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214 Capítulo Neste capítulo 8 1. Relação entre equilíbrio e força 2. Movimento rotacional 3. Torque 4. Centro de massa 5. Alavancas 6. Polias 7. Engrenagens Equilíbrio Pense e responda 1. Relacione a palavra equilíbrio à fotografia acima. Depois, redija um pequeno texto explicando as relações que você fez. 2. Faça uma lista de situações do dia a dia em que você identifica corpos em equilíbrio. Por que estudar... ... equilíbrio: aprofunda o estudo de situações `` envolvendo movimentos. ... alavancas: permite compreender mais facil-`` mente o conceito de torque; facilita a compreensão da Física `` envolvida nos movimentos do cor- po humano. ... polias: permite compreender a execução `` de ações do cotidiano, como o ato de erguer objetos; possibilita a compreensão dos me-`` canismos de transmissão de movi- mentos nos motores. Apresentação de contorcionista do grupo Acrobatas chineses, em Beijing, na China. O equilíbrio desses objetos de vidro é conseguido depois de muito treino com técnicas próprias dessa atividade circense. 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 214 13.08.09 14:12:05 215 1. Relação entre equilíbrio e força Serão estudadas algumas das situações do capítulo anterior, sobre as forças aplicadas em um corpo. Aqui o enfoque será o equilíbrio translacional dos corpos, que é resultado das forças aplicadas quando a soma total tem re- sultante nula. Estar em equilíbrio significa dizer que a força resultante que age em um corpo ou sistema é nula. Ou seja, existem forças aplicadas no corpo, mas a soma vetorial dessas for- ças é igual a zero (mais adiante, será explicado por que essa condição, apenas, não é suficiente para garantir a condição de equilíbrio de um corpo). O equilíbrio translacional pode ser estático ou dinâmico, como está apre- sentado no quadro a seguir. Observa-se que no equilíbrio dinâmico necessariamente há movimento. Por exemplo, uma bicicleta sem condutor e parada não se mantém em equilí- brio na posição vertical, mas quando está em movimento dado pelo condutor esse equilíbrio é possível. Cabe observar que o movimento da bicicleta en- volve muitas variáveis. Por essa razão, ao citá-lo como exemplo de equilíbrio dinâmico, é preciso deixar claro que se está referindo a uma situação particu- lar: a bicicleta está em linha reta e velocidade constante (movimento retilíneo uniforme). Nessa situação, a força resultante é nula, como se pode observar na fotografia ao lado. Nas situações em que não se está em movimento retilíneo uniforme (caso de movimentos circulares ou rotacionais e demais movimentos variados), as forças externas aplicadas causam aceleração do corpo. Nesses casos não se tem equilíbrio translacional dinâmico. Portanto, o estudo do equilíbrio dos corpos exige uma retomada dos casos de movimentos circulares ou rotacionais. Equilíbrio estático Equilíbrio dinâmico velocidade nula velocidade módulo, direção e sentido não mudam posição não muda com o tempo (móvel parado em relação a determinado referencial) posição varia com o tempo Exemplos Exemplos Ficar em pé. Andar de bicicleta.Manter livros apoiados sobre a cabeça. Caminhar em uma corda suspensa. Na bicicleta em equilíbrio dinâmico agem as forças N (normal), P (peso), Fm (força motriz) Far (resistência do ar) e Fat (atrito). Se a força resultante é nula, trata-se de um movimento retilíneo uniforme. Perder o equilíbrio não é cair A palavra equilíbrio é usual- mente ligada ao sentido de “não deixar cair”. Em Física, entretanto, um corpo não está em equilíbrio quando há varia- ção de sua velocidade vetorial, ainda que ele não esteja caindo. Portanto, um ciclista em uma bicicleta, ao fazer uma curva, não é considerado em equilíbrio pela Física porque está modifi- cando sua velocidade vetorial, ainda que não esteja caindo. Parece, mas não é ____ › N ___ › F r ___ › P ___ › F m ___ › F at 4P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 215 10.08.09 19:56:17 216 Equilíbrio8 2. Movimento rotacional No capítulo 5 foram definidos os movimentos circulares, com destaque para o movimento circular uniforme (MCU). Agora serão estudados movi- mentos de rotação diferentes do MCU, em especial os que ocorrem em cor- pos rígidos (que não sofrem deformações consideráveis) e giram em torno de um eixo fixo. São exemplos desses movimentos: uma roda-gigante entrando em movimento, uma porta abrindo-se ou fechando-se, um bambolê girando em torno do corpo de uma pessoa. O movimento rotacional é mais abrangente do que o movimento circular uniforme. A tabela a seguir mostra uma comparação entre esses dois tipos de movimento. Corpo extenso Nos movimentos rotacionais, as diversas partes do corpo giram com velo- cidades lineares e acelerações lineares diferentes. Nesse caso estuda-se o cor- po não como um ponto material, mas como um corpo extenso, cujas dimen- sões não podem ser desprezadas em relação às demais dimensões envolvidas em seu movimento. Força em um corpo extenso e braço da alavanca Quando uma força é aplicada na maçaneta de uma porta para abri-la, por exemplo, todo o conjunto que compõe a porta se desloca. Isso acontece por- que a ação de uma força em um corpo extenso é percebida por todo o corpo, mesmo que a força seja aplicada em apenas um ponto. Em corpos extensos, a força gera diferentes consequências. Dependendo do local em que ela é aplicada, o corpo pode se deslocar linearmente, entrar em rotação ou realizar ambos os movimentos. Para abrir ou fechar uma porta, por exemplo, a força aplicada é perpendicular ao movimento e seus efeitos depen- dem do lugar em que ela é aplicada, como se vê no esquema ao lado. É mais fácil movimentar uma porta aplicando força em um ponto mais distante de seu eixo de rotação; por isso as maçanetas ficam mais afastadas das dobradiças. Assim, não é suficiente saber o valor da força para descrever um movimen- to rotacional. É necessário conhecer a distância do eixo até o ponto em que a força é aplicada. Essa distância chama-se braço da alavanca (b). braç o da alav anca (b) F eixo Neste esquema de uma porta sendo aberta vê-se que a força F aplicada é perpendicular à porta. A mesma força aplicada em diferentes distâncias em relação ao eixo giratório apresenta graus de dificuldade variados. A distância entre o eixo e o ponto de aplicação da força é chamada de braço da alavanca (b) de uma força. TIPOS DE MOVIMENTO Variáveis Movimento circular uniforme Movimento rotacional velocidade angular constante constante ou variada aceleração angular nula nula, constante ou variada velocidade linear módulo constante (para um dado ponto de um corpo) módulo constante ou variado (para um dado ponto de um corpo) análise de forças a resultante centrípeta altera a direção da velocidade e não seu módulo. a força resultante é capaz de variar o módulo da velocidade exemplos Movimento contínuo dos ponteiros de um relógio. Movimento da porta abrindo-se ou fechando-se. 12 1 6 39 10 11 2 8 4 57 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 216 12.08.09 17:16:20 F b � Ponto de rotação 217 3. Torque A rotação depende da intensidade da força aplicada no corpo e do braço da alavanca em relação ao eixo de rotação. A combinação da força com o seu bra- ço de ação leva ao conceito de torque (τ), como se vê na figura ao lado. O esquema ao lado representa uma força ___ › F aplicada para provocar uma rotação em um corpo, com braço b, que faz um ângulo com o eixo de rotação. Desse esquema pode-se concluir que o torque é dado pela expressão apre- sentada a seguir. τ 5 F ? b ? sen No SI, a unidade de medida de torque é N ? m. O torque é uma grandeza vetorial. Para determinar seu sentido, pode-se utilizar a regra da mão direita, que consiste em girar os dedos da mão direi- ta no mesmo sentido da rotação e manter o polegar esticado durante o giro, como mostra a ilustração ao lado. O sentido para o qual aponta o polegar é o sentidodo torque. Os sentidos de torque perpendiculares ao plano da folha do livro são apre- sentados a seguir. indica na folha um vetor entrando no eixo de apoio o; indica na folha um vetor saindo do eixo de apoio o. Análise de casos envolvendo torque Os esquemas a seguir representam a mesma barra pendurada em um eixo e submetida à ação da mesma força F em diferentes circunstâncias. Situação 1 Situação 2 Situação 3 Força aplicada perpendicularmente ( 5 90°); braço b1 Força aplicada com uma inclinação , 90°; braço b1 5 b2 Força perpendicular aplicada no meio da barra; braço b3 , b1 Força perpendicular: 5 90°, sen 5 1 τ1 5 F ? b1 5 45°, sen 5 0,7 τ2 5 F ? b2 ? 