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ÁLGEBRA VETORIAL PROFESSOR GILMAR TEODOZIO INTRODUÇÃO Os métodos algébricos da Geometria Cartesiana de Fermat e Descartes influenciaram enormemente a matemática por quase 200 anos, até que foram necessários métodos mais diretos e livres de coordenadas na geometria. Em 1832, Giusto Bellavitis publicou um trabalho onde é apresentado o conceito de equipolência entre segmentos que é, basicamente, a noção de vetor que conhecemos e que foi formalizada em 1844 por Hermann Grassmann no seu Die Lineale Ausdehnungs-lehre, ein neuer Zweig der mathematik ( Teoria de Extensão Linear, um novo ramo da Matemática ). SEGMENTO ORIENTADO DEFINIÇÃO: É literalmente um segmento de reta orientado, com origem em um ponto e extremidade final em outro ponto, com INTENSIDADE, MÓDULO OU NORMA ( comprimento, tamanho ou distância entre os pontos extremos ), DIREÇÃO E SENTIDO definidos pela seta. O segmento orientado com origem em um ponto A e término em um ponto B é representado por 𝐴𝐵. Sejam A(a1,a2) e B(b1,b2) dois pontos do plano cartesiano, temos: 𝐴𝐵 = 𝐵 − 𝐴 = 𝑏1 − 𝑎1, 𝑏2 − 𝑎2 e 𝐵𝐴 = 𝐴 − 𝐵 = 𝑎1 − 𝑏1, 𝑎2 − 𝑏2 a1 a2 b1 b2 𝐴𝐵A B SEGMENTO ORIENTADO No espaço, sejam A(a1,a2,a3) e B(b1,b2,b3), temos que: 𝐴𝐵 = 𝐵 − 𝐴 = 𝑏1 − 𝑎1, 𝑏2 − 𝑎2, 𝑏3 − 𝑎3 e 𝐵𝐴 = 𝐴 − 𝐵 = 𝑎1 − 𝑏1, 𝑎2 − 𝑏2, 𝑎3 − 𝑏3 Podemos denominar estes dois tipos de segmentos orientados de segmentos orientados opostos ou simétricos. EQUIPOLÊNCIA Considerando A, B, C e D, quatro pontos de um sistema de coordenadas cartesianas. Dizemos que os segmentos orientados AB ( segmento de reta com origem no ponto A e extremidade no ponto B ) e CD ( segmento de reta com origem em C e extremidade em D ) são equipolentes, e escrevemos AB ≡ CD, quando satisfazem às seguintes três propriedades: (a) têm o mesmo comprimento; (b) são paralelos ou colineares; (c) têm o mesmo sentido. VETOR Podemos definir vetor como sendo um conjunto infinito de segmentos orientados equipolentes, ou seja, o conjuntos de todos os segmentos orientados que possuem as três propriedades: (a) têm o mesmo comprimento; (b) são paralelos ou colineares; (c) têm o mesmo sentido. OBSERVAÇÃO: Dados os pontos A(a1,a2) e B(b1,b2) num plano, as coordenadas do vetor 𝑣 = 𝐴𝐵 = 𝑏1 − 𝑎1, 𝑏2 − 𝑎2 e do vetor 𝑣 = 𝐵𝐴 = 𝑎1 − 𝑏1, 𝑎2 − 𝑏2 . Dados A(a1,a2,a3) e B(b1,b2,b3) no espaço, então 𝑣 = 𝐴𝐵 = 𝑏1 − 𝑎1, 𝑏2 − 𝑎2, 