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Resenha - filme o físico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN 
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI – FACISA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA 
EPIDEMIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
HANNELY BEATRIZ MENEZES COSME 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE DE DISPERSÃO: CINEMA E CIÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2021 
 
O filme “o físico” (originalmente chamado de “el médico”), lançado em 2013, é 
ambientado no século XI e conta a história de Robert Cole, um garoto inglês, que fica 
órfão ainda criança, ao perder sua mãe para a “doença de lado” e precisa se virar para 
sobreviver. Logo no início do curta, Rob descobre, ao tocar em sua mãe que estava doente, 
que possui uma espécie de dom que lhe permite sentir a morte. Entretanto, tal “poder” 
ainda não é compreendido e explorado pelo menino, afinal ele é só uma criança. 
Ao se ver desamparado e sozinho, Robert se esconde na carroceria de Bader, um 
barbeiro nômade, que viaja pelos vilarejos vendendo remédios e oferecendo 
“tratamentos” para curar diferentes doenças; e assim cresce sob seus cuidados, como uma 
espécie de filho e aprendiz. Desde novo, Robert já sentia o desejo de aprender e estudar 
mais sobre as enfermidades e suas causas, para que assim pudesse evitar que tantas outras 
pessoas tivessem uma partida tão precoce como a de sua mãe. 
Entretanto, a Europa na Idade Média abominava todo e qualquer desenvolvimento 
científico, de modo que a Igreja possuía um forte controle sob a vida dos seus fiéis, 
ditando o que era certo e errado. Inclusive, Bader, que atuava como uma espécie de 
curandeiro (embora tivesse pouco conhecimento sobre o assunto) não era bem visto por 
alguns, tanto que em uma fatídica noite os dois são atacados por alguns moradores locais. 
Após o acidente, o quadro de catarata do barbeiro piora e Robert então encontra, em outro 
vilarejo, um homem que estudou medicina na Pérsia, no Oriente Médio e que consegue 
curá-lo. 
Vale salientar que, nessa época, o processo saúde-doença ainda não era bem 
compreendido, não existiam causas específicas e comprovadas para as doenças, não se 
tinha uma visão holística dos casos, nem mesmo se sabia da existência de agentes 
etiológicos. Nessa mesma perspectiva, não havia exatamente um modelo explicativo que 
fosse usado na identificação dessas doenças, afinal, a Igreja exercia uma forte influência 
no modo de pensar daquela sociedade, utilizando a fé e o credo como justificativa para 
tudo que acontecia. 
Então, ao saber da existência dessa escola, o jovem fica fascinado com a 
possibilidade aprender novas técnicas e métodos e decide ir em busca desse sonho. Porém, 
Robert descobre que, por ser cristão, ele não seria aceito no Oriente Médio, que era uma 
região gerida por mulçumanos, de modo que ele precisaria abrir mão de sua crença e 
fingir ser judeu. Esse ponto já nos mostra que existia um forte conflito entre as religiões, 
que queriam impor seus valores acima de qualquer outra coisa. Rob então parte em busca 
do seu objetivo e ao chegar no seu destino, fica ainda mais entusiasmado com aquela 
realidade totalmente desconhecida. Ele consegue ser aceito na escola de medicina e passa 
a ser um seguir fiel do mestre Ibn Sina, mostrando todo seu empenho e dedicação. 
Nesse mesmo contexto, conseguimos observar que a escola, bem como a região 
do Oriente Médio, mesmo com bastante limitações, seguiam um modelo de pensamento 
escolástico, tentando estabelecer técnicas que se baseiam em um pensamento racional, 
mas sem abandonar a fé ou ir contra as crenças religiosas. Vemos também uma forte 
influência do pensamento hipocrático, que considerava prioritariamente o paciente e 
buscava entender os aspectos da doença, inclusive, Hipócrates (considerado o pai da 
medicina) é citado em uma das aulas do mestre. 
Logo a epidemia da Peste Negra atinge a cidade e então Ibn Sina e seus estudantes 
iniciam uma luta incansável para conter os avanços da doença e evitar mais perdas. Se 
vendo sem saída, Robert sugere ao seu mestre que eles usem um dos cadáveres para 
realizar estudos mais aprofundados sobre a anatomia humana, de modo a descobrir mais 
sobre a doença. Tal proposta é descartada pelo senhor, pois esse ato iria contra suas 
crenças e valores, uma vez que, de acordo com sua religião, o corpo era um templo 
sagrado e praticar necropsia era considerado um crime hediondo. Nesse ponto, vemos 
uma grande oposição entre a ciência e a religião. 
Robert então descobre que os cadáveres expostos ao ar livre facilitavam a 
propagação da peste, bem como os ratos. Sendo assim, eles começam a cremar todos os 
corpos e a colocar veneno para acabar com os roedores, seus esforços são bastante 
eficazes e logo eles consegue se livrar da doença. Nesse mesmo contexto, alguns 
mulçumanos que também residem na cidade, começam a se reunir para planejar uma 
rebelião, pois acreditam que os estudos realizados na escola de medicina são atos impuros 
e que vão contra seus preceitos religiosos. 
Mesmo sabendo da proibição e correndo o risco de ser morto, Robert é ousado e 
inicia estudos às escondidas com um cadáver. Logo o estudante percebe que nada daquilo 
que tinha nos livros era verdade e que o corpo humano era muito mais complexo do que 
eles imaginavam. Ele passa a registrar tudo o que observa, fazendo anotações e desenhos. 
Essa atitude do jovem se opôs totalmente às crenças daquela época, porém, foi um grande 
marco para o desenvolvimento cientifico e para a medicina. Mas, ao ser descoberto, 
Robert é levado à julgamento e condenado a morte, juntamente com seu mestre. Os 
mulçumanos consideraram seu atitude uma grande ofensa e disparate contra seu Deus. 
Entretanto, o Xá (líder da comunidade), fica bastante doente e sabendo que os 
mulçumanos planejavam invadir sua cidade e tomar o poder, ele livra Robert da 
condenação e em troca exige que ele o opere, para que possa lutar junto com seus 
soldados. O estudante não sente firmeza em realizar tal ato, mas obtém total êxito na 
cirurgia, conseguindo retirar a apêndice que estava inflamada, prologando o tempo de 
vida do homem. Essa cena, em particular, é bastante significativa, pois mostra como os 
estudos e o desenvolvimento científico são fundamentais para que vida sejam salvas e 
que a coragem e ousadia do jovem médico foi essencial para esse avanço.

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