0,7 5 90°, sen 5 1 τ3 5 F ? b3 Conclusão: O máximo valor possível do torque para essa força e braço. Conclusão: Os braços b1 e b2 são iguais, mas τ2 , τ1 devido à diferença na inclinação da força aplicada. Conclusão: Como b3 , b2, então τ3 , τ1. Um exemplo de torque é o movimento que se faz com as mãos para desarrolhar a tampa de uma garrafa de refrigerante. F eixo o torque� F eixo o torque > Na regra da mão direita, o polegar aponta para a direção do torque, enquanto os demais dedos devem apontar para o sentido da rotação. b 1 F F � b 2 F b 3 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 217 11.08.09 16:16:09 R Q P F 1 F 2 218 Equilíbrio8 Exercício resolvido Duas crianças brincam em uma gangorra. Seus 1. pesos são PA 5 400 N e PB 5 500 N; a distância do ponto de apoio para ambas é de 2 m. A criança B permanece na parte de baixo da gangorra e do lado esquerdo; a criança A fica suspensa no lado oposto. a) Usar o conceito de torque para explicar como a criança B consegue suspender a criança A. b) Calcular o torque resultante em relação ao ponto de apoio. c) Determinar o sentido do torque resultante cal- culado no item b. d) Em relação ao ponto de apoio, calcular a posi- ção da criança B para que a prancha permane- ça em equilíbrio. Considerar que, em equilíbrio, o torque resultante deve ser nulo. Resposta a) Os torques estão sendo aplicados em senti- dos diferentes. Os pesos de ambas as crianças atuan do sobre a prancha da gangorra geram os torques, e o torque resultante é responsável pelo movimento de rotação. As crianças têm pesos diferentes e estão à mesma distância do ponto de apoio. Por essa razão, a criança mais pesada tem maior torque do que a mais leve. b) Para calcular o torque resultante, calcula-se o torque para cada criança para depois somá-los vetorialmente. Calculando o torque de A. τA 5 PA ? b ä τA 5 400 ? 2 5 800 N ? m Calculando o torque de B. τB 5 PB ? b ä τB 5 500 ? 2 5 1 000 N ? m Calculando o torque resultante (adotar o eixo de referência apontando para cima). τ 5 τA 1 τB 5 (800) 1 (21 000) 5 2200 N ? m c) O sentido de rotação é anti-horário: . Usan- do a regra da mão direita, obtém-se que o tor- que está apontando para fora da página: . d) Para a prancha ficar em equilíbrio, é neces- sário que os torques se anulem. Matematica- mente: τA 1 τB 5 0. O torque de A não muda: τA 5 800 N. O torque de B pode ser escrito como: τB 5 500 ? bB Então: τA 1 τB 5 0 ä 800 1 (2500 ? dB) 5 0. 2500 ? bB 5 2800. Deixando dB em evidência: dB 5 2800 ______ 2500 5 1,6 m A distância do ponto de apoio a que a criança B deve se sentar é de 1,6 m. Na figura a seguir, o ponto 2. P é o ponto de apoio da rotação. A barra tem 60 cm de comprimento. São exercidas duas forças, F1 no ponto R, na metade da barra, e F2 no ponto Q, na extremidade. Despreze o peso da barra. a) Se F1 5 10 N e F2 5 6 N, determine o sentido em que a barra vai girar. b) Calcule o torque resultante. c) Se F2 5 6 N, calcule o valor mínimo de F1 para que o sistema permaneça em equilíbrio. Um parafuso muito apertado necessita da aplicação 3. de um torque igual a 150 N ? m para se soltar. Calcu- le o valor da força aplicada, considerando a figura a se- guir e desprezando o peso da ferramenta. Duas pessoas estão sentadas em uma gangorra em 4. equilíbrio. O peso da moça, à esquerda, é igual a 500 N e sua distância em relação ao ponto de apoio é igual a 2 m. O rapaz, à direita, tem peso igual a 625 N. Determine a distância do rapaz em relação ao ponto de apoio, desprezando o peso da gangorra. Há vitrolas (antigos instrumentos para reprodução 5. de música por discos analógicos) que tocam dis- cos de vinil a uma velocidade constante de 33 rpm (rotações por minuto). Nessa situação, identifique se existe torque no disco. Justifique sua resposta. Se necessário, faça uma pes- quisa sobre o funcionamento de uma vitrola. Exercícios propostos Vitrola 2 m ? F d � 15 cm 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 218 11.08.09 16:16:15 219 4. Centro de massa Em cinemática é possível usar uma aproximação que considera um cor- po relativamente grande como um ponto material, desde que se possam des- prezar suas dimensões. Para corpos extensos, cujas dimensões não podem ser desprezadas, uma aproximação adequada é feita por meio do conceito de centro de massa. O centro de massa de um corpo ou de um sistema é um ponto no qual se considera que toda a massa desse corpo ou sistema está concentrada, de modo que, quando há forças externas atuando nele, tudo acontece como se a resultante fosse aplicada nesse ponto. De acordo com essa definição, a trajetória do centro de massa corresponde à trajetória do corpo como um todo e é igual à trajetória de um ponto mate- rial representativo desse corpo. Nos esquemas a seguir, as trajetórias descritas pelos centros de massa (CM) estão indicadas pelos pontos vermelhos. Determinação do centro de massa A localização do centro de massa de um corpo depende de sua geometria e da distribuição de sua massa. O centro de massa pode não estar necessa- riamente dentro do corpo. Um anel e um disco circular, por exemplo, têm o centro de massa no centro do círculo. Nas figuras geométricas simétricas, como o quadrado, o retângulo, o triângulo e os polígonos regulares, o centro de massa corresponde ao centro geométrico da figura. Exemplos a seguir. Em corpos bidimensionais (de espessura desprezível) que podem ser re- presentados por figuras geométricas não simétricas (irregulares), o centro de massa pode ser determinado de maneira simples: pendura-se o corpo por uma de suas extremidades e risca-se uma linha vertical sobre ele; pendura-se novamente o corpo por outra extremidade e traça-se outra linha cruzando a primeira linha traçada. No ponto em que as linhas traçadas se cruzam está o centro de massa desse corpo, como se vê nestes esquemas. Esquemas da trajetória do centro de massa de um bastão lançado e de um atleta realizando um salto. Em ambos os casos verifica-se que a trajetória do centro de massa corresponde à trajetória de um ponto material. Repetindo-se o procedimento em outro ponto. O centro de massa é localizado exatamente no ponto de cruzamento das duas retas. Objeto de forma irregular fixado em uma extremidade (ponto vermelho) e com a linha vertical já traçada. Centro de massa e centro de gravidade O centro de massa (CM) re- presenta o ponto geométrico de um corpo onde sua massa pode ser localizada, de modo que a força resultante ali apli- cada gere o mesmo efeito dinâ- mico da mesma força resultante aplicada no corpo que ele repre- senta. Quando a força resultan- te é gravitacional, esse ponto também pode ser chamado de centro de gravidade (CG). No entanto, o centro de massa e o centro de gravidade não são sempre coincidentes. Ligado ao tema Coloca-se o boneco de madeira pelo seu centro de gravidade no anteparo; o boneco não cai porque a maior parte de sua massa, que está concentrada neste ponto, está equilibrada. CM CM CM CM CM CM CM CM 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 219 11.08.09 16:55:36 220 Equilíbrio8 Exercício resolvido Um banco de praça é feito de cimento, pesa 1 000 N 6. e tem 4 metros de comprimento. Seus dois apoios, A e B, com o chão estão a 0,5 m das extremidadesdo banco. Uma pessoa de peso igual a 600 N está sentada a 1,5 m da extremidade direita. a) Construir um desenho e representar todas as forças que agem no banco. b) Determinar a distribuição de peso em cada um dos apoios. Resposta Dados: peso do banco: PB 5 1 000 N; peso da pes- soa: Pp 5 600 N. a) O peso do banco é colocado sobre o centro de massa; as forças normais (N1 e N2) são realiza- das por cada um dos pés. b) O conjunto está em equilíbrio; portanto, a soma das forças é nula: N1 1 N2 2 PB 2 PP 5 0. Substituindo os valores de PB e Pp, tem-se: N1 1 N2 2 1 000 2 600 5 0 N1 1 N2 5 1 600 A soma dos torques também é nula: τN1 1 τN2 2 τB 2 τP 5 0 Torques no apoio A Torque da força normal 1 em relação ao apoio A: τN1 5 b ? N1 O braço da força é nulo, portanto: τN1 5 0. Torque do peso do banco atuando sobre o cen- tro de massa: τB 5 bB ? PB. O braço é igual a 1,5 m em relação ao apoio A. Portanto: τB 5 1,5 ? 