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Teorias da Imagem e sua Leitura

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
1 
Publicidade e Propaganda 
Linguagem Visual 
 
 
Aula 5 
 
 
Professora Sionelly Leite da Silva Lucena 
 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
2 
Conversa Inicial 
Olá! Seja bem-vindo à quinta aula da disciplina “Linguagem Visual”! 
Quando falamos em leitura, logo pensamos em texto, certo? Mas nesta 
aula vamos trabalhar com a leitura de imagens, a partir de teorias da imagem, 
a fim de entender seus significados e impactos a partir de sua construção 
social, técnica e estética. 
 Para tal, vamos conhecer e debater teorias dos autores Boris Kossoy, 
Henri Cartier-Bresson e Roland Barthes, grandes nomes entre os pensadores 
críticos dessa área. Bons estudos! 
Antes de começar, acesse o material on-line e confira o vídeo com os 
comentários iniciais da professora Sionelly. 
Contextualizando 
Para entendermos o poder da imagem, é preciso aprofundar nossas 
experiências sensíveis sobre as interpretações da imagem. Um exemplo 
simples: um círculo pode ter diversos significados quando pensado em 
diferentes contextos sociais: 
 Podemos relacioná-lo à representação do infinito, quando pensando em 
circularidade e movimento sem fim. Exemplo: a aliança que une, através 
de um anel de ouro (que é circular), um casal. 
 O Deus Sol é representado por um círculo desde os tempos mais 
remotos, como na civilização egípcia. 
Assim, entendemos que uma “simples” imagem pode carregar preciosos 
e diversos significados. 
 Para mais informações, acesse o material on-line e confira o vídeo da 
professora Sionelly. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
3 
Problematização 
Você se lembra da menina vietnamita ferida, fotografada por Huynh 
Cong Ut em 1972? Ela se chama Phan Thị Kim Phúc e é personagem de uma 
das imagens mais icônicas da história, vencedora do prêmio Pulitzer, um dos 
maiores do mundo: 
 
Disponível em: <https://framednetwork.com/iconic-image-phan-thi-kim-phuc/>. Acesso 
em: 29 mar. 2016. 
Essa mesma fotografia, saindo do campo do fotojornalismo, estampou 
uma campanha publicitária sobre a liberdade de imprensa, mudando, assim, 
seu contexto usual. 
 
Disponível em: <http://www.adnews.com.br/publicidade/10-fotografias-historicas-que-
viraram-pecas-publicitarias>. Acesso em: 29 mar. 2016. 
 Comparando a imagem original e a campanha publicitária, o que muda 
em relação ao sentido, à leitura e à interpretação? É sobre isso que vamos 
falar nessa aula, vamos lá! 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
4 
 Pesquise 
Tema 1 – Introdução às teorias da imagem 
Para Platão, em sua teoria idealista, a imagem seria uma projeção da 
mente e da ideia. Já Aristóteles acreditava que a imagem era a representação 
mental do objeto real apreendido através dos sentidos. 
Os estudos teóricos da imagem também costumam abordar a imagem a 
partir de dois pontos: a semiologia e o estudo semiótico. 
 Semiologia 
 É parte da semântica e entende a imagem como um texto, possuidor de 
uma linguagem própria, característica da produção linguística. Nessa 
abordagem, postula-se que qualquer imagem pode ser analisada através de 
um conjunto de elementos fundamentais: 
 Elementos morfológicos: ponto, linha, plano, textura, cor e forma; 
 Elementos dinâmicos: movimento, tensão e ritmo; 
 Elementos escalares: dimensão, formato escala e proporção. 
 Repare como movimento, brilho, 
textura, cor e profundidade de campo 
compõem a leitura e a significação da 
imagem ao lado: 
 
