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Linguística [completo]

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Prévia do material em texto

Thaís de Sá
Linguística textual
Thaís de Sá
Linguística textual
ED+ Content Hub Facens
Linguística textual. Sorocaba/SP, 2020. 63 f. Ed. 1.
Validadora: Ana Paula Campos Cavalcanti Soares.
Instituto Cultural Newton Paiva Ferreira Ltda. | ED+ Content Hub, 2020.
Assuntos:
1. Linguística
2. Semântica
3. Coerência
4. Coesão
5. Comunicação
Formato: digital.
Recurso: PDF e HTML.
Requisitos do sistema operacional:
• Windows 8.1 ou superior;
• Mac OSX 10.6 ou superior;
• Linux - ChromeOS.
Configurações técnicas:
• 2GB de memória RAM;
• 2.5GHz de processador;
• 10GB de espaço em disco.
Navegadores:
• Google Chrome – Versão mais atualizada;
• Mozilla Firefox – Versão mais atualizada.
Dispositivos móveis:
• iOS 10 ou superior;
• Android 5 ou superior.
Modo de acesso: área restrita - Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Todos os direitos desta edição são reservados ao Centro Universitário Facens.
Rodovia Senador José Ermírio de Moraes, 1425, km 1,5 – Sorocaba/SP
CEP: 18.085-784 | tel.: 55 15 3238 1188
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Todas as imagens, vetores e ilustrações são creditados ao Shutterstock Inc., salvo quando indicada a referência.
Conteúdo
Conteúdo
Unidade 1
O que é a Linguística textual? ........................................................... 6
Unidade 2
Texto, textualidade e textualização ............................................... 22
Unidade 3
Princípios de textualização ............................................................. 35
Unidade 4
Coerência ........................................................................................... 47
Unidade 5
Coesão referencial ............................................................................ 63
Unidade 6
Coesão sequencial ............................................................................ 80
Unidade 7
A situação comunicativa .................................................................. 96
Unidade 8
Perspectivas futuras da Linguística textual ................................ 111
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
5
PALAVRAS DA AUTORA
Olá!
O que é linguística textual? Qual é o objeto de estudo da linguística textual? Qual é a sua história?
A linguística textual é uma importante área da linguística a ser estudada no curso de Letras. É por meio 
dela que você irá compreender a estrutura e o funcionamento do texto.
Nesta unidade você aprenderá alguns conceitos fundamentais, como o que é linguística textual e como 
é definido seu objeto de estudo, o texto. Nessa unidade, você irá entender a linguística textual e seus 
objetivos por meio de sua história. Ao entender os caminhos pelos quais a linguística textual se desen-
volveu, será entendida também sua concepção de texto, percebendo a importância de sua estrutura e 
sua organização.
A partir dessa proposta de reflexão, você iniciará seus estudos!
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
6
Unidade 1 O que é a Linguística textual?
Para iniciar seus estudos:
Fique atento à história da linguística textual, sempre pensando: para aquela época, o que constituiu texto?
Objetivos da aprendizagem:
• Introduzir a linguística textual como uma área da linguística;
• Conhecer a história da linguística textual e seus objetivos.
Tópicos de Estudo:
• O que é a linguística textual;
• A história da linguística textual;
• Objetivos da linguística textual.
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
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1.1 LINGUÍSTICA TEXTUAL COMO ÁREA DA LINGUÍSTICA
A linguística é uma ciência que estuda a linguagem. Assim como a linguagem é diversa e complexa, a 
linguística também é diversa e complexa, apresentando diferentes áreas de estudo. Ao nos comuni-
carmos, utilizamos sons que são transformados em palavras. Cada língua tem sons que são particulares 
e distintivos para a formação de novas palavras. Em português, por exemplo, as palavras
MALA BALA
só se diferenciam por um único som. Enquanto mala começa com o som /m/, bala começa com o som /b/.
Assim como os sons da língua fazem parte da linguagem que ela expressa, a linguística tem interesse nos 
estudos dos sons da língua por meio de uma área que se chama fonologia.
Dessa forma, cada área do estudo da linguística tem o interesse de estudar um fenômeno da língua ou da 
linguagem humana. Enquanto a fonologia estuda os sons de uma língua, a morfologia estuda as palavras 
de uma língua. Por exemplo, para a morfologia é importante refletir que as palavras bonito e bonita apre-
sentam uma diferença na flexão de gênero, sendo o morfema -a um marcador de gênero feminino.
A sintaxe é a área preocupada com o estudo do período, enquanto a semântica se preocupa com o 
estudo do significado, ou seja, enquanto a sintaxe está preocupada com o fato de que a sentença (1) 
apresenta um predicado nominal (é bonito) e um sujeito simples (João), a semântica se preocupa com a 
mensagem que a sentença transmite, de que existe alguém no mundo que se chama João e que a ele 
atribuímos a qualidade de ser bonito.
(1) João é bonito.
Mas e a linguística textual, matéria deste curso? O que a linguística textual estuda? A linguística textual 
é uma área da linguística que se preocupa com o texto. Dessa forma, o texto é o objeto de estudo da 
linguística textual.
Figura 1.1 - A linguística tem interesse nos estudos 
dos sons da língua por meio da fonologia.
ED+ Content Hub © 2019
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
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Como foi dito, a linguística textual tem como objeto de estudo o texto. Por isso, é 
importante definir o que é texto. 
Na próxima unidade, será feita uma discussão sobre conceitos de texto e suas 
implicações, todavia já será adiantado que adota-se a concepção de texto da 
importante professora e educadora Maria da Graça Costa Val:
Texto é “...qualquer produção linguística, falada ou escrita, que faça sentido em uma 
comunicação humana” (COSTA VAL, 2004, p. 113).
Fique atento
Até meados do século XX, a preocupação da linguística era, principalmente, com a forma da língua. 
Assim, o estudo das partes, ou seja, dos sons, das palavras e das sentenças, eram priorizados em relação 
ao texto. Com o que se chamou “virada pragmática”, o uso e o funcionamento da língua ganharam 
destaque. O texto só começa a ter lugar nos estudos linguísticos quando a função é priorizada, já que no 
texto a língua se encontra em efetivo uso. Dessa forma, a língua não é vista somente como forma, mas 
também como função.
Para saber mais sobre a linguística do século XX, recomenda-se a leitura 
do livro “Produção textual, análise de gêneros e compreensão”, de Luiz 
Antônio Marcuschi, p. 26-45.
Saiba mais
Ao refletir sobre os exemplos do início do capítulo, MALA e BALA não se diferenciam somente no som, 
ou seja, na sua forma, mas tais palavras também apresentam diferentes funções. De acordo com o 
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, Mala pode ser definida como “caixa, geralmente revestida 
de couro, lona etc., usada normalmente para transporte de roupa e outros objetos em viagem” e com 
tal significado estará normalmente frequente em discursos que envolvam viagens. Já a palavra bala, 
conforme o mesmo dicionário, apresenta diferente significado e pode ser definida como “guloseima 
feita de açúcar em ponto coagulado que se vende geralmente em pequenos pedaços embrulhados em 
papel ou plástico” e estar presente em um discurso sobre as delícias de uma festa. Portanto, mais do que 
possuírem formas diferentes, as funções das palavras também são essenciais para sua distinção.
Pode-se pensar que a função é tão relevante em uma língua que uma mesma forma pode apresentar 
diferentes funções. Se utilizarmos a palavra mala para descrever alguém, como no exemplo (2), tem-se 
uma mesma forma no entanto com um sentido bem diferente doapresentado anteriormente. Em (2), 
mala apresenta um aspecto negativo, de que João é uma pessoa chata.
(2) João é um mala.
A mesma mudança de função acontece com bala, no exemplo (3), em que a mesma forma não repre-
senta mais um doce, mas um projétil feito para ferir ou matar o que atinge.
(3) A bala perfurou o pulmão de Ricardo, mas ele passa bem.
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
9
Destarte a importância da função, a linguística textual coloca o texto como seu objeto de estudo para 
que possamos observar as formas em uso, aliando assim o estudo da forma e da função, sendo que 
a função, ao longo da evolução da área, foi se tornando a parte mais importante da investigação, como 
você verá a seguir.
1.2 A LINGUÍSTICA TEXTUAL
Segundo Bentes (2012, p. 261), a expressão linguística textual foi utilizada pela primeira vez por Harald 
Weinrich, que defendia que toda linguística deveria ser linguística de texto. Como você viu, nem sempre 
o objeto de estudo da linguística é o texto, o que motivou vários autores, como Denise Maldidier, Clau-
dine Norman e Régine Robin, que pensavam como Weinrich, a fundar a linguística textual.
Marcuschi (2008, p. 73) define a linguística textual como “o estudo das operações linguísticas, discursivas 
e cognitivas reguladoras e controladoras da produção, construção e processamento de textos escritos 
ou orais em contextos naturais de uso”, ou seja, a linguística textual é uma área da linguística que se 
preocupa com o texto. Dessa forma, o texto é o objeto de estudo da linguística textual.
Figura 1.2 - O texto é o objeto de 
estudo da linguística textual.
O texto é observado pela linguística textual em seu contexto autêntico, natural de uso e, como afirma 
Marcuschi, o linguista da área busca investigar não somente a forma do texto, em que somente a estru-
tura gramatical do texto seria analisada, mas as funções em que as operações linguísticas presentes no 
texto têm. Um exemplo é o uso de conjunções: o linguista que tem como referencial teórico a linguística 
textual não observaria somente que o “e” utilizado no início da segunda linha deste parágrafo como 
uma conjunção aditiva, mas como um importante operador que é utilizado para ligar ideias que aqui 
são defendidas dentro de um mesmo período e entre períodos. Além das operações linguísticas, os 
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
10
estudos da linguística textual percorreram um longo caminho, em que operações discursivas e cogni-
tivas também se mostraram importantes mecanismos para a constituição do texto.