1 000 5 1 500 N. Torque do peso da pessoa: τP 5 bP ? PP. O braço é igual a 2,0 m em relação ao apoio A. Portanto τP 5 2,0 ? 600 5 1 200 N. Torques no apoio B Torque da força normal 2 em relação ao apoio B: τN2 5 bN ? N2 O braço é igual a 3 m: τN2 5 3 ? N2. Usando a condição de equilíbrio dos torques e substituindo os valores: τN1 1 τN2 2 τB 2 τP 5 0. 0 1 3 ? N2 2 1 500 2 1 200 5 0 3 ? N2 5 2 700 ä N2 5 900 N Lembrando que N1 1 N2 5 1 600: N1 1 900 5 1 600 ä N1 5 700 N 0,5 m 0,5 m 1,5 m 4 m N1 N2 PB PP Uma barra homogênea está apoiada em dois cava-7. letes, conforme a figura a seguir. O peso da barra é de 450 N e o comprimento é de 9 m. a) Reproduza o desenho em seu caderno e repre- sente todas as forças que atuam nessa barra. b) Tomando como referência o cavalete B, escreva a equação de equilíbrio dos torques. c) Calcule a força normal aplicada pelo cavalete A e o cavalete B na barra. Um caminhão para sobre uma ponte a 25 m de seu 8. início. A ponte tem 100 m, pesa 105 N e está apoiada em pilares nas duas extremidades. O peso do cami- nhão é de 104 N. Calcule o incremento na força de reação dos pila- res, devido à presença do caminhão, enquanto ele estiver parado. Dois carregadores levam um bloco de pedra, que 9. pesa 1 000 N, suspenso em uma haste rígida de 2,0 m e com peso igual a 100 N. O bloco está a 0,5 m do carregador A e a 1,0 m do carregador B. Calcule a força sobre o ombro de cada car- regador. Diferencie centro de massa e centro de gravidade.10. Identifique a localização aproximada do centro de 11. massa do corpo humano. Dica: observe a imagem que abre este capítulo. Exercícios propostos A B 0,5 m3,0 m 0,5 m 1,0 m A B 25 m 100 m 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 220 13.08.09 08:53:14 221 Esses instrumentos servem, basicamente, para ampliar a força aplicada, fa- cilitando a movimentação de objetos. Pesquisas arqueológicas mostram que diversas construções antigas foram erguidas com a ajuda de alavancas: as pi- râmides do Egito e do Império Inca são alguns exemplos. As alavancas conti- nuam presentes tanto em grandes obras arquitetônicas quanto em objetos do cotidiano, como abridores de garrafa, tesouras, pinças e freios de bicicleta. 5. Alavancas Por tornar possível ou facilitar a realização de certas atividades, alguns ins- trumentos simples, como as alavancas, têm sido fundamentais na história da humanidade. O funcionamento das alavancas baseia-se no conceito de torque. Equilíbrio de uma alavanca A figura representa um sistema de alavan- cas envolvendo dois corpos de massas diferen- tes, em equilíbrio. A massa maior está a uma dis- tância menor do ponto de apoio (b1) e a massa menor está a uma distância maior (b2) do ponto de apoio. As forças F1 e F2 equilibram-se com as normais N1 e N2. O peso da barra é desprezado. O torque τ1 é causado pela massa 1; o torque τ2, pela massa 2. A condição de equilíbrio é expressa matematicamente a seguir: __ › τ 1 1 ( __ › τ 2) 5 0 ou __ › τ 1 5 __ › τ 2 Lembrando que o torque foi definido como τ 5 F ? b para uma força per- pendicular ao eixo de apoio, então: F1 ? b1 5 F2 ? b2 1a condição de equilíbrio de uma alavanca (equilíbrio rotacional) Existe ainda outro tipo de equilíbrio a ser considerado: o equilíbrio das for- ças atuando no sistema, que ocorre quando a força resultante é nula. Aplicada à figura anterior, essa informação fornece outra condição de equilíbrio: F1 1 F2 5 N1 1 N2 2a condição de equilíbrio de uma alavanca (equilíbrio translacional) Ou seja, as forças aplicadas para baixo (F1 e F2) são equilibradas pelas for- ças normais (N1 e N2) sem que estas necessariamente estejam atuando no mesmo ponto no sistema de alavancas. Mas a força resultante que age no cen- tro de massa é nula. Galileu e o peso da alavanca “[...] se imaginamos uma alavanca, ou seja, esta, BA, a qual, colocada sobre o ponto de apoio E, é usada para levantar uma pedra muito pesada, D, é evidente, de acordo com o prin- cípio demonstrado, que a força aplicada na extremidade B será suficiente para equilibrar a re- sistência do grave D, desde que seu momento esteja para o mo- mento D na mesma proporção que a distância AC tem para a distância CB; e isto é verdade sem que se faça intervir outros momentos além daqueles da força aplicada a B e da resis- tência em D, como se a própria alavanca fosse imaterial e sem gravidade. Mas, se levamos em conta também o peso do pró- prio instrumento, o qual pode ser de madeira ou de ferro, fica claro que, se acrescentarmos à força em B o peso da alavanca, a proporção será alterada, pelo que devemos expressá-la em termos diferentes.” Galilei, Galileu. Duas Novas Ciências. São Paulo: Nova Stella, 1988. p. 114. Ligado ao tema O freio da bicicleta é um sistema de alavanca. Os alicates são constituídos por um sistema duplo de alavancas. Alavancas são amplamente utilizadas na construção civil. Alavancas são instrumentos usados para erguer objetos apoiados em uma de suas extremidades, reduzir o esforço ou ampliar uma força. São constituídas de uma barra e um ponto fixo de apoio. Devido a esse pon- to de apoio, o movimento realizado é sempre de rotação em torno de um eixo, ainda que a rotação não seja completa. B CD A b 2 b 1 N 1 2 F 1 F 2 N 2 N 1 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 221 11.08.09 16:17:19 A F R F P A F P F R F R F P A F P F P F R F R A F P F R A F P F P F R F R F P F R A F P F R Força resistente (F R ) Força potente (F P ) Ponto de apoio (A) A F R F P FP FP A FR 222 Equilíbrio8 Tipos de alavanca Há diversos tipos de alavanca. Em geral, a diferença entre elas depende do ponto em que as forças estão agindo em relação ao ponto de apoio. Essas for- ças podem ser observadas no quadro a seguir. Na figura da esquerda um homem utiliza uma alavanca para levantar uma pedra; a figura da direita esquematiza as forças presentes nessa situa- ção. A força aplicada pelo homem chama-se força potente (FP). A força que a pedra exerce na alavanca, e que dificulta o movimento, é chamada força resistente (FR). Para que a alavanca funcione é necessário também um pon- to de apoio (A). Dessas classificações de forças podem-se definir três tipos de alavancas, mostradas no quadro a seguir. Exemplo Esquema de forças Alavanca interfixa: o ponto de apoio fica entre a força potente e a força resistente. Alavanca interpotente: a força potente está entre o ponto de apoio e a força resistente. Alavanca inter-resistente: a força resistente está entre o ponto de apoio e a força potente. 