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FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS DAS LINGUAGENS ARTÍSTICAS Fernanda Mendes Arantes Linguagens artísticas: ensino de dança Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever os elementos corporais para o ensino de dança. � Analisar o ensino de dança a partir de diferentes teóricos. � Identificar estratégias metodológicas para o ensino de dança na escola. Introdução Neste capítulo, você irá perceber os benefícios da dança enquanto ele- mento estruturante dos processos cognitivos e motores em seus alunos. Diversos estudiosos da dança se dedicaram a investigar os processos que levam aos movimentos e como estes podem ser elaborados, trazendo benefícios a quem os executa. Os elementos corporais para o ensino dessa arte também serão explicitados neste capítulo, assim como as possibilidades metodológicas em sala de aula. Elementos corporais para o ensino de dança De modo geral, a arte é um meio pelo qual o ser humano pode expressar seus sentimentos, emoções, vivências e sofrimentos para além da linguagem verbal. A dança é uma das mais antigas formas de expressão e para dançar não é preciso ler, escrever ou entender coreografias elaboradas: basta entender o relacionamento entre o movimento, o som e o silêncio. A dança acontece pela percepção dos sentimentos humanos e não demanda estudo prévio ou instrumentalização específica, podendo realizar coreografias com instrumentos do cotidiano ou instrumentos eruditos. A dança pode ser trabalhada no âmbito da educação, principalmente com a educação infantil e com crianças um pouco mais velhas, no ensino fun- damental I. Na educação infantil, pode-se trabalhar com a dança o tempo todo, da recepção às crianças no horário de entrada na escola passando pelas atividades cotidianas como alimentação, higiene e recreação, até chegar ao momento da saída e retorno ao lar. Por mais que costume fazer parte do cotidiano da escola de educação infantil, no ensino fundamental I não observamos a devida valorização desse tipo de linguagem, que muitas vezes fica em segundo plano. Docentes que trabalham com os anos iniciais do ensino fundamental costumam ser pedagogos que não possuem formação adequada ou suficiente para este trabalho em sala. Este trabalho não deve se resumir à reprodução de coreografias, podendo ser ampliado na busca pela criação, apreciação e reflexão sobre questões que envolvem a dança no contexto escolar. Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC): A Dança se constitui como prática artística pelo pensamento e sentimento do corpo, mediante a articulação dos processos cognitivos e das experiências sensíveis implicados no movimento dançado. Os processos de investigação e produção artística da dança centram-se naquilo que ocorre no e pelo corpo, discutindo e significando relações entre corporeidade e produção estética. Ao articular os aspectos sensíveis, epistemológicos e formais do movimento dançado ao seu próprio contexto, os alunos problematizam e transformam percepções acerca do corpo e da dança, por meio de arranjos que permitem novas visões de si e do mundo. Eles têm, assim, a oportunidade de repensar dualidades e binômios (corpo versus mente, popular versus erudito, teoria versus prática), em favor de um conjunto híbrido e dinâmico de práticas (BRASIL, 2018, p. 195). Na etapa da educação infantil, a BNCC institui que os campos de expe- riências podem ser definidos como “[...] um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural” (BRASIL, 2018, p. 40). Dentre os cinco campos de experiências, destacamos os campos do corpo, dos gestos e do movimento, que serve como estrutura fundamental para o trabalho com a dança. Segundo a BNCC, Linguagens artísticas: ensino de dança2 Corpo, gestos e movimentos — Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entor- no, estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimen- tos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre anima- das pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.) (BRASIL, 2018, p. 40–41). A criança deve utilizar a dança como um instrumento de crescimento pessoal e cognitivo que também serve como ferramenta para o exercício/ realização dos elementos que compõe a abordagem triangular proposta pela professora Ana Mae Barbosa em todo o ensino de artes na escola: produção artística, contextualização histórica e fruição. No ensino fundamental este trabalho tem continuidade e deve ser conso- lidado na área de linguagens, que engloba a área de artes. De acordo com a BNCC, a finalidade desta área [...] é possibilitar aos estudantes participar de práticas de linguagem diversifi- cadas, que lhes permitam ampliar suas capacidades expressivas em manifes- tações artísticas, corporais e linguísticas, como também seus conhecimentos sobre essas linguagens, em continuidade às experiências vividas na Educação Infantil (BRASIL, 2018, p. 63). 