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- -1 Noções Gerais de Logística Aniele Fischer Brand Introdução Com o início das navegações ultramarinas em séculos passados, o comércio de mercadorias entre povos de diferentes localidades cresceu consideravelmente. Como fazer um determinado produto chegar em condições adequadas ao seu cliente? Você já parou para pensar que muitas vezes, no nosso dia a dia, utilizamos a palavra logística quando queremos nos planejar para que algo ocorra de forma positiva, sem imprevistos? Por exemplo: “vou viajar de férias com toda família; preciso ver qual logística para que tudo saia da melhor maneira possível”. Nesta aula vamos ver que um bom processo logístico é fundamental nas relações com fornecedores e clientes e pode ser fonte de vantagem competitiva para empresa. Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender conceitos gerais sobre logística. Definição de logística empresarial Podemos considerar que a logística empresarial é uma área de certa maneira nova no estudo de gestão integrada. Para Bowersox et.al (2014) a logística precisa trabalhar de maneira integrada a empresa, seus clientes e fornecedores. Conforme demonstra Ballou (2011) mesmo antes de ser tratada cientificamente como tal, durante muito tempo as pessoas já praticavam atividades logísticas. Da mesma forma, empresas sempre se preocuparam com questões relacionadas a transporte e estoque. Com o tempo, o conceito passou por transformações e a ter uma gestão coordenada de suas atividades, substituindo a visão de administrá-las separadamente. Outro aspecto significante que ganhou força em relação à área diz respeito à agregação de valor a produtos e serviços essenciais, propiciando satisfação do consumidor e aumento das vendas. Para Ballou (2011) um importante conceito de logística é a definição do Council of Logistics Management (CLM), uma organização de gestores logísticos, educadores e profissionais da área, criada em 1962, que tem como objetivo incentivar o ensino e a troca de ideias nesse campo. Para o CLM, logística é “o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender às exigências dos clientes” ( Ballouapud (2011, p.27). Segundo o autor, esta definição nos traz a ideia de que o fluxo das mercadorias precisa ser acompanhado desde as matérias-primas até ao ponto em que são descartadas. Além das questões relacionadas aos bens materiais, Ballou (2011) afirma que a logística também se preocupa com o fluxo de serviços. Ou seja, definida desta maneira, a logística é um processo que envolve todas as atividades importantes para que os bens e serviços estejam disponíveis aos consumidores no local e tempo que estes quiserem obtê-los. No entanto, para Ballou (2011), nesta perspectiva a logística é parte do processo da cadeia de suprimentos e não o processo inteiro. • - -2 Ballou (2011) afirma que, na prática, a gestão da logística empresarial e o gerenciamento da cadeia de suprimentos são difíceis de serem separados, pois ambos têm o intuito de disponibilizar os produtos ou serviços adequados, no local adequado, no momento necessário e nas condições que os clientes almejam, ao mesmo tempo que contribuem para as atividades desempenhadas pela empresa. De acordo com Ballou (2011), para alguns autores, o gerenciamento da cadeia de suprimentos e a gestão integrada da logística empresarial são a mesma coisa. Além disto, ele assevera que há, ainda, os que consideram a logística um ramo secundário da gestão da cadeia de suprimentos. Quadro 1 - Evolução da logística para cadeia de suprimentos Fonte: Yuva apud BALLOU, 2011, p. 30. Ballou (2011) define a logística, ou cadeia de suprimentos, como um conjunto de atividades funcionais que se FIQUE ATENTO Você sabe o que é cadeia de suprimentos e qual o seu foco? O gerenciamento da cadeia de suprimentos foca as interações logísticas existentes entre as diversas funções da empresa, tais como as funções de marketing, logística e produção, bem como sua relação com fornecedores e clientes. - -3 Ballou (2011) define a logística, ou cadeia de suprimentos, como um conjunto de atividades funcionais que se repetem ao longo do canal no qual matérias-primas se transformam em produtos finais, agregando valor para os consumidores. Ou seja, atividades como transportes, controle de estoques, dentre outros. Segundo o autor, as atividades logísticas podem se repetir inúmeras vezes até um produto chegar ao mercado. Ou seja, segundo Ballou (2011) as atividades logísticas vão se repetir à medida que produtos usados são transformados em montante no canal logístico. De acordo com Ballou (2011), a maioria das empresas não controla por completo seu canal de fluxo de produtos, da fonte da matéria-prima até os locais de consumo. O que se espera é o controle gerencial sobre os canais físicos imediatos de suprimento e distribuição. Podemos observar isto na figura Cadeia de suprimentos imediata da empresa. Figura 1 - Cadeia de suprimentos imediata da empresa Fonte: BALLOU, 2011, p. 30. Ballou (2011) afirma ainda que algumas empresas trabalham com canal logístico reverso. Isto está relacionado com o pós-venda e pós-consumo. SAIBA MAIS A preocupação com o meio ambiente faz com que muitas empresas pratiquem a logística reversa. Ou seja, é um processo em que a empresa se utiliza de diversas práticas para coleta do produto ou parte dele para a empresa, que poderá ser reaproveitado. Para saber mais sobre logística reversa leia o artigo Identificação e avaliação de canais de logística reversa, de - -4 Para Ballou (2011) é fundamental que o canal reverso faça parte do planejamento e controle logísticos. Diversas são as atividades desenvolvidas pela logística empresarial. Estas atividades estão diretamente ligadas à aspectos relacionados à estrutura organizacional da empresa, às crenças dos gestores acerca da constituição da cadeia de suprimentos no negócio da empresa, da importância das diferentes atividades para atuação, dentre outros fatores (BALLOU, 2011). O sistema logístico de acordo com o CLM ( BALLOU, 2011) é composto por:apud · serviços ao cliente; · previsão de demanda; · comunicações de distribuição; · controle de estoque; · manuseio de materiais; · processamento de pedidos; · peças de reposição e serviços de suporte; · escolha de locais para fábrica e armazenagem (análise de localização); · embalagem; · manuseio de produtos devolvidos; · reciclagem de sucata; · tráfego e transporte; · armazenagem e estocagem. As principais atividades logísticas na cadeia de suprimentos imediata da empresa podem ser observadas na figura Atividades logísticas na cadeia de suprimentos. logística reversa leia o artigo Identificação e avaliação de canais de logística reversa, de Anastácio e Schmeiske (2019). FIQUE ATENTO O Council of Logistics Management (CLM), atualmente conhecido como Council of Supply Chain Management Professional (CSCMP) é a principal associação mundial de profissionais de gestão de cadeias de abastecimento. Foi fundada em 1963 e até hoje procura colaborar para o desenvolvimento da área. - -5 Quadro 2 - Atividades logísticas na cadeia de suprimentos Fonte: BALLOU, 2011, p. 31. Segundo Ballou (2011), as atividades são divididas em duas esferas principais, conforme a figura Tipos de atividades logísticas. Quadro 3 - Tipos de atividades logísticas Fonte: Elaborado pela autora, 2020. Segundo o autor, estas atividades são separadas pois algumas ocorrem em todos os canais de logística, enquanto outras dependerão de determinadas circunstâncias das empresas. - -6 A importância da logística O desenvolvimento de um bom processo de logística é fundamental para qualquer empresa. A logística pode criar valor agregado tanto para os clientes e fornecedores da empresa, como para todos que têm interesses diretos nesta. De acordo com Ballou (2011) a logística pode ser fundamental no processo de agregação de valor quando se trata do tempo e lugar. Ou seja,para que os produtos e serviços tenham valor para seus clientes, estes precisam estar disponibilizados dentro do tempo esperado e no local desejado de consumo. Podemos afirmar que cada vez mais os processos logísticos são fundamentais na agregação de valor para as empresas. Objetivos da logística empresarial De maneira geral, a logística empresarial pretende atingir metas de processos de cadeia de suprimentos que levem a organização para os objetivos globais. Segundo Ballou (2011), o foco principal da logística empresarial é realizar um conjunto de atividades que tenha como resultado o máximo retorno possível do investimento no menor prazo. Para o autor, essa meta possui duas dimensões: · o impacto do projeto do sistema logístico em termos de contribuição de rendimentos; · o custo operacional e as necessidades de capital do projeto. Portanto, é possível percebermos como a logística pode ser importante para as empresas. Fechamento A partir do estudo desta aula, concluímos que a logística empresarial é fundamental para qualquer tipo de empresa, podendo ser fonte de agregação de valor para o cliente. Vimos que apesar de as atividades logísticas serem feitas desde a antiguidade pelos indivíduos, inclusive no meio militar, há poucas décadas ela ganhou importância considerável no meio empresarial, fazendo com que uma visão mais sistêmica emergisse na área. Aprendemos que as atividades logísticas se desenvolvem em duas esferas mais importantes: principais e de EXEMPLO Os lanches e bebidas da cantina de uma casa de espetáculo só serão úteis e terão valor se estiverem disponíveis de maneira adequada e na quantidade necessária nos intervalos dos espetáculos. Esta cantina não teria valor se, na entrada, saída ou intervalos dos shows /espetáculos não houvesse produtos disponíveis. Se o fornecedor deixou de entregar água e refrigerantes solicitados e os salgados só chegassem, frios, uma hora após terminado o show, os clientes não iriam gostar do serviço prestado. - -7 Aprendemos que as atividades logísticas se desenvolvem em duas esferas mais importantes: principais e de suporte. Por fim, podemos concluir que a logística empresarial pode impactar diretamente nas estratégias da empresa, gerando, inclusive, rendimentos para ela. Referências ANASTÁCIO, A. F.; SCHMEISKE, O. R. M. Identificação e avaliação de canais de logística reversa. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2001, Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Enegep 2001. Disponível em:Anais... http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2001_TR11_0014.pdf. Acesso em: 16 dez. 2019. BALLOU, R. H. / . 5. ed. Porto Alegre:Gerenciamento da cadeia de suprimentos Logística empresarial Bookman, 2011. BOWERSOX, D.; et al. 4. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill Education,Gestão logística da cadeia de suprimentos. 2014. - -1 História do desenvolvimento da Logística Internacional Aniele Fischer Brand Introdução A globalização dos mercados e as novas relações de consumo mudaram a maneira de se pensar a logística. Em função da maior competitividade no mercado global, assim como outras áreas, a logística também precisou acompanhar os avanços ocorridos. Diversos são os desafios nesta área, para que os produtos cheguem com qualidade, no tempo correto e em segurança até o consumidor final. Você já parou para pensar como funcionava a logística no início das transações internacionais? Você verá que as responsabilidades do gestor da logística internacional evoluiu consideravelmente com o passar dos tempos. Nesta aula, você conhecerá um pouco mais sobre a evolução histórica das atividades desenvolvidas nesta área. Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender a evolução histórica da Logística Internacional. O desenvolvimento histórico da Logística Internacional O desenvolvimento econômico ocorrido após a Segunda Guerra Mundial, desencadeou a globalização dos mercados. Segundo Ludovico (2010), o crescimento da população mundial e as novas necessidades que foram surgindo neste contexto fizeram com que os mercados ficassem cada vez mais competitivos e exigentes, surgindo a necessidade de melhorias tanto no âmbito nacional como no internacional. No que diz respeito à logística, por exemplo, houve a necessidade de se ter mais alternativas e qualidade nos serviços de coleta e entrega das mercadorias. Com o mercado globalizado, com clientes de diferentes realidades, culturas, credos, valores e costumes, as empresas passaram a ter que dar atenção também aos aspectos logísticos para atender as distintas demandas. • - -2 Figura 1 - Globalização dos mercados Fonte: EM Karuna, Shutterstock, 2020. Apesar do Comércio Internacional ter crescido consideravelmente neste período, antes do século XX ele já era praticado. No entanto, o que havia eram aventureiros que se arriscavam em regiões remotas, muitas vezes desconhecidas e sem garantias alguma em relação ao produto e negociação que ocorria. Frequentemente negociavam com pessoas que não falavam o mesmo idioma, estavam expostos aos riscos de uma viagem internacional, das preferências do mercado e da instabilidade política. - -3 Figura 2 - Exploração de novas terrras Fonte: John Copland, Shutterstock, 2020. Podemos considerar que esses pioneiros nas navegações ultramarinas, de certa maneira, já se envolviam com a logística internacional, mesmo que não conhecida como tal. Com o passar do tempo, o conceito de logística evoluiu para de lidar com a gestão dos negócios de transporte, embalagem, armazenagem e gerenciamento de estoques. Segundo David e Stewart (2010), os primeiros comerciantes internacionais já realizavam atividades logísticas, à medida em que era necessário calcular a capacidade de carregamento dos seus navios ou animais de carga, a quantidade de alimento necessária, a melhor EXEMPLO Pedro Álvares Cabral, ao chefiar sua expedição rumo à Índia, no ano de 1500, e liderar treze embarcações, certamente teve que estruturar sua viagem que duraria um longo período. Apesar de não ser especialista em logística, tais atividades já eram exercidas. - -4 capacidade de carregamento dos seus navios ou animais de carga, a quantidade de alimento necessária, a melhor forma de embalar as mercadorias que eram transportadas e de pagamento, dentre outros aspectos que podemos relacionar com o que a logística se encarrega nos dias atuais. Para David e Stewart (2010), apesar de diversos aspectos da logística internacional terem mudado ao longo do tempo, as principais preocupações das pessoas que estão envolvidas na área permanecem semelhantes, ou seja, é preciso assegurar que as mercadorias que são produzidas em determinada parte do mundo, cheguem no seu destino de forma segura. FIQUE ATENTO Ao fazer as grandes navegações em séculos passados, os capitães precisavam calcular qual seria a sua rota, quanto tempo duraria a viagem e os tipos ou quantidades de produtos que poderiam levar. Mesmo sem ser tratada como logística ainda, as atividades dessa área já eram realizadas nessa época. - -5 Figura 3 - Mercado internacional Fonte: 3d brained, Shutterstock, 2020. Contudo, os autores afirmam que o conceito moderno da logística tem origem militar. Na perspectiva militar, servia para descrever as atividades relacionadas à aquisição de munições e suprimentos que eram importantes para as tropas que ficavam na frente de batalha. Na década de 1970, o que chamavam de logística comercial tinha como base o conceito militar e a preocupação era principalmente o movimento físico de mercadorias. Até meados da década de 1980, o foco principal dos gestores da área era garantir que as mercadorias chegassem em seu destino em boas condições e com o menor custo (DAVID; STEWART, 2010). - -6 Segundo os autores, atualmente o conceito de logística é muito mais amplo e envolve além das atividades relacionadas ao transporte físico das mercadorias, o gerenciamento das relações com fornecedores e consumidores. Definição de logística internacional Podemos considerar que o papel da logística internacional na cadeia de suprimentosglobal é baseado na logística doméstica. Segundo David e Stewart (2010), os profissionais da logística internacional estão voltados para aspectos táticos da cadeia de suprimentos global. Isto significa: as atividades inerentes ao movimento de mercadorias e documentos de um país para o outro e atividades básicas relacionadas à exportação e importação. FIQUE ATENTO Neste século, as empresas passaram a utilizar muito mais a logística de maneira estratégica, tendo a consciência de que a área é capaz de gerar vantagem competitiva por meio da agregação de valor nos serviços oferecidos, principalmente quando se fala no mercado internacional. - -7 Figura 4 - O mercado globalizado Fonte: Franck Boston, Shutterstock, 2020. Principais elementos da logística internacional O ambiente relacionado à logística internacional é fundamental. Além da importância do conhecimento acerca da língua e da cultura daqueles com quem está se negociando algo, as diferenças de infraestrutura e seus desafios precisam ser considerados. Comparada ao ambiente doméstico, as decisões acerca do transporte internacional são bem mais complexas, em razão das distâncias envolvidas, diferentes tipos de transportes, transportadores, documentos de transporte e tempos de trânsito bem mais elevados, por exemplo. Outro aspecto relevante a ser levado em consideração na logística internacional é que o número de intermediários envolvidos é bem maior. Ou seja, geralmente estão envolvidos bancos, seguradoras, fretadoras, além dos governos dos países importadores e exportadores, que possuem diferentes exigências burocráticas. No comércio internacional, os riscos inerentes ao transporte são consideravelmente mais elevados. É preciso que os gestores de logística tenham conhecimento suficiente sobre as opções de embalagens disponíveis para que as mercadorias estejam protegidas. Além disto, o seguro internacional é mais complexo, pois precisará levar - -8 que as mercadorias estejam protegidas. Além disto, o seguro internacional é mais complexo, pois precisará levar em consideração todos os riscos envolvidos no processo, sendo que muitas vezes os contratos são feitos em línguas e vocabulários diferentes daqueles usados por quem está contratando (DAVID; STEWART, 2010). No que se refere aos meios de pagamento na logística internacional, estes também são muito mais complexos do que na logística doméstica, pois os riscos de inadimplência e flutuações cambiais vão exigir estratégias específicas que não são utilizadas nas transações domésticas. Os autores salientam que cruzar fronteiras também traz desafios, pois os produtos vendidos ou comprados no mercado externo precisam passar pela alfândega, que geralmente é um processo burocrático e complicado. Por fim, outro fator importante a ser levado em consideração na logística internacional diz respeito ao gerenciamento dos estoques. É preciso atentar para os riscos de atrasos e variações nos tempos de envio, o que desafia a produção ou gestão dos estoques.just-in-time Portanto, é possível percebermos que a logística internacional envolve muito mais atores no processo e passa a ser bem mais complicada do que o processo local, haja vista toda dinâmica necessária entre diferentes nações, com distâncias muito mais longas, muitas vezes. Fechamento Podemos perceber, ao longo da aula, que cruzar fronteiras traz desafios bem específicos. Vimos que a logística, com o passar do tempo, sofreu diversas modificações. Antes mesmo de ser definida como tal, já havia a preocupação com aspectos como armazenagem e transporte das mercadorias, por exemplo, para que se garantisse que o produto chegaria em boas condições de uso ou consumo. Com o advento da globalização dos mercados e principalmente após a Segunda Guerra Mundial, novos olhares precisaram ser lançados sobre essa área, para que fosse possível enfrentar todos os desafios que começavam aparecer naquele momento. Referências DAVID, P.; STEWART, R. . São Paulo: Cengage Learning, 2010.Logística internacional LUDOVICO, N. . São Paulo: Saraiva, 2010.Logística de transportes