Para considerar a linguística textual como uma área da linguística e entender os objetivos dela, é impor-
tante conhecer a história da área. Assim, você irá conhecer um pouco da história segundo a maior 
linguista da área de linguística textual no Brasil, Ingedore Koch.
• Fase inicial (segunda metade de 1960 até a metade de 1970)
A linguística textual surge no meio dos anos 60 do século XX. Nessa época, as teorias linguísticas eram 
impulsionadas, principalmente, pela linguística estrutural. Na teoria estruturalista, o período era o objeto 
de estudo, não tendo a intenção de analisar fenômenos linguísticos que aconteciam entre períodos. Para 
entender um pouco mais a limitação da análise linguística estruturalista, observe o texto (4) abaixo:
(4) Era uma vez um príncipe que vivia no alto de uma torre. O príncipe era alto, magro 
e muito fraquinho.
Teorias linguísticas estruturalistas preocupavam-se somente com a análise de um período de cada vez, não 
observando que no primeiro período teria um príncipe, que é retomado como o príncipe no período seguinte. 
Assim, nessa fase da linguística textual, a preocupação era com o estudo de como as frases de um texto se 
relacionavam, tentando dar conta de fenômenos que teorias linguísticas da época não descreviam. O estudo 
transfrástico, que abarcava mais de um período da linguística textual, era limitado a um número restrito de 
fenômenos. Segundo Koch, eram observados “a correferência, a pronominalização, a seleção do artigo (defi-
nido/indefinido), a ordem das palavras (...)”, entre outros.
Para entender um pouco mais o que era estudado nessa fase inicial, observe novamente o texto (4) abaixo:
(4) Era uma vez um príncipe que vivia no alto de uma torre. O príncipe era alto, magro 
e muito fraquinho.
Ao pensar nas duas frases que compõem o texto, pode-se observar que na primeira a personagem da 
história, o príncipe, foi introduzido pelo artigo indefinido por meio da expressão “um príncipe”. Com o 
intuito de ligar as frases, formando um texto, e mantendo a mesma personagem, o autor retoma o prín-
cipe, mas dessa vez usando o artigo definido com a expressão “o príncipe”.
Com observações como essa sobre a escolha do artigo, começaram os estudos da linguística textual. O 
texto era tratado como uma “frase complexa” (HARTMANN, 1968), “sequência coerente de enunciados” 
(ISENBERG, 1971).
Como Koch afirma (p. 20), “o estudo das relações correferenciais limitava-se, em geral, aos processos 
correferenciais (anafóricos e catafóricos)”.
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
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Anáfora e Catáfora
Estes conceitos serão retomados nas unidades sobre coesão, mas já é importante 
definir que anáfora e catáfora são processos correferenciais, em que se faz uma 
correferência a um referente introduzido no discurso.
Para entender melhor, veja os exemplos (a) e (b) abaixo:
(a) João chegou cansado em casa, ele queria só tomar um banho e dormir.
(b) Maria só pensava nisso: um belo sanduíche vegano.
Anáfora
(a) João chegou cansado em casa, ele queria só tomar um banho e dormir.
Em (a) há um processo de retomada do referente João, por meio do pronome 
ele, anafórico. Quando o referente é introduzido e depois retomado, chama-se a 
retomada de anáfora.
Catáfora
(b) Maria só pensava nisso: um belo sanduíche vegano.
Aqui, o referente “um belo sanduíche vegano” também é retomado, contudo, 
o processo é inverso. Primeiro se usa a forma catafórica “nisso” para retomar 
o referente, que é introduzido depois da retomada. Quando a retomada vem 
antes do referente, o processo é denominado catafórico.
Saiba mais
Retomando, como Koch afirma, a linguística textual dessa primeira fase pouco observava os outros 
processos de retomada de um texto e outras propriedades que ligam o texto.
Por ser superficial e limitada a um número restrito de fenômenos, várias correntes teóricas, como estru-
turalistas, funcionalistas e a linguística gerativa, faziam uso da linguística textual de uma forma instru-
mental. Sendo assim, tais estudos são extremamente heterogêneos.
• Fase inicial: gramáticas de texto
Dentro da perspectiva da teoria gerativa, por exemplo, a linguística textual seria um estudo de gramática 
de texto. Para os gerativistas, “(...) o texto seria simplesmente a unidade linguística mais alta, superior à 
sentença (...)” (KOCH, 2017, p. 21). Os pesquisadores tentavam descrever as regras de combinação e as 
categorias dos textos em uma determinada língua. A gramática de texto também era o estudo realizado 
pelos estruturalistas, como Weinrich (1964).
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
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Figura 1.3 - A gramática de texto.
A teoria gerativa de Chomsky não analisava o texto, mas a frase, sendo que, para o autor, os falantes 
nativos de uma língua apresentariam uma competência linguística inata. Tal competência, um conjunto 
de regras que os falantes nasceriam com elas, seria a responsável pelo nativo ser falante da língua, 
seria a gramática do falante nativo. Os gerativistas das gramáticas de texto se espelhavam nas ideias de 
Chomsky, sendo que os falantes teriam uma competência textual, um conjunto de regras que permitiria 
que o falante nativo de uma língua soubesse distinguir um texto bem formado de um mal formado.
Um ponto importante sobre tal fase da linguística textual é que nos estudos 
das gramáticas de textos leva-se somenteem consideração a sintaxe e a 
semântica dos elementos presentes no texto. Não eram analisadas informações 
contextuais, discursivas ou cognitivas.
Fique atento
Por tal fator, uma virada pragmática aconteceu em tais estudos, dando fim à fase inicial da linguística textual.
• A virada pragmática (meados de 1970 até início de 1980)
Assim, viu-se que uma perspectiva semântico-sintática não era suficiente para os estudos do texto. A 
missão de se descrever todas as regras faz com que uma sequência linguística se mostre impossível. 
Os pesquisadores interessados no texto percebiam que ele faz parte da comunicação humana e para 
entendê-lo precisam ser levadas em consideração questões comunicativas.
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Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
13
Pragmática, do grego pragma = ação, é o estudo da ação humana. Em 
linguística, a pragmática estuda a ação verbal por meio da linguagem, 
questionando o que fazemos quando falamos/escrevemos ou escutamos/
lemos. Segundo Levinson (2007), a pragmática é o estudo da língua em uso, 
da interação entre o código linguístico, a língua e o mundo.
No século XX, a pragmática é iniciada por Morris (1938) com o estudo da 
semiótica, seguido pelo filósofo Carnap (1956) com o estudo da lógica e 
Montague (1968) com o estudo da semântica formal. A pragmática se constitui 
como uma área dos estudos linguísticos com Grice (1978) e Searle (1979).
Saiba mais
Figura 1.4 - Em linguística, a pragmática estuda 
a ação verbal por meio da linguagem.
Em meados da década de 1970, assim como afirma Koch, a gramática de texto dá lugar aos estudos 
pragmáticos. A teoria pragmática, como uma área da linguística que se propõe estudar a situação comu-
nicativa, acabou sendo incorporada nessa fase da linguística textual. Tal virada faz com que o processo 
comunicativo seja considerado na análise do texto, indo além da superfície linguística. Como Koch (p. 27) 
afirma, “passam a interessar os textos em funções”, ou seja, os textos começam a ser vistos como uma 
forma de comunicação, percebe-se uma observação para o texto em uso e não somente para a forma 
do texto. Como a autora afirma “já não se trata de pesquisar a língua como sistema autônomo, mas, 
sim, o seu funcionamento nos processos comunicativos de uma sociedade concreta”. Tal visão sobre 
o texto faz com que ele não seja mais visto como um produto acabado, mas como “(textos) elementos 
constitutivos de uma atividade complexa, como instrumentos de realização de intenções comunicativas 
e sociais do falante”.
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Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
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Koch (p. 31) sumariza em cinco pressupostos que regeriam a perspectiva pragmática dentro da linguís-
tica textual:
1) “Usar uma língua significa realizar ações”. O falante é um ser social que utiliza a língua 
em uma atividade social com uma finalidade comunicativa.
2) Ao realizar uma ação verbal, sempre se faz para atingir alguém, um interlocutor, o que 
faz com que sejam seguidas regras sociais.
3) “A ação verbal realiza-se na forma de produção e recepção de textos”. Sempre nos 
comunicamos por textos.
4) Sempre se produz um texto com uma intenção e seu planejamento é feito de acordo 
com nossos objetivos. Escolhem-se as palavras, as frases que aparecerão nos textos 
pensando nesses objetivos. Ao receber um texto, é nossa função reconstruir, a 
partir das palavras e frases escolhidas pelo autor, a finalidade do texto, no intuito de 
compreendê-lo.
5) “Os textos deixam de ser examinados como estruturas acabadas (produtos), mas 
passam a ser considerados no processo de sua constituição, verbalização e tratamento 
pelos parceiros da comunicação.” 
É importante ressaltar que as noções pragmáticas foram adicionadas ao interesse da linguística textual, 
mas questões de análise linguística continuaram sendo presentes e importantes. Além de uma visão 
mais discursiva, a observação do contexto permitiu que outras relações de correferência, por exemplo, 
fossem estudadas. As relações dêiticas, por exemplo, dependem do contexto de enunciação para que 
sejam compreendidas, como em (5), em que só se compreende qual é o referente do termo daqui se o 
texto se encontrar em situação comunicativa. Assim como o termo hoje, que também é dêitico.
