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Introdução a Enegenharia Aula 1 A profissão de Engenharia é uma das mais antigas do mundo. Ela, contribuindo ativamente com pesquisas e estudo, acompanhou o desenvolvimento das civilizações e a evolução da sociedade ao longo da História. Natural das ciências exatas, a Engenharia é hoje um dos cursos de graduação mais procurados pelos os estudantes. Isso porque é uma profissão muito abrangente e útil. Se olharmos à nossa volta, é praticamente impossível encontrar algo que não envolva os conhecimentos da Engenharia, considerando desde aviões, eletrônicos e smartphones até o tubo da nossa pasta de dente. Frente a essa profissão, está o engenheiro, responsável por absolver todo o conhecimento técnico e teórico e trazê-lo para a sociedade, para operar mudanças e criações de diversos níveis. O engenheiro, além de dominar o conteúdo técnico, precisa desenvolver outras habilidades e saber seus deveres e obrigações, para poder exercer sua profissão com êxito. A ENGENHARIA O termo engenharia vem da palavra engenho que, por sua vez, deriva do latim ingenium, isto é, qualidade inata ou natural, inteligência. Na Engenharia se observa a aplicação dos conhecimentos científicos da Matemática e das ciências naturais, associados a métodos empíricos, obtidos através de experiência e prática, com o objetivo de utilizar materiais e a natureza em prol de benefícios ao ser humano. O engenheiro é o responsável pela aplicação da Engenharia na sociedade e, para isso, precisa muito mais do que somente conhecimento científico. Podemos pensar, por exemplo, em habilidades e deveres éticos e sociais para um melhor exercício da profissão. Segundo os autores Walter Antonio Bazzo e Luiz Teixeira do Vale Pereira no livro Introdução à Engenharia: conceitos, ferramentas e comportamentos, de 2006, o profissional deve possuir as seguintes competências e habilidades: ASSISTA O filme O jogo da imitação, de 2015, dirigido por Morten Tyldum, conta a história de Allan Turing, um cientista da computação que criou uma máquina para decodificar mensagens criptografadas pelos alemães durante a II Guerra Mundial. O drama mostra um Alan Turing que, apesar de inteligente e centrado, tinha dificuldades no trato social, até que viu que sua forma introspectiva e individualista de trabalhar atrapalharia o desenvolvimento de seu trabalho. Baseado em fatos reais, estima-se que a invenção de Turing tenha reduzido em pelo menos dois anos a duração da guerra. Quadro 1. competências e habilidades do engenheiro. Fonte: BAZZO; PEREIRA, 2006, p. 89. (Adaptado). No Brasil, a Engenharia é regulamentada pela Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, que caracteriza a profissão pela realização de interesse social e humano, e pela realização dos seguintes empreendimentos: • 1 aproveitamento e utilização de recursos naturais; • 2 meios de locomoção e comunicações; • 3 edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e regionais, nos seus aspectos técnicos e artísticos; • 4 instalações e meios de acesso a costas, cursos, e massas de água e extensões terrestres; • 5 desenvolvimento industrial e agropecuário. ÉTICA PROFISSIONAL E DEVERES DO ENGENHEIRO Todo profissional deve respeitar padrões e valores da sociedade e do ambiente de trabalho, o que se denomina ética profissional. As engenharias são regidas por um Código de Ética Profissional, elaborado pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), que enuncia os fundamentos éticos e as condutas necessárias à boa e honesta prática das profissões da Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia. O documento, intitulado "Código de ética profissional da engenharia, arquitetura, da agronomia, da geologia, da geografia e da meteorologia, teve sua décima edição publicada em 2018". O código traz disposições sobre os princípios da profissão, deveres dos profissionais, condutas vedadas, direitos e infrações de ética. Entre os direitos assegurados pelo Código de Ética Profissional do engenheiro, estão o piso salarial, a proteção da sua propriedade intelectual e condições de trabalho dignos, eficazes e seguros. CURIOSIDADE São algumas implicações do Código de Ética Profissional: Desenvolvimento sustentável deve ser prioridade no exercício dos profissionais registrados no CREA – engenheiros, agrônomos, geólogos, geógrafos e meteorologistas; No caso de infração do Código de Ética Profissional, cada CREA possui uma Comissão de Ética para julgar denúncias em primeira instância. O Plenário do Confea funciona como