Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sejam todos bem-vindos ao Direito Empresarial! Espero que vocês tenham a melhor preparação para o Exame de Ordem. Preparei um material especial para que possamos atingir a excelência no dia do exame, com uma pitada de classe e uma de coice. 1 DIREITO EMPRESARIAL 04. FALIMENTAR 01. Falimentar: Aspectos Comuns - Geral ..................................................................... 1 02. Falimentar: Recuperação Judicial ......................................................................... 22 03. Falimentar: Assembleia Geral de Credores ........................................................ 56 04. Falência .......................................................................................................................... 64 01. Falimentar: Aspectos Comuns - Geral 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS O Direito Recuperacional e Falimentar é um sub-ramo específico do Direito Empresarial, sendo aplicado tão somente aos empresários, sendo estes pessoas físicas ou jurídicas. Esse regime jurídico disciplina a crise econômico-financeira dos empresários, trazendo sua solução através dos processos recuperacionais judiciais e extrajudiciais, ou as resolvendo por meio do processo de Falência. A legislação brasileira atual que disciplinas tais institutos é a Lei n. 11.101/2005 - LRF. 2. ASPECTOS GERAIS DA FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS A Lei n. 11.101/2005 (LRF) estrutura três principais institutos: a recuperação extrajudicial, a Recuperação Judicial e a Falência Em linhas gerais, a Recuperação Extrajudicial é aquela onde o devedor está autorizado a propor e negociar com credores Plano de recuperação extrajudicial, onde depende do poder judiciário apenas para homologação. A Recuperação Judicial, por sua vez, representa um procedimento judicial onde o devedor busca seu erguimento. A Recuperação Judicial pode se dar de duas formas: ou de forma ordinária ou via apresentação de Plano especial para 2 ME e EPP, que é uma faculdade. Ou seja, uma ME ou EPP pode apresentar Plano pela via ordinária se assim preferir. Por fim, a Falência, presta-se ao procedimento de execução concursal, cujo principal objetivo é a venda dos ativos, para pagamento do passivo, a partir de uma ordem de preferência estipulada pela lei. Feitas as primeiras considerações, passa-se a análise de todos os institutos. 3. DISPOSIÇÕES COMUNS AOS DOIS INSTITUTOS A Lei n. 11.101/2005 -LRF, preceitua, inicialmente, em seu Art. 1º quem se sujeita a sua disciplina, sendo estes o empresário individual e a sociedade empresária. Além dos citados, a lei também é aplicada à EIRELI, tendo em vista que esta apenas não está expressamente mencionada no referido Art., pois na época da criação da LRF (2005), sua figura ainda não existia, sendo criada em nosso ordenamento jurídico apenas em 2011 através da Lei n. 12.441/2011. * Para todos verem: esquema Percebe-se assim, que as regras da LRF não são aplicadas aos devedores civis, sendo que em caso de ser caracterizada suas insolvências, estes devem ser submetidos às regras do concurso de credores previstas no Código de Processo Civil. Além disso, a LRF igualmente não se aplica à fundações, partidos políticos, organizações religiosas e sociedades simples. Quem se submete à Lei 11.101/05 Sociedades empresárias Empresário individual EIRELI 3 Ainda, o Art. 2º da LRF1, preceitua as demais pessoas jurídicas que não se submetem ao seu regime. Referente às empresas públicas e sociedades de economia mista tem-se que ainda que sejam exploradoras de atividade econômica, as regras da LRF não são à elas aplicadas. Já no que tange às instituições financeiras públicas ou privadas, cooperativas de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de Plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades equiparadas à estas, a LRF não é aplicada pois se tratam de agentes econômicos que atuam em mercados regulados e possuem legislações específicas que disciplinam o tratamento jurídico concedido à suas insolvências, submetendo-se aos procedimentos especiais de liquidação extrajudicial. Ou seja, há que se ficar claro que não se submetem todas as sociedades empresárias, já que a regra comporta exceções. Relativamente às cooperativas, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu que “as sociedades cooperativas não se sujeitam à Falência, dada a sua natureza civil e atividade não empresária, devendo prevalecer a forma de liquidação extrajudicial prevista na Lei n. 5.764/197”2. Em relação ao foro competente para julgar e processar os procedimentos recuperacionais e falimentares, tem-se que é o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial da empresa que tenha sede fora do Brasil (Art. 3º, LRF). Importante referir, que o local do principal estabelecimento do devedor nem sempre é o local da sede da empresa, tendo em vista que considera-se como principal estabelecimento o que concreta maior volume de negócios. 1 Art. 2º Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista; II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de Plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. 2 AgRG no REsp 999.134-PR. 4 Dessa forma o que se tem é a criação do juízo universal, sendo que as obrigações do empresário ou da sociedade empresária são atraídas para este juízo, não se falando mais em relações jurídicas bilaterais, eis que se estabelece um foro comum, no qual, as relações jurídicas da empresa não são mais consideradas como unidades esparsas, mas como parte de um patrimônio. Na LRF a atuação do Ministério Público ficou restrita às hipóteses expressamente previstas em lei, como por exemplo, nos casos em que haja indícios de responsabilidade penal do devedor (Art. 22, §4º da LRF3) e em que for determinada a alienação de bens do devedor (Art. 142, §7º da LRF4), entre outras. A legislação, ainda, prevê, em seu Art. 5º, algumas obrigações que não são exigíveis do devedor, vejamos: Art. 5º Não são exigíveis do devedor, na Recuperação Judicial ou na Falência: I – as obrigações a título gratuito; II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na Recuperação Judicial ou na Falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor. Ademais, a decretação da Falência ou o deferimento da Recuperação Judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor. Devemos ter cuidado especial com a expressão “todas” utilizada no dispositivo legal, haja vista que algumas ações não possuem seus trâmites suspensos. Tais informações possuem previsão no Art. 6º da LRF: 3 Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: (...) § 4º Se o relatório de que trata a alínea e do inciso III do caput deste Art. apontar responsabilidade penal de qualquer dos envolvidos, o Ministério Público será intimado para tomar conhecimento de seu teor. 4 Art. 142. O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê, se houver, ordenará que se proceda à alienação do ativo em uma das seguintes modalidades: (...) § 7º Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público e as Fazendas Públicas serão intimados por meio eletrônico, sob pena de nulidade. 5 Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. § 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver seprocessando a ação que demandar quantia ilíquida. § 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença. § 3º O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1º e 2º deste artigo poderá determinar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria. § 4º Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial. § 5º Aplica-se o disposto no § 2º deste artigo à recuperação judicial durante o período de suspensão de que trata o § 4º deste artigo, mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no quadro-geral de credores. § 6º Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas 6 contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou da recuperação judicial: I – pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial; II – pelo devedor, imediatamente após a citação. § 7º As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica. § 8º A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor. Observa-se que as ações que demandam quantias ilíquidas têm prosseguimento no juízo em que estiverem sendo processadas. O mesmo ocorre com as ações trabalhistas que seguem seus trâmites até a apuração do respectivo crédito, o qual será incluído no Quadro Geral