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Teratogênese Teratologia • Trata-se do estudo sobre a produção, anatomia do desenvolvimento e classificação de embriões e fetos malformados; • Sabe-se que fármacos e vírus atuam diretamente como causas de defeitos congênitos humanos; • Em teratologia é um conceito fundamental saber que alguns estágios do desenvolvimento humano são mais vulneráveis a perturbações que outros; • Um defeito congênito é uma anomalidade estrutural de qualquer tipo e os quatro tipos são: - Malformação: defeito morfológico de um órgão, parte de um órgão ou região maior do organismo e ocorre por um desenvolvimento anormal desde o início da formação; - Perturbação: defeito morfológico de um órgão, parte de um órgão ou região maior do organismo que ocorre pelo desarranjo extrínseco ou interferência com um processo de desenvolvimento inicialmente normal; - Deformação: formato, conformação ou posição anormal de parte do organismo resultante de forças mecânicas que atuam no feto; - Displasia: organização anormal das células nos tecidos, com causas inespecíficas e, geralmente, afeta vários órgãos; • As causas dos defeitos são divididas em 3 categorias: - Fatores genéticos; - Fatores ambientais; - Herança multifatorial: fatores genéticos + ambientais; • Ainda que o embrião esteja bem protegido no útero, os teratógenos (agentes ambientais) podem causar alterações no desenvolvimento embrionário após a exposição materna a eles; • Teratógeno: qualquer agente que possa produzir uma anomalia congênita ou aumentar a incidência de um defeito na população. Eles parecem não causar defeitos até que a diferenciação celular tenha começado e em períodos de diferenciação rápida é quando o embrião e seus órgãos são mais sensíveis. Períodos críticos do desenvolvimento humano Marianne Barone (T15A) Disciplina – Prof. Marianne Barone (T15A) Embriologia – Prof. Elaine Mendes • A ação do teratógeno varia com o estágio do desenvolvimento do embrião, sendo que o período mais crítico do desenvolvimento é quando a divisão celular, diferenciação celular e a morfogênese estão em atividade máxima; • 1ª – 2ª semanas: aborto precoce; • 3ª – 9ª semanas: malformações. Trata-se do período crítico; • 9ª – 38ª semanas: alterações na maturação e RCIU; • Cada tecido, órgão e sistema tem um período crítico que seu desenvolvimento pode ser prejudicado e, o período de organogênese, é o período em que o desenvolvimento do embrião pode ser mais facilmente prejudicado; • Um teratógeno pode afetar diferentes sistemas que estejam se desenvolvendo ao mesmo tempo; • Estudos mostram que o genótipo do embrião determina se o agente teratogênico afetará seu desenvolvimento; • A dose do medicamento também influencia em sua teratogenicidade. Classificação do risco de medicamentos e uso na gravidez • Categoria A: estudos controlados demonstram não haver riscos. Estudos adequados, bem controlados, em mulheres; • Categoria B: sem evidência de risco humano. Estudos em animais mostram risco, mas estudos em humanos não, ou se não há estudos adequados, os estudos em animais são negativos; • Categoria C: o risco não pode ser afastado. Faltam estudos em humanos e os estudos em animais ou são positivos ou insuficientes. Entretanto, os benefícios potenciais podem justificar o possível risco. • Categoria D: evidência positiva de risco. Dados de investigação preliminar ou pós- comercialização mostram risco ao feto. Entretanto, os benefícios potenciais podem ser maiores que o risco potencial. • Categoria X: contra-indicada na gravidez. Estudos em animais ou humanos, ou relatos de investigação preliminar ou pós-comercialização, mostram risco fetal que claramente se sobrepõe a qualquer benefício para a paciente. Teratógenos → Tabagismo: • O tabagismo durante a gravidez foi comprovado como fator que causa a restrição do crescimento intrauterino, resultando no baixo peso ao nascimento; • A nicotina presente no cigarro contrai os vasos sanguíneos uterinos, diminuindo o fluxo sanguíneo uterino e, assim, diminuindo o suprimento