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DOENÇA DE PARKINSON Doença neurodegenerativa que atinge os neurônios produtores de dopamina no mesencéfalo. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O DEFINIÇÃO: Principal transtorno de movimento hipocinético, caracterizado pelo parkinsonismo. EPIDEMIOLOGIA • 2ª doença neurodegenerativa mais comum: Acomete 2-3% da população > 65 anos. • Prevalência aumenta com a idade: Mais comum após os 50 anos de idade. • Afeta ambos os sexos: Ligerira prevalência pelo sexo masculino. ETIOLOGIA → Interação de fatores genéticos + ambientais + envelhecimento. FISIOPATOLOGIA: Deficiência da transmissão dopami- nérgica na via nigroestriatal por degeneração dos neurônios mesencefálicos nigrais. O processo degenerativo tem progressão caudorostral, começa no bulbo e ascende pelo mesencéfalo e até estruturas corticais (na doença mais avançada). 1. Depósitos anormais de alfassinucleína: Proteína de ação pré-sináptica. 2. Alterações estruturais na alfassinucleína 3. Agregação e formação de depósitos em células susceptíveis: Como substância nigra/locus cerulus, formando os corpúsculos de Lewy. 4. Disfunção de organelas e morte neuronal. QUADRO CLÍNICO MANIFESTAÇÕES MOTORAS → Sd. Parkinsoniana! 1. Bradicinesia: Sintoma principal e obrigatório! Lentidão e redução da amplitude dos movimentos e dificuldade em sustentar mov. rep., geralmente são assimétricos e com início unilateral. a. Cranial: Redução da expressividade facial, dificuldade de engolir, sialorreia, disfagia e disartrofonia (reduz o volume das falas). b. Membros: Micrografia, comprometimen- to motor fino (digitar, usar o mouse). c. Marcha: Movimentos curtos e pés arrastados, virada em bloco. 2. Rigidez: Hipertonia plástica e exacerbação dos reflexos tônicos segmentares. 3. Tremor de repouso: 70-80% dos casos. Piora na marcha, esforço mental e tensão emocional, desaparece com o sono. Acomete mais as mãos. 4. Instabilidade postural: Perda de reflexos da readaptação postural (fase tardia da doença) *PARA LEMBRAR: James Parkinson foi um médico BRITânico → Bradicinesia, Rigidez, Instab e Tremor! MANIFESTAÇÕES NÃO MOTORAS (4 TIPOS): NEUROPSIQUIÁTRICAS • Depressão: Distúrbio neuropisiq mais comum na DP, acomete cerca de 40% dos pacientes. Se manifesta com pessimisto, tristeza, perda de apeti- te, distúrbios do sono, aneidade. • Declínio cognitivo: Discretas no início, que evoluem para um quadro demencial em até 40%. • Ansiedade: Principalmente pela incapacidade física trazida pela doença. • Apatia: Falta de vontade de fazer as coisas. AUTONÔMICAS • Gastrointestinais: Obstipação intestinal (sintoma mais comum e mais precoce), disfagia e gastropa- resia. • Hipotensão postural • Disfunção vesical DISTÚRBIOS DO SONO • Transtornos do ciclo sono-vigília: Insônia e sonolência diúrna são os principais sintomas, suas causas são representadas no diagrama abaixo: V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O OUTRAS MANIFESTAÇÕES • Hiposmia: 80-90% dos pacientes com DP, pode ser um dado imporante para diagnóstico diferencial. • Fadiga e dor: Secundárias às alterações motoras. RELAÇÃO DOS SINTOMAS NÃO MOTORES AO DX DIAGNÓSTICO → 3 PASSOS! 1) Caracterização da síndrome parkinsoniana: Diferenciar tremor essencial de DP. 2) Identificação da causa do parkinsonismo: Excluir parkinsonismo secundário ou atípico. 