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 222 11.08.09 16:17:30 223 Alavancas do corpo humano Muitos robôs são projetados para imitar os movimentos do corpo humano, principalmente dos braços. Foi necessário primeiro entender como funciona o corpo humano, para depois projetar os robôs. Em especial, foi necessário entender as alavancas do corpo. O corpo humano está repleto de alavancas naturais. As estruturasrespon- sáveis pela execução de movimentos são as articulações, que servem como ponto de apoio, e os músculos, que exercem a força potente. As figuras a seguir trazem exemplos de alavancas do corpo humano. Braços Situação 1 Mão segurando uma bola de chumbo Situação 2 Mão puxando um cabo de cima para baixo Força potente: aplicada pelo bíceps (músculo conectado ao braço). Força resistente: aplicada na mão. Ponto de apoio: cotovelo. Força potente: aplicada pelo tríceps (músculo localizado na parte posterior do braço). Força resistente: aplicada na mão. Ponto de apoio: cotovelo. Classificação: alavanca interpotente. Classificação: alavanca interfixa. Cabeça Situação 3 Movimentos da cabeça Situação 4 Movimentos da mandíbula Força potente: exercida pelo conjunto de músculos que saem das costas, passam pela nuca e se prendem na parte de trás do crânio. Força resistente: é o próprio peso da cabeça — sem a musculatura que exerce a força potente, a cabeça penderia para baixo. Ponto de apoio: encaixe do crânio com a coluna cervical. Força potente: exercida pelo músculo que se liga ao maxilar. Força resistente: exercida pelos alimentos ao serem mastigados. Ponto de apoio: ponto em que a mandíbula se encaixa no crânio. Classificação: alavanca interfixa. Classificação: alavanca inter-resistente. Para refletir A pinça que se faz com o ` polegar e o indicador da mão forma um dos instrumentos mais importantes do corpo humano. Estime quantas vezes e em quais atividades se utiliza, em um dia, o movimento de pinça entre os dedos indicador e polegar. O joelho 1. O joelho age como a dobra- diça de uma porta. As pontas do fêmur e da tíbia se encai- xam de tal modo que a tíbia possa descrever um ângulo de quase 180 graus — para trás — em relação ao fêmur. A patela impede que esse osso dobre para a frente. 2. Para que não haja movimen- tos indesejados nessa articu- lação, existem os ligamentos e os meniscos. Os ligamen- tos servem para manter os ossos firmes em seus luga- res. Os meniscos agem mais como se fossem amortece- dores entre a tíbia e o fêmur. Disponível em: ,http://www1.folha.uol.com.br/folha/ esporte/ult92u40109.shtml.. Acesso em: 26 maio 2009. Ligado ao tema bíceps tríceps ___ › FR ____ › FR ____ › FR ___ › FP ____ › FP ____ › FP A A A A ___ › FP ___ › FR 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 223 11.08.09 16:17:31 5 m0,7 m barra suporte A B apoio 0,5 m F 2,0 m 224 Equilíbrio8 Exercícios resolvidos Uma barra rígida e longa de peso desprezível está 12. apoiada apenas no ponto O, e pode girar vertical- mente para ambos os lados. A distância do ponto A até O é de 1,5 m, e a distância do ponto B até O é de 0,5 m. Colocando-se um corpo cujo peso é 420 N em uma de suas extremidades, conforme o desenho a seguir, determinar o valor da força F aplicada na extremidade oposta, para que o sis- tema se mantenha em equilíbrio. Resposta Dados: distância AO 5 bW 5 1,5 m; distância BO 5 bF 5 0,5 m; PW 5 peso do corpo em W 5 420 N. O torque devido ao peso em W é equilibrado pelo torque da força F. Esse equilíbrio se traduz na se- guinte equação: τW 5 τF, em relação a O. O torque é dado por τ 5 b ? F distância AO 5 1,5 m; bW 5 braço do peso; distância BO 5 0,5 m 5 bF 5 braço da força. Segue-se, então: τW 5 τF ä bW ? PW 5 bF ? F Com a substituição dos valores: 0,5 ? 420 5 1,5 ? F F 5 210 ____ 1,5 ä F 5 140 Resposta: F 5 140 N. A figura abaixo mostra uma perna dobrada sen-13. do erguida pela aplicação exclusiva de esforço muscular. a) Indicar o ponto de apoio. b) Identificar onde é aplicada a for- ça potente. c) Indicar onde é aplicada a força resistente. d) Identificar o tipo de alavanca. Resposta a) O joelho funciona como ponto de apoio. b) A força potente é realizada pelo músculo co- nectado à parte de cima da perna (seta azul). c) A força resistente é realizada pelo peso da perna (seta vermelha) d) A alavanca é interpotente, pois a força potente está entre o ponto de apoio e a força resistente. Uma barra rígida e de massa desprezível tem um 14. corpo com peso de 60 N pendurado em uma de suas extremidades, conforme a figura abaixo. Calcule o valor da força que deve ser exercida em B para que o sistema permaneça em equilíbrio. Um garoto resolve virar uma pedra de 120 kg usan-15. do uma alavanca de 2,5 m. Ele monta o sistema a seguir. Desprezando o peso da alavanca, determine o me- nor valor de F para que o garoto consiga movimen- tar a pedra. A tesoura da figura abaixo é diferente das tesouras 16. comuns. Identifique o tipo de alavanca que ela re- presenta. O desenho a seguir representa a ação de sustentar 17. o peso do corpo na ponta dos pés. a) Identifique o ponto de apoio. b) Indique onde se aplica a força potente. c) Indique onde se aplica a força resistente d) Identifique o tipo de alavanca. Exercícios propostos O WF A B 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 224 13.08.09 08:56:25 As pirâmides do Egito Muitos arqueólogos percorre- ram as areias do deserto egípcio em busca de informações a res- peito das pirâmides, cujas cons- truções começaram em 2700 a.C. e se estenderam por centenas de anos. Outros lugares no mundo apresentam construções tão an- tigas e imponentes como as pi- râmides. Na América Latina, por exemplo, as pirâmides dos impé- rios Inca e Maia também datam da Antiguidade; no Sudeste Asiá- tico os monumentos de Angkor foram construídos entre os sécu- los IX e XV. Essas antigas construções têm em comum o uso de pe- dras muito grandes e pesadas, cujo transporte dependeu de alavancas e polias disponíveis na época. Fatos e personagens 225 6. Polias Assim como as alavancas de um modo geral, as polias são exemplo de má- quinas simples. Uma polia é um mecanismo de rolamento associado a um eixo e um sistema de fixação por onde passa uma corda ou um cabo. Há dois tipos de polia: fixa e móvel. Ambas funcionam como uma alavanca interfixa: uma extremidade da corda é presa à carga a ser deslocada, sendo essa a extremidade onde atua a força resistente; a outra extremidade é usada para puxar a corda e deslocar a carga, sendo esta a extremidade onde atua a força potente. No meio, a polia funciona como ponto de apoio. Nos estudos de polias, neste livro, o cabo ou a corda que conecta todo o sistema é considerado ideal, ou seja, é tido como inextensível e com massa desprezível. As fotografias a seguir mostram exem- plos de uso de polias, no cotidiano. Polia fixa Na polia fixa, o eixo de rotação é fixo em um suporte, como o teto, a parede de deter- minado local ou um guindaste. O esquema ao lado é um exemplo desse tipo de polia. Polia simples, com uma corda no sistema de fixação. Os guindastes funcionam por meio de um sistema de polias. Polia simples com um cabo de aço no sistema de fixação. Os aparelhos de musculação geralmente são dotados de polias. Esquema de uma polia com o eixo de rotação fixo em um teto. A força potente é exercida por uma pessoa ou por um guindaste que traciona o cabo; a força resistente é o peso do objeto; o ponto de apoio é o eixo de rotação da própria polia. 3P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 225 07.08.09 14:59:19 226 Equilíbrio8 Polia móvel Num sistema com duas ou mais polias, polia móvel é aquela conectada ao cabo e a nenhum suporte fixo, podendo se mover à medida que há movimen- to do cabo. A principal característica da polia móvel é sua capacidade para realizar a força resistente no gancho e a força potente por meio de dois pontos distintos, um de cada lado da roldana, como mostra o quadro a seguir. Nesse exemplo, com o sistema completo em equilíbrio estático, a roldana móvel se sustenta por uma corda presa ao teto em uma de suas extremida- des e na outra a corda é mantida segura para cima por uma pessoa. Assim, a força resistente (que é a força peso) é equilibrada pela força potente realiza-da pelo teto (T1) e pela pessoa que puxa o fio (T2) para cima. Portanto, como mostrado a seguir. T1 T2 P 0 mas T1 T2 T, portanto 2T P ä T P __ 2 Como o fio é ideal, o módulo de T1 é igual ao de T2 e o valor da tração que a pessoa realiza na corda da roldana móvel para sustentar a carga é a metade do peso do objeto. A outra metade da força potente é realizada pela corda que está amarrada ao teto (T1). Uma das vantagens da polia móvel é permitir o equilíbrio estático de um objeto com a aplicação de uma força potente menor que a força resistente. Associação de polias móveis Para diminuir o valor da força potente no sistema, as polias móveis podem ser associadas entre si. Quanto maior o número de polias, menor será o valor da força potente. Há várias maneiras de associar polias. A seguir, são apresentadas duas delas. Exemplo Esquema de forças Associação de n polias fixas com n polias móveis Associação de n polias móveis, de eixos distintos, com uma polia fixa A relação entre o número de polias móveis, a força potente e a força resistente é dada por: FP FR _____ 2 ? n em que n é o número de polias móveis. Por exemplo, no caso de duas polias móveis, como no esquema ao lado, tem-se: FP FR _____ 2 ? 