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Nathalia C. Ferreira | Universidade Anhembi Morumbi | Turma XV Tutoria – Situação Problema 1.1 – Positivo, e agora? 1) O que são fatores teratogênicos? Fatores teratogênicos são agentes que podem causar anomalias congênitas ou defeitos de nascimento em um embrião ou feto em desenvolvimento. Esses agentes podem ser ambientais, químicos, físicos ou biológicos e incluem, por exemplo, substâncias químicas tóxicas, radiação, infecções virais e bacterianas, drogas, álcool e tabaco. Esses fatores podem afetar o desenvolvimento fetal em diferentes estágios da gravidez e em diferentes graus de severidade. Alguns fatores teratogênicos podem causar problemas imediatos após a exposição, enquanto outros podem causar problemas apenas anos depois. Alguns exemplos de anomalias congênitas causadas por fatores teratogênicos incluem malformações cardíacas, deficiências cognitivas, problemas de audição e visão, problemas de desenvolvimento de membros e órgãos, e atrasos no desenvolvimento físico e mental. É importante notar que nem todos os embriões ou fetos são igualmente suscetíveis aos efeitos dos fatores teratogênicos. O risco de anomalias congênitas também pode ser influenciado por fatores como a idade materna, a genética e a saúde geral da mãe. A prevenção da exposição a fatores teratogênicos é fundamental para a prevenção de anomalias congênitas e garantir a saúde fetal e neonatal. As causas dos defeitos congênitos são divididas em três categorias amplas: • Fatores genéticos, como anormalidades cromossômicas. • Fatores ambientais, como fármacos/drogas e vírus. • Herança multifatorial (fatores genéticos e ambientais agindo em conjunto). As malformações ocorrem durante a formação das estruturas, por As malformações ocorrem durante a formação das estruturas, por exemplo, durante a organogênese. Elas podem resultar em ausência total ou parcial de uma estrutura ou em alterações de sua configuração normal. As malformações são causadas por fatores ambientais e/ou genéticos que agem independentemente ou em conjunto. A maioria das malformações tem sua origem entre a terceira e a oitava semanas de gestação. No entanto, algumas combinações complexas de defeitos, como aquelas observadas em casos de heterotaxia, podem ter ocorrido nas primeiras duas semanas, quando os eixos embrionários estão sendo especificados. Disrupções (rupturas) resultam em alterações morfológicas de estruturas já formadas causadas por processos destrutivos. Acidentes vasculares que resultam em defeitos transversais dos membros e defeitos produzidos pelas bandas amnióticas são exemplos de fatores destrutivos que produzem disrupções. As deformações resultam de forças mecânicas que moldam partes do feto por um período prolongado. Os pés tortos, por exemplo, são causados por compressão na cavidade amniótica. As deformações envolvem frequentemente o sistema musculoesquelético e podem ser revertidas após o nascimento. 2) Explique as consequências da ingestão de bebidas alcoólicas (síndrome alcoólica fetal) e de substâncias tóxicas do cigarro na gestação. O consumo excessivo de álcool durante a gravidez é conhecido como Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), e pode levar a uma série de problemas de saúde no bebê, incluindo anomalias congênitas, atraso no crescimento, problemas neurológicos e comportamentais. Quando uma mulher bebe álcool durante a gravidez, o álcool atravessa a placenta e chega ao feto em desenvolvimento. O fígado do feto ainda não está totalmente desenvolvido, então ele não consegue metabolizar o álcool da mesma forma que um adulto. O álcool pode interferir com o desenvolvimento normal das células cerebrais, o que pode levar a anomalias congênitas no cérebro e no sistema nervoso central. Os efeitos da SAF podem variar, mas podem incluir atraso no crescimento, baixo peso ao nascer, problemas de visão e audição, problemas cardíacos, problemas renais, problemas de fala e linguagem, hiperatividade e déficit de atenção, problemas de comportamento e aprendizagem, bem como dificuldades de memória e raciocínio. A SAF é uma condição grave e pode causar danos irreversíveis ao feto em desenvolvimento. Quem tem SAF: alterações nos núcleos da base. As alterações nos núcleos da base são um conjunto de condições neurológicas que afetam as estruturas