3) Confirmação do diagnóstico clínico por resposta terapêutica à levodopa PASSO 1: CARACTERIZAÇÃO DA SÍNDROME PARKINSONIANA: Pelo menos dois componentes da tétrade (bradicinesia, rigidez, tremor de repouso e instabilidade postural). O maior objetivo é descartar um quadro de tremor essencial, por isso é importante conhecer as principais característica divergentes: PASSO 2: IDENTIFICAÇÃO DA CAUSA DA SÍNDROME PARKINSONIANA: Reconhecer causas específicas (secundárias), ou formas atípicas. Em DP de início precoce, há uma relação genética importante (locus PARK1, PARK2), afastar as outras causas e diagnósticos diferenciais, principalmente a doença de Wilson. PASSO 3: BOA RESPOSTA TERAPÊUTICA: Resposta terapêutica adequada às drogas dopaminérgicas (principalmente o Levodopa), vale lembrar que alguns diagnósticos diferenciais podem apresentar resposta, mesmo que menor. A evolução deve ser lenta e o paciente medicado tem, pelo menos, 5 anos de independência. EXAMES COMPLEMENTARES → DIAG. DIFERENCIAL! • TC e RNM: Diagnóstico diferencial! • PET-CT: Na DP, há uma redução na captação do radioisótopo no estriado (putâmen), o que ajuda a diferenciar a doença do tremor essencial. • USG transcraniana: Mais de 90% dos pacientes apresentam hiperecogenicidade da substância negra, mas essa alteração pode estar presente em até 10% de grupo-controle. • Exame do olfato: Lembrar da hiposmia na DP! CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (UK PD Society) TRATAMENTO MANEJO DA FASE INICIAL • Levodopa com inibidores da DDC: 2-4X ao dia de 50-100 mg. É a droga mais eficaz! Associado com a benzarazida (ou carbidopa) para diminuir os efeitos adversos periféricos, seu efeito diminui após 3 anos de uso, por isso evitar usar no começo! V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O • Rasagilina: Inibidor da MAO-B, tem bom efeito neuroprotetor e baixo antiparkinsoniano. Reserva- do a pacientes na fase inicial (primeira escolha!). • Anticolinérgicos (biperideno): Iniciar em pacientes jovens, em que o tremor seja o principal sintoma. Não utilizar em pacientes > 65 anos (causa demên- cia farmacológica, constipação). • Amantadina: Bloqueia a recaptação de serotonina, é um fraco antiparkinsoniano mas com baixa toxicidade, indicado em fases iniciais pouco sintomática e em discinesias incapacitantes. • Agonistas dopaminérgicos (pramipexol): Podem ser usados em monoterapia ou associados, retardando a necessidade inicial de usar levodopa. (Disponível no SUS! Amplamente utilizado) MANEJO DA FASE AVANÇADA → INDIVIDUALIZADO! • Se encurtamento do efeito ou discinesias: Fracio- nar o número de tomadas (meio comprimido e aumentar o número de vezes por dia), se não funcionar, adicionar rasagilina 1 mg ao dia ou agonista dopaminérgico (pramipexol e rotigotina). • Flutuações motoras: Paciente fica em período ON e OFF (paralisado), fazer Entacapone 200 mg para reduzir essas fases. • Medidas dietéticas: Tomar os comprimidos longe das refeições (principalmente proteicas). • Se acinesia noturna: Liberação gradual da levodopa (levo + benzarasida HBS ou DR). RESUMO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO • Fase inicial: Rasagilina (1ª linha), pramipexol (2ª linha, tem no SUS), considerar Levodopa em pacientes que precisam de um maior controle motor para manter sua funcionalidade. • Fase intermediária (após 5 anos de evolução, aprox.): Levodopa! • Fase avançada: Polifarmácia! Levodopa fracionada entre 3-4h, cuidar as complicações. TRATAMENTO DOS SINTOMAS NÃO MOTORES • Depressão: ISRS, como sertralina, escitalopram e venlafaxina. • Demência: Anticolinesterásicos como rivastigmina, donepezila e galantamina. • Psicose e alucinações: Diminuir a dose de alguns antiparkinsonianos, principalmente os anticolinér- gicos e a amantadina. • Constipação: Dieta rica em fibras, laxativos se necessário (lactulona e macrogol). TRATAMENTO CIRÚRGICO • Indicação: Presença de complicações motoras de longo prazo mesmo na melhor combinação de drogas antiparkinsonianas. • Procedimento: Ablação (talamotomia se tremor unilateral, palidotomia se discinesia, subtalamo- tomia) ou estimulação cerebral profunda (DBS). TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO• Fisioterapia: Queixas posturais, de equilíbrio e marcha pode se associar a fisio com os fármacos. • Fonoterapia: Se houverem problemas com a deglutição e comunicação, haja vista que o pct pode cursar com disartrofonia e disfagia.
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