de Credores com o valor determinado na sentença. Ainda, as execuções fiscais não são suspensas com o deferimento da Recuperação Judicial, salvo por questão de concessão de parcelamento pelo fisco. Ainda, ressalta-se que o requerimento de Recuperação Judicial ou de Falência torna o juízo prevento, isto é, previne a jurisdição para qualquer outro pedido dessa natureza, relativo ao mesmo devedor. A respeito do prazo de 180 (cento e oitenta) dias de suspensão das ações e execuções contra o devedor que estiver em Recuperação Judicial, este é chamado de stay period e será trabalhado especificamente junto ao tópico da Recuperação Judicial. A partir do Art. 7º ao Art. 20 da LRF temos o tratamento concedido para a verificação e habilitação dos créditos nos processos recuperacionais e falimentares. O Art. 7º preceitua que a verificação dos créditos será realizada pelo Administrador Judicial, a partir dos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados 7 pelos credores. Após ser publicado o edital de decretação da Falência ou de processamento da Recuperação Judicial, os credores possuem o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar suas habilitações ou divergências de crédito, diretamente ao Administrador Judicial. Após o término deste prazo, o Administrador Judicial possui o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias para confeccionar a sua Relação de Credores e, posterior publicação de edital. Além disso, no edital da Relação de Credores do Administrador Judicial deve constar o local, o horário e o prazo comum em que os credores, o Comitê, o Ministério Público ou os sócios do devedor podem ter acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração desta relação. O Art. 8º da LRF, traz o prazo de 10 (dez) dias, contados da publicação do edital da Relação de Credores do Administrador Judicial, para que os interessados apresentem, diretamente ao juízo universal, eventuais impugnações de crédito contra a referida Relação de Credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. A impugnação de crédito será autuada em apartado, sendo dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com os documentos que o impugnante considerar pertinente e com a indicação de provas consideradas necessárias (Art. 13, LRF). Os requisitos necessários para que o credor realize sua habilitação de crédito - diretamente ao Administrador Judicial - estão dispostos no Art. 9º da LRF, que assim preceitua: Art. 9º A habilitação de crédito realizada pelo credor nos termos do art. 7º , § 1º , desta Lei deverá conter: I – o nome, o endereço do credor e o endereço em que receberá comunicação de qualquer ato do processo; II – o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da Falência ou do pedido de Recuperação Judicial, sua origem e classificação; 8 III – os documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais provas a serem produzidas; IV – a indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo instrumento; V – a especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor. Parágrafo único. Os títulos e documentos que legitimam os créditos deverão ser exibidos no original ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em outro processo. Além disso, caso o credor perca o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar sua habilitação de crédito ao Administrador Judicial, ele ainda poderá apresentá- la, contudo esta será recebida como Habilitação Retardatária, possuindo alguns efeitos importantes (Art. 10, LRF). A primeira consequência da Habilitação Retardatária que cumpre mencionar é que no caso de Recuperação Judicial - salvo créditos derivados da relação de trabalho - os credores não terão direito a voto nas deliberações da Assembleia Geral de Credores (Art. 10, §1º, LRF). Já na Falência, os titulares de créditos retardatários perderão o direito a eventuais rateios realizados, podendo ser requerido pelo credor a reserva do valor para satisfação do seu crédito (Art. 10, §3º e §4º, LRF). Ademais, caso quando houver a Assembleia Geral de Credores o valor do crédito constante na habilitação retardatária não tenha sido incluído no Quadro Geral de Credores homologado, o credor, assim como ocorre na Recuperação Judicial perderá o direito ao voto. No mais, cumpre ainda referir que as Habilitações Retardatárias que forem apresentadas antes da homologação do Quadro Geral de Credores serão recebidas como impugnação de crédito (Art. 10, §5º, LRF). Caso o Quadro Geral de Credores já tenha sido homologado, o procedimento para habilitação de créditos é o ordinário, previsto no Código de Processo Civil, requerendo ao juízo da Falência ou da Recuperação Judicial a retificação do Quadro Geral para inclusão do respectivo crédito (Art. 10, §6º, LRF). 9 No que se refere à impugnação de créditos, os credores cujos créditos forem impugnados possuem o prazo de 5 (cinco) dias para contestar a impugnação (Art. 11, LRF). Após transcorrido tal prazo, o devedor e o Comitê de Credores (caso haja) serão intimados para se manifestarem da impugnação no prazo comum de 5 (cinco dias). Por fim, o juiz intimará o Administrador Judicial para emitir parecer, também no prazo de 5 (cinco) dias, devendo juntar à sua manifestação o laudo elaborado pelo profissional ou empresaespecializada e, todas as informações existentes nos livros fiscais e demais documentos do devedor acerca do crédito objeto da impugnação (Art. 12, LRF). Transcorridos tais prazos, os autos irão conclusos ao juiz. O Art. 15 da LRF dispõe as medidas a serem tomadas pelo juiz, vejamos: Art. 15. Transcorridos os prazos previstos nos arts. 11 e 12 desta Lei, os autos de impugnação serão conclusos ao juiz, que: I – determinará a inclusão no quadro-geral de credores das habilitações de créditos não impugnadas, no valor constante da relação referida no § 2º do art. 7º desta Lei; II – julgará as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações e provas apresentadas pelas partes, mencionando, de cada crédito, o valor e a classificação; III – fixará, em cada uma das restantes impugnações, os aspectos controvertidos e decidirá as questões processuais pendentes; IV – determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário. A decisão judicial que julgar a impugnação é atacável por agravo (Art. 17, LRF). Caso não haja impugnações, o juiz homologará, com efeito de Quadro Geral de Credores, a Relação de Credores confeccionada pelo Administrador Judicial. Após o julgamento das eventuais impugnações de crédito, o Administrador Judicial é o responsável pela consolidação do Quadro Geral de Credores, conforme disciplina o Art. 18 da LRF. Vejamos: 10 Art. 18. O administrador judicial será responsável pela consolidação do quadro-geral de credores, a ser homologado pelo juiz, com base na relação dos credores a que se refere o art. 7º , § 2º , desta Lei e nas decisões proferidas nas impugnações oferecidas. Parágrafo único. O quadro-geral, assinado pelo juiz e pelo administrador judicial, mencionará a importância e a classificação de cada crédito na data do requerimento da Recuperação Judicial ou da decretação da Falência, será juntado aos autos e publicado no órgão oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, contado da data da sentença que houver julgado as impugnações. Em caso de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro essencial ou documentos ignorados na época do julgamento do crédito, o Administrador Judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante do Ministério Público, podem pedir a exclusão, diferente classificação ou retificação de qualquer crédito, até o encerramento da Recuperação Judicial ou da Falência (Art. 19, LRF). A LRF trata do Administrador Judicial e do Comitê de Credores nos Arts. 21 a 34. Referente ao Administrador Judicial cumpre ressaltar que este é o principal auxiliar do juiz na condução dos processos falimentares e recuperacionais. Além de desenvolver diversas atividades de cunho administrativo (como veremos em breve), este ainda é o responsável por representar legalmente a massa falida. A lei aponta que a nomeação do Administrador Judicial deve ser dirigida à profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresa ou contador (Art. 21, LRF). Além disso, a nomeação para Administrador Judicial pode recair em pessoa jurídica, devendo, para tanto, ser declarada no termo de compromisso, o nome do profissional responsável pela condução do processo falimentar ou recuperacional. 