(5) Joana? Ela saiu daqui hoje de manhã.
• A virada cognitivista (a partir de 1980)
Na década de 1980, além da análise linguística semântica-sintática, da análise pragmática, os estudos de 
linguística textual começaram a levar em conta o processo cognitivo que permeia o texto. Percebe-se 
que todo texto também é fruto de processos cognitivos.
Qualquer ação realizada, como dar um pulo, é fruto de processos cognitivos. Para conseguir pular, é 
necessário que se tenham modelos mentais da ação de pular e que se ativem tais modelos para que 
nossas pernas executem a ação. O texto é um processo mental, pois há uma necessidade de se reali-
zarem processos cognitivos para que ele seja produzido ou compreendido. Para ler um texto, por 
exemplo, é preciso ter os modelos gráficos internalizados, em que se consiga corresponder as letras 
percebidas pela nossa visão aos sons de nossa língua. Também é preciso unir essas letras, formando 
palavras e é preciso buscar na memória as palavras presentes no texto e ativar informações sobre elas. 
Com tais informações, é preciso extrair os sentidos pretendidos pelo texto. Todo esse processo é feito 
cognitivamente por cada leitor de um texto.
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
15
Figura 1.5 - Todo esse processo é feito cognitivamente 
por cada leitor de um texto.
A linguística textual, nesse momento, começa a levar em consideração que o texto é originado por opera-
ções de “decisão, seleção e combinação”, como afirma Koch (p. 34). A área objetiva também inclui em 
seus modelos tais processos cognitivos que permeiam o texto. Dessa forma, é proposto por Heinemann 
e Viehweger que para o processamento textual é preciso quatro grandes sistemas de conhecimento: o 
linguístico, o enciclopédico, o interacional e o referente a modelos textuais globais.
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
16
Portanto, tais processos são individuais, focados na cognição do autor/leitor de textos. Mas e os processos 
coletivos, sociais?
• A virada sócio-interacionista (ainda na década de 1980)
Até o momento, os estudos da linguística textual não pensavam nos processos sociais e culturais que 
envolvem o texto. Somente o contexto imediato do texto era levado em consideração, como você viu 
na virada pragmática. Ainda na década de 1980, com a discussão sobre processos mentais e indivi-
duais, percebeu-se que era necessário que, ao se estudar o texto, também fosse importante perceber 
os processos culturais e sociais que o cercam. A vida cultural e social de uma pessoa influencia na sua 
produção e recepção de textos.
Infográfico 1.1 - Os quatro grandes 
sistemas de conhecimento.
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Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
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Figura 1.6 - A vida cultural e social de uma pessoa 
influencia na sua produção e recepção de textos.
Volte à leitura: pense em uma cidade que não tenha luz. Como os habitantes 
dessa cidade receberiam uma conta de luz? Os indivíduos dessa sociedade 
passariam pelos mesmos processos mentais que a leitura envolve, discutidos na 
seção anterior, entretanto, tal processamento não seria tão bem sucedido quanto 
em uma sociedade que contenham luz. A conta de luz não seria um texto bem 
aceito pela comunidade sem luz, já que seria um texto que cobraria um serviço 
que eles desconhecem.
A vida social dos habitantes de tal cidade faria com que eles interpretassem o 
texto de forma completamente diferente de uma cidade em que há um serviço 
de luz que deve ser pago.
Reflita
Como a professora Delaine Cafiero Bicalho, em seu verbete Leitura, para o glossário do CEALE afirma:
A leitura é tanto umaatividade cognitiva quanto uma atividade social. Como atividade cognitiva, 
pressupõe que, quando as pessoas leem, estão executando uma série de operações mentais (como 
perceber, levantar hipóteses, localizar informações, inferir, relacionar, comparar, sintetizar, entre 
outras) e utilizam estratégias que as ajudam a ler com mais eficiência. Como atividade social, a 
leitura pressupõe a interação entre um escritor e um leitor que estão distantes, mas que querem 
se comunicar. Fazem isso dentro de condições muito específicas de comunicação, pois cada um 
desses sujeitos (o escritor e o leitor) tem seus próprios objetivos, suas expectativas e seus conhe-
cimentos de mundo.
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
18
O glossário do CEALE está disponível em: http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/
webroot/glossarioceale/. É um glossário da Faculdade de Educação da UFMG 
que contém termos de alfabetização, leitura e escrita para educadores.
Saiba mais
A cultura e a vida social fariam parte dos conhecimentos dos indivíduos e de sua relação com os textos, 
por isso, a linguística textual começa a incluir em seus modelos tais aspectos que permeiam o texto. 
Além disso, permanece uma visão de que a interação é essencial para a comunicação humana e também 
deve ter um lugar de destaque nos estudos da linguística textual. Como Koch afirma (p. 43):
As ações verbais são ações conjuntas, já que usar a linguagem é sempre engajar-se em alguma ação 
em que ela é o próprio lugar onde a ação acontece, necessariamente em coordenação com os outros. 
Essas ações não são simples realizações autônomas de sujeitos livres e iguais. São ações que se 
desenrolam em contextos sociais e com papéis distribuídos socialmente. Os rituais, os gêneros e as 
formas verbais disponíveis não são em nada neutros quanto a esse contexto social e histórico.
As questões contextuais são ampliadas para a linguística textual, que influenciam diretamente no estudo 
do texto. Agora não só o contexto imediato do texto é relevante, como o caráter dialógico do texto 
também tem uma dimensão social e cultural da qual produtores/receptores de texto fazem parte. Assim, 
os princípios de textualidade, que você verá a partir do módulo três, são ampliados e determinados 
também pela perspectiva sociocognitivo-interacionista da área.
Figura 1.7 - O caráter dialógico do texto tem uma dimensão social 
e cultural da qual produtores/receptores de texto fazem parte.
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
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• Resumindo: a Linguística textual hoje
A linguística textual parte do princípio de que a língua funciona por meio de textos e que os textos não se 
limitam à fonemas, morfemas e períodos soltos. Repetindo a definição de Marcuschi (2008, p. 73), a linguís-
tica textual é “o estudo das operações linguísticas, discursivas e cognitivas reguladoras e controladoras da 
produção, construção e processamento de textos escritos ou orais em contextos naturais de uso”.
O linguista de texto busca perceber como a língua se organiza em uso, na língua em funcionamento, 
com dados autênticos. Ademais, a linguística de texto não vê o texto como um produto, mas como um 
processo, visando suas características sociocognitivas e interacionais, ou seja, vendo o texto como um 
processo linguístico, social, cultural, cognitivo e interacional. A partir de tais características, o pesquisador 
da área objetiva descrever a língua.
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, você aprendeu que a linguística textual, a partir de sua origem e viradas, foi se tornando 
uma área que tem como objeto de estudo o texto, levando em consideração a sintaxe, a semântica, o 
contexto, a pragmática, os processos mentais individuais envolvidos em sua produção/compreensão e 
as questões sociais-culturais que envolvem o texto.
Nas próximas unidades, tais objetivos e práticas de análise da linguística textual ficarão mais claras. 
Antes de entrar em tais práticas, é importante conceituar texto e apresentar os conceitos de textualidade 
e textualização, o que será feito na próxima unidade.
Linguística textual | Unidade 1 - O que é a Linguística textual?
21
REFERÊNCIAS
BENTES, A. C. Linguística Textual. Introdução à linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2012.
COSTA VAL, Maria da Graça et al. Texto, Textualidade e Textualização. São Paulo: UNESP, 2004.
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, Sorocaba, SP, 2018. Disponível em: https://www.priberam.
pt/dlpo/bala. Acesso em: 18 jun. 2018.
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, Sorocaba, SP, 2018. Disponível em: https://www.priberam.
pt/dlpo/mala. Acesso em: 18 jun. 2018.
KOCH, I. V. Introdução à Linguística Textual. São Paulo: Contexto, 2017.
LEVINSON, S. Pragmática. Tradução: Luís Carlos Borges e Aníbal Mari. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.
Linguística textual | Unidade 2 - Texto, textualidade e textualização
22
Unidade 2 Texto, textualidade e textualização
Para iniciar seus estudos:
Fique atento aos conceitos da unidade, mais uma vez pensando: o que constitui o texto?
Objetivo da aprendizagem:
• Conhecer os conceitos de texto, textualidade e textualização.
Tópicos de Estudo:
• O que é texto?
• Conceitos antigos de textos;
• Como o texto é visto atualmente;
• O texto além do verbal.
• Textualidade, textualizar e textualização.
Linguística textual | Unidade 2 - Texto, textualidade e textualização
23
2.1 O TEXTO
Como você viu na unidade anterior, o objeto da linguística textual é o texto. Tal área objetiva analisar 
os componentes linguísticos, pragmáticos, cognitivos e socioculturais que permeiam o texto.
Mas o que é texto?
Antigamente, o texto era definido como “os escritos que empregavam uma linguagem cuidada e se 
mostravam ‘claros e objetivos’ (...)” (COSTA VAL, 2004). Assim, só eram vistos como textos aqueles que 
estivessem escritos em língua culta, tendo a sua forma como um dos principais fatores de sua definição.
Veja o exemplo abaixo. Considerando essa definição antiga, ele seria um texto?
Figura 2.1 - O exemplo não seria considerado 
um texto antigamente.
Fonte: adaptado de http://tiny.cc/f9hqdz
Não, o exemplo não seria considerado um texto para tal definição, pois, ao analisar a mensagem da mãe, 
a linguagem não segue a norma culta, não sendo cuidada, clara ou objetiva.