𝑏3 − 𝑎3 . VETOR SIMÉTRICO OU OPOSTO Dizemos que dois vetores são simétricos ou opostos se satisfazerem as seguintes propriedades: (a) têm o mesmo comprimento; (b) são paralelos ou colineares; (c) têm sentidos opostos. CONSEQUÊNCIAS DA DEFINIÇÃO Se 𝐴𝐵 ≡ 𝐶𝐷 ↔ ponto médio de AD = ponto médio de BC. Se 𝐴𝐵 ≡ 𝐶𝐷 ↔ 𝐴𝐶 ≡ 𝐵𝐷. Dados três pontos A, B e C, existe um único ponto D tal que 𝐴𝐵 ≡ 𝐶𝐷. Dados os pontos A(a1,a2), B(b1,b2), C(c1,c2) e D(d1,d2), se 𝐴𝐵 ≡ 𝐶𝐷 ↔ b1 – a1 = d1 – c1 e b2 – a2 = d2 – c2. 𝐴𝐵 ≡ 𝐴𝐵 ( reflexiva ). 𝐴𝐵 ≡ 𝐶𝐷 ↔ 𝐶𝐷 ≡ 𝐴𝐵 ( simétrica ). 𝐴𝐵 ≡ 𝐶𝐷 e 𝐶𝐷 ≡ 𝐸𝐹 → 𝐴𝐵 ≡ 𝐸𝐹. Se 𝑣 = 𝐴𝐴, qualquer que seja A, então 𝑣 = 0, é um correspondente do vetor nulo. EXEMPLO Dados os pontos A(2,2), B(3,-2) e C(-2,0), encontre as coordenadas: a) dos vetores 𝑣 =𝐴𝐵, 𝑢 = 𝐵𝐶 e 𝑤 = 𝐶𝐴. b) dos vetores simétricos aos vetores do item a. c) do ponto D tal que 𝐴𝐵 ≡ 𝐶𝐷. NORMA DE UM VETOR (INTENSIDADE, MÓDULO, COMPRIMENTO, TAMANHO) Como a norma do vetor corresponde ao comprimento do segmento orientado, portanto, é equivalente a distância entre os pontos inicial e final do segmento. No plano temos: Pelo teorema de Pitágoras temos: 𝑑𝐴𝐵 = 𝐴𝐵 = 𝑏1 − 𝑎1 2 + 𝑏2 − 𝑎2 2 a1 a2 b1 b2 A B NORMA DE UM VETOR (INTENSIDADE, MÓDULO, COMPRIMENTO, TAMANHO) No espaço, ocorre o mesmo que no plano, a norma corresponde a distância entre os pontos inicial e final do segmento orientado, daí teremos uma coordenada a mais e portanto: 𝐴𝐵 = 𝑏1 − 𝑎1 2 + 𝑏2 − 𝑎2 2 + 𝑏3 − 𝑎3 2 Geometricamente, vemos também que a norma corresponde a diagonal de um paralelepípedo, daí temos: 𝑑𝐴𝐵 = D = |𝐴𝐵| Figura 36 – Paralelepípedo b1-a1 b2- a2 b3-a3 d D x y z A B EQUAÇÃO DA CIRCUNFERÊNCIA Uma circunferência C com centro C(a,b) é o conjunto dos pontos de um plano π situados à mesma distância r>0 (raio) do ponto C, ou seja: C = {P∊ π / d(P,C) = r} Considerando P(x,y), temos: d(P,C) = r d(P,C)2 = r2 (x - a)2 + (y - b)2 = r2 EQUAÇÃO DA ESFERA Uma esfera E com centro C(a,b,c) é o conjunto dos pontos do espaço situados à mesma distância r>0 ( raio ) do ponto C, ou seja: C = {P∊ R3 / d(P,C) = r} Considerando P(x,y,z), temos: d(P,C) = r d(P,C)2 = r2 (x - a)2 + (y - b)2 + (z - c)2 = r2 ADIÇÃO DE VETORES DEFINIÇÃO: 1) Se 𝑢 e 𝑣 são vetores posicionados de maneira que o ponto inicial de 𝑣 o ponto terminal de 𝑢, então a soma 𝑢 + 𝑣 é o vetor do ponto inicial de 𝑢 ao ponto terminal de 𝑣. ( lei do polígono ). 