profundas do cérebro responsáveis pelo controle do movimento e de algumas funções cognitivas e emocionais. Dentre as condições que podem provocar essas alterações, as mais conhecidas são a doença de Parkinson, a doença de Huntington e a distonia. Quando uma mulher grávida ingere álcool, ele é absorvido pelo trato gastrointestinal e rapidamente entra na corrente sanguínea. A partir daí, o álcool pode passar pela placenta e chegar ao feto, que tem um sistema imaturo de metabolização do álcool. No organismo materno, a maior parte do álcool é metabolizada pelo fígado, por meio de uma enzima chamada álcool desidrogenase, que converte o álcool em acetaldeído, uma substância tóxica que é ainda mais prejudicial ao feto. Em seguida, o acetaldeído é transformado em acetato por outra enzima, a acetaldedohidrogenase, que pode ser utilizada pelo organismo como fonte de energia. Nathalia C. Ferreira | Universidade Anhembi Morumbi | Turma XV No feto, a capacidade de metabolizar o álcool é limitada, e ele não possui as mesmas enzimas hepáticas maduras como a mãe. Portanto, o álcool pode permanecer no sangue fetal por um período maior, e isso pode causar uma variedade de problemas no desenvolvimento fetal, incluindo a síndrome alcoólica fetal. O álcool, uma molécula anfipática, atravessa a barreira placentária e é quebrado no fígado em uma forma tóxica (ceto-aldeído). Se ingerido por uma mulher grávida, pode resultar em problemas como a agenesia do corpo caloso, dificultando o processamento entre os hemisférios cerebrais do feto. A agenesia do corpo caloso é uma anomalia congênita rara em que o corpo caloso, uma grande estrutura que conecta os hemisférios cerebrais do cérebro, não se desenvolve adequadamente durante o desenvolvimento fetal. Em alguns casos, o corpo caloso pode estar completamente ausente, enquanto em outros casos pode estar presente em uma forma anormalmente pequena. O corpo caloso é responsável por permitir que os hemisférios cerebrais se comuniquem e coordenem suas atividades, por isso, quando ele não se desenvolve adequadamente, pode haver uma série de sintomas neurológicos e comportamentais associados. A agenesia do corpo caloso pode afetar o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sensoriais e motoras, bem como a linguagem e o comportamento social. Os sintomas da agenesia do corpo caloso podem variar, mas podem incluir atrasos no desenvolvimento, problemas de coordenação, convulsões, problemas visuais, problemas de aprendizado e comportamento, bem como dificuldades com a percepção espacial e a resolução de problemas. Não há cura para a agenesia do corpo caloso, e o tratamento é focado no gerenciamento dos sintomas. As opções de tratamento podem incluir terapia ocupacional, terapia da fala, fisioterapia, medicamentos para controlar convulsões e problemas comportamentais, e apoio educacional para ajudar a criança a aprender e se desenvolver da melhor maneira possível. Quando uma mulher grávida fuma cigarro, ela e o feto são expostos a uma variedade de substâncias tóxicas presentes na fumaça do cigarro, incluindo nicotina, monóxido de carbono, cianeto de hidrogênio, alcatrão, metais pesados e outros agentes químicos. Essas substâncias podem prejudicar o desenvolvimento fetal e aumentar o risco de problemas de saúde a curto e longo prazo. A nicotina, por exemplo, pode estreitar os vasos sanguíneosdo útero e diminuir o fluxo de sangue e oxigênio para o feto, o que pode levar a complicações, como baixo peso ao nascer, parto prematuro, aborto espontâneo e morte fetal. A exposição ao monóxido de carbono também pode reduzir o suprimento de oxigênio para o feto, prejudicando seu crescimento e desenvolvimento. Além disso, a exposição pré-natal à fumaça do cigarro pode aumentar o risco de complicações de saúde a longo prazo, incluindo doenças respiratórias, como asma e bronquite, problemas cardiovasculares, como hipertensão arterial e doença cardíaca, e distúrbios comportamentais e cognitivos, como transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e problemas de aprendizagem. O tabagismo (cigarro) foi relacionado ao aumento do risco de fendas orofaciais (fendas palatina e labial). Ele também contribui para o retardo do crescimento fetal e para o parto prematuro. O tabagismo materno durante a gravidez é uma causa bem estabelecida de restrição