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Recuperação Judicial

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Recuperação Judicial 
Lei 11.101/2005 
Introdução 
 O ordenamento jurídico deve assegurar aos empresários em principio de crise-
econômico financeira condições de recuperação de sua atividade empresarial, sem 
solução de continuidade de sua atividade produtiva e com o pagamento aos credores. 
 A recuperação de empresas, entretanto, não deve ser vista como um instrumento de 
amparo estatal às empresas em crise. Para que a recuperação possa ser levada a cabo, é 
essencial que a empresa requerente demonstre viabilidade econômica. 
VIABILIDADE ECONÔMICA: Capacidade de uma empresa recuperar-se economicamente 
por seus próprios meios. 
Definição 
Conforme Fábio Bellote Gomes, Recuperação Judicial é o Acordo judicial realizado entre o 
devedor (empresário, EIRELI ou sociedade empresária) e seus credores, com vistas à 
recuperação da atividade empresarial em crise e ao pagamento do passivo submetido aos 
seus efeitos. 
Em suma... a recuperação judicial trata-se de um instituto que busca viabilizar a 
reestruturação da empresa em crise, pois nem sempre as soluções existentes no 
próprio mercado mostram-se suficientes para auxiliá-la na superação desse mal 
momento. 
Objetivo 
“Viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de 
permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses 
dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o 
estímulo à atividade econômica.” 
Art. 47, LEI 11.101/2005 
É bom frisarmos que o devedor deverá mostrar a capacidade real de recuperação, caso 
contrário terá sua falência decretada! 
Ao mercado nada interessa a manutenção de empresas inadimplentes, atrasadas, mal 
administradas. Para empresas desse tipo esta reservada o instituto da falência na qual 
acarreta na extinção da empresa no mundo jurídico e econômico. 
 
Concordata X Recuperação Judicial 
O instituto da concordata, previsto no decreto-lei nº 7.661/45 foi extinto e substituído pela 
recuperação judicial, na qual é um mecanismo mais eficaz e moderno no combate à crise 
da empresa. 
QUADRO COMPARATIVO 
CONCORDATA RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
Remissão (perdão) de dívidas e dilação de 
prazos para pagamento dos credores 
Prevê um plano de recuperação judicial, na 
qual confere efetiva chance de superação 
da crise 
Os credores eram meros espectadores que 
deveriam contentar-se com a remissão e/ou 
moratória imposta 
Intensa participação dos credores, 
responsáveis pela aprovação ou rejeição do 
plano de recuperação escolhido pelo 
devedor 
 