3Linguagens artísticas: ensino de dança No Quadro 1, veja as habilidades que constam no escopo da BNCC, a partir da realização do trabalho com dança no ensino fundamental I. Contextos e práticas (EF15AR08) Experimentar e apreciar formas de manifestações da dança, presentes em diferentes contextos, cultivando a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório corporal. Elementos da linguagem (EF15AR09) Estabelecer relações entre as partes do corpo e destas com o todo corporal, na construção do movimento dançado. (EF15AR10) Experimentar diferentes formas de orientação no espaço (deslocamentos, planos, direções, caminhos etc.) e ritmos de movimento (lento, moderado e rápido) na construção do movimento dançado. Processos de criação (EF15AR11) Criar e improvisar movimentos dançados de modo individual, coletivo e colaborativo, considerando os aspectos estruturais, dinâmicos e expressivos dos elementos constitutivos do movimento, com base nos códigos de dança. (EF15AR12) Discutir, com respeito e sem preconceito, as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola, como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios. Quadro 1. Objetos do Conhecimento e Habilidades a partir da utilização da Dança no Ensino Fundamental I Para desenvolvermos as habilidades necessárias da dança é necessário conhecermos, em primeiro lugar, o que é o movimento e quais são os elementos formais e estruturantes da dança. Na dança, partimos sempre do movimento, que nada mais é do que o deslocamento do corpo no espaço. Dentrodo movimento, existem fatores determinantes que devem ser considerados: tempo, espaço e movimento corporal. Para que a dança aconteça, é necessária a união destes três fatores. Linguagens artísticas: ensino de dança4 1. Tempo: a dança é uma arte que acontece em determinado tempo, que pode ser lento, moderado ou rápido. Lento é o tempo, por exemplo, que acontece na execução de um adágio (sinônimo de andamento musical lento) para a música clássica. Moderado equivale a uma caminhada suave, e rápido seria o tempo da execução de um samba enredo, por exemplo. 2. Espaço: originalmente pode ser definido como o ambiente em que o corpo está, mas em dança, consideramos a relação entre o corpo e o espaço, o corpo em relação ao seu próprio corpo ou em relação a um outro corpo e o corpo e um outro objeto (LABAN; ULLMANN, 1978). No espaço consideramos níveis em relação à altura (alto, médio e baixo); deslocamento (utilizando pontos específicos da coreografia); dimensões (extensão entre duas direções opostas, amplitude ou largura, comprimento ou altura e profundidade); e direção. Ainda de acordo com Laban e Ullmann (1978), trata-se do sentido para onde o movimento segue, partindo sempre do centro do corpo. As direções (sentido; aonde se vai) são frente, traz, lado, diagonais, em cima e embaixo. 3. Movimento corporal: de acordo com Laban e Ullmann (1978): O movimento [...] revela evidentemente muitas coisas diferentes. É o resultado, ou da busca de um objeto dotado de valor, ou de uma condição mental. Suas formas e ritmos mostram a atitude da pessoa que se move numa determinada situação. Pode tanto caracterizar um estado de espírito e uma reação, como atri- butos mais constantes da personalidade. O movimento pode ser influenciado pelo meio ambiente do ser que se move (LABAN; ULLMANN, 1978, p.20–21). Rudolf von Laban foi um dos pioneiros no estudo da dança e deixou um legado científico muito importante a respeito dos componentes e estruturas dessa arte. Veremos um pouco mais a seu respeito no próximo tópico. Assim como a música, a dança é uma das artes mais antigas da humanidade. Para você se aprofundar mais sobre esta arte, acesse o site da secretaria da educação do estado do Paraná, disponível no link a seguir. https://qrgo.page.link/QbYP1 5Linguagens artísticas: ensino de dança Teoria sobre o ensino da dança De acordo com a teoria sobre o ensino da dança, podemos utilizar esta forma de arte de diferentes maneiras na escola. Não pretendemos desenvolver bailarinos clássicos, mas utilizar a dança como uma forma de expressão corporal, de desenvolvimento da criatividade, de conhecimento de mundo e de autoconhe- cimento por parte dos alunos. A dança pode ser praticada na escola tanto na disciplina de artes quanto na disciplina de educação física. O importante não é a disciplina em si, mas a utilização da dança como forma de expressão corporal. Além disso, é funda- mental que o professor não reduza a prática da dança a uma simples reprodução de coreografias sem sentido. A dança foi incorporada ao currículo da educação básica a partir da Lei nº 9.394 de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases [LDB]), que instituiu o ensino de arte na escola (BRASIL, 1996). Vimos no início deste capítulo que a dança é contemplada na BNCC atual, documento que norteará a educação básica a partir da segunda metade do ano de 2020. A partir dos teóricos contemplados neste capítulo, podemos elencar alguns dos benefícios da prática da dança na escola, como podemos ver na Figura 1. Figura 1. Elementos trabalhados na prática da dança na