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AULA 9 - DIREITO ADMINISTRATIVO II -

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AULA 9 - DIREITO ADMINISTRATIVO II - Profª Márcia Medeiros.
Servidores Públicos Estatutários
São os que se vinculam à Administração Pública direta, autárquica e fundacional pública, sujeitos ao regime estatutário (ou institucional) e ocupantes de cargo público.
Aos servidores estatutários são reservadas funções cujo desempenho exige que o servidor seja titular de poderes e prerrogativas de autoridade próprias do Estado e que tenha a independência e a segurança proporcionadas pela garantia da estabilidade funcional e por remuneração adequada.
O regime estatutário é o conjunto de regras que regulam a relação jurídica funcional entre o servidor público estatutário e o Estado. As regras estatutárias básicas estão contidas em lei, havendo outras regras de caráter organizacional que poderão estar previstas em atos administrativos.
FORMAS DE PROVIMENTO
Art. 3° Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.
Nomeação: É a única forma de provimento originária.
Provimento é um ato administrativo mediante o qual a autoridade competente dá um cargo ao seu titular.
O provimento pode se dar de duas formas, a depender do cargo que será ocupado, bem como quanto a sua durabilidade:
1º Nomeação - provimento de cargo efetivo, a investidura depende de prévia aprovação em concurso público.
2º Nomeação - provimento de cargo em comissão, a nomeação é livre, sem concurso público.
No provimento derivado há uma mudança na situação existente entre o servidor e a Adm Pública, mudança de cargo, sem concurso. Pode ser por: promoção, readaptação, reversão, recondução, reintegração e aproveitamento.
PROMOÇÃO - é a elevação do servidor dentro da respectiva carreira, no cargo da mesma natureza, contudo, em classe superior. A promoção pode se dar por antiguidade ou por merecimento. 
Assim, a promoção é a forma de provimento derivado, que eleva o servidor a uma classe imediatamente superior da mesma carreira, ou seja, ocorre a promoção quando o servidor sai de seu cargo e ingressa em outro situado em classe mais elevada.
Em regra, a promoção não é regulada pelo estatuto, mas sim pela lei que regula o plano de carreira. O ocupante de um cargo progride em sua carreira,passando a uma classe superior. 
Obs - a progressão funcional não é forma de provimento derivado, mas sim, um escalonamento dentro da respectiva carreira, o servidor permanece no mesmo cargo, mas com níveis ou classes diferentes.
READAPTAÇÃO - É a reinvestidura em cargo diferente do anteriormente ocupado em razão de limitação sofrida na capacidade física ou mental do servidor.
A avaliação é feita por junta médica com a expedição do respectivo laudo médico.
Se o servidor for considerado incapaz para o novo cargo será aposentado por invalidez.
Está conceituada no Estatuto Federal, isto é, no Art. 24, da Lei 8.112/90.
Nesta forma de provimento o servidor passa a ocupar cargo ou função que lhe seja mais compatível, ou seja, diverso do que ocupa, sob o ponto de vista físico, psíquico , e sempre atendido o interesse público. Tem em vista, assim, a readaptação à necessidade de compatibilizar o exercício da função pública com a limitação sofrida em sua capacidade física ou psíquica.
É uma tentativa da Administração Pública de evitar a aposentadoria por invalidez precoce de um servidor seu. Geralmente, o servidor será readaptado em cargo inferior, com menores atribuições, devida a sua limitação física ou psíquica.
A lei manda, antes de aposentá-lo por invalidez, seja precedida de licença para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e quatro) meses (Art. 188, §§ 1º e 2º, Lei 8.112/90).
Expirado o período de licença de dois anos e não estando o servidor em condições de reassumir o mesmo cargo, será verificada a possibilidade de ser readaptado numa função, compatível com a limitação psíquica e física, que tenha condições de realizar. Se, após esse prazo, não for possível a readaptação, será aposentado por invalidez.
REVERSÃO - é o retorno ao serviço ativo do servidor aposentado por invalidez, desde que inexista os motivos da aposentadoria ( doença). A reversão só pode ocorrer no caso de aposentadoria voluntária e por invalidez (quando cessa a invalidez), estando excluída a aposentadoria compulsória, conforme art 25 da lei 8112/90. 