Requisitos 
DISPOSITIVO LEGAL: 
 Art. 48: “Pode requerer a recuperação judicial o devedor que, no momento do 
pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 anos e que atenda aos 
seguintes requisitos, cumulativamente: 
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em 
julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial 
com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; 
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio 
controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 
§ 1º A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, 
herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente. 
§ 2º Tratando-se de exercício DE ATIVIDADE RURAL POR PESSOA JURÍDICA, 
admite-se a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da 
declaração de informações econômico-fiscais da pessoa jurídica - dipj que tenha 
sido entregue tempestivamente. 
No que se refere ao §2º temos uma ressalva importantíssima: 
PRECEDENTE DO STJ ACERCA DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL PARA O PRODUTOR 
RURAL 
O precedente foi fixado no julgamento envolvendo o Grupo JPupin, e tratou da inclusão 
na recuperação judicial de débitos contraídos por produtor rural como pessoa física 
(antes de sua inscrição na Junta Comercial). 
Argumento Contrário: 
O Banco do Brasil alegou que, nos termos do art. 48 da lei 11.101/05, o requisito 
temporal para o requerimento da recuperação judicial é o exercício regular da atividade 
empresária há pelo menos dois anos, que deve ser respeitado, igualmente, pelos 
empresários rurais; assim, sustentou a impossibilidade dos recorrentes beneficiarem-se 
da recuperação judicial em relação às operações realizadas antes de registrarem-se na 
Junta Comercial. 
Argumento favorável e vencedor: 
O Ministro Luis Felipe Salomão assentou que: 
 a) o produtor rural que exerce atividade empresária é sujeito de direito da recuperação 
judicial; 
b) é condição para o requerimento da recuperação judicial pelo produtor rural a inscrição 
no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, observadas as 
formalidades do art. 968 e seus parágrafos; 
 c) a aprovação do requerimento de recuperação judicial pelo produtor rural está 
condicionada à comprovação de exercício da atividade rural há mais de dois anos, por 
quaisquer formas admitidas em direito; e 
d) comprovado o exercício da atividade pelo prazo mínimo exigido pelo art. 48 (lei 
11.101/05), sujeitam-se à recuperação os créditos constituídos, que decorram de 
atividades empresariais. 
Ou seja, mesmo que o produtor rural não tenha registro na junta comercial por no 
mínimo 2 anos, ele terá direito a requerer a recuperação judicial se tiver como 
comprovar que exerceu atividade empresária durante esse período, e 
consequentemente as dívidas, também serão incluídas no instituto da RJ (mesmo 
que na época que contraiu não estivesse registrado). 
OBS: O devedor poderá fazer o requerimento de recuperação judicial, mesmo que exista 
um pedido de falência contra ele. Isso porque a recuperação judicial pode ser requerida 
diretamente, ou no prazo de defesa em pedido de falência formulado pelo credor, nos 
termos do art. 95. 
Características Gerais 
 É um acordo judicial celebrado entre devedores e credores, na qual todos os 
credores estão obrigados a respeitá-las; 
 O devedor não pode desistir do pedido de recuperação judicial, após o deferimento 
do seu processamento; 
 O devedor tem ampla liberdade para propor aos credores as medidas jurídicas 
e econômicas que entender convenientes; 
 Após a distribuição do pedido de recuperação, o devedor empresário não poderá 
alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente; 
 A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das 
ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou 
coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória. (Súmula 581 
do STJ). 
Créditos NÃO submetidos à Recuperação Judicial 
 Fiscais e parafiscais; 
 Proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis 
 Arrendador Mercantil 
 Proprietário ou promitente vendedor de imóveis cujos respectivos contratos 
contenham cláusula de irrevogabilidade, irretratabilidade, incorporações imobiliárias; 
 Credor de Contrato de câmbio (ACC). 
 
 
 Créditos submetidos à Recuperação Judicial 
 Titulares de créditos derivados da legislação do trabalho e decorrentes de 
acidente de trabalho. 
*ressalva importante*: O entendimento atual do STJ é que os créditos resultantes de 
honorários advocatícios têm natureza alimentar e equiparam-se aos trabalhistas para 
efeito de habilitação de falência e recuperação judicial. 
 Titulares de créditos com garantia real, até o limite do valor do bem agravado; 
 Titulares de créditos com privilégio especial; 
 Titulares de créditos com privilégio geral (créditos decorrentes de obrigações 
contraídas pelo devedor durante a Recuperação Judicial); 
 Titulares de créditos quirografários; 
 Titulares de créditos subordinados (sócios e administradores sem vínculo 
empregatício). 
Meios de RecuperaçãoJudicial 
A recuperação judicial se operacionaliza mediante um plano de recuperação. Esse 
plano deve apresentar instrumentos ou meios jurídico-econômicos de recuperação da 
empresa. 
A lei em seu artigo 50 traz um elenco enumerativo, porém não exclusivo, podendo 
ser utilizado de forma isolada ou cumulativa. Sem a exclusão da possibilidade de o 
devedor vir a propor outros meios não previstos em lei. 
DISPOSITIVO LEGAL: 
 Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente 
a cada caso, dentre outros: 
I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações 
vencidas ou vincendas; 
II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de 
subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos 
termos da legislação vigente; 
III – alteração do controle societário; 
IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de 
seus órgãos administrativos; 
V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e 
de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar; 
VI – aumento de capital social; 
VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída 
pelos próprios empregados; 
VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante 
acordo ou convenção coletiva; 
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição 
de garantia própria ou de terceiro; 
X – constituição de sociedade de credores; 
XI – venda parcial dos bens; 
XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, 
tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, 
aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em 
legislação específica; 
XIII – usufruto da empresa; 
XIV – administração compartilhada; 
XV – emissão de valores mobiliários; 
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento 
dos créditos, os ativos do devedor. 
 
