Buscar

9-Linguagens artísticas ensino de dança


Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FUNDAMENTOS E 
METODOLOGIAS 
DAS LINGUAGENS 
ARTÍSTICAS
Fernanda Mendes Arantes
Linguagens artísticas: 
ensino de dança
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Descrever os elementos corporais para o ensino de dança. 
 � Analisar o ensino de dança a partir de diferentes teóricos.
 � Identificar estratégias metodológicas para o ensino de dança na escola. 
Introdução
Neste capítulo, você irá perceber os benefícios da dança enquanto ele-
mento estruturante dos processos cognitivos e motores em seus alunos. 
Diversos estudiosos da dança se dedicaram a investigar os processos que 
levam aos movimentos e como estes podem ser elaborados, trazendo 
benefícios a quem os executa. Os elementos corporais para o ensino 
dessa arte também serão explicitados neste capítulo, assim como as 
possibilidades metodológicas em sala de aula.
Elementos corporais para o ensino de dança
De modo geral, a arte é um meio pelo qual o ser humano pode expressar 
seus sentimentos, emoções, vivências e sofrimentos para além da linguagem 
verbal. A dança é uma das mais antigas formas de expressão e para dançar 
não é preciso ler, escrever ou entender coreografias elaboradas: basta entender 
o relacionamento entre o movimento, o som e o silêncio. A dança acontece 
pela percepção dos sentimentos humanos e não demanda estudo prévio ou 
instrumentalização específica, podendo realizar coreografias com instrumentos 
do cotidiano ou instrumentos eruditos. 
A dança pode ser trabalhada no âmbito da educação, principalmente com 
a educação infantil e com crianças um pouco mais velhas, no ensino fun-
damental I. Na educação infantil, pode-se trabalhar com a dança o tempo 
todo, da recepção às crianças no horário de entrada na escola passando pelas 
atividades cotidianas como alimentação, higiene e recreação, até chegar ao 
momento da saída e retorno ao lar. 
Por mais que costume fazer parte do cotidiano da escola de educação 
infantil, no ensino fundamental I não observamos a devida valorização desse 
tipo de linguagem, que muitas vezes fica em segundo plano. Docentes que 
trabalham com os anos iniciais do ensino fundamental costumam ser pedagogos 
que não possuem formação adequada ou suficiente para este trabalho em sala. 
Este trabalho não deve se resumir à reprodução de coreografias, podendo ser 
ampliado na busca pela criação, apreciação e reflexão sobre questões que 
envolvem a dança no contexto escolar. Segundo a Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC):
A Dança se constitui como prática artística pelo pensamento e sentimento do 
corpo, mediante a articulação dos processos cognitivos e das experiências 
sensíveis implicados no movimento dançado. Os processos de investigação 
e produção artística da dança centram-se naquilo que ocorre no e pelo corpo, 
discutindo e significando relações entre corporeidade e produção estética. 
Ao articular os aspectos sensíveis, epistemológicos e formais do movimento 
dançado ao seu próprio contexto, os alunos problematizam e transformam 
percepções acerca do corpo e da dança, por meio de arranjos que permitem 
novas visões de si e do mundo. Eles têm, assim, a oportunidade de repensar 
dualidades e binômios (corpo versus mente, popular versus erudito, teoria 
versus prática), em favor de um conjunto híbrido e dinâmico de práticas 
(BRASIL, 2018, p. 195). 
Na etapa da educação infantil, a BNCC institui que os campos de expe-
riências podem ser definidos como “[...] um arranjo curricular que acolhe as 
situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus 
saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio 
cultural” (BRASIL, 2018, p. 40). Dentre os cinco campos de experiências, 
destacamos os campos do corpo, dos gestos e do movimento, que serve como 
estrutura fundamental para o trabalho com a dança. Segundo a BNCC,
Linguagens artísticas: ensino de dança2
Corpo, gestos e movimentos — Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, 
movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as 
crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entor-
no, estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimen-
tos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, 
progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes 
linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, 
elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e 
linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de 
seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades 
e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é 
seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação Infantil, 
o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado 
das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação 
e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa 
promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre anima-
das pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar 
um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com 
o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o 
corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar 
apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, 
dar cambalhotas, alongar-se etc.) (BRASIL, 2018, p. 40–41).
