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MODELOS E CORRENTES EM BIOÉTICA DEBATE EM BIOÉTICA - diferentes modelos e teorias fundamentam o juízo ético → indicações, orientações, regras para a tomada de decisão → premissas, ponto de partida ÉTICA DESCRITIVA: o que as pessoas acham que é certo? META-ÉTICA: o que significa “certo”? ÉTICA NORMATIVA (PRESCRITIVA): como as pessoas devem agir? - valores e regras universais que orientam as ações das pessoas ÉTICA APLICADA: como colocar o conhecimento moral em prática? COGNITIVISMO - há fundamentos racionais e objetivos aos valores morais - normas, princípios universais NÃO-COGNITIVISMO - os valores não podem ser objeto de conhecimento classificados como verdadeiros ou falsos (ou universais) → MODELOS EM BIOÉTICA MODELOS LIBERAIS (NÃO COGNITIVISTAS) - a moral não parte de valores objetivos ou transcendentes, mas da escolha “autônoma” (individual) MODELOS PRESCRITIVOS (COGNITIVISTAS) - a sociedade evolui produzindo valores e normas (universais), mutáveis ou não → CORRENTES EM BIOÉTICA PRINCÍPIO DA SACRALIDADE DA VIDA (PSV) - vida sagrada, intocável, inviolável - não cabe ao homem definir o início e o fim da vida - uma ordem transcendental já definiu essas “regras” a respeito da vida e da morte PRINCÍPIO DA QUALIDADE DE VIDA (PQV) - vida enquanto bem estar, autonomia - poder de decisão da pessoa sobre sua própria vida PLURALISMO - respeito às diversas visões e moralidades - ponderamento CONTEXTO DO DEBATE - crise instituições mantenedoras da moral - religião, família e Estado → as quais têm sido questionadas em sociedades cada vez mais plurais - aumento do conhecimento científico e tecnológico - necessidade de “éticas aplicadas” MODELOS EM BIOÉTICA 1. ÉTICA DO CUIDADO - Carol Gilligan - “Uma voz diferente” (1982) → estudo longitudinal - análise das condutas entre homens e mulheres → os homens são movidos por uma moral de justiça/razão e as mulheres por uma moral mais emotiva → em uma sociedade patriarcal os papéis sociais entre eles podem ser diferentes - a mulher precisa se libertar nesse sentido → não-cognitivista → crítica: esse modelo reafirma a diferença entre homens e mulheres - Nell Noddings - “Cuidar” (1984) → ética focada nas relações entre as pessoas → a predisposição para cuidar é algo natural - maternidade → crítica: a capacidade de cuidado é inerente à mulher e não ao homem - homens e mulheres são diferentes - a cultura da sociedade influencia em seus papéis - mulher - maior sensibilidade - a relação entre profissional da saúde e o paciente não é imparcial - parte de princípios e valores de ambos os lados 2. ÉTICA DEONTOLÓGICA - CÓDIGOS PROFISSIONAIS - certo ou errado, regras, livre da subjetividade do profissional - e casos que não se encaixam nas regras? → discussões em comitês? e quando não há tempo? → as regras não são suficientes, ainda mais em uma sociedade cada vez mais plural - os problemas de bioética excedem os códigos deontológicos 3. ÉTICA DAS VIRTUDES (ARISTÓTELES) - “Ética a Nicômaco” - busca a excelência moral = felicidade (exercício das virtudes, por meio da razão) - razão: escolha ações e emoções - sabedoria, prudência, justiça, bondade, fortaleza, coragem, liberalidade, magnificência, magnanimidade, temperança - virtudes para uma vida harmoniosa em sociedade → princípios universais 4. ÉTICA DA RESPONSABILIDADE - perspectiva ambiental - Hans Jonas - “O princípio da responsabilidade” (1984) - a sobrevivência depende de nossos esforços para cuidar do planeta - desenvolvimento sustentável 5. ESTRANHOS MORAIS - perspectiva pluralista - não-cognitivista - Tristam Engelhardt (1996) - “Da forma com que tem sido apresentado, o discurso bioético é inacabado, exatamente pela falta de concordância. Então, nosso destino deveria ser aprender a viver em paz com a realidade. Se somos ‘estranhos em termos morais’, precisaríamos aprender a tolerar uns aos outros e nossas crenças particulares.” - consideração e respeito às diferenças 6. BIOÉTICA DE PROTEÇÃO - América Latina - saúde pública (deve abranger os mais vulneráveis - que precisam ser protegidos) → contextos de países subdesenvolvidos - Schramm e Kotow (2001) - casos de pessoas carentes, financeira, social, cultural e/ou educacionalmente - vulneráveis x autonomia (este princípio pode ser prejudicado pela situação de vulnerabilidade) → pesquisas (geralmente de países desenvolvidos aplicadas em subdesenvolvidos) que oferecem “remuneração”: o indivíduo aceita participar puramente pelo princípio da autonomia (livremente) ou a situação de economia precária está envolvida na decisão? pode ter uma conotação de exploração → influências políticas: podem determinar a aprovação de pesquisas em certos países 7. EQUIDADE ENQUANTO JUSTIÇA - John Rawls e Norman Daniels - falta de consenso sobre o que é justo em relação a princípios distributivos - propõe a abordagem da responsabilidade pela razoabilidade - 4 condições que podem garantir a legitimidade desses princípios → publicidade - os critérios precisam ser públicos para o conhecimento da população → relevância - evidência em outros estudos → revisão e apelação - possibilidade de revisão e mudança de protocolos já estabelecidos ex. de situação: a transformação que a pandemia de Covid-19 trouxe → regulação pública - para que esses 3 primeiros critérios sejam legítimos concordância da população 8. MODELO DA CASUÍSTICA - casos paradigmáticos, modelo jurídico - quando se tem uma questão de bioética, pode-se usar como referência casos conhecidos e já “resolvidos” (análise da discussão, possíveis decisões - como foram feitas e os motivos) → isso implica na diversidade cultural - as decisões podem não ser as mesmas (legislações distintas) - analogias e comparações com novos casos - Albert Jonsen e Stephen Toulmin - “The Abuse of Casuistry: a history of moral reasoning” 9. MODELO PRINCIPIALISTA - Relatório Belmont (1978) - primeira normativa ética de pesquisas com seres humanos nos EUA → princípios: autonomia, beneficência e justiça - Beauchamp e Childress (1979) - Princípios da Ética Biomédica → beneficência: há um benefício palpável com a realização da pesquisa → não-maleficência: cuidados que os pesquisadores vão tomar para prevenir riscos, danos, para garantir assistência... → autonomia: consentimento → justiça: sem privilégios de pessoas em detrimento de outra → analisar qual desses princípios se sobressai em determinada situação para a tomada de decisão ex. teste de fármacos em presidiários com apoio do Estado → princípio da autonomia por parte dos participantes se sobressai nesse caso, há uma pressão, um prejuízo (pode determinar a reprovação de tal pesquisa) - Aplicados Prima facie - crítica: reducionista (os problemas podem trazer inúmeras outras possibilidades de reflexão/princípios para a tomada de decisão) - muito utilizado no Brasil obs. Principialista - aplicação de princípios ao caso Casuística - os princípios surgem do caso
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