Buscar

Infanticídio: Entenda o Crime

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O Código Penal de 1940 adotou critério diverso, ao estabelecer em 
seu artigo 123: 
" Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, 
durante ou logo após o parto ". 
O infanticídio é considerado um delictum exceptum, quando a 
parturiente está sob influência do puerpério, no entanto, isso não 
significa que o puerpério sempre leve à perturbação psíquica e sim 
que devemos analisar se o crime foi advindo em consequência ao 
puerpério. 
Sujeito a pena de 2 a 6 anos, sendo que “durante o parto” (para o 
médico-legal) é considerado o período que vai desde a ruptura de 
membranas até ocorrer a expulsão do feto e placenta (fases de 
expulsão e dequitação); 
O período correspondente à após o parto é de limitação imprecisa e 
para a compreensão desse, é preciso recorrer a condição de que o 
fato se dê sob influencia do estado puerperal. 
Ou seja, pra ser considerado infanticídio: 
MOMENTO DO INICIO DO PARTO + INFLUÊNCIA DO ESTADO 
PUERPERAL. 
Caso o crime tenha acontecido fora das hipóteses do art.123, ou seja, 
fora do estado puperperal, é considerado um crime de homicídio. 
O abandono do RN com a finalidade de ocultar a desonra própria, 
sem a influência puerperal e sem limite temporal, é caracterizado o 
crime de exposição ou abandono do RN (art. 134), no entanto, se esse 
abandono for sob influência do estado puerperal, o abandono é 
considerado um meio para a prática do infanticídio. 
Nesse tipo de crime, o sujeito ativo é a mãe da criança e a criança, 
nascente ou neonato é o sujeito passivo. Além disso, o infanticídio é 
considerado um crime próprio, podendo ser praticado apenas pela 
mãe. OBS: feto sem vida (que nasceu morto) não pode ser sujeito 
passivo, pois constitui crime impossível. 
A lei não exige que o RN tenha vitalidade, basta ele estar vivo, 
mesmo que se comprove que ele não teria capacidade de 
continuação de vida extra uterina. 
TIPIFICAÇÃO DO INFANTICÍDIO 
Psicológico: a mãe mata por achar que o filho é motivo de desonra 
(geralmente quando a gravidez é fruto de uma traição, etc); 
Fisiopsicológico: a mãe mata sob influência do estado puerperal (a 
lei admite que esse estado gera uma situação de turvação do espírito 
capaz de determinar a mulher a praticar o infanticídio); 
Misto: agrega tanto a honra da mãe, quanto o estado puerperal. 
ESTADO PUERPERAL 
Conjunto de perturbações físicas e psíquicas que sofre o organismo 
da mulher com o fenômeno do parto. Essa situação, mesmo que 
existente, será transitória e geralmente se apaga sem deixar 
vestígios. Por isso, é difícil demonstrar que ela ocorreu e que ela 
conduziu ao crime. 
 
 
 
 
 
 
 
Vale ressaltar que nem sempre o estado puerperal ocasiona 
perturbações emocionais que possam levar a mãe a matar o próprio 
filho. 
O processo do parto, as dores, a perda de sangue e o enorme esforço 
muscular, podem levar facilmente a mulher a uma perturbação de 
consciência. É esse estado que torna a morte do próprio filho um 
homicídio privilegiado (infanticídio). 
CARACTERIZAÇÃO DO INFANTICÍDIO 
Na perícia devemos buscar elementos do delito com o objetivo de 
caracterizar: 
› diagnóstico de tempo de vida, ou seja, estados de natimorto, 
feto nascente, RN ou infante nascido. 
› diagnóstico do nascimento com vida, que é a extra uterina. 
› diagnóstico do mecanismo de morte, ou seja, a causa jurídica 
de morte do infante. 
› diagnóstico do estado puerperal, ou seja, estado psíquico da 
mulher. 
› comprovação do parto pregresso, que é o diagnóstico do 
puerpério ou do parto recente ou antigo da autora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROVAS DE VIDA EXTRA UTERINA 
A vida extra-uterina é representada principalmente pela respiração 
autônoma do infante nascido e do RN e por modificações capazes 
de oferecer ao perito condições de um diagnóstico de vida 
independente. O diagnóstico pode ser feito através da comprovação 
respiratória pelas docimasias (provas baseadas na possível 
respiração ou nos seus efeitos) e pelas provas ocasionais. 
DOCIMÁSIAS PULMONARES (DIRETAS): 
Hidrostática de Galeno: é uma das mais seguras; fundamenta-se na 
densidade pulmonar que respirou do que não respirou. A densidade 
do pulmão fetal oscila entre 1.040 e 1.092, com a respiração ocorre 
a expansão alveolar, seu peso permanece o mesmo, mas o volume 
aumenta, assim a densidade chega a 0,70 e 0,80. Considerando a 
densidade da água (1,0), o pulmão que não respirou, não flutuará. Se 
 Natimorto: feto que morreu durante o período perinatal (a partir da 
22ª semana de gestação e peso de 500g). Pode ser de causa natural 
ou violenta. 
Feto nascente: o feto apresenta todas as características do infante 
nascido, mas não respira/não chegou a respirar. 
Infante nascido: aquele que acabou de nascer, chegou a respirar, no 
entanto não recebeu nenhum cuidado especial. Suas partes, peso e 
estatura são proporcionais, há desenvolvimento dos órgãos genitais; 
núcleos de ossificação fêmur-epifisária; estado sanguinolento (corpo 
coberto de sangue materno ou fetal); induto sebáceo que recobre 
grande parte do corpo do infante; tumor do parto (saliência em 
virtude da pressão exercida pelo anel do colo uterino); cordão 
umbilical; presença de mecônio e respiração autônoma. 
Recém Nascido: desde os primeiros cuidados após o parto até o 7º dia 
de vida. Caracterizado pelos vestígios comprovatórios da vida 
intrauterina. O RN possui: bossa serossanguinolenta; descamação 
epidérmica; induto sebáceo; mielinização do nervo óptico; mecônio; 
obliteração dos vasos do cordão umbilical. O RN pode apresentar as 
mesmas características do infante nascido, com exceção do estado 
sanguinolento e o não tratamento do cordão umbilical. 
 