2 ä FP FR __ 4 A força potente é quatro vezes menor que a força resistente. A relação entre o número de polias móveis, a força potente e a força resistente é dada por: FP FR __ 2n em que n é o número de polias móveis. Por exemplo, no caso de três polias móveis, como no esquema ao lado, tem-se: FP FR __ 23 ä FP FR __ 8 A força potente é oito vezes menor que a força resistente. Força potente: T 1 Força potente: T 2 Força resistente: P 4P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 226 10.08.09 20:34:37 polia 2 peso da carga � 100 N polia I peso da carga � 240 N 1 2 Fixa polia 1 peso da carga � 100 N polia II peso da carga � 240 N 227 Exercício resolvido Em cada uma das polias representadas abaixo, 18. fazer o que se pede. a) Desenhar o vetor que representa a força po- tente e o vetor que representa a força resis- tente. b) Calcular o valor da força potente. Resposta a) Desenho das forças potentes e resistentes. b) Cálculo da força potente. Polia 1 — a força resistente tem intensidade igual ao peso do objeto: FR 5 P ä FR 5 100 N Nessa situação, a polia é fixa, portanto o mó- dulo da força potente é igual à força resis- tente: FP 5 FR ä FP 5 100 N Polia 2 — a força resistente tem intensidade igual ao peso do objeto: FR 5 P ä FR 5 100 N Nessa situação, a polia é móvel, portanto, a força potente se divide: FP 5 FR __ 2 ä FP 5 100 ____ 2 ä FP 5 50 N Esquematize no caderno cada uma das polias a se-19. guir e, para cada caso, faça o que se pede. a) Desenhe o vetor que representa a força potente. b) Desenhe o vetor que representa a força resistente. c) Calcule o valor da força resistente. d) Calcule o valor da força potente. No quadrinho, todas as polias são fixas.20. a) Explique o que ocorrerá com o peso do elefante pelo uso do sistema de polias representado no quadrinho. b) No caderno, desenhe um sistema de polias de modo que o macaquinho consiga levantar o ele- fante sem muito esforço. Exercícios propostos Certo, certo, você venceu: você pode me levantar com uma só mão... Força resistente 100 N FT F Força resistente 100 N 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 227 11.08.09 16:35:31 R A R B 228 Equilíbrio8 7. Engrenagens Nos motores encontram-se estruturas com as mais diversas funções, como transmitir movimentos, exercer torques e aplicar forças. As engrenagens asso- ciadas ao funcionamento dos motores são especialmente importantes. As fo- tografias desta página trazem exemplos de engrenagem. Engrenagens são rodas dentadas colocadas em contato entre si pelo en- caixe dos dentes, com a função de aumentar ou diminuir o torque ou a velocidade. Um dos mais simples sistemas de engrenagens é o de transmissão por cor- rente, como em uma bicicleta. Nesse caso, o “motor” são as pernas que giram o pedal e colocam o sistema em movimento. Podem-se conectar duas ou mais engrenagens entre si. Um exemplo dessa associação é o relógio de corda, que em geral usa duas engrenagens para regular e coordenar o movimento dos ponteiros, como se vê na fo- tografia ao lado. Quando se “dá corda”, uma mola espiral é comprimida e uma trava impede a descompressão imediata da mola, o que marca o rit- mo do relógio. O modo de funcionamento de um sistema de engrenagens pode ser mais facilmente compreendido por meio de algumas relações matemáticas. Para isso, vale observar o exemplo dado pelo esquema ao lado, que representa a engrenagem de uma bicicleta. Nele, a roda dentada A tem um raio RA e gira com velocidade angular vA; a roda dentada B tem um raio RB e gira com ve- locidade angular vB. Em um sistema de engrenagem como esse, a velocidade linear de um ponto qualquer da correia ou de um ponto periférico, situado a uma distância igual ao raio do centro das engrenagens que participam da ro- tação, é a mesma, ou seja: vA 5 vB. Como a velocidade linear é definida por v 5 v ? R, tem-se: ωA ? RA 5 ωB ? RB No exemplo da bicicleta, o raio de cada roda é diferente para cada valor; portanto, para que a velocidade linear permaneça constante, as velocidades angulares vA e vB também devem ser diferentes entre si. Quanto maior o raio de B em relação ao raio de A, menor será a velocidade angular vB em relação à velocidade angular vA. Outra maneira de abordar as relações de uma associação de engrenagens é por meio de sua frequência ( f ). Sendo fA a frequência de rotação de A e fB a fre quên cia de rotação de B, e considerando a relação v 5 2p ? f, ma- tematicamente a expressão que relaciona a frequência das duas engrena- gens, A e B, é: fA ? RA 5 fB ? RB Se houver uma terceira roda dentada de raio RC e frequência fC conectada de modo semelhante, a expressão que relaciona a frequência será esta. fA ? RA 5 fB ? RB 5 fC ? RC O que se mantém igual entre as três engrenagens é o valor dado pela mul- tiplicação da frequência pelo raio de cada uma das engrenagens. Para que esse valor permaneça constante, a engrenagem de raio maior deve ter uma fre- quên cia menor em relação às demais. Da mesma maneira, a engrenagem de menor raio terá a maior frequência de rotação. Sistema de engrenagens de um relógio. Representação das engrenagens de uma bicicleta. 3P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 228 07.08.09 14:59:33 229 Uma aplicação tecnológica das engrenagens: as marchas Um exemplo de aplicação tecnológica do sistema de engrenagens são as caixas de câmbio, ou conjunto de marchas, de veículos automotores. Existem diferentes tipos de motores, dependendo das funções dos veícu- los. Há veículos adequados para transportar grandes cargas (caminhões, por exemplo), que não são muito velozes; os carros de passeio são mais velozes, mas inapropriados para transportar grandes cargas. Um veículo que transpor- ta cargas tem o motor projetado para o deslocamento de grandes massas em situações extremas, como as subidas íngremes. Comumente se diz que o mo- tor desses veículos tem mais torque que o dos carros de passeio. A adequação entre o motor e a função do veículo é feita pelas marchas. São elas que determinam ao veículo um maior ou menor torque e, consequente- mente, uma maior ou menor velocidade. A transmissão de movimentos na bicicleta Em uma bicicleta, o sistema de transmissão de movimentos é formado pela catraca, na roda traseira, conectada às coroas, na roda dianteira; essa conexão é feita por meio de uma corrente, como se vê nas fotos a seguir. As marchas de um automóvel O funcionamento da caixa de câm- bio, onde se mudam as marchas, é se- melhante ao conjunto de transmissão das bicicletas. Porém, nos veículos au- tomotores, a transmissão não é feita por uma corrente, mas por dois conjuntos de engrenagens associadas. No caso dos automóveis,as engrenagens são asso- ciadas por meio de dois eixos paralelos. Um deles, chamado de secundário, gira acionado pelo motor; o outro, chama- do de principal, é acionado pelo eixo secundário. O eixo principal é fixo nas rodas. Quando as engrenagens associa- das ao conjunto principal são movimen- tadas pelo eixo secundário, as rodas do carro giram e o carro se desloca. A cada marcha corresponde uma engrenagem diferente, acionada pelo eixo secundário (esquemas ao