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ESTRADAS Aula 03: Características Técnicas das Rodovias (Parte 2) Curitiba, 08 de março de 2021 Prof.ª MSc. Larissa Vieira Características geométricas das vias • A via é formada pela infraestrutura e superestrutura: – Infraestrutura: em rodovias é denominado subleito, que constitui o leito sobre o qual a superestrutura se assentará; – Superestrutura: em rodovias é denominado pavimento, e é projetado para transmitir a carga dos veículos ao subleito. • A construção da via em camadas (subleito e pavimento) é realizada por motivos econômicos, de modo que as camadas superiores são constituídas com material de melhor qualidade. Estrutura do pavimento Subleito Características geométricas das vias • Atualmente, o objetivo de uma via não é mais somente ligar dois pontos da maneira menos onerosa possível; • É necessário verificar se, com as condições geométricas que a via apresentará, trará conforto e segurança aos seus usuários; • O traçado da via é representado em planta baixa, perfil longitudinal e em seção transversal. Planta baixa • A planta baixa de uma rodovia é a representação plana dos elementos do terreno e projeto; • O terreno é representado por curvas de nível; • Um projeto planimétrico é constituído pelo conjunto dos seguintes elementos: – Eixo: é o alinhamento longitudinal da rodovia, o qual se localiza na parte central da plataforma. Eixo Planta baixa – Estacas: definem e materializam o eixo; o estaqueamento cresce a partir da origem de 20 em 20 metros – Alinhamentos retos (ou retas): trechos retilíneos localizados entre curvas horizontais. Est. 01 Est. 02 Est. 03 Est.04 20 m 20 m 20 m 20 m 00PP Planta baixa – Curva horizontal ou curva de concordância horizontal: é o arco ou sequência de arcos que concordam geometricamente dois alinhamentos retos sucessivos; – A curva é caracterizada pelo valor do raio de curvatura; – O valor do raio depende do veículo de projeto e da velocidade diretriz adotada; – A curva horizontal pode ser diferenciada em: curva circular simples e curva de transição, também chamada de curva composta. Perfil longitudinal (greide) • O perfil longitudinal é a representação gráfica de um corte vertical no corpo estradal, através de uma superfície perpendicular e coincidente com o eixo da rodovia; • Os trechos retos do greide, em função das suas inclinações, podem ser classificados em: – Patamar: trechos retos em nível; – Rampa ou aclive: trechos retos em subida; – Contra rampa ou declive: trechos retos em descida. Perfil longitudinal (greide) • Os trechos em curva que concordam dois trechos retos são chamados de curvas de concordância vertical ou curvas verticais. Seção transversal • Obtém-se o perfil transversal a partir da interseção da superfície do terreno natural com um plano vertical, normal e transversal ao eixo da rodovia; • Componentes geométricos da seção transversal: – Taludes: superfícies inclinadas que delimitam lateralmente os cortes e aterros; – Off–set: interseção dos taludes de corte e aterro com a superfície do terreno natural; – Plataforma de terraplenagem: superfície convexa final, construída a partir das operações de terraplenagem, limitada lateralmente por taludes de corte ou aterro; – Largura da plataforma: é função da classe da rodovia; Off-set esquerdo Off-set direito Talude de corte Talude de aterro Plataforma de terraplenagem Seção transversal – Bordas da plataforma: são delimitadas pelo pé do corte e pela crista do aterro; – Inclinação transversal ou abaulamento: depende da natureza (textura) da superfície de rolamento; – Plataforma de pavimentação: é a largura superior do pavimento de uma rodovia. É constituída por: • Pista: parte da plataforma de pavimentação destinada ao tráfego de veículos, podendo ser simples ou dupla; • Faixa de tráfego: é a parte da pista destinada ao fluxo de veículos num mesmo sentido, sendo que cada pista possui duas ou mais faixas; • Acostamentos: faixas construídas lateralmente às pistas. Seção transversal • Outros componentes geométricos da seção transversal: – Superelevação: inclinação transversal que se dá as plataformas nos trechos curvos a fim de fazer frente à ação da força centrífuga que atua sobre os veículos; – Superlargura: largura adicional que se dá às plataformas nos trechos curvos a fim de melhorar as condições de segurança, particularmente no que se refere à inscrição do veículo à curva. Seção transversal • Outros componentes geométricos da seção transversal: – Terceira faixa: faixa adicional utilizada por veículos lentos nas rampas ascendentes muito inclinadas e longas. Seção transversal • Outros componentes geométricos da seção transversal: – Faixa de domínio: É a faixa de terra que contém a rodovia e áreas adjacentes. Possibilita condições para alargamentos, duplicações e obtenção de materiais para uso na construção da estrada. As terras desta faixa são desapropriadas pelo Estado. A largura é variável em função da classe da rodovia e do relevo. Manual de Implantação Básica de Rodovia DNIT Manual de Implantação Básica de Rodovia DNIT Manual de Implantação Básica de Rodovia DNIT Elementos de Projeto • Velocidade diretriz: é a velocidade selecionada para fins de projeto da via e que condiciona as principais características da mesma, tais como curvatura, superelevação, e distância de visibilidade, das quais depende a operação segura e confortável dos veículos Elementos de Projeto • Veículos de projeto: são os veículos cujo peso, dimensões e características de operação servirão de base para estabelecer os controles do projeto da rodovia Legislação relativa às dimensões e pesos dos veículos: Resolução CONTRAN n.