A criança deve utilizar a dança como um instrumento de crescimento 
pessoal e cognitivo que também serve como ferramenta para o exercício/
realização dos elementos que compõe a abordagem triangular proposta pela 
professora Ana Mae Barbosa em todo o ensino de artes na escola: produção 
artística, contextualização histórica e fruição.
No ensino fundamental este trabalho tem continuidade e deve ser conso-
lidado na área de linguagens, que engloba a área de artes. De acordo com a 
BNCC, a finalidade desta área
[...] é possibilitar aos estudantes participar de práticas de linguagem diversifi-
cadas, que lhes permitam ampliar suas capacidades expressivas em manifes-
tações artísticas, corporais e linguísticas, como também seus conhecimentos 
sobre essas linguagens, em continuidade às experiências vividas na Educação 
Infantil (BRASIL, 2018, p. 63).
3Linguagens artísticas: ensino de dança
No Quadro 1, veja as habilidades que constam no escopo da BNCC, a partir 
da realização do trabalho com dança no ensino fundamental I.
Contextos 
e práticas
(EF15AR08) Experimentar e apreciar formas de 
manifestações da dança, presentes em diferentes 
contextos, cultivando a percepção, o imaginário, a 
capacidade de simbolizar e o repertório corporal.
Elementos da 
linguagem
(EF15AR09) Estabelecer relações entre as partes 
do corpo e destas com o todo corporal, na 
construção do movimento dançado.
(EF15AR10) Experimentar diferentes formas de orientação 
no espaço (deslocamentos, planos, direções, caminhos 
etc.) e ritmos de movimento (lento, moderado e 
rápido) na construção do movimento dançado.
Processos 
de criação
(EF15AR11) Criar e improvisar movimentos dançados 
de modo individual, coletivo e colaborativo, 
considerando os aspectos estruturais, dinâmicos 
e expressivos dos elementos constitutivos do 
movimento, com base nos códigos de dança.
(EF15AR12) Discutir, com respeito e sem preconceito, 
as experiências pessoais e coletivas em dança 
vivenciadas na escola, como fonte para a construção 
de vocabulários e repertórios próprios.
Quadro 1. Objetos do Conhecimento e Habilidades a partir da utilização da Dança no 
Ensino Fundamental I
Para desenvolvermos as habilidades necessárias da dança é necessário 
conhecermos, em primeiro lugar, o que é o movimento e quais são os elementos 
formais e estruturantes da dança.
Na dança, partimos sempre do movimento, que nada mais é do que o 
deslocamento do corpo no espaço. Dentrodo movimento, existem fatores 
determinantes que devem ser considerados: tempo, espaço e movimento 
corporal. Para que a dança aconteça, é necessária a união destes três fatores.
Linguagens artísticas: ensino de dança4
1. Tempo: a dança é uma arte que acontece em determinado tempo, que 
pode ser lento, moderado ou rápido. Lento é o tempo, por exemplo, que 
acontece na execução de um adágio (sinônimo de andamento musical 
lento) para a música clássica. Moderado equivale a uma caminhada 
suave, e rápido seria o tempo da execução de um samba enredo, por 
exemplo.
2. Espaço: originalmente pode ser definido como o ambiente em que 
o corpo está, mas em dança, consideramos a relação entre o corpo e 
o espaço, o corpo em relação ao seu próprio corpo ou em relação a 
um outro corpo e o corpo e um outro objeto (LABAN; ULLMANN, 
1978). No espaço consideramos níveis em relação à altura (alto, médio 
e baixo); deslocamento (utilizando pontos específicos da coreografia); 
dimensões (extensão entre duas direções opostas, amplitude ou largura, 
comprimento ou altura e profundidade); e direção. Ainda de acordo com 
Laban e Ullmann (1978), trata-se do sentido para onde o movimento 
segue, partindo sempre do centro do corpo. As direções (sentido; aonde 
se vai) são frente, traz, lado, diagonais, em cima e embaixo.