11 O Art. 22 do já referido diploma legal, dispõe as competências do Administrador Judicial. Vejamos: Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: I – na Recuperação Judicial e na Falência: a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de Recuperação Judicial ou da decretação da Falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito; b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados; c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos; d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações; e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º desta Lei; f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei; g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de credores nos casos previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões; h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções; i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei; II – na Recuperação Judicial: a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do Plano de Recuperação Judicial; b) requerer a Falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no Plano de recuperação; 12 c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor. d) apresentar o relatório sobre a execução do Plano de recuperação, de que trata o inciso III do caput do art. 63 desta Lei; III – na Falência: a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à sua disposição os livros e documentos do falido; b) examinar a escrituração do devedor; c) relacionar os processos e assumir a representação judicial. d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for assunto de interesse da massa; e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à situação de Falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 186 desta Lei; f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação, nos termos dos arts. 108 e 110 desta Lei; g) avaliar os bens arrecadados; h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa; i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores; j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, nos termos do art. 113 desta Lei; l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação; m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, penhorados ou legalmente retidos; 13 n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores; o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração; p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10º (décimo) dia do mês seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique com clareza a receita e a despesa; q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob pena de responsabilidade; r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou renunciar ao cargo. § 1º As remunerações dos auxiliares do administrador judicial serão fixadas pelo juiz, que considerará a complexidade dos trabalhos a serem executados e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. § 2º Na hipótese da alínea d do inciso I do caput deste Art., se houver recusa, o juiz, a requerimento do administrador judicial, intimará aquelas pessoas paraque compareçam à sede do juízo, sob pena de desobediência, oportunidade em que as interrogará na presença do administrador judicial, tomando seus depoimentos por escrito. § 3º Na Falência, o administrador judicial não poderá, sem autorização judicial, após ouvidos o Comitê e o devedor no prazo comum de 2 (dois) dias, transigir sobre obrigações e direitos da massa falida e conceder abatimento de dívidas, ainda que sejam consideradas de difícil recebimento. § 4º Se o relatório de que trata a alínea e do inciso III do caput deste Art. apontar responsabilidade penal de qualquer dos envolvidos, o Ministério Público será intimado para tomar conhecimento de seu teor. 14 O Administrador Judicial funciona como uma extensão do judiciário, sendo que sua nomeação parte muito da confiança do magistrado, assim, caso o profissional deixe de cumprir com seus prazos estabelecidos na legislação, ele será pessoalmente intimado para fazê-lo, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de desobediência. Na hipótese de não cumprimento, o juiz destituirá o Administrador Judicial e nomeará substituto (Art. 23). Relativamente à remuneração do Administrador Judicial (Art. 24, LRF) tem-se que serão observados os seguintes critérios: a) a capacidade de pagamento do devedor; b) o grau de complexidade do trabalho e, c) os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. A regra geral é que o valor não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à Recuperação Judicial ou do valor de venda dos bens na Falência. Contudo, no caso de microempresas e empresas de pequeno porte, o valor da remuneração não poderá exceder o limite de 2% (dois por cento). Além disso, será reservado o percentual de 40% (quarenta por cento) do montante devido à este auxiliar, para pagamento após sua prestação de contas. Quando o Administrador Judicial for substituído, receberá remuneração proporcional ao trabalho realizado. No entanto, se renunciar sem relevante razão ou for destituído por desídia, culpa, dolo, descumprimento de suas obrigações ou que tiver sua prestação de contas desaprovada, o profissional não terá direito à remuneração. Ademais, o pagamento da remuneração do Administrador Judicial é incumbência do devedor ou da massa falida (Art. 25, LRF). Por fim, ressalta-se que a remuneração deste auxiliar é classificada como crédito extraconcursal (Art. 84, inciso I, LRF), conforme veremos em breve. Já quanto ao Comitê de Credores, temos que este não é um órgão obrigatório nos processos falimentares e recuperacionais. Se o juiz entender por necessária a sua criação, ele deverá convocar a Assembleia Geral de Credores para eleição de seus membros. Caso o Comitê não seja formado, deve 15 o Administrador Judicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições (Art. 28, LRF). A composição do Comitê de Credores é discriminada no Art. 26 da LRF, sendo a seguinte: a) 1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois) suplentes; b) 1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes; c) 1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografários e com privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes e, d) 1 (um) representante indicado pela classe de credores representantes de microempresas e empresas de pequeno porte, com 2 (dois) suplentes. * Para todos verem: esquema Assim, em regra, o Comitê de Credores será formado por quatro membros, sendo um representante de cada classe. Contudo, o Comitê poderá ser formado por número inferior de representantes, caso alguma das classes não indique representantes. No mais, após sua formação, seus próprios membros elegerão o presidente. As atribuições do Comitê de Credores estão dispostas no Art. 27 da LRF: Art. 27. O Comitê de Credores terá as seguintes atribuições, além de outras previstas nesta Lei: Comitê de Credores 1 Credor trabalhista 2 suplentes 1 Credor direito real ou privilégio especial 2 suplentes 1 Credor ME/EPP 2 suplentes 1 Credor quirografário ou privilégio geral 2 suplentes 16 I – na Recuperação Judicial e na Falência: a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei; c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos credores; d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados; e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral de credores; f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei; II – na Recuperação Judicial: a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias, relatório de sua situação; b) fiscalizar a execução do Plano de Recuperação Judicial; c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor nas hipóteses previstas nesta Lei, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento necessários à continuação da atividade empresarial durante o período que antecede a aprovação do Plano de Recuperação Judicial. § 1º As decisões do Comitê, tomadas por maioria, serão consignadas em livro de atas, rubricado pelo juízo, que ficará à disposição do administrador judicial, dos credores e do devedor. § 2º Caso não seja possível a obtenção de maioria em deliberação do Comitê, o impasse será resolvido pelo administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, pelo juiz. Os membros do Comitê de Credores não possuem remuneração a ser custeada pelo devedor ou pela massa falida. No entanto, podem ser ressarcidos das despesas realizadas para realização de ato previsto na lei, se estas forem devidamente comprovadas e com a autorização do juiz, observada a disponibilidade de caixa (Art. 29, LRF). 