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Governador
Vice Governador
Secretária da Educação
Secretário Adjunto
Secretário Executivo
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Cid Ferreira Gomes
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Maurício Holanda Maia
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Cristiane Carvalho Holanda
Andréa Araújo Rocha
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SUMÁRIO 
 
 
1.Introdução .................................................................................................................... 02 
2.Importância Econômica, Alimentar e Social .............................................................. 03 
3.Agronegócio ................................................................................................................ 06 
4.Aspectos Botânicos ...................................................................................................... 10 
5.Principais Variedades ................................................................................................... 15 
6. Propagação ................................................................................................................. 18 
7. Instalação do Pomar .................................................................................................... 24 
8.Podas ............................................................................................................................ 27 
9.Desbaste e o Ensacamento dos Frutos ........................................................................ 30 
10.Nutrição, adubação e calagem .................................................................................... 30 
11.Consorciação ............................................................................................................ 31 
12.Controle de invasoras ............................................................................................... 36 
13.Produtividadade .......................................................................................................... 36 
14.Coeficientes técnicos .................................................................................................. 37 
15.Colheita ...................................................................................................................... 38 
16. Literatura Consultada................................................................................................40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CULTURA DA GOIABEIRA 
 
01. INTRODUÇÃO 
A Goiabeira (Psidium guajava L.) é originária da América Tropical, entre o México e 
o Brasil. Pertence à família Myrtaceae e é uma planta perene, de porte arbusto ou semi - 
arbórea, com 3 a 7 m de altura. As folhas são opostas, têm formato elíptico-oblongo e 
caem após a maturação. As frutas são variáveis em seu tamanho, forma, sabor e o peso 
em função da cultivar. A coloração da polpa pode ser branca, creme, amarela, rosa ou 
vermelha. A fruta é rica em vitamina C e se destina tanto ao consumo natural como à 
industrialização, na forma de compota, massa, sorvete, suco e geléia. Apesar das 
divergências sobre sua origem, a goiabeira é hoje encontrada em quase todas as regiões 
tropicais e subtropicais do mundo, em virtude da sua fácil adaptação a diferentes 
climas e sua fácil propagação por semente. 
A cultura da goiabeira, de grande importância socioeconômica para o Nordeste 
brasileiro, foi, por muito tempo, juntamente com a cultura da bananeira, a grande 
fornecedora de matéria-prima para a indústria de doces da região. A goiabeira era, 
entretanto, cultivada em áreas dependentes de chuva, com genótipos desconhecidos que 
nem sempre produziam frutos com as características desejadas pelo mercado 
consumidor, fosse ele industrial ou para consumo in natura. Nessas áreas, a 
tecnologia adotada era rudimentar. Além disso, o ciclo de produção limitava-se a três 
ou quatro meses, dependendo do período chuvoso. A produção por planta era variável e 
nunca ultrapassava 20kg ou 30kg por planta/safra. No entanto, a goiaba sempre foi 
um dos sustentáculos da indústria de doces do Nordeste brasileiro, chegando, juntamente 
com a banana, a fornecer cerca de 80% de toda a matéria-prima utilizada por essas 
indústrias. Na Região Nordeste, o Estado de Pernambuco sempre foi, tradicionalmente, 
um dos grandes produtores de goiaba, notadamente os municípios de Flores, 
Triunfo, Buíque, Pedra e Custódia. 
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Nos últimos anos, porém, o cultivo de fruteiras no Trópico Semi-Árido do Nordeste 
brasileiro tem-se mostrado uma atividade comercial atraente, considerada hoje uma 
excelente atividade do agronegócio. Basicamente, esse fato se deve à adaptação de 
inúmeras fruteiras às condições de solo e, principalmente, às condições climáticas. Além 
disso, existem hoje no Nordeste diversos pólos de agricultura irrigada que favorecem, 
com sucesso, a exploração de diversas espécies frutíferas. Somente na Região do 
Submédio do Vale do São Francisco, há, atualmente, cerca de 100 mil hectares 
irrigáveis, em condições de propiciar, ao produtor da região, altos níveis de 
produtividade com a exploração de frutas, seja para o mercado local seja para 
exportação. Esses pólos permitem a produção de frutas durante todo o ano, inclusive 
nos períodos em que os mercados europeu, asiático e norte-americano estão 
desabastecidos, ou seja, entre outubro e abril. 
 
02. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA, ALIMENTAR E SOCIAL 
 
A importância econômica de uma cultura pode ser avaliada sob vários aspectos, 
relacionados, por exemplo, com a utilização da matéria-prima produzida, o volume 
comercializado do produto e até mesmo com os esforços de pesquisa desenvolvidos. 
Sabe-se que os frutos da goiabeira têm importância econômica real, pelas suas amplas 
formas de aproveitamento. Em todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo, a 
goiaba não só é empregada na indústria, sob múltiplas formas (purê, polpa, néctar, suco, 
compota, sorvete, entre outros), como, também, é amplamente consumida como fruta 
fresca (Martin, 1967). É grande a importância alimentar da goiaba, notadamente no 
Nordeste do Brasil, uma região sabidamente carente de fontes alimentares. Seu consumo 
é hábito disseminado em todas as camadas da sociedade, desde as mais abastadas até as 
de baixo poder aquisitivo. 
 