de O2 e nutrientes disponíveis ao embrião no espaço interviloso da placenta, o que prejudica o crescimento celular e pode afetar o desenvolvimento mental do embrião; • Há uma diminuição na capacidade de transporte de O2 causadas pela alta concentração de carboxiemoglobina, que resulta em hipóxia fetal crônica e, assim, afeta o crescimento e desenvolvimentos fetais; • Pode ocasionar anomalias no trato urinário, problemas comportamentais e RCIU (retrição de crescimento intra- uterino); • Tabagismo materno no primeiro semestre está associado ao aumento da incidência de defeitos cardíacos conotruncais e do septo atrioventricular; • Está associado a menores volumes encefálicos em lactentes pré-termo. → Álcool: • Qualquer consumo de álcool no início da gravidez pode afetar o crescimento e a morfogênese do embrião; • Recém-nascidos de mães alcóolatras possuem deficiências de crescimento pré e pós-natal e deficiência mental; • O feto recebe as mesmas concentrações de álcool que a mãe; • Metabolismo do feto é mais lento, levando um maior tempo em menor velocidade para excretar a substância; • 1º trimestre: anomalias físicas e disformismo; • 2º trimestre: abortamento espontâneo; • Parto: descolamento de placenta e parto prematuro; • Em cerca de 1 a 2 lactentes a cada 1000 nascidos apresentam a chamada Síndrome Alcóolica Fetal (SAF), cujas principais características são: - Cabeça pequena; - Nasio rebaixado; - Pequena abertura nos olhos; - Lábio superior fino; - Microcefalia; - Philtro indefinido; - Fácies plana; - Prega epicânticas; • A SAF pode ser diagnosticada por: - Ao menos 1 sinal de déficit de crescimento; - Todos os 3 sinais de dismorfismo facial; - Ao menos 1 sinal de anomalia do SNC; • O uso abusivo de álcool pela mãe é a causa mais comum de deficiência mental e, ainda que moderado, o seu consumo pode provocar prejuízo cognitivo e problemas comportamentais. → Androgênios e progestogênios: • Tratam-se de substâncias naturais ou sintéticas que induzem algumas ou todas as alterações produzidas pela progesterona (corpo lúteo dos ovários); • Esse hormônio é responsável por promover e manter a gravidez • Algumas das substâncias podem causar a masculinização da genitália externa em um feto feminino por possuírem em sua composição propriedades androgênicas; • A exposição a progestinas no período crítico do desenvolvimento está associada a prevalência de defeitos cardiovasculares; • O uso de contraceptivos orais deve ser interrompido assim que houver suspeita ou detecção de gravidez pois possui os possíveis efeitos teratogênicos chamados de síndrome de VACTERL (vertebrais, anais, cardíacas, traqueais, esofágicas, renais e dos membros); • DES (dietilestilbestrol): composto estrogênico não esteroide sintético que, em mulheres, é responsável por 3 tipos de lesões (adenose vaginal, erosões cervicais e cristas vaginais transversas) e, em fetos do sexo masculino expostos antes da 11ª semana a esse composto apresentam anomalias no trato genital, como testículos não desenvolvidos e cistos no epidídimo. → Antibióticos: • Tetraciclinas: são antibióticos que atravessam a membrana placentária e se depositam em ossos e dentes, causando que os mesmos adquiram uma cor amarelada e diminuição em seu crescimento; • Estreptomicina e dihidroestreptomicina: são compostos antituberculose e estão relacionados a déficit auditivo e lesão do nervo vestíbulo coclear. → Anticoagulantes: • Todos os anticoagulantes com exceção da heparina atravessam a membrana placentária e podem causar hemorragia no embrião; • O uso da varfarina comprovadamente está relacionada a hipoplasia da cartilagem nasal, epífises pontilhadas e defeitos no SNC, podendo causardeficiência mental, microcefalia e atrofia do nervo óptico. à antagonistas da vitamina K → Ácido retinóico: • Trata-se da forma oxidada da vitamina A, sendo essencial para a preservação e funcionamento dos tecidos, assim como seu crescimento e desenvolvimento; • Amplamente utilizado para tratamentos dermatológicos (ou seja, opcionais, na maioria dos casos), por retirar