17 O Art. 30 da LRF prevê as possibilidades de impedimento para exercer as funções de Administrador Judicial ou ser membro do Comitê de Credores, sendo elas: a) quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de administrador judicial ou de membro do Comitê em Falência ou Recuperação Judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a prestação de contas desaprovada e, b) quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3º (terceiro) grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente. Além disso, o devedor, qualquer credor ou o Ministério Público, podem requerer ao juiz a substituição do Administrador Judicial ou dos membros do Comitê nomeados em desobediência aos preceitos da lei. O juiz possui o prazo de vinte e quatro horas para decidir sobre tal requerimento. O juiz pode de ofício ou a requerimento fundamentado, destituir o Administrador Judicial ou quaisquer membros do Comitê, quando verificar desobediência aos preceitos legais, descumprimento de deveres, omissão, negligência ou prática de ato lesivo às atividades do devedor ou a terceiros. Na Falência, o Administrador Judicial destituído possui o prazo de dez dias para prestar suas contas (Art. 31, LRF). Além da destituição, o Administrador Judicial e os membros do Comitê de Credores podem ser responsabilizados por prejuízos causados à massa, ao devedor ou aos credores, em decorrência da prática de atos realizados com dolo ou culpa. No caso do Comitê, tendo em vista ser um órgão colegiado, o membro que discordar de determinada decisão deve registrar em ata sua discordância, para eximir-se da responsabilidade (Art. 32, LRF). Ademais, cumpre referir que o Administrador Judicial e os membros do Comitê de Credores têm o prazo de quarenta e oito horas para assinar o termo de compromissode nomeação. (Art. 33, LRF). Se o Administrador Judicial não assinar o termo de compromisso no prazo já referido, o juiz nomeará outro auxiliar (Art. 34, LRF). 18 No mais, necessário mencionar os seguintes enunciados das Jornadas de Direito Comercial do CJF: Enunciado 44: “a homologação de Plano de Recuperação Judicial aprovado pelos credores está sujeita ao controle de legalidade”. Enunciado 45: “o magistrado pode desconsiderar o voto de credores ou manifestação de vontade do devedor, em razão do abuso de direito”. Enunciado 46: “não compete ao juiz deixar de conceder a Recuperação Judicial ou de homologar a extrajudicial com fundamento na análise econômico-financeira do Plano de recuperação aprovado pelos credores”. Ainda, tem-se que, conforme preceitua o Art. 189 da LRF, o Código de Processo Civil se aplica, no que couber e desde que não seja incompatível com os princípios da LRF, aos procedimentos nela previstos. Além disso, todos os prazos previstos na LRF ou que dela decorram são contados em dias corridos (Art. 189, §1º, I, LRF) e, quando não previsto de modo diverso, todas as decisões proferidas nos processos falimentares e recuperacionais são atacáveis por Agravo de Instrumento (Art. 189, §1º, II, LRF). SAIBA MAIS Podcast Acesse o QR CODE ou clique aqui https://soundcloud.com/user-204974449/direito-empresarial-prof-2/s-mep2DVvUHYN?in=user-204974449/sets/direito-empresarial-prof-cristiane-pauli-oab-anual/s-z5DmKts1YI0 19 * Para todos verem: esquema 1. (FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase) - Antes da decretação de falência da sociedade Talismã & Sandolândia Ltda., foi ajuizada ação de execução por título extrajudicial por Frigorífico Rio Sono Ltda., esta enquadrada como empresa de pequeno porte. Com a notícia da decretação da falência pela publicação da sentença no Diário da Justiça, o advogado da exequente tomará ciência de que a execução do título extrajudicial. A) não será suspensa, em razão do enquadramento da credora como empresa de pequeno porte. B) está suspensa pelo prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias, contados da publicação da sentença. C) não será suspensa, em razão de ter sido ajuizada pelo credor antes da decretação da falência. D) está suspensa, devendo o credor se submeter às regras do processo falimentar e ter seu crédito verificado e classificado. Lei 11.101/05 Falência Autofalência Convolação Pedido do credor Recuperação extrajudicial Recuperação judicial Plano especial ME/EPP Opção ao empresário 20 2. (FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase) - Mauriti & Cia Ltda. celebrou contrato de alienação fiduciária em garantia com a sociedade empresária Gama. Com a decretação de falência da fiduciante, o advogado da fiduciária pleiteou a restituição do bem alienado, sendo informado pelo administrador judicial que o bem se encontrava na posse do falido na época da decretação da falência, porém não foi encontrado para ser arrecadado. Considerando os fatos narrados, o credor fiduciário terá direito à restituição em dinheiro do valor da avaliação do bem atualizado? A) Não, em razão de este não ter sido encontrado para arrecadação. B) Sim, devendo, para tanto, habilitar seu crédito na falência como quirografário. C) Sim, mesmo que o bem alienado não mais exista ao tempo do pedido de restituição ou que não tenha sido arrecadado. D) Não, por não ter a propriedade plena do bem alienado fiduciariamente, e sim resolúvel. 3. (FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XX - Primeira Fase) - Mostardas, Tavares & Cia Ltda. EPP requereu sua recuperação judicial tendo o pedido sido despachado pelo juiz com a nomeação de Frederico Portela como administrador judicial. Em relação à remuneração do administrador judicial, será observada a seguinte regra: A) a remuneração não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial. B) caberá ao devedor arcar com as despesas relativas à remuneração do administrador judicial e das pessoas eventualmente contratadas para auxiliá-lo. C) a remuneração deverá ser paga até o final do encerramento da verificação dos créditos e publicação do quadro de credores. D) será devida remuneração proporcional ao trabalho realizado quando o administrador judicial for destituído por descumprimento de deveres legais. 21 FIQUE LIGADO NA PROVA! Veja como tem sido abordado o tema em um vídeo que comenta a questão n. 1. É só clicar e assistir! Acesse o QR CODE ou clique aqui! GABARITO DAS QUESTÕES 01 02 03 D C B https://youtu.be/GxoEo1BOvx0 22 02. Falimentar: Recuperação Judicial 1. RECUPERAÇÃO JUDICIAL No que tange ao instituto da Recuperação Judicial (RJ), tem-se que é um instrumento apto a viabilizar a superação da crise que as empresas venham a estar passando. Todavia, não é toda e qualquer empresa que pode se utilizar desse meio, sendo necessário possuir alguns requisitos para tanto. E é nessa linha de pensamento que passa-se a expor. A Recuperação Judicial, conforme disciplina o Art. 47 da Lei 11.101/2005 (LRF), possui como objetivo viabilizar a superação da crise econômica pela qual uma empresa está passando, objetivando a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, preservando, dessa forma, a empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. Neste ínterim, entende-se que a Recuperação Judicial possui como propósito a recuperação econômica do devedor, assegurando-lhe os meios indispensáveis para promover a manutenção da empresa, observando, principalmente, a função social desta. Contudo, percebe-se que a Recuperação Judicial somente deve ser facultada aos devedores que demonstrem reais condições de se recuperar. Caso a situação demonstre a inviabilidade de recuperação do devedor, não deve ser concedido o instrumento da Recuperação Judicial, devendo ser, assim, decretada sua Falência. Além disso, considerando o princípio da preservação da empresa, o Superior Tribunal de Justiça tem admitido a participação de sociedade empresária em processos licitatórios, entendendo pela dispensabilidade de apresentação de certidão negativa de Recuperação Judicial por parte do licitante5. 