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INTRODUÇÃO Os tumores ósseos primários representam 1% dos casos ambulatoriais de ortopedia e 3% dos casos de neoplasias. Nos países desenvolvidos leva em média 6 semanas entre o paciente procurar o serviço até o diagnóstico. No Brasil esse tempo é 2x maior. Sendo que na prática é muito maior que isso. Em TL: após paciente procurar UBS, leva 2 meses para encaminhamento ao especialista, mais 1 mês até fazer o RX e mais 1 mês para marcar o retorno, só aí já são 4 meses, fora o anatomopatológico e resultados de exames, na média vai levar em torno de 6 meses. ETAPAS DA ABORDAGEM: ▪ Estadiamento por imagem ▪ Diagnóstico anatomopatológico (guia tratamento) ▪ Tratamento PLANO GERAL DE TRATAMENTO: ▪ Não tratar excessivamente TU benigno ▪ Não tratar insuficientemente TU maligno ▪ Não fazer biópsia ou abordagens incorretas em lesão com potencial de tratamento radical (potencial de cura) CLÍNICA ▪ História: não existe correlação com trauma ▪ História familiar: geralmente 1º grau ▪ Dor é a queixa mais comum - Inicialmente pode ser relacionada a atividades - Dor ao repouso e dor noturna 25% (osteoma osteoide) ▪ Etnia: Sarcoma de Ewing raro em negros ▪ Idade: fator isolado mais importante no diagnóstico diferencial EXAME FÍSICO ▪ Massa: importante ter medidas da massa ▪ Localização ▪ Forma ▪ Consistência: mole, endurecida ▪ Mobilidade: móvel ou aderida a planos profundos ▪ Dor ▪ Temperatura e vascularização ▪ Atrofia, manchas, sinais de sd. associadas, etc. ANATOMOPATOLÓGICO Na maioria das vezes apenas ele pode dar certeza do diagnóstico e da escolha correta do tratamento (Ex: esquemas de quimioterapia e radioterapia) EXAMES DE IMAGEM Raio x é o exame mais útil na investigação de tumores ósseos Avaliar detalhadamente: ▪ Local da lesão: vários tumores tem locais específicos como o osteosarcoma em que 50% estará localizado no joelho (fêmur distal ou tibia proximal). ▪ Zona de transição (área entre osso normal e osso doente): ver a agressividade ▪ Reação do organismo (Ex: reações corticais) ▪ Aspectos da lesão: calcificações, roído de traça, cistos, osteolitico, osteoblastico, etc.) Idade + Rx = maioria dos diagnósticos ➢ Lesões benignas: demarcação distinta, podendo haver área de esclerose ao redor ➢ Lesões malignas: tendência a limites mal definidos Reação cortical não representa a lesão tumoral em si, mas a área de transição entre a lesão tumoral e o osso sadio. ▪ Triângulo de Codman: Na imagem mostra o osso novo formado pela elevação do periósteo, tumores agressivos crescem muito rápido causando a elevação do periósteo, essa elevação vai calcificar formando o triângulo de Codman (osso normal causado pela reação cortical ao tumor). ▪ Casca de cebola: deposições laminares de cálcio ▪ Raios de sol: imagens transversas em relação a diáfise do osso (tumores agressivos) ▪ Expansão, abaulamento, afilamento: tumores benignos agressivos Ex: encondromas (lesão em mão), displasia fibrosa, cisto aneurismático. USG: Ajuda a diferenciar tecido cístico de sólido TC: Ossificação heterotópica, integridade cortical, metástases Nidus do osteoma osteóide (nicho onde tem células neoplásicas), parede do cisto ósseo aneurismático, calcificações suspeitas, etc. Cintilografia: Metástases Negativa: granuloma eosifofílico, mieloma múltiplo, câncer de células renais, sarcomas intensamente anaplásicos. Ressonância Magnética ▪ Estadiamento local ▪ Tamanho, extensão, relação anatômica com partes moles – melhor que TC – mostra muito mais detalhes ▪ Extensão intramedular e doenças extra-ósseas ▪ Relação com estruturas neurovasculares ▪ T1: tecido adiposo e medula óssea ▪ T2: fluídos Imagem: Rx de fêmur distal quase não dá para ver alteração, na TC da pra ver lesão com mais detalhes, tamanho, percebe-se que rompe a cortical do osso. EXAMES LABORATORIAIS ▪ Hemograma/VHS/PCR: Infecção, leucemia, linfoma e histiocitose. Atenção: Osteomielite x Sarcoma de Ewing O sarcoma de Ewing simula a osteomielite: febre, flogose e na punção pode sair líquido purulento. Rx – Reação periostal – Triângulo de Codman Rx – Reação periostal – Raios de sol Imagem: Lâmina com múltiplas células pequenas azuis. Rx: triângulo de Codman (crescimento rapido), raios de