do crescimento intrauterino (RCIU). Um baixo peso ao nascimento (menos de 2.000 g) é o principal indicador de morte infantil. Em um estudo populacional caso-controle, houve um aumento modesto na incidência de defeitos cardíacos conotruncais e do septo atrioventricular associados ao tabagismo materno no primeiro trimestre. Existem algumas evidências de que o tabagismo materno possa causar anomalias do trato urinário, problemas comportamentais e RCIU. Altos níveis de carboxiemoglobina, resultantes do tabagismo, aparecem no sangue materno e fetal e podem alterar a capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue. Uma hipóxia fetal crônica (baixos níveis de oxigênio) pode ocorrer e afetar o crescimento e desenvolvimento fetais. O tabagismo materno também está associado a volumes encefálicos menores em lactentes pré-termo. Muitos defeitos congênitos podem ser evitados. Por exemplo, a suplementação do sal com iodo elimina o déficit intelectual e as deformidades ósseas resultantes do cretinismo. Submeter a mulher diabética ou com fenilcetonúria a um controle metabólico rigoroso antes da concepção reduz a incidência de defeitos congênitos na sua prole. A suplementação de folato diminui a incidência de defeitos do tubo neural, como espinha bífida e anencefalia, e reduz o risco de anomalias induzidas por hipertermia. Evitar o consumo de álcool etílico em todos os estágios da gravidez reduz a incidência de defeitos congênitos. Um componente essencial para todas as estratégias de prevenção é iniciar as intervenções antes da concepção. É importante que os médicos que prescrevem medicamentos para mulheres em idade fértil considerem a possibilidade de gravidez e o potencial teratogênico dos compostos. Centenas de crianças nasceram com defeitos congênitos graves produzidos por retinoides (embriopatia da isotretinoína), compostos utilizados para o tratamento da acne cística (isotretinoína). Como os pacientes com acne geralmente são jovens e podem ser sexualmente ativos, esses agentes têm de ser utilizados com cuidado. Traços típicos de uma criança com SAF, incluindo filtro labial indistinto, lábio superior fino, ponte nasal deprimida, nariz curto e face média chata. Nathalia C. Ferreira | Universidade Anhembi Morumbi | Turma XV 3) Quais são as principais doenças de origem biológica que causam a má formação embrionária (sífilis, zika, toxoplasmose, rubéola)? Durante toda a vida pré-natal, os embriões e fetos correm perigo devido a uma variedade de micro-organismos. Na maioria dos casos, há resistência à agressão, mas em alguns casos, ocorrem abortos espontâneos ou natimortos. Se sobreviverem, os fetos nascem com RCIU, defeitos congênitos ou doenças neonatais. Os microrganismos atravessam a membrana placentária e entram na corrente sanguínea embrionária e fetal. Existe uma propensão para que o SNC seja afetado e a barreira hematoencefálica fetal (BHE) oferece pouca resistência aos micro-organismos. A BHE é um mecanismo seletivo que impede a passagem da maioria dos íons e compostos de alto peso molecular do sangue para o tecido encefálico. Rubéola A rubéola é causada por um vírus altamente contagioso e se espalha facilmente através do contato com gotículas de saliva ou secreções nasais de uma pessoa infectada. Bebê com surdez, cegueira, microcefalia, persistência do ducto arterioso. O ducto arterioso é uma estrutura presente no feto que conecta a artéria pulmonar à aorta, permitindo que o sangue desoxigenado seja desviado do pulmão e enviado diretamente para o corpo. Normalmente, o ducto arterioso fecha-se logo após o nascimento, permitindo que o sangue seja direcionado adequadamente através do coração. No entanto, a rubéola durante a gravidez pode interferir com o desenvolvimento normal do feto e pode levar a algumas complicações, incluindo a persistência do ducto arterioso. Quando a rubéola ocorre durante a gravidez, o vírus pode atacar e danificar o tecido do coração do feto, causando inflamação e lesões nas paredes do ducto arterioso. Isso pode impedir o fechamento normal do ducto após o nascimento, resultando na persistência do ducto arterioso. Normalmente, o forame oval é uma abertura na parede que separa as duas câmaras superiores do coração fetal, permitindo que o sangue desoxigenado passe diretamente do átrio direito para o átrio esquerdo, evitando os pulmões