Art. 59. O plano de recuperação judicial implica NOVAÇÃO dos créditos 
anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem 
prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1º do art. 50 desta Lei. 
§ 1º A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá título 
executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III, do caput da Lei nº 5.869, de 11 de 
janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
§ 2º Contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que 
poderá ser interposto por qualquer credor e pelo Ministério Público. 
*novação: é uma operação jurídica do Direito das obrigações que consiste em criar 
uma nova obrigação, substituindo e extinguindo a obrigação anterior e originária. O próprio 
termo "novar" já é utilizado no vocabulário jurídico para se referir ao ato de se criar uma 
nova obrigação. 
Órgãos da Recuperação Judicial 
Podem existir três órgãos distintos: 
a) ADMINISTRADOR JUDICIAL; 
b) ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES (AGC); 
c) COMITÊ DE CREDORES 
A) ADMINISTRADOR JUDICIAL: 
Tem poderes mais limitados, visto que não existe massa falida. A administração da 
empresa ficará com o próprio devedor ou a terceiro indicado. 
Função: fiscaliza a administração da empresa que esta a cargo do devedor ou de terceiro. 
Atribuições do Administrador Judicial: 
DISPOSITIVO LEGAL: 
Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além 
de outros deveres que esta Lei lhe impõe: 
I – na recuperação judicial e na falência: 
a) enviar correspondência aos credores comunicando a data do pedido de recuperação 
judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito; 
b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados; 
c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de 
fundamento nas habilitações e impugnações de créditos; 
d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações; 
e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º desta Lei; 
f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei; 
g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de credores nos casos previstos 
nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões; 
h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas 
para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções; 
i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei; 
II – na recuperação judicial: 
a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação 
judicial; 
b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de 
recuperação; 
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do 
devedor; 
d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o 
inciso III do caput do art. 63 desta Lei; 
 
B) ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES (AGC) 
Presidida pelo Administrador Judicial, a AGC é o órgão máximo de deliberação dos 
credores. Podendo ser convocada pelo juiz, nas hipóteses legais ou quando este julgar 
conveniente, e por credores titulares em conjunto. 
Atribuições da AGC: 
DISPOSITIVO LEGAL: 
Art. 35. A assembléia-geral de credores terá por atribuições deliberar sobre: 
I – na recuperação judicial: 
a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado 
pelo devedor; 
b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua 
substituição; 
c) (VETADO) 
d) o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4º do art. 52 desta Lei; 
e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; 
f) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores; 
 
Art. 36. A assembléia-geral de credores será convocada pelo juiz por edital 
publicado no órgão oficial e em jornais de grande circulação nas localidades da sede 
e filiais, COM ANTECEDÊNCIA MÍNIMA DE 15 (QUINZE) DIAS, o qual conterá: 
DEVERÁ CONTER NO EDITAL AS SEGUINTES INFORMAÇÕES: 
I – local, data e hora da assembléia em 1ª (primeira) e em 2ª (segunda) convocação, 
não podendo esta ser realizada menos de 5 (cinco) dias depois da 1ª (primeira); 
II – a ordem do dia; 
III – local onde os credores poderão, se for o caso, obter cópia do plano de 
recuperação judicial a ser submetido à deliberação da assembléia. 
§ 1º Cópia do aviso de convocação da assembléia deverá ser afixada de forma 
ostensiva na sede e filiais do devedor. 
§ 2º Além dos casos expressamente previstos nesta Lei, credores que representem no 
mínimo 25% (vinte e cinco por cento) do valor total dos créditos de uma determinada 
classe poderão requerer ao juiz a convocação de assembléia-geral. 
§ 3º As despesas com a convocação e a realização da assembléia-geral correm por 
conta do devedor ou da massa falida, salvo se convocada em virtude de requerimento do 
Comitê de Credores ou na hipótese do § 2º deste artigo. 
Classe dos Credores 
Conforme os termos do art. 41, estão assim divididas: 
CLASSE DE 
CREDORES 
NATUREZA DO 
CRÉDITO 
VOTO QUANTITATIVO 
(Nº DE CREDORES) 
VOTO QUALITATIVO 
(VALOR DE CRÉDITO) 
QUORUM DE 
DELIBERAÇÃO 
 
Classe I 
Trabalhista de 
decorrentes de 
acidente de trabalho 
Maioria simples dos 
credores presentes 
(maioria das 
cabeças) 
Não leva em 
consideração o valor 
do crédito 
Apenas o voto da 
“quantidade das 
cabeças” 
 
Classe II 
 
Créditos com garantia 
real 
Maioria simples dos 
credores presentes 
(maioria das 
cabeças) 
Maioria Simples 
(mais da metade do 
valor total dos 
créditos nesta classe 
PRESENTES na 
AGC) 
Por cabeça: 
Maioria simples 
Por crédito: 
MaioriaSimples 
 