 
 
 
 
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Tabela1. Produção total da goiaba 
345.533 t/ha 
 
 
 
Figura:1 (Fonte: AGRIANUAL 2008) 
 
O seu valor nutritivo é dos mais importantes, pois, além de conter cerca de 150 a 
209 calorias por 100g de fruta, possui um dos mais altos teores de vitamina C (ácido 
ascórbico) entre as frutas, superada apenas pela acerola. Algumas variedades silvestres de 
goiaba apresentam cerca de 600mg a 700mg de ácido ascórbico por 100g de fruta. Esse 
teor é dez vezes maior que o conteúdo de vitamina C de qualquer variedade de laranja que 
se conheça. Possui ainda considerável teor de vitamina A, cálcio, tiamina, niacina, fósforo 
e ferro (Paula, 1950; Martin, 1967). 
O incremento do plantio comercial com variedades de goiabeira selecionadas e 
própriaspara consumo in natura ou para a industrialização ocorrerá em conseqüência de 
sua grande importância alimentar, considerados seu valor nutritivo geral - elementos 
minerais, vitaminas, carboidratos, proteínas e fibras (Pereira, 1995) - e seu elevado teor de 
vitamina C (Rathore, 1976); (Gurgel et al., 1951). Tais informações podem ser constatadas, 
comparativamente a outras frutas, na Tabela 2 
 
 
 
 
 
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Tabela 2– Composição de 100g de porção comestível de varias frutas subtropicais 
 
FONTE: Fernando Mendes Pereira, 1995. 
 
Figura 2: Goiabas vermelhas ricas em licopeno 
-Pigmento carotenóide responsável pela coloração avermelhada dos tomates, melancias, 
mamões, pitangas e goiabas vermelhas; 
- Age como agente antioxidante com capacidade sequestrante de radicais livres; 
- Possível ação contra o câncer, principalmente o de próstata, e doenças cardiovasculares; 
 Esses são fatores que poderão, de fato, impulsionar a venda e o consumo da goiaba no 
Brasil e no exterior. Para tanto, é necessário que produtores, varejistas e atacadistas façam 
intensa divulgação dessas características nutricionais, usando os meios de comunicação, 
nos diversos pontos de distribuição da fruta e até mesmo nas embalagens. 
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03. AGRONEGÓCIO 
 
A goiaba é uma fruta nativa da América tropical e, atualmente, pode ser 
encontrada em todas as regiões do Brasil. Sua produção em escala industrial no país teve 
início na década de 70, quando grandes áreas tecnificadas foram implantadas, com 
produção direcionada para os mercados nacional e internacional, na forma in natura, 
industrializada (doces e sucos) e desidratada. 
A goiaba disputa a faixa mercadológica daqueles consumidores que preferem 
produtos naturais, pois sabem que somente 50% da vitamina C sintética podem ser 
absorvidos, enquanto 100% da de origem natural são consumidos pelo organismo 
humano. 
 
3.1. Nova visão do Agronegócio 
 
Consumidores e clientes do atual mercado global exigem cada vez mais 
qualidade mercadológica da goiaba de mesa, pois estão preocupados com a segurança 
dos alimentos e a preservação do meio ambiente. O clássico conceito dos “4 Ps” (produto, 
preço, praça e promoção) não é suficiente para garantir, ao fruto, a liderança nos 
mercados competitivos. Hoje, produtores de goiaba e/ou empresários rurais precisam 
enfrentar a concorrência, atualizando-se com as novas tendências tecnológicas e 
oferecendo vantagens no seu agronegócio, por meio da conjunção de gestão estratégica da 
cadeia de suprimentos (supply chain management) com tecnologia da informação, com 
baixo custo, constância de fornecimento, confiança e baixo risco de perda de 
competitividade. 
 
3.2 Comportamento do Consumidor 
 
A procura por uma vida saudável e está transformando o comportamento dos atuais 
consumidores. Os novos conhecimentos sobre as vantagens proporcionadas à saúde, pela 
utilização de frutas frescas, contribuíram para o incremento significativo no consumo desse 
grupo de alimentos. As frutas frescas têm baixo teor calórico e são ricas em fibras 
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alimentares, vitaminas e sais minerais. Além disso, geralmente, não contêm colesterol, 
gordura, sal e outras substâncias nocivas à saúde. 
Segundo os profissionais da área de saúde, a elevação da qualidade de vida é 
garantida quando se consegue aliar o consumo de alimentos funcionais, principalmente 
frutas, com a prática de exercícios físicos e mentais e o gerenciamento do estresse. 
Alimentos funcionais são aqueles que têm ingredientes bioativos como 
capsaicina, fitoesterol, ácido oléico, adenosina, betacaroteno, licopeno e outros, os 
quais podem evitar ou curar doenças, como câncer, diabete, hipertensão, estresse, 
doenças cardíacas e osteoporose, entre outras. Além disso, as fibras desses alimentos 
promovem melhor funcionamento do intestino e o ajudam a liberar toxinas. O consumo de 
alimentos funcionais está crescendo rapidamente e, entre eles, o da goiaba. Em 1998, esse 
grupo de alimentos faturou cerca de US$ 25,8 bilhões de dólares nos Estados Unidos. 
 
3.3 Segurança dos Alimentos 
 
O perfil da qualidade mercadológica da goiaba é avaliado pelos atributos 
desejados pelos consumidores, que geralmente preocupam-se com a aparência, a cor, o 
formato, o tamanho, a textura, o sabor, o aroma, a embalagem, a rotulagem e os 
aspectos nutricionais. 
Apesar de sua grande importância, a maioria dos consumidores brasileiros ainda não 
considera a segurança dos alimentos como um atributo fundamental. Por sua vez, 
consumidores europeus, americanos, japoneses e parte dos brasileiros estão exigindo, 
cada vez mais, segurança dos alimentos. 
Esse atributo oferece a garantia de que as goiabas comercializadas estão livres de 
contaminantes de natureza biológica (microrganismos patogênicos), química (presença 
de substâncias em níveis considerados tóxicos) e física (pedras e vidros) que prejudicam 
a saúde. O setor de distribuição (atacado e varejo) de alguns países utiliza os selos de 
gestão da qualidade, que oferecem ao consumidor a garantia de qualidade e segurança do 
alimento. Relacionado à segurança dos alimentos, o uso do processo de rastreabilidade, que 
visa registrar na embalagem da goiaba todo o sistema agroalimentar (identificação do 
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produtor, origem, processo de cultivo, quem a distribuiu e outras informações), é crescente 
nos mercados consumidores exigentes. 
 