última instância de julgamento. São, segundo o Código de Ética Profissional, deveres do engenheiro: // Quadro 2. Deveres do engenheiro Clique para fazer download do quadro 1 abaixo: quadro_2.png 833.2 KB O ENGENHEIRO NO MERCADO DE TRABALHO O engenheiro pode atuar no mercado de diferentes formas: Autônomo, empregado e empresário. Breve histórico da Engenharia Não se sabe ao certo pontuar a data exata do início da Engenharia. A história da profissão, na realidade, se confunde com a própria história da humanidade. Portanto, descrever toda a história da engenharia resultaria em um conteúdo muito extenso e complexo, pois grande parte da evolução da sociedade, desde os primórdios até os dias de hoje, envolveu a profissão de engenharia, de forma direta ou indiretamente, em diversos níveis Diante disso, é importante que o futuro engenheiro saiba reconhecer alguns marcos históricos relevantes à profissão, podendo situá-la dentro do desenvolvimento e da evolução da sociedade e, assim, sabendo destacar sua importância e relevância social ao longo dos anos. Vejamos mais sobre isso nos tópicos seguintes. A ENGENHARIA NO MUNDO As atividades que hoje compõem as engenharias são desenvolvidas desde a pré-história. Utilizar o conhecimento e experiência semelhantes aos da Engenharia, para gerar benefícios e aumentar o nível da qualidade de vida, faz parte da rotina do ser humano desde os primórdios, quando tais ações eram ainda fruto apenas do empirismo e da intuição. O marco para o surgimento da Engenharia tal como a conhecemos foi no século XVIII, quando cientistas e estudiosos passaram a buscar conjuntos ordenados de doutrinas para solucionar problemas. Agora não bastava apenas que uma edificação se erguesse ou uma ferramenta funcionasse: era https://sereduc.blackboard.com/courses/1/4041.20211.A/content/_2988367_1/scormcontent/assets/SrdYCjnM_Ualo6n8_IjUG5SLpmwwqTrPW-quadro_2.png https://sereduc.blackboard.com/courses/1/4041.20211.A/content/_2988367_1/scormcontent/assets/SrdYCjnM_Ualo6n8_IjUG5SLpmwwqTrPW-quadro_2.png https://sereduc.blackboard.com/courses/1/4041.20211.A/content/_2988367_1/scormcontent/assets/SrdYCjnM_Ualo6n8_IjUG5SLpmwwqTrPW-quadro_2.png https://sereduc.blackboard.com/courses/1/4041.20211.A/content/_2988367_1/scormcontent/assets/SrdYCjnM_Ualo6n8_IjUG5SLpmwwqTrPW-quadro_2.png importante saber as leis da Física e as equações matemáticas que fundamentavam isso. Daí surgiram as bases científicas que viriam a constituir, dentre outras ciências, a Engenharia. A palavra “engenheiro” só começou a ser usada no século XI, para definir alguém que criava invenções engenhosas e práticas através de conhecimento cientifico. O primeiro título de engenheiro foi usado pelo inglês John Smeaton (1724 - 1792), que se nomeou engenheiro civil ao ser o responsável pela construção do Farol de Eddystone, no Reino Unido, em 1756. Figura 1. John Smeaton. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2020. Porém, o ensino de engenharia só foi comprovado por volta de 1747, quando a École Nationale des Ponts et Chaussés, em Paris, ministrou um curso regular de Engenharia, diplomando profissionais com esse título. Na mesma época, a École Nationale Supérieure des Mines, também de Paris, formava engenheiros de minas. MARCOS HISTÓRICOS IMPORTANTES Quandose fala da história da Engenharia, também é importante retomar Leonardo da Vinci (1452 - 1519). Cientista, matemático, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico, Da Vinci se dedicou a inúmeros projetos, das mais diversas ordens, sendo um dos mais importantes a roda d'água horizontal (Figura 2). Seu princípio de funcionamento foi utilizado para a construção da turbina hidráulica, hoje projetadas especificamente para transformar a energia hidráulica de um fluxo de água em energia mecânica, na forma de torque e velocidade de rotação. Figura 2. Funcionamento da roda d’água horizontal por Leonardo da Vinci. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2020. Em 1638, Galileu Galilei fez seu marco na engenharia e na ciência moderna. O físico, matemático, astrônomo e filósofo publicou seu famoso livro The New Sciences, no qual deduziu o valor da resistência à flexão de uma viga engastada numa extremidade, suportando o peso de sua extremidade livre. Assim, tem-se o início do estudo da resistência dos materiais como ciência. O marco temporal mais importante na história da Engenharia foi a Revolução Industrial, um conjunto de mudanças que ocorreram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A substituição do trabalho artesanal por máquinas foi a maior novidade da época e, por isso, marca diversas renovações no mundo profissional e inovações. Marcante nesse período foi a implantação de motor à vapor na indústria de tecelagem, por volta de 1782. A máquina funciona obedecendo as leis da Termodinâmica, baseada no princípio do calor como fonte de energia. Figura 3. máquina de motor à vapor industrial. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2020. A utilização do motor elétrico como fonte de energia, que substituiu os complicados sistemas de aproveitamento da energia diretamente da natureza, teve uma história mais longa, e se iniciou somente em 1832, quando o cientista italiano S. Dal Negro construiu a primeira máquina de corrente alternada com movimento de vaivém. Em 1833, o inglês W. Ritchie construiu um pequeno motor elétrico, cujo núcleo de ferro enrolado girava em torno de um ímã permanente. Mas o motor elétrico só foi mesmo ser utilizado em 1838, quando o professor alemão Moritz Hermann Von Jacobi aplicou-o em uma lancha, ficando comprovada a prática da energia elétrica em trabalho mecânico. Werner Siemens Em 1866, o inventor alemão Werner Siemens construiu um gerador sem ímã permanente, cujo próprio enrolamento do rotor era responsável pela tensão necessária para o magnetismo e, finalmente, o motor elétrico pôde funcionar através da energia elétrica. Também em meados do século XIX, as vantagens da tecnologia da era industrial começam lentamente a chegar aos Estados Unidos e proporcionam a criação de um grande feito tecnológico norte-americano do século XIX, a primeira ferrovia transcontinental. A obra conectava as costas do oceano Pacífico ao oceano Atlântico, e pela primeira vez na História, uma malha ferroviária ligava duas costas marítimas, sendo até hoje referência no campo da construção ferroviária. Outro principal marco da Engenharia Mecânica foi por volta de 1852, quando uma empresa norte-americana de estrados precisou que seus produtos se erguessem até o último andar da fábrica. Foi então que Elisha Graves Otis, engenheiro mecânico da empresa projetou uma plataforma que deslizasse dentro de um poço através de um sistema de catracas, o que viria a ser o elevador. Elevador de Elisha Graves Otis Na Engenharia Elétrica, em um dos marcos mais recentes, em 1888, Heinrich Hertz transmitiu pela primeira vez códigos sonoros pelo ar, que serviu de base tanto para o desenvolvimento dos radiotransmissores como para a primeira ligação telefônica intercontinental, em 1914. Em 1940, foi criado um sistema de comunicação à distância. Nele, era possível mudar os canais de frequência, sem interceptações de sinal. Anos depois, desenvolveu-se um sistema telefônico ligado por várias antenas, denominadas “células”, e daí vem o nome do aparelho. Ericsson MTA de Martin Cooper Em 1956, o aparelho Ericsson MTA (Mobilie Telephony A) criado por Martin Cooper, engenheiro eletricista da Motorola, surgiu devido às necessidades dos policiais de Chicago de se comunicarem sem precisar ir até o veículo onde estava o rádio. O aparelho, devido ao seu tamanho e seu peso, só era considerado “móvel” por ser carregado no carro. Somente dezessete anos depois foi possível realmente portar um celular, o Motorola Dynatac 8000X que pesava aproximadamente 1 kg. Com o avanço da ciência e da tecnologia, a engenharia moderna proporciona marcos históricos e obras muito mais complexas e admiráveis, como é o caso do Canal do Panamá, canal artificial de navios inaugurado em 1914 com 82 km de extensão; a Estação Espacial Internacional (EEI), laboratório espacial construído entre 1998 e 2001; e a Usina Hidroelétrica de Itaipu, com área de 1 350 km², considerada uma das maiores geradoras de energia limpa do mundo. A ENGENHARIA NO BRASIL No Brasil, cursos de Engenharia começaram a ser ministrados em 1792, com a criação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, na cidade do Rio de Janeiro. Nela, os oficiais de engenharia cursavam, entre três e cinco anos, um curso de oficial de infantaria, e tinham um ano a mais para cursarem as disciplinas de Arquitetura Civil, Materiais de Construção, Caminhos e Calçadas, Hidráulica, Pontes, Canais, Diques e Comportas. Em 1874, foi criada a primeira escola de engenharia não militar do país, a Escola Politécnica, que acabou servindo de modelo para a fundação da maioria das outras escolas de engenharia do país. A necessidade de engenheiros cresceu após a Proclamação da República, em 1889, com as novas demandas dessa nova forma de governo. Foram criadas cinco escolas na época e