Classe III 
 
Créditos quirografários 
Maioria simples dos 
credores presentes 
(maioria das 
cabeças) 
Maioria Simples 
(mais da metade do 
valor total dos 
créditos nesta classe 
PRESENTES na 
AGC) 
Por cabeça: 
Maioria simples 
Por crédito: 
Maioria Simples 
 
Classe IV 
Créditos de ME (Micro 
Empresas) EPP 
(Empresas de 
Pequeno Porte) 
Maioria simples dos 
credores presentes 
(maioria das 
cabeças) 
Não leva em 
consideração o valor 
do crédito 
Apenas o voto da 
“quantidade das 
cabeças” 
 
Em suma: 
CLASSE I (trabalhista) E IV (ME e EPP): voto exclusivamente por cabeça, não 
considera o crédito 
CLASSE II E III: voto por cabeça e por valor de crédito 
Lembrando que: 
ME: Micro Empresa, pessoa jurídica que tenha auferido, no ano, receita bruta igual ou 
inferior a R$ 240,000,00 
EPP: Empresa de Pequeno Porte, pessoa jurídica que tenha auferido, no ano, receita 
bruta superior a 240,000,00 
 
Tem direito ao voto 
- Credores relacionados ao quadro geral de credores, ou na sua falta, na relação de 
credores apresentadas pelo Administrador judicial; 
 - Credores habilitados na data da realização da assembléia ou que tenham crédito 
admitido ou alterado por decisão judicial. 
NÃO tem direito ao voto 
 Fiscais e parafiscais; 
 Proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis 
 Arrendador Mercantil 
 Proprietário ou promitente vendedor de imóveis cujos respectivos contratos 
contenham cláusula de irrevogabilidade, irretratabilidade, incorporações imobiliárias; 
 Credor de Contrato de câmbio (ACC). 
 CREDORES RETARDATÁRIOS (são os credores que não habilitaram o seu crédito 
dentro do prazo legal de 15 dias). 
 
C) COMITÊ DE CREDORES 
É um órgão facultativo tanto na falência como na recuperação judicial, sendo formado por 
representantes das classes de credores. 
Possuem as seguintes atribuições: 
DISPOSITIVO LEGAL: 
Art. 27. O Comitê de Credores terá as seguintes atribuições, além de outras previstas 
nesta Lei: 
I – na recuperação judicial e na falência: 
a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; 
b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei; 
c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos 
credores; 
d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados; 
e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral de credores; 
f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei; 
II – na recuperação judicial: 
a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 
(trinta) dias, relatório de sua situação; 
b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial; 
c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor nas 
hipóteses previstas nesta Lei, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de 
ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento necessários à continuação 
da atividade empresarial durante o período que antecede a aprovação do plano de 
recuperação judicial. 
Processo de Recuperação Judicial 
O processo de recuperação judicial é composto por três fases distintas e seqüenciais, são 
elas: 
 
1. FASE PRELIMINAR OU POSTULATÓRIA; 
2. FASE DE DELIBERAÇÃO OU ASSEMBLEAR; 
3. FASE DE EXECUÇÃO. 
 
A) FASE PRELIMINAR OU POSTULATÓRIA 
O processo terá inicio com o protocolo, pelo devedor, de sua petição inicial. Devendo 
conter na inicial: 
Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: 
I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões 
da crise econômico-financeira; 
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as 
levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância 
da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: 
a) balanço patrimonial; 
b) demonstração de resultados acumulados; 
c) demonstração do resultado desde o último exercício social; 
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; 
III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer 
ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor 
atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a 
indicação dos registros contábeis de cada transação pendente; 
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, 
salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de 
competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; 
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato 
constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; 
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do 
devedor; 
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais 
aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em 
bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; 
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do 
devedor e naquelas onde possui filial; 
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure 
como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores 
demandados. 
 