3.4 Produção Mundial e Participação Brasileira 
 
A goiaba ainda é pouco conhecida no cenário agrícola mundial de frutas. Na União 
Européia e nos Estados Unidos, considerados os maiores mercados consumidores de 
produtos hortifrutícolas do mundo, a fruta é considerada exótica, sendo comercializada 
em escala mínima e a preços elevados. A preferência é para o consumo das goiabas de 
polpa branca para mesa. 
Embora o Brasil seja um dos maiores produtores mundiais de goiaba, a sua 
participação no mercado internacional da fruta in natura é inexpressiva. Observa-se, 
inclusive um declínio nas exportações dos últimos anos. Alguns fatores são responsáveis 
por esse fato, entre os quais se destaca o pouco conhecimento do produto por parte dos 
consumidores dos mercados mais rentáveis economicamente e o alto grau de perecibilidade 
do fruto na fase de pós-colheita. Este último fator exige que o produto seja bem 
acondicionado e escoado para o mercado internacional por via aérea, o que onera 
demasiadamente os custos de comercialização. Por esta razão, o mercado internacional tem 
preferência pelo consumo da goiaba na forma de polpa ou suco concentrado. Segundo 
dados da Associação das Indústrias Processadoras de Frutos Tropicais – ASTN, em 2000 as 
exportações brasileiras com esses derivados de goiaba situaram-se em 1,2 mil e 1,3 mil 
toneladas, respectivamente. 
 
3.5 Perspectiva de Mercado 
 
A goiaba é uma fruta que, devido às várias formas de utilização,apresenta aumento 
promissor de consumo no mercado nacional. Observando-se os dados das principais Ceasas 
do País (São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro), constata-se que, na última década, 
ocorreu umincremento na comercialização dessa fruta de mais de500%. Entretanto, a 
maioria dos pomares brasileiros com goiabeiras em produção destinasse os frutos, 
principalmente, à indústria de processamento. Esta é uma das principais explicações para a 
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manutenção da qualidade inferior da goiaba brasileira, já que a indústria sempre foi menos 
exigente nos padrões de qualidade. O incremento de consumo da goiaba in natura, nos 
principais mercados consumidores do país, está hoje condicionado à melhora no nível de 
qualidade do produto. Esses mercados exigem frutos uniformes quanto a tamanho, forma e 
coloração. 
Um dos principais desafios que os produtores brasileiros de goiaba devem enfrentar 
para ampliar sua tímida participação nos mercados internacional e nacional é divulgar o 
produto nos importantes centros de consumo e melhorar suas estratégias comerciais, 
passando a oferecer produtos e serviços que efetivamente atendam à demanda das grandes 
cadeias de supermercados que hoje controlam esses mercados. Investir na qualidade e 
marketing é fator essencial para desenvolver os mercados internacional e nacional da 
goiaba. 
Consciente da necessidade de ampliar o mercado, tanto nacional quanto 
internacional, a Associação Brasileira dos Produtores de Goiaba – Goiabrás, sediada em 
São Paulo, vem desenvolvendo uma série de ações, como a instituição do selo de qualidade 
para frutas frescas e a elaboração de um plano de marketing para os produtores. A 
ampliação do mercado consumidor daria vazão, por exemplo, à crescente oferta de um 
grande pólo de produção de goiaba do Estado de São Paulo, situado em Taquaritinga, que 
hoje é responsável por mais de 70% da produção paulista. Em 1998, essa zona produtora 
colheu 65 mil toneladas do fruto; em 1999, ampliou sua oferta para 90 mil, e a previsão 
estimada para o ano 2000 é de mais de 100 mil toneladas. 
A perspectiva comercial para a cultura, no Nordeste, nos próximos cinco anos, vai 
depender de iniciativas similares às da Goiabrás, que tanto se empenha em divulgar o 
produto, quanto em melhorar suas características intrínsecas e extrínsecas. Outro fator 
externo que deve contribuir para aumentar o consumo de goiaba no mercado internacional 
pode ser sua inserção na intensa campanha realizada nos Estados Unidos, por empresas 
privadas e instituições governamentais, de convencer a população norte-americana a 
incluir, pelo menos, duas porções de frutas na dieta alimentar. Essa campanha deve abrir 
um amplo espaço para a colocação de espécies frutícolas produzidas nos países do 
Hemisfério Sul, principalmente as frutas consideradas exóticas, como é o caso da goiaba. 
 