A reversão deve ser a pedido do servidor e a critério da Administração Pública, e ainda deve ser requerida em até 5 anos da data da aposentadoria.
No mesmo sentido, Celso Antônio Bandeira de Mello 5 dispõe que a Lei nº 8.112/90, ao tratar da reversão, só faz menção ao reingresso do servidor aposentado por invalidez. Mas se houve erro na aposentação do servidor, a Administração tem o dever de anular o ato e obrigar o servidor a retornar a seu cargo. Não é aplicável nos casos em que são descobertas fraudes e irregularidades que, comprovadamente, são uns dos grandes caminhos para o “rombo” da Previdência Privada e Pública.
Se a Administração perceber que o mesmo usou de má-fé ou apresentou laudos fraudulentos para se aposentar por invalidez, não há que se falar na reversão. A lei fala em motivos insubsistentes e não os inexistentes (fraude).
Deve-se haver punição, porém não através de demissão, após o respectivo processo administrativo disciplinar. Não se pode demitir inativo, aposentado. Inativo não é demitido. Demissão só ocorre para quem está na ativa. A pena será a cassação da aposentadoria. É crime contra a Administração Pública e o servidor terá de devolver tudo que fora percebido ilicitamente.
REINTEGRAÇÃO - É o retorno ao serviço público do servidor demitido, quando este consegue ANULAR, na esfera judicial ou administrativa, a decisão que o demitiu. Ele retorna para o mesmo cargo antes ocupado, sendo afastado o eventual ocupante. O servidor retorna para o mesmo cargo e faz jus a todos os direitos que deixou de receber durante o seu afastamento, conforme art 28 da lei 8112/90.
A reintegração constitui-se em garantia estatutária, de assento constitucional (Art. 41, § 2°, da Constituição), definida como forma de provimento derivado mediante a qual o ex-servidor, desprovido disciplinarmente, por aplicação de pena de demissão, torna à sua situação funcional anterior em virtude de anulação, administrativa ou judiciária, do ato que o excluiu do serviço público.
O servidor retorna a seu cargo após ter sido reconhecida a ilegalidade de sua demissão. Trata-se, portanto, de um consectário lógico do desfazimento de um ato demissionário, ato este, ressalte-se, essencialmente punitivo.
O servidor mesmo que utilizando-se de todos os recursos administrativos, insatisfeito, ainda poderá recorrer ao Poder Judiciário, através da famosa ação ordinária de anulação de ato de demissão, com o famoso efeito ex tunc, retroagindo a data da ilegalidade. O objetivo é alterar uma decisão administrativa mediante uma sentença judicial, restando ao servidor o direito de ser devidamente indenizado de todos os prejuízos que suportou durante a demissão injustificada, durante a arbitrariedade, durante a demissão ilegal, já que ela foi revista pelo Poder Judiciário.
REINTEGRAÇÃO DE SERVIDOR PÚBLICO – EFEITO EX TUNC E CORREÇÃO MONETÁRIA PELO INPC
O Conselho negou provimento aos embargos à execução opostos pelo DF em sede de mandado de segurança no qual foi garantida a reintegração dos embargados aos cargos anteriormente ocupados na Polícia Civil do Distrito Federal. Segundo informações, os embargados foram demitidos por meio de processo disciplinar válido, posteriormente revisto pelo STJ, o qual determinou a reintegração aos cargos. Conforme a Relatoria, o DF alegou excesso na execução, primeiro porque os cálculos se basearam na remuneração total dos cargos, incluindo adicionais e gratificações, e não somente na parcela relativa ao vencimento, segundo porque o índice de correção monetária aplicado foi o INPC, ao invés da TR, como determina a Lei 11.960/2009 para débitos da Fazenda Pública. Relatou-se ainda que, em resposta, os embargados sustentaram fazer jus a todaa remuneração relativa ao período em que ficaram afastados dos respectivos cargos haja vista a nulidade do ato de demissão e afirmaram que o valor executado refere-se a parcelas anteriores à vigência da Lei 11.960/2009, portanto, não se aplica a TR em sua correção. Diante desse quadro, os Desembargadores esclareceram que a decisão que declara a nulidade do ato de demissão e determina a reintegração de servidor público ao cargo de origem, ainda quando em estágio probatório, opera efeitos ex tunc, ou seja, restabelece o status quo ante, de modo a garantir o pagamento integral de todas as vantagens pecuniárias que seriam pagas no período do indevido desligamento do serviço público, nos termos do art. 28 da Lei 8.112/1990. Ademais, no que tange à aplicação da TR como índice de correção dos débitos da Fazenda Pública, os Magistrados filiaram-se ao entendimento do STJ no sentido de que o art. 5º da Lei 11.960/2009 possui natureza instrumental-material e, portanto, não incide sobre processos já em andamento, devendo, na hipótese, prevalecer o INPC para a correção dos valores. Dessa forma, por considerar que não houve excesso na execução, seja por cálculo do valor com base na remuneração total dos cargos, seja em razão da incidência do INPC como índice de correção monetária, o Colegiado julgou improcedentes os embargos.