5 AgRg na MC 23.499/RS. 23 Percebe-se que o pedido de Recuperação Judicial deve ser feito enquanto o devedor ainda é um agente viável, ou seja, antes da crise chegar a uma situação irreversível, isto é, antes de algum credor pedir a Falência do devedor. Contudo, o pedido de Recuperação Judicial pode ser realizado no prazo de contestação ao requerimento de Falência, conforme pressupõe os Arts. 95 e 96, inciso II, da LRF, que estudaremos em tópico específico. O Art. 48 da LRF, dispõe os requisitos indispensáveis que o devedor deve apresentar para que o juiz autorize o processamento do seu pedido de Recuperação Judicial. Dessa forma, tem-se que o pedido de Recuperação Judicial só pode ser realizado por empresas regularmente constituídas e que possuam exercício regular da atividade há pelo menos dois anos. Além disso, é necessário que, cumulativamente, apresentem os seguintes requisitos: a) não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; b) não ter, há menos de cinco anos, obtido concessão de Recuperação Judicial; c) não ter, há menos de cinco anos, obtido concessão de Recuperação Judicial com base no Plano especial e d) não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos na LRF. Evidencia-se, assim, que tais requisitos se tratam de verdadeirascondições da ação, se traduzindo em elementos de possibilidade jurídica do pedido. Dessa forma, evidente se torna que o primeiro requisito é que o devedor comprove estar exercendo atividade regular há pelo menos dois anos. Tal comprovação é feita através da juntada de Certidão da Junta Comercial competente, que ateste o exercício regular da atividade por prazo igual ou superior ao exigido na legislação. Já em relação ao exercício de atividade rural por pessoa jurídica, o §2º do Art. 48 da LRF, prevê que é admitida a comprovação do prazo de dois anos de atividade regular através da Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ que tenha sido entregue tempestivamente. 24 Além disso, o enunciado 96 da Jornada de Direito Comercial do CJF disciplina que a Recuperação Judicial deste empresário rural, sujeita todos os créditos existentes na data do pedido, inclusive os anteriores à data da inscrição do Registro Público de Empresas Mercantis6. No que tange ao foro competente para o ajuizamento do pedido de Recuperação Judicial, temos que, conforme já referido, trata-se do foro do principal estabelecimento do devedor, que pode não corresponder com sua sede administrativa, haja vista que é o foro do local onde a empresa concentra maior número de negócios. No procedimento de Recuperação Judicial, apesar de existir um autor, não existem réus. Isso porque, o autor do pedido de RJ não entra em juízo contra alguém e sim, entra para pleitear um amparo para si. Contudo, apesar não existirem réus, há legitimidade passiva, haja vista a pluralidade de pessoas que se sujeitam ao pedido, sendo atraídas para o processo e atingidas por seus efeitos. Em relação aos créditos sujeitos à Recuperação Judicial, temos que são todos os existentes na data do pedido, ainda que não vencidos (Art. 49, LRF). Além disso, o Art. 49, da LRF, nos traz mais algumas peculiaridades: § 1º Os credores do devedor em Recuperação Judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. § 2º As obrigações anteriores à Recuperação Judicial observarão as condições originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no Plano de Recuperação Judicial. § 3º Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de 6 Enunciado 96 da Jornada de Direito Comercial e julgamento do REsp 1.800.032-MT. 25 proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da Recuperação Judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. § 4º Não se sujeitará aos efeitos da Recuperação Judicial a importância a que se refere o inciso II do art. 86 desta Lei. § 5º Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou renovadas as garantias liquidadas ou vencidas durante a Recuperação Judicial e, enquanto não renovadas ou substituídas, o valor eventualmente recebido em pagamento das garantias permanecerá em conta vinculada durante o período de suspensão de que trata o § 4º do art. 6º desta Lei. Em relação aos credores proprietários fiduciários de bens móveis ou imóveis os quais, como visto, não se sujeitam à Recuperação Judicial, temos que na maioria das vezes se trata de um banco que ocupa essa posição e normalmente os bens concedidos como garantia fiduciária são os recebíveis da empresa. Isto é, o devedor faz um financiamento bancário e como garantia deste financiamento, entrega ao banco créditos que tem para receber no futuro, tais créditos são considerados como bens móveis. Na prática, isso significa que a empresa não irá receber diretamente esses créditos futuros, que ficarão no banco como garantia em uma conta específica. Essa questão é chamada de “travas bancárias”, tendo em vista que a empresa em Recuperação Judicial não receberá os recebíveis em garantia, já que estes estarão na posse do banco credor, o que faz com que eles “travem” a possibilidade de recuperação, haja vista que, muitas das vezes tais valores 26 correspondem a uma quantia significativa do que a empresa devedora tem para receber. Dessa forma, é comum as empresas devedoras alegarem em juízo a ilegalidade da exclusão de tais créditos da Recuperação Judicial. Contudo, o Superior Tribunal de Justiça, possui muitos julgados em que foi considerada a legalidade de tal exclusão. Para além, temos a questão dos bens de capital essenciais à atividade empresarial, os quais estão ressalvados junto à parte final do Art. 49, §3º da LRF, que determina que tais bens não podem ser vendidos ou retirados da empresa durante o stay period. Neste sentido a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça entende que para um bem ser considerado bem de capital, ele deve ser corpóreo, se encontrando na posse direta do devedor e não ser perecível ou consumível. Para além e conforme já referido, o instituto da Recuperação Judicial é um importante mecanismo apto a auxiliar na superação da crise econômico- financeira que uma empresa venha a ser passando. Neste sentido, o Art. 50 da LRF dispõe alguns meios para que a superação ocorra. Importante frisar que, tal rol é apenas exemplificativo, podendo existir outros, como bem especifica o referido dispositivo legal. Vejamos: Art. 50. Constituem meios de Recuperação Judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros:7 I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas; II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de quotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente; III – alteração do controle societário; IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos; 7 Sem grifo no original. 27 V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o Plano especificar; VI – aumento de capital social; VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados; VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva; IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro; X – constituição de sociedade de credores; XI – venda parcial dos bens; XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de Recuperação Judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica; XIII – usufruto da empresa; XIV – administração compartilhada; XV – emissão de valores mobiliários; XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor. § 1º Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia.§ 2º Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no Plano de Recuperação Judicial. Os documentos necessários à instrução da inicial do pedido de RJ, encontram previsão no Art. 51 da LRF, devendo estarem presentes para que o juiz 28 possa verificar a possibilidade ou não de se conferir os benefícios desse instrumento ao requerente, sendo eles: a) a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico- financeira; b) as demonstrações contábeis relativas aos três últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: b.1) balanço patrimonial; b.2) demonstração de resultados acumulados; b.3) demonstração do resultado desde o último exercício social, b.4) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; c) a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente; d) a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; e) certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; f) a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor; g) os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; h) certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial, i) a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados; Em relação à exigência de apresentação das demonstrações contábeis relativas aos três últimos exercícios, temos que no caso de Recuperação 29 Judicial de microempresas e empresas de pequeno porte, estas poderão apresentar livros e escrituração contábil simplificados nos termos de sua legislação específica (Art. 51, §2º, LRF). Caso não estejam presentes todos os requisitos da petição inicial, o juiz pode pedir que o devedor emende a inicial, apresentando as determinações faltantes. Por outro lado, estando presentes os requisitos do Art. 51 da LRF e os do Art. 3198 do Código de Processo Civil, o juiz deferirá o processamento da Recuperação Judicial. Frisa-se que, neste momento processual, o juiz não está concedendo ao devedor a Recuperação Judicial, mas sim, apenas determinando o seu processamento9. Dessa forma e com o deferimento do processamento da RJ, o juiz tomará as providências contidas no Art. 52 da LRF, sendo elas: a) a nomeação do 8 Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. § 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste Art. se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. 