E o exemplo abaixo?
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Linguística textual | Unidade 2 - Texto, textualidade e textualização
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Figura 2.2 - Outro exemplo que não seria considerado um 
texto antigamente.
Fonte: adaptado de https://noticias.uol.com.br/tecnologia/album/ 
2014/03/20/vose-familha-e-inguais-pagina-no-facebook-reune-
gafes-de-portugues-dos-usuarios-nas-redes-sociais.htm
Não, o exemplo não seria considerado um texto para tal definição, pois o texto de Facebook não apre-
senta uma linguagem que segue a norma culta, não sendo cuidada, clara ou objetiva.
Assim, pensando nas mensagens enviadas para os amigos nas redes sociais, como o WhatsApp e o Face-
book, elas poderiam não ser consideradas texto, pois nem sempre é apresentado o registro culto da 
língua ou existe clareza e objetividade com o que se quer dizer.
Contudo, a comunicação ainda sim é efetiva. Consegue-se entender o que é dito e os recebedores dos 
textos conseguem compreender. Por exemplo, consegue-se captar a mensagem da mãe. Ela está se 
justificando, dizendo porque não responde à mensagem pois estava ocupada. Também entende-se a 
justificativa do usuário do Facebook por se desconectar da rede para ir almoçar.
2.1.1 UMA MELHOR DEFINIÇÃO DE TEXTO
Um texto não contém somente semântica e sintaxe, ele contém também pragmática, que é um processo 
mental e que faz parte de uma situação de interação dentro de um contexto cultural e histórico.
Por isso, como defendem Koch e Travaglia:
O texto será entendidocomo uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou 
audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma 
situação de interação comunicativa específica, como uma unidade de sentido e como 
preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente 
da sua extensão (KOCH; TRAVAGLIA, 2011, p. 10).
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https://noticias.uol.com.br/tecnologia/album/2014/03/20/vose-familha-e-inguais-pagina-no-facebook-reune-gafes-de-portugues-dos-usuarios-nas-redes-sociais.htm
https://noticias.uol.com.br/tecnologia/album/2014/03/20/vose-familha-e-inguais-pagina-no-facebook-reune-gafes-de-portugues-dos-usuarios-nas-redes-sociais.htm
https://noticias.uol.com.br/tecnologia/album/2014/03/20/vose-familha-e-inguais-pagina-no-facebook-reune-gafes-de-portugues-dos-usuarios-nas-redes-sociais.htm
Linguística textual | Unidade 2 - Texto, textualidade e textualização
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O texto é mais do que escritos claros e objetivos. O texto precisa ter uma 
finalidade comunicativa, com sentido em uma situação de comunicação. 
Além disso, o texto pode ser oral ou escrito.
Fique atento
É importante pensar que os textos podem ter os mais variados tamanhos. Um texto verbal pode se cons-
tituir de uma só palavra, como “Socorro!”, ou milhares. Segundo o glossário Ceale afirma:
Texto é uma unidade linguística de sentidos que resulta da interação entre quem o produz e o 
leitor/ouvinte. Um texto pode ter extensões muito variadas, constituindo-se de uma palavra até 
de milhares delas e traz marcas que indicam seu início e fim. Embora seja composto de palavras, 
frases, períodos, ou mesmo unidades maiores, o texto não se define pela soma de suas partes. O 
que faz uma produção escrita ou oral ser considerada um texto é a possibilidade de se estabelecer 
uma coerência global, ou seja, de se (re) construir sentidos a partir de um conjunto de pistas apre-
sentadas. As pistas podem ser linguísticas – os recursos coesivos, construções sintáticas, vocabu-
lário etc. – ou podem ser inferidas da situação de produção desse texto – propósitos comunicativos, 
interlocutores, gênero discursivo, esfera social de circulação, suporte etc (GLOSSÁRIO CEALE).
Com essa nova concepção de texto, o exemplo abaixo seria um texto?
Figura 2.3 - Com a nova concepção de 
texto, o exemplo seria um texto.
Fonte: adaptado de http://tiny.cc/fuoqdz
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Linguística textual | Unidade 2 - Texto, textualidade e textualização
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Sim, pois há sentido e é uma mensagem com finalidade comunicativa. Em sua mensagem, a mãe pede 
para alguém ligar e diz que não respondeu antes porque o celular estava carregando e ela estava muito 
atarefada com as roupas.
Com essa nova concepção de texto, o exemplo abaixo seria um texto?
Figura 2.4 - Com a nova concepção de texto, este 
exemplo também seria um texto.
Fonte: adaptado de https://noticias.uol.com.br/tecnologia/
album/2014/03/20/vose-familha-e-inguais-pagina-no-facebook-
reune-gafes-de-portugues-dos-usuarios-nas-redes-sociais.htm
Sim, pois há sentido e é uma mensagem com finalidade comunicativa. Na mensagem, o usuário de 
Facebook pede licença aos seus amigos de rede para se desconectar. Ele diz que precisa almoçar e se 
desconectar um pouco do mundo virtual.
• Que tal pensar mais sobre isso?
Se pensar em texto como algo além do texto escrito culto e que tenha sentido e uma finalidade comuni-
cativa, como você vê os exemplos a seguir?
Isto é um texto?
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https://noticias.uol.com.br/tecnologia/album/2014/03/20/vose-familha-e-inguais-pagina-no-facebook-reune-gafes-de-portugues-dos-usuarios-nas-redes-sociais.htm
https://noticias.uol.com.br/tecnologia/album/2014/03/20/vose-familha-e-inguais-pagina-no-facebook-reune-gafes-de-portugues-dos-usuarios-nas-redes-sociais.htm
https://noticias.uol.com.br/tecnologia/album/2014/03/20/vose-familha-e-inguais-pagina-no-facebook-reune-gafes-de-portugues-dos-usuarios-nas-redes-sociais.htm
Linguística textual | Unidade 2 - Texto, textualidade e textualização
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Figura 2.5 - Imagem de uma mensagem 
com finalidade comunicativa.
Fonte: adaptado de http://tiny.cc/lstqdz
Sim, pois há sentido e é uma mensagem com finalidade comunicativa. A placa visa informar que há uma 
vaga para auxiliar de cozinha com um salário de R$700,00.
Isto é um texto?
Figura 2.6 - Exemplo de outra mensagem 
com finalidade comunicativa.
Fonte: adaptado de http://tiny.cc/mawqdz
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http://tiny.cc/lstqdz
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Linguística textual | Unidade 2 - Texto, textualidade e textualização
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Sim, pois há sentido e é uma mensagem com finalidade comunicativa. A placa visa informar que as flores 
que o interlocutor deve ver juntas da placa têm dono e que tal dono não admite o que ele considera um 
roubo punível com morte: apanhar as flores.
Além disso…
Em linguística textual, foca-se o estudo de textos verbais, ou seja, que apresentam uma unidade linguís-
tica e manifestam-se por meio da língua.
Todavia, ainda pode-se considerar textos os que não apresentam unidade linguística, como os textos 
visuais, que apresentam um sentido e transmitem uma mensagem sem utilizar a língua para isso. 
Enquanto a linguística busca estudar textos verbais, a semiótica, por exemplo, é uma disciplina que se 
interessa também por textos não verbais.
Veja mais a respeito…
Pensando que o texto vai além do texto verbal.
Figura 2.7 - Imagem que transmite uma mensagem.
Fonte: adaptado de http://tiny.cc/sxwqdz
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Linguística textual | Unidade 2 - Texto, textualidade e textualização
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2.1.2 TEXTO PARA A LINGUÍSTICA TEXTUAL
Apesar da ampla concepção de texto, a linguística textual foca no estudo de textos verbais, ou seja, que 
apresentam uma unidade linguística e manifestam-se por meio da língua.
Mas o que faz com que um texto tenha sentido? O que faz com que um texto seja um texto e não apenas 
uma sequência de frases ou palavras?
Na unidade anterior, você viu que a linguística textual foi incorporando em seu objeto de estudo vários 
aspectos que constituem o texto. Tais aspectos foram mudando a concepção de texto para área até que 
chegasse ao texto como uma produção linguística, que faz parte de uma comunicação humana e contém 
aspectos cognitivos e socioculturais.
Dessa forma, pode-se pensar que na fase inicial da linguística textual, de análises interfrásticas, texto 
era definido simplesmente como “sequências linguísticas coerentes entre si”, como afirma Bentes (2012, 
p. 269). Além disso, o texto era visto como a unidade máxima de comunicação, ou seja, ele seria algo 
acabado, pronto, um produto que não sofreria alterações e sempre transmitiria a mesma mensagem.
A partir da virada pragmática, a linguística textual começou a ver o texto como uma produção que faz 
parte da comunicação, como uma atividade verbal. Como foi afirmado na unidade 01, tal visão sobre o 
texto faz com que ele não seja mais visto como um produto acabado, mas como “elementos constitu-
Figura 2.8 - O Abaporu, de Tarsila do Amaral.
Fonte: adaptado de https://www.significados.com.br/abaporu/
https://www.significados.com.br/abaporu/
Linguística textual | Unidade 2 - Texto, textualidade e textualização
30
tivos de uma atividade complexa, como instrumentos de realização de intenções comunicativas e sociais 
do falante” (KOCH, 2017, p.27).
Figura 2.9 - A linguística textual começou a ver o texto 
como uma produção que faz parte da comunicação.
Nesse momento, pensa-se no conceito de coerência textual como algo que vai além de fatores sintáticos-
-semânticos, mas como “uma série de fatores de ordem pragmática e contextual”, como afirma Koch (p. 