mais uma durante a Segunda República. Iniciou-se também a regulamentação nacional da profissão de engenheiro. A partir da década de 1960, foram abertas novas escolas para atender ao desenvolvimento industrial no país, que finalizou a década de 1980 com mais de 130 escolas de engenharia, número ainda quadriplicado na década seguinte. CURIOSIDADE Um dos principais engenheiros do Brasil foi André Rebouças, que cursou Engenharia na Escola Militar entre 1854 e 1858. Junto ao seu irmão, Antônio Rebouças, realizou obras ligadas ao abastecimento de água no Rio de Janeiro, às docas Dom Pedro II e à construção das docas da Alfândega. Os irmãos também participaram do projeto da estrada de ferro, que liga Curitiba ao porto de Paranaguá. A avenida Rebouças, em São Paulo, o túnel Rebouças, no Rio de Janeiro, a rua Engenheiro Antônio Rebouças em Porto Alegre, e o bairro Rebouças, em Curitiba, homenageiam os irmãos. Lição 5 - Regulamentação da carreira A Engenharia, como já mencionado, é uma profissão regulamentada pela Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Sabe-se que uma profissão é regulamentada quando possui legislação própria, responsável por regularizar seu exercício e dar providências aos profissionais que nela ingressam, como direitos, garantias e deveres da função. Quando regulamentada, os profissionais estão submetidos ao que rege aquela lei, não importa em qual atividade empresarial ele esteja inserido. Ou seja, o engenheiro civil que trabalha em uma empresa farmacêutica deverá obedecer ao que determina a lei, independente de sua área de atuação não ser ligada à construção. Para a profissão regulamentada, são necessários órgãos para fiscalizá-la: os conselhos profissionais. No Brasil, a profissão de Engenharia é controlada e fiscalizada pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREAs). As instituições são autarquias públicas, ou seja, atuam como descentralização do poder público, e possuemservidores, procedimentos e documentos para orientar e defender os interesses dos profissionais de Engenharia no país. INSTITUIÇÕES REGULAMENTADORAS No Brasil, os interesses da profissão são representados pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e pelos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREAs). Essas instituições são responsáveis por registrar, fiscalizar e disciplinar os profissionais e empresas de Engenharia, Agronomia e Geociências. Assim, https://sereduc.blackboard.com/courses/1/4041.20211.A/content/_2988367_1/scormcontent/index.html#/lessons/WC6cRTKcka50ySe-7bn184HYMT9JHbDO https://sereduc.blackboard.com/courses/1/4041.20211.A/content/_2988367_1/scormcontent/index.html#/lessons/WC6cRTKcka50ySe-7bn184HYMT9JHbDO https://sereduc.blackboard.com/courses/1/4041.20211.A/content/_2988367_1/scormcontent/index.html#/lessons/WC6cRTKcka50ySe-7bn184HYMT9JHbDO https://sereduc.blackboard.com/courses/1/4041.20211.A/content/_2988367_1/scormcontent/index.html#/lessons/WC6cRTKcka50ySe-7bn184HYMT9JHbDO profissionais diplomados nessas áreas, nos níveis superior e tecnológico, somente podem exercer a profissão no Brasil após registro no CREA e homologação pelo Confea. Assim, para que um engenheiro possa efetivamente exercer sua profissão, é exigida uma dupla habilitação: a acadêmica, concedida pelas instituições de ensino superior registradas no Ministério da Educação (MEC), e a profissional, concedida pelos conselhos profissionais de engenharia. ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA – ART A ART – Anotação de Responsabilidade Técnica é o documento que define, para efeitos legais, os responsáveis técnicos pelo desenvolvimento de atividade técnica de Engenharia. Todo engenheiro contratado para execução de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais de Engenharia fica sujeito à Anotação de Responsabilidade Técnica. A ART é muito importante, pois garante seus direitos autorais e o direito à remuneração como comprovante da execução do serviço. O documento também é comprovante de experiência do profissional nacionalmente aceito, pois registra todas as atividades técnicas desempenhadas ao longo de sua carreira profissional. A ART é registrada pelo profissional antes mesmo da iniciação dos serviços, como forma de documentar seu vínculo contratual. Existem três tipos de ART possíveis de serem registradas no sistema Confea/CREA: de obra ou serviço; de obra ou serviço de rotina (ART múltipla), que especifica vários contratos referentes à execução de obras ou à prestação de serviços em determinado período; e a de cargo ou função. Após