Estudo semiótico 
Considera a imagem enquanto signo na análise das relações do “objeto” 
com significações. O método desta escola consiste em estabelecer um paralelo 
entre o plano de expressão da imagem (o que ela mostra) e o seu plano de 
conteúdo (o que ela significa), trabalhando a imagem, assim, pelo seu modo de 
produção de sentidos. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
5 
Independentemente do ponto de vista adotado, a análise de uma 
imagem deverá considerar diversos pontos, dependendo de alguns fatores: 
 Materialidade: imagens materiais (como um quadro, uma fotografia ou 
uma estátua) e não materiais (como uma imagem mental ou uma 
projeção holográfica); 
 Espacialidade: imagens bidimensionais e imagens tridimensionais; 
 Temporalidade: imagens estáticas (fixas) e imagens móveis; 
 Intenção cênica: imagens representativas e não representativas; 
 Condições de produção: se produzidas por meios mecânicos ou 
humanos. 
Para analisar ou ler uma imagem (aqui estudaremos a fotografia, 
referente a uma imagem estática) devemos ainda entender dois conceitos 
fundamentais, derivados da conceituação semiológica de Roland Barthes, que 
classifica o sentido em dois: 
 Denotativo: é o sentido literal, que se refere a uma descrição dos 
objetos num determinado contexto e espaço. A descrição de uma 
palavra no dicionário, por exemplo, é um sentido denotativo, pois 
denota determinado significado a cada verbete. 
 Conotativo: refere-se a um sentido metafórico, mais subjetivo, em que 
se devem analisar as mensagens numa imagem/num texto, na forma 
como a informação aparece, escondida ou reforçada através de 
elementos e recursos visuais/textuais. 
Para entender esses conceitos na 
prática, vamos analisar a imagem ao lado: 
 
 
 
 
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6 
 Sentido denotativo: praia, mar, água, onda, céu azul, nuvens, 
montanha, surfista e surfe. 
 Sentido conotativo: pode representar aventura, a “melhor onda”, 
adrenalina, homem e natureza. 
Para Umberto Eco, a conotação é a soma de todas as unidades culturais 
que o significante pode evocar institucionalmente na mente do destinatário. 
Assim, há de se entender quais são os elementos que compõem a imagem e 
agrupá-los de forma a construir significados denotativos e conotativos. 
Por exemplo, analise a imagem a seguir: 
 
É possível ver uma cena de futebol, mais precisamente um gol, certo? 
Essa resposta é resultado da primeira visão, que seria global. Agrupamos os 
elementos “bola de futebol”, “trave” e “gramado verde” e montamos um 
significado geral. Apenas depois de um tempo é que reparamos nesses 
“detalhes”. Cada um dos elementos será parte da soma, que gerará resultados, 
levando-se em conta que o objeto/a cena pode suscitar diferentes emoções e 
experiências, tanto nos leitores quanto no produtor da imagem. 
Há vários teóricos que se dedicam às teorias da imagem. Entre eles, 
vamos entender alguns sistemas, ao menos de forma introdutória, para 
compreensão das formas de interpretação da imagem, em específico da 
fotografia. Nos próximos temas, vamos falar de Boris Kossoy, Henri Cartier-
Bresson e Roland Barthes. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
7 
Tema 2 – Teorias da imagem 1: Boris Kossoy 
Entendemos até aqui que a fotografia traz uma sensação mágica de 
verdadeiro, enquanto cede espaço para a ficção; além disso, vimos que é 
nesse hibridismo que a imagem faz ver seu suporte, o qual é somado na hora 
da interpretação. A fotografia, assim, se aproxima mais da tentativa de tornar 
visível algum fenômeno, para que se possa tentar compreender a condição 
humana fenomenal. 
A credibilidade das fotos quando vistas em jornais, por exemplo, cria a 
sensação de verdade, que parece vir embutida na essência da fotografia e que 
é explorada no veículo jornalístico, confundindo fotografia com a realidade 
subjetiva dos fenômenos. Sobre realidade, podemos definir como as diferentes 
formas que o homem tem de se relacionar com o mundo. 
Para Boris Kossoy (1999): 
A fotografia tem uma realidade própria que não corresponde 
necessariamente à realidade que envolveu o assunto, objeto de 
registro, no contexto da vida passada. Trata-se da realidade do 
documento, da representação, uma segunda realidade, construída, 
codificada,sedutora em sua montagem, em sua estética, de forma 
alguma ingênua, inocente, mas que é, todavia, o elo material do 
tempo e espaço representado, pista decisiva para desvendarmos o 
passado (KOSSOY, 1999, p. 22). 
Segundo o autor, há diversos aspectos que devem ser levados em conta 
na análise e leitura fotográfica. Isso porque com o ato fotográfico, é construída 
uma segunda realidade, considerando que a imagem nada mais é do que 
uma representação a partir do real. 
Assim, para se compreender a imagem enquanto documento fotográfico, 
existem elementos constitutivos e coordenadas de situação que permitem 
à fotografia se materializar, ou seja, se tornar possível e visível. O autor fala do 
momento e das circunstâncias que circunscrevem o ato fotográfico. 
 