32). A partir disso, começa-se a perceber a coerência como um princípio de interpretabilidade do texto 
e que busca entender quais características faziam com que um texto fosse um texto e não apenas uma 
sequênciade frases ou palavras. Robert-Alain de Beaugrande e Wolfgang Dressler, em 1981, introdu-
ziram nos estudos de linguística textual os termos: textualidade e textualização. Além disso, os autores 
descreveram outros princípios que seriam capazes de fazer com que as pessoas atribuíssem sentido aos 
textos, os princípios de textualização.
Beaugrande e Dressler apresentam tais conceitos em uma perspectiva 
cognitivista, individual, mas que acabam se adaptando a uma visão 
sociocognitivo-interacionista, que é a visão atual da linguística textual.
Fique atento
Linguística textual | Unidade 2 - Texto, textualidade e textualização
31
2.2 TEXTUALIDADE, TEXTUALIZAR E TEXTUALIZAÇÃO
Textualidade seria o conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto e 
não apenas uma sequência de frases ou palavras. Entretanto, como já foi discutido, o texto não é um 
produto que traz em si mesmo o seu sentido e todas as características.
Desde a virada pragmática, o texto não é visto pela linguística textual como um produto acabado, 
fechado, pois, como você observou, ele apresenta além de sua forma linguística um contexto imediato, 
como a hora, o dia e o local que ele acontece; um processo de interlocução, em que sempre se fala ou se 
escreve para alguém receber os textos; um processo cognitivo, individual, mental; e um aspecto social, 
em que o contexto cultural e social contribuem para que se constitua como texto.
Dessa forma, é impossível para a linguística textual elencar uma série de propriedades que seriam essen-
ciais para que um texto se constitua como tal. Textualidade, portanto, seria um princípio impossível de 
se definir em um número exato de características. Por isso, “(...) textualidade seria um princípio geral que 
faz parte do conhecimento textual dos falantes e que os leva a aplicar a todas as produções linguísticas 
que falam, escrevem, ouvem ou leem um conjunto de fatores capazes de textualizar essas produções” 
(COSTA VAL, 2004, p. 114).
A importância do conceito de textualidade, apesar de ser abstrato, é que houve um consenso em áreas 
da linguística que se preocupam com o uso, de que todos nos comunicamos por meio de textos e que 
criar e receber textos é algo natural. Antunes (2009) afirma:
A chegada do consenso de textualidade implicou, portanto, uma mudança de perspectiva, a qual 
ampliou sensivelmente o objeto da investigação linguística e a deixou na condição epistemológica 
de dar conta daquilo que acontece, efetivamente, quando as pessoas falam, ouvem, escrevem e 
leem nas mais diferentes situações da vida social. Representou, portanto, um grande passo para a 
compreensão do que é linguagem e do seu modo de funcionar (ANTUNES, 2009, p. 50).
Figura 2.10 - Todos se comunicam por meio de 
textos e criar e receber textos é algo natural.
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Linguística textual | Unidade 2 - Texto, textualidade e textualização
32
Para o ensino de línguas, por exemplo, colocar o texto como o principal objeto de trabalho e saber que 
todos se comunicam por texto e tem um princípio geral que permite comunicar por textos, termina com 
uma distorção, infelizmente ainda comum em escolas, de que textos somente são escritos na norma 
culta. Ao saber que todos usam textos, aproximam-se os alunos às aulas de português, pois isso faz 
perceber que eles também têm a competência necessária para produzir e receber textos.
Como é difícil perceber a textualidade que cada texto apresenta, como cada texto pode apresentar 
diferentes tipos de interpretações, percebe-se que é difícil falar em textualidade. Por isso, a linguística 
textual prefere falar na ação, em textualizar: quando compreendem ou produzem textos, as pessoas 
aplicam fatores ou princípios sempre que percebem palavras que possam formar textos. Essa ação seria 
a de textualizar.
Dessa forma, a textualização, ou a ação de textualizar, seria aplicar princípios, que fariam parte do 
componente linguístico das pessoas, para compreender e produzir textos. Os princípios de textuali-
zação seriam inatos aos falantes e seriam altamente influenciados pelo contexto histórico-cultural a que 
os falantes pertencem. Beaugrande e Dressler (1981) propuseram sete princípios de textualização, 
que seriam aplicados na hora de compreender ou produzir um texto:
1. Intencionalidade;
2. Aceitabilidade;
3. Situacionalidade;
4. Informatividade;
5. Intertextualidade;
6. Coerência;
7. Coesão.
Você verá mais sobre os princípios nas próximas quatro unidades, mas já é possível ressaltar a importância 
de tais princípios para os estudos da linguística textual. A intenção de um produtor de texto, a aceitação 
de quem recebe ou irá receber o texto, a relevância da situação comunicativa em que o texto se constrói, 
o nível de informações novas que um texto traz, a interação de um texto com outros textos, a interpreta-
bilidade de um texto e os elos construídos pelo autor e pelo recebedor de um texto seriam critérios que 
todos aplicariam quando construíssem ou recebessem textos. Assim, reconhecer e descrever tais critérios 
nos textos permite entender o funcionamento da língua em contextos reais de uso.
Linguística textual | Unidade 2 - Texto, textualidade e textualização
33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, foi definido texto como:
Uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários 
da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa específica, 
como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reco-
nhecida, independentemente da sua extensão (KOCH; TRAVAGLIA, 2011).
Ou ainda como Costa Val (2004, p. 113) define, texto é “...qualquer produção linguística, falada ou escrita, 
que faça sentido em uma comunicação humana”. Também foram estudados os conceitos: textualidade, 
textualizar e textualização.
Na próxima unidade, você aprenderá mais sobre os sete princípios de textualização, focando nos princí-
pios pragmáticos relacionados à situação comunicativa do texto: intencionalidade, aceitabilidade, situa-
cionalidade, informatividade, intertextualidade.
Nas unidades seguintes, o foco será em coerência e coesão.
Linguística textual | Unidade 2 - Texto, textualidade e textualização
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, I. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
DE BEAUGRANDE, Robert; DRESSLER, Wolfgang U. Einführung in die Textlinguistik. Wallingford: De 
Gruiter, 1981.
COSTA VAL, Maria da Graça et al. Texto, textualidade e textualização. In: Pedagogia Cidadã. São Paulo: 
UNESP, 2004.
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
GLOSSÁRIO CEALE. Texto. Sorocaba, 2019. Disponível em: http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glos-
sarioceale/verbetes/texto
KOCH, Ingedore V; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2011.
KOCH, I. V. Introdução à linguística textual. São Paulo: Contexto, 2017.
http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/texto
http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/texto
Linguística textual | Unidade 3 - Princípios de textualização
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Unidade 3 Princípios de textualização
Para iniciar seus estudos:
Fique atento aos princípios de textualização, sempre pensando: quando eu leio um texto, eu faço a 
avaliação desses princípios?
Objetivos da aprendizagem:
• Introduzir a ideia sobre os princípios pragmáticos de textualização;
• Conhecer os princípios de textualização intencionalidade, aceitabilidade, informativi-
dade, intertextualidade e situacionalidade.
Tópicos de Estudo:
• O que são os princípios de textualização?
• Princípios pragmáticos de textualização: 
• Intencionalidade;
• Aceitabilidade;
• Informatividade;
• Intertextualidade;
• Situacionalidade.
Linguística textual | Unidade 3 - Princípios de textualização
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3.1 TEXTO E LINGUÍSTICA TEXTUAL
Como você viu nas unidades anteriores, o objeto de estudo da linguística textualé o texto. Os textos de 
interesse de análise da linguística textual são textos verbais, que seriam entendidos, conforme Koch e 
Travaglia, como:
Uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários 
da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa específica, 
como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reco-
nhecida, independentemente da sua extensão” (KOCH; TRAVAGLIA, 2011, p. 10).
Figura 3.1 - Os textos de interesse de análise da 
linguística textual são textos verbais.
Dessa forma, o texto é atualmente visto pela linguística textual como uma unidade linguística, intrin-
secamente interativa, compreendido/produzido por meio de operações linguísticas e influenciado por 
aspectos culturais, sociais e históricos, que podem ser orais ou escritos.
Linguística textual | Unidade 3 - Princípios de textualização
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3.1.1 TEXTO, TEXTUALIDADE, TEXTUALIZAR E 
TEXTUALIZAÇÃO
É importante perceber que há um conjunto de características que fazem 
com que um texto seja um texto (textualidade), mas tais características são 
difíceis de serem unanimemente definidas em um número exato. Por isso, 
a ação de textualizar, ou a textualização, seria um construto mais concreto 
para a linguística textual.
Atenção
Beaugrande e Dressler (1981), a partir de uma perspectiva inicialmente cognitivista e, mais adiante, 
sociocognitivo-interacionista, apresentaram sete princípios de textualização, que fariam parte do compo-
nente linguístico das pessoas.
Os autores propõem tais princípios em um momento em que a linguística textual percebe que precisa 
ir além da forma, buscando compreender também a função, investigando o uso da língua. No livro 
“Introdução à Linguística Textual” (1981), os autores Beaugrande e Dressler (1981, p.7) afirmam que o 
formalismo seria uma representação da língua, mas que não seria suficiente, pois falhava ao representar 
a língua em sua natureza e função. Os princípios seriam uma forma de se estudar a língua a partir de 
“regularidades, estratégias, motivações, preferências e padrões” (originalmente, em inglês: “regularities, 
strategies, motivations, preferences, and defaults rather than rules and laws.”), ou invés de simplesmente 
se buscar regras ou leis, o que traria mais realidade para o que compõe um texto e, assim, como se 
comporta a língua.