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04. ASPECTOS BOTÂNICOS 
 
A classificação botânica de várias espécies, como a goiabeira, tem sofrido, ao longo 
do tempo, quase como regra geral, mudanças periódicas. Inicialmente, ela foi classificada, 
botanicamente, conforme a forma e a coloração dos seus frutos. Tinha-se, assim, a Psidium 
pomiferum, que produzia frutos de formato redondo ou elíptico e com polpa de coloração 
vermelha, e a Psidium pyriferum, cujos frutos eram piriformes, ou seja, forma de pêra, e 
polpa de coloração branca ou rosada (Soubihe Sobrinho, 1951). Hoje, sabe-se que as duas 
espécies, pyriferum e pomiferum, são na realidade variações globosas e piriformes da 
espécie Psidium guajava L., e não um subsistema do ponto de vista botânico (Ital, 1988). 
A goiabeira (Psidium guajava L.) pertence à família Myrtaceae, que compreende 
mais de 70 gêneros e, aproximadamente, 2.800 espécies distribuídas nas diversas regiões 
tropicais e subtropicais do mundo, principalmente na América e na Austrália 
(Pereira,1995). Handrick, citado por Martin (1967), enumerou, por outro lado, 
aproximadamente 15 espécies do gênero Psidium, todas nativas da América Tropical. O 
maior número de espécies catalogadas é encontrado do sul do México à Amazônia. É 
importante assinalar que, com exceção da Psidium guajava L., amplamente cultivada na 
República Sul-Africana, onde se encontram as maiores plantações do mundo, todas as 
outras espécies, salvo raras exceções, não apresentam interesse comercial e, por isso, são 
desprovidas de qualquer interesse econômico (Ital, 1988). Entretanto, todas essas espécies 
não exploradas economicamente constituem um verdadeiro banco de germoplasma nativo, 
que poderá tornar-se, num futuro próximo, fonte imprescindível de material genético para 
os programas de melhoramento. 
A goiabeira é um arbusto ou uma árvore de pequeno porte (Koller, 1979), que, em 
pomares adultos conduzidos sem poda, pode atingir de três a seis metros de altura. As 
folhas são opostas, de formato elíptico-oblongo e caem após a maturação. O sistema 
radicular apresenta raízes adventícias primárias, que se concentram a uma profundidade de 
30 cm do solo. Das raízes adventícias primárias saem as raízes adventícias secundárias, que 
podem atingir, de acordo com Zambão & Neto (1998), profundidades de até 4 ou 5 metros. 
A planta de goiabeira propagada por semente apresenta raiz pivotante; entretanto, as mudas 
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propagadas por enraizamento de estaca têm apenas raízes secundárias e normalmente não 
atingem aquela profundidade. 
 
Arvore da goiabeira 
 
As flores são brancas, hermafroditas, e surgem em botões isolados ou em grupos de 
dois ou três botões, sempre na axila das folhas que brotam em ramos maduros, após a poda 
ou naturalmente. A ocorrência de botões florais isolados ou em grupos varia com as 
condições ambientais, com a fertilidade do solo e, principalmente, com a variedade. 
Essa característica pode ser importante, porque pode determinar a necessidade ou não da 
realização do desbaste de fruto, o que pode alterar os custos de produção da fruta. 
 
 Figura 4: Flor da goiabeira 
 
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Em variedades que apresentam a mesma produção e têm a mesma aceitação 
comercial, deve-se preferir aquelas que produzem botões isolados, em vez daquelas que 
produzem botões florais em cachos. Ainda com relação ao surgimento de flores a partir de 
um, dois ou trêsbotões florais, observou-se que nem sempre todos eles chegam aproduzir 
frutos. Observa-se, também, com muita freqüência, o abortamento dos frutos laterais ainda 
nos primeiros estádios de desenvolvimento. Quando dois ou mais frutos vingam, aquele 
originário do botão floral central quase sempre apresenta maior desenvolvimento, o que é 
natural, pois o botão central sempre surge primeiro. 
O estádio de maturação dos ramos aptos a florir, a localização das gemas floríferas e 
a distinção entre o desenvolvimento dos frutos oriundos dos botões florais centrais e 
laterais são aspectos importantes que devem ser conhecidos e observados nos trabalhos de 
melhoramento genético e, principalmente, nas operações de poda de frutificação e desbaste 
de frutos, em áreas de produção comercial. A observação e o conhecimento desses aspectos 
certamente definirão o grau de sucesso dos cruzamentos orientados para o melhoramento 
genético e, sobretudo, a produtividade a ser alcançada em pomares conduzidos com poda 
de frutificação. 
Quanto à polinização, sabe-se que a goiabeira apresenta fecundação cruzada que 
pode variar, entre plantas, de 25,7% a 41,3%, considerando-se 35,6% como índice médio. 
SoubiheSobrinho & Gurgel (1962) e Soubihe Sobrinho (1951) constataram, nos seus 
estudos do processo de polinização da goiabeira, que a autofecundação é a principal forma 
de polinização. 
Ray e Chhondkar, citados por Medina (1988), verificaram, em estudos de 
polinização de três variedades, que a frutificação mais elevada, 62% a 82%, ocorreu sob 
 
