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Governador Vice Governador Secretária da Educação Secretário Adjunto Secretário Executivo Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Cid Ferreira Gomes Domingos Gomes de Aguiar Filho Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Maurício Holanda Maia Antônio Idilvan de Lima Alencar Cristiane Carvalho Holanda Andréa Araújo Rocha Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 1 SUMÁRIO 1.Introdução .................................................................................................................... 02 2.Importância Econômica, Alimentar e Social .............................................................. 03 3.Agronegócio ................................................................................................................ 06 4.Aspectos Botânicos ...................................................................................................... 10 5.Principais Variedades ................................................................................................... 15 6. Propagação ................................................................................................................. 18 7. Instalação do Pomar .................................................................................................... 24 8.Podas ............................................................................................................................ 27 9.Desbaste e o Ensacamento dos Frutos ........................................................................ 30 10.Nutrição, adubação e calagem .................................................................................... 30 11.Consorciação ............................................................................................................ 31 12.Controle de invasoras ............................................................................................... 36 13.Produtividadade .......................................................................................................... 36 14.Coeficientes técnicos .................................................................................................. 37 15.Colheita ...................................................................................................................... 38 16. Literatura Consultada................................................................................................40 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 2 CULTURA DA GOIABEIRA 01. INTRODUÇÃO A Goiabeira (Psidium guajava L.) é originária da América Tropical, entre o México e o Brasil. Pertence à família Myrtaceae e é uma planta perene, de porte arbusto ou semi - arbórea, com 3 a 7 m de altura. As folhas são opostas, têm formato elíptico-oblongo e caem após a maturação. As frutas são variáveis em seu tamanho, forma, sabor e o peso em função da cultivar. A coloração da polpa pode ser branca, creme, amarela, rosa ou vermelha. A fruta é rica em vitamina C e se destina tanto ao consumo natural como à industrialização, na forma de compota, massa, sorvete, suco e geléia. Apesar das divergências sobre sua origem, a goiabeira é hoje encontrada em quase todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo, em virtude da sua fácil adaptação a diferentes climas e sua fácil propagação por semente. A cultura da goiabeira, de grande importância socioeconômica para o Nordeste brasileiro, foi, por muito tempo, juntamente com a cultura da bananeira, a grande fornecedora de matéria-prima para a indústria de doces da região. A goiabeira era, entretanto, cultivada em áreas dependentes de chuva, com genótipos desconhecidos que nem sempre produziam frutos com as características desejadas pelo mercado consumidor, fosse ele industrial ou para consumo in natura. Nessas áreas, a tecnologia adotada era rudimentar. Além disso, o ciclo de produção limitava-se a três ou quatro meses, dependendo do período chuvoso. A produção por planta era variável e nunca ultrapassava 20kg ou 30kg por planta/safra. No entanto, a goiaba sempre foi um dos sustentáculos da indústria de doces do Nordeste brasileiro, chegando, juntamente com a banana, a fornecer cerca de 80% de toda a matéria-prima utilizada por essas indústrias. Na Região Nordeste, o Estado de Pernambuco sempre foi, tradicionalmente, um dos grandes produtores de goiaba, notadamente os municípios de Flores, Triunfo, Buíque, Pedra e Custódia. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 3 Nos últimos anos, porém, o cultivo de fruteiras no Trópico Semi-Árido do Nordeste brasileiro tem-se mostrado uma atividade comercial atraente, considerada hoje uma excelente atividade do agronegócio. Basicamente, esse fato se deve à adaptação de inúmeras fruteiras às condições de solo e, principalmente, às condições climáticas. Além disso, existem hoje no Nordeste diversos pólos de agricultura irrigada que favorecem, com sucesso, a exploração de diversas espécies frutíferas. Somente na Região do Submédio do Vale do São Francisco, há, atualmente, cerca de 100 mil hectares irrigáveis, em condições de propiciar, ao produtor da região, altos níveis de produtividade com a exploração de frutas, seja para o mercado local seja para exportação. Esses pólos permitem a produção de frutas durante todo o ano, inclusive nos períodos em que os mercados europeu, asiático e norte-americano estão desabastecidos, ou seja, entre outubro e abril. 02. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA, ALIMENTAR E SOCIAL A importância econômica de uma cultura pode ser avaliada sob vários aspectos, relacionados, por exemplo, com a utilização da matéria-prima produzida, o volume comercializado do produto e até mesmo com os esforços de pesquisa desenvolvidos. Sabe-se que os frutos da goiabeira têm importância econômica real, pelas suas amplas formas de aproveitamento. Em todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo, a goiaba não só é empregada na indústria, sob múltiplas formas (purê, polpa, néctar, suco, compota, sorvete, entre outros), como, também, é amplamente consumida como fruta fresca (Martin, 1967). É grande a importância alimentar da goiaba, notadamente no Nordeste do Brasil, uma região sabidamente carente de fontes alimentares. Seu consumo é hábito disseminado em todas as camadas da sociedade, desde as mais abastadas até as de baixo poder aquisitivo. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 4 Tabela1. Produção total da goiaba 345.533 t/ha Figura:1 (Fonte: AGRIANUAL 2008) O seu valor nutritivo é dos mais importantes, pois, além de conter cerca de 150 a 209 calorias por 100g de fruta, possui um dos mais altos teores de vitamina C (ácido ascórbico) entre as frutas, superada apenas pela acerola. Algumas variedades silvestres de goiaba apresentam cerca de 600mg a 700mg de ácido ascórbico por 100g de fruta. Esse teor é dez vezes maior que o conteúdo de vitamina C de qualquer variedade de laranja que se conheça. Possui ainda considerável teor de vitamina A, cálcio, tiamina, niacina, fósforo e ferro (Paula, 1950; Martin, 1967). O incremento do plantio comercial com variedades de goiabeira selecionadas e própriaspara consumo in natura ou para a industrialização ocorrerá em conseqüência de sua grande importância alimentar, considerados seu valor nutritivo geral - elementos minerais, vitaminas, carboidratos, proteínas e fibras (Pereira, 1995) - e seu elevado teor de vitamina C (Rathore, 1976); (Gurgel et al., 1951). Tais informações podem ser constatadas, comparativamente a outras frutas, na Tabela 2 . Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 5 Tabela 2– Composição de 100g de porção comestível de varias frutas subtropicais FONTE: Fernando Mendes Pereira, 1995. Figura 2: Goiabas vermelhas ricas em licopeno -Pigmento carotenóide responsável pela coloração avermelhada dos tomates, melancias, mamões, pitangas e goiabas vermelhas; - Age como agente antioxidante com capacidade sequestrante de radicais livres; - Possível ação contra o câncer, principalmente o de próstata, e doenças cardiovasculares; Esses são fatores que poderão, de fato, impulsionar a venda e o consumo da goiaba no Brasil e no exterior. Para tanto, é necessário que produtores, varejistas e atacadistas façam intensa divulgação dessas características nutricionais, usando os meios de comunicação, nos diversos pontos de distribuição da fruta e até mesmo nas embalagens. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 6 03. AGRONEGÓCIO A goiaba é uma fruta nativa da América tropical e, atualmente, pode ser encontrada em todas as regiões do Brasil. Sua produção em escala industrial no país teve início na década de 70, quando grandes áreas tecnificadas foram implantadas, com produção direcionada para os mercados nacional e internacional, na forma in natura, industrializada (doces e sucos) e desidratada. A goiaba disputa a faixa mercadológica daqueles consumidores que preferem produtos naturais, pois sabem que somente 50% da vitamina C sintética podem ser absorvidos, enquanto 100% da de origem natural são consumidos pelo organismo humano. 