3.2 OS PRINCÍPIOS DE TEXTUALIZAÇÃO
Os princípios propostos por Beaugrande e Dressler (1981) são:
• Intencionalidade;
• Aceitabilidade;
• Situacionalidade;
• Informatividade;
• Intertextualidade;
• Coerência;
• Coesão.
Linguística textual | Unidade 3 - Princípios de textualização
38
Os princípios podem ser divididos em princípios pragmáticos, ligados à situação comunicativa do texto, 
e princípios centrados em aspectos linguísticos do texto.
Princípios pragmáticos: intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade.
Princípios centrados em aspectos linguísticos do texto: coerência e coesão.
Koch (2017, p. 45) afirma que Beaugrande e Dressler (1981) teriam feito tal divisão tendo em mente 
que os princípios centrados em aspectos linguísticos do texto seriam “centrados no texto”, enquanto os 
princípios pragmáticos seriam “centrados nos usuários” do texto. Tal divisão entre texto e usuários não 
faria sentido para alguns estudiosos de linguística textual, como para a autora. Ela afirma que tal divisão 
não seria possível e todos os princípios seriam centrados no texto e em seus usuários ao mesmo tempo.
Ao longo desta e das duas próximas unidades, você verá que realmente não é 
tão fácil o exercício de distinguir o que seria centrado somente no texto e o que 
seria centrado somente em seus usuários. Dessa forma, você se aprofundará 
nos princípios levando a distinção proposta por Beaugrande e Dressler (1981) 
em consideração em seus estudos, mas tenha em mente que tal separação não 
é um consenso na área e precisa de um exercício de reflexão.
Fique atento
Além disso, outros autores, como Marcuschi (1983), adicionam outros fatores de textualização aos sete 
propostos por Beaugrande e Dressler. Assim, pode-se perceber como a investigação dos exercícios reali-
zados por produtores/recebedores de texto é de fundamental importância para os estudos da linguística 
textual. Nesta unidade, serão focados os princípios pragmáticos propostos por Beaugrande e Dressler (1981):
• Intencionalidade;
• Aceitabilidade;
• Situacionalidade;
• Informatividade;
• Intertextualidade.
Linguística textual | Unidade 3 - Princípios de textualização
39
3.2.1 INTENCIONALIDADE
Propriedade centrada no locutor: intenções do locutor diante dos ouvintes 
ou leitores a quem se destina o texto. “Diz respeito a valor ilocutório do 
discurso, elemento de maior importância no jogo da atuação comunicativa” 
(COSTA VAL, 1999, p. 11).
Fique atento
A intencionalidade é a intenção do produtor do texto com o texto. Que tal ver alguns exemplos? Qual é 
a intencionalidade do autor dos textos abaixo?
Figura 3.2 - A intencionalidade é a intenção 
do produtor do texto com o texto.
Fonte: adaptado de http://tiny.cc/5hiwdz
Ao textualizar o texto, percebe-se que o autor teve a intenção de alertar os motoristas que bebem e 
dirigem sobre o risco de morte a que eles se submetem. Pode até haver um tom de humor na mensagem 
do autor, mas seu objetivo é fazer um alerta sobre os riscos da direção sob efeito do álcool.
Ao receber um texto, o processo de perceber qual é a intenção do autor que escreve aquele texto seria 
natural. É preciso entender o que o texto diz, o que o autor pretende defender para avaliar o texto. O 
http://tiny.cc/5hiwdz
Linguística textual | Unidade 3 - Princípios de textualização
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mesmo ocorreria ao produzir um texto em que é preciso pensar sobre quais são as intenções e deixá-las 
claras para os recebedores desses textos, para que eles sejam bem avaliados pelos recebedores.
A avaliação do texto é exatamente o próximo princípio de textualização que será explorado.
3.2.2 ACEITABILIDADE
Como você avalia os textos abaixo?
Figura 3.3 - A intencionalidade é a intenção 
do produtor do texto com o texto.
Fonte: adaptado de http://tiny.cc/5hiwdz
Alguns lerão os textos e acharão a abordagem de humor trazida pelo autor criativa, crendo que os 
outdoors serão efetivos na luta contra a combinação de álcool e direção.
Outros, ao receberem os textos, não acharão a perspectiva abordada interessante, sendo muito restrita 
ao público masculino (ao se perguntar da viúva) e católico (ao mencionar missa de sétimo dia), achando 
pouco efetiva a abordagem. Ao avaliar um texto, aplica-se o princípio da aceitabilidade.
A propriedade da aceitabilidade é centrada no recebedor: um texto é aceito e avaliado pelos interlocutores. 
“O recebedor do texto avalia se o texto é coerente, coeso, útil, relevante, capaz de levá-lo a adquirir conheci-
mentos ou cooperar com os objetivos do produtor” (COSTA VAL, 1999, p. 11).
Como foi dito no princípio da intencionalidade, ao produzir um texto o intuito é que ele seja aceito. Dessa 
forma, ao produzir um texto, é preciso levar em consideração as possíveis avaliações dos recebedores 
do texto. Ao receber um texto, é importante que, além de o compreender, o avalie.
http://tiny.cc/5hiwdz
Linguística textual | Unidade 3 - Princípios de textualização
41
Fonte: disponível em: https://www.letras.mus.br/chico-buarque/45121/
3.2.3 SITUACIONALIDADE
Como você viu na unidade 1, não são só os componentes semânticos e sintáticos que permeiam um 
texto. A situação comunicativa também é essencial para a construção e avaliação de um texto.
Pense na música Cálice, composta por Chico Buarque e Gilberto Gil, cantada por Chico Buarque e Milton 
Nascimento trazida abaixo.
Cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta demim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga?
Tragar a dor, engolir a labuta?
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
https://www.letras.mus.br/chico-buarque/45121/
Linguística textual | Unidade 3 - Princípios de textualização
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Para ouvir a música Cálice, de Chico Buarque, acesse: https://www.youtube.
com/watch?v=9y2xB90A0CY
Saiba mais
A situação comunicativa em que a música foi composta (1973, mas lançada somente em 1978) era dife-
rente da situação em que vivemos hoje. Na época, vivíamos uma ditadura militar. A canção é cheia de 
metáforas e figuras de linguagem que relatam a situação da ditadura militar. O próprio nome da música 
apresenta a sonoridade de cale-se, apesar de ser escrito cálice, uma ordem constante da censura, que 
não permitia que as pessoas se expressassem livremente. Entender a situação comunicativa da música 
é relevante para a compreensão da música.
A situacionalidade é a propriedade centrada na situação comunicativa: elementos responsáveis pela 
pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em que ocorrem. Percebe-se na música cálice como 
o contexto é relevante para a textualização do texto. Dessa forma, a situacionalidade “é a adequação do 
texto à situação sociocomunicativa” (COSTA VAL, 1999, p.12).
3.2.4 INFORMATIVIDADE
Qual o nível de novidade que é possível atribuir ao texto abaixo?
“Um homem é um ser humano adulto do sexo masculino, animal bípede da ordem dos primatas pertencente à espécie 
homo sapiens. “Menino” é o termo usado para uma criança humana do sexo masculino, e os termos “rapaz” ou “moço” para 
um adolescente ou jovem adulto.”
Fonte: disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Homem
BAIXO, pois não há informações novas, o que deixa o texto enfadonho, decepcionante.
E o texto abaixo? Qual é o nível de novidade que é possível lhe atribuir?
“A palavra alfabetização é de uso comum e frequente, não só no léxico específico de profissionais do ensino e da Educação, 
mas também no léxico de todos os indivíduos, alfabetizados ou não, de uma sociedade letrada. Entre estes últimos, há 
em geral concordância quanto ao conceito que a palavra alfabetização nomeia: pergunte-se a qualquer pessoa o que é 
alfabetização e a resposta dificilmente será outra que não a de que alfabetização é “o processo de ensinar a ler e a escrever.”
Fonte: disponível em: http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/alfabetizacao
https://www.youtube.com/watch?v=9y2xB90A0CY
https://www.youtube.com/watch?v=9y2xB90A0CY
https://pt.wikipedia.org/wiki/Homem
http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/alfabetizacao
Linguística textual | Unidade 3 - Princípios de textualização
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O nível de informatividade é maior do que o do texto anterior, o que se faz aceitar melhor o texto, que 
tem mais conteúdo e suficiência de dados.
E ao texto abaixo?
“Um modelo linear que apresenta somente fatores de efeitos fixos, além do erro experimental, que é sempre aleatório, 
é denominado modelo fixo. Esse tipo de modelo já foi amplamente estudado, existindo inúmeros livros abordando seus 
aspectos teóricos e aplicados em vários níveis de complexidade. Podem ser citados: Searle (1971), que enfatiza dados 
desbalanceados; Rao (1973), aspectos matemáticos; Graybill (1976), dados balanceados; Neter, Wasserman e Kutner 
(1985), dentre outros.”
Fonte: disponível em: http://www.est.ufpr.br/rt/jom03a.pdf
O nível de informações novas, para a maioria dos alunos do curso de letras, é muito alto. Tal fato deixa 
o texto inteiramente inusitado, muito novo, o que o faz ser rejeitado.
A informatividade é centrada no caráter informativo do texto: diz respeito à medida que as ocorrências 
de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não.
Ao comparar os três textos dos exemplos, percebe-se que um texto com alto nível de informatividade 
ou baixo nível de informatividade não desperta o interesse do receptor, sendo enfadonho ou extrema-
mente difícil de se compreender. O ideal é um texto se manter em um nível mediano de informatividade, 
no qual se alternam ocorrências de partes conhecidas pelo recebedor e partes que trazem novidades.
