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Tema importante devido a prevalência e demanda, além do contexto da pandemia. Saúde mental DIFERE de psiquiatria (área médica que aborda aspectos da saúde mental). Revolução Francesa (surge Psiquiatria, pelo Dr. Pinel, que tentava dignificar a vida das pessoas com doença mental); Nascimento da Psiquiatria; Criação dos Manicômios (pois doentes mentais representavam ameaça, eram perigosos para a sociedade, e por isso criaram grandes hospitais para manter os pacientes lá, mas assimilava-se mais à prisão que hospital); Segunda Guerra Mundial (holocausto, perda de direitos humanos e sociedade levou choque ao perceber que manicômios eram similares); Violação dos Direitos Humanos e Dignidade das Pessoas; Movimentos da Reforma Psiquiátrica pelo Mundo (surgiu na Itália e difundiu para o mundo, criação ONU e OMS (em 1948) → novo conceito de saúde: completo bem-estar físico, mental e social; visava tirar pessoas do manicômio e oferecer vida digna, reintegrar à sociedade). Dados OMS (2013-2018): - Doenças mentais e neurológicas afetam 700 milhões de pessoas no mundo. Além disso, transtornos mentais e neurológicos e por uso de álcool e outras drogas são responsáveis por uma grande carga de doença e incapacidade no mundo todo. - Interferem na capacidade de aprendizado das crianças e funcionamento dos adultos na família, trabalho e sociedade. - A depressão é um transtorno comum (mais de 300 milhões sofrem com ela e 800 mil morrem por essa causa a cada ano). - Cada dólar investido em tratamentos para transtornos mentais comuns resulta em retorno de 4 dólares em melhores condições de saúde e capacidade de trabalho para a população. Foco de trabalho na doença → expectativa de cessar os sintomas em casos de saúde mental → não conseguiremos corresponder a essa expectativa Perguntar se sintomas são causas dos problemas ou se são sinais indicando que algo não vai bem com o paciente. 1980 – Movimento Social da Luta Antimanicomial e resultou na Reforma Psiquiátrica Brasileira. 2001 – Lei assegurando direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redirecionou o modelo de assistência, iniciou a criação dos centros terapêuticos. Década de 2000 – Decreto instituiu Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) foi criada para estruturar e ampliar o tratamento mais digno aos portadores de distúrbios mentais. Objetivos da RAPS: ampliar acesso à atenção psicossocial da população e promover vínculos das pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas e suas famílias aos pontos de atenção. Além da APS, RAPS é composto por: - Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); - Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) – (comunidades onde a internação é voluntária e busca a reintegração a sociedade); - Centros de Convivência e Cultura (casa da Cultura, centro da juventude, criam comunidade); - Unidade de Acolhimento (UAs) (muito tempo de abandono) e leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, no CAPS III). - Programa Volta para Casa, para auxiliar pacientes egressos de longas internações em hospitais psiquiátricos a se reestabelecerem na sociedade. Proposta da reforma Antimanicomial era boa, mas não se cumpriu totalmente, muitos continuaram sendo marginalizados por não serem acolhidas pela família novamente, governo não forneceu condições para reintegrar os pacientes a sociedade. Porta de entrada preferencial do SUS, proporciona atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas. Orienta-se pelos princípios da universalidade, acessibilidade, vínculo, continuidade do cuidado, integralidade, responsabilização, humanização e equidade. Possibilita o primeiro acesso ao sistema de Saúde, incluindo as demandas por saúde mental. Apesar de ser estratégica pela facilidade do acesso, gera muitas dúvidas, curiosidades e receios nos profissionais de saúde. Pessoas acometidas por transtorno mental devem ter seu cuidado na APS da mesma forma como as que sofrem das demais condições crônicas de saúde. Sofrimento mental → tristeza e/ou ansiedade (necessário identificar tristeza e/ou ansiedade importantes mesmo que não haja queixa explícita nesse sentido) 1 em cada 4 pessoas que procuram AB tem algum transtorno mental diagnosticado (CID-10). Outros estudos → se incluir pacientes que tem sofrimento mental (casos subclínicos), chega a 1 pessoa a cada 2 que buscam AB. - Uso de álcool e outras substâncias, frequente em brasileiros (1 a cada 10). - Transtornos mentais Graves e Persistentes (menos frequentes, mas grande impacto na saúde global das pessoas): - Esquizofrenia - Transtorno Bipolar de Humor Maioria busca atendimento por sofrimento e não por ter doença. Dificilmente a doença explica todo o sofrimento. Maior desafio: cuidar daqueles que estão doentes sem sofrer e dos que sofrem sem estar doentes. Aqueles que estão doentes sem sofrer fazem do diabetes mellitus, hipertensão e obesidade os fatores de risco mais comuns para doenças cardio e cerebrovasculares, e os que sofrem sem estar doentes lotam as agendas da AB e inflam estatísticas de depressão e ansiedade. Formas de expressão mais frequentes do sofrimento mental na AB não podem ser facilmente categorizadas como doenças. Toda investigação causal sobre elas → grande número de fatores de vulnerabilidade, que interagem de forma dinâmica e nenhum é determinante. Além disso, estigma da expressão doença mental é grande e significa um sofrimento adicional para quem o carrega. “Muitos dizem que o deprimido, ou o alcoólatra, é no fundo um fraco”. Idiota, Retardado, Demente, Imbecil, Esquizofrênico, Louco. Características individuais mais associadas: - Vulnerabilidade: gênero, pobreza, cor da pele e desigualdade. Mulheres – 2x mais chances de apresentar sofrimento mental que homens. Pobreza – risco mais elevado também. Mulheres negras e pardas – mais comum que mulheres se identificam com outra cor de pele. - Desestabilização: eventos de vida e seus significados Além de fatores estruturais como gênero, cor da pele, renda, escolaridade e trabalho, há fatores conjunturais que aumentam risco de sofrimento mental. Frequente: acontecimento marcante em suas vidas precede aparecimento do sofrimento mental. O que os torna marcantes é o desencadeamento de sentimentos de humilhação e sentir-se sem saída, ou envolvem a perda de uma relação significativa, como a morte de parente próximo → sentimentos de tristeza e desânimo. Também são marcantes quando desencadeiam sensação de medo → sentimentos de ansiedade. - Resiliência: temperamento e apoio social Traços descritos como da personalidade da pessoa, somados aos fatores estruturais, podem se combinar para atenuar ou intensificar, prolongar ou encurtar o sofrimento de alguém que passa por um evento de vida desestabilizador. Traço de temperamento mais mencionado está relacionado a autoestima, que quando elevada é considerada um protetor do sofrimento mental comum, enquanto a baixa autoestima, que interfere no sofrimento mental e tem origem geralmente nas primeiras experiências de vinculação afetiva na infância e na qualidade das relações afetivas no presente. - Importante fator protetor: presença e qualidade das relações que possuímos com pessoas próximas. São pessoas que podem oferecer apoio, de qualquer tipo que seja (emocional, material, de recursos) Sofrimento mental comum → impacto significativo em vários agravos à saúde → fator de risco, piora da aderência ao tratamento, piora do prognóstico
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