polinização aberta, embora a queda de frutos fosse maior. O pegamento final dos frutos da 
goiabeira é, de acordo com Pereira (1995), da ordem de 20%, quando se considera a relação 
entre o número de botões florais surgidos e o número de frutos efetivamente colhidos. 
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Fonte: Luiz Gonzaga Neto 
Entre os insetos responsáveis pela polinização das flores da goiabeira, constatouse 
que a abelha doméstica, Apis melifera, é o principal agente polinizador. 
Na frutificação efetiva e natural, ocorreram, de um ano para outro, variações de 22% 
à 75% (Soubihe Sobrinho, 1951), constatadas na cultivar Lucknow-49 (Dasaraty, citado 
pelo Ital, 1988). Os frutos da goiabeira são bagos que têm tamanho, forma e coloração de 
polpa variáveis, conforme a variedade. Frequentemente, a frutificação começa no segundo 
ou no terceiro ano após o plantio no local definitivo, quando o pomar é formado com 
mudas propagadas por sementes. Pomares de goiabeira formados com mudas propagadas 
vegetativamente, por estaca ou por enxerto, iniciam a floração com até sete ou oito meses 
de idade, após o transplantio para o local definitivo. 
 Em geral, essa primeira florada não apresenta interesse comercial e convém 
eliminá-la para proporcionar melhor formação da copa e não sacrificar as plantas ainda na 
fase juvenil. 
A queda de frutos em plantas de goiabeira pode representar um sério problema nos 
pomares comercias. Há registro de cultivares em que apenas 6% dos frutos completaram a 
maturação (Singh & Sehgal, 1968). Essa queda pronunciada de frutos deve-se, em parte, à 
ação de pássaros, a fatores climáticos, a distúrbios fisiológicos (Ital, 1988) e, também, ao 
ataque de nematóides. 
Ainda com relação à frutificação efetiva da goiabeira, outro dado de grande 
importância para o produtor de goiaba, seja para exportação seja para o mercado interno, é 
a curva de crescimento do fruto, que, segundo Rathore (1976), tem a forma de uma dupla 
sigmóide. Trabalhos realizados na Região do Submédio do Vale do São Francisco 
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confirmaram esse comportamento (Ben-Hur et al., 1997). Em estudo realizado na Índia, no 
qual se caracterizou o aumento do fruto em altura e diâmetro, e em diferentes estações 
climáticas, ficou evidenciado que o fruto da goiabeira apresenta três períodos distintos de 
crescimento (Rathore, 1976). 
O primeiro período tem crescimento acelerado, principalmente nos períodos 
quentes, e prossegue por 45 ou 60 dias, dependendo das condições climáticas. 
O segundo período de crescimento da goiaba é relativamente lento, com uma 
duração aproximada de 30 dias, chegando a até 60 dias, em temperaturas mais amenas. 
Na segunda fase do crescimento do fruto, ocorrem o amadurecimento e o 
endurecimento das sementes. 
O terceiro e último período caracteriza-se por um incremento exponencial da taxa de 
crescimento do fruto. Nessa fase, a altura e o diâmetro do fruto aumentam rapidamente. Em 
estudo realizado em Nova Delhi, Índia, verificou-se que esse período chegou a ser de 
apenas 30 dias, mas no inverno e na primavera esse tempo foi maior. No final desse 
período, ocorre a mudança de coloração externa do fruto, que passa de verde para amarelo. 
Scrivastava & Narasimhan, citados pelo Ital (1988), estudando na Índia o 
desenvolvimento do fruto de três cultivares sem sementes e o de uma cultivar com 
sementes, concluíram que, para as cultivares com sementes, o comprimento, o diâmetro e o 
peso do fruto aumentaram rapidamente nos primeiros 45 dias e, depois, numa velocidade 
menor, até os 90 dias e, a partir daí, a um ritmo mais lento até o final do período de 
observação, aos 120 dias. A cultivar sem sementes, por sua vez, apresentou uma taxa de 
crescimento constante, embora mais lenta até os 90 dias. Depois desse período, o ritmo de 
crescimento acelerou sensivelmente. 
Estudos efetuados por Menzel & Paxton, citados pelo Ital (1988), mostraram que o 
fruto da goiabeira levou cerca de 14 semanas para atingir a maturidade. Em observações 
realizadas com a variedade Paluma, em pomares na Região do Submédio do Vale do São 
Francisco, verificou-se, um período de, aproximadamente, 120 ou 130 dias da floração ao 
inicio da colheita do fruto, em estádio “de vez”. 
O tempo decorrido da poda até o final da colheita varia de 6 a 8 meses, dependendo 
do sistema de manejo adotado no pomar. O conhecimento da curva de crescimento do fruto, 
que pode variar conforme o manejo tecnológico, a variedade e as condições climáticas, é de 
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fundamental importância, principalmente para o produtor de frutos para consumo in natura 
e os destinados a centros distantes do local de produção. A partir desse conhecimento, o 
produtor pode planejar mais facilmente suas atividades, principalmente as que envolvem 
operações de desbaste do fruto, pulverizações (prazo de carência), ensacamento do fruto, se 
necessário, e, sobretudo, determinar a época mais oportuna para a colheita e a 
comercialização da sua safra. É óbvio que, tratandose de seres vivos, no caso uma planta, 
esses eventos não acontecem com a precisão matemática desejada, mas, sem dúvida, 
auxiliarão no planejamento da poda e da colheita, visando à colocação do fruto no mercado 
em época previamente determinada. 
 
 
05. PRINCIPAIS VARIEDADES 
 
 As variedades de goiabeira diferem, entre si, em diversos aspectos, como: formato 
de copa (algumas mais eretas outras mais esparramadas), produtividade, época de produção 
(precoce, meia estação e tardia), número, tamanho e formato de fruto, além da coloração da 
polpa. As variedades diferenciam-se, também, quanto ao destino da produção. Variedades 
de goiabeiras destinadas ao processamento industrial devem ter,segundo Kawati (1997), as 
características que se seguem: 
- Para a produção de polpa: 
• Polpa de coloração rosada; 
• Altos teores de pectina; 
• Baixo teor de umidade e alta acidez; 
• Alta porcentagem de sólidos solúveis totais; 
- Para a produção de compota: 
• Polpa de coloração rosada ou vermelha; 
• Polpa espessa; 
• Pequena quantidade de células pétreas; 
• Polpa firme; 
• Forma arredondada a oblonga. 
- Para o mercado de fruta in natura: 
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As variedades de goiabeira produtoras de frutas para consumo in natura apresentam 
características diferentes, dependendo se forem destinadas ao mercado interno ou à 
exportação. O mercado brasileiro, em geral, prefere frutas com polpa de coloração 
vermelha, enquanto o mercado externo prefere frutas com polpa branca. 
Outra exigência muito importante no mercado interno é quanto ao tamanho da fruta. 
Normalmente, o consumidor brasileiro, particularmente aquele consumidor que 
compra em lojas especializadas ou em supermercados, prefere a fruta de maior tamanho. O 
consumidor de faixa de renda menos elevada, em geral aquele que compra em feiras 
livres, prefere frutasmenores. 
 