que ainda não estão funcionando. O ducto arterioso é outra estrutura que permite que o sangue desoxigenado do coração fetal passe diretamente da artéria pulmonar para a aorta, também evitando os pulmões. Após o nascimento, o forame oval e o ducto arterioso normalmente se fecham, permitindo que o coração do bebê se adapte à circulação sanguínea pós-natal. No entanto, em alguns casos, essas estruturas podem permanecer abertas, o que pode levar a problemas de saúde. A rubéola é uma infecção viral que pode afetar o feto durante a gravidez, especialmente se a mãe for infectada nos primeiros meses de gestação. A rubéola fetal pode levar a uma série de problemas de saúde, incluindo defeitos cardíacos congênitos, como a persistência do ducto arterioso e o forame oval patente. Quando uma mãe contrai rubéola durante a gravidez, o vírus pode afetar o desenvolvimento do coração fetal e levar à formação de defeitos cardíacos, incluindo a persistência do ducto arterioso e o forame oval patente. Essas condições podem afetar a circulação sanguínea do bebê após o nascimento, levando a problemas de saúde. Quando um bebê tem persistência do ducto arterioso devido à rubéola, o ducto permanece aberto após o nascimento, o que resulta em um fluxo sanguíneo anormal. O sangue agora flui da aorta para a artéria pulmonar, causando dilatação dos vasos pulmonares. A diminuição da resistência vascular leva a uma queda na pressão e a um aumento na facilidade com que o sangue flui através dos vasos. Clinicamente, o bebê pode apresentar hipóxia devido à diminuição do volume sanguíneo, mas não devido à pressão sanguínea baixa, pois a hematose está ocorrendo. O bebê vai apresentar hipertensão pulmonar, que pode danificar os vasos sanguíneos e impedir a troca de gases. Toxoplasmose O Toxoplasma gondii é um parasita intracelular. A infecção materna geralmente é adquirida por duas vias: Ingestão de carne crua ou pouco cozida (geralmente porco ou carneiro) contendo cistos de Toxoplasma ou contato íntimo com animais domésticos infectados (p. ex., gatos) ou solo infectado. Acredita-se que o solo e os vegetais de jardim possam ser contaminados por fezes de animais infectados que contenham oocistos (zigotos encapsulados no ciclo de vida do esporozoário). Os oocistos também podem ser transportados para alimentos por moscas e baratas.O organismo T. gondii atravessa a membrana placentária e infecta o feto causando alterações destrutivas no encéfalo (calcificações intracranianas) e olhos (coriorretinite) que resultam em deficiência mental, microcefalia, microftalmia e hidrocefalia. A morte fetal pode seguir à infecção, especialmente nos estágios iniciais da gravidez. Nathalia C. Ferreira | Universidade Anhembi Morumbi | Turma XV Defeitos encefálicos congênitos induzidos pela infecção por Toxoplasma. As imagens diagnósticas foram obtidas aos 2 anos e 9 meses de idade. A, A tomografia computadorizada simples mostra que os ventrículos laterais estão moderadamente dilatados. Múltiplos focos de calcificação são aparentes no parênquima encefálico (setas 1) e ao longo da parede ventricular (seta 2). B, A imagem de ressonância magnética (RM) com ponderação em T1 (400/22, 0,5 T) mostra que os giros corticais estão alargados no lado esquerdo e o córtex está espessado no lobo frontal esquerdo (seta) em comparação à estrutura correspondente do lado direito C, RM com ponderação em T2 (2.500/120, 0,5 T) mostra hipointensidade anormal (seta) do lobo frontal esquerdo. Uma característica da infecção fetal com toxoplasmose são as calcificações cerebrais. Outras que podem ser observadas no nascimento incluem microcefalia, macrocefalia ou hidrocefalia (aumento de líquido cerebroespinal). Sífilis A sífilis congênita é uma condição em que o feto é infectado com a bactéria Treponema pallidum, que causa a sífilis, durante a gravidez. A infecção pode ser transmitida para o feto através da placenta, principalmente se a mãe contraiu a doença durante a gestação. Se a infecção ocorrer no início da gravidez, o feto tem um risco maior de aborto espontâneo, parto prematuro e morte fetal. Se a infecção ocorrer mais tarde na gravidez, o feto pode nascer com sífilis congênita, que pode causar uma série de problemas de saúde, incluindo deformidades ósseas, anemia, icterícia, problemas no fígado e baço, cegueira, surdez e danos ao sistema