Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA MICHELLE DO NASCIMENTO RODRIGUES RESENHA DO LIVRO: UTILITARISMO DE JOHN STUART MILL BRASÍLIA - DF 2018 MILL, J. S. Utilitarismo. Introdução, tradução e notas de Pedro Galvão. Porto: Porto Editora, 2005, pp. 41-105. Neste trabalho farei uma resenha sobre a obra Utilitarismo, de John Stuart Mill, John foi um economista e filósofo, nascido em Londres em 1806. Teve uma grande influência de Jeremy Bentham em defesa do utilitarismo, Mill foi um grande defensor também do liberalismo político. Dedicou-se aos estudos sobre economia política, lógica, ética e filosofia política. Em sua obra, Utilitarismo, Mill divide em cinco partes. A primeira parte retrata observações gerais sobre o utilitarismo, ele começa descrevendo que o fundamento da moralidade se tornou algo de investigação teórica, criando inclusive escolas e seitas por haver pensadores com diferentes ideias. As divergências de ideias tiveram como consequência inclusive rivalidades, e é possivelmente que esses pensadores nunca chegarão a um consenso. A teoria do utilitarismo veio contra a moral popular do sofista, e essa questão foi posta em um dos diálogos de Platão, na qual Sócrates defendeu ouvindo Protágoras. O autor discorda que as verdades são os primeiros princípios de uma ciência, ele defende que a verdade são os resultados da ciência que é versada sobre a metafísica. Toda ação deve ser levada a algum fim, e este fim deve ser baseado (regrado) de acordo com a ação que o procura. As primeiras opiniões sobre os princípios morais vieram com a ideia de ser algo a priori, que bastava compreender os significados dos termos, e isso é necessário para impor a aceitação desses princípios. Na segunda parte do livro, será abordado o conceito de utilitarismo, ele começa o capítulo relatando muito bem sobre o sentido coloquial e pervertido que as pessoas aderem a palavra utilitarismo, podendo ter o significado de algo superior e até mesmo se opondo ao prazer. O autor fala de uma forma admissível sobre o Princípio da Maior Felicidade, que é um fundamento da moralidade e que o objetivo é produzir a felicidade, isso é julgado como certo, e é julgado como errado algo que promove o reverso da felicidade. A felicidade é bem definida pelo autor como coisas que são desejáveis em si mesmas pelo prazer, ou como meio de prevenir a dor e possuir uma ascensão ao prazer, a infelicidade é a privação do prazer e a presença de dor. Os epicuristas foram julgados por defenderem essa teoria, pois para eles o prazer era o principal fim da vida, a Carta a Meneceu deixa bem claro isso, muitos críticos atacaram os epicuristas comparando-os como porcos. Mas os prazeres que os epicuristas prezam é o prazer necessário e natural, na qual não há exarcebação. O autor também defende os epicuristas utilizando explicações totalmente plausíveis, como os prazeres mentais que os epicuristas adotam, que vai muito mais além dos prazeres de mera sensação, os prazeres do intelecto, da imaginação e principalmente moral, são mais elevados do que o prazer que os críticos dos epicuristas interpretam, e os utilitaristas acreditam que o prazer mental é superior ao prazer corporal. Um ser superior não significa que é mais feliz que um ser inferior, na verdade ele sabe que qualquer felicidade que possa vir poderá ser imperfeita, pois ele leva em consideração a constituição do mundo. A tentação é a realização de algo impulsionado que leva a praticar ações censuráveis e não recomendadas, como por exemplo a tentação à doces, o indivíduo sujeito a essa tentação comete a comer doces de forma exacerbada, e isso não é algo recomendável. No livro é citado a tentação aos prazeres, que por conta da fraqueza de caráter o indivíduo opta por ir ao caminho mais fácil, alcançar o bem de forma mais prática, mesmo sabendo que este bem é menos valioso do que o bem que é mais trabalho de conquistar. Quando o homem cai nessas tentações, acabam se acomodando por serem ações práticas, e essa acomodação te como consequência os vícios sensuais, estes podendo prejudicar até mesmo a saúde. O utilitarismo tem como objetivo promover a felicidade em termos gerais, de todos, e não apenas a felicidade do próprio agente, esse objetivo é muito convincente, pois a felicidade global é a felicidade de cada um dos indivíduos, ou seja de todos, a felicidade do próprio agente não é o mesmo do que todos os agentes, oferecendo assim a felicidade apenas de alguns. E para alcançar esse fim, a doutrina utilitarista afirma ser possível através da nobreza de caráter de todos os indivíduos. Muitos críticos do utilitarismo dizem que a felicidade não pode ser o fim