 
 
 
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8 
 
Fonte: elaborada pela autora. 
A fotograficidade revela, assim, o seu poder de articular imagens e suas 
representações, seja no tempo, nas marcas da história ou nas imagens que 
constroem o sentido do mundo. 
O assunto de interesse do fotógrafo se materializa, mediado pela 
tecnologia, num determinado espaço-tempo. Imperialista, a fotografia esbarra 
na “leitura da realidade”, mas não passa de uma trama de construções da 
realidade subjetiva dos fatos. Isso porque é com as imagens do mundo que se 
constroem e restituem a memória, e se estruturam realidades visuais, próprias 
para a interpretação. 
A fotografia apresenta cenários constituídos por objetos imóveis, 
inanimados, paisagens urbanas ou naturais ou então que abrigam 
situações; servem de fundo para ações, fatos que têm o elemento 
humano como personagem. [...] Qualquer que seja o foco de nossa 
atenção, os elementos que comporão a imagem são transpostos para 
a sua nova realidade: o retângulo eterno que os abrigarão. Estamos 
diante de uma nova realidade, uma segunda realidade cujo conteúdo 
arquitetado em função do novo espaço carrega em si, na longa 
duração, a visão de mundo de seu operador (KOSSOY, 1994). 
 
 
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9 
Vamos analisar mais uma imagem. Dessa vez de Robert Doisneau. 
Você já ouviu falar dele? É o responsável por aquela famosa foto de beijo em 
Paris. Para mais informações sobre ele, acesse o link a seguir: 
http://www.istoe.com.br/reportagens/193954_O+RETRATISTA+DE+PARIS 
A imagem em questão é a seguinte: 
 
Disponível em: <http://hypescience.com/robert-doisneau-fotografo-fotojornalismo>. 
Acesso em: 31 mar. 2016. 
Nela, é possível ver crianças brincando, uma parada, à esquerda, e 
outras quatro, à direita, em ponta de pé. Por serem crianças, é fácil identificar 
que se trata de uma brincadeira, inclusive que se trata de um lugar mais frio, 
tendo em vista as vestimentas dos personagens. 
No entanto, não podemos decifrar tão facilmente quem são as crianças, 
mas podemos imaginar. Por isso, é possível afirmar, de acordo com Kossoy, 
que a fotografia possui duas realidades: 
 A realidade do assunto; 
 A realidade do assunto representado. 
Podemos ilustrar essa teoria com um 
exemplo ainda mais simples: a imagem de 
uma escada, que pode ter pode ter diferentes 
recepções e interpretações. 
 