9 Neste ínterim, cumpre ressaltar o que prevê a recomendação n. 57 de 22/10/2019 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a instauração de perícia prévia. Esta preceitua em seu Art. 1º a recomendação que todos os magistrados responsáveis pelo processamento e julgamento dos processos de Recuperação Judicial, determinem a constatação das reais condições de funcionamento da empresa requerente, bem como a verificação da completude e da regularidade da documentação apresentada pela devedora/requerente, previamente ao deferimento do processamento da Recuperação Judicial, sendo que, logo após a distribuição do pedido de Recuperação Judicial, poderá o magistrado nomear um profissional de sua confiança, com capacidade técnica e idoneidade para promover essa constatação (Art. 2º), devendo a remuneração do profissional nomeado ser arbitrada posteriormente à apresentação do laudo, observada a complexidade do trabalho desenvolvido (Art. 2º, parágrafo único). Em relação ao prazo para a apresentação deste laudo, é de no máximo 5 (cinco) dias, posto que após o magistrado irá decidir, sem a necessidade de oitiva das partes (Art. 3º). A perícia prévia consiste na análise da capacidade da devedora de gerar os benefícios mencionados no Art. 47 da LRF, bem como na constatação da presença e regularidade dos requisitos e documentos previstos nos Arts. 48 e 51 da LRF (Art. 4º). Em caso de não preenchimentos dos requisitos legais, o magistrado pode indeferir a petição inicial, sem, contudo, convolar em Falência (Art. 5º). Já se a constatação prévia demonstrar que o principal estabelecimento da devedora não se situa na área de competência do juízo, o magistrado deverá determinar a remessa dos autos, com urgência, ao juízo competente (Art. 6º). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11101.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11101.htm 30 Administrador Judicial; b) determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, observando o disposto no art. 69 da LRF; c) a determinação da suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, salvo exceções; d) a determinação ao devedor de apresentação das contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a Recuperação Judicial, sob pena de destituição de seus administradores e, e) ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento. Em relação à determinação da suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, cabe à este realizar a comunicação aos juízos competentes (Art. 52, §3º,LRF). Aliás, ainda sobre o prazo de suspensão por 180 (cento e oitenta) dias, este é conhecido como stay period e encontra guarida no princípio basilar da RJ, qual seja, a preservação da empresa, tendo em vista que são vedados atos que inviabilizam a possibilidade de efetiva recuperação da devedora. Ressalta-se que também serão suspensos eventuais pedidos de Falência que tramitem em face do devedor, ficando no aguardo do julgamento do pedido de recuperação. Além disso, juntamente com a decisão que defere o processamento da RJ, o juiz determinaa publicação do edital a que alude o §1º do Art. 52 da LRF. No referido edital, devem constar os seguintes requisitos: a) o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o processamento da Recuperação Judicial; b) a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e a classificação de cada crédito e, c) a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma do Art. 7º , § 1º , da LRF (15 dias) e para que os credores apresentem objeção ao Plano de Recuperação Judicial apresentado pelo devedor nos termos do art. 55 da LRF (30 dias). Relativamente ao procedimento de verificação e habilitação de créditos - conforme já explicado - este será conduzido pelo Administrador Judicial 31 nomeado no feito, a partir dos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais fornecidos pelo devedor e nos documentos apresentados pelos credores, sendo que no prazo de quarenta e cinco dias após o término do prazo de quinze dias previsto para os credores, o auxiliar do juízo fará publicar a sua Relação de Credores, sendo aberto o prazo de dez dias para os credores e interessados impugnarem esta Relação. Após o julgamento das eventuais impugnações e habilitações retardatárias, o Administrador Judicial irá consolidar a Relação de Credores, transformando-a em Quadro Geral de Credores, o qual será homologado pelo juiz. Ademais, após o deferimento da RJ, os credores podem, a qualquer tempo, requerer a convocação da Assembleia Geral de Credores ou substituição de seus membros (Art. 52, §2º, LRF). Outra regra que cumpre ressaltar é que após o deferimento de processamento da RJ, o devedor não pode mais desistir do pedido de RJ, para tanto, ele precisa obter a aprovação da desistência junto à Assembleia Geral de Credores (Art. 52, §4º, LRF). Isso porque após o deferimento do processamento da RJ, o pedido de recuperação não é mais só do interesse do devedor mas também é dos credores. Em relação ao Plano de Recuperação Judicial, este deve ser apresentado no prazo de sessenta dias a contar do despacho de processamento da RJ, devendo conter a discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a serem empregados, bem como um resumo de cada ato que o compõe, a demonstração analítica de sua viabilidade econômica e o laudo econômico- financeiro e de avaliação dos ativos do devedor, subscrito por profissional habilitado ou por sociedade especializada, conforme dispõe o Art. 53 da LRF. Caso o Plano não seja apresentado no prazo de sessenta dias, a Falência do devedor será decretada, nos termos do inciso II, do Art. 73 da LRF, o qual estudaremos em breve. Ainda, o Plano de Recuperação Judicial é o meio utilizado como proposta do devedor aos seus credores, com o intuito de superar a crise e continuar a 32 desenvolver a atividade de empresa. Este, fixa obrigações que devem ser cumpridas pelo devedor, sendo que em caso de descumprimento, ensejam a convolação da Recuperação em Falência. Após a apresentação do Plano de RJ ao juízo, este ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento deste e fixando o prazo de trinta dias para a manifestação de eventuais objeções (Art. 53, parágrafo único, LRF). Nesse ínterim, tem-se que o Plano de RJ não poderá prever prazo superior a um ano para pagamento dos créditos derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de acidentes de trabalho, vencidos até a data do pedido de RJ; ainda, define o prazo não pode ser superior a trinta dias para o pagamento dos créditos de natureza salarial, vencidos nos três meses anteriores ao pedido de RJ, com o valor não superior a até cinco salários por trabalhador (Art. 54 e Art. 54, §1º da LRF). Aliás, é assegurado a qualquer credor sujeito aos efeitos da recuperação e independentemente do valor do crédito e da sua classificação, esteja ele vencido ou não, o direito de manifestar ao juiz sua objeção ao Plano de Recuperação Judicial apresentado pelo devedor, no prazo de trinta dias (Art. 55, LRF). Caso sejam apresentadas objeções ao Plano de Recuperação Judicial, o juiz deverá convocar a Assembleia Geral de Credores para deliberar sobre este (Art. 56, LRF). Veja-se que o ato praticado pelo juiz é apenas de convocação da Assembleia, não cabendo à este julgar e analisar as objeções. No mais, a Assembleia Geral de Credores deverá ser convocada pelo juiz, para realização em até cento e cinquenta dias, abrangendo a primeira e a segunda convocação, a partir da data do despacho de deferimento da Recuperação Judicial (Art. 56, parágrafo único, LRF). Tal prazo é estabelecido a fim de que se tenha uma deliberação sobre o Plano antes de cessar o período de suspensão das