3. Movimento corporal: de acordo com Laban e Ullmann (1978):
O movimento [...] revela evidentemente muitas coisas diferentes. É o resultado, 
ou da busca de um objeto dotado de valor, ou de uma condição mental. Suas 
formas e ritmos mostram a atitude da pessoa que se move numa determinada 
situação. Pode tanto caracterizar um estado de espírito e uma reação, como atri-
butos mais constantes da personalidade. O movimento pode ser influenciado 
pelo meio ambiente do ser que se move (LABAN; ULLMANN, 1978, p.20–21).
Rudolf von Laban foi um dos pioneiros no estudo da dança e deixou um 
legado científico muito importante a respeito dos componentes e estruturas 
dessa arte. Veremos um pouco mais a seu respeito no próximo tópico.
Assim como a música, a dança é uma das artes mais antigas da humanidade. Para você 
se aprofundar mais sobre esta arte, acesse o site da secretaria da educação do estado 
do Paraná, disponível no link a seguir.
https://qrgo.page.link/QbYP1
5Linguagens artísticas: ensino de dança
Teoria sobre o ensino da dança
De acordo com a teoria sobre o ensino da dança, podemos utilizar esta forma de 
arte de diferentes maneiras na escola. Não pretendemos desenvolver bailarinos 
clássicos, mas utilizar a dança como uma forma de expressão corporal, de 
desenvolvimento da criatividade, de conhecimento de mundo e de autoconhe-
cimento por parte dos alunos. 
A dança pode ser praticada na escola tanto na disciplina de artes quanto 
na disciplina de educação física. O importante não é a disciplina em si, mas a 
utilização da dança como forma de expressão corporal. Além disso, é funda-
mental que o professor não reduza a prática da dança a uma simples reprodução 
de coreografias sem sentido. 
A dança foi incorporada ao currículo da educação básica a partir da Lei 
nº 9.394 de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases [LDB]), que instituiu o ensino de 
arte na escola (BRASIL, 1996). Vimos no início deste capítulo que a dança 
é contemplada na BNCC atual, documento que norteará a educação básica a 
partir da segunda metade do ano de 2020. 
A partir dos teóricos contemplados neste capítulo, podemos elencar alguns 
dos benefícios da prática da dança na escola, como podemos ver na Figura 1.
Figura 1. Elementos trabalhados na prática da dança na escola.
Conhecimento
individual e
coletivo
Corporeidade
Auto-
conhecimento
Imaginação e
criatividade
Movimento,
tempo e
espaço
Dança
Linguagens artísticas: ensino de dança6
A importância de Laban para a dança
Em muitos momentos no estudo dessa disciplina você entrará em contato 
com a teoria de Rudolf Laban. Mas quem foi Laban? De acordo com Santos 
e Santos (2009, documento on-line): 
Rudolf von Laban, considerado por muitos como “o mestre do movimento”, 
foi bailarino, coreógrafo, arquiteto e estudioso do movimento humano, o qual 
desenvolveu um método pensando na melhora do desenvolvimento global 
das pessoas. Método este, conhecido por Coreologia, que serviu e serve de 
inspiração para muitos profissionais que se utilizam do movimento, como 
ferramenta de trabalho.
Laban nasceu em 1879, na Hungria, e faleceu em 1958 na Inglaterra. Desde 
criança, Laban voltou sua preocupação e seu olhar para o movimento, obser-
vando os camponeses na execução de suas tarefas cotidianas. Antes de entrar 
em contato com a dança, trabalhou no teatro e realizou estudos sobre pintura. 
Devido a sua experiência com o teatro, sua ligação com o movimento tornou-se 
mais forte. Em 1912, Laban fundou sua primeira companhia de dança, com 
a qual elaborou seu primeiro espetáculo, A Terra. No ano seguinte, abre sua 
primeira escola de dança, dedicando-se a experimentos em novas estruturas. 