3.1. Nova visão do Agronegócio Consumidores e clientes do atual mercado global exigem cada vez mais qualidade mercadológica da goiaba de mesa, pois estão preocupados com a segurança dos alimentos e a preservação do meio ambiente. O clássico conceito dos “4 Ps” (produto, preço, praça e promoção) não é suficiente para garantir, ao fruto, a liderança nos mercados competitivos. Hoje, produtores de goiaba e/ou empresários rurais precisam enfrentar a concorrência, atualizando-se com as novas tendências tecnológicas e oferecendo vantagens no seu agronegócio, por meio da conjunção de gestão estratégica da cadeia de suprimentos (supply chain management) com tecnologia da informação, com baixo custo, constância de fornecimento, confiança e baixo risco de perda de competitividade. 3.2 Comportamento do Consumidor A procura por uma vida saudável e está transformando o comportamento dos atuais consumidores. Os novos conhecimentos sobre as vantagens proporcionadas à saúde, pela utilização de frutas frescas, contribuíram para o incremento significativo no consumo desse grupo de alimentos. As frutas frescas têm baixo teor calórico e são ricas em fibras Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 7 alimentares, vitaminas e sais minerais. Além disso, geralmente, não contêm colesterol, gordura, sal e outras substâncias nocivas à saúde. Segundo os profissionais da área de saúde, a elevação da qualidade de vida é garantida quando se consegue aliar o consumo de alimentos funcionais, principalmente frutas, com a prática de exercícios físicos e mentais e o gerenciamento do estresse. Alimentos funcionais são aqueles que têm ingredientes bioativos como capsaicina, fitoesterol, ácido oléico, adenosina, betacaroteno, licopeno e outros, os quais podem evitar ou curar doenças, como câncer, diabete, hipertensão, estresse, doenças cardíacas e osteoporose, entre outras. Além disso, as fibras desses alimentos promovem melhor funcionamento do intestino e o ajudam a liberar toxinas. O consumo de alimentos funcionais está crescendo rapidamente e, entre eles, o da goiaba. Em 1998, esse grupo de alimentos faturou cerca de US$ 25,8 bilhões de dólares nos Estados Unidos. 3.3 Segurança dos Alimentos O perfil da qualidade mercadológica da goiaba é avaliado pelos atributos desejados pelos consumidores, que geralmente preocupam-se com a aparência, a cor, o formato, o tamanho, a textura, o sabor, o aroma, a embalagem, a rotulagem e os aspectos nutricionais. Apesar de sua grande importância, a maioria dos consumidores brasileiros ainda não considera a segurança dos alimentos como um atributo fundamental. Por sua vez, consumidores europeus, americanos, japoneses e parte dos brasileiros estão exigindo, cada vez mais, segurança dos alimentos. Esse atributo oferece a garantia de que as goiabas comercializadas estão livres de contaminantes de natureza biológica (microrganismos patogênicos), química (presença de substâncias em níveis considerados tóxicos) e física (pedras e vidros) que prejudicam a saúde. O setor de distribuição (atacado e varejo) de alguns países utiliza os selos de gestão da qualidade, que oferecem ao consumidor a garantia de qualidade e segurança do alimento. Relacionado à segurança dos alimentos, o uso do processo de rastreabilidade, que visa registrar na embalagem da goiaba todo o sistema agroalimentar (identificação do Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 8 produtor, origem, processo de cultivo, quem a distribuiu e outras informações), é crescente nos mercados consumidores exigentes. 3.4 Produção Mundial e Participação Brasileira A goiaba ainda é pouco conhecida no cenário agrícola mundial de frutas. Na União Européia e nos Estados Unidos, considerados os maiores mercados consumidores de produtos hortifrutícolas do mundo, a fruta é considerada exótica, sendo comercializada em escala mínima e a preços elevados. A preferência é para o consumo das goiabas de polpa branca para mesa. Embora o Brasil seja um dos maiores produtores mundiais de goiaba, a sua participação no mercado internacional da fruta in natura é inexpressiva. Observa-se, inclusive um declínio nas exportações dos últimos anos. Alguns fatores são responsáveis por esse fato, entre os quais se destaca o pouco conhecimento do produto por parte dos consumidores dos mercados mais rentáveis economicamente e o alto grau de perecibilidade do fruto na fase de pós-colheita. Este último fator exige que o produto seja bem acondicionado e escoado para o mercado internacional por via aérea, o que onera demasiadamente os custos de comercialização. Por esta razão, o mercado internacional tem preferência pelo consumo da goiaba na forma de polpa ou suco concentrado. Segundo dados da Associação das Indústrias Processadoras de Frutos Tropicais – ASTN, em 2000 as exportações brasileiras com esses derivados de goiaba situaram-se em 1,2 mil e 1,3 mil toneladas, respectivamente. 3.5 Perspectiva de Mercado A goiaba é uma fruta que, devido às várias formas de utilização,apresenta aumento promissor de consumo no mercado nacional. Observando-se os dados das principais Ceasas do País (São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro), constata-se que, na última década, ocorreu umincremento na comercialização dessa fruta de mais de500%. Entretanto, a maioria dos pomares brasileiros com goiabeiras em produção destinasse os frutos, principalmente, à indústria de processamento. Esta é uma das principais explicações para a Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 9 manutenção da qualidade inferior da goiaba brasileira, já que a indústria sempre foi menos exigente nos padrões de qualidade. O incremento de consumo da goiaba in natura, nos principais mercados consumidores do país, está hoje condicionado à melhora no nível de qualidade do produto. Esses mercados exigem frutos uniformes quanto a tamanho, forma e coloração. Um dos principais desafios que os produtores brasileiros de goiaba devem enfrentar para ampliar sua tímida participação nos mercados internacional e nacional é divulgar o produto nos importantes centros de consumo e melhorar suas estratégias comerciais, passando a oferecer produtos e serviços que efetivamente atendam à demanda das grandes cadeias de supermercados que hoje controlam esses mercados. Investir na qualidade e marketing é fator essencial para desenvolver os mercados internacional e nacional da goiaba. Consciente da necessidade de ampliar o mercado, tanto nacional quanto internacional, a Associação Brasileira dos Produtores de Goiaba – Goiabrás, sediada em São Paulo, vem desenvolvendo uma série de ações, como a instituição do selo de qualidade para frutas frescas e a elaboração de um plano de marketing para os produtores. A ampliação do mercado consumidor daria vazão, por exemplo, à crescente oferta de um grande pólo de produção de goiaba do Estado de São Paulo, situado em Taquaritinga, que hoje é responsável por mais de 70% da produção paulista. Em 1998, essa zona produtora colheu 65 mil toneladas do fruto; em 1999, ampliou sua oferta para 90 mil, e a previsão estimada para o ano 2000 é de mais de 100 mil toneladas. A perspectiva comercial para a cultura, no Nordeste, nos próximos cinco anos, vai depender de iniciativas similares às da Goiabrás, que tanto se empenha em divulgar o produto, quanto em melhorar suas características intrínsecas e extrínsecas. Outro fator externo que deve contribuir para aumentar o consumo de goiaba no mercado internacional pode ser sua inserção na intensa campanha realizada nos Estados Unidos, por empresas privadas e instituições governamentais, de convencer a população norte-americana a incluir, pelo menos, duas porções de frutas na dieta alimentar. Essa campanha deve abrir um amplo espaço para a colocação de espécies frutícolas produzidas nos países do Hemisfério Sul, principalmente as frutas consideradas exóticas, como é o caso da goiaba. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 10 04. ASPECTOS BOTÂNICOS A classificação botânica de várias espécies, como a goiabeira, tem sofrido, ao longo do tempo, quase como regra geral, mudanças periódicas. Inicialmente, ela foi classificada, botanicamente, conforme a forma e a coloração dos seus frutos. Tinha-se, assim, a Psidium pomiferum, que produzia frutos de formato redondo ou elíptico e com polpa de coloração vermelha, e a Psidium pyriferum, cujos frutos eram piriformes, ou seja, forma de pêra, e polpa de coloração branca ou rosada (Soubihe Sobrinho, 1951). Hoje, sabe-se que as duas espécies, pyriferum e pomiferum, são na realidade variações globosas e piriformes da espécie Psidium guajava L., e não um subsistema do ponto de vista botânico (Ital, 1988). A goiabeira (Psidium guajava L.) pertence à família Myrtaceae, que compreende mais de 70 gêneros e, aproximadamente, 2.800 espécies distribuídas nas diversas regiões tropicais e subtropicais do mundo, principalmente na América e na Austrália (Pereira,1995). Handrick, citado por Martin (1967), enumerou, por outro lado, aproximadamente 15 espécies do gênero Psidium, todas nativas da América Tropical. O maior número de espécies catalogadas é encontrado do sul do México à Amazônia. É importante assinalar que, com exceção da Psidium guajava L., amplamente cultivada na República Sul-Africana, onde se encontram as maiores plantações do mundo, todas as outras espécies, salvo raras exceções, não apresentam interesse comercial e, por isso, são desprovidas de qualquer interesse econômico (Ital, 1988). Entretanto, todas essas espécies não exploradas economicamente constituem um verdadeiro banco de germoplasma nativo, que poderá tornar-se, num futuro próximo, fonte imprescindível de material genético para os programas de melhoramento. A goiabeira é um arbusto ou uma árvore de pequeno porte (Koller, 1979), que, em pomares adultos conduzidos sem poda, pode atingir de três a seis metros de altura. As folhas são opostas, de formato elíptico-oblongo e caem após a maturação. O sistema radicular apresenta raízes adventícias primárias, que se concentram a uma profundidade de 30 cm do solo. Das raízes adventícias primárias saem as raízes adventícias secundárias, que podem atingir, de acordo com Zambão & Neto (1998), profundidades de até 4 ou 5 metros. A planta de goiabeira propagada por semente apresenta raiz pivotante; entretanto, as mudas Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 11 propagadas por enraizamento de estaca têm apenas raízes secundárias e normalmente não atingem aquela profundidade. Arvore da goiabeira As flores são brancas, hermafroditas, e surgem em botões isolados ou em grupos de dois ou três botões, sempre na axila das folhas que brotam em ramos maduros, após a poda ou naturalmente. A ocorrência de botões florais isolados ou em grupos varia com as condições ambientais, com a fertilidade do solo e, principalmente, com a variedade. Essa característica pode ser importante, porque pode determinar a necessidade ou não da realização do desbaste de fruto, o que pode alterar os custos de produção da fruta. Figura 4: Flor da goiabeira Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 12 Em variedades que apresentam a mesma produção e têm a mesma aceitação comercial, deve-se preferir aquelas que produzem botões isolados, em vez daquelas que produzem botões florais em cachos. Ainda com relação ao surgimento de flores a partir de um, dois ou trêsbotões florais, observou-se que nem sempre todos eles chegam aproduzir frutos. Observa-se, também, com muita freqüência, o abortamento dos frutos laterais ainda nos primeiros estádios de desenvolvimento. Quando dois ou mais frutos vingam, aquele originário do botão floral central quase sempre apresenta maior desenvolvimento, o que é natural, pois o botão central sempre surge primeiro. O estádio de maturação dos ramos aptos a florir, a localização das gemas floríferas e a distinção entre o desenvolvimento dos frutos oriundos dos botões florais centrais e laterais são aspectos importantes que devem ser conhecidos e observados nos trabalhos de melhoramento genético e, principalmente, nas operações de poda de frutificação e desbaste de frutos, em áreas de produção comercial. A observação e o conhecimento desses aspectos certamente definirão o grau de sucesso dos cruzamentos orientados para o melhoramento genético e, sobretudo, a produtividade a ser alcançada em pomares conduzidos com poda de frutificação. Quanto à polinização, sabe-se que a goiabeira apresenta fecundação cruzada que pode variar, entre plantas, de 25,7% a 41,3%, considerando-se 35,6% como índice médio. SoubiheSobrinho & Gurgel (1962) e Soubihe Sobrinho (1951) constataram, nos seus estudos do processo de polinização da goiabeira, que a autofecundação é a principal forma de polinização. Ray e Chhondkar, citados por Medina (1988), verificaram, em estudos de polinização de três variedades, que a frutificação mais elevada, 62% a 82%, ocorreu sob polinização aberta, embora a queda de frutos fosse maior. O pegamento final dos frutos da goiabeira é, de acordo com Pereira (1995), da ordem de 20%, quando se considera a relação entre o número de botões florais surgidos e o número de frutos efetivamente colhidos. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 13 Fonte: Luiz Gonzaga Neto Entre os insetos responsáveis pela polinização das flores da goiabeira, constatouse que a abelha doméstica, Apis melifera, é o principal agente polinizador. Na frutificação efetiva e natural, ocorreram, de um ano para outro, variações de 22% à 75% (Soubihe Sobrinho, 1951), constatadas na cultivar Lucknow-49 (Dasaraty, citado pelo Ital, 1988). Os frutos da goiabeira são bagos que têm tamanho, forma e coloração de polpa variáveis, conforme a variedade. Frequentemente, a frutificação começa no segundo ou no terceiro ano após o plantio no local definitivo, quando o pomar é formado com mudas propagadas por sementes. Pomares de goiabeira formados com mudas propagadas vegetativamente, por estaca ou por enxerto, iniciam a floração com até sete ou oito meses de idade, após o transplantio para o local definitivo. Em geral, essa primeira florada não apresenta interesse comercial e convém eliminá-la para proporcionar melhor formação da copa e não sacrificar as plantas ainda na fase juvenil. A queda de frutos em plantas de goiabeira pode representar um sério problema nos pomares comercias. Há registro de cultivares em que apenas 6% dos frutos completaram a maturação (Singh & Sehgal, 1968). Essa queda pronunciada de frutos deve-se, em parte, à ação de pássaros, a fatores climáticos, a distúrbios fisiológicos (Ital, 1988) e, também, ao ataque de nematóides. Ainda com relação à frutificação efetiva da goiabeira, outro dado de grande importância para o produtor de goiaba, seja para exportação seja para o mercado interno, é a curva de crescimento do fruto, que, segundo Rathore (1976), tem a forma de uma dupla sigmóide. Trabalhos realizados na Região do Submédio do Vale do São Francisco Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 14 confirmaram esse comportamento (Ben-Hur et al., 1997). Em estudo realizado na Índia, no qual se caracterizou o aumento do fruto em altura e diâmetro, e em diferentes estações climáticas, ficou evidenciado que o fruto da goiabeira apresenta três períodos distintos de crescimento (Rathore, 1976). O primeiro período tem crescimento acelerado, principalmente nos períodos quentes, e prossegue por 45 ou 60 dias, dependendo das condições climáticas. O segundo período de crescimento da goiaba é relativamente lento, com uma duração aproximada de 30 dias, chegando a até 60 dias, em temperaturas mais amenas. Na segunda fase do crescimento do fruto, ocorrem o amadurecimento e o endurecimento das sementes. O terceiro e último período caracteriza-se por um incremento exponencial da taxa de crescimento do fruto. Nessa fase, a altura e o diâmetro do fruto aumentam rapidamente. Em estudo realizado em Nova Delhi, Índia, verificou-se que esse período chegou a ser de apenas 30 dias, mas no inverno e na primavera esse tempo foi maior. No final desse período, ocorre a mudança de coloração externa do fruto, que passa de verde para amarelo. Scrivastava & Narasimhan, citados pelo Ital (1988), estudando na Índia o desenvolvimento do fruto de três cultivares sem sementes e o de uma cultivar com sementes, concluíram que, para as cultivares com sementes, o comprimento, o diâmetro e o peso do fruto aumentaram rapidamente nos primeiros 45 dias e, depois, numa velocidade menor, até os 90 dias e, a partir daí, a um ritmo mais lento até o final do período de observação, aos 120 dias. A cultivar sem sementes, por sua vez, apresentou uma taxa de crescimento constante, embora mais lenta até os 90 dias. Depois desse período, o ritmo de crescimento acelerou sensivelmente. Estudos efetuados por Menzel & Paxton, citados pelo Ital (1988), mostraram que o fruto da goiabeira levou cerca de 14 semanas para atingir a maturidade. Em observações realizadas com a variedade Paluma, em pomares na Região do Submédio do Vale do São Francisco, verificou-se, um período de, aproximadamente, 120 ou 130 dias da floração ao inicio da colheita do fruto, em estádio “de vez”. O tempo decorrido da poda até o final da colheita varia de 6 a 8 meses, dependendo do sistema de manejo adotado no pomar. O conhecimento da curva de crescimento do fruto, que pode variar conforme o manejo tecnológico, a variedade e as condições climáticas, é de Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 15 fundamental importância, principalmente para o produtor de frutos para consumo in natura e os destinados a centros distantes do local de produção. A partir desse conhecimento, o produtor pode planejar mais facilmente suas atividades, principalmente as que envolvem operações de desbaste do fruto, pulverizações (prazo de carência), ensacamento do fruto, se necessário, e, sobretudo, determinar a época mais oportuna para a colheita e a comercialização da sua safra. É óbvio que, tratandose de seres vivos, no caso uma planta, esses eventos não acontecem com a precisão matemática desejada, mas, sem dúvida, auxiliarão no planejamento da poda e da colheita, visando à colocação do fruto no mercado em época previamente determinada. 