http://www.istoe.com.br/reportagens/193954_O+RETRATISTA+DE+PARIS
 
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Para a maioria das pessoas, a escada será um elemento identificável. 
Contudo, para outros, podem representar um trauma de infância (para alguém 
que, em uma determinada experiência, caiu da escada ou teve vertigens no 
alto, por exemplo); pode rememorar uma nova visão de mundo, sendo o 
acesso para um lugar mais alto; entre outras experiências individuais, 
armazenadas de forma singular. 
 A segunda realidade da fotografia, assim, são essas lembranças 
suscitadas, sensações peculiares de cada um que transformam a interpretação 
resultante da imagem. 
Acesse o link a seguir e leia o texto “O paradigma da fotografia”, de Boris 
Kossoy, escrito em 1994. 
http://boriskossoy.com/wp-content/uploads/2014/11/paradigma_pt.pdf 
Acesse o material on-line e confira o vídeo da professora Sionelly com 
mais informações sobre Boris Kossoy. 
Tema 3 – Teorias da imagem 2: Henri Cartier-Bresson 
 
Disponível em: 
<http://www.magnumphotos.com/C.aspx?VP3=CMS3&VF=MAGO31_10_VForm&ERID=24KL5
3ZMYN>. Acesso em: 31 mar. 2016. 
A imagem vista acima é uma fotografia feita por Henri Cartier-Bresson, 
considerado por uma maioria o grande mestre da fotografia. Tão fácil quanto 
ver a correria da criança registrada na imagem é associá-la à brincadeira e à 
http://boriskossoy.com/wp-content/uploads/2014/11/paradigma_pt.pdf
 
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energia que normalmente as crianças têm. É possível fazer algumas 
considerações a respeito de sua composição: 
 A criança, bem ao centro da imagem tomada na horizontal, parece 
envolta nas sombras, também distribuídas ao centro; 
 Contornando o lado esquerdo, podemos reparar nas escadas e na 
charmosa portinha de acesso à casa; 
 No lado direito temos a solidez da porta, que preenche todo o lado 
direito a imagem. 
 O lugar onde a criança se encontra equilibra todas as formas, luzes e 
sombras; ao centro, ela traz também movimento e se torna a 
protagonista. 
 Considerado o pai do fotojornalismo, Bresson possui importantes 
contribuições na produção de imagens e na teoria. Em “O instante decisivo” 
(1952), ele defende que não há nada que faça o tempo voltar ou que restitua o 
passado. Assim como o fogo, o tempo consome a madeira e nada faz ela voltar 
ao que era antes. É como a imagem, quando capturada na fotografia. Uma vez 
registrada no filme/sensor, os sais de prata/pixels são sensibilizados pela luz e 
a imagem se fixa, para então se tornar o registro de uma lembrança que será 
dali para frente rememorada: 
Trabajamos en unicidad com el movimiento como algo premonitório 
de cómo la vida misma se desarrolla y mueve. Pero dentro del 
movimiento hay um momento en el cual los elementos que se 
mueven logran um equilíbrio. La fotografia debe capturar este 
momento y conservar estático su equilíbrio (CARTIER-BRESSON, 
1952, p. 229). 
Para Bresson (1908-2004), há um instante no tempo em que os 
elementos se encontram em perfeita harmonia, um ponto exato inscrito na 
banalidade do cotidiano, um enquadramento de elementos banais 
transformados em uma cena “nova”. 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
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Aquilo que o fotógrafo chama de “momento decisivo” é o momento único 
do tempo num determinado espaço, em que é possível registrar com equilíbrio 
a composição dos elementos no quadro, das formas geométricas que 
compõem a linguagem visual. 
Observado como uma estratégia de composição do quadro, o decisivo 
momento de apertar o botão se enquadra em um instante “mágico”, em que os 
elementos ganham sentido e equilíbrio quando enquadrados no devido tempo. 
Um exemplo clássico de instante decisivo bressoniano está na 
enigmática imagem “Atrás da Estação Saint Lazare”, tirada em Paris, no ano de 
1932. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em: 
<http://www.magnumphotos.com/C.aspx?VP3=CMS3&VF=MAGO31_10_VForm&ERID=24KL5
3ZMYN>. Acesso em: 31 mar. 2016. 
O salto numa poça no exato momento em que o pé quase toca a água, 
em harmonia com o anúncio dos acrobatas ao fundo, com a escada e com os 
anéis de metal, que fazem referência ao circo. Sem contar as outras formas 
geométricas, espalhadas por todo o quadro. 
Há quem diga que o mestre da fotografia pediu para que o personagem 
simulasse o pulo, outros alegam a autenticidade do salto. Verdadeira ou não, a 
imagem remonta o cálculo exato de apertar o botão e faz poesia com os 
elementos que se somam. Bresson impressionava com a habilidade de ver 
beleza na periferia das grandes cidades. 
 
