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RESUMO DE EMBRIOLOGIA Primeira à oitava semana de desenvolvimento embrionário Rossana Sousa Medicina - UEMA 1. Primeira Semana A primeira semana do desenvolvimento embrionário vai ter início com a fecundação, que se inicia com a passagem do espermatozoide através da corona radiata do ovócito II, ocorrendo através da ação da enzima hialuronidase (liberada pelo acrossomo). Além disso, as enzimas da mucosa da tuba também auxiliam, assim como a cauda do espermatozoide que também auxilia na penetração. Após atravessar a corona radiata, o espermatozoide vai penetrar a zona pelúcida, através da ação de enzimas liberadas a partir do acrossomo também, a acrosina, que causa a lise da zona pelúcida, formando um caminho para a penetração. Posteriormente, vai haver a fusão das membranas plasmáticas do ovócito e do espermatozoide, com consequente liberação do conteúdo dos grânulos corticais, o que leva a uma mudança da zona pelúcida e evita que outros espermatozoides entrem. O ovócito vai finalizar a sua segunda divisão meiótica, formando um ovócito maduro e um segundo corpúsculo polar. Assim, os pró-núcleos feminino e masculino vão se unir, processo chamado de cariogamia. O zigoto vai iniciar o processo de clivagem (30 horas após a fecundação), o qual consiste em repetidas divisões mitóticas do zigoto, levando a um aumento do número de células que vão ser chamadas de blastômeros. Após o estágio de oito células, os blastômeros mudam sua forma e se alinham firmemente, compactando-se. Quando há de 12 a 32 blastômeros, o zigoto passa a ser chamado de mórula. As células internas da mórula, o embrioblasto, são envolvidas por uma camada de blastômeros achatados que formam o trofoblasto. A mórula vai entrar no útero (4 dias após a fecundação), de maneira que vai começar a entrar líquido dentro da mórula e começa a formar a cavidade blastocística. Em consequência do aumento do líquido na cavidade, os blastômeros são separados em: trofoblasto (células externas) e embrioblasto (primórdio do embrião). Nesse estágio, o embrião vai ser chamado de blastocisto, e com 6 dias após a fecundação vai aderir ao epitélio endometrial. Com a adesão ao epitélio, o trofoblasto começa a proliferar e se diferencia em citotrofoblasto (camada interna) e sinciciotrofoblasto (camada externa). Ao final da primeira semana, o blastocisto está superficialmente implantado no endométrio. 2. Segunda Semana A implantação do blastocisto vai se completar durante a segunda semana do desenvolvimento, de maneira a ocorrer mudanças que vão produzir um disco embrionário bilaminar, composto por duas camadas: o epiblasto (região do embrioblasto voltado para o sinciciotrofoblasto) e o hipoblasto (região voltada para a blastocele). O disco embrionário origina as camadas germinativas que formam todos tecidos e órgão. Além disso, vai haver o desenvolvimento de estruturas extraembrionárias, como a cavidade amniótica, o âmnio, a vesícula umbilical e o saco coriônico. A nidação vai ocorrer com a invasão do sinciciotrofoblasto (altamente erosivo) no tecido conjuntivo endometrial, com consequente aprofundamento lento do blastocisto no endométrio. A implantação é facilitada pela apoptose das células endometriais, pelas enzimas proteolíticas produzidas pelo sinciciotrofoblasto e pela degeneração de células deciduais (células ao redor do tecido conjuntivo ao redor do local de implantação que acumulam glicogênio e lipídios) – fonte de nutrição embrionária, sendo englobadas pelo sinciciotrofoblasto. Com a nidação, o trofoblasto continua a se diferencia em citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto (responsável pela produção do Hcg). Com a progressão da nidação, há mudanças no embrioblasto que resulta na formação de uma placa bilaminar de células: o epiblasto (dá origem a ectoderma) e o hipoblasto. Durante a segunda semana, o epiblasto é deslocado pelo acúmulo de fluídos, formando a cavidade amniótica. Posteriormente, as células amniogênicas, chamadas de amnioblastos se separam