DEFERIMENTO DA PETIÇÃO 
Distribuída a petição inicial com o pedido de recuperação pelo devedor legitimado, e 
estando em termos a documentação exigida, o juiz deferirá o processamento da 
recuperação judicial. 
Há, porem, que se esclarecer que esse despacho do juiz- determinando o 
processamento da recuperação judicial – NÃO SE CONFUNDE com sua efetiva 
concessão. 
QUADRO COMPARATIVO 
DESPACHO DE PROCESSAMENTO CONCESSÃO 
Serve apenas para autorizar o Decisão que será tomada somente após a 
prosseguimento do feito para que as 
demais fases mencionadas na lei possam 
ser realizadas 
aprovação do plano de recuperação judicial 
Observe o momento de cada um no fluxograma 
FLUXOGRAMA 
 
 
INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL 
Se o devedor, ao distribuir o pedido de recuperação, não demonstrar legitimidade, ou não 
apresentar a documentação exigida, terá o processamento do pedido indeferido e 
consequentemente o processo será extinto. No entanto, nada impede que ingresse 
novamente com outro pedido, sanando as falhas constatadas. 
 
OS PRAZOS SERÃO CONTADOS EM DIAS ÚTEIS OU CORRIDOS? 
Com o advento do novo código de processo civil tem surgido algumas decisões judiciais 
considerando que a contagem do referido prazo de 180 dias deveria ser efetuada de acordo com o 
critério fixado pelo CPP, ou seja em dias úteis. 
Respeitosamente, Fábio Bellote Gomes discorda, dizendo que tal entendimento não deve 
prosperar, por dois motivos: 
a) A lei falimentar é norma de natureza especial (ao passo que CPC é lei geral); 
b) Caso fosse considerado em dias úteis tal prazo iria impor um ônus demasiado grande aos 
credores, à espera de um acordo para a recuperação judicial da empresa e a satisfação do 
crédito, e sobretudo também iria prejudicar a eficiência exigida da atividade empresarial, 
e o princípio da continuidade da empresa. 
Stay Period 
 
“Quando a empresa ingressa com pedido de Recuperação Judicial, após a análise 
de cumprimento dos requisitos da lei, o Juiz defere o processamento da recuperação, ou 
seja, o processo começa a caminhar. 
Uma das consequências dessa decisão é o chamado stay period, período de 
suspensão das ações e execuções em face da empresa em recuperação judicial. 
Assim, no prazo de 180 dias, todos os processos em face da empresa e, 
consequentemente, os atos de constrição do seu patrimônio devem ser congelados 
conforme artigo 6º da lei 11.101/05. 
Muito se discute sobre a possibilidadede prorrogação desse prazo, já que nos 
termos do §4º do mencionado artigo 6º da LFR, os 180 dias seriam improrrogáveis. 
Ocorre que, para que a empresa possa aprovar seu plano de recuperação em 
assembleia geral de credores é necessário ajustar as formas de pagamento dos 
credores para atender o interesse de todos e o prazo de 180 dias, que deveria ser o 
lapso de tempo entre o deferimento da recuperação e a aprovação do plano, muitas das 
vezes, se mostra insuficiente. 
Nesse sentido, o poder judiciário tem sido mais complacente do que a lei. Isso 
porque, os Tribunais entendem que é possível a prorrogação do stay, desde que, 
reste claro que a Recuperanda não retardou o andamento do processo, bem como 
não foi por sua culpa que a aprovação do plano não ocorreu no prazo de 180 dias. 
Geralmente, o Tribunal entende pela prorrogação do stay por mais 180 dias, o que não 
impede de acontecer por um prazo menor ou até a realização da assembleia geral de 
credores e/ou aprovação do plano de recuperação judicial. Sendo assim, não há uma 
regra que delimite o novo prazo de stay period.” 
Site Migalhas 
 
 
 
Caso Verídico 
“O juiz de Direito Tiago Henriques Papaterra Limongi, da 1ª vara de Falências e 
Recuperações Judiciais de SP, deferiu pedido de prorrogação do stay period de uma 
empresa em recuperação judicial pelo período de suspensão da assembleia geral dos 
credores. O magistrado levou em consideração o período de crise ocasionado pelo novo 
coronavírus.” 
 
Observação importante: 
Os crédito de natureza estritamente salarial, cujo valor não exceda o limite de 
5 SALÁRIOS MINIMOS, e que se tenha vencido nos três meses anteriores ao 
pedido de recuperação judicial, deverão ter o seu pagamento no prazo 
máximo de 30 dias. 
DISPOSITIVO LEGAL: 
Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano 
para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de 
acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial. 
Parágrafo único. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias 
para o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos 
de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de 
recuperação judicial. 
B) FASE DE DELIBERAÇÃO OU ASSEMBLEAR 
O plano e recuperação deve ser protocolado em cartório pelo devedor no prazo 
improrrogável de 60 dias contados da publicação do despacho que deferir o 
processamento, sob pena de decretação de falência. 
 