escola. Conhecimento individual e coletivo Corporeidade Auto- conhecimento Imaginação e criatividade Movimento, tempo e espaço Dança Linguagens artísticas: ensino de dança6 A importância de Laban para a dança Em muitos momentos no estudo dessa disciplina você entrará em contato com a teoria de Rudolf Laban. Mas quem foi Laban? De acordo com Santos e Santos (2009, documento on-line): Rudolf von Laban, considerado por muitos como “o mestre do movimento”, foi bailarino, coreógrafo, arquiteto e estudioso do movimento humano, o qual desenvolveu um método pensando na melhora do desenvolvimento global das pessoas. Método este, conhecido por Coreologia, que serviu e serve de inspiração para muitos profissionais que se utilizam do movimento, como ferramenta de trabalho. Laban nasceu em 1879, na Hungria, e faleceu em 1958 na Inglaterra. Desde criança, Laban voltou sua preocupação e seu olhar para o movimento, obser- vando os camponeses na execução de suas tarefas cotidianas. Antes de entrar em contato com a dança, trabalhou no teatro e realizou estudos sobre pintura. Devido a sua experiência com o teatro, sua ligação com o movimento tornou-se mais forte. Em 1912, Laban fundou sua primeira companhia de dança, com a qual elaborou seu primeiro espetáculo, A Terra. No ano seguinte, abre sua primeira escola de dança, dedicando-se a experimentos em novas estruturas. Dezesseis anos depois, Laban já contaria com 28 escolas de dança, tornando-se mundialmente famoso, tanto pelos seus espetáculos quanto pelos seus estudos teóricos relacionados a essa área. Em toda a sua vida, observa-se que além da criação de teorias de dança, o teórico também se dedicou ao lançamento de diversas obras relacionadas tanto a sua vida quanto aos seus interesses. Para conhecer mais sobre a vida e a obra de Laban, recomendamos a leitura do artigo Rudolf Laban, a coreologia e os estudos coreológicos, de Júlio Mota, disponível no link a seguir. https://qrgo.page.link/ewXgv 7Linguagens artísticas: ensino de dança Teórico da dança e coreodramaturgista, Laban pautava-se pela busca dos ritmos naturais do corpo, que expressariam os estados mentais e emocionais das pessoas e libertariam a dança das cadências musicais. Por isso seus tra- balhos têm um sentido amplamente humanista, esperançoso e celebratório, mas também extremamente racional e profundamente reflexivo. Laban desenvolveu dentro de sua pesquisa um sistema de notação de movimentos, a labanotação, e investigou os princípios do movimento para encontrar um meio de organizar e analisá-los. A labanotação consiste em um sistema de anotação do movimento criado por Laban, que serve tanto para registrar o movimento cênico em dança quanto para o registro do movimento cotidiano. O nome deriva de seu criador. De acordo com Sastre (2009): A labanotação é um código que proporciona uma descrição estruturada de mo- vimento e de coreografia, portanto compõe uma partitura bastante fechada para os movimentos em execução. Exatamente como na música, há descrições mais elaboradas e outras mais sintéticas (SASTRE, 2009, p. 17). Trata-se de um sistema único que suscitou novas teorias, porém não observamos, até o momento, teoria que supere os estudos de Rudolf Laban em dança. Observe na Figura 2 um esquema referente à teoria de labanotação. Figura 2. O sistema de observação em dança, de Rudolf von Laban: análise dos movimentos. Fonte: Sistema... (2013, documento on-line). Linguagens artísticas: ensino de dança8 Quando realizamos o fazer artístico no ensino da dança, podemos não somente reproduzirmos coreografias, mas elaborar novas danças e movimentos com nossos alunos. De acordo com Jesus (2005, p. 58–59), As pessoas querem aprender a dançar para se relacionar melhor em grupo. Percebo que, à medida que vão vencendo suas próprias barreiras e preconceitos, a transformação vai acontecendo. A solidão desaparece, a autoestima cresce, meus alunos ganham mais autoconfiança e se sentem mais integrados. Muitos profissionais da minha área odeiam quando digo que as pessoas buscam a dança como uma espécie de terapia. É a mais pura verdade. Não sou terapeu- ta, mas gosto de entender a dança dessa forma. É uma terapia no sentido de ser prazerosa, de fazer o bem. E também desenvolve aspectos importantes para o indivíduo encarar a vida, como disciplina, equilíbrio e determinação. De acordo com pesquisadores de SãoPaulo, não adianta trazer a coreografia pronta para o trabalho com crianças. A pesquisadora Silvia Lopes tinha por finalidade trabalhar o frevo com seus alunos. Para isso, primeiramente realizou sessões de contação de histórias (p. ex., a história do Saci-Pererê). Em seguida, trabalhou com brincadeiras infantis para, posteriormente, apresentar breves passos de frevo para seus alunos. Tudo isso aconteceu em uma única aula, que foi finalizada com um relaxamento coletivo. Para saber mais sobre esta experiência, acesse o link a seguir. https://qrgo.page.link/ZgSZu Estratégias metodológicas para o ensino de dança na escola Como utilizar a dança com seus alunos, sejam eles da educação infantil ou do ensino fundamental I? Com crianças pequenas, a dança, assim como a música, faz parte do cotidiano da escola, tornando-se algo natural em suas atividades diárias. Conforme as crianças vão crescendo, a timidez vai tomando conta e a vontade de expor os movimentos vai diminuindo. É neste momento que o professor terá um trabalho mais árduo a realizar, a fim de convencer seus alunos sobre a importância da dança e ensinar e elaborar coreografias junto a turma. 