05. PRINCIPAIS VARIEDADES As variedades de goiabeira diferem, entre si, em diversos aspectos, como: formato de copa (algumas mais eretas outras mais esparramadas), produtividade, época de produção (precoce, meia estação e tardia), número, tamanho e formato de fruto, além da coloração da polpa. As variedades diferenciam-se, também, quanto ao destino da produção. Variedades de goiabeiras destinadas ao processamento industrial devem ter,segundo Kawati (1997), as características que se seguem: - Para a produção de polpa: • Polpa de coloração rosada; • Altos teores de pectina; • Baixo teor de umidade e alta acidez; • Alta porcentagem de sólidos solúveis totais; - Para a produção de compota: • Polpa de coloração rosada ou vermelha; • Polpa espessa; • Pequena quantidade de células pétreas; • Polpa firme; • Forma arredondada a oblonga. - Para o mercado de fruta in natura: Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 16 As variedades de goiabeira produtoras de frutas para consumo in natura apresentam características diferentes, dependendo se forem destinadas ao mercado interno ou à exportação. O mercado brasileiro, em geral, prefere frutas com polpa de coloração vermelha, enquanto o mercado externo prefere frutas com polpa branca. Outra exigência muito importante no mercado interno é quanto ao tamanho da fruta. Normalmente, o consumidor brasileiro, particularmente aquele consumidor que compra em lojas especializadas ou em supermercados, prefere a fruta de maior tamanho. O consumidor de faixa de renda menos elevada, em geral aquele que compra em feiras livres, prefere frutasmenores. Kumagai – É o cultivar predominante nos pomares de goiaba para mesa do Estado de São Paulo. Suas plantas, bastante produtivas e de médio vigor, apresentam ramos longos eesparramados. Os frutos são grandes (300 a 400 g), arredondados a oblongos, com cascalisa e resistente, de cor verde-amarelada nos frutos maduros cultivar Kumagai Iwao – Esta cultivar foi selecionada e fixada no Município de Carlópolis-PR. As plantas são vigorosas, produtivas e apresentam um crescimento vertical. Os frutos pesam de 350g a 400g, têm formato arredondado a oblongo, casca levemente rugosa, de coloração amarelo- clara na maturação. A polpa é branca, espessa, levemente ácida e com poucas sementes. Pedro sato – Cultivar selecionado no Estado do Rio de Janeiro tem sido cultivado com sucesso, também, no interior de São Paulo. Suas plantas, vigorosas e de crescimento vertical são razoavelmente produtivas. Os frutos, levemente ovalados, de boa aparência, podem atingir peso superior a 400 g quando desbastado. A polpa é firme e rosada. O sabor é agradável. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 17 cultivar Pedro sato Sassaoka – É cultivar de goiaba para mesa. A planta é de porte aberto e média produtividade. Os frutos, que podem atingir peso superior a 300 g, apresentam polpa rosada e espessa. A rugosidade da casca é a principal característica de seus frutos. Paluma – Com cerca de 2.000.000 de mudas distribuídas nos últimos anos, este cultivar éatualmente o mais difundido no Brasil, sendo seus frutos destinados à industrialização. É,entretanto, importante ressaltar que a qualidade e a conservação de seus frutos vêm propiciando a comercialização de parte significativa de sua produção como fruta fresca de mesa. Suas plantas, altamente produtivas (mais de 50 t/ha.), são vigorosas comcrescimento lateral. Seus frutos são grandes (acima de 200 g mesmo em plantas nãodesbastadas), piriformes com pescoço curto e casca lisa. A polpa é firme, espessa (1,3 a 2,0cm) de cor vermelha intensa e sabor agradável, graças ao elevado teor de açúcar (aproximadamente 10º Brix) e equilibrada acidez. Cultivar paluma Rica – Graças ao elevado teor de açúcar de seus frutos, este cultivar tem sido de grandeinteresse à industrialização, sendo, também, procurado por consumidores de fruta fresca, exigentes por frutas de sabor apurado. Século XXI – Cultivar recentemente disponibilizado aos fruticultores. Graças a grande produtividade e qualidade dos seus frutos, tem grandes possibilidades de tornar-se uma das mais importantes goiabeiras para indústria e mesa. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 18 Cultivar século XXI Fonte: Disponível em: http://www.todafruta.com.br/todafruta/mo stra_conteudo.asp?conteudo=2249 5.1. PRINCIPAIS VARIEDADES PARA O MERCADO INTERNO Considerando o mercado de frutas para consumo in natura no Brasil, podem serdestacadas as seguintes variedades: Paluma, Rica, Pedro Sato e Sassaoka, principalmente nos Estados de São Paulo e Pernambuco. Conforme descrição anterior,todas elas apresentam frutos com polpa de coloração vermelha ou rosada e têm como principal vantagem a resistência dos frutos na pós-colheita. Em princípio, todas as variedades produtoras de frutos com polpa vermelha são potencialmente destinadas ao mercado industrial, uma vez que esse segmento prefere as frutas com essa coloração de polpa. Há, contudo, necessidade de diferenciar as variedades com características apropriadas para suco, polpa, compota ou doce em massa. 5.2. PRINCIPAIS VARIEDADES COM PONTECIAL PARA EXPORTAÇÃO Embora o volume de goiaba exportado pelo Brasil, para consumo in natura, seja ainda incipiente, toda fruta exportada teve como principal característica a coloração branca da polpa, pois essa é a preferência do consumidor externo. Dessa forma, as variedades, Kumagai e Iwao são aquelas que apresentam maior potencial para o mercado externo. Acredita-se que um trabalho de promoção bem conduzido poderá tornar as variedades de polpa vermelha também comerciáveis no mercado externo. Ainda que haja possibilidade de exportação, sem dúvida nossa principal fatia de mercado externo é o segmento de produtos processados ou industrializados, notadamente os sucos de goiaba. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 19 6. PROPAGAÇÃO 6.1.Semente Apesar de ser ainda utilizada, a propagação por sementes tem reduzida importância, por causa da excessiva variação do tipo de planta que se forma no pomar, dificultando até mesmo o manejo das podas de frutificação. 6.2 Estaquia A estaquia herbácea é atualmente o método de propagação da goiabeira mais adequado, que consiste na clonagem (multiplicação de uma mesma matriz) por meio do enraizamento de “ramos ponteiros” de uma plana altamente produtiva, da qual são retiradas até duas mil estacas, por ciclo, após a poda. Esse método permite a obtenção de um pomar uniforme, iniciando a primeira safra no oitavo mês após o plantio, uma segunda safra após 18 meses, e a partir daí, de seis em seis meses após a poda. A muda de estaquia pode ser comercializada no tipo vareta com haste única ou pernada com ramos primários já formados, podendo ser transportada com raiz nua ou em torrão. O processo de produção por mudas de estaquia exige estrutura de controle de umidade e temperatura para garantir o enraizamento. Fonte: Aparício Sextus, Emater-CE Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 20 Estaquia de ramos herbáceos: estacas verdes com 12 a 15 cm de comprimento, com dois nós e um par de folhas inteiras (são fonte de carbohidratos e fornecem hormônios p/ melhor enraizamento ); abaixo do nó da base cortar em bisel; Recipientes: caixa de madeira com vermiculita fina (11x40x22 cm) cabem 28 estacas 45 a 65 dias na câmara de enraizamento ceos: ); Nebulizador com Timer Câmara de nebulizaçãoão Viveiro Timer comanda válvula solenoide: intervalos de 2 minutos / 10 segundos de funcionamento Usar protetores laterais na câmara para anular a ação do vento Manter um filme d água sobre as folhas (alta umidade do ar) Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 21 Figura 10: Muda pronta para ir a câmara de aclimatização Mudas prontas para o campo 6.3 Borbulhia A propagação por enxertia é realizada sob viveiro coberto com tela plástica de 50% de luminosidade. As mudas podem ser feitas por este método, lembrando-se que no verão esse método propicia melhor pegamento. A copa (matriz) é enxertada sobre um cavalo (porta-enxerto) proveniente de semente, o que aumenta o vigor da planta. É o processo mais rápido e eficiente para se propagar uma goiabeira selecionada. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 22 Na borbulhia de placa ou janela aberta, inicialmente fazem-se no porta-enxerto duas incisões transversais e duas longitudinais,retirando-se a casca contida no retângulo, de modo que a área a ser ocupada pela borbulha fique livre. A borbulha ou gema é retirada do ramo fazendo-se duas incisõestransversais e duas incisões longitudinais iguais às praticadas no cavalo ou porta-enxerto, de modo a se obter um escudo idêntico à porção de casca dele retirada. A seguir, a borbulha é embutida no retângulo vazio, devendo ficar inteiramente em contato com os tecidos do cavalo. Em seguida, fixa-se o escudo com amarrio. Os cavalos podem ser enxertados com diâmetro de 1 a 4cm, sendo o mais indicado com o diâmetro e 1,5 a 2,5 cm. A altura mais indicada para se colocar a gema varia de 10 a 12 cm acima do solo. Na borbulhia simples ou T normal, a casca do porta enxerto recebe uma incisão em forma de T, na qual se insere a borbulha retirada da planta-matriz, levando-se os bordos da casca que se encontram no ponto e bifurcação do T para facilitar a inserção. Nos meses de dezembro a fevereiro, os processos de borbulhia dão melhores resultados, destacando-se como mais eficiente o método de borbulhia de janela. 