do epiblasto e se organizam para formar uma membrana, o âmnio. Em torno do oitavo dia, células do hipoblasto migram para o interior do citotrofoblasto e em 12 dias formam a Membrana de Heuser, delimitada pela cavidade blastocélica, que vai dar origem ao saco vitelínico. Quando o âmnio, o disco embrionário e a vesícula umbilical primária se formam, as cavidades isoladas, chamadas de lacunas, aparecem no sinciciotrofoblasto. Esse vai continuar com sua ação digestiva no endométrio e vai se unir com as lacunas, de maneira a haver o rompimento de capilares maternos, permitindo que o sangue flua para essas lacunas, banhando a superfície do sinciciotrofoblasto e iniciando a futura circulação uteroplacentária. Concomitantemente a essas mudanças, vai ocorrer a formação do mesoderma extraembrionária (vai envolver o âmnio e o saco vitelínico primitivo), através da Membrana de Heuser. Esse mesoderma vai crescer e surge no seu interior espaços celômicos extraembrionários, que vai se fusionar e formar o celoma extraembrionário. Com o aparecimento do celoma, o mesoderma extraembrionário se divide em duas porções: uma que vai revestir o citotrofoblasto e epitélio amniótico, chamado de mesoderma somático, e uma porção que reveste o citotrofoblasto e epitélio do saco vitelínico, chamado de mesoderma esplâncnico. No polo embrionário existe uma região em que o mesoderma extraembrionário é formado por células justapostas, constituindo o pedúnculo do embrião, representando o futuro cordão umbilical. O final da segunda semana é caracterizado pelo surgimento das vilosidades coriônicas primárias. A proliferação das células citotrofoblásticas produz extensões celulares que crescem no interior do sinciciotrofoblasto. Essas projeções celulares vão formas as vilosidades. Acredita-se que o crescimento dessas extensões citotrofoblásticas seja induzido pelo mesoderma somático extraembrionário. 3. Terceira Semana A terceira semana ocorre durante a semana de ausência da menstruação (5 semanas após o primeiro dia do último período menstrual normal). A gastrulação consiste no processo de formação dos 3 folhetos embrionários (endoderme, mesoderme e ectoderma). A sua formação ocorre a partir do disco bilaminar que vai se transformar em trilaminar e começa com a formação da linha primitiva. A linha primitiva resulta da proliferação e migração de células do epiblasto para o plano mediano do disco embrionário, alongando-se da sua extremidade caudal até a extremidade cranial, sendo nesse momento definido as regiões anterior e posterior, além de direito e esquerdo. Na extremidade encefálica vai haver a formação do nó primitivo e a goteira primitiva, que é o afundamento desse nó. A partir dessas estruturas, as células do epiblasto, logo abaixo dessas, vão sofrer uma invaginação, formando múltiplas camadas de células, com consequente formação do endoderma (deriva do hipoblasto) e ectoderma (deriva do epiblasto). As células que constituíram múltiplas camadas entre o endoderma e o ectoderma serão responsáveis pela formação do mesoderma. A linha primitiva diminui de tamanho e se torna uma estrutura insignificante na região sacrococcígea. A notocorda é originada de células da região central do mesoderma e possui uma estrutura similar a uma vareta, contendo uma matriz gelatinosa envolta por um tecido conjuntivo fibroso. Essa será responsável por definir o eixo do embrião, sendo base para a formação do esqueleto axial, indução da neurogênese e futuro local dos corpos vertebrais. A formação da notocorda vai ter início com as células mesodérmicas próximas a fossa primitiva migrando em direção a região cefálica, formando o processo notocordal. A partir do momento que o processo notocordal está formado, as células desse vão se unirem com o endoderma, criando um canal temporário neuroentérico (comunica a região amniótica da vitelínica).A linha primitiva vai começar a formar o sulco, e a relação entre as células da linha primitiva com as da notocorda auxiliam a formação final da notocorda (dobramento e formação). O alantoide