lado). Catraca de bicicleta com seis rodas dentadas. A catraca é formada por um conjunto de rodas dentadas, ou engrenagens, que giram juntamente com a roda de trás, quando esta é acionada pela corrente. Coroa com três rodas dentadas. As coroas são rodas dentadas colocadas junto ao pedal, onde a corrente se encaixa e é girada para manter a bicicleta em movimento. Torque de um motor Em mecânica de automó- veis, a palavra torque descreve a máxima capacidade de deslo- camento de uma carga. Essa ca- pacidade é medida no pistão do motor, quando o veículo está em movimento. Portanto, não se re- fere ao conceito físico de torque estudado neste capítulo. Cada marcha possui um tor- que máximo. As marchas que possibilitam maiores velocida- des têm menor torque; as mar- chas para velocidades mais lentas têm maior torque. Parece, mas não é ré trem fixo eixo Ponto morto 1a2a3a 4a Primeira marcha ré 1a2a3a 4a Em ponto morto, o eixo secundário gira, mas não aciona as rodas dentadas do eixo fixo. Portanto, não há movimento do eixo principal. Em primeira marcha, o eixo secundário é deslocado e encaixado na maior roda dentada do sistema (1a). Ao ser girada pelo motor, essa roda aciona a roda dentada menor, que fica conectada ao eixo do carro. Engrenagens fixas no eixo Engrenagens girando em volta do eixo 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 229 11.08.09 16:43:12 230 Equilíbrio8 Exercício resolvido A figura abaixo ilustra uma engrenagem cuja 21. transmissão é em forma de corrente entre duas rodas dentadas de diferentes tamanhos. A roda dentada A tem raio de 20 cm e a roda dentada B tem raio de 30 cm. O motor está conectado à roda B, e gira essa roda numa frequência igual a 80 rpm (rotações por minuto). a) A roda B gira em sentido anti-horário. Identifi- car o sentido em que a roda A gira. b) Determinar se a velocidade linear de um ponto periférico de A, em relação a um ponto perifé- rico de B, é maior, menor ou igual. Justificar. c) Determinar se a velocidade angular de A, em relação a B, é maior, menor ou igual. Justificar. d) Calcular a frequência da roda A em rpm e em hertz. e) Calcular o período da roda A em segundos. Resposta a) A roda B gira no mesmo sentido de A. A cor- rente transmite o movimento que ocorre no mesmo sentido, isto é, ao girar, a roda denta- da B puxa a corrente no mesmo sentido de ro- tação, fazendo com que a roda dentada A gire nesse mesmo sentido. b) A velocidade linear de um ponto periférico em ambas é igual, ou seja: vA 5 vB 5 v. Isso por- que estão conectadas pela correia inextensí- vel, que transfere o movimento entre elas. c) Se v 5 vA ? rA e v 5 vB ? rB, então: vA ? rA 5 vB ? rB. Sendo rA , rB, então vA . vB, de modo que a velocidade linear seja constante. d) Para calcular a frequência de A, usa-se a equa- ção fA ? RA 5 fB ? RB. Substituindo os valores: fA ? 20 5 30 ? 80 ä fA ? 20 5 2 400. Deixando fA em evidência: fA 5 2 400 ______ 20 ä fA 5 120 rpm Transformando de rpm para hertz: 60 rpm 1 Hz 120 rpm x Hz 60 ? x 5 120 ? 1 ä x 5 120 ____ 60 ä x 5 2 Hz e) O período de uma rotação é o inverso da fre- quên cia: T 5 1 _ f ä T 5 1 __ 2 ä T 5 0,5 s Uma forma de conec-22. tar as rodas dentadas é encaixá-las uma na ou- tra sem corrente, como mostra a figura. O motor está conectado à roda A (menor) e gira em sentido anti-horário com uma frequência igual a 180 rpm. O raio da roda A é igual a 5 cm e o raio da roda B é igual a 10 cm. a) Identifique o sentido de rotação da roda B. b) Determine se a velocidade linear de um ponto periférico pertencente à roda B, em relação à velocidade de um ponto periférico da roda A, é maior, menor ou igual. Justifique. c) Determine se a velocidade angular da roda B é maior, menor ou igual em relação à velocidade da roda A. Justifique. d) Determine se a frequência de rotação da roda B é maior, menor ou igual em relação à frequência de rotação da roda A. Justifique. e) Calcule a frequência da roda B. Verifique se o ponto 23. P na figura a seguir demora mais para circular a engrenagem A ou a engrena- gem B. Justifique sua resposta. Observe o esquema a seguir.24. O motor desse esquema aciona a engrenagem A com frequência de 125 rpm, e seu raio é igual a 5 cm. O raio de B é igual a 10 cm e o raio de C é igual a 8 cm. a) Determine o sentido de rotação de B e de C. b) Calcule a frequência de rotação de B. c) Calcule a frequência de rotação de C. Exercícios propostos roda A roda B P 10 cm 5 cm BA A B C 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 230 13.08.09 08:57:03 x 2 P2 P1 x D 1 D 2 m m B 3 m 8 m A ____ › F2 ____ › F1 231 Exercícios complementares Duas crianças permanecem em equilíbrio em uma 28. gangorra de massa desprezível. A criança 1, com peso P1, está a uma distância x do ponto de equi- líbrio; a criança 2, com peso P2, está a uma distân- cia x __ 2 desse ponto. Calcule a razão entre P1 e P2. Um pedaço de madeira homogêneo está apoiado 29. em dois suportes pelas extremidades e recebe a ação de duas forças externas, F1 e F2. A viga pesa 4 000 N e tem um comprimento de 8 m. A força F1 vale 500 N e é aplicada a 2 m da extremidade A; a força F2 vale 600 N e é aplicada a 3 m da extremidade B. Calcule os valores das rea- ções dos pontos de apoio. Duas pessoas carregam uma viga de ferro de 30. 400 N. O comprimento da barra é 2,0 m; as pes- soas estão a 1,5 m uma da outra. Calcule a força normal que cada carregador realiza. Polias Observe o esquema de dois dinamômetros abaixo.31. a) Calcule o valor medido na associação de polias D1. b) Calcule o valor medido na associação de polias D2. Tipos de alavanca Os desenhos a seguir representam dois tipos de 25. alavancas. F P F R N a) Identifique o tipo de cada uma delas (interfixa, interpotente ou inter-resistente). b) Dê exemplos de instrumentos ou máquinas que funcionam de acordo com cada um desses tipos de alavancas. Observe a ilustração a seguir.26. a) Identifique o tipo de alavanca representado. b) Calcule o valor da força F1 que o bíceps deve rea- lizar para que o braço mantenha a bola parada na posição horizontal. c) Faça uma pesquisa com seus colegas e explique por que se pode afirmar que essa alavanca “so- brecarrega o bíceps”. No esquema a seguir a distância entre cada furo é 27. idêntica e igual a 1 cm. Calcule o valor da massa que deve ser colocada em I para que o sistema perma- neça em equilíbrio. N F R F P = força potente F R = força resistente N = normal F P I II 30 cm ____ › F1 ___ › F2 5 6 kgf ponto fixo 5 cm H I J K L MA B 50 g 30 g ? C D E F G 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 231 11.08.09 17:15:48 fio 1 2 1 Equilíbrio8 Integre o aprendizado 232 Uma escada de metal com peso igual a 80 N é 34. apoiada na parede, segundo a figura abaixo. a) Desenhe todas as forças que atuam na escada. b) Calcule o torque realizado pela força peso. O sistema ao lado susten-35. ta um peso de 1 600 N em equilíbrio. a) Determine a força resis- tente. b) Determine a força potente. c) Calcule as trações atuan- do na polia 1. d) Calcule as trações atuan- do na polia 2. e) Calcule as trações atuan- do na polia 3. 3 m 4 m P C Na figura a seguir, a massa 1 é igual a 10 kg e a massa 36. 