6.4 Garfagem A garfagem é um processo que consiste em soldar um pedaço de ramo (garfo), destacando da planta-matriz a propagar, sobre outro vegetal (cavalo), de maneira a permitir o seu desenvolvimento. Os tipos mais usados em goiabeira são: garfagem de cunha lateral, garfagem do topo em fenda cheia e garfagem no topo a inglesa simples. A garfagem de cunha lateral consiste simplesmente em um garfo afilado em forma de cunha que se insere em uma fenda diagonal feita no cavalo. A garfagem no topo em fenda cheia ou de cunha terminal consiste essencialmente em decepar o topo do cavalo e Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 23 fazer uma fenda vertical de 2 a 3 cm, onde se insere imediatamente um garfo em forma de bisel. A garfagem do topo a inglesa simples consiste tão somente no corte em bisel no cavalo e no cavaleiro. Unem-se as partes, que são, a seguir, amarradas firmemente (figura 11). Em relação ao método de enxerto de garfagem em placa sob casca, sabe-se que ele necessita de porta-enxertos de 1,5 a 2 anos de idade e tendo de 1,5 a 3 cm de diâmetro. O enxerto deve-se ter, em princípio, o mesmo diâmetro; mas, com um porta-enxerto grosso, pode-se usar um enxerto menor. A garfagem mostra-se mais eficiente quando realizada nos meses de junho a outubro. Fig. Tipos de enxertia Figura 11: Etapas de enxertia tipo lateral no topo ou inglesa simples Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 24 7. INSTALACAO DO POMAR 7.1 Preparo do Solo O preparo do solo para implantação de um pomar de goiabeira é o que tradicionalmente se faz na implantação de qualquer pomar de frutíferas. Compreende atividades de roçagem, destoca, aração, gradagem e preparo da rede de drenagem, se necessário. A aração deve ser profunda, pelo menos até a profundidade das covas, seguida de uma ou duas gradagens. É importante que essas operações sejam executadas tendo o solo um nível adequado de umidade. Recomenda-se, também, que sejam realizadas 2 ou 3 meses antes do plantio (Maranca, 1981). 7.2 Marcação do Terreno, abertura de covas Na marcação do terreno, que antecede a abertura das covas, podem ser usados vários tipos de traçados, destacando-se os seguintes: em triângulo eqüilátero, quadrado ou em quincôncio. Os traçados em retângulo e quincôncio são mais utilizados (Medina, 1988). Quadrado Esta disposição mantém a mesma distância entre as plantas e entre as filas e permite o tráfego de máquinas e equipamentos em dois sentidos, porém diminui a área útil do terreno e dificulta os tratos culturais mecanizados, em virtude de que aproxima as linhas das plantas. Este sistema é pouco emprego em pomares comerciais. Esquema de um pomar na forma quadrangular. Figura: Jair Costa Nachtigal Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 25 Triangulo Esta disposição também é pouco empregada, sendo que apresenta as seguintes características: uma eqüidistância entre as plantas, permite o trânsito em três sentidos, utiliza o terreno de uma maneira bastante uniforme e permite um aumento de aproximadamente 15% no número de plantas por área, em relação ao sistema quadrado. Figura: Esquema de um pomar na forma triangular Quinocio Este sistema pode ser definido como uma sobreposição de dois sistemas quadrados. Esta disposição pode ser aplicada na implantação de pomares em que se consorcia duas espécies frutíferas. A consorciação de espécies é viável quando se deseja instalar um pomar de uma espécie frutífera que apresenta um longo período improdutivo, como, por exemplo, a nogueira-pecan. Neste caso, podemos implantar entre as fileiras desta espécie, mudas de pessegueiro ou outra frutífera de reduzido período improdutivo e que permita obter retorno dos investimentos num menor período de tempo. Também, ao invés de usar uma espécie complementar para a nogueira-pecan, poder-se-ia usar a mesma espécie para esta disposição, mas neste caso torna-se necessário um desbaste das plantas no momento em que houver concorrência por espaço físico entre as mesmas. Esta disposição de plantas tem o inconveniente de dificultar o trânsito de implementos, em virtude da proximidade das fileiras. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 26 Figura: Esquema de um pomar na forma de quincôncio A determinação ou seleção do espaçamento a adotar, dependerá, basicamente, da maior ou menor fertilidade natural do solo e dos sistemas de exploração(mecanizado ou não) e de irrigação adotados (gotejamento, sulco, aspersão, microaspersão). O espaçamento a adotar depende, também, da finalidade do plantio (para mesa ou indústria). De modo geral, nas áreas irrigadas do Nordeste brasileiro, tem-se usado, com mais freqüência, traçados em retângulos com espaçamento de 8m x 5m ou 6m x 5m; traçados em quadrado com espaçamentos de 5m x 5m ou 4m x 4m. Está se tornando uma prática comum, principalmente em pomares destinados à produção de frutas para consumo in natura, a utilização de espaçamentos menores como 4m x 4m ou até 3m x 3m. Nesses casos, o produtor deve ter um maior conhecimento das técnicas de poda de frutificação e de raleio de frutos, de modo a evitar o fechamento da copa, após a poda, pois isto poderá comprometer a produção, tanto nos aspectos qualitativos quanto nos quantitativos. No caso da utilização de espaçamentos mais adensados, o objetivo é produzir com maior quantidade de árvores por área, menor quantidade de frutos de melhor qualidade, por árvore. Qualquer que seja o traçado ou espaçamento adotado, as covas devem medir 60cm nas três dimensões. A abertura pode ser realizada de forma manual ou mecanizada com furadeiras tratorizadas, principalmente quando se tratar de grandes áreas, diante do maior rendimento alcançado. No plantio, o colo da planta (região de transição entre as raízes e o tronco) deve ficar um pouco acima do nível do solo, devendo-se fazer uma rega abundante em seguida. As plantas devem ser tutoradas para evitar a ação danosa do vento. Ao Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 27 provocar o tombamento da muda, o vento pode prejudicar o crescimento do broto terminal, que pode ficar soterrado após uma chuva ou rega. A morte do broto terminal, que pode ocorrer nesse caso, provoca um crescimento tortuoso do tronco, havendo necessidade de se orientar uma brotaçãolateral, com a ajuda do tutor, a fim de que a planta atinja a altura mínima requerida e se inicie a formação das pernadas ou ramos principais, que constituirão a copa básica da futura árvore. A amarração da planta deve ser feita com material que permita uma faixa larga de contato com o tutor, como, por exemplo, a fita de plástico. Não se usa barbante nem cordão fino, que podem estrangular a muda, causando atraso no desenvolvimento das plantas e desuniformidade no pomar. 7.4 Preparo da cova Deve-se aplicar calcário dolomítico na base de 100 g. para cada tonelada recomendada por hectare, nas duas porções de solo retirado do coveamento. Aplicar mais 20 litros de esterco de curral curtido, 1000 g. de superfosfato simples, 250 g. de cloreto e potássio bem misturados a terra, 20 dias antes do plantio. Figura: Abertura de cova e preparo para plantio da goiabeira 8. Podas Com a poda objetiva-se principalmente equilibrar o formato da planta, favorecer o arejamento, insolação e uniformizar a produção, aumentando a produtividade e a facilidade da colheita. A goiabeira produz flores e frutos nos ramos formados no ano anterior, motivo pelo qual não se deve podar um ramo sem pensar nas consequências para o ano seguinte. É fundamental a adubação equilibrada 30 dias antes e irrigação após ser realizada a poda, para garantir o vigor das brotações. Deve ser respeitado o equilíbrio Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 28 entre a raiz e a copa da planta, para maior vigor, pois a retirada excessiva de folhas e ramos debilita a planta. 