Kumagai – É o cultivar predominante 
nos pomares de goiaba para mesa do 
Estado de São Paulo. Suas plantas, 
bastante produtivas e de médio vigor, 
apresentam ramos longos eesparramados. 
Os frutos são grandes (300 a 400 g), 
arredondados a oblongos, com cascalisa e 
resistente, de cor verde-amarelada nos 
frutos maduros 
 
cultivar Kumagai 
Iwao – Esta cultivar foi selecionada e 
fixada no Município de Carlópolis-PR. 
As plantas são vigorosas, produtivas e 
apresentam um crescimento vertical. Os 
frutos pesam de 350g a 400g, têm 
formato arredondado a oblongo, casca 
levemente rugosa, de coloração amarelo-
clara na maturação. A polpa é branca, 
espessa, levemente ácida e com poucas 
sementes. 
Pedro sato – Cultivar selecionado no 
Estado do Rio de Janeiro tem sido 
cultivado com sucesso, também, no 
interior de São Paulo. Suas plantas, 
vigorosas e de crescimento vertical são 
razoavelmente produtivas. Os frutos, 
levemente ovalados, de boa aparência, 
podem atingir peso superior a 400 g 
quando desbastado. A polpa é firme e 
rosada. O sabor é agradável. 
 
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cultivar Pedro sato 
Sassaoka – É cultivar de goiaba para 
mesa. A planta é de porte aberto e média 
produtividade. Os frutos, que podem 
atingir peso superior a 300 g, apresentam 
polpa rosada e espessa. A rugosidade da 
casca é a principal característica de seus 
frutos. 
Paluma – Com cerca de 2.000.000 de 
mudas distribuídas nos últimos anos, este 
cultivar éatualmente o mais difundido no 
Brasil, sendo seus frutos destinados à 
industrialização. É,entretanto, importante 
ressaltar que a qualidade e a conservação 
de seus frutos vêm propiciando a 
comercialização de parte significativa de 
sua produção como fruta fresca de mesa. 
Suas plantas, altamente produtivas (mais 
de 50 t/ha.), são vigorosas 
comcrescimento lateral. Seus frutos são 
grandes (acima de 200 g mesmo em 
plantas nãodesbastadas), piriformes com 
pescoço curto e casca lisa. A polpa é 
firme, espessa (1,3 a 2,0cm) de cor 
vermelha intensa e sabor agradável, 
graças ao elevado teor de açúcar 
(aproximadamente 10º Brix) e equilibrada 
acidez. 
 
Cultivar paluma 
Rica – Graças ao elevado teor de açúcar 
de seus frutos, este cultivar tem sido de 
grandeinteresse à industrialização, sendo, 
também, procurado por consumidores de 
fruta fresca, 
exigentes por frutas de sabor apurado. 
 
Século XXI – Cultivar recentemente 
disponibilizado aos fruticultores. Graças a 
grande produtividade e qualidade dos 
seus frutos, tem grandes possibilidades de 
tornar-se uma das mais importantes 
goiabeiras para indústria e mesa. 
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 Cultivar século XXI 
Fonte: Disponível em: 
http://www.todafruta.com.br/todafruta/mo
stra_conteudo.asp?conteudo=2249 
 
 
 
 
5.1. PRINCIPAIS VARIEDADES PARA O MERCADO INTERNO 
 
Considerando o mercado de frutas para consumo in natura no Brasil, podem 
serdestacadas as seguintes variedades: Paluma, Rica, Pedro Sato e Sassaoka, 
principalmente nos Estados de São Paulo e Pernambuco. Conforme descrição anterior,todas 
elas apresentam frutos com polpa de coloração vermelha ou rosada e têm como principal 
vantagem a resistência dos frutos na pós-colheita. 
Em princípio, todas as variedades produtoras de frutos com polpa vermelha são 
potencialmente destinadas ao mercado industrial, uma vez que esse segmento prefere as 
frutas com essa coloração de polpa. Há, contudo, necessidade de diferenciar as variedades 
com características apropriadas para suco, polpa, compota ou doce em massa. 
 
5.2. PRINCIPAIS VARIEDADES COM PONTECIAL PARA EXPORTAÇÃO 
Embora o volume de goiaba exportado pelo Brasil, para consumo in natura, seja ainda 
incipiente, toda fruta exportada teve como principal característica a coloração branca da 
polpa, pois essa é a preferência do consumidor externo. Dessa forma, as variedades, 
Kumagai e Iwao são aquelas que apresentam maior potencial para o mercado externo. 
Acredita-se que um trabalho de promoção bem conduzido poderá tornar as variedades de 
polpa vermelha também comerciáveis no mercado externo. Ainda que haja possibilidade de 
exportação, sem dúvida nossa principal fatia de mercado externo é o segmento de produtos 
processados ou industrializados, notadamente os sucos de goiaba. 
 
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6. PROPAGAÇÃO 
 
6.1.Semente 
Apesar de ser ainda utilizada, a propagação por sementes tem reduzida importância, 
por causa da excessiva variação do tipo de planta que se forma no pomar, dificultando até 
mesmo o manejo das podas de frutificação. 
 
6.2 Estaquia 
A estaquia herbácea é atualmente o método de propagação da goiabeira mais 
adequado, que consiste na clonagem (multiplicação de uma mesma matriz) por meio do 
enraizamento de “ramos ponteiros” de uma plana altamente produtiva, da qual são retiradas 
até duas mil estacas, por ciclo, após a poda. Esse método permite a obtenção de um pomar 
uniforme, iniciando a primeira safra no oitavo mês após o plantio, uma segunda safra após 
18 meses, e a partir daí, de seis em seis meses após a poda. A muda de estaquia pode ser 
comercializada no tipo vareta com haste única ou pernada com ramos primários já 
formados, podendo ser transportada com raiz nua ou em torrão. O processo de produção por 
mudas de estaquia exige estrutura de controle de umidade e temperatura para garantir o 
enraizamento. 
 