2 é igual a 4 kg. Calcule o valor da tração no fio 1. Leitura e interpretação.37. O texto a seguir é o trecho de um diálogo entre o explorador Marco Polo (1254-1324) e o imperador mongol Kublai Khan (1215-1294).Marco Polo descreve uma ponte, pedra por pedra. — Mas qual é a pedra que sustenta a ponte? — pergunta Kublai Khan. — A ponte não é sustentada por esta ou aquela pedra — responde Marco —, mas pela curva do arco que estas formam. Kublai Khan permanece em silêncio, refletindo. Depois acrescenta: — Por que falar das pedras? Só o arco me inte- ressa. Polo responde: — Sem pedras o arco não existe. Calvino, I. As cidades invisíveis. São Paulo: Cia. das Letras, 1990. Observe a figura a seguir. Descreva as relações entre o texto e a imagem en- fatizando o conceito de equilíbrio estudado neste capítulo. A fotografia ao lado 32. mostra um antigo sis- tema de carga, muito usado na Ásia ainda hoje. Trata-se de uma haste com uma cesta acoplada em cada ex- tremidade, onde são carregados objetos e alimentos. a) Identifique se esse sistema pode ser considerado um sistema de alavancas. Justifique sua resposta. b) Descreva algumas atividades que uma pessoa pode realizar com esse sistema de carga. Observe o sistema de 33. polias ao lado. O sistema está em equilíbrio. A massa A é igual a 10 kg. a) Calcule o valor das massas B e C. b) Determine a tra- ção dos fios 1 e 2. Mulher carregando comida, na Tailândia. Ponte de pedra na cidade de Grasse, Cote d’Azur, França. Fio 1 Fio 2 Fio 2 A B C 1 2 3 F 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 232 13.08.09 08:59:20 233 Três engrenagens estão conectadas como mostra 38. a figura. A roda dentada A tem raio igual a 5 cm, a roda den- tada B tem raio igual a 10 cm e a roda dentada C tem raio igual a 7 cm. O motor está conectado à roda B e gira no sentido horário a uma velocidade de 2 Hz. a) Identifique o sentido de rotação da roda denta- da A. b) Identifique o sentido de rotação da roda denta- da C. c) Determine se a velocidade linear de um ponto pe- riférico pertencente à roda A é maior, menor ou igual em relação à velocidade de um ponto perifé- rico da roda B. Justifique. d) Determine se a velocidade angular da roda A é maior, menor ou igual em relação à velocidade an- gular da roda C. Justifique. e) Calcule a frequência de rotação da roda A. f) Calcule a frequência de rotação da roda C. Investigação e pesquisa.39. A construção civil se ocu- pa de erguer edificações diversas, como casas, esco- las, hospitais, estradas, pontes, túneis, aeroportos, usinas hidrelétricas, etc. a) Monte um grupo de cinco pessoas. Escolha como objeto de estudo um tipo de edificação que ainda esteja em obra. Visite o local e rea- lize um trabalho de campo, observando e ano- tando os seguintes itens: ferramentas, veículos, máquinas e materiais utilizados; tipos de ativi- dades feitas por cada categoria de profissional; número de trabalhadores envolvidos na obra. Procure relacionar suas observações com os as- suntos estudados ao longo deste capítulo (ala- vancas, polias, engrenagens). b) Entreviste um trabalhador dessa construção. Per- gunte a sua função e que ferramentas ele utiliza. Verifique se ele usa conhecimentos da Física em seu trabalho. c) Das ferramentas identificadas no item b, escolha três e descreva seu funcionamento e sua função. d) Faça uma lista de profissões relacionadas à cons- trução civil. Você escolheria a área da construção civil para cursar em uma universidade? Justifique sua resposta. Desenvolver com ciência Um estudante e sua professora de Artes estão 40. observando a pintura abaixo, do artista plás- tico espanhol Pablo Picasso (1881-1973). Eles dialogam a respeito de suas visões acerca do quadro. — Mas que horror! Veja só aqui! Os olhos, o nariz, a boca, está tudo deformado, as mãos, os braços! Tudo está fora do lugar, tudo parece quebrado! Será que Picasso não sabia desenhar direito? — É claro que Picasso sabia desenhar direi- to — retruquei —, se por “direito” se entende reproduzir as feições anatomicamente corretas. Aos quinze anos, Picasso já terminara os estu- dos na Escola de Belas-Artes em Barcelona. […] — Então você quer dizer que estas defor- mações aqui são propositais? — Sim, foram feitas intencionalmente. OstrOwer, F. A sensibilidade do intelecto. Rio de Janeiro: Campus, 1998. Disponível em: ,http://www.faygaostrower. org.br/livros.php.. Acesso em: 6 maio 2009. a) Use essa fotografia da pintura de Picasso e discuta com seus colegas se as relações equilíbrio-belo e desequilíbrio-feio são ne- cessariamente verdadeiras. b) Compare o conceito de equilíbrio nas Artes com o conceito de equilíbrio na Física. Cabeça de mulher, de Pablo Picasso. A C B 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 233 11.08.09 17:16:10 234 Física tem história A ilha de Páscoa fica no oceano Pacífico, a 3 700 km do Chile, país ao qual pertence. Foi descoberta por um grupo de exploradores holandeses, no domingo de Pás- coa de 1722. Essa ilha possui grandes estátuas de pedra, erguidas pela população nativa entre os anos de 1100 e 1600. O texto a seguir descreve como foi esse trabalho. “O ahu é uma plataforma retangular, feita não de pe- dra sólida e, sim, de um recheio de cascalho retido por quatro paredes de contenção de basalto cinza. […] Os ahus têm até quatro metros de altura, e muitos se esten- dem em alas laterais de uma extensão de até 150 me- tros. Portanto, o peso total de um ahu – cerca de 300 toneladas no caso de um pequeno […] – é muito maior que o das estátuas que suporta. Quanto aos moais, que represen- tam ancestrais de membros da elite, [há] um total de 887. […]. A estátua “padrão” tinha quatro metros de altu- ra e pesava cerca de dez toneladas. Como todos esses pascoenses, sem guindastes, conseguiram enta- lhar, transportar e erguer tais está- tuas? É claro que não sabemos com certeza, uma vez que nenhum euro- peu viu aquilo sendo feito para es- crever a respeito. Mas podemos pre- sumir a partir da tradição oral dos próprios insulares (especialmen- te a respeito do meio de erguer es- tátuas), a partir de estátuas nas pe- dreiras em sucessivos estágios de produção e de testes recentes expe- rimentais de diferentes métodos de transporte. […] […] os pascoenses modificaram as chamadas “escadas” de canoas, usadas em todas as ilhas do Pacífico, para transportar pesados troncos de madeira, que eram cortados na flo- resta, escavados como canoas e en- tão transportados para o litoral. […] Os pascoenses contaram […] como seus ancestrais erguiam as estátuas do ahu. Sentiam-se indignados que os arqueólogos nunca tivessem pensado em perguntar aquilo para eles e, para provar que sabiam como fa- As estátuas da ilha de Páscoa zê-lo, ergueram uma estátua sem usar um guindaste. […] Os insulares começavam construindo uma ram- pa de pedra ligeiramente inclinada que ia da praça até o topo da plataforma, sobre a qual puxavam a estátua deitada de bruços com a extremidade da base voltada para o topo. Assim que a base chegava à plataforma, erguiam a cabeça da estátua alguns centímetros usan- do toras como alavancas, punham pedras sob a cabeça para apoiá-la na nova posição, e repetiam a rotina in- clinando a estátua cada vez mais para a posição verti- cal. Isso deixava os proprietários com uma longa rampa de pedras, que então podia ser desmontada e reciclada para criar as laterais do ahu. O pukao era provavelmen- te erguido ao mesmo tempo que a estátua, ambos montados juntos na mesma armação de apoio. A parte mais perigosa da opera- ção era a inclinação final da está- tua de um ângulo muito inclinado para a posição vertical, por cau- sa do risco de a estátua ganhar im- pulso, ultrapassar a vertical e tom- bar pela traseira da plataforma. Evidentemente, de modo a redu- zir este risco, os escultores proje- tavam a estátua de modo que não fosse completamente perpendicular à sua base plana (p. ex., em um ân- gulo de 87° em relação à base, em vez de 90°). Deste modo, quando erguessem a estátua para uma posi- ção estável com a base posicionada sobre a plataforma, o corpo ainda estaria ligeiramente inclinado para a frente, sem risco de tombar para trás. Então, lentae cuidadosamen- te, podiam levantar com alavancas a borda da frente da base recupe- rando os últimos poucos graus que faltavam, introduzindo pedras sob a parte da frente da base de modo a estabilizá-la, até o corpo ficar na vertical. Ainda assim, trágicos aciden- tes podiam ocorrer nesta última fase, e evidentemente aconteceram. […].” DiamonD, J. Colapso. Rio de Janeiro: Record, 2005. Estátuas na ilha de Páscoa. As esculturas em forma de homem são chamadas de moais. A base de pedras é chamada de ahu; a pedra acima da cabeça é o pukao. OCEANO PACÍFICO 109°O 27°S Hanga Roa Moais 4,40 km CHILE Localização da ilha de Páscoa. 