8.1 Poda de Formação Após a muda ser transplantada para o local definitivo, deve- se realizar tratamentos adicionais, com o objetivo de conduzir os ramos harmonicamente na copa, evitando-se o abafamento e sombreamento excessivo nos ramos. As mudas tipo vareta formarão as pernadas mediante a poda de desponte, que deve ser realizada 80 cm acima do colo, o que ocorre cinco meses após o plantio. Nos primeiros 20 cm acima do solo, deve-se eliminar todas as brotações laterais e a partir daí, contar 4 a 5 pernadas distribuídas, preferencialmente nos 40 cm seguintes, quando se realiza novo desponte a 60 cm, em todos os sentidos: Norte, Sul, Leste e Oeste, porém sem partirem do mesmo ponto de inserção. Figura 18: esquema da formação do pomar Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 29 Formação em quatro pernadas 8.2 Poda de Frutificação A goiabeira tem hábito de frutificar em ramos do ano, maisexternos e altos da copa. A poda de frutificação é realizada para estimular a produção de ramos com flores e frutos em qualquer parte da planta. A frutificação ocorre nos meses mais quentes e úmidos, geralmente de outubro em diante. Já o florescimento se dá no ramo o ano todo, no ponto onde as folhas estão presas. Se em um ramo não surgir botão floral até o 3° ou 4° par de folhas, sua gema será vegetativa, devendo ser podada quando maduro, para produzir no ciclo seguinte. A poda de frutificação divide-se em contínua e total. Na poda contínua, os ramos são podados o ano todo, de tal forma que a planta apresenta brotações constantes, proporcionando produção de botões florais e, consequentemente, frutos, com a vantagem de se ter produção contínua e desvantagem de tornar a planta vulnerável à bacteriose, pois, tecidos mais novos são mais suscetíveis. Já a poda total consiste em proporcionar brotações uniformes, sendo realizada em toda a planta, dando a vantagem de tornar a planta menos suscetível ao ataque de bacteriose. Recomenda-se para planta vigorosa, uma poda mais longa (6 a 7 pares de folhas), e para plantas menos vigorosas, uma poda mais curta (2 a 3 pares de folhas). Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 30 Poda curta em ramo vigoroso 9. DESBASTE E O ENSACAMENTO DOS FRUTOS Em pomares exclusivos de goiaba de mesa o desbaste de frutos é obrigatório para a obtenção de frutos grandes com ótimo aspecto. O desbaste deve ser feito quando os frutos apresentarem de 2 a 3cm de diâmetro, deixando-se de 2 a 3 frutos por ramo. Em plantas adultas são deixados entre 600 a 800 frutos. Durante a operação de desbaste devem ser retirados os restos do cálice floral existente na base dos frutos, para melhorar o seu aspecto. Nos mais tecnificados pomares, os frutos remanescentes são protegidos por sacos de papel manteiga com dimensões usuais de 15x12cm. Estes sacos são presos no pedúnculo do fruto ou no ramo que o sustenta, sendo no ramo mais aconselhável. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 31 9.2 Vantagens do ensacamento: - Melhora o aspecto do fruto, que quando maduro apresenta a casca uniforme completamente sem manchas; -É o mais eficiente método de controle da mosca das frutas, do gorgulho e de eventuais ataques do besouro amarelo e; -Permite a colheita de frutos sem resíduos tóxicos na casca. Figura: Frutos ensacados 10. NUTRIÇÃO, ADUBAÇÃO E CALAGEM Como planta bastante rústica, a goiabeira adapta-se bem aos mais variados tipos de solos. Essencialmente, o que se requer nos pomares para produção de frutas destinadas ao consumo in natura é o manejo adequado em termos de nutrição e adubação. Quanto à adubação da goiabeira, dispõe-se de poucos resultados de pesquisa realizada no Brasil e em outros países que determinem as verdadeiras necessidades nutricionais dessa cultura (Maia et al., 1998). Enquanto, para a maioria das fruteiras economicamente importantes, já se conhecem as chamadas doses econômicas de nitrogênio, fósforo e potássio para cada tipo de solo, determinadas a partir de resultados experimentais, para a goiabeira praticamente inexistem recomendações (Medina, 1998). Por conseguinte, conforme Pereira & Martinez Júnior mostram na Tabela 5, são feitas Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 32 as mais variadas recomendações para a adubação de goiabeiras adultas. Em experimentos conduzidos no Estado de São Paulo, comprovou-se que a planta responde com maior produtividade à adubação nitrogenada. Sugere-se, portanto, que se dê preferência, na adubação da goiabeira, às fórmulas com maior concentração de nitrogênio e potássio. Trabalhos conduzidos por (Natale et al., 1994) informam que a goiabeira da variedade Rica deve ser adubada com até 698g de nitrogênio e com 741g de potássio, no terceiro ano, para se obter a máxima produção econômica. Tabela: Recomendações de adubação NPK para goiabeiras adultas, segundo fontes diversas (g/planta). É importante frisar que as recomendações sobre adubação formuladas para uma região nem sempre podem ou devem ser adotadas generalizadamente, sobretudo se não forem acompanhadas de uma caracterização minuciosa do solo e da tecnologia de manejo adotada, bem como de indicativos claros da finalidade da produção (Gonzaga Neto, 1990). Sabe-se, hoje, da existência de fatores diversos que interagem no processo produtivo e que precisam ser conhecidos para programar uma adubação ajustada às condições do solo, às necessidades da cultura e aos custos de produção. Brasil Sobrinho et al. (1961), em estudo sobre adubação com macronutrientes em goiabeira com cinco anos de idade, verificaram que a planta necessita,particularmente, de N, P, K e Ca para Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 33 o crescimento vegetativo, e de N, P e K para a frutificação. Em experimento realizado em São Paulo com plantas de 12 anos de idade da cultivar IAC-4, Martinez Júnior & Pereira (1986) constataram que há resposta significativa à adição de nitrogênio em termos de produtividade. Baseando-se em tais resultados, esses autores sugerem que adubação de goiabeiras em produção seja levada em conta principalmente quanto à relação N/K, com menor fornecimento de fósforo. Dessa forma, recomendam a dosagem de 300-150-300 g/planta de nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O), respectivamente. Queiroz et al. (1986) informam que adubações potássicas em períodos que antecedem a colheita melhoram a qualidade do fruto. Para o Vale do Rio Moxotó, em Ibimirim-PE, e sob condições irrigadas, Gonzaga Neto et al. (1982) recomendam adubação em fundação, com a seguinte mistura: 20L de esterco de gado bem curtido, 250g de superfosofato simples e 150g de cloreto de potássio. Anualmente, após cada ciclo fenológico de produção, recomenda-se outra adubação com 200g de sulfato de amônia, 400g de superfosfato simples e 200g de cloreto de potássio por planta, e em círculo, na projeção da copa. Medina (1998), baseando-se nos resultados de análise do solo, preconiza, para a goiabeira, a adubação de formação e frutificação apresentada nas Tabelas 6 e 7, respectivamente. Adubação de frutificação para a goiabeira Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 34 Para a adubação na cova, Queiroz et al. (1986) apresentam a Tabela, na qual são sintetizadas sugestões de vários autores. Além de estudar e considerar as possíveis adaptações das diferente recomendações que são feitas sobre adubação, é importante que o produtor de goiaba adube o seu pomar levando em conta, além da análise do solo, a análise foliar, a observação visual do estado nutricional das plantas e a expectativa da produtividade. Esses são fatores fundamentais para ajudá-lo a racionalizar o seu programa de adubação. Deve-se ter em conta que vários fatores interagem na produção e precisam ser conhecidos para a programação de uma adubação ajustada às condições do solo, às necessidades da planta e aos custos de produção. 11. CONSORCIAÇÃO A intercalação de culturas em pomares de goiabeiras orientados para a produção de frutas para consumo in natura pode ser adotada, conquanto apresente restrições. A principal é a incompatibilidade entre os sistemas de irrigação adotados. Enquanto para a intercalação de culturas, o método de aspersão é o ideal, para o cultivo da goiabeira, esse não é o método mais indicado. Assim, a intercalação só seria viável no período das chuvas, condição incerta no Nordeste, onde esse período é sabidamente irregular. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 35 Entre as culturas consorciadas, na prática, com a goiabeira, destacam-se: o feijão, o milho, o tomate para a indústria, a cebola e a melancia. Convém, entretanto, enfatizar que, na produção para o mercado de fruta in natura, a consorciação não é aconselhável, pois a atenção do produtor deve estar voltada para a consecução de frutas com alto padrão de qualidade. A consorciação deve ser incentivada apenas na fase de formação do goiabal, como um meio para amortizar parte do investimento ou possibilitar um retorno mais rápido do capital. Cuidar para evitar culturas susceptíveis aos nematóides que atacam a goiabeira, notadamente os causadores de galhas, uma vez que esses são fatais para a cultura da goiabeira e até o momento não existem métodos eficientes de controle. Plantio da goiabeira consorciado com abacaxi. Plantio de goiabeira consorciado com cebola, na região do Vale do São Francisco. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 36 12. CONTROLE DE INVASORAS As plantas invasoras causam uma série de transtornos ao goiabal, e seu controle é indispensável, especialmente nos pomares recém-instalados. As plantas invasoras atrasam o crescimento das fruteiras, favorecem o aparecimento de pragas e doenças e dificultam as operações de inspeção do pomar e de manejo da irrigação. Normalmente, o controle das invasoras se faz por meio de capina manual ou mecânica. Em pomares irrigados e formados com mudas obtidas de estacas herbáceas, deve-se tomar cuidado para não machucar as raízes, que costumam ser superficiais. Normalmente, nessas áreas a capina é mecânica. Em áreas pequenas, pode ser feita à tração animal. Nos locais onde a irrigação é feita com mangueiras em bacia de captação, o controle das invasoras pode ser feito por meio do coroamento manual das plantas, à enxada, especialmente durante a fase de formação do pomar. O controle com herbicidas é recomendável, desde que se faça um cuidadoso levantamento da população de invasoras. Convém valer-se de assistência técnica para a definição e o emprego desses produtos. Ocorre, porém, sensível redução da população de invasoras depois do quarto ano de instalação do goiabal, sobretudo nas condições do Semi-Árido nordestino, graças ao sombreamento natural produzido pelas goiabeiras, principalmente quando adensadas, e à cobertura morta, formada pela troca de folhas e material vegetal proveniente das podas de frutificação 13. PRODUTIVIDADE Pomares não irrigados, quando bem conduzidos, produzem, em média, a partir do sexto ano, de 20 kg/planta/ano a 60 kg/planta/ano. A média histórica de produção irrigada está acima de 120 kg/planta/ano. Plantas propagadas por estacas herbáceas, em áreas irrigadas da Região do Submédio do Vale do São Francisco, renderam, após a primeira poda de frutificação, acima de 10 t/ha, podendo atingir, em produção plena, mais de 40 t/ha/ciclo. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 37 14. COEFICIENTES TÉCNICOS Na Tabela abaixo , são apresentados os principais coeficientes técnicos utilizados nas áreas irrigadas do Nordeste do Brasil. Obviamente, são necessários ajustes para adequar a planilha, quando a instalação dos pomares orientados para o mercado de consumo in natura, interno ou externo, se fizer em outros ecossistemas. Tomando por base, nas áreas irrigadas, o preço médio de R$ 0,40/kg (dezembro de 2002), pago ao produtor, pela fruta de primeira, e a estabilização do potencial produtivo na faixa de 40 t/ha, pode-se projetar uma renda bruta de ,aproximadamente, R$ 16 mil/ha/ano (a preço de dezembro de 2002). Tabela: Coeficientes técnicos para instalação e manutenção da cultura da goiabeira, com espaçamento 7m x 5m. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 38 15. COLHEITA O cuidado com o manuseio da fruta durante a colheita é essencial para que sua boa qualidade seja mantida. Ter colhedores e operadores adequadamente treinados para evitar todo e qualquer tipo de dano aos frutos durante o manuseio é imprescindível, uma vez que dela depende, em grande parte, o sucesso da sua comercialização “in natura”. A colheita é feita manualmente, com auxílio de escada leve em forma de tripé, cesta para colocar os frutos e tesourade poda. Os frutos devem ser colhidos com a tesoura de poda, cortando-se o pedúnculo no comprimento próximo a 1 cm, e colocando-os cuidadosamente na cesta que deve ser forrada ou revestida com uma manta de espuma de 0,5 cm, tendo-se o cuidado de não colocar mais de três camadas de frutos nas cestas, para evitar danos por compressão dos mesmos (BLEINROTH, 1996). A goiabeira produz várias floradas, portanto, deve-se fazer a colheita duas ou três vezes por semana, para se obterem frutos uniformes. Deve-se selecionar os frutos, de modo a não apresentarem deformidades. As horas mais quentes do dia devem ser evitadas, pois o aquecimento dos frutos reduz o tempo de sua vida útil pós-colheita, acelerando assim os processos que levam à sua deterioração. O ponto de colheita da goiaba com destino à comercialização “in natura” varia de acordo com o destino do consumo final. Para a comercialização próxima da área de produção, devem-se colher somente os frutos firmes, de coloração verde passando para o mate, com a base ligeiramente amarela. Os destinados aos mercados mais distantes devem ser colhidos ainda verdes, mas fisiologicamente maduros e com polpa firme. A determinação da fase de maturação com base apenas na aparência dos frutos é falha, por ser uma medida subjetiva, sujeita ao erro humano. A utilização de métodos físicos e químicos tem auxiliado muito para se conseguir determinar o ponto ideal de colheita. Este pode ser conseguido por diferentes análises, tais como teor de sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT), relação SSS/ATT, firmeza da polpa (textura), densidade do fruto e cor da casca (Tabela 2). Entre os métodos físicos, tem-se a medida de textura da polpa, com auxílio de penetrômetro. Através do valor indicado, pode se avaliar se o fruto está fisiologicamente desenvolvido, isto é, com maturação suficiente para atingir o seu completo amadurecimento após a colheita. A densidade também pode ser utilizada para determinar a fase de maturação da goiaba, cujo peso Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 39 específico deve estar entre 0,980 e 1,00 g/cm3, por ocasião da colheita (BLEINROTH, 1996). É necessária a determinação dos métodos físicos e químicos para estabelecer o ponto ótimo de colheita de cada variedade. O fruto colhido no ponto ótimo completo sua maturação no intervalo de 72 horas após a colheita. colheita da goiabeira Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 40 16. LITERATURA CONSULTADA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA. Cultura da goiabeira. Disponível em: <http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/goiabao.html#_Toc42258473>. Acesso em: 17 março 2012. BRASIL. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária. Goiaba para exportação: aspectos técnicos da produção. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1994. 49 p.(Publicações técnicas FRUPEX, 5). GONZAGA NETO, L.; SOARES, J. M. A cultura da goiaba. Brasília: EMBRAPA- SPI, 1995.75 p. INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS. Goiaba: cultura, matéria-prima, processamento e aspectos econômicos. 2. ed. rev. ampl. Campinas, 1991. 224 p. (ITAL. Série Frutas tropicais, 6). MANICA, I.; ICUMA, I. M.; JUNQUEIRA, N. T. V.; SALVADOR, J. O.; MOREIRA, A.; MALAVOLTA, E. Fruticultura tropical: 6. Goiaba. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2000. 374 p. INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS. Goiaba: cultura, materia-prima, processamento e aspectos economicos. 2. ed. rev. ampl. Campinas, 1991. 224 p. (ITAL. Serie Frutas tropicais, 6). MANICA, I.; ICUMA, I. M.; JUNQUEIRA, N. T. V.; SALVADOR, J. O.; MOREIRA, A.; MALAVOLTA, E. Fruticultura tropical: 6. Goiaba. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2000. CEASA/DF Central de Abastecimento do Distrito Federal - Analise de Mercado. ASSOCIACAO BRASILEIRA DA INDUSTRIA DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. Informações sobre a Instalação para pequenos negócios: doce de fruta em massa. Disponível em: <http://www.abimaq.org.br>. Acesso em: 21 mai. 2007. MINISTERIO DA AGRICULTURA, PECUARIA E ABASTECIMENTO – MAPA. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/ consultar Legislacao.do operação visualizar=14913>. Acesso em: 21 maio 2007. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 41 SECRETARIA DE AGRICULTURA, IRRIGACAO E REFORMA AGRARIA. Disponível em: <http://www.bahia.ba.gov.br/seagri/Goiaba.htm>. Acesso em: 21 maio 2007. TODA FRUTA. Disponível em: <http://www.todafruta.com.br/todafruta/mostra_conteudo.asp conteúdo=1577>. Acesso em: 22 maio 2007. UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLANDIA. Cultura da goiabeira. Disponível em: <http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/goiabao.html#_Toc42258473>. Acesso em: 20 maio 2007. BRASIL. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agraria. Goiaba para exportação: aspectos técnicos da produção. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1994. 49 p. (Publicações técnicas FRUPEX, 5). GONZAGA NETO, L.; SOARES, J. M. A cultura da goiaba. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1995. 75 p. 1 Sumário 1.Introdução ..................................................................................................................... 02 2.Importância econômica ................................................................................................. 03 3.Espécies e variedades .................................................................................................. 06 4.Epoca de plantio ........................................................................................................... 09 5.Escolha de variedades .................................................................................................. 10 6.Preparo do solo e correção da acidez ........................................................................... 11 7.Formação de mudas ..................................................................................................... 13 7.1. Em sacos plásticos .................................................................................................. 13 7.1.1. Preparo do substrato.............................................................................................. 