nervoso central. Os sintomas da sífilis congênita podem variar de acordo com a fase da doença e a gravidade da infecção. Em casos leves, o bebê pode nascer assintomático ou apresentar apenas sintomas leves, como rash cutâneo, febre e aumento dos linfonodos. No entanto, em casos graves, a sífilis congênita pode causar danos graves ao bebê. O pequeno micro-organismo espiral que causa a sífilis, atravessa rapidamente a membrana placentária com 6 a 8 semanas de desenvolvimento. O feto pode ser infectado durante qualquer estágio da doença ou qualquer estágio da gravidez. Infecções maternas primárias (adquiridas durante a gravidez) geralmente causam infecção fetal séria e defeitos congênitos. Contudo, o tratamento adequado da mãe extermina os micro-organismos, impedindo que atravessem a membrana placentária e infectem o feto. Infecções maternas secundárias (adquiridas antes da gravidez) raramente causam doença fetal e defeitos congênitos. Se a mãe não for tratada, natimortos ocorrem em aproximadamente um quarto dos casos. Apenas 20% das gestantes não tratadas terão um feto normal. As manifestações fetais iniciais da sífilis materna não tratada são surdez congênita, dentes e ossos anormais, hidrocefalia (acúmulo excessivo de LCE) e deficiência mental. As manifestações fetais tardias da sífilis congênita não tratada são lesões destrutivas do palato e septo nasal, anormalidades dentárias (incisivos centrais superiores em forma de pino, com um sulco central e muito espaçados [dentes de Hutchinson] e defeitos faciais (saliência frontal, incluindo protuberância ou tumefação, nariz em sela e maxila pouco desenvolvida). Zika Quando uma mulher grávida é infectada pelo vírus da Zika, o feto corre o risco de desenvolver uma série de complicações, conhecidas como Síndrome Congênita do Zika. Essa síndrome é uma condição que afeta o desenvolvimento do sistema nervoso central do feto e pode causar danos graves ao bebê. Os sintomas da Síndrome Congênita do Zika podem incluir microcefalia (um crânio menor do que o normal), calcificações cerebrais, retardo do crescimento intrauterino, convulsões, problemas de visão e audição, além de outras complicações neurológicas e musculoesqueléticas. A gravidade dos sintomas da Síndrome Congênita do Zika pode variar de acordo com a fase da gestação em que a mãe foi infectada, sendo mais graves se a infecção ocorrer no primeiro trimestre. Além disso, algumas crianças com Síndrome Congênita do Zika podem apresentar sintomas mais leves no nascimento, mas desenvolver complicações neurológicas e cognitivas ao longo do tempo. Nathalia C. Ferreira | Universidade Anhembi Morumbi | Turma XV Está confirmado que o Zika vírus durante a gravidez pode causar microcefalia porque foram encontrados vírus no líquido amniótico que envolve o bebê durante a gravidez e no líquido cefalorraquidiano, presente no sistema nervoso central, dos bebês que já nasceram e foram diagnosticados com microcefalia. 4) Qual é a importância do pré-natal na prevenção dos fatores teratogênicos (acompanhamento, o que abrange, exames)? O acompanhamento pré-natal, por meio de ações preventivas, busca assegurar o saudável desenvolvimento da gestação e possibilitar o nascimento de um bebê saudável, com preservação de sua saúde e de sua mãe. Estudos têm demonstrado que um pré-natal qualificado está associado à redução de desfechos perinatais negativos, como baixo-peso e prematuridade, além de reduzir as chances de complicações obstétricas, como eclampsia, diabetes gestacional e mortes maternas. A Atenção Primária à Saúde (APS) configura-se como espaço estratégico para um pré-natal de baixo risco e de qualidade. No Brasil, a APS, norteada pela Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), destaca que é competência da equipe de saúde o acolhimento e a atenção à saúde da gestante e da criança, englobando a prevenção de doenças, a promoção da saúde e o tratamento de agravos ocorridos durante o período gestacional até o período puerperal e os cuidados com a criança. Nesse cenário, a atuação compartilhada entre os profissionais da saúde possibilita diferentes olhares sobre as práticas no acompanhamento pré- natal, garantindo uma atenção integral e aumentando o potencial de resolutividade. O pré-natal é um tipo de cuidado de saúde importante para todas as grávidas. O objetivo principal é