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Por forma eu entendouma organização plástica rigorosa através da 
qual, exclusivamente, nossas concepções e emoções tornam-se 
concretas e transmissíveis. Em fotografia, esta organização só pode 
ser o fato de um sentimento espontâneo dos ritmos plásticos 
(CARTIER-BRESSON, 2004, p. 25). 
O instante decisivo da fotografia, em que a cena é registrada, é decisivo, 
pois servirá de registro único. Para trazer à mente do leitor o impacto desejado, 
a fotografia deve alcançar a percepção do leitor com efeitos de sentido que 
afetem, comovam ou mostrem os fenômenos, inclusive os que são anulados 
pelo repetitivo. 
Acesse o link a seguir e leia o texto “O instante decisivo”, de Henri 
Cartier Bresson: 
http://www.uel.br/pos/fotografia/wp-content/uploads/downs-uteis-o-instante-
decisivo.pdf 
Acesse o material on-line e complemente seus estudos assistindo ao vídeo da 
professora Sionelly: 
Tema 4 –Teorias da imagem 3: Roland Barthes 
A Fotografia não diz (forçosamente) aquilo que já não é, mas apenas 
e de certeza aquilo que foi. Esta sutileza é decisiva. Diante de uma 
foto, a consciência não segue necessariamente a via nostálgica da 
recordação [...], mas, para toda a fotografia existente no mundo, a via 
da certeza: a essência da fotografia é ratificar aquilo que representa 
(BARTHES, 1980, p. 95-96). 
Roland Barthes em “A Câmara Clara” (1980) afirma que a fotografia é o 
atestado de que aquilo que se vê na imagem de fato aconteceu: é a esse 
referente “real”, existente, que ele chama de “isto foi”. 
Sendo a essência da fotografia a ratificação da cena que apresenta, 
haveria a certeza daquilo que foi presenciado e registrado pelo fotógrafo. 
Barthes (1980, p. 87) afirma que “ao contrário dessas imitações [referentes à 
pintura], na Fotografia nunca posso negar que a coisa esteve lá”. 
A base do “isto foi” se refere ao noema da fotografia, a essa certeza de 
que aquilo que se atesta na imagem foi algo registrado por alguém que 
presenciou o fenômeno e o captou em registro. “O grande noema da Fotografia 
http://www.uel.br/pos/fotografia/wp-content/uploads/downs-uteis-o-instante-decisivo.pdf
http://www.uel.br/pos/fotografia/wp-content/uploads/downs-uteis-o-instante-decisivo.pdf
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
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será então o ‘isto foi’ ou, ainda, o inacessível”, estende Barthes (1980, p. 97). 
O que Barthes chama de o “referente fotográfico” consiste no objeto que 
é colocado diante da objetiva, sem o qual não existiria fotografia. No caso da 
pintura, o referente pode ter origem na imaginação do pintor, o que não 
acontece com a fotografia. Essa autenticação seria o grande diferencial da 
fotografia entre os outros meios de reprodução visual, sendo essa convicção de 
existência do objeto o seu grande noema. 
O que ela [a fotografia] produz em mim não é o de restituir aquilo que 
é abolido (pelo tempo, pela distância), mas o de confirmar aquilo que 
vejo que existiu realmente. Trata-se, portanto, de um efeito 
verdadeiramente escandaloso (BARTHES, 1980, p. 92). 
Outros dois conceitos sobre a teoria da imagem designados por Roland 
Barthes (1980), o óbvio e o obtuso, ajudam a segregar as diferentes 
modalidades de reconhecimento e interpretação dos signos. A imagem seria, 
pois, pontuada por dois vieses de leitura: 
 Em um primeiro momento, o leitor, ao fazer uma avaliação “ingênua”, 
identifica os elementos constitutivos da narrativa clareando a possível 
mensagem: é a fase da leitura óbvia, que consiste no reconhecimento 
dos elementos. 
 Após isso, há outra fase na assimilação da imagem: o caráter obtuso, a 
partir do qual o leitor decodifica os elementos dando-lhes sentidos 
conotativos, ao subverter a leitura com base nos seus conhecimentos 
culturais e agregando a eles seu conhecimento e sua interpretação com 
base em suas experiências anteriores. É onde nasce a diversidade das 
interpretações da imagem de forma geral. 
Dentro dessas duas categorias, Roland Barthes faz menção a mais dois 
termos, ainda no livro “A Câmara Clara” (1980): o studium e o punctum. 
 Studium: trata-se da análise com objetivos definidos, algo que engloba 
a metodologia para a abordagem da imagem; 
 Punctum: seria algo além do que o olhar busca, ferindo o leitor com 
 