9Linguagens artísticas: ensino de dança Strazzacappa (2012, p. 43) cita cinco formas em que são veiculadas as manifestações de dança na atualidade. 1. A dança como descoberta do corpo da criança na proposta educativa: “a dança nas escolas da rede de ensino, como propiciadora de expressão da criança por meio do movimento, de descoberta do corpo expressivo (dança dita ‘educativa’)”. 2. A dança e seu ensino em escolas especializadas: “a dança ensinada em escolas especializadas, como conservatórios e academias, com técnicas de dança específicas para a formação do artista profissional que irá atuar em companhias profissionais de dança, em teatro, cinema, televisão, shows etc.”. 3. A dança como atividade terapêutica e social: “a dança em seu aspecto terapêutico e social, ou seja, como atividade terapêutica e de reinserção social em programas de apoio a pessoas desfavorecidas, sejam menores de rua, adolescentes infratores, ex-farmacodependentes, crianças vítimas de violência de todos os tipos”. 4. A dança como recreação: “a dança como recreação, ensinada e praticada por indivíduos como forma de lazer pelo puro prazer de dançar, por divertimento”. 5. As danças étnicas ou populares: “a dança como manifestação de uma determinada cultura que compreende o rito, a religião, as festas popu- lares, as cerimônias”. Sobre a dança na escola, Strazzacappa afirma: A concepção de ensino triangular no ensino de dança na escola parte do pressuposto de que a aproximação, observação e reflexão produzidas em contato com a linguagem da dança estimula que o ser humano “pense sobre si mesmo”. Desse modo, o que é significativo da dança, em sala de aula, é que o educador conceba como finalidade dos conteúdos de dança escolar: a articulação entre consciência, criatividade e reflexão, ao utilizar linguagens criativas por meio da experimentação de movimentos (STRAZZACAPPA, 2012, p. 47). Linguagens artísticas: ensino de dança10 Portanto, o educador não deve subestimar seus alunos e forçar a execução de coreografias prontas em apresentações de final de ano da escola ou em datas comemorativas. A dança serve de laboratório para a expressão corporal, é uma importante ferramenta para o autoconhecimento e para o exercício da criatividade. O professor será, juntamente com seus alunos, o criador, e não somente o executor de passos de dança. Assim, a dança enquanto ferramenta de autoconhecimento favorece a integração entre corpo, mente, razão e emoção para os alunos. A proposta elaborada por Laban adequa-se aos princípios da educação progressista, possibilitando ao aluno a expressão por seus próprios movimentos. Não ensina apenas a forma ou a técnica, mas educa conforme o vocabulário de movimento de cada um, contribuindo para o desenvolvimento emocional, físico e social do participante. Para finalizar, podemos os benefícios do trabalho com a dança na escola, de acordo com os estudiosos mencionados neste capítulo. � Possibilita a compreensão sobre a estrutura e o funcionamento do corpo e a constante e ininterrupta investigação sobre o movimento humano. � É compreendida como atividade lúdica, que pode provocar experimen- tações, criações e exercitar a espontaneidade, o que acaba por contribuir na consciência e construção da imagem corporal, fundamentais para o crescimento da criança e de sua consciência social. � É uma ação física, que possibilita a harmonização integradora das potencialidades motoras, afetivas e cognitivas da criança. � São desenvolvidas a fruição, a sensibilidade, o olhar e a capacidade analítica dos alunos, que aprendem a expressar suas visões e opiniões próprias e incorporam a diversidade de expressões com as quais entrarão em contato. Na dança, entendemos que o professor não deve se limitar a coreografias pré-estabelecidas ou à repetição mecânica dos movimentos. pois esta é uma arte que favorece o desenvolvimento e compreensão do funcionamento do corpo humano, pela ludicidade e espontaneidade, atuando no desenvolvimento como um todo, englobando as áreas cognitiva, motora, emocional e social, entre outras. Portanto, pratique a dança juntos aos seus alunos, sempre que possível, e incentive-os a elaborar novas coreografias e movimentos. 11Linguagens artísticas: ensino de dança BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. 595 p. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_ EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 4 ago. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 1996. 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