 
Acórdão n.670331, 20120020001037EME, Relator: ANTONINHO LOPES, Conselho Especial, Data de Julgamento: 02/04/2013, Publicado no DJE: 22/04/2013. Pág.: 250.
RECONDUÇÃO - É o retorno ao cargo anteriormente ocupado, se o servidor estável for inabilitado no estágio probatório, conforme art 29 da lei 8112/90.O reconduzido surge em razão da reintegração de servidor, demitido injustamente, em consonância com o Art. 41, § 2º, segunda parte, da nossa Constituição. Este dispositivo, também, encontra-se no Art. 20 da Lei n.° 8.112/1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais.
APROVEITAMENTO - Ocorre quando o servidor ESTÁVEL é colocado em DISPONIBILIDADE em razão da extinção de seu cargo ou na declaração de sua desnecessidade. O novo cargo deve ter atribuições e vencimentos equivalentes. conforme art 30 a 32 8112/90.
Ligado ao princípio constitucional da disponibilidade, é o provimento derivado pelo qual se opera o retorno do servidor posto em disponibilidade, tendo em vista sua extinção ou declaração desnecessária, em cargo de natureza e nível de remuneração compatíveis com o anteriormente ocupado.
Prevê a Constituição, no Art. 41, § 3º: “Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo”.
No entanto, o § 3º do Art. 41, da Constituição, nos leva à conclusão de que os proventos são proporcionais, mas deve ser usado, em consideração o tempo de serviço no município, no estado ou na união, na hora de calcular o provento proporcional.
O aproveitamento é considerado um direito do servidor em disponibilidade, com prioridade sobre as demais formas de provimento, quando se tratar do preenchimento de cargo vago, mas, nem por isto, deverá a Administração deixar de verificar os pressupostos objetivos de sua decretação (compatibilidade de cargos e de nível de remuneração) e as condições pessoais do servidor em disponibilidade (idade e saúde).
Fica o servidor, em situação transitória denominada de disponibilidade remunerada, o que faz com que a Administração providencie o adequado aproveitamento do servidor,evitando-se que fique indefinidamente percebendo remuneração sem exercer qualquer função pública (Art41, § 3°, CF).
O Estatuto Federal dispõe sobre o aproveitamento do servidor em disponibilidade nos seus artigos 30, 31 e 32. O servidor é obrigado a aceitar o cargo para o qual está fazendo-se o aproveitamento (Art. 30, Lei 8.112/90), desde que o cargo tenha atribuições e vencimentos compatíveis.
OBSERVAÇÃO - Disponibilidade
A discricionariedade conferida à Administração Pública pela Constituição e legislação ordinária em nada ofende aos princípios fundamentais do Estado Democrático de Direto. Ao contrário, as competências discricionárias são conferidas ao administrador público para que ele possa, em determinados casos, agir com rapidez e eficiência para atender prontamente às demandas decorrentes do interesse público.