a realização do serviço, ou seja, o fim do contrato, o profissional é responsável pela baixa da ART no CREA. Somente será considerada concluída a participação do profissional em determinada atividade técnica a partir da data da baixa da ART correspondente. CERTIDÃO DE ACERVO TÉCNICO – CAT O acervo técnico é o conjunto das atividades, desenvolvidas ao longo da vida do profissional, compatíveis com suas atribuições e registradas no CREA, por meio de anotações de responsabilidade técnica. A Certidão de Acervo Técnico (CAT) é o resumo de atividades que o engenheiro registrou no CREA. A CAT é o instrumento que certifica, para efeitos legais, que consta dos assentamentos do CREA, a anotação da responsabilidade técnica pelas atividades consignadas no acervo técnico do profissional. EXERCÍCIO ILEGAL DA PROFISSÃO Quando uma pessoa exerce uma profissão regulamentada por lei sem a formação específica e a habilitação legal no conselho de classe, está exercendo-a ilegalmente. A Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966 diz que exerce ilegalmente a profissão de engenharia, o indivíduo que: • 1 Realiza atos ou presta serviços públicos ou provados reservados aos profissionais de engenharia e que não possui o devido registro no CREA; • 2 Se incumbir de atividades estranhas às atribuições discriminadas em seu registro; • 3 Emprestar seu nome a pessoas, firmas, organizações ou empresas executoras de obras e serviços sem sua real participação nos trabalhos delas; • 4 Suspenso de seu exercício, continue em atividade; • 5 Na qualidade de pessoa jurídica, exercer atribuições reservadas aos profissionais (pessoa física) da engenharia, da arquitetura e da agronomia, como por exemplo: fiscalização, desempenho de cargos e funções, vistorias e perícias. Portanto, toda atenção a tais diretrizes, no exercício da profissão ao longo da vida, é fundamental. Modalidades da Engenharia Se considerarmos os possíveis campos de atuação da Engenharia, percebemos que eles são bastante amplos e complexos, o que torna impossível uma pessoa ter um domínio, com excelência, de todos. Por isso, as Engenharias se subdividem em modalidades especificas, que cobram do engenheiro conhecimento, obrigações, habilidades e competências um pouco mais restritos, garantindo maior eficácia e excelência ao seu trabalho. CURIOSIDADE As modalidades de Engenharia não são as mesmas em todo o mundo. Cada país possui Engenharias com nomes específicos, e até a ementa das universidades diferem de um país a outro. Por exemplo, a Ordem dos Engenheiros da Angola reconhece modalidades de engenharia como Minas e Petróleo ou Agronomia e Floresta, que no Brasil são subdivididas em quatro especialidades diferentes: Engenharia de Minas, Engenharia de Petróleo, Engenharia Agrícola e Engenharia Florestal. O título específico de Engenharia, no Brasil, é normalmente adquirido através de um curso de graduação, em uma universidade reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), com duração de uma média de 10 semestres. Algumas modalidades são específicas de uma pós-graduação, como é o caso da Engenharia de Segurança do Trabalho, que pode ser cursada após a graduação por engenheiros de qualquer modalidade ou arquitetos. Elencamos abaixo algumas modalidades da Engenharia no Brasil, ressaltando sua presença em tudo o que nos rodeia, desde nossa alimentação até grandes inovações tecnológicas: Clique nos botões para saber mais Engenharia Aeroespacial + Engenharia de alimentos + Engenharia ambiental + Engenharia biomédica + Engenharia civil + Os engenheiros civis são responsáveis pela concepção, projeto, construção e manutenção de todos os tipos de infraestrutura necessários para o desenvolvimento da sociedade. São exemplos dessas infraestruturas, edifícios, pontes, túneis, usinas geradoras de energia, indústrias e inúmeros outros. No Brasil, destaca-se a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu (Figura 4), uma das maiores hidroelétricas do mundo e marco na história da engenharia civil brasileira. Figura 4. Usina Hidrelétrica de Itaipu. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2020. Clique nos botões para saber mais Engenharia elétrica + Engenharia de produção + Engenharia mecânica + Engenharia química + Engenharia de software + O engenheiro e a comunicação O sucesso profissional e a qualidade de qualquer serviço de engenharia não estão ligados somente ao conteúdo do trabalho realizado, mas também à forma como é apresentado. Um dos papéis do engenheiro é o desenvolvimento da sociedade através do seu trabalho e, para que isso se torne possível, é importante que o profissional, além de conhecimento técnico e cientifico, saiba como transmiti-los de forma clara objetiva. Um profissional eficiente é, portanto, aquele que sabe solucionar problemas através dos seus conhecimentos e capacidade de pesquisa, mas também comunica e apresenta de forma eficaz suas ideias e resultados. As técnicas de comunicação precisam estar bem desenvolvidas pelo engenheiro, pois, além de técnico, ele é um mediador, um profissional que se relaciona com outros, desde a linha de produção até as mais importantes hierarquias dentro de uma empresa. O engenheiro, na maioriados cargos, precisa saber se comunicar de maneira clara e eficaz com todos, tanto para designar tarefas e obrigações quanto para se dirigir às autoridades regulamentadoras ou membros da diretoria, levando informações técnicas e resultados. PROCESSO DE COMUNICAÇÃO Entre as várias formas de comunicação utilizadas, é sabido que o processo de comunicação pressupõe a existência de, pelo menos, seis elementos, organizados no Diagrama 1. Diagrama 1. Representação do processo de comunicação De acordo com as teorias de comunicação, só existe comunicação se o receptor compreende a mensagem. Portanto, o sucesso na profissão está claramente ligado à nossa capacidade de difundir informações clara, evitando ambiguidades e ruídos que interfiram na compreensão de nossa mensagem. Por isso, o engenheiro precisa conhecer o receptor, seu universo e os registros linguísticos que ele domina, para escolher com cuidado o código de comunicação a ser utilizado, sempre prezando pelo respeito e profissionalismo. Quanto ao canal de comunicação, refere-se à plataforma (oral ou escrita) na qual a comunicação está inserida. No próximo subtópico, trataremos de um canal específico e muito caro à nossa área. O RELATÓRIO TÉCNICO Um dos mais conhecidos canais de comunicação do engenheiro é o relatório técnico. Nele, a exposição escrita descreve fatos verificados através de atividades técnicas executadas, como pesquisas, vistorias, perícias etc., baseado no conhecimento do profissional. De modo geral, os relatórios técnicos são escritos com o objetivo de divulgar os dados obtidos e analisados e registrá-los em caráter permanente. Os relatórios técnicos devem caracterizar o objeto analisado e trazer conclusões claras e objetivas do profissional que o analisou. De modo geral, um relatório apresenta a seguinte estrutura mínima: título, introdução, referencial teórico, metodologia, desenvolvimento, conclusão e referências. O título identifica o trabalho da forma mais abrangente e sintética possível. A introdução coloca o leitor a par do que será tratado no documento. Devem ser destacadas as perguntas de pesquisa que orientaram a investigação ou o experimento realizado, além do objetivo do estudo e da justificativa. No referencial teórico ou análise bibliográfica, são apresentadas as teorias e trabalhos que serviram de base para aquele que está sendo desenvolvido. Essa etapa tem bastante importância, pois traz fundamentos teóricos àquele relatório e aumenta a sua credibilidade. Metodologia compreende procedimentos, materiais e instrumentos. Ela é de fundamental importância para orientar o trabalho de maneira estratégia e estruturada, conduzi-lo de maneira racional e dar credibilidade aos resultados. No desenvolvimento serão descritas de forma detalhada todas as etapas. É importante saber diferenciar a metodologia do desenvolvimento: ela é feita antes do estudo, a “receita” a ser seguida, enquanto o desenvolvimento elenca o que realmente ocorreu, ao que se insere efeitos, fenômenos observados, resultados e análises. Nas conclusões, o autor retoma a situação inicial do relatório – se foram atingidos os objetivos propostos. Também é importante ressaltar se os resultados obtidos foram satisfatórios e como eles contribuem para o avanço do assunto. É na conclusão que o autor relata quais foram as dificuldades e propõe trabalhos futuros no tema. Por último, a bibliografia é a relação de todo o material consultado e mencionado no trabalho. É apresentado como uma lista em ordem alfabética. O conteúdo de cada referência e a forma como devem ser apresentadas as informações variam de acordo com o meio em que foi publicada a informação (livro, revistas, sites). Por isso, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publica normas, mencionadas e comentadas mais adiante, com o objetivo de padronizar a forma de apresentação das referências. Linguagem técnica A linguagem técnica