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15 
algo que sobressai à imagem. 
Enquanto o studium "tem a ver como afeto médio" (1980, p. 45), é um 
"campo muito vasto" (ibidem, p. 47), um detalhe (p. 69); o punctum seria "amor 
extremo" (ibidem, p. 25) e de "interesse geral" (ibidem, p. 47), um "pequeno 
corte" (ibidem, p. 46), um detalhe ao acaso: 
Sinto que a sua presença por si só modifica a minha leitura, que é 
uma nova foto que contemplo, marcada, aos meus olhos, por um 
valor superior. Este “pormenor” é o punctum (aquilo que me fere) 
(BARTHES, 1980, p. 51). 
 Acesse o link a seguir e leia o artigo “Para reler A Câmara Clara”, de 
Ronaldo Entler. 
http://www.faap.br/revista_faap/revista_facom/facom_16/ronaldo.pdf 
Para mais informações sobre a teoria de Roland Barthes, acesse o 
material on-line e confira o vídeo da professora Sionelly! 
Tema 5 – Análise e crítica fotográficas 
Se toda a imagem é representação, ela deve utilizar, necessariamente, 
algumas regras de construção e leitura. Se essas representações devem ser 
compreendidas pelos leitores, é porque existe entre eles um mínimo de 
convenção sociocultural. Ao permitir o estudo da articulação da imagem com a 
semelhança, o vestígio e a convenção é que a teoria da imagem apresenta não 
apenas a complexidade, mas também a força da comunicação pela imagem. 
Por isso pareceu necessário fazer tais referências teóricas nas aulas 
anteriores, antes de qualquer análise interpretativa. Para Martine Joly (1994, p. 
45), embasada na teoria semiótica de Charles Sanders Peirce (1839-1914), a 
proposta de analisar ou de explicar imagens parece, na maior parte das vezes, 
suspeita e provoca reticências a diversos títulos: 
 O que se pode dizer de uma mensagem que, precisamente devido à sua 
semelhança, parece naturalmente legível? 
 Uma outra atitude é contestar a riqueza de uma mensagem visual 
http://www.faap.br/revista_faap/revista_facom/facom_16/ronaldo.pdf
 