2) Se posicionarmos 𝑢 e 𝑣 de maneira que eles comecem no mesmo ponto, então 𝑢 + 𝑣 estará ao longo da diagonal do paralelogramo com 𝑢 e 𝑣 como lados com mesma origem. ( lei do paralelogramo ). 𝑢 𝑣 𝑢 𝑣 𝑢 + 𝑣 𝑢 + 𝑣 ADIÇAO DE VETORES 3) Seja 𝑢 = 𝑢1, 𝑢2 e 𝑣 = 𝑣1, 𝑣2 vetores do plano expressos em termos de suas coordenadas em relação a um sistema de eixos ortogonais OXY. Então: 𝑢 + 𝒗 = 𝑢1 + 𝑣1, 𝑢2 + 𝑣2 4) Seja 𝑢 = u1,u2,u3 e 𝑣 = v1,v2,v3 vetores do espaço expressos em termos de suas coordenadas em relação a um sistema de eixos ortogonais OXYZ. Então: 𝑢 + 𝒗 = u1 + v1,u2 + v2,u3 + v3 5) Considerando 𝑢 e 𝑣, dois vetores de mesma origem que formam entre si um ângulo θ, Pela lei dos cossenos, temos que: 𝑢 + 𝑣 = 𝑢 2 + 𝑣 2 + 2 ∙ 𝑢 ∙ 𝑣 ∙ cos 𝜃 SUBTRAÇAO DE VETORES DEFINIÇÕES: 1) Se posicionarmos 𝑢 e 𝑣 de maneira que eles comecem no mesmo ponto, então 𝑢 − 𝑣 vai da extremidade de 𝑣 a extremidade de 𝑢 e 𝑣 − 𝑢 vai da extremidade de 𝑢 a extremidade de 𝑣. 2) Seja 𝑢 = u1,u2 e 𝑣 = v1,v2 vetores do plano expressos em termos de suas coordenadas em relação a um sistema de eixos ortogonais OXY. Então: 𝒖 − 𝒗 = u1 − v1,u2 − v2 3) Seja 𝑢 = u1,u2,u3 e 𝑣 = v1,v2,v3 vetores do espaço expressos em termos de suas coordenadas em relação a um sistema de eixos ortogonais OXYZ. Então: 𝒖 − 𝒗 = u1 − v1,u2 − v2,u3 − v3 𝑢 𝑣 𝑢 − 𝑣 SUBTRAÇAO DE VETORES 4) Considerando 𝑢 e 𝑣, dois vetores de mesma origem que formam entre si um ângulo θ, Pela lei dos cossenos, temos que: 𝑢 − 𝑣 = 𝑢 2 + 𝑣 2 − 2 ∙ 𝑢 ∙ 𝑣 ∙ cos 𝜃 PRODUTO DE UM ESCALAR POR VETOR DEFEINIÇÃO: O produto de λ ∊ R por 𝑣 = 𝐴𝐵 é o vetor λ 𝑣 = λ𝐴𝐵, representado pelo segmento orientado 𝐴𝐶, tal que: (a) A, B e C são colineares; (b) d(A,C) = λ d(A,B); (c) C = A se λ = 0; (d) Os segmentos orientados 𝐴𝐶 e 𝐴𝐵 têm igual sentido se λ > 0, e sentidos opostos se λ < 0. EXEMPLO: 𝑣 2 𝑣 -3 𝑣 PRODUTO DE UM ESCALAR POR VETOR Seja 𝑣 =< 𝑣1, 𝑣2, … , 𝑣𝑛 > e λ ∊ R, então: λ∙ 𝑣 =< λ ∙ 𝑣1, λ ∙ 𝑣2, … , λ ∙ 𝑣𝑛 > PROPRIEDADES DAS OPERAÇÕES COM VETORES 1) PROPRIEDADES DA ADIÇÃO 1.1) COMUTATIVIDADE: 𝒖 + 𝒗 = 𝒗 + 𝒖. 1.2) ASSOCIATIVIDADE: 𝑢 + 𝑣 + 𝑤 = 𝑢 + 𝑣 + 𝑤. 1.3) EXISTÊNCIA DO ELEMENTO NEUTRO ADITIVO: O vetor nulo 0 é tal que: 𝒖 + 𝟎 = 𝟎 + 𝒖. 1.4) EXISTÊNCIA DO INVERSO ADITIVO ( OPOSTO OU SIMÉTRICO ): 𝒖 + −𝒖 = 𝟎. PROPRIEDADES DAS OPERAÇÕES COM VETORES 2) PROPRIEDADE DA MULTIPLICAÇÃO DE ESCALARES POR VETOR 2.1) ASSOCIATIVA : λ(μ 𝑣) = (λμ) 𝑣. 