Dezesseis anos depois, Laban já contaria com 28 escolas de dança, tornando-se 
mundialmente famoso, tanto pelos seus espetáculos quanto pelos seus estudos 
teóricos relacionados a essa área. Em toda a sua vida, observa-se que além 
da criação de teorias de dança, o teórico também se dedicou ao lançamento 
de diversas obras relacionadas tanto a sua vida quanto aos seus interesses.
 Para conhecer mais sobre a vida e a obra de Laban, recomendamos a leitura do 
artigo Rudolf Laban, a coreologia e os estudos coreológicos, de Júlio Mota, disponível 
no link a seguir.
https://qrgo.page.link/ewXgv
7Linguagens artísticas: ensino de dança
Teórico da dança e coreodramaturgista, Laban pautava-se pela busca dos 
ritmos naturais do corpo, que expressariam os estados mentais e emocionais 
das pessoas e libertariam a dança das cadências musicais. Por isso seus tra-
balhos têm um sentido amplamente humanista, esperançoso e celebratório, 
mas também extremamente racional e profundamente reflexivo. 
Laban desenvolveu dentro de sua pesquisa um sistema de notação de 
movimentos, a labanotação, e investigou os princípios do movimento para 
encontrar um meio de organizar e analisá-los.
A labanotação consiste em um sistema de anotação do movimento criado por Laban, 
que serve tanto para registrar o movimento cênico em dança quanto para o registro 
do movimento cotidiano. O nome deriva de seu criador. De acordo com Sastre (2009):
A labanotação é um código que proporciona uma descrição estruturada de mo-
vimento e de coreografia, portanto compõe uma partitura bastante fechada para os 
movimentos em execução. Exatamente como na música, há descrições mais elaboradas 
e outras mais sintéticas (SASTRE, 2009, p. 17). 
Trata-se de um sistema único que suscitou novas teorias, porém não observamos, 
até o momento, teoria que supere os estudos de Rudolf Laban em dança. Observe 
na Figura 2 um esquema referente à teoria de labanotação.
Figura 2. O sistema de observação em dança, de Rudolf von Laban: análise dos movimentos. 
Fonte: Sistema... (2013, documento on-line).
Linguagens artísticas: ensino de dança8
 Quando realizamos o fazer artístico no ensino da dança, podemos não 
somente reproduzirmos coreografias, mas elaborar novas danças e movimentos 
com nossos alunos. De acordo com Jesus (2005, p. 58–59),
As pessoas querem aprender a dançar para se relacionar melhor em grupo. 
Percebo que, à medida que vão vencendo suas próprias barreiras e preconceitos, 
a transformação vai acontecendo. A solidão desaparece, a autoestima cresce, 
meus alunos ganham mais autoconfiança e se sentem mais integrados. Muitos 
profissionais da minha área odeiam quando digo que as pessoas buscam a 
dança como uma espécie de terapia. É a mais pura verdade. Não sou terapeu-
ta, mas gosto de entender a dança dessa forma. É uma terapia no sentido de 
ser prazerosa, de fazer o bem. E também desenvolve aspectos importantes 
para o indivíduo encarar a vida, como disciplina, equilíbrio e determinação.
De acordo com pesquisadores de SãoPaulo, não adianta trazer a coreografia pronta 
para o trabalho com crianças. A pesquisadora Silvia Lopes tinha por finalidade trabalhar 
o frevo com seus alunos. Para isso, primeiramente realizou sessões de contação de 
histórias (p. ex., a história do Saci-Pererê). Em seguida, trabalhou com brincadeiras 
infantis para, posteriormente, apresentar breves passos de frevo para seus alunos. Tudo 
isso aconteceu em uma única aula, que foi finalizada com um relaxamento coletivo. 
Para saber mais sobre esta experiência, acesse o link a seguir.
https://qrgo.page.link/ZgSZu
Estratégias metodológicas para o ensino de 
dança na escola 
Como utilizar a dança com seus alunos, sejam eles da educação infantil ou do 
ensino fundamental I? Com crianças pequenas, a dança, assim como a música, 
faz parte do cotidiano da escola, tornando-se algo natural em suas atividades 
diárias. Conforme as crianças vão crescendo, a timidez vai tomando conta e 
a vontade de expor os movimentos vai diminuindo. É neste momento que o 
professor terá um trabalho mais árduo a realizar, a fim de convencer seus alunos 
sobre a importância da dança e ensinar e elaborar coreografias junto a turma. 