último, pois ela é inalcançável e ainda afirmam que o homem pode viver sem a felicidade, Mill os contrapõem muito bem, alegando que o utilitarismo não é apenas a procura da felicidade, ela também é a prevenção da infelicidade. E se considerar que a felicidade é excitação altamente aprazível é claro que a torna impossível, pois como John explica, a felicidade exaltada não é permanente, ela é durável apenas por alguns momentos. A felicidade deve ser entendida como algo que preenche as dores com momentos que causam prazeres. Um dos reconheceres da moral utilitarista é sacrificar seu bem pelo bem do próximo, é a moralidade da devoção pessoal. A ética utilitarista tem como objetivo sobre a virtude como uma multiplicação da felicidade, é valorizado a utilidade pública que diz que qualquer pessoa tem a capacidade de multiplicar a felicidade e a utilidade privada, na qual a felicidade de apenas algumas pessoas possuem atenção. Isso é muito bem colocado pelo John Stuart Mill, pois o utilitarismo priva pela felicidade global sendo assim o apropriado é a utilidade pública, e não a privada, pois isso é necessário para a isonomia para com a felicidade. Na terceira parte do livro é ressaltado sobre a última sansão do princípio da utilidade, ele começa expressando que a moralidade comum é a única que possui um sentimento de obrigação em si mesma, o princípio da utilidade possui dois tipos de sansões: as sansões externas e as sansões internas, as sansões externas é quando um homem realiza uma ação e espera, por meio desta, receber algum benefícios ou teme a reprovação de alguém superior ou do semelhante. Como a questão de Deus que Mill cita e que é muito conveniente, muitas pessoas realizam ações que contribuem para a felicidade geral, devido a aprovação de Deus, sendo assim a espera por um benefício e o medo de um castigo externo é procedido por Deus. A sansão interna faz parte do sentimento do dever, que provem da própria mente do indivíduo, é uma dor que é consequência da violação de algum dever. E a sansão interna é a sanção última da moralidade, o autor coloca que é uma questão de sentimentos conscienciosos da humanidade, na qual não é subordinada a uma influência, ao contrário da sansão externa. O autor coloca bem na questão em que a consciência humana é mais valiosa do que uma influência, pois uma pessoa que reconhece sua violação e, às vezes, modifica sua ação por ter “pesado a consciência” tem mais maturidade e educação do que uma pessoa que faz algo por influência de outrem, e não por ela mesma. É debatido sobre o dever, se esse é inato ou adquirido, o autor tem uma posição em que me insiro, em que os sentimentos morais são adquiridos e não inato, pois ele não faz parte da natureza humana. O sentimento de dever pode ser fixado através das sansões externas e com o tempo, dependendo da consciência de cada pessoa, tornar-se uma sansão interna. A quarta parte do livro trata-se do tipo de prova que o princípio da utilidade admite, a doutrina utilitarista prova que a única coisa desejável é a felicidade, e as ouras coisas que são desejadas são meios para essa felicidade, e para provar isso é necessário mostrar que o que as pessoas desejam são realmente a felicidade. A felicidade é um bem, e Mill usa como argumento fato de a felicidade de cada pessoaser um bem, logo se todos conseguissem alcançar esse fim, a felicidade se tornará algo global. Mas, além disso é preciso provar de que todas as pessoas desejam a felicidade, e não desejam nada além dela, ele exemplifica utilizando a virtude, que não é um desejo que todos almejam, mas a doutrina utilitarista defende que a virtude deve ser desejada por si mesma, além da virtude ser um dos melhores meios para o fim último, ela é algo que as pessoas conseguem obter sem procura-la, mas procurando um outro fim. Não é qualquer tipo de prazer ou qualquer ausência de dor que a doutrina da utilidade preza, além desses serem meios são parte do fim, a virtude tornou-se não meio para a felicidade, mas uma parte da mesma. O autor explicou muito bem em como as pessoas focam na sua felicidade e durante o caminho se deparam com a virtude, com desinteresse, mas a carregam com si, fazendo parte do seu fim. É muito bem esclarecido pelo autor a questão de quais provas são aceitas pelo utilitarismo. A primeira é quando a natureza humana almeja aquilo que faz parte da felicidade ou é um meio pra ela, pensando dessa forma é válido dizer que a felicidade é o único fim da nação humana. E olhando por outro lado, se os seres humanos não desejam nada por si mesmo, apenas o prazer e a privação da dor não é provável para a aceitação do utilitarismo, pois pensando