1. Desenhe no seu caderno a estrutura de alavancas necessária para levantar os ahus, os pukaos e os moais (lembre-se de que não havia qualquer tipo de motor, somente pessoas). 2. O texto afirma que os pascoenses atuais sabem como foram erguidas aquelas estátuas. Explique como esse conhecimento pode ter sido preservado, já que não se conhece documento escrito sobre isso. De acordo com o texto 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 234 12.08.09 17:35:09 235 Física e sociedade As Olimpíadas modernas são um dos maiores even- tos esportivos mundiais. Milhares de atletas se reúnem a cada quatro anos em um país-sede para disputar várias modalidades esportivas, sendo premiados com meda- lhas de ouro, prata e bronze. Desde 1984, após as Olim- píadas, acontecem também as Paraolimpíadas, disputas realizadas por atletas com necessidades especiais. Um dos elementos fundamentais para o bom desempenho desses atletas paraolímpicos é o uso de tecnologia para suprir as suas necessidades e permitir o pleno desenvol- vimento de suas capacidades. Muitos conhecimentos da Física são aplicados na confecção de equipamentos associados ao corpo huma- no, como é o caso das órteses e próteses. “Órtese é uma palavra derivada do grego, cujos ter- mos orthos e titheme significam, respectivamente, corre- ção e colocação. Portanto, definimos órtese como um dispositivo aplicado externamente ao segmento corpó- reo, com a finalidade de proporcionar melhora funcio- nal aos pacientes que apresentam algum tipo de disfun- ção ou necessidade de suporte. […] Órteses e próteses são dispositivos distintos […], apesar de serem agrupados e estudados frequentemente em uma mesma disciplina. As órteses exercem funções específicas sobre um segmento corpóreo, ao passo que as próteses são utilizadas para substituir segmentos am- putados ou malformados. […]. Por meio da área de con- tato, toda órtese gera vetores de força que são aplicados em uma determinada região cor- pórea. A quantidade de força e a área de contato que está sujeita à sua aplicação têm influência direta no conforto e na eficácia da órtese. Um sistema muito utili- zado é o de forças com três pontos de aplicação, no qual temos dois vetores em uma mesma direção e um outro localizado entre as duas pri- meiras, porém com sentido oposto. O sistema em equilíbrio deve ter a soma das forças aplicadas em direções opostas igual a zero. As forças para- lelas utilizadas em sistema de três pontos são inversamen- te proporcionais às suas distâncias perpendiculares; […]. Objetivos Repouso – As órteses […] são utilizadas para man- ter algum segmento corpóreo livre da ação de forças que levam a movimentos articulares indesejados. Exemplifi- camos com uma órtese de punho […]. Imobilização – As órteses […] devem evitar qual- quer movimento articular, sendo, portanto, utilizadas nos casos de traumas importantes ou em cuidados pós- -operatórios imediatos. Proteção – As órteses […] são indicadas principal- mente para se evitar traumas repetitivos ou limitar mo- vimentos indesejados. Podemos citar como exemplo […] joelheiras articuladas. Propriocepção – […] permitem aos pacientes a rea- lização de atividades com menor risco de recidivas ou a manutenção postural. Essas órteses são flexíveis e permi- tem movimentos articulares. As tornozeleiras e os corre- tores posturais são exemplos de órteses proprioceptivas. Correção – […] agem através de vetores de forças aplicadas sobre os segmentos, com o objetivo de rever- ter desvios estruturados, como nas escolioses, ou impe- dir a progressão de encurtamentos musculares.” Carvalho, J. A. Órteses: um recurso terapêutico complementar. Barueri: Manole, 2006. Uma das proposições das órteses é melhorar a função do segmento que está sendo envolvido. De forma geral, as órteses atingem tal objetivo controlando e adequando as forças que incidem sobre uma articulação ou segmento corpóreo que esteja em movimento ou em posição estáti- ca. Podem alterar ou mesmo restringir forças inapropria- das que possuam potencial para desencadear alterações articulares degenerativas ou mesmo deformidades. De acordo com o texto 1. Diferencie órtese de prótese. 2. Identifique as articulações do corpo que podem ser beneficiadas pelo auxílio de uma órtese. 3. Identifique algumas regiões do corpo humano que podem ser beneficiadas pelo auxílio de uma prótese. 4. Escreva sobre algumas das noções estudadas neste capítulo, destacando seu uso para projetar órteses e próteses. 5. Descreva as profissões relacionadas à avaliação, construção e colocação de órteses e próteses. Prótese de substituição da perna. Órtese de joelho. Aplicação de forças para manter o tornozelo e o joelho em posição neutra, em que ____ › FA força aplicada pela superfície, ____ › FP força potente aplicada por determinado músculo e ____ › FR força resistente. ____ › FP ____ › FP ____ › FR ____ › FR ____ › FP ____ › FA 5P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 235 12.08.09 17:36:17 236 Laboratório Participantes: 4 Objetivo: determinar o centro de gravidade de uma pessoa. Material: balança de banheiro; prancha longa e rígida que supor- te o peso de uma pessoa; dois pontos de apoio que mantenham a prancha na posição horizontal; trena ou fita métrica. A Procedimento 1. Coloque os pontos de apoio da prancha de modo que um deles permaneça no chão e o outro fique sobre a balança. Meça a dis- tância (D) entre eles e marque a posição deles no solo, para que permaneçam sempre no mesmo local e a distância seja constante. 2. Anote o valor medido pela balança (P1) quando não há ninguém sobre a prancha. 3. Um colega deve se deitar cuidadosamente sobre a prancha, sem tirá-la da posição. Anote o va- lor medido pela balança (P2). Um esquema da montagem final é apresentado na figura ao lado. 4. Calcule a posição do centro de gravidade do corpo do colega dei- tado na prancha, usando a equação: x P2 2 P1 _______ D 5. Com o auxílio de uma fita métrica, meça, desde o solo, o local do centro de gravidade do corpo do colega. Marque esse ponto. Rea- lize as medidas com no mínimo outros dois colegas, preferencial- mente de ambos os sexos. Experimento 1 — Centro de gravidade do corpo humano Experimento 2 — Equilíbrio estático do corpo humano 1. Verifique se o centro de gravidade dos homens e das mulheres é igual. Dê argumentos que justifiquem sua resposta. 2. Explique por que esse experimento avalia o centro de gravidade e não o centro de massa. Questões 1. Use o conceito de centro de gravidade para explicar por que não é possível manter o equilíbrio estático do corpo nos procedimentos descritos nos itens 1 e 2. Questão Objetivo: analisar alguns movimentos do corpo, em especial aque- les relacionados ao equilíbrio, de modo a perceber o corpo como uma estrutura interligada. Material: roupas confortáveis; uma cadeira; parede para encostar. A Procedimento 1. Fique em pé e se coloque de costas para a parede. Encoste as cos- tas na parede e mantenha o tronco reto enquanto olha para a frente. Permaneça parado nessa posição alguns segundos, até al- cançar um equilíbrio estático. Em seguida, incline o tronco para a frente lentamente e tente tocar os pés com as mãos sem dobrar os joelhos.Procure se equilibrar por 30 segundos. 2. Sente-se em uma cadeira com as pernas e os pés unidos. Em se- guida, tente se levantar mantendo o tronco sempre na vertical. x balança 4P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 236 10.08.09 20:52:29 237 Rede de conceitos EQUILÍBRIO DAS FORÇAS corpo extenso centro de massa alavancas engrenagens polias fixas móveis sozinhas associadas pode ser representado pelo seu no qual deve haver classificadas em interpotentes inter-resistentesinterfixas exemplo exemplo exemplo de um o pode ser observado nas podem ser podem ser utilizadas e força resultante nula ou torque resultante nulo 3P_EMF1_LA_U03_C08_214A237.indd 237 07.08.09 15:00:30
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