 
O plano de recuperação judicial terá o seguinte conteúdo: 
DISPOSITIVO LEGAL: 
Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo 
improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da 
recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter: 
I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, 
conforme o art. 50 desta Lei, e seu resumo; 
II – demonstração de sua viabilidade econômica; e 
III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito 
por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada. 
Hipóteses de Aprovação do Plano de Recuperação Judicial 
 
NÃO HÁ OBJEÇÃO DE QUALQUER CREDOR 
 
HÁ OBJEÇÃO DE ALGUM CREDOR 
Dentro do prazo de 30 dias contados da 
publicação da relação dos credores ou do 
aviso aos credores sobre o recebimento do 
plano não tiver nenhuma objeção, 
prosseguirá. 
Nesse caso, o juiz deverá convocar a 
assembléia geral dos credores para 
deliberar sobre o plano de recuperação 
judicial, sendo que a data para a realização 
da assembléia geral de credores não 
 
Nesse caso o juiz deverá conceder a 
recuperação judicial 
poderá exceder 150 dias, contados do 
deferimento do processamento da 
recuperação judicial. 
 
 
 
Ocorrendo a objeção, e acontecendo a assembléia geral de credores haverá duas 
hipóteses, são elas: 
 
A ASSEMBLEIA GERAL APROVA O 
PLANO E O JUIZ CONCEDE A 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
A ASSEMBLEIA GERAL NÃO APROVA O 
PLANO, MAS O JUIZ CONCEDE A 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
“CRAM DOWN” 
 
Para que haja a aprovação do plano, é 
necessário que todas as classes de 
credores votem favoravelmente ao plano de 
recuperação. Conforme art. 45. 
 
O juiz poderá conceder a recuperação 
judicial com base no plano que não obteve 
aprovação. 
 
CRAM DOWN 
 “De guela a baixo” / “jogar para baixo”. Essa expressão é citada na doutrina e 
jurisprudência que consiste na concessão da recuperação judicial quando o plano 
apresentado pelo devedor não obtiver aprovação em todas as classes de credores. 
Nesse caso, conforme o art. 58, §1º: “O juiz poderá conceder a recuperação judicial com 
base em plano que não obteve aprovação pelo critério de todas as classes aprovarem, 
desde que na mesma assembléia, tenha obtido DE FORMA CUMULATIVA: 
 
 O VOTO FAVORÁVEL DE CREDORES QUE REPRESENTEM MAIS DA METADE 
DO VALOR DE TODOS OS CRÉDITOS PRESENTES À ASSEMBLEIA, 
INDEPENDENTEMENTE DE CLASSES 
 
 A APROVAÇÃO DE DUAS CLASSES DE CREDORES NO TERMOS DO ART. 45, 
CASO HAJA SOMENTE DUAS CLASSES COM CREDORES VOTANTES, A 
APROVAÇÃO DE PELO MENOS UMA DELAS 
 
 
 NA CLASSE QUE HOUVER REJEITADO, O VOTO FAVORÁVEL DE MAIS DE UM 
TERÇO DE CREDORES 
 
Com a atualização da lei em 2014, trazendo uma 4ª classe (CLASSE IV), houve uma 
mudança na aplicação do cram down, visto que tinha apenas 3 classes de credores, agora 
são quatro. 
Resultado: admite-se o Cram down desde que aprovado o plano por duas das quatro 
classes de credores, cumulativamente ao demais requisitos lega, ao invés do critério 
original baseado na aprovação por duas das três classes, em entendimento ao PRINCÍPIO 
DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA, ART 47. 
C) FASE DE EXECUÇÃO 
Uma vez aprovado o plano de recuperação e concedida judicialmente a recuperação, tem 
inicio o seu cumprimento, nos exatos termos em que for acordado entre o devedor e seus 
credores. 
 
Convolação da recuperação judicial em falência 
Convolação significa “converter” a recuperação judicial em falência, a lei consagra as 
seguintes hipóteses: 
I – por deliberação da assembléia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei; 
II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53 
desta Lei; 
III – quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do § 4º do art. 
56 desta Lei; 
IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, 
na forma do § 1º do art. 61 desta Lei.

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