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Desafios para a consolidação da política nacional para população em situação de rua

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Desafios para a consolidação da política nacional para população em situação de
rua
Embora de maneira geral os projetos voltados para a PSR tenham avaliação positiva,
tendo se destacado por um caráter inclusivo, trazido principalmente pela
intersetorialidade, e o enfoque no protagonismo da psr, como esses decretos foram
aprovados há poucos anos e as políticas instituídas recentemente, ainda existem muitos
desafios no cotidiano para que haja uma consolidação. Contradições na sua
implementação, variedade e numero insuficientes e desarticulação de serviços que
deveriam compor uma rede de atendimento e os rótulos e estereótipos com relação a
essa população já a muito perpetuados na sociedade.
Ao mesmo tempo em que o governo propõe serviços, programas e projetos apoiados na
lógica de inclusão e empoderamento, ainda é comum a recusa de alguns serviços
públicos em atender essa população que muitas vezes é desprovida de documentação, e ,
não obstante, ainda existem ações higienistas e repressivas no cotidiano. O que é uma
forte contradição, e que vai contra a consolidação, de fato, de possibilidades para a PSR.
A lógica higienista ainda existente, se caracteriza pela opção de “se livrar do problema”
em vez de resolve-lo. Existem diferentes medidas que podem funcionar dessa forma,
como por exemplo, a instalação de grades e pedras pontiagudas debaixo de áreas
cobertas nas regiões centrais da cidade, para a população que mora na rua não conseguir
se instalar no local. Essa demanda higienista muitas vezes vem da própria sociedade que
clama por uma “limpeza” das ruas.
O espaço físico, o planejamento urbano das cidades também oferece acolhida a essas
pessoas, não há banheiros, acolhimento noturno para famílias, sem repúblicas para
pessoas em tratamento de saúde, ou pensões populares para pessoas em período inicial
de trabalho. De um lado são isolados, do outro perdem o direito à cidade.
É preciso ressaltar que pela incidência do consumo de drogas por grande parte da PSR,
medidas de retirada das pessoas para o tratamento de dependência química são
relativamente comuns. Essas ações assumem um caráter extremamente imperativo, uma
vez que acompanhadas pela polícia militar. O caráter involuntário, é mascarado como
um convite que, mediante a utilização de mecanismos de coerção, como a presença da
polícia, passam a ser irrecusáveis. Muitas das vezes, a falta de preparo faz com que uma
abordagem policial seja muito desagradável e invasiva, é comum que de imediato haja a
solicitação de documentos aos moradores de rua, o que não é possível para boa parte
que não tem documentação e registros.
Há uma grande dicotomia entre as políticas sociais e a política urbana. “Enquanto uma
proporciona abordagem social, documentação, encaminhamentos para equipamentos, a
outra se ocupa em retirar objetos e pertences (os mesmos documentos, além de
medicamentos, etc) de forma compulsória, quando não expulsava os espações de uso
comum do povo: praças, viadutos, marquises, ou áreas ociosas. De um lado atestam a
cidadania, do outro comprovam a sua exclusão”(AEIXE,2011,p.7)
Ainda hoje a atenção à PSR concentra-se na assistência social, que é a porta de entrada
da rede, sem que haja um fluxo conseguinte. Na saúde, a exceção se da para o
atendimento da população em situação de rua que faz o uso abusivo de drogas. Para
esse segmento, há a cobertura do consultório de rua e dos CAPsAD que fazem o
atendimento especializado. A burocracia é um grande empecilho para o acesso aos
serviços por parte dessa população. Apesar de já ser assegurado por lei que os
moradores de rua estão dispensados da apresentação do comprovante de residência para
o cadastramento do sus e que a ausência ou inexistência do cartão nacional de saúde não
é impedimento para a realização de atendimento, o participantes dizem que os serviços
não deixam de exigir documentos e identificação, o que muitas vezes causa desistência
do indivíduo que se encontra sem recursos.
Os investimentos financeiros do governo federal para a implantação de serviços nos
municípios se mostram insuficientes. E uma grande lacuna diz respeito ao atendimento
de crianças e adolescentes em condição de rua. Não existe na estrutura governamental
um serviço voltado para o atendimento de menores de idade que se encontram em
condição de rua. Embora o ideal é que não houvesse crianças nessas condições, uma vez
que pelo Estatuto da criança e do adolescente (ECA) é responsabilidade da família da
comunidade e da sociedade em geral e do poder público garantir a crianças e
adolescentes a convivência familiar e comunitária. Na realidade além de estarem nas
ruas, também se encontram desassistidas.
Quanto a conjuntura atual da rede, é evidente uma desarticulação consequente da falta
de comunicação entre os serviços, que muitas vezes funcionam isoladamente , e nem se
quer tem o conhecimento dos demais serviços da rede que podem e devem se articular
para garantir uma retaguarda e uma consolidação de projetos e estratégias para com o
morador de rua. Muitas vezes os serviços atuam de forma concorrente e não
complementar , não sendo raro que sejam feitos muitos encaminhamentos para outros
serviços com o objetivo de “se livrar” do usuário.

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