Assim ocorre nos casos em que se faz necessário extinguir determinados cargos públicos que não se fazem mais necessários à Administração e, consequentemente, os servidores estáveis ocupantes dos cargos extintos são colocados em disponibilidades.
Nestes casos, compete à Administração avaliar a conveniência e a oportunidade de manter ou extinguir tais cargos, independente da anuência ou não dos servidores públicos que os ocupam. Ela, sim, que deve avaliar a conveniência da manutenção destes cargos para o interesse público, como deve ser toda sua conduta, e não dos seus ocupantes.
No tocante a quem vai para a disponibilidade, o Decreto 3.151/99, em seu
Art3º, traça os critérios:
Art. 3º Caracterizada a existência de cargos sujeitos à declaração de desnecessidade, em decorrência da extinção ou da reorganização do órgão ou entidade, a Administração deverá adotar, separada ou cumulativamente, os seguintes critérios de análise pertinentes à situação pessoal dos respectivos ocupantes para fins de disponibilidade:
I – menor tempo de serviço;
II- maior remuneração;
III- menor idade;
IV- menor número de dependentes.
Outros institutos que guardam relação com o provimento derivado
Remoção
A remoção é o ato pelo qual o servidor sofre o deslocamento a pedido ou ex officio no âmbito interno dos quadros da Administração, não se constituindo tal ato em forma de provimento.
Ainda que seja previsível que a remoção ocorra a pedido, esta concessão não subsistirá à conveniência do Poder Público. Tampouco há que se falar, em tese, em direito subjetivo a ser exercido pelo servidor, pois prevalecerá o atingimento da finalidade pública. Portanto, a remoção a pedido será sempre relativizada em face de um interesse maior.
Com isso, ainda que a princípio o interesse público se sobreponha ao interesse particular, não se deve inviabilizar, de todo, a possibilidade do interesse particular ver seu interesse satisfeito, quando muito bem argumentado e fundamentado.
Ademais, ainda se registra que a jurisprudência tem se inclinado em acatar o direito subjetivo do servidor, a exemplo do STJ, no REsp nº 247.718.
Cessão
Nos termos do Art. 2º do Decreto 4.050/2001, que regulamenta o Art. 93 da Lei 8.112/1993, o servidor da Administração Pública Federal direta, suas autarquias e fundações poderá ser cedido a outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, incluindo as empresas públicas e sociedades de economia mista, para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança e, ainda, para atender a situações previstas em leis específicas.
Tenha-se presente que o servidor poderá optar pela remuneração de seu cargo efetivo e, nesta hipótese, caberá à entidade cedente o ônus pela remuneração do servidor, mediante reembolso pela entidade cessionária das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem do cedido, tudo conforme previsão do Art. 93, parágrafo II da Lei 8.112/1990.
O reembolso em questão compreende restituição ao cedente das parcelas da remuneração ou salário, já incorporadas à remuneração ou salário do cedido, de natureza permanente, inclusive encargos sociais, nos exatos termos do Art. 1º, inciso III do Decreto 4.050/2001.
Ressalvadas as gratificações relativas ao exercício de cargos comissionados ou função de confiança e chefia na entidade de origem, poderão ser objeto de reembolso de que trata o inciso III acima citado outras parcelas decorrentes de legislação específica ou resultantes do vínculo de trabalho, tais como: gratificação natalina, abono pecuniário, férias e seu adicional, provisões, gratificação semestral e licença prêmio.
EXTINÇÃODO VÍNCULO DO SERVIDOR
EXONERAÇÃO OU DEMISSÃO
A demissão e a destituição de cargo em comissão visam punir o servidor pelo exercício irregular e negligente do cargo, é um ato de caráter punitivo.
Tais atos punitivos dependem da instauração do processo adm disciplinar oferecida a ampla defesa, art 132 8112/90
A demissão é extinção de forma punitiva para servidores de cargo efetivo.
Os servidores de cargos em comissão que cometem infração funcional GRAVE, deve ser instaurado o PAD e de acordo com a gravidade serão DESTITUÍDOS DO CARGO.
De acordo com o art 40 §13 da CRFB/88 os servidores de cargos em comissão tem direito ao REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL.

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