deve ser simples, clara, precisa. As palavras utilizadas devem ser diretas, sem utilização de figuras de linguagem e metáforas, de forma que o receptor (aquele que capta e decodifica a mensagem), independente de quem seja, a entenda com clareza, sem intepretações errôneas ou ambíguas. O engenheiro deve tomar um cuidado especial com o uso da linguagem técnica quando se trata das diferentes situações comunicativas. Durante o curso, e também no meio profissional, é habitual empregar terminologias técnicas específicas para processos, materiais, produtos e conhecimentos da área. Ao redigir um trabalho técnico para um cliente ou publicar um material fora do seu meio profissional, porém, é necessário se atenrar para que as pessoas a quem o material se destina compreendam, visto que nem todas terão afinidades com terminologias tão específicas. Caso isso não ocorra, o objetivo (transmitir a informação) não será atingido com eficácia. CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM TÉCNICA Existem algumas características básicas que devem ser seguidas ao redigir um texto técnico: impessoalidade, objetividade, ética e clareza. Impessoalidade: mesmo que o profissional seja o único autor do texto, é importante evitar expressões como “meu trabalho”, “concluí que”, “observei” etc. DICA Existem alguns truques de redação para garantir a impessoalidade nos textos técnicos: // Indetermine o agente, de forma que o discurso fique mais neutro: é preciso, entende-se que, acredita-se que etc.; // Opte por um agente inanimado, para que a ação ou responsabilidade se situe dentro de uma amostragem maior: a equipe, a empresa etc.; // Use a voz passiva, pela qual o objeto passa a ocupar a posição de sujeito: assim, “o engenheiro descobriu novas fissuras” será substituída por “novas fissuras foram descobertas”. Clique nos botões para saber mais Objetividade: A linguagem técnica deve ser objetiva e precisa. A Engenharia, por se tratar de uma ciência exata, deve ser bastante objetiva, evitando que surjam pontos de dúvida. Expressões como aproximadamente e possivelmente devem ser evitadas, pois, além de se perder a objetividade do trabalho, podem demonstrar incertezas nas afirmações e no estudo do autor. Ética: O autor não pode apontar erros e incoerências em outros trabalhos como forma de engrandecer o seu, nem utilizar comentários ou conclusões de outro autor como se fossem seus. Os textos técnicos devem respeitar uma ética profissional, sendo corteses, modestos e originais. Clareza: A clareza das ideias facilita a comunicação. O equilíbrio da linguagem técnica, a utilização de uma linguagem formal e até mesmo a formatação do texto técnico facilitam na hora de transmitir o conteúdo ao receptor final. SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES (SI) A necessidade de medir é muito antiga na Engenharia, e as unidades de medida são até hoje indispensáveis em uma grande quantidade de trabalhos técnicos científicos na área. Por muito tempo, cada região do mundo teve seu próprio sistema de medidas. Com a globalização, o comércio começou a apresentar dificuldades de compatibilidade quanto às formas de medição, pois, muitas vezes, os sistemas de medidas eram subjetivos e criava conflitos de interpretação. Nesse contexto, o Sistema Internacional de Unidades (SI) foi criado, para padronizar as unidades de medidas das inúmeras grandezas existentes. Dessa forma, diversas grandezas físicas passaram a ter suas unidades padronizadas, o que beneficiou o comércio, a indústria e a ciência. A partir de um sistema padronizado, pesquisadores de diversas áreas, principalmente das ciências exatas, puderam fazer com que suas pesquisas e resultados tivessem maior visibilidade. Utilizando um mesmo sistema, profissionais de outros países podem ler e interpretar os dados e resultados com mais facilidade, dando mais credibilidade ao estudo e dispondo de maiorpossibilidade de testes e avaliações. O Brasil também adotou o Sistema Internacional de Unidades, e a Resolução nº 12 de 1988 do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO) ratificou a adoção do sistema no país, tornando-o obrigatório em todo o território nacional. O Sistema Internacional define um grupo principal de sete grandezas independentes, denominadas de grandezas de base (Quadro 3) e, a partir delas, as demais são definidas e têm suas unidades de medida estabelecidas. Quadro 3. Unidades básicas do SI ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), fundada em 28 de setembro de 1940, é uma entidade privada sem fins lucrativos