ações e execuções, o stay period. A Assembleia Geral de Credores pode ter três atitudes em relação ao Plano de RJ: a) aprovar sem alterações; b) aprovar com alterações ou, c) rejeitar o 33 Plano. No caso de aprovação de sem alterações, a própria Assembleia já pode eleger os membros do Comitê de Credores, se for o caso (Art. 56, §2º). Por fim, em que pese não esteja de forma literal na legislação, nada impede suspensão do ato assemblear para retificação do PRJ. * Para todos verem: quadro Caso o Plano seja aprovado com alterações, é obrigatória a expressa concordância do devedor e tal alteração não pode prejudicar os direitos dos credores ausentes (Art. 56, § 3º, LRF). Em caso de ser rejeitado o Plano de Recuperação Judicial, o juiz, a princípio, decretaria a convolação em Falência do devedor. Frisa-se que a votação de aprovação, rejeição ou alteração do Plano de RJ, segue a regra do Art. 45, da LRF, sendo que cada classe vota separadamente e o Plano tem que ser aprovado por todas. Na classe dos credores com garantia real e na classe dos credores privilegiados, subordinados e/ou quirografários, a aprovação depende do voto dos credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à Assembleia e que representem também a maioria simples dos credores - da classe - presentes. Já na classe dos credores trabalhistas ou decorrentes de Assembleia para apreciação do plano Aprovação com modificações Aprovação sem modificações Rejeição Possibilidade de suspensão do ato para modificação 34 acidentes de trabalhos e na classe dos credores enquadrados como ME ou EPP, a aprovação precisa ser pela maioria simples dos credores presentes, independente do valor de seus créditos. Contudo, pode ocorrer uma situação excepcional em que o juiz concederá a Recuperação Judicial ao devedor que não tiver o Plano aprovado na Assembleia Geral de Credores. Tal hipótese é chamada de “cram down” e está prevista no Art. 58, §1º da LRF. Para que a concessão de recuperação ocorra com base no Plano rejeitado pela Assembleia é necessário que o devedor tenha obtido os seguintes requisitos, cumulativamente: a ) voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes à assembleia, independentemente de classes; b) a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45 desta Lei ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas; e, c) na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de ⅓ dos credores, computados na forma dos §§ 1º e 2º do Art. 45 da LRF (Art. 58, §1º, LRF). Além disso, o “cram down” somente pode ser realizado se o Plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que o houver rejeitado (Art. 58, §2º, LRF). O Art. 57 da LRF preconiza que após a juntada aos autos do Plano de RJ aprovado pela Assembleia Geral de Credores ou passados os trinta dias da publicação do edital de aviso de recebimento do Plano, sem que tenha tido objeções, o devedor deve apresentar as Certidões Negativas de Débitos Tributários (CND’s). A fim de possibilitaro cumprimento desta regra, a própria legislação (LRF) prevê a criação de um parcelamento tributário específico para devedores em Recuperação Judicial, sendo que o fisco pode deferir, nos termos da sua legislação, o parcelamento de seus créditos, de acordo com os parâmetros constantes no Código Tributário Nacional (Art. 68, LRF). 35 Ademais, a decisão judicial de concessão da Recuperação Judicial constitui título executivo extrajudicial, podendo ser executada por qualquer credor (Art. 59, §1º, LRF), sendo que tal decisão é atacável por agravo de instrumento, nos termos do §2º do Art. 59 da LRF. Na hipótese de constar no Plano de Recuperação Judicial aprovado a alienação de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz irá ordenar a sua realização, nas modalidades de leilão, proposta fechada ou pregão, após ouvido o Ministério Público e o Administrador Judicial (Art. 60, LRF). Após ter concedida sua Recuperação Judicial, o devedor nela permanece até que sejam cumpridas todas as obrigações previstas no Plano que se vencerem em até dois anos depois da concessão da RJ. Durante este período, o descumprimento de qualquer obrigação prevista no Plano, enseja a convolação da Recuperação Judicial em Falência (Art. 61, §1º, LRF). Em sendo decretada a Falência do devedor, os créditos decorrentes das obrigações contraídas por este durante a RJ serão considerados extraconcursais (Art. 67, LRF). Além disso, conforme preceitua o parágrafo único do Art. 67 da LRF, os créditos quirografários sujeitos à recuperação judicial pertencentes a fornecedores de bens ou serviços que continuarem a provê-los normalmente após o pedido de recuperação judicial terão privilégio geral de recebimento em caso de decretação de falência, no limite do valor dos bens ou serviços fornecidos durante o período da recuperação. No caso de descumprimento das obrigações após o período de dois anos, qualquer credor poderá requerer a execução específica ou a Falência do devedor (Art. 62, LRF). A Recuperação Judicial, em princípio, não retira do titular da empresa o direito de administração dos bens. Nesse sentido, o Art. 64 da LRF preceitua as hipóteses em que devem ser destituídos, da condução da atividade empresarial, o devedor ou seus administradores, sendo elas: a) o titular da empresa houver sido condenado em sentença penal transitada em julgado por crime cometido em Recuperação Judicial ou Falência anteriores ou por crime 36 contra o patrimônio, a economia popular ou a ordem econômica previstos na legislação vigente; b) houver indícios veementes de ter cometido crime previsto na LRF; c) o titular da empresa houver agido com dolo, simulação ou fraude contra os interesses de seus credores; d) o titular da empresa houver praticado qualquer das seguintes condutas: d.1) efetuar gastos pessoais manifestamente excessivos em relação a sua situação patrimonial; d.2) efetuar despesas injustificáveis por sua natureza ou vulto, em relação ao capital ou gênero do negócio, ao movimento das operações e a outras circunstâncias análogas; d.3) descapitalizar injustificadamente a empresa ou realizar operações prejudiciais ao seu funcionamento regular e, d.4) simular ou omitir créditos ao apresentar a relação de que trata o inciso III do caput do Art. 51 da LRF, sem relevante razão de direito ou amparo de decisão judicial; e) o titular da empresa negar-se a prestar informações solicitadas pelo administrador judicial ou pelos demais membros do Comitê e, f) o titular da empresa tiver seu afastamento previsto no Plano de Recuperação Judicial. Na eventualidade de ser declarada a destituição dos sócios administradores, deve-se ser convocada a Assembleia Geral de Credores, a fim de deliberarem sobre o nome do Gestor Judicial que assumirá a administração das atividades do devedor, nos termos do Art. 65, da LRF. Ademais, o §1º do referido Art., indica que enquanto a Assembleia Geral não tiver escolhido quem será o gestor judicial, deve o Administrador Judicial exercer tal função. Além disso, importa mencionar que após a distribuição do pedido de Recuperação Judicial, o devedor somente poderá alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente - salvo os previamente relacionados no Plano de RJ - após a utilidade ser reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o Comitê de Credores (Art. 66, LRF). Ademais, em todos os atos, contratos e documentos realizados pelo devedor em procedimento de Recuperação Judicial, deve constar, após o nome empresarial, a expressão “em Recuperação Judicial”, sendo que o juiz 37 determinará ao Registro Público de Empresas (Art. 69 e Art. 69, parágrafo único10, LRF). Por fim, cumpridas as obrigações vencidas no prazo de dois anos depois da concessão da Recuperação Judicial, o juiz decretará, por sentença, o encerramento da recuperação, determinando: a) o pagamento do saldo de honorários ao Administrador Judicial, somente podendo efetuar a quitação dessas obrigações mediante a realização prestação de contas no prazo de trinta dias e aprovação do relatório; b) a apuração do saldo das custas judiciais a serem recolhidas; c) a apresentação de relatório circunstanciado do Administrador Judicial, no prazo máximo de quinze dias, versando sobre a execução do Plano de recuperação pelo devedor; d) a dissolução do Comitê de Credores e a exoneração do Administrador Judicial e, e) a comunicação ao Registro Público de Empresas (Art. 63, LRF). Além disso, o Art. 73 da LRF dispõe algumas hipóteses em que será decretada a Falência do devedor durante o processo de Recuperação Judicial, vejamos: Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial: I – por deliberação da assembléia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei; II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53 desta Lei; III – quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do § 4º do art. 56 desta Lei; IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma do § 1º do art. 61 desta Lei. Parágrafo único. O disposto neste artigo não impede a decretação da falência por inadimplemento de obrigação não sujeita à recuperação judicial, nos termos dos incisos I ou II do caput do art. 10 Redação alterada pelo Art. 1º do Projeto de Lei n. 4.458/2020. 