Fonte: Aparício Sextus, Emater-CE 
 
 
 
 
 
 
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Estaquia de ramos herbáceos: 
 
 estacas verdes com 12 a 15 cm de comprimento, com dois nós e um par de folhas 
inteiras (são fonte de carbohidratos e fornecem hormônios p/ melhor enraizamento 
); 
 abaixo do nó da base cortar em bisel; 
 Recipientes: caixa de madeira com vermiculita fina (11x40x22 cm) cabem 28 
estacas 
 45 a 65 dias na câmara de enraizamento ceos: ); 
 
 
Nebulizador com Timer 
 
 
 Câmara de nebulizaçãoão 
 Viveiro 
 Timer comanda válvula solenoide: intervalos de 2 minutos / 10 segundos de 
funcionamento 
 Usar protetores laterais na câmara para anular a ação do vento 
 Manter um filme d água sobre as folhas (alta umidade do ar) 
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 Figura 10: Muda pronta para ir a câmara de aclimatização 
 
 
Mudas prontas para o campo 
 
6.3 Borbulhia 
A propagação por enxertia é realizada sob viveiro coberto com tela plástica de 50% 
de luminosidade. As mudas podem ser feitas por este método, lembrando-se que no verão 
esse método propicia melhor pegamento. A copa (matriz) é enxertada sobre um cavalo 
(porta-enxerto) proveniente de semente, o que aumenta o vigor da planta. É o processo mais 
rápido e eficiente para se propagar uma goiabeira selecionada. 
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Na borbulhia de placa ou janela aberta, inicialmente fazem-se no porta-enxerto duas 
incisões transversais e duas longitudinais,retirando-se a casca contida no retângulo, de 
modo que a área a ser ocupada pela borbulha fique livre. A borbulha ou gema é retirada do 
ramo fazendo-se duas incisõestransversais e duas incisões longitudinais iguais às 
praticadas no cavalo ou porta-enxerto, de modo a se obter um escudo idêntico à porção de 
casca dele retirada. A seguir, a borbulha é embutida no retângulo 
vazio, devendo ficar inteiramente em contato com os tecidos do cavalo. Em seguida, fixa-se 
o escudo com amarrio. Os cavalos podem ser enxertados com diâmetro de 1 a 4cm, sendo o 
mais indicado com o diâmetro e 1,5 a 2,5 cm. A altura mais indicada para se colocar a 
gema varia de 10 a 12 cm acima do solo. 
Na borbulhia simples ou T normal, a casca do porta enxerto recebe uma incisão em forma 
de T, na qual se insere a borbulha retirada da planta-matriz, levando-se os bordos da casca 
que se encontram no ponto e bifurcação do T para facilitar a inserção. Nos meses de 
dezembro a fevereiro, os processos de borbulhia dão melhores resultados, destacando-se 
como mais eficiente o método de borbulhia de janela. 
 
 
6.4 Garfagem 
A garfagem é um processo que consiste em soldar um pedaço de ramo (garfo), 
destacando da planta-matriz a propagar, sobre outro vegetal (cavalo), de maneira a permitir 
o seu desenvolvimento. 
Os tipos mais usados em goiabeira são: garfagem de cunha lateral, garfagem do topo em 
fenda cheia e garfagem no topo a inglesa simples. 
A garfagem de cunha lateral consiste simplesmente em um garfo afilado em forma 
de cunha que se insere em uma fenda diagonal feita no cavalo. A garfagem no topo em 
fenda cheia ou de cunha terminal consiste essencialmente em decepar o topo do cavalo e 
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fazer uma fenda vertical de 2 a 3 cm, onde se insere imediatamente um garfo em forma de 
bisel. A garfagem do topo a inglesa simples consiste tão somente no corte em bisel no 
cavalo e no cavaleiro. Unem-se as partes, que são, a seguir, amarradas firmemente (figura 
11). 
Em relação ao método de enxerto de garfagem em placa sob casca, sabe-se que ele 
necessita de porta-enxertos de 1,5 a 2 anos de idade e tendo de 1,5 a 3 cm de diâmetro. O 
enxerto deve-se ter, em princípio, o mesmo diâmetro; mas, com um porta-enxerto grosso, 
pode-se usar um enxerto menor. 
A garfagem mostra-se mais eficiente quando realizada nos meses de junho a 
outubro. 
 
 
Fig. Tipos de enxertia 
 
Figura 11: Etapas de enxertia tipo lateral no topo ou inglesa simples
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7. INSTALACAO DO POMAR 
 
7.1 Preparo do Solo 
 
O preparo do solo para implantação de um pomar de goiabeira é o que 
tradicionalmente se faz na implantação de qualquer pomar de frutíferas. Compreende 
atividades de roçagem, destoca, aração, gradagem e preparo da rede de drenagem, se 
necessário. A aração deve ser profunda, pelo menos até a profundidade das covas, 
seguida de uma ou duas gradagens. É importante que essas operações sejam executadas 
tendo o solo um nível adequado de umidade. Recomenda-se, também, que sejam 
realizadas 2 ou 3 meses antes do plantio (Maranca, 1981). 
 
7.2 Marcação do Terreno, abertura de covas 
Na marcação do terreno, que antecede a abertura das covas, podem ser usados 
vários tipos de traçados, destacando-se os seguintes: em triângulo eqüilátero, quadrado 
ou em quincôncio. Os traçados em retângulo e quincôncio são mais utilizados (Medina, 
1988). 
Quadrado 
Esta disposição mantém a mesma distância entre as plantas e entre as filas e 
permite o tráfego de máquinas e equipamentos em dois sentidos, porém diminui a área 
útil do terreno e dificulta os tratos culturais mecanizados, em virtude de que aproxima 
as linhas das plantas. Este sistema é pouco emprego em pomares comerciais. 
 