internacionais SAIBA MAIS Just-in-time é uma estratégia utilizada pelas empresas em que a mercadoria é produzida somente quando esta for comercializada, ou seja, a mercadoria não será fabricada para permanecer em estoque. Ela será produzida de acordo com a demanda a ser comercializada. - -1 Estratégia e planejamento da logística Aniele Fischer Brand Introdução O planejamento das estratégias logísticas é fundamental para as decisões que são tomadas nas empresas. Você já parou para pensar como se dá o processo que vai desde a fabricação de um produto até a chegada dele no consumidor final? Até estar pronto para o consumo, este produto passará por muitas etapas. As empresas precisam se preocupar não somente com a fabricação do produto, mas com fatores como a armazenagem e transporte até chegar ao seu destino. ´Veremos que ao traçar as estratégias da empresa, os dirigentes precisam levar em consideração as necessidades logísticas. Então, neste tema vamos conhecer a relação das estratégias corporativas com as estratégias logísticas e compreender a importância do planejamento nesta área. Definindo a estratégia corporativa É fundamental para qualquer tipo de empresa definir suas estratégias. Para criar uma estratégia corporativa é preciso definir claramente quais são os objetivos da empresa. Os gestores precisam conhecer as metas mais importantes a serem alcançadas. A empresa estabelece sua visão, considerando aspectos relacionados aos clientes, fornecedores, concorrentes e a empresa em si. De acordo com Ballou (2011) fazer uma avaliação das necessidades, pontos fortes e fracos, metas e perspectivas de cada um desses elementos é muito importante. Segundo Ballou (2011) para que a visão seja transformada em realidade, após serem definidas elas precisam ser EXEMPLO A visão da General Electric é ocupar permanentemente o primeiro ou o segundo lugar nos mercados em que atua. Sendo assim, provavelmente ela abandonará a área em que não conseguir concretizar essa meta, pois vai contra sua visão. Ter a visão da empresa claramente definida guia as estratégias a serem tomadas pela empresa (BALLOU, 2011). - -2 Segundo Ballou (2011) para que a visão seja transformada em realidade, após serem definidas elas precisam ser transformadas em projetos mais concretos. A empresa deve compreender claramente os custos da empresa, seus pontos fortes e fracos em termos financeiros, posição em relação à participação no mercado, base e desenvolvimento de ativos, ambiente externo, forças concorrentes e habilidades dos empregados, para, então, a partir desta visão e da análise das ameaças e oportunidades da empresa, definir quais são as alternativas estratégicas que vão guiar as ações a serem desenvolvidas na empresa. Figura 1 - Desenvolvimento das estratégias Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2020. Ballou (2011) afirma que as estratégias da empresa impulsionam as estratégias funcionais, ou seja, a estratégia geral da empresa será realizada a medida que cada uma das áreas de produção, marketing, finanças e logística dão continuidade aos planos elaborados para cumpri-la. Quadro 1 - Visão geral do planejamento estratégico Fonte: BALLOU, 2011, p. 50. Podemos considerar, assim, que as estratégias corporativas guiam as decisões que são tomadas dentro da empresa, servindo como base para a condução das atividades a serem desenvolvidas. - -3 A estratégia de logística Uma estratégia logística bem elaborada exige além do esforço e criatividade, o desenvolvimento de uma boa estratégia empresarial. De acordo com Ballou (2011) as estratégias logísticas inovadoras podem gerar vantagens competitivas para empresa. O autor considera que uma estratégia logística envolve três objetivos principais: · redução de custos; · redução de capital; · melhoria dos serviços. De acordo com Ballou (2011) o objetivo maior de toda empresa é a maximização dos seus lucros. Segundo o autor a estratégia de redução de custos está diretamenterelacionada à enxugar custos variáveis relacionados ao transporte e armazenagem. A melhor estratégia deverá vir da avaliação das opções disponíveis. Ou seja, a empresa precisa escolher entre os diversos locais de armazenagem disponíveis, ou escolher o melhor modal de transporte. Figura 2 - Maximização do lucro Fonte: PixDeluxe, Shutterstock, 2020. A estratégia de redução de capital, por sua vez, diz respeito à diminuir o nível dos investimentos nos sistemas logísticos. Para o autor, o foco desta estratégia é maximizar o retorno sobre os ativos logísticos. Neste caso, os gestores irão avaliar alternativas como embarcar diretamente para o cliente para evitar o armazenamento, escolher por armazenamento público em lugar das opções privadas, optar pelo just-in-time ao invés de manter estoques, ou ainda, usar provedores terceirizados de serviços logísticos. Ballou (2011) afirma que optar por essas estratégias podem desencadear custos variáveis mais elevados do que as de estratégias que exigem um nível maior de investimento. No entanto, o retorno sobre o investimento pode ser incrementado. Por fim, as estratégias de melhoria de serviços geralmente consideram que os lucros dependem do nível dos serviços logísticos proporcionado. Segundo Ballou (2011) apesar do rápido aumento com a melhoria dos níveis logísticos dos serviços ao cliente, a maximização dos lucros pode ser mais significativa que o aumento dos custos. O autor considera, ainda, que para ser uma estratégia eficiente, é preciso que ela seja desenvolvida levando em - -4 O autor considera, ainda, que para ser uma estratégia eficiente, é preciso que ela seja desenvolvida levando em consideração os serviços oferecidos pelos concorrentes. Planejamento de logística O planejamento logístico é muito importante para que a empresa se mantenha competitiva. Ele busca responder às perguntas sobre o quê, quando e como, e se desenvolve em três níveis. Figura 3 - Níveis de planejamento Fonte: Elaborado pela autora, 2020. Segundo Ballou (2011) a principal diferença entre os níveis de planejamento está relacionado ao tempo. De acordo com o autor, o planejamento estratégico é considerado de longo prazo, com decisões de mais de um ano. O planejamento tático tem uma relação intermediária com o tempo, ou seja, normalmente inferior a um ano. Já o planejamento operacional está relacionado às decisões de curto prazo, que geralmente são tomadas a cada hora, ou diariamente. Para Ballou (2011) um aspecto fundamental é promover ações com o produto de maneira eficaz e eficiente ao longo de todo canal logístico planejado estrategicamente. Conforme afirma Ballou (2011) o planejamento logístico busca resolver quatro grandes áreas de problemas: · níveis de serviços aos clientes; · localização das instalações; SAIBA MAIS Para saber mais sobre planejamento estratégico logístico, acesse o artigo “Planejamento estratégico logístico: uma opção para as indústrias de confecção do Estado do Ceará” disponível no XXIX Encontro Nacional de Engenharia de Produção. - -5 · localização das instalações; · decisões sobre estoques; · decisões sobre transportes. Cada uma dessas áreas tem um impacto significativo sobre o projeto do sistema logístico. Vamos conhecer um pouco mais sobre cada um desses aspectos? O nível do serviço logístico proporcionado aos clientes influencia diretamente no desenvolvimento do projeto do sistema. Segundo Ballou (2011) o principal objetivo do planejamento logístico estratégico é a determinação de níveis apropriados de serviços aos clientes. De acordo com o autor serviços mínimos possibilitam menos locais de estocagem e transportes mais baratos, enquanto bons serviços significam o oposto. Outro fator importante a ser levado em consideração é a localização geográfica dos pontos de estoque e de seus centros de abastecimento. Conforme demonstra Ballou (2011) quando se define o número, localizações e tamanho dessas instalações e quando se atribui uma parte da demanda, é que se determina os caminhos pelos quais os produtos são direcionados ao mercado. Sendo assim, para Ballou (2011) o foco da estratégia de localização das instalações é identificar a alocação de custos mais baixo ou a alternativa de maior lucratividade para empresa. No que se refere as decisões sobre estoque, a empresa precisa analisar como estes vão ser gerenciados, pois as estratégias escolhidas vão influenciar diretamente na localização das instalações. Quanto as estratégias de transporte, as decisões incluem a seleção dos modais, o volume de cada embarque, as rotas e a programação. Neste caso, as decisões tomadas pelo corpo diretivo consideram elementos como a proximidade, ou distância entre os armazéns, os clientes e as fábricas. Além disto, os níveis de estoque também dependem das decisões sobre transporte, que variam conforme o volume de cada remessa. Podemos considerar que cada uma das áreas de decisão da empresa é inter-relacionada e a definição das estratégias precisa levar em conta essa interrelação. FIQUE ATENTO Podemos considerar que a localização das instalações e a movimentação dos produtos afetam diretamente os custos e a lucratividade da empresa. Por isso, ao fazer um planejamento estratégico, os dirigentes precisam levar esses aspectos em consideração. FIQUE ATENTO O nível de serviço prestado aos clientes, a localização das instalações, o estoque e os transportes são os aspectos mais importantes no planejamento, pois as decisões tomadas em cada dessas áreas podem impactar diretamente a lucratividade, o fluxo de caixa e o retorno do investimento da empresa. - -6 Fechamento A partir do estudo deste tema você adquiriu conhecimentos acerca das estratégias logísticas e do planejamento da área. Você aprendeu que o planejamento estratégico da empresa precisa levar em consideração os aspectos relacionados à logística. Além disto, foi possível compreender que a estratégia logística geralmente se desenvolve em torno de três objetivos principais: redução de custos, redução de capital e melhoria dos serviços. Além disto, compreendeu que o planejamento, que pode ser de curto, médio e longo prazo, irá focar quatro áreas essenciais: serviços ao cliente, localização, estoques e transporte. Cada uma dessas áreas terá um impacto direto no que será planejado e executado pela empresa, podendo ser, estes, fatores que quando bem trabalhados podem gerar vantagem competitiva para empresa. Referências BALLOU, R.H. / . 