9Linguagens artísticas: ensino de dança
Strazzacappa (2012, p. 43) cita cinco formas em que são veiculadas as 
manifestações de dança na atualidade.
1. A dança como descoberta do corpo da criança na proposta educativa: 
“a dança nas escolas da rede de ensino, como propiciadora de expressão 
da criança por meio do movimento, de descoberta do corpo expressivo 
(dança dita ‘educativa’)”. 
2. A dança e seu ensino em escolas especializadas: “a dança ensinada 
em escolas especializadas, como conservatórios e academias, com 
técnicas de dança específicas para a formação do artista profissional 
que irá atuar em companhias profissionais de dança, em teatro, cinema, 
televisão, shows etc.”.
3. A dança como atividade terapêutica e social: “a dança em seu aspecto 
terapêutico e social, ou seja, como atividade terapêutica e de reinserção 
social em programas de apoio a pessoas desfavorecidas, sejam menores 
de rua, adolescentes infratores, ex-farmacodependentes, crianças vítimas 
de violência de todos os tipos”.
4. A dança como recreação: “a dança como recreação, ensinada e praticada 
por indivíduos como forma de lazer pelo puro prazer de dançar, por 
divertimento”. 
5. As danças étnicas ou populares: “a dança como manifestação de uma 
determinada cultura que compreende o rito, a religião, as festas popu-
lares, as cerimônias”.
Sobre a dança na escola, Strazzacappa afirma:
A concepção de ensino triangular no ensino de dança na escola parte do 
pressuposto de que a aproximação, observação e reflexão produzidas em 
contato com a linguagem da dança estimula que o ser humano “pense sobre 
si mesmo”. Desse modo, o que é significativo da dança, em sala de aula, é 
que o educador conceba como finalidade dos conteúdos de dança escolar: a 
articulação entre consciência, criatividade e reflexão, ao utilizar linguagens 
criativas por meio da experimentação de movimentos (STRAZZACAPPA, 
2012, p. 47).
Linguagens artísticas: ensino de dança10
Portanto, o educador não deve subestimar seus alunos e forçar a execução 
de coreografias prontas em apresentações de final de ano da escola ou em 
datas comemorativas. A dança serve de laboratório para a expressão corporal, 
é uma importante ferramenta para o autoconhecimento e para o exercício da 
criatividade. O professor será, juntamente com seus alunos, o criador, e não 
somente o executor de passos de dança. Assim, a dança enquanto ferramenta 
de autoconhecimento favorece a integração entre corpo, mente, razão e emoção 
para os alunos. 
A proposta elaborada por Laban adequa-se aos princípios da educação 
progressista, possibilitando ao aluno a expressão por seus próprios movimentos. 
Não ensina apenas a forma ou a técnica, mas educa conforme o vocabulário de 
movimento de cada um, contribuindo para o desenvolvimento emocional, físico 
e social do participante. Para finalizar, podemos os benefícios do trabalho com 
a dança na escola, de acordo com os estudiosos mencionados neste capítulo.
 � Possibilita a compreensão sobre a estrutura e o funcionamento do corpo 
e a constante e ininterrupta investigação sobre o movimento humano.
 � É compreendida como atividade lúdica, que pode provocar experimen-
tações, criações e exercitar a espontaneidade, o que acaba por contribuir 
na consciência e construção da imagem corporal, fundamentais para o 
crescimento da criança e de sua consciência social.
 � É uma ação física, que possibilita a harmonização integradora das 
potencialidades motoras, afetivas e cognitivas da criança.
 � São desenvolvidas a fruição, a sensibilidade, o olhar e a capacidade 
analítica dos alunos, que aprendem a expressar suas visões e opiniões 
próprias e incorporam a diversidade de expressões com as quais entrarão 
em contato.