manchas e prevenir o envelhecimento, por exemplo; • Seu uso durante a gravidez pode ocasionar: - Crânio: subdesenvolvimento da maxila e mandíbula; - Rosto: lábio leporino e fenda palatina; - Membros: curtos; - Coração: anomalia no arco aórtico; - Sistema nervoso central: microcefalia; • Causa abortos espontâneos, partos prematuros, baixo peso e má formação congênita; • Relato de caso: - 1º caso: ausência de pavilhão auricular bilateral, agenesia de conduto auditivo externo, bulhas rítmicas e sopro sistólico; - 2º caso: aparente paralisia facial, fechamento incompleto da pálpebra e mantém o antebraço pronado constantemente. → Maconha: • Altera o fluxo sanguíneo no útero → afeta oxigenação; • Bloqueio das conexões neurais; • Redução do peso fetal; • Complicações no parto; • Malformação do sistema neural (anencefalia = ausência total do encéfalo e da caixa craniana do feto); • Presente no leite materno até 6 dias após o uso (não usar durante o período de aleitamento); • Déficit de aprendizado; • Transtornos comportamentais na adolescência. → Ansiolíticos: • Atravessam rapidamente a placenta; • Diazepan: não apresentam comprovação de teratogenicidade, devendo ser evitados no período de lactação; • Buspiridona: não apresentam comprovação científica de teratogenicidade; • Fenobarbital: aumentam a incidência de malformações. → Hipoglicemiantes: • A mãe diabética em si possui riscos intrauteros, como: - Maior chance de aborto espontâneo; - Polidrâmnio; - Macrossomia; - Anomalias congênitas; - Restrição de crescimento intrauterino (RCIU); - Óbito fetal; - Síndrome da regressão caudal; • Após o parto, os principais riscos para o feto são: - Hipoglicemia; - Policitemia; - Hipocalcemia; - Hiperbilirrubinemia; - Prematuridade; - Síndrome do desconforto respiratório; - Mortalidade perinatal; • Os hipoglicemiantes são medicamentos que tem como objetivo diminuir a taxa de glicose no sangue; • O mais indicado é a própria insulina, que apresenta estudos mais conclusivos e é sabido que não atravessa a placenta, não tendo consequências diretas no feto; • Um medicamento utilizado em alta escala é a metformina, um fármaco de categoria B e que, assim, não possui evidência de efeitos teratogênicos em animais. Sabe-se que ele atravessa a placenta e que bebês aos 18 meses eram mais pesados e tinham um comprimento maior e aos 2 anos apresentavam uma maior quantidade de gordura subcutânea acumulada (> peso). → Analgésicos: • Os principais medicamentos utilizados durante a gravidez para alívio da febre ou dor são a aspirina (AAS – ácido acetilsalicílico) e paracet; • Altas doses de analgésicos são lesivas ao embrião; • A aspirina não é um agente teratogênico, mas não deve ser ingerida em altas quantidades; • O paracet está relacionado a maior incidência de problemas comportamentais, como hiperatividade. → Medicamentos para tireoide: • Bócio congênito: aumento da glândula tireoide ao nascimento, que pode ser causado pela ingestão de iodeto de potássio (atravessa a placenta rapidamente e interferem na produção de tiroxina) e grandes doses de iodo radioativo; • Podem causar o cretinismo, que é a interrupção do desenvolvimento físico, mental e distrofia dos ossos e partes moles; - O cretinismo congênito pode ser causado pela deficiência materna de iodo. → Tranquilizantes: • Talidomida: é um teratógeno potente que causa a meromelia (ausência de parte de um membro), amelia (ausência de membros) ou micromelia (membros curtos); • Além disso, ela pode causar a ausência de orelhas internas e externas, defeitos cardíacos e anomalias dos sistemas urinário e alimentar. → Drogas ilícitas: • Cocaína: pode causar retardo do crescimento intrauterino, microcefalia, anomalias urogenitais e distúrbios neurocomportamentais; • Metanfetamina: é um estimulante do sistema nervoso simπático e pode resultar em fetos pequenos com alterações neurocomportamentais; • Heroína: alterações comportamentais. → Rubéola congênita: • A rubéola é uma doença viral transmitida por secreções através do Rubivírus e seus principais sintomas são