5. ed. Porto Alegre:Gerenciamento da cadeia de suprimentos Logística empresarial Bookman, 2011. NUNES, M. B. M. de M.; NUNE, F. R. de M.; ALEXANDRE, J. W. C.; NOBRE JÚNIOR, E. F.Planejamento estratégico logístico: uma opção para as indústrias de confecção do Estado do Ceará. Anais... XXIX Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Salvador, 6 a 9 de outubro de 2009. - -1 A logística como fonte de vantagem competitiva Aniele Fischer Brand Introdução Muito se fala no meio empresarial sobre a qualidade e excelência nos produtos e serviços prestados. No entanto, será que somente a qualidade é importante para que a empresa conquiste seu cliente? Nesta unidade vamos falar sobre vantagem competitiva e compreender de que maneira a logística pode ser uma fonte de vantagem competitiva para empresa. Para gerar vantagem competitiva a empresa precisa agregar valor ao seu produto. No caso da logística, o que pode ser gerado de valor para o cliente? Vamos perceber que a empresa precisa disponibilizar o produto certo, no lugar certo e na hora certa para seu cliente. Além disto, vamos compreender a diferença entre o gerenciamento logístico e o gerenciamento da cadeia de suprimentos. Ao final desta aula, você será capaz de: • analisar a logística como vantagem competitiva da empresa. A vantagem competitiva O gerenciamento logístico eficiente e eficaz pode proporcionar vantagem competitiva para empresa, ou seja, pode gerar uma posição duradoura de superioridade sobre os concorrentes, quando se trata de elementos como a preferência do cliente, por meio da logística. SegundoChristopher (2001) apesar das bases de sucesso dos mercados serem variadas, há um modelo baseado na trilogia, também conhecida como os três “Cs” companhia, seus clientes e seus concorrentes. • - -2 Quadro 1 - A vantagem competitiva e os três Cs Fonte: OHMAE apud CHRISTOPHER, 2001. Segundo o autor a vantagem competitiva neste caso pode ser percebida em primeiro na capacidade da empresa se diferenciar dos seus concorrentes sob a perspectiva dos clientes, e depois, pela capacidade de operar com baixo custo e maior lucro. Com todas as transformações ocorridas no mercado nas últimas décadas, com o advento da internet, o desenvolvimento tecnológico e a globalização dos mercados, os gestores preocupam-se constantemente em buscar uma vantagem competitiva perante seus concorrentes. De acordo com Christopher (2001) o sucesso comercial advém da vantagem de custo ou da vantagem de valor, ou ainda, de ambas, o que seria o ideal. Ou seja, para o autor, a empresa que obtém maior lucro, tem tendência a ser a que tem um custo menor de produção ou possui uma percepção de valor agregado maior no seu mercado. FIQUE ATENTO Ao traçar suas estratégias para promover vantagem competitiva, a empresa precisa estar atenta a três elementos principais. Ela precisa conhecer bem sua empresa, seus concorrentes e principalmente seus clientes. Conhecendo bem estes três atores, suas estratégias serão muito mais assertivas. - -3 Conforme afirma Christopher (2001) a vantagem de produtividade proporciona custos mais baixos, ao passo que a vantagem de valor gera ao produto um diferencial diante dos concorrentes. Vamos compreender um pouco mais cada uma dessas duas estratégias? Podemos considerar que em qualquer setor sempre haverá a empresa que será um produtor a baixo custo e muitas vezes, essa empresa terá os maiores volumes de vendas no setor. É possível observar nessas empresas, uma economia de escala, haja vista que os custos fixos são diluídos com um valor maior de produção. Tradicionalmente acreditava-se que o principal meio de redução de custos era obtendo maiores volumes de vendas, no entanto, Christopher (2001) afirma que um bom gerenciamento logístico pode proporcionar igualmente uma redução nos custos unitários dos produtos. Quando falamos em uma vantagem obtida por meio de valor, é preciso atentar para o que a empresa está oferecendo de diferencial para os clientes. Podemos considerar que o valor é a satisfação das exigências do consumidor ao menor custo possível de aquisição, propriedade e uso. O consumidor sempre irá analisar alternativas para satisfação das suas necessidades, dentro do seu conjunto de escolha de produtos. O comprador escolhe entre diferentes ofertas baseado naquilo que lhe parece proporcionar o maior valor. Ou seja, podemos observar a figura a seguir para compreender esta relação. FIQUE ATENTO As empresas que são bem-sucedidas têm vantagem pela alta produtividade, ou tem vantagem de valor percebido pelos clientes ou, ainda, uma mistura das duas (CHRISTOPHER, 2001). EXEMPLO Considerando o ramo automobilístico, o que leva uma pessoa adquirir um carro popular ou uma BMW completa, toda equipada? - -4 Quadro 2 - Determinantes do valor entregue ao cliente Fonte: Adaptado de KOTLER, 2000, p. 57. Christopher (2001) acredita que uma estratégia baseada em agregação de valor geralmente irá demandar uma abordagem mais segmentada do mercado pois os consumidores irão em busca de benefícios distintos. É possível estabelecermos uma relação da logística com a vantagem competitiva na figura a seguir. - -5 Figura 1 - A logística e a vantagem competitiva Fonte: CHRISTOPHER, 2001, p. 7. Cabe à empresa analisar e identificar o que é mais viável para suas estratégias, com base no que tem como missão e objetivos a serem alcançados. Obtendo vantagem competitiva por meio da logística Nas últimas décadas, com a concorrência cada vez mais acirrada, os dirigentes das empresas passaram a se preocupar ainda mais com estratégias que proporcionam um valor superior sob a perspectiva dos clientes. Este fato se intensificou com estudos desenvolvidos por Michel Porter que demonstravam a importância das forças competitivas para alcançar o sucesso no mercado. Michel Porter desenvolve o conceito de cadeia de valor. As atividades da cadeia de valor podem ser categorizadas, segundo Christopher (2001), em dois tipos principais. · Atividades primárias: logística de entrada, operações logísticas de saída, marketing, vendas e assistência técnica. · Atividades de apoio: infraestrutura, gerenciamento de recursos humanos, desenvolvimento de tecnologia e - -6 técnica. · Atividades de apoio: infraestrutura, gerenciamento de recursos humanos, desenvolvimento de tecnologia e aquisição. A vantagem competitiva aparece diante da forma que as empresas desempenham suas atividades dentro da cadeia de valor. Segundo Christopher (2001) para que as empresas tenham vantagem competitiva perante seus concorrentes, elas precisam entregar valor para seus clientes desempenhando as atividades de maneira mais eficiente que seus concorrentes ou criando maior valor percebido pelo comprador. O autor afirma, ainda, que o gerenciamento logístico pode auxiliar a empresa alcançar a vantagem competitiva tanto em termos de custos/produtividade, como a vantagem em valor. Quadro 3 - Obtendo vantagem competitiva através da logística Fonte: CHRISTOPHER, 2001, p. 7. A cadeia de suprimentos e o desempenho competitivo Sob uma perspectiva tradicional, muitas empresas se veem como entidades que existem independentemente uma das outras, que precisam competir para sobreviver. No entanto, atualmente é cada vez maior a ideia da necessidade de integração da cadeia de suprimentos para uma atuação eficiente e eficaz das empresas. - -7 De acordo com Christopher (2001) enquanto o gerenciamento logístico preocupa-se primeiramente com a otimização de fluxos dentro da empresa, o gerenciamento da cadeia de suprimentos defende que apenas a integração interna não é suficiente. Desta forma, é preciso atentar não somente para sua cadeia interna, mas também para fatores como os clientes e fornecedores. Fechamento A partir do estudo deste tema, foi possível compreendermos a importância da vantagem competitiva para empresa, bem como saber de que maneira a logística pode ser fonte de vantagem competitiva. Além disto, observamos as diferenças entre gerenciamento logístico e gerenciamento da cadeia de suprimentos. Vimos, ainda, que as atividades da cadeia de valor podem ser categorizadas em dois tipos principais: atividades primárias e atividades de apoio. Por fim, aprendemos que o desenvolvimento de uma boa atividade logística pode auxiliar a empresa alcançar a vantagem competitiva. Para gerar vantagem competitiva, a empresa precisa agregar valor agregado ao produto, no qual seu cliente consiga perceber os benefícios. Referências CHRISTOPHER, M. . São Paulo: Pioneira, 2001.Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos KOTLER, P. . 10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000.Administração de Marketing SAIBA MAIS Para conhecer um pouco mais o conceito de cadeia de suprimentos, acesso o artigo “A Logística e a gestão da cadeia de suprimentos: um estudo de caso de uma empresa da região do Sul de Minas Gerais”, disponível em https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos15/9122276.pdf. - -1 O gerenciamento do fluxo logístico de maneira global Aniele Fischer Brand Introdução Operações globalizadas podem aumentar os custos e a complexidade da logística. Comparado com o mercado local, o mercado global trará muito mais desafios para os gestores. Fatores como a distância, tempo de deslocamento, modais de transporte, armazenagem, dentre outros, precisam ser levados em consideração quando a empresa estiver elaborando seu planejamento. Você já parou para pensar em todos os processos e etapas que envolve a produção e comercialização de produtos que são comercializados numa escala global? Quais são os desafios que as empresas que optam por este tipo de estratégia enfrentam?Neste tema vamos aprofundar os conhecimentos sobre o fluxo logístico no contexto global. Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender o fluxo logístico no contexto global. A tendência de globalização da cadeia de suprimentos Com a globalização dos mercados novos desafios surgindo no mundo empresarial. De acordo com Christopher (2018) a tendência de globalização da logística teve influência principalmente das tendências dos mercados e das tecnologias relacionadas ao desenvolvimento e fabricação dos produtos. • - -2 Figura 1 - Globalização na logística Fonte: 3DDock, Shutterstock, 2020. Para o autor, as empresas que se organizam globalmente se enquadram em três categorias. · Empresas produtoras de : a principal tarefa é grandes quantidades de matéria prima de países quecommodities possuem muitas fontes naturais, para países que possuem o mercado de consumo, mão-de-obra ou ambos. · Empresas que se beneficiam dos baixos custos de mão-de-obra-regional: estas empresas utilizam os baixos custos de mão-de-obra para maximizar a lucratividade na fabricação intensiva. · Empresas que centralizaram seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento e fabricação: foca em cada uma de suas instalações combinações específicas de produtos e tecnologias. De acordo com Christopher (2018) o terceiro grupo é o mais significativo no que se refere ao índice de mudanças. Segundo o autor o considerável investimento em automatização e robótica acaba se tornando muito caro para ser feito em cada um dos mercados importantes que a empresa atua. Além disto, as habilidades específicas para lidar com a tecnologia acabam se concentrando em poucas pessoas, o que facilita também terem- nas concentradas em uma única localidade. Para Christopher (2018) dois desenvolvimentos realçam a tendência para o gerenciamento logístico global: · criação de fábricas foco; · centralização dos estoques. Segundo o autor o que fundamenta as fábricas foco é a empresa conseguir economia de escala limitando a variedade de produtos fabricados em um mesmo local. Os negócios orientados nacionalmente possuem produção para consumo local, o que quer dizer que a fábrica de cada país produz toda a variedade de produtos que são vendidos naquele país. Já o negócio global cuidará também do mercado mundial e sua produção será feita de maneira que as fábricas produzam menos produtos em volumes capazes de satisfazer o mercado inteiro. Christopher (2018) salienta que um número significativo de logísticos essenciais podem não sertrade-offs levados em consideração na procura apressada pela produção a baixo custo por meio de maiores economias de escala, como por exemplo o efeito sobre os custos de transporte e os prazos de entrega. Ou seja, os custos com a remessa de produtos com valor baixo, por grandes distâncias, podem eliminar parte ou - -3 Ou seja, os custos com a remessa de produtos com valor baixo, por grandes distâncias, podem eliminar parte ou toda economia de custo obtida na produção. Além disto, os longos prazos de entregas podem ser contornados com a manutenção de estoques locais, o que também pode acarretar maiores custos anulando as vantagens com os custos da produção. O autor ainda apresenta outros problemas que podem ocorrer com a produção concentrada, tais como necessidade de adequação das embalagens para o mercado local, seja por conta de diferentes idiomas ou marcas diferentes para o mesmo produto. Além disto, um cliente que encomende uma série de produtos da mesma empresa em um único pedido, no qual a produção ocorra em localidades diferentes, pode ter problemas. Neste caso, a solução pode ser alguma operação de transbordo no qual o fluxo das mercadorias das diferentes localidades seja consolidado para seguirem viagem juntos para o cliente final. Sendo assim, é fundamental realizar uma análise detalhada das vantagens ou desvantagens da fabricação centrada em uma única localidade, considerando o impacto que a logística pode ter no resultado. De acordo com Christopher, assim como houve, em decorrência da globalização, um estímulo para as empresas concentrarem a produção em poucas localidades, ocorreu também uma tendência para a centralização dos estoques. SAIBA MAIS Para compreender melhor o conceito de leia o artigo “O trade-off no processo detrade-offs tomada de decisão: pesquisa com gestores da área de logística”, apresentado nos Seminários de Administração de novembro de 2017, por Luz e Parisi. FIQUE ATENTO Considerando todos os custos logísticos envolvidos num processo empresarial, nem sempre a fabricação centrada numa única localidade pode ser a melhor opção para empresa. - -4 Desta forma, muitas empresas têm fechado armazéns e concentrado os estoques em Centros Regionais de Distribuição (CRDs), que atendem uma área geográfica muito maior. Figura 2 - Centros Regionais de Distribuição (CRDs) Fonte: JingAiping, Shutterstock, 2020. Segundo Christopher (2018) a visão tradicional de armazéns precisa ser substituída por uma ideia de múltiplas finalidades, onde ocorram somente atividades que acrescentam valor. O autor acrescenta que o bom uso da informação pode igualmente ajudar as empresas reduzir seus estoques. EXEMPLO Vamos pegar como exemplo uma grande rede de supermercados que possui diversos armazéns com seus produtos que serão vendidos nos diversos mercados espalhados pelo estado. Esta empresa opta por substituir diversos armazéns por apenas um ou dois Centros Regionais de Distribuição (CRD) estrategicamente localizados. - -5 Para o autor, um grande desafio da logística global é centralizar o controle, mas descentralizar as operações. Figura 3 - Gerenciamento das informações Fonte: Pressmaster, Shutterstock, 2020. O desafio da logística global Gerenciar uma rede global de fluxos de materiais e informações é muito mais complicado do que gerenciar um sistema logístico local. Segundo David e Stewart (2010) as atividades logísticas locais são gerenciadas de maneira diferente quando se FIQUE ATENTO É fundamental as empresas dominarem seus fluxos de informação. - -6 Segundo David e Stewart (2010) as atividades logísticas locais são gerenciadas de maneira diferente quando se trata do ambiente internacional. Existem fatores que necessitam ainda mais atenção, como as diferenças de infraestrutura, as decisões referentes ao transporte internacional, bem como os danos e riscos possíveis a este transporte, o número de intermediários envolvidos, o seguro internacional, os meios de pagamentos mais complexos, o cruzamento das fronteiras, dentre outros. De acordo com Christopher (2018) existem cinco fatores que são essenciais para o planejamento das cadeias de suprimentos globais. · Prazos longos de fornecimento: na cadeia global é importante manter um determinado nível de estoque intermediário entre a fabricação e o cliente para diminuir os problemas de tempos longos de transportes. · Tempos de trânsito extensos e não-confiáveis: os reais custos da cadeia de suprimentos precisam ser considerados para a tomada de decisão, que modal de transporte utilizar, por exemplo? Marítimo, aéreo, terrestre ou ferroviário? Fatores como embarque, consolidação e liberação alfandegária podem contribuir para que ocorram atrasos e variações nos prazos das cadeias de suprimentos globais. · Opções de consolidação e desmembramento de volumes: diversas são as opções de gerenciamento do frete internacional e os podem ser distintos para diferentes produtos ou canais do mercado. As quatrotrade-offs principais, segundo Christopher (2018), são: remessa direta de cada fonte para o mercado destino em contêineres lotados; consolidação na região de origem e envio para o mercado destino em contêineres lotados; consolidação de cada fonte para cada local de operação com desmembramento / estoque intermediário para atender mercados específicos; consolidação na região de origem e desmembramento no local da operação. Vale ressaltar que os custos de manutenção de estoques, armazenagem, serviço ao cliente e frente será diferente para cada umadessas opções e cabe a gestão escolher a melhor alternativa de acordo com as características dos produtos e o perfil da demanda. · Modais de transportes e opções de custos: deve ser feita uma análise detalhada para decisões relacionadas aos tipos de transportes. É possível utiliza a combinação de modais de transporte ou a opção por um único tipo. Segundo Christopher (2018) no contexto da logística global a coordenação do transporte necessita incluir a responsabilidade pelo gerenciamento do fluxo e prazos de ponta a ponta. Figura 4 - Modais de transporte Fonte: Artisticco, Shutterstock, 2020. · Expedição de componente semimanufaturado com valor adicionado localmente: as empresas procuraram - -7 · Expedição de componente semimanufaturado com valor adicionado localmente: as empresas procuraram oportunidades para postergar a configuração final do produto para o mais próximo do cliente o possível. Segundo Christopher (2018) despachando componentes semimanufaturados genéricos em embalagens intermediárias é possível obter custos mais baixos, maior flexibilidade para demanda e estoques menores. Neste caso, a operação local fica responsável por questões como identificação e acabamento, formação de kits para opções diferentes de produtos, embalagem na língua local, manutenção do estoque centralizado para apoio à operação e entrega direta ao cliente para todos os mercados correspondentes, sem manuseio adicional. Organização da logística global Com a extensão das cadeias de suprimentos internacionalmente, as empresas foram obrigadas a enfrentar o problema de como estruturar sua organização logística global. Christopher (2018) afirma que as empresas perceberam que na logística global a eficácia somente pode ser alcançada por meio da centralização. No entanto, deve-se levar em consideração as especificidades de cada realidade de mercado. Fechamento Ao estudarmos este tema, foi possível compreendermos que o controle do fluxo logístico global depende diretamente de a capacidade da empresa encontrar o equilíbrio entre o controle central e a gerência local. Vimos que existem três categorias principais de empresas que se organizam globalmente. As produtoras de commodities, as empresas que utilizam mão-de-obra regional com custos mais baixos e empresas que investem em pesquisa, desenvolvimento e fabricação. Por fim, observamos quais os principais desafios da logística global que precisam ser levados em consideração no planejamento das cadeias de suprimentos globais. É preciso que cada empresa analise a sua realidade, considerando todas as possibilidades que possam existir, para um desempenho eficiente e eficaz. Referências CHRISTOPHER, M. . São Paulo: Cengage do Brasil, 2018.Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos DAVID, P. A.; STEWART, R. D. Logística Internacional. 2. ed.São Paulo: Cengage Learning, 2010. LUZ, L.B. R.; PARISI, C. O trade-off no processo de tomada de decisão: pesquisa com gestores da área de logística. XX SemeAd. Nov. 2017. Disponível em . AcessoAnais... http://login.semead.com.br/20semead/arquivos/166.pdf em: 11 fev. 2020. http://login.semead.com.br/20semead/arquivos/166.pdf http://login.semead.com.br/20semead/arquivos/166.pdf - -1 A ADMINISTRAÇÃO DE TRÁFEGO ALESSANDRA CONCEIÇÃO DO NASCIMENTO Introdução Qual a importância dos serviços de transporte para uma empresa? De que modo ele pode ser utilizado a proporcionar vantagem competitiva ou aumento de lucratividade as empresas? O transporte de mercadorias é uma das principais atividades primárias da logística e sua importância se traduz no reconhecimento desta ferramenta para auxiliar em garantir os níveis de satisfação dos clientes. A administração de tráfego ou de transportes vai impactar no equilíbrio financeiro das empresas e tem como proposito garantir que as operações se realizem.. Assim sendo, para atingir os objetivos, o transporte passa necessariamente por um planejamento que vai envolver os custos que precisam ser monitorados para evitar perdas financeiras ou mesmo clientes. Ao final desta aula, você será capaz de: • analisar o processo de movimentação das cargas na logística global. Definição da seleção do transportador: próprio ou terceiros O transporte é considerado como elemento mais importante nos custos logísticos para a maioria das empresas e . Ballou (2012) estima que ele absorva em média de 1/3 a 2/3 dos custos totais de logística das companhias Compete ao responsável pela logística desenvolver um planejamento colocando como objetivo principal aquilo que será essencial. Instalações e serviços que fazem parte do sistema de transporte, tarifas e custos associados, análise do desempenho dos serviços de transporte a serem selecionados para execução de tarefas. • - -2 Figura 1 - Transportes Fonte: Franck Boston, Shutterstock, 2020. Um dado interessante envolve a capacidade de investimentos dos países mais desenvolvidos contrastando com os que se encontram em desenvolvimento. O setor de transporte avança e impulsiona o crescimento gerando um alto grau de atividade econômica. Os serviços de transporte seguem os cinco modais: marítimo, ferroviário, rodoviário, aéreo e dutoviário. As cinco modalidades de transporte podem ser combinadas – multimodal – de tal Também podem ser usados serviçosforma que garanta preço baixo e qualidade no transporte de mercadorias. de agências de transporte, operadores logísticos (empresas que atuam com terceirização de serviços logísticos), dentre outros. O usuário escolhe o serviço ou combinação de serviços que possam estar adequados as suas necessidades contemplando qualidade e custo, tempo de trânsito, perdas e avarias. A principal importância da terceirização dos serviços de logística envolve eficiência e otimização da gestão. Após a globalização e a alta competitividade entre os mercados, a logística se torna ferramenta essencial para as empresas conquistarem vantagem competitiva. Novaes (2007), traça um paralelo entre a redução de custos e aportes de capital e destaca a forma como agem as empresas brasileiras. “As empresas também terceirizam, visando principalmente reduzir custos, mas, por outro lado, querem melhorar o nível de serviço oferecido através das competências do prestador de serviços” (NOVAES, 2007, p. 279). O autor associa a utilização da tecnologia de comunicação e informação na operacionalização de sistemas logísticos a maiores investimentos em software e hardware, permitindo redução dos custos logísticos e aumento do nível dos serviços. Selecionando o transporte O transporte das mercadorias é essencial para a eficiência das empresas e as decisões a ela relacionadas devem ser bem analisadas. Uma questão bastante importante envolve a decisão do uso do transporte: se próprio ou terceirizado. As empresas que trabalham com frota própria querem manter a qualidade do serviço aos clientes uma vez que, sendopor entenderem que empresas terceirizadas não vão promover a qualidade desejada, responsáveis pelo serviço, podem atuar diretamente na gestão e ter maior autonomia. Em geral, empresas com - -3 responsáveis pelo serviço, podem atuar diretamente na gestão e ter maior autonomia. Em geral, empresas com produtos de alto valor agregado, com capacitação específica para o transporte de cargas utilizam serviços .próprios A utilização de frota terceirizada, situação que cada vez mais vai se intensificar, por empresas que buscam além da redução de custos, atuação mais profissional por parte dos prestadores de serviço enquanto a empresa contratante se dedica mais ao seu negócio e a execução do planejamento estratégico. Quadro 1 - Comparação frota própElaborado pela autora, 2020.ria X terceirizada Fonte: Elaborado pela autora, 2020. Transporte próprio O transporte controlado pela própria companhia requer contratação e manutenção de frotas, equipe, contratos. Segundo Ballou (2012) as empresas que optam pelo transporte próprio ganham melhor desempenho operacional, disponibilidade, capacidade de transporte e menores custos. “Ao mesmo tempo parteda flexibilidade financeira é sacrificada, poisa companhia deve investir numa capacidade de transporte ou deve comprometer-se com um arranjo contratual de longo prazo” (BALLOU, 2012, p. 133). No transporte próprio, o interesse está no uso eficiente do equipamento de modo a minimizar custos para as empresas garantindo a qualidade e satisfação do cliente. FIQUE ATENTO A eficiência é mola-mestra em qualquer administração. Redução de custos com ênfase no aumento dos lucros requer estratégias e controle. É importante usar espaços adequados ao armazenamento, promover inserção de tecnologia e automação, rastreamento, controlar os processos fluxo contínuo de informações, focar na qualidade do relacionamento com clientes e otimizar a parte dos transportes com inserção de bons trajetos, melhores rotas e horários de circulação e, principalmente, focar em prazos visando promover a satisfação dos clientes. - -4 Figura 2 - Planejamento do transporte Fonte: Franck Boston, Shutterstock, 2020. Contratação de terceiros As empresas que contratam transportadoras para translado de suas mercadorias buscam redução dos custos e otimização dos serviços. A decisão da contratação ou não se dá a nível da diretoria e visa atender aos requisitos do planejamento estratégico. Com isso as terceirizadas se encarregam de toda a parte burocrática (documentação, certidões, liberações, auditorias etc.), fretes e consolidação de fretes. Para Ballou, quando são utilizados transportadores contratados, as principais preocupações estão no uso eficiente deles em negociar os melhores fretes possíveis e na documentação necessária para iniciar o movimento de mercadorias, que serve para cobrança dos pagamentos e estabelecer EXEMPLO A logística é o terceiro maior setor da economia alemã. O mercado de logística europeu responde por cifras superiores a 1 bilhão de euros e a Alemanha é responsável por 25% desse valor. Esses dados são traduzidos no desempenho econômico do país. De acordo com a edição 2018, do estudo Connecting to Compete: Trade Logistics in the Global Economy, do Banco Mundial, no qual 167 países foram avaliados a partir da qualidade da logística, colocou a Alemanha na primeira colocação, seguida de Holanda, Suíça e Bélgica. Estados Unidos estão na 10ª posição, China na 27ª e Brasil na 56ª. Os três que tiveram pior desempenho foram Afeganistão (165ª), Haiti (166ª) e Somália (167ª). - -5 movimento de mercadorias, que serve para cobrança dos pagamentos e estabelecer responsabilidades pelas mercadorias em trânsito (2012, pág. 149). Quando terceirizam seus serviços, as empresas os riscos maiores estão situados na perda de controle das atividades logísticas. Por isso compete ao profissional de logística estar atento à gestão. Grandes contratantes de transportadoras são as empresas de e-commerce. Com a redução dos custos de transportes, obtidos por meio de serviço terceirizado, as empresas virtuais podem redirecionar seus investimentos para aportes em tecnologia ou outras áreas que julguem importantes. Figura 3 - Modal rodoviário Fonte: jennyt, Shutterstock, 2020. SAIBA MAIS Assista ao vídeo institucional da Gobor Transporte e Logística - 2018, exibido no canal do Youtube da empresa. - -6 Fechamento Nesta aula vimos a importância da administração de tráfego para as empresas. Compreendemos a grande relevância dos serviços de outsourcing para a economia financeira e a necessidade do controle para garantir a execução dos bons serviços. O transporte é essencial para as operações e num país como o Brasil dotar estradas, ferrovias e portos com boa infraestrutura se traduz em mais investimentos e crescimento para o país e a cadeia produtiva. Referências BALLOU, R. H. : transportes, administração de materiais, distribuição física. São Paulo:Logística empresarial Atlas, 2012. BALLOU, R. /Logística Empresarial. 5. ed. Editora Bookman, 2016.Gerenciamento da Cadeia de suprimentos BOWERSOX, D. J. at all. . 2. ed. MC Graw Hill, 2014.Administração e Logística na Cadeia de Suprimentos CHIAVENATO, I. : uma abordagem introdutória. 