Na dança, entendemos que o professor não deve se limitar a coreografias 
pré-estabelecidas ou à repetição mecânica dos movimentos. pois esta é uma 
arte que favorece o desenvolvimento e compreensão do funcionamento do 
corpo humano, pela ludicidade e espontaneidade, atuando no desenvolvimento 
como um todo, englobando as áreas cognitiva, motora, emocional e social, 
entre outras. Portanto, pratique a dança juntos aos seus alunos, sempre que 
possível, e incentive-os a elaborar novas coreografias e movimentos.
11Linguagens artísticas: ensino de dança
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. 
595 p. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 4 ago. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as 
diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 
1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 
4 ago. 2019.
JESUS, C. Vem dançar comigo. São Paulo: Gente, 2005. 87 p.
LABAN, R. V.; ULLMANN, L. Domínio do movimento. 3. ed. São Paulo: Summus, 1978. 268 p.
SANTOS, T. V.; SANTOS, A. M. Compreendendo os estudos de Laban (Curso de Educação 
Física). In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA USCS, 4., 2019, São Caetano do 
Sul. Anais [...]. São Caetano do Sul: Universidade Municipal de São Caetano do Sul, 2009. 
Disponível em: https://www.uscs.edu.br/simposio_congresso/congressoic/trabalhos.
php?id=0382&area=Biol%C3%B3gicas. Acesso em: 4 ago. 2019.
SASTRE, C. Nada é sempre a mesma coisa: um motivo em desdobramento através da 
labanálise. Orientadora: Inês Alcaraz Marocco. 2009. 150 f. Memorial de Processo de 
Criação (Mestrado em Artes Cênicas com concentração em Processos de Criação 
Cênica) – Departamento de Arte Dramática, Instituto de Artes, Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul, 2009. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/26547. 
Acesso em: 4 ago. 2019.
SISTEMA Laban/Bartenieff. WikiDança.net, [S. l.], 28 maio 2013. Disponível em: http://
www.wikidanca.net/wiki/index.php/Sistema_Laban/Bartenieff. Acesso em: 4 ago. 2019.
STRAZZACAPPA, M. Dançando na chuva... e no chão de cimento. In: FERREIRA, S. (org.). 
O ensino das artes: construindo caminhos. São Paulo: Papirus, 2012. p. 39–78.
Leituras recomendadas
BARRETO, P. C.; NASCIMENTO, F. Conteúdos de artes por bimestre para o ensino funda-
mental: com base nos parâmetros curriculares de Pernambuco. Recife: Secretaria de 
Educação, 2015. 41 p. Disponível em: http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/
galeria/7801/Conteudos_de_Artes_EF.pdf. Acesso em: 4 ago. 2019.
ENTENDENDO a Dança — Disciplina — Arte. Dia-a-dia Educação, Curitiba, 2007. 
Disponível em: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.
php?conteudo=247#movimento. Acesso em: 4 ago. 2019.
FERRAZ, M. H. C. T.; FUSARI, M. F. R. Metodologia do ensino de arte: fundamentos e 
proposições. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2007. 208 p. 
Linguagens artísticas: ensino de dança12
FREIRE, I. M. Dança-educação:o corpo e o movimento no espaço do conhecimento. 
Cadernos CEDES, Campinas, v. 21, n. 53, p. 31–55, abr. 2001. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0101-32622001000100003&lng=pt&nrm
=iso&tlng=pt. Acesso em: 4 ago. 2019.
HEIDA, S. M.; KRISCHKE, A. M. A.; CUNHA, D. S. S. A dança na escola: movimento de criação, 
criação de movimento. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Os desafios da 
escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE: artigos. Curitiba: Secretaria 
de Estado da Educação, 2013. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.
br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2013/2013_unicentro_arte_ar-
tigo_suzana_maria_heida.pdf. Acesso em: 4 ago. 2019.
MOTA, J. Rudolf Laban, a Coreologia e os Estudos Coreológicos. Repertório – Teatro & 
Dança, Salvador, v. 15, n. 18, p. 58–70, 1. sem. 2012. Disponível em: https://portalseer.
ufba.br/index.php/revteatro/article/view/6404/. Acesso em: 4 ago. 2019.
13Linguagens artísticas: ensino de dança

Continue navegando