sol. ▪ Eletroforese e BJ: Mieloma múltiplo ▪ Hipercalcemia: metástases, mieloma múltiplo ▪ Fosfatase alcalina: metástases, alterações metabólicas, osteossarcoma, Paget, Ewing ou linfoma ▪ Creatinina e ureia – renal ▪ PTH: tumores marrons do hiperparatireoidismo Diagnósticos diferenciais – lesões não tumorais ▪ Fraturas por stress, miosite ossificante ▪ Doenças metabólicas, Paget – tumor marrom ▪ Vascular infarto ósseo ▪ Distúrbios sinoviais, Condromatose sinovial, sinovite vilonodular pigmentada ▪ Infecção: osteomielite aguda x sarcoma de Ewing Frequência – Malignos primários ▪ Osteossarcoma: 45% ▪ Condrossarcoma: 22% ▪ Ewing: 13% ▪ Fibrossarcoma: 9% ▪ Fibrohistiocitoma maligno: 7% ▪ Cordoma: 2% ▪ Angiossarcoma: 1% ▪ Outros: 1% ESTADIAMENTO ▪ Padrões de comportamento – GTM (grau, topografia, metástases) ▪ Enneking Propósito do estadiamento: ▪ Descrição dos riscos progressivos de recorrência local e metástase à distância ▪ Estratificar os estágios ▪ Fornecer substratos para os tratamentos GTM Grau (G) Ex: Osteosarcoma convencional (G2) Localização anatômica (T) T1: intracompartimental T2: Extracompartimental Metástases (M) Classificação de Enneking Tumores Benignos B1 – Benigno latente: intracapsular, assintomático, achado incidental Rx: imagem bem definida, com esclerose ao redor, sem erosão ou destruição cortical Não requer tratamento. Somente observação! B2 – Benigno ativo: intracapsular, crescimento ativo, podem ter sintomas Rx: margens bem definidas, pode ser expandido, geralmente tem cortical fina Tratamento consiste de curetagem! Imagem: cisto ósseo aneurismático B3 – Benigno agressivo: extracapsular, agressivo, normalmente ultrapassam a cortical Tratamento: curetagem extensa ou ressecção (alta recidiva). Podem dar metástases pelo comportamento agressivo, necessitam de tratamento agressivo! Imagem: encondromas múltiplos, lesões benigno agressivas, tumor de células gigantes que pode dar metástases locais ou a distância. Tumores Malignos Grau I – Maligno de baixo grau A – Intracompartimental B – Extracompartimental ▪ Apresentam baixo risco de metástases ▪ Massas indolores, de crescimento lento ▪ Crescimento é mais por erosão que por destruição Rx: lesões similares e até menos agressivas que alguns B3. Há halo de esclerose, triângulo de Codman. Histologia: bem diferenciada, poucas mitoses, moderadas atipias celulares, necrose, hemorragia e invasão vascular, interrupções na pseudocápsula, metástases para nódulos regionais são infrequentes e pulmonar são raras, tardias e únicas. Ex: Condrossarcoma. Grau II – Maligno de alto grau A – Intracompartimental B – Extracompartimental ▪ Lesões destrutivas, sintomáticas ▪ Frequentemente associadas a fraturas patológicas ▪ Estimulam a formação de grandes quantidades de osso reativo, crescem rápido ▪ Rapidamente extracompartimentais ▪ Envolvem o feixe neurovascular ▪ Cruzam a placa de crescimento Imagem: osteosarcoma, lesões em raio de sol, triângulo de Codman. Rx: margens definidas, destruição cortical importante, invasão de tecidos moles, triângulo de Codman. Cintilografia: concentração além das margens “skip metastasis”. Se tiver skip metastasis é grau III Imagem: triangulo de codman, raios de sol Histologia: alto índice célula/matriz, matriz imatura, mitoses abundantes, invasão vascular, necrose, destruição dos tecidos. Lesãomais ativa de crescimento mais rápido. Grau III – metástase ▪ Carcinomas disseminação linfática ▪ Sarcomas ósseos e de tecidos moles ▪ 5-10% sistema linfático ▪ Disseminação sanguínea ▪ Envolvimento pulmonar nos estágios precoces pelo envolvimento ósseo nos estágios tardios ▪ Metástase não pulmonar = pior prognóstico BIÓPSIA ▪ Deverá ser planejada de acordo com o tratamento cirúrgico ▪ Após avaliação clínica, laboratório e imagem ▪ O trajeto da biópsia é considerado contaminado ▪ Evitar incisões transversas ▪ Violar apenas um compartimento ▪ Não fazer sobre fututo acesso cirúrgico ▪ Se precisar perfurar o osso (oval ou circular) ▪ Hemostasia rigososa – hematoma pode disseminar, principalmente condrosarcoma, pois é uma célula cancerosa que produz cartilagem, que não necessita de vascularização intensa, mesmo sem suprimento sanguíneo consegue se manter viável. ESCOLHA DO TRATAMENTO