3. reimpr. Rio de Janeiro: Elsevier,Administração de materiais 2014. CHOPRA, S.; MEINDL, P. : Estratégia, planejamento e operação. 3. ed.Administração da cadeia de suprimentos México: Pearson Educação, 2016. GOBOR TRANSPORTE E LOGÍSTICA. YouTube. 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch? v=hsZj7m4kAKw. Acesso em: 19 fev. 2020. NOVAES, A. G. . Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição 11. reimpr. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. THE WORLD BANK. Connecting to Compete 2018 Trade Logistics in the Global Economy: The Logistics Performance Index. 2018. Disponível em: http://documents.worldbank.org/curated/en /576061531492034646/Connecting-to-compete-2018-trade-logistics-in-the-global-economy-the-logistics- performance-index-and-its-indicators. Acesso em: 3 fev. 2020. FIQUE ATENTO Dados da Confederação Nacional da Indústria sinalizam que nos últimos 20 anos foram investidos em média 2,18% do PIB em infraestrutura. A CNI estima que deveriam ser aportados de 4 a 5%. Diante desses desafios e da perspectiva de ampliação de investimentos por parte do governo, o profissional de logística será altamente demandado nos próximos anos, sendo a capacitação em novas tecnologias instrumentos assertivos para decisões estratégicas e um diferencial a ser buscado pelos empregadores. https://www.youtube.com/watch?v=hsZj7m4kAKw https://www.youtube.com/watch?v=hsZj7m4kAKw https://www.youtube.com/watch?v=hsZj7m4kAKw http://documents.worldbank.org/curated/en/576061531492034646/Connecting-to-compete-2018-trade-logistics-in-the-global-economy-the-logistics-performance-index-and-its-indicators http://documents.worldbank.org/curated/en/576061531492034646/Connecting-to-compete-2018-trade-logistics-in-the-global-economy-the-logistics-performance-index-and-its-indicators http://documents.worldbank.org/curated/en/576061531492034646/Connecting-to-compete-2018-trade-logistics-in-the-global-economy-the-logistics-performance-index-and-its-indicators http://documents.worldbank.org/curated/en/576061531492034646/Connecting-to-compete-2018-trade-logistics-in-the-global-economy-the-logistics-performance-index-and-its-indicators - -1 Distribuição física Alessandra Conceição do Nascimento Introdução Qual a importância da Distribuição Física para as empresas? De que modo ela é importante para assegurar os fluxos de mercadorias? A Distribuição Física é um ramo da logística empresarial que vai atuar diretamente com a movimentação do produto, a estocagem e a parte de processamento de pedidos. Por meio da distribuição física as empresas chegam aos mercados e se relacionam com os clientes, sendo transporte e armazenagem seus eixos . principais, em razão da movimentação dos produtos A natureza da administração da distribuição física A Distribuição Física engloba um conjunto de operações que vão estar ligadas ao fluxo de mercadorias, a partir do seu local de origem, ou seja, onde elas foram produzidas, até a chegada às mãos do consumidor final. Para que esse processo se realize estão inseridos transporte, manutenção, a própria armazenagem, além de pedidos e demanda. Ballou entende ser a distribuição física a “atividade mais importante e termos de custos para a maioria das empresas pois absorve 2/3 dos custos logísticos da empresa” (2012, p. 25). Figura 1 - Distribuição Fonte: James Steidl, Shutterstock, 2020. Ballou (2012) sustenta que a tarefa de movimentação do produto não termina somente na entrega ao cliente. - -2 Ballou (2012) sustenta que a tarefa de movimentação do produto não termina somente na entrega ao cliente. Caso ocorram falhas como produto entregue errado, com avarias ou desistência pelo cliente, a mercadoria é devolvida. O administrador logístico deve estabelecer procedimentos e preparar a estocagem de bens devolvidos a partir dos sítios de entrega. Arranjos similares devem ser feitos para produtos que ficaram obsoletos quando ainda estocados. Eles devem ser liquidados ou devolvidos à fábrica para retrabalho(BALLOU, 2012, p. 42). Considerações ainda quanto aos tipos de mercados – usuários finais e consumidores industriais para transformação de produtos semiacabados. A diferença está centrada no perfil e volume das compras. Os consumidores finais, observa Ballou (2012) compram em menor quantidade e maior frequência, ao passo que os consumidores industriais adquirem grandes volumes. Para se trabalhar com ambas as clientelas compete as empresas se flexibilizarem para atender as necessidades de cada grupo. Enquanto a natureza há três tipos de mercados onde a distribuição física deve ser planejada. · Entrega direta via depósito da unidade fabril. · Entrega direta via vendedores ou linha de produção. · Entrega via sistemas de depósitos. Fornecedores de matérias-primas trabalham com entrega direta quando a compra é de grandes volumes. Quando a aquisição não é de grandes volumes por parte dos clientes entra em cena os depósitos e estoques. Os níveis da administração da distribuição física A administração da distribuição física ocorre em três níveis – estratégico, tático e operacional. O primeiro nível diz respeito ao planejamento estratégico em que a empresa pretende se projetar no longo prazo. Quais canais de distribuição irá usar, modais, sistemas etc. Ele vai trabalhar o sistema de distribuição, com a configuração da própria cadeia. O tático, por sua vez, atua no curto prazo. Diz respeito a utilização de recursos disponíveis a empresa a exemplo de aquisição de equipamentos para melhora das operações. Finalmente o nível operacional envolve as rotinas para que o fluxo de mercadorias e serviços se mantenha constante. Um fato interessante diz respeito a três conceitos – compensação (trade off), custo total e sistema total. A compensação de custos é essencial a administração da distribuição física. Focando no princípio das compensações para obter o menor custo total das operações. Um exemplo dos trade offs é a relação estoques e transporte das empresas. As empresas desejam menores estoques com maior número de entregas, neste caso o trade off está na qualidade do serviço e na satisfação do cliente. FIQUE ATENTO A geração de valor é uma consequência do trabalho e dos processos tomados de modo assertivo. Uma determinada empresa que trabalha com distribuição física, de produtos durante as 24 horas do dia consegue gerar valor de lugar e tempo aos clientes a partir do fluxo do serviço que disponibiliza, com agilidade nas entregas, confiança e menor custo. A eficiência aliada à eficácia gera vantagem competitiva a essa empresa. - -3 O conceito de Custo Total reconhece os custos individuais e seus comportamentos distintos. Os custos totais envolvem transporte, armazenagem, inventário, embalagens, pedidos, tecnologia da informação, dentre outros, que proporcionam a qualidade do nível de serviço que irá atender as expectativas dos clientes. Finalmente o sistema Total amplia o conceito de custo total para a cadeia de suprimentos, considerando os impactos que uma decisão produz nos custos de consumidores. A distribuição física e as áreas funcionais da empresa A distribuição física se relaciona com marketing e produção. Para Ballou (2012) a missão do marketing está centrada na geração de lucro, a partir daí sua relação uma vez que atende a questão de serviços. “Conseguir demanda é resultado dos esforços promocionais, assim como do preço e da composição (mix) da carteira de produtos oferecidos ao público. Uma vez conseguida a demanda esta deve ser atendida e é quando a distribuição física age” (BALLOU, 2012, p. 49). O autor ressalta que a disponibilidade do produto, pronta entrega e atendimento correto de pedidos satisfazem o cliente e destaca que nível de serviços engaja promoção e distribuição. A distribuição também se relaciona com a produção. A produção define o processo de criação de bens e serviços. Ballou (2012) ressalta a ideia de ampliação do conceito de produção para operações por incluir além das atividades de manufatura as de geração de serviço. Na relação com a produção se verifica ainda a programação Segundo Ballou, “asde ordens de ressuprimento de armazéns e definição de carga de produção das fábricas. atividades de produção e movimentação de bens se sobrepõem... É nesta interface que o relacionamento produção/ distribuição física acontece” (2012, p. 50-51). Figura 2 - Armazém Fonte: Focon, Shutterstock, 2020. Para uma melhor compreensão do tema precisamos entender que o tipo de distribuição depende da natureza do produto movimentado, padrão de demanda, custos associados à distribuição física e nível de exigências do serviço. Novaes (2007) entende que a distribuição de produtos é analisada pelos técnicos de logística, e pelo pessoal de marketing e de vendas. Ele considera que os responsáveis pela distribuição física operam elementos - -4 pessoal de marketing e de vendas. Ele considera que os responsáveis pela distribuição física operam elementos de natureza material: depósitos, veículos de transporte, estoques, equipamentos de carga e descarga, entre outros. “Em geral, esse ponto final da distribuição física é a loja de varejo, mas há muitos casos de entrega do produto na casa do consumidor, situação essa observada principalmente com produtos pesados e/ou volumosos” (NOVAES, 2007, p. 123). A importância da distribuição física no contexto global A distribuição física se reestrutura e remodela sua atuação a cada dia para suprir as demandas do mundo globalizado. Empresas prestadoras de serviço relacionado a essa área buscam superar desafios para aumentar a eficiência. Entre os principais desafios estão na localização, estocagem e embarque de mercadorias. É prioritário considerar que a distribuição física diminua o custo de fornecimento de determinado serviço ou produto. Nas últimas décadas se verificou a ampliação do número de prestadores de serviços da área de distribuição física como fretes, transportadoras, armazenagem e estoque. Ao se maximizar os serviços, as empresas trabalham com políticas associadas a estoques, transportes, custos adicionais, armazéns etc. Tudo