2.2) EXISTÊNCIA DE ELEMENTO NEUTRO MULTIPLICATIVO : O NÚMERO 1 ∊ R é tal que 1𝑢 = 𝑢. 2.3) PROPRIEDADES DISTRIBUTIVAS : λ(𝒖 + 𝒗) = λ𝑢 + λ 𝑣 e (λ + μ)𝑢 = λ𝑢 + μ𝑢 PONTO MÉDIO Como M está a mesma distância de A e B: Temos que: 𝑀𝐴 + 𝑀𝐵 = 0 A – M + B – M = 0 2M = A + B M = 𝐴+𝐵 2 A B M BARICENTRO O baricentro de um triângulo é o ponto onde suas medianas se intersectam. É possível demonstrar que:𝐺𝐴 + 𝐺𝐵 + 𝐺𝐶 = 0 A – G + B – G + C – G = 0 3G = A + B + C G = 𝐴+𝐵+𝐶 3 A B C M1 M2 M3 G COMBINAÇÃO LINEAR 1) O vetor 𝑣 é múltiplo de 𝑢 se existe λ ∊ R tal que 𝑣 = λ𝑢. 2) O vetor 𝑣 é a combinação linear dos vetores 𝑣1, 𝒗𝟐, ... , 𝒗𝒏 quando existem números reais λ1, λ2, ... , λn tais que: 𝒗 = λ𝟏 ∙ 𝒗𝟏 + λ𝟐 ∙ 𝒗𝟐 + ⋯+ λ𝒏 ∙ 𝒗𝒏 3) Um dos vetores 𝑢 =< 𝑎, 𝑏 > e 𝑣 =< 𝛼, 𝛽 > é múltiplo do outro se e só se: 𝑎 𝑏 𝛼 𝛽 = 𝑎 𝛼 𝑏 𝛽 = 𝑎𝛽 − 𝑏𝛼 = 0 4) Se nenhum vetor 𝑢 e 𝑣 é múltiplo do outro, então todo vetor do plano pode ser escrito de um único modo como combinação linear de 𝑢 e 𝑣. BASE DE UM ESPAÇO VETORIAL DEFINIÇÃO: Seja V um espaço vetorial finitamente gerado. Uma base de V é um subconjunto finito B ⊂ V verificando as condições: (a) B gera V, isto é, V = [B]; (b) B é linearmente independente, ou seja, um conjunto de vetores L.I. EXEMPLO: Os vetores e1 = (1,0) e e2 = (0,1) formam uma base do R 2; os vetores e1 = (1,0,0), e2 = (0,1,0) e e3 = (0,0,1) formam uma base do R 3, e assim por diante, essas são as chamadas bases canônicas ( naturais ) dos respectivos espaços, que são vetores unitários dos eixos ortogonais. Todos os vetores desses espaços podem ser representados por uma combinação linear de suas respectivas bases. MUDANÇA DE BASE As bases canônicas não são as únicas bases de um espaço vetorial V, qualquer conjunto B de vetores linearmente independentes, com a quantidade de vetores correspondente a dimensão de V, é também uma base de V. Seja V de dimensão finita n, e S ⊂ V um subconjunto com n = dim V vetores. (a) Se S é L.I., então V = [S] e S é uma base de V; (b) Se V = [S], então S é L.I. e S é uma base de V. Com isso, podemos perceber que um espaço vetorial qualquer possui infinitas bases e que, portanto, podemos representar os vetores desse espaço vetorial em qualquer base, este procedimento chamamos de mudança de base. COLINEARIDADE E PARALELISMO DE DOIS VETORES Pelo que já estudamos, é fácil perceber que um vetor 𝑢 é colinear ou paralelo a um vetor 𝑣 se