garantir que a gestação seja saudável e identificar e tratar possíveis problemas logo no início. Isso envolve fazer exames e ultrassonografias regulares, bem como tomar vacinas necessárias para este período. Existem diversos exames que podem ser realizados durante o pré- natal, incluindo: Testes de gravidez: são usados para confirmar a gravidez e determinar a idade gestacional. Hemograma completo: verifica o número e a qualidade das células sanguíneas da gestante, incluindo hemácias, leucócitos e plaquetas. Testes de urina: são usados para detectar possíveis infecções urinárias e doenças renais. Glicemia de jejum: é feita para detectar a presença de diabetes gestacional, que é uma forma de diabetes que pode se desenvolver durante a gravidez. Sorologia para doenças infecciosas: inclui testes para HIV, sífilis, hepatite B e C, toxoplasmose e rubéola. Esses testes são importantes porque algumas dessas doenças podem ser transmitidas da mãe para o feto e causar complicações. Tipagem sanguínea e fator Rh: é feita para determinar o tipo sanguíneo da mãe e verificar se ela possui o fator Rh. Se a mãe for Rh negativo e opai for Rh positivo, é necessário um cuidado especial para evitar a incompatibilidade sanguínea que pode levar à doença hemolítica do recém-nascido. Ultrassonografia: é a principal forma de imagem para avaliar a saúde do feto, devido a sua ampla disponibilidade, qualidade de imagem, baixo custo e falta de efeitos adversos. A ultrassonografia permite visualizar o saco coriônico e o conteúdo fetal, determinar tamanhos placentário e fetal, detectar partos múltiplos, anomalias do formato placentário e apresentações anormais. Além disso, permite medir o diâmetro biparietal do crânio fetal, a partir do qual é possível estimar a idade e comprimento fetal. A técnica também é útil para diagnosticar gestações anormais precocemente e realizar biópsias de tecidos fetais, como pele, fígado, rim e músculo, com orientação ultrassonográfica. A, Ultrassonografia tridimensional de um feto de 28 semanas mostrando a face. As características da superfície são claramente identificáveis. B, Fotografia do mesmo neonato, três horas após o parto. Amniocentese Diagnóstica é um procedimento diagnóstico pré-natal invasivo comum, geralmente realizado entre 15 a 18 semanas de gestação. O líquido amniótico é coletado através da inserção de uma agulha de calibre 22 através das paredes abdominal anterior e uterina maternas até a cavidade amniótica através da perfuração do cório e do âmnio. Uma vez que há relativamente pouco líquido amniótico antes da 14ª semana, a amniocentese é de difícil realização antes desse momento. O volume do líquido amniótico é de, aproximadamente, 200 mL, de modo que 15 a 20 mL podem ser retirados com segurança. A amniocentese é relativamente isenta de risco, especialmente quando o procedimento é realizado por um médico experiente utilizando orientação ultrassonográfica em tempo real para o delineamento da posição do feto e da placenta. A, Ilustração de uma amniocentese. Uma agulha é inserida através das paredes abdominal e uterina inferiores até a cavidade amniótica. Uma seringa é fixada e o líquido amniótico é coletado para fins diagnósticos. B, Desenho ilustrando uma coleta de amostra de vilosidade coriônica. Duas abordagens para a coleta estão ilustradas: através da parede abdominal anterior materna com uma agulha e através da vagina e colo utilizando um cateter flexível. O espéculo é o instrumento para a exposição da vagina. Valor diagnóstico da amniocentese A amniocentese é uma técnica comum para a detecção de distúrbios genéticos (p. ex., síndrome de Down). As indicações comuns para a amniocentese são: • Idade materna avançada (≥38 anos). • Nascimento prévio de uma criança com trissomia do 21. • Anomalia cromossômica em um dos genitores. • Mulheres que são portadoras de distúrbios recessivos ligados ao X (p. ex., hemofilia). • História de defeitos do tubo neural na família (p. ex., espinha bífida cística). Nathalia C. Ferreira | Universidade Anhembi Morumbi | Turma XV • Portadores de erros inatos do metabolismo. Testes de estresse fetal: são realizados para verificar a saúde do feto, avaliando sua frequência cardíaca e movimentos em resposta a estímulos externos. Ensaio para Alfafetoproteína (AFP) é uma glicoproteína que é sintetizada pelo fígado fetal, pela