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Sala de parto (fluxograma neonatal)

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A mortalidade de crianças menores que 5 anos diminuiu drasticamente no mundo, por conta da prevenção e tratamento 
de complicações e infecções no período pós-natal. As três principais causas de mortes neonatais são: complicações da 
prematuridade, eventos relacionados ao parto e infecções. 
 A mortalidade neonatal precoce associada à asfixia perinatal em recém-nascidos, também tem grande importância e, 
por isso, existe o programa de reanimação neonatal com objetivo de diminuir a morbimortalidade: 
1. Medidas de prevenção primária, com melhora da saúde materna, reconhecimento de situações de risco no pré-natal, 
disponibilização de recursos humanos capacitados para atender ao parto e reconhecer complicações obstétricas, entre 
outras; 
2. Tratamento do evento, que consiste na reanimação neonatal imediata; 
3. Tratamento das complicações do processo asfíxico, compreendendo o reconhecimento da asfixia e suas complicações, 
com terapia dirigida à insuficiência de múltiplos órgãos. 
CONDIÇÕES ASSOCIADAS À NECESSIDADE DE REANIM AÇÃO AO NASCER 
 
Obs: O parto cesáreo, entre 37 e 39 semanas de gestação, mesmo sem fatores de risco antenatais para asfixia, 
também eleva a chance de que a ventilação ao nascer seja necessária. 
 
ANTERIOR AO PROCEDIMENTO: 
• Todo material deve estar preparado, testado e disponível em local fácil ANTES do nascimento. 
• Material para: manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação e administração de 
medicamentos. 
• É fundamental pelo menos um profissional de saúde responsável apenas pelo recém-nascido em todo o parto, o qual 
precisa ser capaz de realizar os passos iniciais e a ventilação → recomendado ser um pediatra. 
 
I. HISTÓRIA MATERNA : busca se há risco aumentado de reanimação. 
 
a) Idade da mãe: atenção para adolescentes e mães mais velhas. Obs: primeira gestação após 35 anos de idade é mais 
complicado. 
b) GxPxAx; 
▪ Se partos anteriores, foram normais ou cesáreos? Foi necessário internação? 
▪ Gestação bem aceita? 
▪ Relação entre os pais. 
▪ Consaguinidade entre os pais? 
c) Patologias prévias: DM, HAS, coagulopatias, anemias… 
d) Tipagem sanguínea: ter atenção para incompatibilidade ABO. 
e) Fez pré-natal? 
f) Intercorrências gestacionais: DM gestacional, infecções, picos hipertensivos; 
g) Data da gestação estimada: calcular a partir do primeiro dia da última menstruação, se não lembrar, se basear pelo USG. 
h) Fez uso de medicações, drogas ilícitas, álcool e tabagismo? 
i) Exames: 
▪ Sorologias (sífilis, HIV, rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, hepatite B e C). 
▪ Glicemia; 
▪ Sumário de urina e urocultura. 
j) Trabalho de parto: há quanto tempo? 
 
II. MATERIAL NECESSÁRIO : 
 
a) Manter normotermia ambiente: 
▪ Fonte de calor radiante; 
▪ Manter porta de sala de parto e reanimação fechadas para evitar mudanças de temperatura. 
▪ Temperatura ideal entre 23 a 26°C. 
▪ Termômetro clínico digital; 
▪ Prematuros: precisa de saco de polietileno, touca de lã/algodão, colchão térmico. 
b) Material para avaliar RN: 
▪ Estetoscópio; 
▪ Monitor cardíaco de 3 vias = eletrodos; 
▪ Oxímetro de pulso. 
c) Para aspiração de vias aéreas: aspirador e sonda de aspiração. 
d) Para ventilação com pressão positiva: 
▪ Reanimador manual neonatal; 
▪ Reservatório de O2; 
▪ Ventilador mecânico manual; 
▪ Máscaras redondas ou anatômicas, maleáveis, com borda acolchoada. 
e) Para intubação: 
▪ Não usar cânula > 4mm em RN. Tamanho usado entre 3 e 3.5mm. 
▪ Laringoscópio infantil N° 0 e 1. 
▪ Material para fixação da cânula: fita adesiva e algodão. 
f) Administração de medicamentos: 
▪ Adrenalina; 
▪ Soro fisiológico; 
▪ Seringas. 
g) Para cateterismo a veia umbilical: cateter umbilical 
h) Outros: incubadora de transporte; clamp pro umbigo. 
 