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através de um inevitável e repetitivo “o autor quis tudo isso?”; 
 Uma terceira reticência diz respeito à imagem considerada como 
artística, a qual a análise deformaria, porque a arte não seria da ordem 
do intelecto, mas da ordem afetiva ou emotiva. 
Assim, é preciso considerar as generalizações e especificidades da 
fotografia, por meio da articulação entre semelhança, vestígio e convenção da 
imagem e dos seus elementos constitutivos. Como indicado por Boris Kossoy, 
a fotografia nos fornece uma segunda realidade, propensa a mil e uma 
interpretações variáveis, o que torna delicado o campo da investigação 
fotográfica, por três motivos: 
 Não podemos analisar a imagem com os olhos do presente, pois 
fotografia é passado, mesmo que revivamos o passado no instante 
presente, o que é mais um efeito desse meio visual. 
 Não conseguiríamos captar com tanta segurança as intenções do autor, 
que pode, inclusive, não ter intenção nenhuma. Isso porque às vezes ele 
tem a sorte de capturar um instante decisivo, ou seja, aquele momento 
em que se está no lugar certo, na hora certa e com a câmera fotográfica 
pronta. 
 Os símbolos e os elementos da imagem são variáveis e fogem da 
interpretação coletiva. Com certeza há símbolos universais (expressão 
redundante dentro do campo da semiótica) mas que, mesmo assim, 
podem sofrer turbulência dentro de experiências individuais. Depende de 
como armazenamos o elemento. 
Diante de tais considerações, para a análise fotográfica, é preciso, 
portanto, ir com calma. Conhecido como um dos mais importantes 
fotodocumentaristas mundiais, o brasileiro Sebastião Salgado traz como tema 
de seus trabalhos a denúnciasocial, apoiando as causas das minorias. 
Seu trabalho rende sérias e ácidas críticas que advertem a exploração 
visual dos desfavorecidos, como também o oposto, sobre sua coragem em 
 
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encarar situações difíceis de olhar e sentir. Um de seus registros feito na 
Fazenda Giacometti, interior do Paraná (Brasil), em 1996, é analisado por José 
de Souza Martins (2008) no livro “8X Fotografia”, em uma profunda avaliação 
estética, técnica e sociológica: 
 
Disponível em: <http://gpestudosemjornalismo.blogspot.com.br/2010/10/jogo-de-
visibilidade-e-invisibilidade_26.html>. Acesso em: 30 mar. 2016. 
A análise de Martins sobre a referida imagem está diluída no artigo “A 
epifania dos pobres da terra” (2008) e revela além do que o fotógrafo 
provavelmente pretenderia mostrar. Para o sociólogo, o fingimento teria sido 
necessário para se conseguir a imagem, pois com a intervenção do fotógrafo 
na construção e disposição dos elementos na cena, sua atuação seria mais 
caracterizada como uma direção de cena. 
Essa fotografia de Salgado, em especial, contém várias e 
desencontradas mensagens. Contém o que o autor quis mostrar e o 
que não sabia estar mostrando, mas pode ser visto mediante análise 
do conteúdo da foto. Ela é extensamente reveladora à luz do que 
tenho definido como sociologia do conhecimento visual. Essa é a 
razão da minha escolha (MARTINS, 2008). 
Para essa interpretação, Martins (2008) analisa os elementos da 
imagem, percebidos e identificados ao percorrer o olhar sobre a foto: 
 O lugar aparenta ser uma fazenda, por estar cercado de vegetação. Há 
uma região demarcada com estacas e cerca de arame, caracterizando 
uma área privada, possivelmente uma fazenda; 
 