vesícula umbilical e pelo intestino. A AFP é encontrada em altas concentrações no soro fetal, com os níveis atingindo o seu máximo em 14 semanas após o UPMN (primeiro dia do último período menstrual normal). Somente pequenas concentrações de AFP normalmente penetram no líquido amniótico. A concentração da AFP está elevada no líquido amniótico que circunda os fetos com graves defeitos do sistema nervoso central e da parede abdominal ventral. A concentração de AFP no líquido amniótico é medida por imunoensaio; quando a medida é conhecida e a triagem ultrassonográfica é realizada, aproximadamente 99% dos fetos com defeitos graves podem ser diagnosticados no pré-natal. Quando um feto apresenta um defeito do tubo neural aberto, a concentração de AFP provavelmente também estará mais alta do que o normal no soro materno. A concentração de AFP no soro materno é mais baixa do que o normal quando o feto apresenta síndrome de Down (trissomia do 21), síndrome de Edwards (trissomia do 18), ou outros defeitos cromossômicos. Estudos Espectrofotométricos: o exame do líquido amniótico por estudos espectrofotométricos pode ser usado para a avaliação do grau de eritroblastose fetal, também denominada doença hemolítica do neonato. Essa doença resulta da destruição das hemácias fetais por anticorpos maternos. A concentração de bilirrubina (e de outros pigmentos relacionados) se correlaciona com o grau de doença hemolítica. Amostra de Vilosidade Coriônica: as biópsias de tecido trofoblástico (5 a 20 mg) podem ser obtidas pela inserção de uma agulha, orientada por ultrassonografia, através das paredes abdominal e uterina da mãe (inserção transabdominal) para o interior da cavidade uterina. A coleta de vilosidade coriônica (CVC) também pode ser realizada por via transcervical através da passagem de um catéter de polietileno pelo colo sob orientação ultrassonográfica em tempo real. Para a avaliação da condição de um feto em risco, o cariótipo fetal (características cromossômicas) pode ser obtido; desse modo, com o emprego da CVC, um diagnóstico pode ser estabelecido semanas antes do que seria possível através da amniocentese. As biópsias de vilosidades coriônicas são usadas para detecção de anomalias cromossômicas, erros inatos do metabolismo e de distúrbios ligados ao X. A CVC pode ser realizada entre 10 e 12 semanas de gestação. A taxa de perda fetal é de, 0,5% a 1%, uma taxa que é ligeiramente superior àquela da amniocentese. Os relatos relativos a um aumento do risco de defeitos nos membros após a CVC são conflitantes. A vantagem da CVC sobre a amniocentese é a de poder ser realizada mais cedo, de modo que os resultados da análise cromossômica estarão disponíveis várias semanas antes. Culturas Celulares e Análise Cromossômica: a prevalência de distúrbios cromossômicos é de, aproximadamente, um a cada 120 recém-nascidos. O sexo fetal e as aberrações cromossômicas podem ser determinados por meio do estudo dos cromossomos em células fetais cultivadas obtidas durante a amniocentese. Se a concepção ocorrer por meio de tecnologias de reprodução assistida, é possível obter células fetais pela realização de uma biópsia do blastocisto em maturação. Essas culturas são comumente realizadas quando uma anomalia cromossômica, como, por exemplo, a síndrome de Down, é suspeitada. O conhecimento do sexo fetal pode ser útil no diagnóstico da presença de graves doenças hereditárias ligadas ao sexo, tais como a hemofilia (um distúrbio hereditário da coagulação do sangue) e a distrofia muscular (um distúrbio hereditário degenerativo progressivo que afeta a musculatura esquelética). Além disso, as microdeleções e as microduplicações, assim como os rearranjos subteloméricos, podem atualmente ser detectados por hibridização in situ fluorescente. Os erros inatos do metabolismo nos fetos também podem ser detectados pelo estudo de culturas celulares. As deficiências enzimáticas podem ser determinadas pela incubação de células recuperadas do líquido amniótico e, então, da detecção da deficiência de enzimas específicas nessas células. Esses são apenas alguns exemplos de exames que podem ser realizados durante o pré-natal, e a frequência e os tipos de exames podem variar de acordo com a idade gestacional, as condições de saúde da mãe e outros fatores.
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