º 210/2006 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=104243 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=104243 Elementos de Projeto • Tipos de veículos de projeto: – VP: veículos leves. Ex.: automóveis, vans, utilitários, pick-ups e similares; – CO: veículos comerciais rígidos (não articulados) compostos de unidade tratora simples. Ex.: caminhões e ônibus convencionais (dois eixos e seis rodas) – O: veículos comerciais rígidos de maiores dimensões. Ex.: ônibus de longo percurso/turismo e caminhões longos (3 eixos); – SR: veículos comerciais articulados, compostos de uma unidade tratora simples e um semi-reboque Dimensões dos veículos de projeto: Escolha do veículo de projeto: deve abranger e cobrir os veículos representativos da frota que irá utilizar a rodovia, que modo que a participação dos veículos com condições menos favoráveis que o de projeto seja reduzida ao mínimo e os efeitos adversos consequentes possam ser desprezados. Elementos de Projeto • Distância de visibilidade: – Padrão de visibilidade a ser proporcionado ao motorista, de modo que ele possa tomar, a tempo, as decisões necessárias à sua segurança; – A visibilidade depende da geometria da rodovia, das condições da superfície de rolamento, das condições do tempo, do comportamento do motorista e das características do veículo (freios, suspensão, pneus etc.); – Distâncias de visibilidade consideradas no projeto: • Distância de visibilidade de parada (obrigatória) • Distância de visibilidade de tomada de decisão (recomendada); • Distância de visibilidade de ultrapassagem (recomendada). • Distância de visibilidade de parada: – Distância mínima que o motorista médio, dirigindo com a velocidade V um carro médio, em condições razoáveis de manutenção, trafegando em uma rodovia pavimentada adequadamente conservada, em condições chuvosas, necessita para parar com segurança após avistar um obstáculo na via. – Em dias chuvosos, os motoristas dirigem com velocidade média inferior a velocidade diretriz: • Distância de visibilidade de parada: – Os valores das distâncias de visibilidade de parada são calculados pela fórmula a seguir: d = 0,7 V + V2 [255 f + i ] d = distância de visibilidade (m); V = velocidade diretrizou velocidade média de viagem (km/h); f = coeficiente de atrito do processo de frenagem; i = greide (m/m e positivo no sentido ascendente e negativo no sentido descendente) • Distância de visibilidade de parada: Resultam na distância de visibilidade mínima exigida Resultam na distância de visibilidade desejada • Distância de visibilidade de parada: • Distância de visibilidade para tomada de decisão – É a distância necessária para que um motorista tome consciência de uma situação potencialmente perigosa, inesperada ou difícil de perceber, avalie o problema encontrado, selecione o caminho a seguir e a velocidade a empregar e execute a manobra necessária com eficiência e segurança; – Há dois tipos de manobra a serem consideradas: • Decisão final de parar na rodovia; • Decisão final de desviar o obstáculo. As distâncias de visibilidade para tomada de decisão não são obrigatórias, mas são recomendadas para aumentar a segurança. • Distância de visibilidade de ultrapassagem – É a distância necessária para completar com segurança as manobras normais de ultrapassagem; – No cálculo são consideradas as seguintes condições: • O veículo mais lento (VL) a ser ultrapassado viaja com velocidade uniforme; • O veículo mais rápido (VR) que ultrapassará, está logo atrás de VL, com a mesma velocidade; • Ao atingir o ponto inicial do intervalo de ultrapassagem, o motorista do VR necessita de um tempo para verificar a possibilidade de ultrapassagem e iniciar a manobra (Tempo de Percepção e Reação); • VR acelera durante a manobra e sua velocidade média de ultrapassagem é 15 km/h superior a VL; • Quando VR volta para a faixa direita, há uma distância razoável do veículo trafegando na direção oposta. • Distância de visibilidade de ultrapassagem: – São quatro distâncias que compõe a distância de visibilidade de ultrapassagem: d1, d2, d3 e d4; – Distância d1, percorrida durante o tempo de percepção e reação, acrescido do tempo gasto no posicionamento para ultrapassar • Distância de visibilidade de ultrapassagem: d1 = 0,278 t1(V − M + at1 2 ) V = velocidade média do VR (km/h); M = diferença entre as velocidades de VR e VL (km/h); a = aceleração média de VR (km/h/s); t1 = tempo decorrido entre o momento em que VR atinge o ponto inicial do intervalo de ultrapassagem e o início da manobra de ultrapassagem (s) • Distância de visibilidade de ultrapassagem: – Distância d2, percorrida pelo VR na faixa esquerda d2 = 0,278 Vt2 V = velocidade média do VR (km/h); t2 = tempo de VR na faixa esquerda da rodovia (s) • Distância de visibilidade de ultrapassagem: – Distância de segurança d3, entre VR e o veículo que vem em sentido oposto (VO): valor fixado experimentalmente, varia de 30 a 90 metros conforme a velocidade da passagem; – Distância d4: distância percorrida pelo VO d4 = 0,667 d2 • Distância de visibilidade de ultrapassagem: – Com base nas fórmulas, a AASHTO determinou os valores de distância de visibilidade de ultrapassagem conforme tabela a seguir: Distância de visibilidade horizontal Gabarito de distância de visibilidade horizontal Gabarito de distância de visibilidade vertical Gabarito de distância de visibilidade vertical Exercícios: 1) O estudo de tráfego de uma rodovia resultou em um VMD previsto para o 10º ano após sua abertura ao tráfego igual a 1.000 veículos. A rodovia está em uma região plana. Determinar: a) A classe de projeto da rodovia; b) A velocidade diretriz a ser considerada no projeto; c) As distâncias de visibilidade de parada mínima e desejável, considerando o greide plano. d) A distância de visibilidade de ultrapassagem. 2) Calcular as distâncias de visibilidade de parada mínima e desejável para uma rodovia com velocidade diretriz de 100 km/h, estando o veículo: a) Em rampa 5% ascendente; b) Em rampa 5% descendente.
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