3.2.5 INTERTEXTUALIDADE
Você consegue relacionar o texto abaixo com outros textos?
Figura 3.4 - Os Malvados
Fonte: adaptado de: http://tiny.cc/btlwdz
http://www.est.ufpr.br/rt/jom03a.pdf
http://tiny.cc/btlwdz
Linguística textual | Unidade 3 - Princípios de textualização
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Sim, é possível fazer essa relação, pois o texto apresenta uma intertextualidade clara, ou seja, uma 
relação clara com outro texto: a história da Branca de Neve. Em tal história, uma vovó, que na verdade 
era uma bruxa, dá uma maçã envenenada para Branca de Neve.
A intertextualidade é uma propriedade centrada na relação do texto com outros textos prévios: todo 
texto contém intertextualidade.
“A intertextualidade é fundamental, indispensável, na constituição de qualquer texto. Pode ser que 
o próprio locutor não se dê conta de ‘com quantos textos se faz o seu texto’; pode ser que o alocu-
tário não (re) conheça todos os textos envolvidos na construção dos textos que ele ouve ou lê. 
Mesmo assim, sem ‘enxergar’ todo o processo, estão lidando com a intertextualidade” (COSTA VAL, 
2004, p. 04).
Dessa forma, todo texto contém intertextualidade. Às vezes ela é percebida claramente e, às vezes, não 
se recorda exatamente de qual texto veio aquela intertextualidade, mas aquela informação já faz parte 
do conhecimento prévio e veio de algum texto.
3.3 OS PRINCÍPIOS SÃO RELACIONADOS
Como é possível observar, um princípio afeta o outro diretamente, sendo todos relacionados. Depen-
dendo da intenção do autor, por exemplo, pode variar a aceitação do recebedor do texto. Um texto com 
nível mediano de informações novas, intercala em seu conteúdo textos conhecidos, intertextualidade e 
ideias novas, o que faz com que a aceitabilidade do texto também aumente, por exemplo.
Assim, é importante ter em mente que os princípios não são isolados e estão diretamente relacionados, 
um afetando o outro.
Linguística textual | Unidade 3 - Princípios de textualização
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, você viu os princípios pragmáticos de textualização. Na próxima unidade, você conti-
nuará estudando os princípios de textualização, mas o foco será nos princípios centrados em aspectos 
linguísticos do texto. O início se dará com o princípio da coerência, que permite ter a ideia do signifi-
cado do texto, de seu todo.
Até a próxima unidade!
Linguística textual | Unidade 3 - Princípios de textualização
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REFERÊNCIAS
DE BEAUGRANDE, Robert; DRESSLER, Wolfgang U. Introduction to text linguistics. London: Longman, 1981.
COSTA VAL, Maria da Graça. Redaçãoe textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
COSTA VAL, Maria da Graça et al. Texto, textualidade e textualização. In: Pedagogia Cidadã. São Paulo: 
UNESP, 2004.
KOCH, Ingedore V; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2011.
Linguística textual | Unidade 4 - Coerência
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Unidade 4 Coerência
Para iniciar seus estudos:
Quando se produz um texto, tenta-se ser coerente. Quando se recebe um texto, espera-se que o texto 
seja coerente. Mas o que faz um texto ser coerente? Tenha tal pergunta em mente durante sua leitura.
Objetivo da aprendizagem:
• Conhecer e aprofundar-se no princípio linguístico de textualização: a coerência.
Tópicos de Estudo:
• O que é coerência textual?
• Fatores de coerência;
• Tipos de coerência.
Linguística textual | Unidade 4 - Coerência
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4.1 O TEXTO E OS PRINCÍPIOS DE TEXTUALIZAÇÃO
As características gerais que definem o texto (textualidade) são vistas como princípios de textualização, 
que fariam parte do componente linguístico das pessoas. Os princípios propostos por Beaugrande e 
Dressler (1981) são: intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade, intertextuali-
dade, coerência e coesão.
Figura 4.1 - O componente 
linguístico das pessoas.
Os princípios podem ser divididos em princípios pragmáticos, que você viu na unidade anterior, e princí-
pios centrados em aspectos linguísticos do texto.
Intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade seriam princípios 
pragmáticos. Já coerência e coesão seriam princípios centrados em aspectos linguísticos do texto. Nesta 
unidade, será focado o princípio da coerência.
4.1.1 COERÊNCIA
Coerência é um termo usado o tempo todo, para julgar textos e ideias dos textos. Pense no exemplo (1), 
pode-se dizer que a frase é coerente?
(1) Maria comeu o bolo todo quando Rita chegou, mas ainda tinha bolo.
Não se pode dizer que a frase é coerente. Você, como leitor, não produz coerência para a sentença (1), 
por ter uma ação acabada e não acabada ao mesmo tempo, o que não é compatível com seus conheci-
mentos. Se Maria comeu o bolo todo, não há como ter bolo quando Rita chegou.
E o exemplo (2), pode-se dizer que a frase é coerente?
(2) A pedra estava grávida.
Não, pois a frase contraria o conhecimento de mundo geral. Não é possível no mundo “real” que uma 
pedra esteja grávida.
Linguística textual | Unidade 4 - Coerência
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Quando utiliza-se o termo incoerente, ou se diz que as frases não são coerentes?
Quando os elementos de um texto não são compatíveis linguisticamente ou não são compatíveis com o 
conhecimento de mundo, acredita-se que o texto não seja coerente porque a coerência é a unidade do 
texto. Se o texto não tem unidade, não se consegue atribuir coerência ao texto.
Como Platão e Fiorin (1999) afirmam, atribui-se coerência a um texto 
que apresenta um conjunto harmônico, “em que as partes se encaixam 
de maneira complementar de modo que não haja nada destoante, nada 
ilógico, nada contraditório, nada desconexo”.
Fique atento
Assim, a coerência é relacionada aos conhecimentos e relações. O ouvinte/leitor, ou seja, recebedor do 
texto, identifica e inter-relaciona as informações, produzindo coerência para o texto. O conhecimento de 
mundo é importante, mas o mais importante é que “esse conhecimento seja partilhado pelo produtor e 
receptor do texto” (KOCH; TRAVAGLIA, 1996, p.16). Koch e Travaglia trazem um bom exemplo sobre isso.
Figura 4.2 - O ouvinte/leitor identifica e inter-relaciona 
as informações, produzindo coerência para o texto.
Linguística textual | Unidade 4 - Coerência
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Como você avalia a sentença (3) abaixo? Ela é coerente? Qual é o significado da sentença?
(3) Depois do tango, chegou a vez do fado. Na Arábia.
O texto (3) é o título de uma reportagem e, sem saber mais informações, só se consegue perceber que o 
título contém dois ritmos musicais: o tango, da Argentina; e o fado, de Portugal. Também se sabe que a 
Arábia é um país. Mas e se lhe disser que tal título era de uma reportagem em uma seção de esportes, 
ainda se consegue atribuir coerência ao texto?
Será sempre buscado um significado, mas para chegar ao significado pretendido pelo autor, é preciso 
entender a situação comunicativa no momento em que o texto foi escrito. A sentença (3) era uma 
manchete de uma reportagem na seção de esportes, em um momento em que acontecia um campeo-
nato mundial de futebol na Arábia, por isso o “Na Arábia”. O texto fala sobre o Brasil ter enfrentado a 
seleção de futebol da Argentina, por isso o “Depois do tango”, e enfrentaria a seleção de Portugal, por 
isso o “chegou a vez do fado”. As informações implícitas são essenciais para atribuir coerência ao texto.
Figura 4.3 - As informações implícitas são 
essenciais para atribuir coerência ao texto.
Assim, os níveis de informatividade e a situação comunicativa do texto auxiliam e muito a atribuir 
coerência a ele, ou seja, a atribuir significado à unidade. Como foi dito na unidade anterior, os princípios 
de textualização não são unidades discretas e separadas, eles influenciam uns aos outros.
Linguística textual | Unidade 4 - Coerência
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4.1.2 MAS PODE-SE DIZER QUE O TEXTO 
TEM COERÊNCIA OU NÃO TEM COERÊNCIA?
Segundo Costa Val (2004), não se pode dizer que um texto tem ou não tem coerência. Ao receber um 
texto, liga-se o conhecimento prévio ao do produtor do texto e atribui-se ou não coerência ao texto. 
Sendo assim, não é o texto em si só que faz a coerência, mas o recebedor do texto também, que atribui 
coerência ao texto quando o lê/ouve. O correto é dizer, eu, como leitor(a) do texto, atribuo coerência 
ao texto ou não atribuo coerência ao texto.
Pode-se dizer que a coerência é:
• Um princípio de interpretabilidade;
• A coerência é global, criando uma unidade;
• Sua base é a continuidade de sentidos entre os conhecimentos ativados pelas 
expressões do texto.
4.1.3 A COERÊNCIA E A LINGUÍSTICA TEXTUAL
Desde sua fase inicial, a linguística textual falava sobre a relevância da coerência nos textos. No momento 
em que somente análises interfrásticas eram realizadas, na segunda metade de 1960 até a metade de 
1970, o texto era definido como “sequências linguísticas coerentes entre si” (BENTES, 2012, p. 269), ou 
seja, o princípio da coerência era parte da definição de texto. Para se ter um texto, é necessário que haja 
interpretabilidade, unidade. A linguística textual, ainda atualmente, vê a coerência como um dos fatores 
fundamentais de um texto, que tem grande impacto sobre seu sentido.