impacta sobre o custo de distribuição. Com a ampliação de mercados vemos uma determinada fabrica trabalhar com vários mercados ao mesmo tempo. Uma montadora de automóveis, por exemplo, trabalha com dois ou mais mercados – quer seja na linha de produção, quer seja para vendas – assim sendo o planejamento estratégico da produção passa a ser ponto essencial nas transações. Decisões como embarque de componentes para uma indústria próxima ao mercado consumidor, instalações de fabricas regionais para dar suporte, decisões envolvendo estoques, localização, questões organizacionais devem ser levadas em conta para a assertividade de decisões. EXEMPLO A empresa Bulk Chemicals produtora de produtos químicos de uso industrial recebe 80 mil pedidos anuais sendo a maior parte deles destinadas a 30 áreas. Possui dez plantas e cada uma delas produz apenas dois tipos de produtos do portfolio geral da empresa. Cerca de 80% das vendas de grandes volumes não são processadas em armazéns. A maior parte das vendas segue em modal ferroviário. O sistema de distribuição agrega equipamentos próprios e alugados e vendas diretas ao cliente. - -5 Figura 3 - Controle de fluxo Fonte: Franck Boston, Shutterstock, 2020. SAIBA MAIS O primeiro Centro de Distribuição de Registro do Grupo O Boticário surgiu em 2010, São Paulo. A ideia era concentrar as operações. No ano de 2014, o Grupo inaugurou seu segundo CD, em São José dos Campos, na Bahia. O grupo iniciou as operações nos anos 70, no Paraná, e em 2010 realizou a expansão com a fundação do Grupo O Boticário e é dono da linha Eudora, Quem Disse Berenice, The Beauty Box. O grupo trabalha com e-commerce, emprega 7 mil pessoas. FIQUE ATENTO Encontrar a forma da organização que assegure maior agilidade e qualidade aos processos de decisão são desafios que as gerencias das empresas enfrentam. Questões operacionais, restrição de tempo, capacidade de peso e pontos de entrega são questões desafiantes na tomadade decisões. Para tanto é prioritário se planejar um sistema de entregas de produtos, a exemplo de entregas de mercadorias para uma cidade distante do local do Centro de Distribuição. A satisfação dos clientes é ponto essencial para uma empresa se manter no mercado e alcançar vantagem competitiva ante a concorrência. - -6 Fechamento Nesta aula vimos a importância da Distribuição Física para as empresas. Compreendemos dos serviços de dispostos no canal de distribuição para a economia financeira das empresas. Identificamos a natureza e os níveis da administração da distribuição física, seu impacto nas áreas funcionais e sua importância no contexto global. Vimos que a distribuição física é impactada pelo planejamento e desenvolvimento de processos dinamizados no interior das empresas, bem como pela disposição logística que dispõe cada país, o que impacta nos níveis do serviço. Quanto mais estruturante for a logística interna de um país melhor será seu desempenho ante o mercado, seja ele interno ou externo. Referências BALLOU, R. /Logística Empresarial. 5. ed. Editora Bookman, 2006.Gerenciamento da Cadeia de suprimentos BALLOU, R. H. : transportes, administração de materiais, distribuição física. São Paulo:Logística empresarial Atlas, 2012. BOWERSOX, D. J. at al. . 2. ed. MC Graw Hill, 2007.Administração e Logística na Cadeia de Suprimentos CHIAVENATO, I. Administração de materiais: uma abordagem introdutória. 3. reimpr. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. CHOPRA, S.; MEINDL, P. : Estratégia, planejamento e operação. 3. ed.Administração da cadeia de suprimentos México: Pearson Educação, 2008. NOVAES, A. G. . Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição 11. reimpr. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. THE WORLD BANK. Connecting to Compete 2018 Trade Logistics in the Global Economy: The Logistics Performance Index and Its Indicators. 2018. Disponível em: http://documents. worldbank.org/curated/en/576061531492034646/Connecting-to-compete-2018-trade-logistics-in-the-global- economy-the-logistics-performance-index-and-its-indicators. Acesso em: 3 fev. 2020. mercado e alcançar vantagem competitiva ante a concorrência. http://documents.worldbank.org/curated/en/576061531492034646/Connecting-to-compete-2018-trade-logistics-in-the-global-economy-the-logistics-performance-index-and-its-indicators http://documents.worldbank.org/curated/en/576061531492034646/Connecting-to-compete-2018-trade-logistics-in-the-global-economy-the-logistics-performance-index-and-its-indicators http://documents.worldbank.org/curated/en/576061531492034646/Connecting-to-compete-2018-trade-logistics-in-the-global-economy-the-logistics-performance-index-and-its-indicators http://documents.worldbank.org/curated/en/576061531492034646/Connecting-to-compete-2018-trade-logistics-in-the-global-economy-the-logistics-performance-index-and-its-indicators - -1 A administração de materiais Alessandra Conceição do Nascimento Introdução O que significa administração de materiais? Como determinar aquilo que se deve comprar, onde e a quantidade? Perguntas como essas serão respondidas ao longo deste tema. A Administração de Materiais não fica limitada a atividade de controle, mas engloba a cadeia produtiva e os . Ela está atuando em diversos processos como identificação e seleção deimpactos no faturamento das empresas fornecedores, encaminhamento de pedidos, recebimento de materiais, inspeção. Também inclui controle de estoques, armazenagem e distribuição. O canal de suprimentos A Administração de materiais vai tratar do planejamento, da coordenação, do controle das atividades ligadas a compra, aquisição e estoque de matérias-primas para a empresa. Ela envolve atividades como identificação e seleção de fornecedores, demanda, pedidos, recebimento de materiais, inspeção e controle. Segundo Viana (2012, pág. 35) “o objetivo fundamental da administração de materiais é determinar quanto e quando adquirir, para repor o estoque o que determina que a estratégia do abastecimento sempre é acionada pelo usuário, à medida que, como consumidor ele detona o processo”. Segundo Chiavenato, a administração de materiais significa “ter os materiais necessários na quantidade certa, no local certo e no tempo certo à disposição dos órgãos que compõem o processo produtivo da empresa” (2005, p. 38). Ele analisa que as empresas sempre procuram o mínimo tempo de estocagem e o mínimo volume possível de materiais em processamento a fim de garantir a continuidade do processo produtivo. Desta forma compreendemos a importância da Administração de Materiais e igualmente o teor de sua contextualização: trata- se de um conjunto de atividades realizadas no interior das empresas. Essas atividades podem ser desenvolvidas centralizadas ou não, mas irão suprir as necessidades dos setores da empresa com insumos necessários para a execução de suas atribuições. É fundamental se perceber a administração de materiais como sistema integrado em que subsistemas interagem para formar a organização. Os principais pontos que irá trabalhar a Administração de Materiais são: Preço baixo, alto giro, baixo custo de aquisição, continuidade no fornecimento, qualidade, bons fornecedores. Ballou (2012) analisa a administração de materiais o caminho inverso quando comparado a distribuição física, pois trata do fluxo de materiais para a firma e não como ela sendo ponto de partida, entretanto ambas – distribuição física e administração de materiais – compartilham atividades. “Custos de movimentação de suprimento das firmas tendem a ser menores do que os custos de distribuição, sendo em média de 3% a 7% das vendas” (BALLOU, 2012, p. 58). - -2 Figura 1 - Materiais Fonte: JingAiping, Shutterstock, 2020. Ballou (2012) avalia que, em razão da distribuição física ser três vezes mais onerosa que a média de suprimentos, as atividades com maior peso econômico recebem maior atenção. A Administração de Materiais é uma função que se realiza dentro da organização. Trata-se de uma atividade de compras que engloba movimentação do fluxo de suprimentos e atividades de distribuição física. A ADM de Materiais gerencia as atividades de movimentação e estoque. Inclui atividade que envolvem fluxos para as empresas como também retorno de rejeitos ou materiais insatisfatórios a fornecedores. O canal de suprimentos O canal de suprimentos é similar ao canal de distribuição, que gere fluxo de mercadorias e informações. As atividades delineadas nesse canal são fundamentais para o exercício da administração de materiais, uma vez que afetam economia e eficácia das operações. As tarefas mais importantes realizadas no canal de suprimentos são: pedidos de compras, transporte até a fábrica e manutenção de estoques na unidade fabril. Compete a administração de materiais atender o sistema de operações. Este, por sua vez, vai atender a linha de produção. As necessidades desta última se convertem em “ordens de compras”, que são enviados aos fornecedores. Na ordem de compras seguem informações referente a quantitativo, destino e data. Do fornecedor é computada a “ordem de remessa”. O transporte pode ou não estar incluído. Caso não esteja no processo essa responsabilidade será do comprador. - -3 Figura 2 - Tarefas das administração de materiais Fonte: Elaborado pela autora, 2020. Segundo Ballou, além do transporte, manutenção de estoques e processamento de pedidos, estão incluídas atividades de suporte do ciclo primário da administração de materiais, a exemplo “obtenção, embalagem de proteção, armazenagem, manuseio de materiais e manutenção de informações” (2012, p. 61). A atividade de obtenção não possui similaridade na distribuição física. Trata-se de uma atividade tipicamente relacionada com o setor de compras que diz respeito a seleção de fornecedores e a eficiência da logística e aponta que a falha desta se repercute em custos extras. Ele sinaliza que, dentro do processo de compras e realizam as atividades: “Assegurar descrição completa e adequada das necessidades, selecionar fontes de suprimento, conseguir informações de