Avanços nos diversos campos permitem a salvação do membro Amputação x Preservação ✓ A sobrevida será afetada pelo tratamento escolhido? ✓ Morbidade a curto prazo e longo prazo ✓ Como será a função do membro preservado em comparação à prótese? ✓ Haverá consequências psicossociais? Intralesional: quando resseca, vai tirar o tumor mas ainda fica dentro da área reacional, do tumor. Marginal: resseca toda a área reacional. Ampla: retira uma margem de tecido saudável. Radical: retira o compartimento todo. Intralesional • Margem está dentro do tumor • Tumor retirado em fragmentos (pode ficar pedaços da lesão) • Debulking – curetagem • Tumor benigno sintomático em que teria que sacrificar estruturas importantes (vasos, nervos) • Paliativo em meta Marginal • Plano é o da pseudocápsula • Deixa a zona reativa • Pode conter células viáveis • Maioria dos benignos e malignos de baixo grau • Terapia adjuvante (quimioterapia) tornou uma modalidade aceitável Ampla • Plano é o tecido normal • Dissecção além da zona reacional • Malignos de alto grau Radical • Retira todo o compartimento que contém o tumor • Malignos de alto grau • Pouco utilizado hoje em dia TÉCNICAS Curetagem Curetagem extendida Ressecção e reconstrução Amputação Curetagem ▪ Tumores benignos ▪ Alta taxa de recorrência local ▪ Janela óssea do tamanho da lesão: Abre uma janela grande e vai raspando a lesão com uma cureta ou dispositivo power burr Curetagem extendida ▪ Inclui uso de adjuvantes (substâncias que ajudam controlar/matar células tumorais) ▪ Nitrogênio líquido: associado a fraturas patológicas e lesões nervosas, amplia margens até 14mm ▪ Fenol 5%: aplicado com cabinete, amplia margem apenas 1mm e sem muitos efeitos adversos ▪ Cauterização com argônio: simples e efetiva – 4mm ▪ Cimento (PMMA): aquecimento decorrente da polimerização age como adjuvante ou por toxicidade direta, utilizada em benignos agressivos (TCG). Bom nas recidivas – lucência osso-cimento ▪ Pode lesar osso subcondral Ressecção + Reconstrução ▪ Malignos e benignos agressivos ▪ Opções: - Enxerto – Vantagem: reconstruir ligamentos, etc. Complicações do enxerto e desgaste. - Endoprótese – Estabilidade imediata. Complicações a longo prazo da prótese. - Composto exerto-prótese: complicações do enxerto porém sem desgaste articular. Imagem: endoprótese de úmero proximal. Amputações: Podem ser feitas dentro das mesmas margens. TERAPIA ADJUVANTE Radioterapia ▪ Objetivo é a maior dose de radiação possível no tumor com o mínimo de dano celular possível. ▪ Maioria dos tumores malignos ósseos é radiorresistente. Exceções: tumor de células de medula, incluindo mieloma, linfoma, sarcoma de Ewing. ▪ Carcinomas metastásicos para o osso, com exceção do renal, em geral são sensíveis a radio. ▪ Diminui recidivas. ▪ Redução do tumor primário como terapia neoadjuvante (radio ou quimio, antes da cirurgia, para diminuir tamanho da lesão e viabilidade deles, durante ato cirúrgico vai avaliar viabilidade, manda para anatomopatológico para saber porcentagem de viabilidade, fator importante para prognóstico). Quimioterapia ▪ Lesões de alto grau, alto índice de mitose: osteossarcoma de alto grau, fibrohistiocitoma maligno, rabdomiossarcoma. ▪ Não é útil em lesões cartilaginosas e malignas de baixo grau. ▪ Terapia neoadjuvante para reduzor o tumor primário. ▪ Avaliação histológica da efetividade – necrose tumoral – é um dos fatores prognósticos mais importantes. Classificação Huvos e Ayala ✓ Grau I: mínimo ou nenhum efeito da quimioterapia pré-operatória no tumor. ✓ Grau II: 50 a 90% de necrose. ✓ Grau III: 90 a 99% de necrose, focos esparsos de tumor viável. ✓ Grau IV: nenhuma área de tumor viável. Quanto maior a necrose, melhor o prognóstico. Metástase de origem desconhecida 1. A lesão pode ser primária do osso e a técnica de biópsia ser outra. 2. Lesão mais acessível pode ser achada. 3. Se Ca renal, considerar embolização prévia para evitar sangramento. 4. Mieloma o diagnóstico é feito por laboratório. 5. O diagnóstico patológico tem mais acurácia se somado a exames. 6. O cirurgião e o patologista ficam mais seguros do diagnóstico de metástase quando se faz a avaliação antes de realizar a biópsia.
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