 
 
INFANTICÍDIO 
Laís Rios Saad – T9 
Não confundir estado puerperal com puerpério!!!! 
O puerpério é o período no qual o corpo da mulher retornará para o seu 
estado pré-gravídico, durando aproximadante 60 dias. Já o estado 
puerperal é o estado transitório, durante o parto ou logo após, que gera 
alterações físicas e psíquicas que podem levar a puérpera a cometer ações 
criminosas. 
o pulmão flutuar, indica que o feto respirou. Essa prova só tem valor 
até 24 horas após a morte do infante, pois, a partir desse tempo, 
começam a surgir os gases oriundos do fenômeno transformativo da 
putrefação, dando, por conseguinte, um resultado falso-positivo. 
Exame histológico de Balthazarel: é a melhor prova, pois funciona 
mesmo em pulmões putrefeitos. Consiste no estudo microscópico 
do tecido pulmonar através da histologia. O pulmão do infante que 
respirou é estruturalmente igual ao de um adulto, já o pulmão que 
não respirou tem as cavidades alveolares colabadas e tecido 
pulmonar com bolhas irregulares. 
Visual de Bouhut: é a inspeção visual do pulmão do infante, caso ele 
tenha respirado, há um desenho do mosaico alveolar. Se não 
respirou, há um aspecto compacto, liso e uniforme (pulmão 
hepatizado). 
Diafragmática de Ploquet: o diafragma é observado após a cavidade 
toracoabdominal ser aberta, caso o examinado tenha respirado, há 
uma horizontalidade diafragmática, caso a respiração não tenha 
ocorrido, há uma convexidade exagerada das hemicupulas do 
diafragma. 
Radiografia de bordas: pulmões que não respiram pussem maior 
opacidade ao raio x. Já o que respirou possui transparência alveolar. 
Docimásia táctil de Nerio Rojas: caso o pulmão tenha respirado, é 
possível sentir na palpação um crepitar característico e uma 
sensação esponjosa. O que não respirou possui consistência mais 
carnosa. 
DOCIMÁSIAS EXTRAPULMONARES INDIRETAS: 
Gastrintestinais de Breslau: prova baseada na retirada do aparelho 
gastrintestinal (desde o esôfago até o reto), colocando as vísceras m 
um recipiente com água e verificando se sobrenadam ou afundam. 
Logo após, cortam-se porções do tubo digestivo. Se essas partes 
flutuarem, a prova será positiva. 
Hemato-pneumo-hepática de Severi: procura-se determinartaxas 
de oxi-hemoglobina do sangue do pulmão e fígado. Caso sejam 
iguais, não houve respiração. Se houver taxa maior no sangue do 
pulmão, ocorreu respiração. 
Diafragmática de Ploquet: o diafragma é observado após a cavidade 
toracoabdominal ser aberta, caso o examinado tenha respirado, há 
uma horizontalidade diafragmática, caso a respiração não tenha 
ocorrido, há uma convexidade exagerada das hemicupulas do 
diafragma. 
OBJETIVOS PERICIAIS 
Verificar as causas jurídicas de morte: 
Natural: afastam o infanticídio. 
Acidental: 
› Antes do parto: pode ser devido a um traumatismo direto sobre 
a parede abdominal da mãe; 
› Durante o parto: asfixia por enrolamento do cordão umbilical, 
descolamento prematuro da placenta, líquidos que vão para as 
vias respiratórias, aperto da cabeça na pelve materna... 
› Após o parto: hemorragia de cordão, traumatismos em partos-
surpresa, quedas etc. 
Criminosas: podem ser feitas por energias físicas, químicas, físico-
químicas, mecânicas (contusão, compressão, objetos perfurantes, 
cortantes, contundentes, mistos, queimaduras, afogamento, 
sufocação, confinamento, soterramento). 
AUTOPSIA DO FETO 
SEMPRE pesar, medir, ver o sexo, pesquisar sinais de morte, 
procurar sinais de violência externa, descrever a inspeção (examinar 
minuciosamente cavidades e vísceras) e ver se o feto respirou. 
EXAME DA PUÉRPERA 
1. existência do parto: recente (condições que o mesmo ocorreu) 
ou antigo (não caracteriza delito); 
2. se a imputada escondeu ou não o filho; 
3. se ela tem lembrança do ocorrido; 
4. se não é portadora de antecedentes psicopáticos. 
 
Questões para infanticídio: 
a) Houve morte? 
b) Qual a causa da morte? 
c) Qual o instrumento ou meio que produziu a morte? 
d) A morte foi produzida com emprego do veneno, fogo, explosivo, 
asfixia ou costume ou por outro meio insidioso ou cruel?

Outros materiais