dores de cabeça, muscular e articulações, febre e manchas vermelhas no rosto e no corpo; • Ela é transmitida de forma vertical através da placenta, com maiores riscos ao bebê no primeiro trimestre da gestação; • No feto pode levar ao aborto ou más- formações fetais, como: - Surdez; - Alterações nos olhos, como cegueira e catarata; - Problemas cardíacos, como estenose da artéria pulmonar, defeito no septo ventricular e miocardite; - Lesões no sistema nervoso e retardo mental; - Problemas no fígado; - Diminuição da quantidade de plaquetas; - Anemia hemolítica; • As alterações podem acontecer quando a mulher toma a vacina durante a gestação (para aquelas que pretendem engravidar deve tomar a dose única 1 mês antes) ou por ter contraído a doença propriamente dita; • O tratamento varia de criança para criança, sendo baseado por um time multidisciplinar que atendam a todas as necessidades da criança. → Citomegalovírus: • Trata-se de uma infecção causada pelo vírus citomegalovírus humano, que é transmitido pelo contato com fluídos infectados; • Seus sintomas são: febre, mal-estar e aumento do fígado e baço, em sua fase aguda; • A transmissão para o feto pode ocorrer via transplacentária, perinatal ou pelo aleitamento; • No feto pode causar microcefalia, restrição de crescimento intrauterina, petéquias (pontos vermelhos em mucosas), icterícia, sofrimento respiratório, letargia, convulsões e surdez; • Quando ocorre no primeiro semestre, geralmente, resultam em abortos espontâneos; • Quanto menor a idade gestacional, maior a lesão e o risco de malformações. → Sífilis congênita: • Sífilis é uma infecção sexualmente transmissível e curável causada pela bactéria Treponema pallidum; • Os tipos de infecção materna são: - Primária: adquirida durante a gestação, causando, quase sempre, infecção fetal e defeitos congênitos. Caso a mãe seja tratada corretamente, não ocorre a transmissão transplancetária; - Secundária: adquiridas antes da gestação. Raramente resultam em doença fetal e anomalias congênitas; • A sífilis congênita é o resultado da transmissão vertical da bactéria, que pode ocorrer em qualquer fase gestacional da doença, pelo contato da criança ao nascimento com lesões genitais da mãe ou pelo aleitamento; • Sífilis congênita precoce: surge até os 2 anos de idade, em que as crianças nascem assintomáticas ou com sinais discretos, e podem apresentar: - Dificuldade no aprendizado; - Anemia; - Mandíbula curta; - Surdez neurológica; • Sífilis congênita tardia: surge após os 2 anos de idade e a criança apresenta, na maioria dos casos: - Prematuridade; - Baixo peso; - Alterações ósseas; - Sofrimento respiratório; - Anemia; - Icterícia. → Zika vírus: • Sua transmissão ocorre pela picada do mosquito Aedes aegypti, sexualmente ou verticalmente (pela placenta); • Atinge a placenta e o liquido amniótico, atingindo o bebê; • Causa: - Síndrome congênita da Zika: malformações na cabeça, movimentos involuntários, convulsões, irritabilidade e disfunção do tronco cerebral, com problemas de deglutição, contraturas de membros, anormalidades de audição e visão e anomalias cerebrais; - Hidrocefalia: excesso de líquido cefalorraquidiano se acumula nas cavidades do cérebro conhecidas como "ventrículos”; - Microcefalia: malformaçãocongênita em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada; - Calcificação cerebral - Disrafia espinhal; - Artrogripose (múltiplas contraturas articulares e pode incluir fraqueza muscular e fibrose); - Restrição de crescimento intrauterino; - Alterações nos olhos, audição e na massa cinzenta cerebral; microcefalia, calcificação cerebral, restrição de crescimento intrauterino, alterações esqueléticas, alterações nos olhos e na audição e alterações na massa cinzenta cerebral. Métodos de diagnósticos • Pode ser usado para teratogênicos e, mais comum, para síndromes cromossômicas; • Pré-natal: ultrassonografia, testes sorológicos, amniocentese (15ª á 18ª semana) e amostragem das vilosidades coriônicas (11ª à 12ª semana);
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