a Lei de Lavagem de Capitais (Lei nº 9.613/98) já previam a ação controlada. Contudo, diferentemente do que ocorre com a Lei das ORCRIM, tais leis penais exigem a autorização judicial para a ação controlada. A necessidade de autorização judicial prestaria para inibir atos de corrupção de autoridades policiais que justificariam o acobertamento do ilícito sob o argumento de utilização da ação controlada. DÚVIDA: A ação controlada prevista na Lei nº 12.850/13 exige autorização judicial? A resposta é NÃO. A Lei nº 12.850/13 exige, apenas, a comunicação prévia à autoridade judicial. Art. 8º, § 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público. DÚVIDA: Por qual motivo a Lei nº 12.850/13 não exige autorização judicial para a ação controlada? Apesar da autorização judicial dificultar atos de corrupção de agentes policiais, a dinâmica da investigação policial exige celeridade na atuação da equipe de investigação. Nesse sentido, aguardar uma decisão judicial autorizativa tornaria inócua a ação controlada. alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 20 Diante desse cenário, o legislador resolveu compatibilizar a prevenção de atos de corrupção com a necessidade de celeridade, prevendo como requisito, apenas, a prévia comunicação ao juiz. INFILTRAÇÃO DE AGENTES CONCEITO É uma técnica de investigação que consiste em implantar, dentro das organizações criminosas, agentes policiais disfarçados que, dessa forma, conseguirão obter elementos de prova impossíveis de serem coletados por outros métodos de investigação. INFILTRAÇÃO DE AGENTES E LEGISLAÇÃO ESPECIAL Como ocorre com outras técnicas de investigação previstas na Lei nº 12.850/13, a infiltração de agentes não é uma novidade. Por exemplo, a Lei de Drogas (Lei nº 11.343/13) já tratou do tema em seu art. 53, I bem como o ECA, após a alteração legislativa trazida pela Lei nº 13.441/17 (arts. 190-A ao 190-E). CARACTERÍSTICAS DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES A infiltração de agentes é prevista no art. 10 da Lei nº 12.850/13, nos seguintes termos: Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites. § 1º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. AÇÃO CONTROLADA (OUTRAS LEIS) Exige-se autorização judicial AÇÃO CONTROLADA (LEI nº 12.850/13) Não se exige autorização judicial alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 21 § 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º e se a prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis. § 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua necessidade. § 4º Findo o prazo previsto no § 3º, o relatório circunstanciado será apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientificará o Ministério Público. § 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração. Dessa forma, é possível identificar as principais características da medida cautelar: É interessante observar que se o requerimento for feito pelo Ministério Público, a autoridade policial deverá se manifestar, tecnicamente, acerca da infiltração de agentes. Por outro lado, caso haja a representação do delegado de polícia, o juiz só poderá decidir após a oitiva do Ministério Público (art. 10, §1º). Por fim, a confecção do relatório da infiltração poderá ser requisitado a qualquer tempo pela autoridade policial ou Ministério Público. INFILTRAÇÃO VIRTUAL – PACOTE ANTICRIMES (LEI Nº 13.964/19) Com o advento do Pacote Anticrimes, há infiltração de agentes policiais poderá acontecer em ambiente virtual da internet, nos seguintes termos: Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos do caput do art. 10, na internet, INFILTRAÇÃO DE AGENTES Autorização judicial Imprescindibilidade Prazo de 06 meses (renovável) alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 22 com o fim de investigar os crimes previstos nesta Lei e a eles conexos, praticados por organizações criminosas, desde que demonstrada sua necessidade e indicados o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º desta Lei e se as provas não puderem ser produzidas por outros meios disponíveis. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, mediante ordem judicial fundamentada e desde que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja comprovada sua necessidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o relatório circunstanciado, juntamente com todos os atos eletrônicos praticados durante a operação, deverão ser registrados, gravados, armazenados e apresentados ao juiz competente, que imediatamente cientificará o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 6º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público e o juiz competente poderão requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 7º É nula a prova obtida sem a observância do disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 10-B. As informações da operação de infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao MinistérioPúblico e ao delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Dessa forma, é possível destacar as seguintes características da infiltração virtual: alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 23 RESPONSABILIDADE PENAL DO AGENTE INFILTRADO A responsabilidade criminal do agente infiltrado é abordada nos seguintes termos: Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos no art. 1º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a finalidade da investigação, responderá pelos excessos praticados. Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa. Não há dúvidas de que o agente infiltrado irá se deparar com situações em que será obrigado a praticar condutas típicas, sob pena de seu disfarce ser descoberto pelos criminosos. Nesse sentido, não há como imputar-lhe a prática do crime já que age em prol da investigação criminal. Nos termos do art. 13, parágrafo único, a conduta do agente infiltrado não é punível em razão da inexigibilidade de conduta diversa. Há responsabilização criminal apenas pelo excesso eventualmente cometido. INFILTRAÇÃO DE AGENTES Autorização judicial Imprescindibilidade Prazo de 06 meses (renovável até 720 dias) alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 24 DIREITOS DO AGENTE INFILTRADO Por óbvio que a infiltração policial é uma medida cautelar de altíssimo risco para a integridade física do agente infiltrado. Não é por outra razão que o art. 14 da Lei nº 12.850/13 apresenta um rol de direitos: Art. 14. São direitos do agente: I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 9º da Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a testemunhas; III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais preservadas durante a investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário; IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização por escrito. Aliás, quando há indícios de que o agente infiltrado esteja em risco iminente, deverá ser cessada a infiltração de agentes, nos termos do art. 12, §3º, da Lei nº 12.850/13: Art. 12, § 3º Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a operação será sustada mediante requisição do Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial. DO ACESSO A REGISTROS, DADOS CADASTRAIS, DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES CONCEITO Trata-se de consulta a banco de dados de informações cadastrais de investigado junto a diversas instituições, tais como empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito. MUITO IMPORTANTE! Para o acesso dos dados cadastrais e informações, não é necessária a autorização judicial e, sem dúvidas, é tal característica que torna o instituto tão importante do ponto de vista da investigação. Por exemplo, por meio da apreensão de um aparelho celular, é possível identificar diversos números não registrados na lista de contatos. Dessa forma, a consulta aos dados cadastrais do titular da linha telefônica, sem necessidade de representação policial ao juiz, torna a obtenção da prova muito mais célere e condizente com a dinâmica das investigações. alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 25 Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito. Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia aos bancos de dados de reservas e registro de viagens. Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das autoridades mencionadas no art. 15, registros de identificação dos números dos terminais de origem e de destino das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e locais. TIPOS PENAIS DA LEI Nº 12.850/13 DEMAIS TIPOS PENAIS DA LEI Nº 12.850/13 Outros tipos penais são previstos na Lei das ORCRIM, a partir de seu art. 18: Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização por escrito: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e a infiltração de agentes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministério Público ou delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos dados cadastrais de que trata esta Lei. Como se observa, os crimes listados estão relacionados aos instrumentos investigatórios previstos na Lei das ORCRIM, circunstância que revela a importância de bem observar os procedimentos legais.
Compartilhar