e somente se existe um λ∊ℛ tal que: 𝑢 = λ 𝑣 VETOR UNITÁRIO ( VERSO ) É um vetor cujo módulo é 1. Os vetores 𝑖, 𝑗 e 𝑘 são exemplos de vetores unitários ou versores. Em geral, se 𝑣 ≠ 0, então o vetor unitário que tem a mesma direção e o mesmo sentido de 𝑣 ( 𝑣𝑢 ), chamado versor de 𝑣, é dado por: 𝑣𝑢 = 𝑣 𝑣 PRODUTO ESCALAR OU PRODUTO INTERNO ENTRE DOIS VETORES DEFINIÇÃO: O produto interno dos vetores 𝑢 e 𝑣 é o número real: 𝑢, 𝑣 = 𝑢. 𝑣 = 0, 𝑠𝑒 𝑢 = 0 𝑜𝑢 𝑣 = 0 𝑢 𝑣 𝑐𝑜𝑠𝜃, 𝑠𝑒 𝑢 ≠ 0, 𝑣 ≠ 0 𝑒 𝜃 = ∠ 𝑢, 𝑣 . No plano: Dados 𝑢 = 𝑎, 𝑏 e 𝑣 = α, β . Temos: 𝑢, 𝑣 = 𝑢. 𝑣 = a.α + b.β No espaço: Dados 𝑢 = 𝑎, 𝑏, 𝑐 e 𝑣 = α, β, Ɣ . Temos: 𝑢, 𝑣 = 𝑢. 𝑣 = a.α + b.β + c.Ɣ PROPRIEDADES DO PRODUTO ESCALAR Se 𝑢, 𝑣 e 𝑤 são vetores do ℛ3 e λ é um escalar, então: 1) 𝑢 . 𝑢 = 𝑢 2 2) 𝑢 . 𝑣 = 𝑣 . 𝑢 3) 𝑢 . ( 𝑣 + 𝑤) = 𝑢 . 𝑣 + 𝑢 . 𝑤 4) (λ𝑢) . 𝑣 = λ(𝑢 . 𝑣) = 𝑢 . (λ 𝑣) 5) 0 . 𝑢 = 𝑢 . 0 = 0 ÂNGULO ENTRE DOIS VETORES Se θ é o ângulo entre dois vetores não nulos 𝑢 e 𝑣, então: cos 𝜃 = 𝑢 ∙ 𝑣 𝑢 𝑣 PERPENDICULARISMO OU ORTOGONALIDADE Dois vetores não nulos 𝑢 e 𝑣 são perpendiculares ou ortogonais se o ângulo entre eles for θ = 𝜋 2 . Com Isso temos: 𝑢 . 𝑣 = 𝑢 . 𝑣 . cos 𝜋 2 = 0 Portanto: 𝑢 e 𝑣 são perpendiculares ou ortogonais se e somente se: 𝑢 . 𝑣 = 0 ÂNGULOS DIRETORES Os ângulos diretores de um vetor não nulo 𝑢 são os ângulos α, β e 𝛾 ( no intervalo [0,𝜋] ) que 𝑢 faz com os eixos coordenados positivos x, y e z. Os cossenos desses ângulos diretores, cos α, cos β e cos ୪, são chamados cossenos diretores do vetor 𝑢. Pelo que estudamos, podemos perceber que: cos α = 𝑢 ∙ 𝑖 𝑢 ∙ 𝑖 = 𝑢𝑥 𝑢 ∴ cos𝛽 = 𝑢𝑦 𝑢 ∴ cos 𝛾 = 𝑢𝑧 𝑢 Podemos também perceber que: 𝑐𝑜𝑠2 𝛼 + 𝑐𝑜𝑠2 𝛽 + 𝑐𝑜𝑠2 𝛾 = 𝑢𝑥 𝑢 2 + 𝑢𝑦 𝑢 2 + 𝑢𝑧 𝑢 2 = 𝑢 2 𝑢 2 = 1 Percebe-se ainda também que: 𝑢 = 𝑢 cos𝛼, 𝑢 cos𝛽, 𝑢 cos 𝛾 PROJEÇÕES A projeção escalar de 𝒗 sobre 𝒖 (também chamada componente de 𝒗 ao longo de 𝒖) é definida como o módulo com sinal do vetor projeção, cujo valor é dado pelo número 𝑣 cos 𝜃, onde 𝜃 é o ângulo entre 𝒖 e 𝒗. Denotando por 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑢 𝑣 e partindo do produto escalar estudado: 𝑢. 𝑣 = 𝑢 𝑣 𝑐𝑜𝑠𝜃 temos que: 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑢 𝑣 = 𝑣 cos 𝜃 = 𝑢∙𝑣 𝑢 = 𝑢 𝑢 ∙ 𝑣 O vetor projeção de 𝑣 sobre 𝑢 é a projeção escalar vezes o versor de 𝑢: 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑢 𝑣 = 𝑢 ∙ 𝑣 𝑢 𝑢 𝑢 = 𝑢 ∙ 𝑣 𝑢 2 𝑢 DESIGUALDADE DE CAUCHY-SCHWARZ Tomando o módulo de ambos o lado da equação: 𝑢. 