38 94 desta Lei, ou por prática de ato previsto no inciso III do caput do art. 94 desta Lei. Verifica-se assim, após todo o exposto, que o procedimento recuperacional é um importante instrumento apto a viabilizar a superação da crise econômico- financeira pela qual o devedor pode estar passando. Contudo, tal instituto pressupõe uma série de obrigações a serem cumpridas por este, as quais se não forem respeitadas, podem ensejar na convolação em Falência. 2. RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE ME/EPP Inicialmente, imperioso relembrar questões de suma importância relativas às ME/EPP’s. Dessa forma, temos que a Lei Complementar n. 123 de 14 de dezembro de 2016 instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, alterando os dispositivos anteriormente existentes. Assim temos que são consideradas microempresas (ME) ou empresas de pequeno porte (EPP), a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário individual, registrados devidamente no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas desde que no caso microempresa (ME), aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e, em caso de empresa de pequeno porte (EPP), aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00(quatro milhões e oitenta mil reais) (Art. 3º, LC 123/2016). Salienta-se que a receita bruta é considerada, para efeitos desta legislação, como o produto da venda de bens e serviços nas operações por conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, desconsiderando-se as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. Para além, o §4º, do Art. 3º, da LC 123/2016, dispõe as pessoas jurídicas que não podem ser beneficiadas do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta 39 legislação, quais sejam: a) as de cujo capital participe outra pessoa jurídica; b) as que sejam filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; c) as de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos da Lei Complementar 123/2006, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitenta mil reais); d) as de cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada pela LC 123/2006, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitenta mil reais); e) as de cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitenta mil reais); f) as constituídas sob a forma de cooperativas, com exceção as de consumo; g) as que participem do capital de outra pessoa jurídica; h) as que exerçam atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; i) as resultantes ou remanescentes de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos cinco anos-calendário anteriores; j) as constituídas sob a forma de sociedade por ações e, k) as de cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade. Ademais, caso o enquadramento da empresa em ME ou EPP, seja após o início do ano-calendário, o limite de receita bruta mensal deve ser proporcional aos meses deste e,o enquadramento ou desenquadramento da empresa em ME ou EPP não implicam em alteração, denúncia ou restrição aos contratos anteriormente firmados. 40 Em relação ao enquadramento de sociedade empresárias ou de empresário individual que já operava antes promulgação da LC 123/2006, deve ser realizada a comunicação da situação junto à Junta Comercial competente, a fim de que conste junto ao nome empresarial a expressão “microempresa” (ou a abreviatura “ME”) ou “empresa de pequeno porte” (ou a abreviatura “EPP”). Veja-se que um dos principais objetivos da LC 123/2006 é possibilitar - ao empresário individual ou a sociedade empresária - o seu desenvolvimento. Assim, caso o desenvolvimento acarrete em extrapolação aos limites previstos para enquadramento em ME, pode haver um reenquadramento em EPP. O mesmo pode ocorrer caso uma empresa enquadrada como EPP não alcance a receita bruta no limite para tanto e ser reenquadrada como ME. No entanto, caso a empresa extrapole os limites para EPP, ocorre seu desenquadramento, acarretando na perda de benefícios contidos na LC 123/2006. Frisa-se que tal reenquadramento e desenquadramento são automáticos, conforme previsão legal (Art. 3º, §§ 7º, 8º e 9º, LC 123/2006). Além da microempresa (ME) e da empresa de pequeno porte (EPP) temos a figura do pequeno empresário, que é, exclusivamente, o empresário individual, que caracterizado como ME, aufira renda bruta anual não excedente a R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais) e seja optante pelo Simples Nacional11. Este pequeno empresário, além de ser beneficiado das regras 11 O Simples Nacional é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Abrange a participação de todos os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). É administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes: quatro da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios. Para o ingresso no Simples Nacional é necessário o cumprimento das seguintes condições: a)enquadrar-se na definição de microempresa ou de empresa de pequeno porte; c) cumprir os requisitos previstos na legislação; e, d) formalizar a opção pelo Simples Nacional. Características principais do Regime do Simples Nacional: a) ser facultativo; b) ser irretratável para todo o ano-calendário; c) abrange os seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa jurídica (CPP); d) recolhimento dos tributos abrangidos mediante documento único de arrecadação - DAS; e) disponibilização às ME/EPP de sistema eletrônico para a realização do cálculo do valor mensal devido, geração do DAS e, a partir de janeiro de 2012, para constituição do crédito tributário; f) apresentação de declaração única e simplificada de informações socioeconômicas e fiscais; g) prazo para recolhimento do DAS até o dia 20 do mês subsequente àquele em que houver sido auferida a receita bruta e, h) possibilidade 41 previstas na LC 123/2006 para ME e EPP, recebe, em algumas situações, tratamento mais especial ainda, como por exemplo a isenção de qualquer obrigação escritural (Art. 1.179, §2º, do Código Civil)12. Findando essas considerações primordiais, iremos analisar o Plano Especial previsto na Lei 11.101/2005 (LRF) para ME ou EPP em Recuperação Judicial, cuja disciplina possui inteligência nos Arts. 70 a 72. Inicialmente cumpre destacar que o pedido de Recuperação Judicial com base no Plano especial é uma faculdade para as empresas enquadradas como ME ou EPP, ou seja, os devedores classificados como microempresa ou empresa de pequeno porte devem optar em sua petição inicial pela apresentação de Plano especial ou Plano normal de Recuperação Judicial (Art. 70, §1º, LRF). Destaca-se, contudo, que independente da opção devedor, este deverá preencher os requisitos do Art. 48 da LRF, bem como apresentar a documentação exigida no Art. 51, da LRF, com as devidas ressalvas já constantes na lei. O prazo para a apresentação do Plano especial é de 60 (sessenta) dias, assim como ocorre no Plano normal (Art. 71, LRF). As condições para apresentação desse Plano especial limitam-se ao previsto no dispositivo legal acima referido, sendo elas: a) abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais, os fiscais e os previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49 da LRF (alienação fiduciária em garantia, arrendamento mercantil, etc …); b) preverá parcelamento em até trinta e seis parcelas mensais, iguais e sucessivas, acrescidas de juros equivalentes à taxa Sistema Especial de Liquidação e de de os Estados adotarem sublimites para EPP em função da respectiva participação no PIB. Os estabelecimentos localizados nesses Estados cuja receita bruta total extrapolar o respectivo sublimite deverão recolher o ICMS e o ISS diretamente ao Estado ou ao Município. 12 Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência
Compartilhar