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 No centro da imagem há um homem usando boné, e que levanta uma 
foice à frente de uma multidão; 
 Todos andam na mesma direção, e o líder, ao atravessar o portão, já 
dentro da fazenda, aponta o rumo da caminhada; 
 Há bandeiras que alguns personagens seguram, ao fundo, carregando o 
símbolo do Movimento Social Sem-Terra, identificando quem são os 
participantes do ato; 
 A travessia da porteira, ápice da cena, é identificada como uma ruptura 
com o sistema. A invasão indica a reivindicação do direito ao alcance de 
todos; 
 A linha formada pela multidão conduz o olhar a um passeio por boa 
parte da fotografia: uma romaria estaria representando simbolicamente a 
busca da “Terra Prometida”, a narrativa bíblica referente a Moisés e a 
seus seguidores. 
Em seguida, em uma análise técnica, o autor descreve o ângulo da 
tomada: o fotógrafo fez a imagem do alto, de dentro da fazenda, para trazer 
efeito de profundidade e assegurar ao fundo a vista da multidão insurgente. E é 
a partir dessa observação que Martins (2008) atenta para a entrada do 
fotógrafo na cena: ao estar do lado de dentro da fazenda, Salgado teria sido o 
primeiro personagem a entrar no lugar. Com essa antecipação, teria se 
rompido o clímax e a proposta aparente da imagem: a ocupação “forçada” dos 
sem-terra na fazenda. 
O que Martins propõe, por fim, é que ao se aprofundar na leitura desta 
imagem, são revelados indícios de uma geração de sentido “proposital”, no que 
se pretende retratar a invasão e o simbolismo da luta do MST. Contudo, à luz 
da sociologia do conhecimento, os personagens não mais lutam, e sim fazem 
pose para Salgado fotografá-los, assim como fazem os fotógrafos contratados 
para registrar um casamento. 
 
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Assim, vê-se que a análise ou a crítica deve avaliar os pontos técnicos-
estéticos da fotografia, os elementos artísticos, mais as variações sociais e 
culturais do fotografado, do fotógrafo e de quem lê a imagem. Portanto, não se 
trata de uma literalidade ou resumo, mas sim de interpretação e leitura, 
embasada em alguma teoria que discuta as teorias da imagem. 
Acesse o material on-line e confira um vídeo com mais informações 
sobre a análise e a crítica fotográfica. 
Trocando Ideias 
Fotógrafos e pensadores da fotografia têm dado grandes contribuições 
sobre a problematização da imagem. Isso porque é importante perceber a 
imagem não apenas por seu poder de encantamento, mas também por sua 
construção simbólica enquanto representação de algo. Esse “algo” e sua 
significação interessam ao campo da fotografia. As teorias da imagem nos 
ajudam a fortalecer os vínculos de sua representação. 
E você, acha que analisa as imagens que vê diariamente de forma 
crítica? Discuta essa questão no fórum! Veja também o que seus colegas têm a 
dizer. Esse é o momento de compartilhar opiniões e informação, não deixe de 
participar! 
Na Prática 
Escolha uma série fotográfica (reportagem ou ensaio fotográfico) e faça sua 
leitura do trabalho, a partir do conceito do autor Roland Barthes (óbvio e 
obtuso) ou de Henri Cartier-Bresson (instante decisivo). Desenvolva um texto 
(5 páginas) com linguagem científica no formato paper. 
Síntese 
Para entender a fotografia, é preciso ir além de sua superfície. A estética 
e a técnica, enquanto elementos constitutivos da produção da imagem, 
também fornecem indícios da recepção. Se determinada imagem nos 
 
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choca/comove, é porque há algo no leitor da imagem, que é ferido por essa 
lembrança, que, por sua vez, é acionada pela fotografia. 
Além disso, é preciso entender a fotografia enquanto segunda realidade, 
pois ela não é a coisa em si, mas aciona a coisa a partir de sua representação. 
A fotografia, assim, constitui uma linguagem, e para lê-la é preciso entender os 
elementos que fazem parte dela. 
Antes de finalizar, acesse o material on-line e confira o vídeo com os 
comentários finais da professora Sionelly. 
Referências 
BARTHES, Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia. 13. imp. Rio de 
Janeiro: Nova Fronteira, 2008. 
CARTIER-BRESSON, Henri. El instante decisivo. In: Fontcuberta, Joan (Ed.). 
Estética fotográfica: uma seleción de textos. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 
2003. 
JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Lisboa: Ed. 70, 2007. 
KOSSOY, Boris. Realidades e ficções na trama fotográfica. Ateliê Editorial: 
Cotia, SP, 1999. 
______. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.

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