𝑣 = 𝑢 𝑣 𝑐𝑜𝑠𝜃 e sabendo que cos 𝜃 ≤ 1 para todo θ, temos que: 𝑢. 𝑣 ≤ 𝑢 𝑣 Além disso, vale a igualdade se e somente se 𝑢 e 𝑣 são múltiplos um do outro, pois cos θ = 1 se e só se θ = 0 ou π(180°). DESIGUALDADE TRIANGULAR Para todos os vetores 𝑢 e 𝑣 do plano vale a desigualdade triangular: 𝑢 + 𝑣 ≤ 𝑢 + 𝑣 , valendo a igualdade se e somente se 𝑢 e 𝑣 é zero ou se 𝑢 e 𝑣 são múltiplos positivos um do outro. DEMONSTRAÇÃO DA DESIGUALDADE TRIANGULAR Como as quantidades na desigualdade, são números reais não negativos, ela equivale a: 𝑢 + 𝑣 2 ≤ 𝑢 2 + 𝑣 2 Como: 𝑢 + 𝑣 2 = 𝑢 + 𝑣 ∙ 𝑢 + 𝑣 = 𝑢. 𝑢 + 𝑢. 𝑣 + 𝑣. 𝑢 + 𝑣. 𝑣 = 𝑢 2 + 2 𝑢. 𝑣 + 𝑣 2 ≤ 𝑢 2 + 2 𝑢 𝑣 + 𝑣 2 temos que: 𝑢 + 𝑣 2 ≤ 𝑢 + 𝑣 2 Finalmente, extraindo a raiz quadrada de ambos os membros desigualdade, temos que: 𝑢 + 𝑣 ≤ 𝑢 + 𝑣 ÁREAS DE PARALELOGRAMOS A B CE D 𝑢 𝑣 θ A área do paralelogramo se obtém por: 𝐴𝐶 𝐸𝐵 Como 𝐸𝐵 = 𝐴𝐵 𝑠𝑒𝑛 𝜃 , temos que: Área = 𝐴𝐵 𝐴𝐶 𝑠𝑒𝑛 𝜃 ou Área = 𝑢 𝑣 𝑠𝑒𝑛 𝜃 , daí como sen2 θ = 1 – cos2 θ , temos que: Á𝑟𝑒𝑎2 = 𝑢 𝑣 𝑠𝑒𝑛 𝜃 2 = 𝑢 2 𝑣 2𝑠𝑒𝑛2𝜃 = 𝑢 2 𝑣 2 1 − 𝑐𝑜𝑠2𝜃 = 𝑢 2 𝑣 2 − 𝑢 2 𝑣 2𝑐𝑜𝑠2𝜃 = 𝑢 2 𝑣 2 − 𝑢 𝑣 𝑐𝑜𝑠𝜃 2 = 𝑢 2 𝑣 2 − 𝑢 ∙ 𝑣 2 Portanto: Á𝑟𝑒𝑎 = 𝑢 2 𝑣 2 − 𝑢 ∙ 𝑣 2 ÁREAS DE PARALELOGRAMOS Pela equação encontrada : Á𝑟𝑒𝑎 = 𝑢 2 𝑣 2 − 𝑢 ∙ 𝑣 2 e considerando os vetores no plano com coordenadas cartesianas iguais a 𝑢 = 𝑎, 𝑏 e 𝑣 = 𝑐, 𝑑 , podemos observar também que: Á𝑟𝑒𝑎2 = 𝑢 2 𝑣 2 − 𝑢 ∙ 𝑣 2 = 𝑑𝑒𝑡 𝑢 2 𝑢 ∙ 𝑣 𝑢 ∙ 𝑣 𝑣 2 = 𝑑𝑒𝑡 𝑢 ∙ 𝑢 𝑢 ∙ 𝑣 𝑢 ∙ 𝑣 𝑣 ∙ 𝑣 , como 𝑢 ∙ 𝑢 = 𝑎2 + 𝑏2, 𝑣 ∙ 𝑣 = 𝑐2 + 𝑑2 e 𝑢 ∙ 𝑣 = 𝑎𝑐 + 𝑏𝑑 , temos que: Á𝑟𝑒𝑎2 = 𝑎2 + 𝑏2 𝑐2 + 𝑑2 − 𝑎𝑐 + 𝑏𝑑 2 = 𝑎2𝑐2 + 𝑎2𝑑2 + 𝑏2𝑐2 + 𝑏2𝑑2 − 𝑎2𝑐2 − 2𝑎𝑏𝑐𝑑 − 𝑏2𝑑2 = 𝑎𝑑 2 − 2 𝑎𝑑 𝑏𝑐 + 𝑏𝑐 2 = 𝑎𝑑 − 𝑏𝑐 2 Portanto: Á𝑟𝑒𝑎 = 𝑎𝑑 − 𝑏𝑐 = 𝑑𝑒𝑡 𝑎 𝑏 𝑐 𝑑 = 𝑑𝑒𝑡 𝑎 𝑐 𝑏 𝑑 EXEMPLO Determine a área do paralelogramo ABDC, onde A(1,2), B(3,1) e C(4,1). ÁREAS DE TRIÂNGULOS Pelo que estudamos anteriormente, é fácil perceber que: A B C D Á𝑟𝑒𝑎 𝐴𝐵𝐶 = 1 2 𝑑𝑒𝑡 𝐴𝐵 𝐴𝐶 EXEMPLO Calcule a área do triângulo de vértices A(4,2), B(6,1) e C(3,2). PRODUTO VETORIAL DEFINIÇÃO 1: Dados os vetores 𝑢 = 𝑥1, 𝑦1, 𝑧1 e 𝑣 = 𝑥2, 𝑦2, 𝑧2 . O produto vetorial de 𝑢 por 𝑣 é o vetor: 𝑢 × 𝑣 = 𝑦1𝑧2 − 𝑦2𝑧1, − 𝑥1𝑧2 − 𝑥2𝑧1 , 𝑥1𝑦2 − 𝑥2𝑦1 Dispositivo prático: 𝑢 × 𝑣 = 𝑒1 𝑒2 𝑒3 𝑥1 𝑦1 𝑧1 𝑥2 𝑦2 𝑧2 = 𝑦1 𝑧1 𝑦2 𝑧2 𝑒1 − 𝑥1 𝑧1 𝑥2 𝑧2 𝑒2 + 𝑥1 𝑦1 𝑥2 𝑦2 𝑒3 onde 𝑒1 = 1,0,0 , 𝑒2 = 0,1,0 e 𝑒3 = 0,0,1 são os vetores da base canônica de um sistema de eixos ortogonais. PROPRIEDADES DO PRODUTO