responsável pela normatização técnica no Brasil. A ABNT, por meio de seus documentos normativos (Normas Brasileiras – NBR), fornece a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro, estabelecendo regras, diretrizes ou características mínimas para atividades ou para seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. Os engenheiros, independente da sua modalidade, estarão constantemente baseando suas atividades e trabalhos em normas técnicas, porque, ao embasar sua opinião, seus resultados e experimentos em documentos reconhecidos trazem maior credibilidade e segurança ao que foi produzido. São exemplos de normas técnicas utilizadas na engenharia: Clique nos botões para saber mais ABNT NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão + ABNT NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento SINTETIZANDO Essa unidade teve como objetivo trazer ao estudante uma introdução do que é a profissão de engenharia, como ela evoluiu durante todos esses anos e quais são as principais diretrizes para a atuação de um profissional. Assim, foram abordados temas gerais, para que o leitor tenha o seu primeiro contato com a profissão e com termos que serão usuais durante toda sua vida acadêmica e profissional. Começando pela visão geral da carreira, foram apresentados alguns conceitos básicos, seguidos de um breve histórico da Engenharia. O objetivo foi contextualizar o estudante, de forma que entenda melhor como a profissão evoluiu e chegou à complexidade e diversidade de áreas de hoje. Quanto à regulamentação da carreira, foram introduzidos instituições e conceitos que regem hoje a área. Os interesses da profissão, no Brasil, são representados pelo Confea e pelos CREAs. Foram apresentados também alguns termos técnicos que fazem parte da rotina profissional do engenheiro, como ART e CAT. Ao adentrar as modalidades de engenharia, foi explicado que, diante dos avanços tecnológicos, as engenharias foram ficando cada vez mais específicas, para que os leitores tenham uma dimensão do quanto pode ser complexa e extensa a competência de um engenheiro, e de como a engenharia rodeia o cotidiano das pessoas. Por último, discorreu-se sobre a comunicação do engenheiro, introduzindo elementos básicos da comunicação e mostrando como o código – tipo de linguagem usada – deve ser muito bem escolhido, para que sua mensagem seja recebida de maneira clara e objetiva. Fechamos abordando características e dicas de como aplicar uma linguagem técnica de forma eficaz, bem como apresentando o Sistema Internacional de Medidas (SI) e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que estarão presentes durante toda a vida acadêmica e profissional do engenheiro. + ABNT NBR 15831: Veículos rodoviários automotores – Remoção e reinstalação de motores + Além de padronização de processos de diversas áreas, a ABNT também possui normas com o objetivo de padronizar documentos científicos e acadêmicos, necessárias para qualquer área do conhecimento, como é o caso da ABNT NBR 14724: Informação e documentação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação, que especifica os princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos, visando à sua apresentação à instituição; a ABNT NBR 6028: Informação e documentação – Resumo – Apresentação, que estabelece os requisitos para redação e apresentação de resumos; e da ABNT NBR 10520: Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação, que especifica as características exigíveis para apresentação de citações em documentos. Mais da área de administração, a ABNT NBR ISO 9001: Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos é uma importante norma utilizada por empresas de Engenharia, que especifica requisitos para um sistema de gestão da qualidade quando uma organização: • 1 Necessita demonstrar sua capacidade para prover consistentemente produtos e serviços que atendam aos requisitos do cliente e aos requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis; • 2 Visa a aumentar a satisfação do cliente por meio da aplicação eficaz do sistema, incluindo processos para melhoria e garantia da conformidade com os requisitos do cliente e com os requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis. Quando uma empresa diz que tem certificado de qualidade ISO 9001, isso significa que ela segue a ABNT NBR ISO 9001, portanto, seus processos são padronizados de acordo com a norma, e seu sistema de qualidade foi verificado e aprovado por uma instituição regulamentadora.
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