É importante ressaltar que, assim como os estudos da linguística textual hoje levam em consideração a 
questão sociocognitiva interacionista do texto, a coerência deixou de ser um fator simplesmente intrín-
seco ao texto, indo muito além de elementos linguísticos, semânticos e sintáticos, e passando a ser um 
princípio relacionado aos fatores cognitivos, sociais, culturais, históricos e interacionais que também 
fazem parte do texto.
Linguística textual | Unidade 4 - Coerência
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Figura 4.4 - A coerência é um princípio relacionado 
aos fatores cognitivos, sociais, culturais, históricos e 
interacionais que fazem parte do texto.
Mas que fatores do texto ajudam a atribuir coerência a ele? É o que você verá na próxima seção.
4.2 FATORES DE COERÊNCIA
Os estudos da linguística textual perceberam que há alguns fatores de coerência no texto. Koch e Trava-
glia (1996) apontam como fatores de coerência: elementos linguísticos; conhecimento de mundo; conhe-
cimento partilhado; inferências; fatores de contextualização; situacionalidade; informatividade, focali-
zação, intertextualidade, intencionalidade e aceitabilidade; e consistência e relevância.
• Elementos linguísticos
“Não é possível apreender o sentido de um texto apenas nas palavras que o compõem e na sua 
estrutura sintática”, mas “é indiscutível a importância dos elementos linguísticos do texto para o 
estabelecimento da coerência” (KOCH; TRAVAGLIA, 1996, p.59).
Os elementos linguísticossão pistas para a interpretação do texto. Não é possível dizer que só as pala-
vras bastam para capturar o sentido do texto, mas são as palavras de um texto que ativam conheci-
mentos na memória, ajudam os recebedores do texto a elaborar inferências propostas pelo autor e a 
captar a orientação argumentativa dos enunciados. Ao utilizar sinônimos em textos ou palavras de uma 
mesma família, por exemplo, se constrói coerência a partir de elementos linguísticos. Dessa forma, os 
elementos linguísticos também são considerados um fator de coerência, por ajudarem a construir a 
interpretabilidade de um texto.
Linguística textual | Unidade 4 - Coerência
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Figura 4.5 - Os elementos linguísticos são 
pistas para a interpretação do texto.
• Conhecimento de mundo
Como já se afirmou nesta unidade, se o texto aborda assuntos que não se conhece é difícil entendê-lo 
e atribuir coerência a ele. Os autores têm conhecimentos que adquiriram com sua vivência, seu conhe-
cimento de mundo e esse estará sempre presente em seus textos. É sempre bom conhecer o autor, 
pesquisar sobre ele para entender seu ponto de vista e reconhecer os tipos de vivências que ele teve.
Figura 4.6 - Se o texto aborda assuntos que não se 
conhece é difícil entendê-lo e atribuir coerência a ele.
Linguística textual | Unidade 4 - Coerência
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• Conhecimento partilhado
Lembre-se que cada indivíduo tem diferentes experiências no mundo, que vão criando diferentes memó-
rias e diferentes conhecimentos de mundo. Entretanto, há um conhecimento que é partilhado. Quanto 
mais conhecimentos partilhados autor e recebedor do texto tiverem, mais ideias podem estar implícitas 
e mais fácil será atribuir coerência.
O autor deve conhecer seu público ao produzir o texto, sempre tendo em mente quais conhecimentos 
são compartilhados pelo seu público.
Figura 4.7 - Cada indivíduo tem diferentes 
conhecimentos de mundo.
• Inferências
Como foi afirmado, quanto maior o conhecimento partilhado, menor a necessidade de ser explícito no 
texto. A inferência é o processo pelo qual se estabelecem relações que não são explícitas. Quase 
todos os textos exigem que sejam feitas inferências para compreendê-los integralmente.
Veja o exemplo (4) de Koch e Travaglia (1996, p. 66) abaixo.
(4) - A campainha!
 - Estou de pijama!
 - Tudo bem!
Não existem informações explícitas no texto sobre quem vai atender a campainha ou sobre quem não 
pode ir atender. Todavia, consegue-se fazer inferências, chegando na ideia que quem avisou sobre a 
campainha provavelmente vai atendê-la, pois o outro interlocutor não pode fazê-lo por estar de pijama.
Nem sempre os recebedores fazem inferências previstas pelo produtor do texto, por isso o autor precisa 
conhecer seu público e saber que seu texto pode sim ser compreendido de uma forma que não era 
Linguística textual | Unidade 4 - Coerência
55
esperada. Em (4), por exemplo, alguns alunos podem ter experiências diferentes e inferir que o “tudo 
bem” dito por quem avisou que a campainha tocou seja um “ok, mas eu também não vou atender a 
porta”, ou “espero você trocar de roupa”, ou “vá você mesmo de pijamas, estou mais ocupado”.
Figura 4.8 - Nem sempre os recebedores fazem 
inferências previstas pelo produtor do texto.
• Fatores de contextualização
Datas, elementos gráficos, local, assinatura, timbre, disposição na página, título, autor, entre outras, 
todas essas informações podem ser vistas como fatores de contextualização. Imagine a pronúncia da 
sentença (5):
(5) Hoje aqui está 40ºC.
Sem data e local, fica difícil entender a mensagem de (5). Um carimbo oficial em um documento, por 
exemplo, pode ser o responsável por se fazer ter ideia da relevância do documento e de sua mensagem.
Linguística textual | Unidade 4 - Coerência
56
Figura 4.9 - O carimbo oficial traz a ideia da relevância 
do documento e de sua mensagem.
• Situacionalidade, informatividade, intertextualidade, intencionalidade e 
aceitabilidade - os princípios pragmáticos de textualização
Os princípios de textualização influenciam uns aos outros. Dessa forma, a relevância para a situação 
comunicativa do texto, o nível de informações novas, os intertextos, a intenção do autor e a aceitação 
do recebedor interferem na atribuição de coerência por quem receba o texto (releia a unidade anterior 
para relembrar os princípios).
Figura 4.10 - Os princípios pragmáticos de textualização.
Linguística textual | Unidade 4 - Coerência
57
• Focalização
Ao produzir um texto, pode-se fazer com que o público foque em uma parte de seu conhecimento, tal 
processo seria a focalização. Numa tentativa de fazer com que o recebedor foque nas ideias do texto, o 
autor pode usar de pistas para que o recebedor se restrinja ao que lhe é de interesse. Produzir um texto 
sobre um tema, com consistência, com unidade temática, pode fazer com que os recebedores focalizem 
e atribuam coerência ao texto produzido.
Figura 4.11 - O público do texto pode focar 
em uma parte de seu conhecimento.
• Consistência e relevância
Os enunciados precisam ser consistentes entre si, ou seja, não podem ser contraditórios. Além disso, 
eles devem ser relevantes em relação ao tema do texto.
Imagine a seguinte situação: uma professora leva seus alunos a um borboletário e pede que eles escrevam 
sobre as borboletas, sobre o que aprenderam com a visita e um dos alunos produz o texto abaixo.
“Todas as borboletas voavam dia e noite. Eram muito bonitas as borboletas, todas tinham asas. Uma 
borboleta não tinha asa e não voava.”
O recebedor do texto do aluno teria dificuldade em atribuir coerência ao texto, pois o texto apresenta 
contradições. Ao utilizar o pronome indefinido TODAS e depois trazer uma exceção, o autor do texto 
traria enunciados inconsistentes entre si.
Imagine que além do texto acima, o autor também tivesse incluído a sentença “pneus fedem”. Além de apre-
sentar inconsistências, o texto também apresentaria informações não relevantes ao contexto comunicativo, 
pois o texto deveria se ater a informações sobre borboletas, sendo mais difícil de atribuir-lhe coerência.
Dessa forma, é importante que, para que os recebedores dos textos atribuam coerência a eles, produzam 
textos que sejam considerados inteiros (começo, meio e fim) e que apresentem uma unidade temática (sem 
perder o fio da meada). Além disso, os textos precisam ser consistentes, articulados e não contraditórios.
Linguística textual | Unidade 4 - Coerência
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Figura 4.12 - Para que os recebedores dos textos 
atribuam coerência a eles, devem ser produzidos 
textos que sejam considerados inteiros.
4.3 TIPOS DE COERÊNCIA
A linguística textual ainda demonstra que há diferentes tipos de coerência: a coerência semântica, a 
coerência sintática, a coerência estilística e a coerência pragmática. Koch e Elias (2015) ainda apontam a 
coerência temática e a genérica, porém serão focadas as mais importantes.
• Coerência semântica
O principal princípio que marca a coerência semântica é o princípio da não contradição. Para atribuir 
coerência semântica a um texto, ele não pode se contradizer, seu conteúdo não pode se contradizer. 
Observe o par de sentenças em (5), não se atribui coerência semântica à sentença porque ela contém 
uma contradição. Se João é fraco, ele não é capaz de carregar um carro todos os dias.
(5) João é fraco. João carrega um carro todos os dias.
• Coerência sintática
A coerência sintática está ligada ao uso dos elementos linguísticos. Caso um texto não use um elemento 
linguístico como se é esperado no mundo, não se atribui coerência sintática ao texto. Um exemplo é o par 
de sentenças em (6). Pelé é um nome próprio que é atribuído a um referente masculino, não sendo possível 
utilizar o pronome “ela” (atribuído a referentes femininos) como forma de se fazer referência ao Pelé. Dessa 
forma, não se atribui coerência sintática ao exemplo (6) por mal uso do elemento linguístico “ela”.
(6) Pelé é um famoso jogador de futebol brasileiro. Ela venceu sua primeira Copa 
do Mundo aos 17 anos.

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