VETORIAL Para quaisquer vetores do espaço 𝑢 = 𝑥1, 𝑦1, 𝑧1 , 𝑣 = 𝑥2, 𝑦2, 𝑧2 e 𝑤 = 𝑥3, 𝑦3, 𝑧3 e λ є R, valem as seguintes propriedades: (1) 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑢 = 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑣 = 0, isto é, 𝑢 × 𝑣 é um vetor ortogonal aos vetores 𝑢 e 𝑣; (2)𝑢 × 𝑣 = 0 se e só se um dos vetores 𝑢 ou 𝑣 é múltiplo do outro. Ou seja, 𝑢 e 𝑣 não são múltiplos se e só se 𝑢 × 𝑣 ≠ 0; (3) 𝑢 × 𝑣 = 𝑢 𝑣 𝑠𝑒𝑛 𝜃, onde θ = ∠ 𝑢, 𝑣 ; (4) Se 𝑢 × 𝑣 ≠ 0, então 𝑢, 𝑣 e 𝑢 × 𝑣 são vetores L.I.; (5)𝑢 × 𝑣 = − 𝑣 × 𝑢 ; (6) λ𝑢 × 𝑣 = 𝑢 × λ 𝑣 = λ 𝑢× 𝑣 ; (7) 𝑢 + 𝑤 × 𝑣 = 𝑢 × 𝑣 + 𝑤 × 𝑣 e 𝑢 × 𝑣 + 𝑤 = 𝑢 × 𝑣 + 𝑢 × 𝑤; PROPRIEDADES DO PRODUTO VETORIAL (8) 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 = det(𝑢, 𝑣, 𝑤), ou seja: 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 = 𝑥1 𝑦1 𝑧1 𝑥2 𝑦2 𝑧3 𝑥3 𝑦3 𝑧3 Na ordem que são listados; (9) 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 = 0 se e somente se 𝑢, 𝑣 e 𝑤 são vetores L.D. Consequentemente 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 ≠ 0 se e somente se 𝑢, 𝑣 e 𝑤 são vetores L.I. OBSERVAÇÕES Sejam A, B, C e D quatro pontos do espaço. Pelas propriedades (2) e (9), temos, respectivamente, que: • A, B e C são colineares se e só se 𝐴𝐵 × 𝐴𝐶 = 0. Ou seja, A,B e C não são colineares se e só se 𝐴𝐵 × 𝐴𝐶 ≠ 0; • A,B,C e D são coplanares se e só se 𝐴𝐵 × 𝐴𝐶 ∙ 𝐴𝐷 = 0. Então, A, B, C e D são não coplanares se e só se 𝐴𝐵 × 𝐴𝐶 ∙ 𝐴𝐷 ≠ 0. INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DA NORMA DO PRODUTO VETORIAL O A B C 𝑢 𝑣 h x y z Sejam 𝑢 = 𝑂𝐴 ≠ 0 e 𝑣 = 𝑂𝐵 ≠ 0 vetores não colineares, e seja C o quarto vértice do paralelogramo Ƥ = OACB. A altura de Ƥ, considerando o segmento OA como base, é: ℎ = 𝑂𝐵 𝑠𝑒𝑛 ∠ 𝑂𝐴, 𝑂𝐵 Logo: Á𝑟𝑒𝑎 (Ƥ) = 𝑂𝐴 𝑂𝐵 𝑠𝑒𝑛∠ 𝑂𝐴, 𝑂𝐵 = 𝑢 𝑣 sen ∠ 𝑢, 𝑣 Á𝑟𝑒𝑎 Ƥ = 𝑢 × 𝑣 Note que se 𝑢 e 𝑣 são colineares, ou 𝑢 = 0 ou 𝑣 = 0, então o paralelogramo Ƥ fica reduzido a um segmento ou a um ponto (paralelogramo degenerado) e tem, portanto, área zero. DEFINIÇÃO 2 O produto vetorial 𝑢 × 𝑣 é um vetor perpendicular ao plano formado por 𝑢 e 𝑣 que satisfaz a regra da mão direita, ou seja, ao esticar os dedos indicador, médio, anular e mínimo na direção e sentido do vetor 𝑢 e depois fecharmos a mão na direção e sentido do vetor 𝑣, o polegar esticado apontará para o sentido de 𝑢 × 𝑣. EXEMPLO 1 Determine o produto vetorial de 𝑢 = 1,2,3 por 𝑣 = 2,−1,1 . EXEMPLO 