vai surgir por volta do 16 dia como uma evaginação em forma de salsicha que se estende da parede caudal da vesícula umbilical até o pedículo de conexão. O alantoide está envolvido na formação inicial do sangue e está associado ao desenvolvimento da bexiga urinária. Os vasos sanguíneos do alantoide se tornam as artérias e veias umbilicais. A neurulação tem início com a formação da placa neural, posteriormente com a goteira e tubo neural. Ocorre através ação do sulco primitivo, que faz com que as células que estão lateralmente da notocorda comecem a se dobrar, através de sinais enviados por essa, assim, formando a goteira e posteriormente formando o tubo neural (acima da notocorda). O tubo neural começa a se fechar primeiro na região central, depois na região cefálica e por último na região caudal. A região cefálica é conhecida como neurósporo anterior e a região caudal é conhecido como neurósporo posterior. Durante esse processo, as porções laterais da placa neural dão origem às cristas neurais (considerada por alguns embriologistas como a quarta camada embrionária pois dá origem a vários tecidos) que posteriormente se separam e se localizam na posição dorsal do tubo. A porção cefálica do tubo neural se apresenta mais desenvolvida, onde vai ser formada as vesículas encefálicas primitivas (prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo). Na terceira semana de desenvolvimento, o embrião vai possuir um mesoderma lateral, intermediário e paraxial. As células mais próximas são do mesoderma paraxial, depois o mesoderma intermediário, e em seguida vai ter o mesoderma lateral, que vai se dividir em dois. O mesoderma paraxial vai ser responsável pela formação dos somitos (começa na região cefálica e vai para a caudal), que são bloco de tecidos mesodérmicos, que vão formar o esqueleto axial, a derme e os músculos. O mesoderma intermediário forma o sistema urogenital. O mesoderma lateral da origem para o celoma intra-embrionário, que vai formar as células que vão cobrir as cavidades corporais (pericárdica, pleural e peritoneal) e também é a partir desse que vai surgir a área cardiogênica. 4. Quarta à Oitava Semana Todas as principais estruturas internas e externas são estabelecidas durante esse período. Ao final desse período de organogênese, todos os principais sistemas orgânicos começam a se desenvolver. OBS: A exposição a substâncias teratogênicas durante esse período pode causar grandes anomalias. O embrião vai começar a sofrer vários dobramentos, resultado do crescimento rápido do embrião, particularmente do encéfalo e da medula espinal. Os dobramentos nas regiões cefálica, caudal e laterais ocorrem simultaneamente. Os dobramentos cefálicos e caudal fazem com que as regiões cranial e caudal se movam ventralmente com o alongamento do embrião. Ao mesmo tempo, ocorre uma constrição relativa na junção do embrião com a vesícula umbilical. A área cardiogênica é deslocada para uma região anterior a placa precordal e se posiciona caudalmente a extremidade cefálica do tubo neural. Também se observa na região caudal do disco embrionário, com o deslocamento do alantoide, que se posiciona cefalicamente em relação à membrana cloacal e esta cefalicamente a extremidade caudal do embrião. As dobras laterais vão completar totalmente o fechamento da face ventral do embrião, com exceção na região do cordão umbilical. Consequências da delimitação do corpo do embrião: ▪ Expansão da cavidade amniótica, que vai envolver todo o embrião ▪ Saco vitelínico vai sofrer o estrangulamento e passa a se unir ao embrião pelo pedúnculo do saco vitelínico ▪ Endoderma intra-embrionário vai revestir o intestino primitivo ▪ Mesoderma intra-embrionário vai se separar do extraembrionário, delimitando o celoma intra-embrionário ▪ O pedúnculo do embrião se localiza na região ventro-mediana do embrião e, posteriormente, junta-se ao pedúnculo do saco vitelínico, sendo esse conjunto revestido pelo epitélio amniótico com consequente formação do cordão umbilical
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