13 7.1.2. Irrigação de canteiros ............................................................................................. 14 7.2. Em tubetes ................................................................................................................ 14 7.3. Cuidados com mudas produzidas em tubetes ........................................................... 15 8. Plantio ......................................................................................................................... 17 8.2.Em sulco .................................................................................................................... 17 8.3 Adubação de plantio. ................................................................................................. 17 8.4.Transplantio ............................................................................................................... 17 9.Espaçamento ................................................................................................................ 18 10.Espalderamento .......................................................................................................... 18 11.Condução das plantas ................................................................................................ 20 12.Adubação de Formação/Safrinha ................................................................................21 13.Manejo cultural ........................................................................................................... 22 14.Tratamento Fitossanitário ........................................................................................... 24 15.Polinização ................................................................................................................. 26 15.1.Polinização Natural x Artificial .................................................................................. 37 16.Colheita ...................................................................................................................... 30 17.Referencias................................................................................................................. 32 2 1. INTRODUÇÃO A cultura do maracujazeiro ganhou destaque no Brasil a partir do início da década de 70, embora nos anos 50 já existissem indústrias processadoras e envasadoras de suco de maracujá. A crescente importância deste cultivo seja pelo incremento de área plantada como pela abertura de novos mercados, tem sido acompanhada, nos últimos 10 anos, pela divulgação de resultados de experimentos e destinação de novas verbas para pesquisas, possibilitando ao fruticultor, a obtenção de um cabedal de conhecimentos que diminuam o risco desta atividade produtiva, tornando-a mais previsível, obedecidas às leis de mercado. Ainda assim muitas perguntas permanecem sem respostas, pois não são muitos os grupos de pesquisadores que se dedicam a essa Passiflorácea, além do que as conhecidas e enormes diferenças regionais, necessitam de tratamentos diferenciados, o que significa a formação de grupos locais visando à adaptação e a criação de novas tecnologias. Assim, nesse pequeno manual divulgamos resumidamente, tópicos do manejo da cultura, obtida ao longo de 19 anos de prática, para as condições do Triângulo Mineiro, sudeste goiano, norte e noroeste fluminense e sudoeste baiano. 3 Figura 1. Cultivo de maracujá 2. IMPORTANCIA ECONÔMICA As estatísticas disponíveis mostram um crescimento acentuado da área plantada e da produção de maracujá no Brasil, a partir de 1990. Os dados do IBGE mostram que em 1989 o Brasil produziu 258.584 toneladas, numa área de 28.259 hectares, passando para 317.236 toneladas em 1990, chegando a 418.246 toneladas em 1992, decrescendo ligeiramente nos anos seguintes, para depois voltar aos mesmos patamares em 1996. Tabela 1. Área, produção e rendimento de maracujá no Brasil, no período de 1980-2009 4 Também fica clara a ocorrência de ciclos, alternando período de crescimento, estagnação e redução da produção. Evidentemente estes ciclos estão ligados aos preços praticados tanto pelas indústrias quanto pelos atacadistas, obedecendo à lei da oferta e procura. É interessante lembrar que as variações de preços sazonais não determinam alternância de ciclos produtivos, mas tem sido responsável por significativas transformações técnicas no cultivo do maracujazeiro, ou seja, tem determinado a época de plantio e o espaçamento para os pomares implantados em regiões que apresentam condições climáticas que permitam a produção dentro do período de entre safra da região Sudeste, normalmente de fins de agosto até fins de novembro. Vale ressaltar que a região Sudeste é, atualmente, a maior produtora e também a maior consumidora de maracujá. No tocante as exportações de sucos, o Brasil deixou uma confortável situação de maior exportador, quando em 1988 exportou 8.382 toneladas de suco concentrado a 50º BRIX, para a de importador, a partir de 1997. Atualmente, os cerca de 26.000 hectares cultivados com o maracujazeiro, estão espalhados por quase todos os estados brasileiros, sendo os mais importantes São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pará, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo, Ceará e Goiás. 5 Tabela 2. Produção Brasileira de maracujá em 2009 Outro aspecto que chama a atenção é o fato de que na maioria das regiões brasileiras, o maracujazeiro esteja sendo cultivado em pequenas áreas, cerca de 2 hectares, e em pequenas propriedades, sendo importante gerador de renda, dado o elevado valor, além de propiciar um período longo de colheita, e faturamento, dentro do ano. O período produtivo pode variar de 6 meses por ano nas regiões mais ao Sul dos pais, até o ano todo nas regiões ao Norte. A vida útil do pomar tem variado muito, de acordo com a produtividade, condições climáticas e tratos culturais, mas dificilmente tem superado 2 anos. 6 3. ESPÉCIES E VARIEDADES Pelo nome comum de maracujá são conhecidas várias espécies frutíferas ou ornamentais taxonomicamente classificadas dentro da família Passifloraceae, gênero Passiflora. Embora existam discordâncias entre os diversos autores quanto ao número de espécies pertencentes à família e mesmo ao número de espécies pertencentes ao gênero Passiflora, pode-se aceitar como existindo cerca de 400 espécies, das quais 150 são nativas do Brasil e cerca de 60 possuem frutos comestíveis. Várias espécies têm cultivo e consumo razoavelmente acentuado em regiões específicas, entre as quais podemos citar Passiflora quadrangularis Linn., P. mollissima Bailey, P. nitida HBK, P. caerulea Linn., P. laurifolia Linn., P. coccinea Aubl., P. cincinnata Mast., P. ligularis Juss., P. incarnata Linn. No Brasil são três as espécies consideradas principais e responsáveis por praticamente 100% da área plantada, sendo elas : P. alata Dryand., popularmente chamado de maracujá doce. Figura 2. P. alata Dryand 7 Figura 3.P. edulis Sims., conhecido como maracujá roxo e P. edulis Sims f. flavicarpa Degener., conhecido como maracujá amarelo ou azedo, e responsável por 95% da área cultivada comercialmente no Brasil. Figura4. P. edulis Sims f. flavicarpa Degener Existe grande variabilidade de formas, tamanho, teor de açúcar, acidez, rendimento de suco, tolerância a pragas e doenças, cor de polpa e outras características de interesse nas três principais espécies cultivadas no Brasil, sendo que para o maracujá doce e para o maracujá roxo ainda não existem, comercialmente, variedades. Para o 8 maracujá amarelo já existem algumas seleções e híbridos, com sementes disponíveis comercialmente, sendo os principais: • Seleção Maguary ou Araguari - FB 100: apresenta como principais características o alto rendimento de suco e teor de açúcares, polpa amarela-alarajanda, além da excelente produtividade e rusticidade. Como foi desenvolvido para atender o mercado industrial, apresenta frutos desuniformes em tamanho e cor de casca. • Híbridos Flora Brasil - FB 200: Disponíveis a partir de 2.001, tem como principais características o vigor e tamanho dos frutos, ovalados, destinado para mercado in-natura, apresenta também boa coloração da polpa, amarela-alarajada, bom rendimento de suco e teor de açúcar. • Híbridos IAC: Série de híbridos desenvolvidos pelo IAC, sendo as principais características, bom rendimento de suco e teor de açúcares, polpa alaranjada, boa produtividade e vigor. • Seleção Sul Brasil: Selecionado nas condições de São Paulo, material original a partir do qual foram feitas várias outras seleções. • Seleções EMBRAPA: A EMBRAPA vem desenvolvendo algumas variedades e híbridos, os quais deverão ter sementes comercialmente disponíveis em breve e, entre eles, tem chamado a atenção o Roxo Australiano e o Vermelho. 9 4. ÉPOCA DE PLANTIO Com base nos resultados experimentais, manter a época tradicional de plantio, que vai do início até meados da estação das chuvas. Se por algum motivo o plantio não puder ser realizado neste período deverá ocorrer somente a partir de fevereiro, indo até meados de março. Para plantios
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