2 Sejam 𝑃𝑜 = 1,−1,2 , 𝑃 = 1,3,1 e 𝑄 = 2,−1,0 pontos do espaço. Calcule a área do paralelogramo Ƥ que tem como arestas adjacentes os segmentos 𝑃𝑜𝑃 e 𝑃𝑜𝑄. EXEMPLO 3 Encontre os valores de t є R para os quais os vetores 𝑢 = 2,0, 𝑡 e 𝑣 = 𝑡, 0,2 sejam colineares. EXEMPLO 4 Sejam 𝑢 = 1,2,3 , 𝑣 = 1,0,2 e 𝑤 = 1,0,0 vetores do espaço. Mostre que: 𝑢 × 𝑣 × 𝑤 ≠ 𝑢 × 𝑣 × 𝑤 . PRODUTO MISTO O produto misto dos vetores 𝑢 = 𝑢1, 𝑢2, 𝑢3 , 𝑣 = 𝑣1, 𝑣2, 𝑣3 e 𝑤 = 𝑤1, 𝑤2, 𝑤3 do espaço é o número real 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 = 𝑢1 𝑢2 𝑢3 𝑣1 𝑣2 𝑣3 𝑤1 𝑤2 𝑤3 PROPRIEDADES DO PRODUTO MISTO Sejam 𝑢, 𝑢𝑜, 𝑣, 𝑣𝑜, 𝑤 e 𝑤𝑜 vetores do espaço e seja λ∈ℝ. Então: (1) λ𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 = 𝑢 × λ 𝑣 ∙ 𝑤 = 𝑢 × 𝑣 ∙ λ𝑤 = λ 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 ; (2) 𝑢 + 𝑢𝑜 × 𝑣 ∙ 𝑤 = 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 + 𝑢𝑜 × 𝑣 ∙ 𝑤 , 𝑢 × 𝑣 + 𝑣𝑜 ∙ 𝑤 = 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 + 𝑢 × 𝑣𝑜 ∙ 𝑤 e 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 + 𝑤𝑜 = 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 + 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤𝑜 (3) 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 = 0 se e somente se, os vetores 𝑢, 𝑣 e 𝑤 são L.D., ou seja, 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 ≠ 0 se e somente se, 𝑢, 𝑣 e 𝑤 são L.I. (4) O sinal do produto misto muda quando permutamos dois de seus vetores: 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 = − 𝑣 × 𝑢 ∙ 𝑤, 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 = − 𝑤 × 𝑣 ∙ 𝑢, 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 = − 𝑢 × 𝑤 ∙ 𝑣 INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DO PRODUTO MISTO Seja A, B, C e D pontos não coplanares e Ƥ o paralelepípedo que tem os segmentos AB, AC e AD como arestas adjacentes. INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DO PRODUTO MISTO Considerando o paralelogramo Ƭ de lados adjacentes AB e AC como base de Ƥ, 𝑉𝑜𝑙 Ƥ = Á𝑟𝑒𝑎 Ƭ ∙ ℎ onde h é a altura de Ƥ relativa a base Ƭ . Se 𝑢 = 𝐴𝐵, 𝑣 = 𝐴𝐶 e 𝑤 = 𝐴𝐷, sabemos que Á𝑟𝑒𝑎 Ƭ = 𝑢 × 𝑣 e ℎ = 𝑤 ∙ 𝑐𝑜𝑠∡ 𝑤, 𝑢 × 𝑣 . Portanto 𝑉𝑜𝑙 Ƥ = 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 ∙ 𝑐𝑜𝑠∡ 𝑤, 𝑢 × 𝑣 ou seja, o volume de Ƥ é o módulo do produto misto dos vetores 𝑢, 𝑣 e 𝑤: 𝑉𝑜𝑙 Ƥ = 𝑢 × 𝑣 ∙ 𝑤 ou, em termos dos vértices A, B, C e D 𝑉𝑜𝑙 Ƥ = 𝐴𝐵 × 𝐴𝐶 ∙ 𝐴𝐷