dessa forma, uma pessoa que busca apenas seu próprio prazer e sua própria privação de dor, sem se preocupar com os caminhos para seus fins, é uma questão totalmente inalcançável da felicidade geral. É retratado nessa parte livro a diferença entre vontade e desejo, a vontade é uma resultante do desejo no primeiro momento, logo ela possui sua vida própria. A vontade está sujeita ao hábito, e para a tornar fortalecida, como a vontade de ser virtuoso, é necessário inserir o desejo de ser virtuoso. A vontade não um bem, mas um caminho para o bem. É totalmente provado o utilitarismo pelas palavras do autor pois as pessoas tentam encontrar um meio para esse fim, e durante essa tentativa ela se depara com a virtude, que pode ser desejada e depois o indivíduo possui a vontade de adquiri-la e quando a adquire ele torne parte do seu fim, que é a felicidade. Na quinta parte o autor faz uma conexão entre justiça e utilidade, ele começa definindo que o justo deve existir como algo absoluto e que a justiça possui um sentimento de alguém ser controlado ou esclarecido por uma superioridade da razão. As regra da justiça tem uma relação com o campo da conveniência geral, mas a partir do momento em que o sentimento pela justiça está ligado à conveniência e tornar-se mais exigente, agindo de uma forma imperativa, é mais difícil de enxergar um ramo da utilidade geral na justiça. É necessário então procurar a qualidade da justiça e da injustiça. É muito bem colocado pelo autor sobre essa questão da exigência e da utilidade, pois uma pessoa totalmente imperativa e exigente, não conseguirá alcançar a felicidade global, tornará difícil para ela conseguir esse fim. Mill cita cinco diversidades sobre o caráter de justiça, o primeiro é considerado seus conceitos, temos como injusto a privação da liberdade de alguém, a privação de qualquer coisa que a pessoa tem direito por lei. E a justiça é o respeito que aquela pessoa recebe, a não violação de seus direitos legais. O segundo são direitos que não deve pertencer à alguém, são direitos legais, mas que privaram para algumas pessoas, essa lei legal privada é chamada de má lei. O terceiro é a noção do merecimento, é justo uma pessoa ter direito aquilo que ela merece, e o injusto é ela ganhar um benefício ou um malefício, sem que ela mereça. O quarto é a injustiça de faltar a um compromisso, faltar à palavra, isso faz com que alguém se frustre com alguma expectativa sobre essa pessoa que lhe faltou a palavra. O quinto trata-se da inconsistência de ser parcial, isso demonstra predileção por alguém em detrimento de outrem. Todas essa situações acontecem de fato, e se enquadram apropriadamente no quesito justo e injusto. Os estudiosos de ética dividem os deveres morais em dois: a obrigação imperfeita que embora o ato seja obrigatório, fica ao critério de cada um em quando realizar, como no caso da caridade e das boas ações; e a obrigação perfeita, são os deveres em virtude da correlação de alguém ou de várias pessoas. O sentimento de justiça é uma forma de vingança ou de reconciliação, e é aplicável a partir da intelectualidade e da simpatia, não é um sentimento moral, é apenas um sentimento subordinado pela simpatia da sociedade. O sentimento moral é como um ressentimento que alguém sente sobre determinada atitude, mas a pessoa tem moral suficiente para determinar se o ato é ou não condenável antes de se ressentir sobre o mesmo. John Stuart Mill deixa bem claro quando menciona que a ideia de justiça é uma regra de conduta que é comum a todos e que possui o bem em vista, e a um sentimento que sancione essa regra que é um desejo para aqueles que violaram alguma regra. O autor conclui que a justiça é a parte mais elevada da utilidade, e as vezes é certo violar algumas leis, como para salvar a vida de alguém, a justiça é algo de convenção, ela promove o prazer e a conveniência dos humanos com o sentimento mias brando e em virtude da natureza. É muito concordável quando o autor menciona que a justiça é o maior grau da utilidade, pois com o uso benéfico da justiça, a felicidade torna-se igualitária para todos, ela se torna o objetivo final. O autor utilizou métodos conceituais e históricos para definir vários conceitos, como a utilidade, a justiça e a injustiça, e usou também métodos comparativos, como para comparar a doutrina da maior felicidade com a doutrina epicurista, possui muitos pontos em comum. Essa doutrina é fortemente influenciada pelo padrinho de John Stuart Mill, o Jeremy Bentham, um grande filósofo e jurista, este chefiou o grupo do utilitarismo. A obra é endereçada a várias disciplinas, como ética, política e filosofia do direito.
Compartilhar