III. EQUIPE: É necessária comunicação entre a equipe. Antes do nascimento decidir um líder e a função dos outros 
membros. Além disso, é necessário pelo menos uma pessoa que saiba fazer reanimação neonatal. 
 
PASSOS DO PROCEDIMENTO 
 
1. CLAMPEAMENTO DO CORDÃO UMBILICAL : 
Ao retirar o bebê, precisamos pensar em três pontos: (1) bebê a termo = RN ≥ 34 semanas?; (2) bebê está chorando ou 
respirando?; (3) tônus muscular em flexão?. Se a resposta é sim para todas as perguntas, o bebê está bem e sem sofrimento 
no momento, e por isso está indicado o clampeamento tardio (1 a 3 minutos) do cordão, independente do aspecto do liquido 
amniótico. Durante esse período, o RN pode ser colocado no abdome ou tórax da mãe. 
Já se o bebê (1) a termo não iniciar respiração ou (2) não tiver tônus em flexão ou (3) se a circulação placentária NÃO 
estiver intacta (descolamento prematuro de placenta, placenta prévia ou rotura ou prolapso ou nó verdadeiro de cordão), 
está indicado clampeamento imediato do cordão. A justificativa para isso é não retardar inicio da ventilação com pressão 
positiva e diminuir chances da necessidade de UTI ou morte. 
➔ Clampeamento precoce = primeiros 60 segundos após extração 
completa do bebê. 
➔ Clampeamento do cordão: o pediatra coloca o clampe de 2 a 3 
centímetros da barriguinha do RN. É importantíssima a limpeza 
local com álcool a 70% e clorexidina alcóolico, o que depois será 
repetido após o banho e as trocas de fraldas → se entra bactéria 
no coto ela ganha circulação sistêmica do baby. 
 
 
2. ASSISTÊNCIA AO RN TERMO AO NASCER : 
Se o RN nascer a termo, respirando ou chorando e com tônus muscular em flexão, ele apresenta boa vitalidade e deve 
continuar com a mãe depois do clampeamento do cordão umbilical. As vantagens é promover calor, manter vias aéreas 
pérvias e avaliar sua vitalidade de maneira continuada. 
➔ Normotermia: garantir normotermia do ambiente + secar corpo do RN com compressas aquecidas + deixar RN com 
contato pele-pele com a mãe e coberto com tecido de lã ou algodão. 
➔ Vias aéreas pérvias: não flexionar ou hiperextender o pescoço + verificar se há secreções na boca e nariz. 
➔ Avaliar FC e FR. 
➔ APGAR: no primeiro e quinto minuto devida. Ideal é ele estar entre 10 a 8 (bebês saudáveis e sem asfixia); 
Obs: APGAR mais comum é o 9, ponto perdido por cianose nas extremidades, mas reverte sozinho. 
A amamentação na primeira hora pós-parto assegura que o RN receba o colostro, rico em fatores protetores. O 
contato pele-a-pele entre mãe e bebê ao nascimento favorece o início precoce da amamentação e aumenta a chance do 
aleitamento materno exclusivo ser bem sucedido nos primeiros meses de vida. 
3. PASSOS PARA ESTABILIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO RN ≥ 34 SEMANAS : 
No caso do RN obtiver resposta “não” nas primeiras três perguntas (RN pré-maturos + não respira/chora + tônus 
muscular flácido), é necessário conduzir esse bebê para a mesa de reanimação. Os passos que precisam ser feitos para 
estabilização em MENOS de 30 segundos são: 
I. Prover calor (cuidado com hipertermia); 
II. Posicionar cabeça em extensão (evitar hiperextensão) = assegurar permeabilidade das vias aéreas; 
III. Aspirar boca e narinas se necessário. 
(TUDO ISSO EM 30 SEGUNDOS) 
IV. Secar e desprezar campos. 
V. Avaliar RN. 
Lembrar que os passos iniciais da estabilização/reanimação atuam como um estímulo sensorial importante para o início 
da respiração. Uma vez feitos os passos iniciais, avalia-se a respiração e a frequência cardíaca → FC >100 bpm é o ideal. 
➔ Avaliação da FC: palpação do cordão umbilical ou ausculta do precórdio com estetoscópio ou detecção do pulso pelo 
oxímetro ou atividade elétrica do coração no monitor cardíaco (o ideal). 
➔ Se FC >100, mas FR irregular = VPP! 
➔ Se FC em 80 = VPP! 
O boletim de Apgar é determinado no 1º e 5º minutos após a extração completa do produto conceptual do corpo da mãe, 
mas não é utilizado para indicar procedimentos na reanimação neonatal. No entanto, sua aplicação permite avaliar a resposta do 
paciente às manobras realizadas e a sua eficácia. Assim, se o Apgar é <7 no 5º minuto, recomenda-se realizá-lo a cada cinco 
minutos, até 20 minutosde vida. É necessário documentar o escore de Apgar de maneira concomitante à dos procedimentos de 
reanimação executados. 
4. LÍQUIDO AMNIÓTICO MECONIAL : 
A presença de líquido meconial pode indicar sofrimento fetal e aumentar o risco de necessidade de reanimação. Então 
precisamos saber alguns pontos: 
➔ Se bebê a termo, respirando ou chorando, tônus muscular em flexão e fez aspiração do líquido amniótico meconial 
= tem boa vitalidade, então deve continuar com a mãe após clampeamento. 
➔ Se RN pré-termo ou pós-tremo, ou não respira ou tônus muscular flácido, é necessário levar para a mesa de 
reanimação para fazer a aspiração das vias aéreas superiores. 
▪ Lembrar de seguir os passos de estabilização nos primeiros 30 segundos (prover calor → extensão do 
pescoço → aspirar líquido da boca e narinas). 
▪ Se ele apresentar apneia, respiração irregular, FC <100 bpm é indicado iniciar ventilação com pressão 
positiva nos primeiros 60 segundos de vida. 
▪ Se após 30 segundos de ventilação efetiva, o neonato não melhora e há forte suspeita de obstrução de vias 
aéreas, pode-se indicar a retirada do mecônio residual da hipofaringe e da traqueia sob visualização direta. 
 
5. VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA : 
O ponto crítico para sucesso da reanimação! É preciso fazer com que os pulmões inflem e, com isso, haja dilatação da 
vasculatura pulmonar e hematose apropriada. Então está indicada VPP se: 
➔ Apneia; 
➔ Respiração irregular; 
➔ FC < 100 bpm. 
 
CUIDADOS COM O BEBÊ 
1. LIMPEZA DO COTO UMBILICAL : com álcool 70% e um algodão 
2. VITAMINA K: papel fundamental na coagulação. 
Por conta dos riscos de sangramentos por deficiência de vitamina K, está indicado a profilaxia com vitamina K nos RN → 
fazer vitamina K até 6 horas de vida. 
➔ Dose única intramuscular nas primeiras 6 horas = melhor forma. 
➔ > 1,5 Kg → 1 mg de vitamina K; 
➔ </= 1,5 kg → 0,5 mg de vitamina K. 
Obs: se a família não quiser IM, se dar VO, porém não é recomendado! Nesse caso dose de 2mg durante o primeiro 
alimento, com doses adicionais de 2 mg entre 2-4 semanas de idade e entre 6-8 semanas de idade. 
Obs2: se RN prematuros submetidos a cuidados intensivos é usado IV, porém não é indicado de rotina. 
Obs3: não tem evidências para suporte de vitamina K durante a gravidez. 
 O risco de desenvolver deficiência de vitamina K depende se foi uma deficiência precoce (primeiras 24 horas, mais comum 
em situações que a mãe tomou alguma medicação que altera o metabolismo da VitK – anticonvulsivante...); deficiência clássica ( 
entre primeiro e sétimo dia); ou tarde (após 2 a 12 semanas). 
3. PROFILAXIA OCULAR : 
A conjuntivite neonatal acontece pelo contato com secreções genitais maternas contaminadas (Chlamydia trachomatis (CT) 
é a principal bactéria relacionada à conjuntivite neonatal). Por isso está indicado o uso de povidona a 2,5% considerando sua 
menor toxicidade em relação ao nitrato de prata na primeira hora de vida. 
 O risco é maior no parto normal. 
4. IMUNIZAÇÃO DO RN : as vacinas BCG e hepatite B devem ser aplicadas, preferencialmente, até 12 horas após o 
nascimento. 
O ideal é vacinar até 12 horas do nascimento, porém se não foi aplicada → ante de dar alta → se não, na primeira consulta 
pós alta → se não, no primeiro mês de vida... ou seja = NÃO DEMORAR! 
Obs: vacinas IM são realizadas no musculo lateral da coxa = vastolateral, nos bebês. 
➔ BCG: proteção contra formas graves da tuberculose. É feita no braço direito e é intradérmica. Dose única. Ideal é dar 
até 1 mês de vida. 
➔ Hepatite B: via IM.

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