 Esquema de um pomar na forma quadrangular. Figura: Jair Costa Nachtigal 
 
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Triangulo 
Esta disposição também é pouco empregada, sendo que apresenta as seguintes 
características: uma eqüidistância entre as plantas, permite o trânsito em três sentidos, 
utiliza o terreno de uma maneira bastante uniforme e permite um aumento de 
aproximadamente 15% no número de plantas por área, em relação ao sistema quadrado. 
 
 
Figura: Esquema de um pomar na forma triangular 
Quinocio 
Este sistema pode ser definido como uma sobreposição de dois sistemas 
quadrados. Esta disposição pode ser aplicada na implantação de pomares em que se 
consorcia duas espécies frutíferas. 
 A consorciação de espécies é viável quando se deseja instalar um pomar de uma 
espécie frutífera que apresenta um longo período improdutivo, como, por exemplo, a 
nogueira-pecan. Neste caso, podemos implantar entre as fileiras desta espécie, mudas de 
pessegueiro ou outra frutífera de reduzido período improdutivo e que permita obter 
retorno dos investimentos num menor período de tempo. Também, ao invés de usar uma 
espécie complementar para a nogueira-pecan, poder-se-ia usar a mesma espécie para 
esta disposição, mas neste caso torna-se necessário um desbaste das plantas no 
momento em que houver concorrência por espaço físico entre as mesmas. 
 Esta disposição de plantas tem o inconveniente de dificultar o trânsito de 
implementos, em virtude da proximidade das fileiras. 
 
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Figura: Esquema de um pomar na forma de quincôncio 
 
A determinação ou seleção do espaçamento a adotar, dependerá, basicamente, da 
maior ou menor fertilidade natural do solo e dos sistemas de exploração(mecanizado ou 
não) e de irrigação adotados (gotejamento, sulco, aspersão, microaspersão). O 
espaçamento a adotar depende, também, da finalidade do plantio (para mesa ou 
indústria). 
De modo geral, nas áreas irrigadas do Nordeste brasileiro, tem-se usado, com 
mais freqüência, traçados em retângulos com espaçamento de 8m x 5m ou 6m x 5m; 
traçados em quadrado com espaçamentos de 5m x 5m ou 4m x 4m. Está se tornando 
uma prática comum, principalmente em pomares destinados à produção de frutas para 
consumo in natura, a utilização de espaçamentos menores como 4m x 4m ou até 3m x 
3m. 
Nesses casos, o produtor deve ter um maior conhecimento das técnicas de poda 
de frutificação e de raleio de frutos, de modo a evitar o fechamento da copa, após a 
poda, pois isto poderá comprometer a produção, tanto nos aspectos qualitativos quanto 
nos quantitativos. No caso da utilização de espaçamentos mais adensados, o objetivo é 
produzir com maior quantidade de árvores por área, menor quantidade de frutos de 
melhor qualidade, por árvore. 
Qualquer que seja o traçado ou espaçamento adotado, as covas devem medir 
60cm nas três dimensões. A abertura pode ser realizada de forma manual ou mecanizada 
com furadeiras tratorizadas, principalmente quando se tratar de grandes áreas, diante do 
maior rendimento alcançado. 
No plantio, o colo da planta (região de transição entre as raízes e o tronco) deve 
ficar um pouco acima do nível do solo, devendo-se fazer uma rega abundante em 
seguida. As plantas devem ser tutoradas para evitar a ação danosa do vento. Ao 
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provocar o tombamento da muda, o vento pode prejudicar o crescimento do broto 
terminal, que pode ficar soterrado após uma chuva ou rega. A morte do broto terminal, 
que pode ocorrer nesse caso, provoca um crescimento tortuoso do tronco, havendo 
necessidade de se orientar uma brotaçãolateral, com a ajuda do tutor, a fim de que a 
planta atinja a altura mínima requerida e se inicie a formação das pernadas ou ramos 
principais, que constituirão a copa básica da futura árvore. A amarração da planta deve 
ser feita com material que permita uma faixa larga de contato com o tutor, como, por 
exemplo, a fita de plástico. Não se usa barbante nem cordão fino, que podem 
estrangular a muda, causando atraso no desenvolvimento das plantas e desuniformidade 
no pomar. 
 
7.4 Preparo da cova 
 
Deve-se aplicar calcário dolomítico na base de 100 g. para cada 
tonelada recomendada por hectare, nas duas porções de solo retirado do coveamento. 
Aplicar mais 20 litros de esterco de curral curtido, 1000 g. de superfosfato simples, 250 
g. de cloreto e potássio bem misturados a terra, 20 dias antes do plantio. 
 
 
Figura: Abertura de cova e preparo para plantio da goiabeira 
 
8. Podas 
Com a poda objetiva-se principalmente equilibrar o formato da planta, favorecer 
o arejamento, insolação e uniformizar a produção, aumentando a produtividade e a 
facilidade da colheita. A goiabeira produz flores e frutos nos ramos formados no ano 
anterior, motivo pelo qual não se deve podar um ramo sem pensar nas consequências 
para o ano seguinte. 
É fundamental a adubação equilibrada 30 dias antes e irrigação após ser 
realizada a poda, para garantir o vigor das brotações. Deve ser respeitado o equilíbrio 
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entre a raiz e a copa da planta, para maior vigor, pois a retirada excessiva de folhas e 
ramos debilita a planta. 
 
8.1 Poda de Formação 
 
Após a muda ser transplantada para o local definitivo, deve- se realizar tratamentos 
adicionais, com o objetivo de conduzir os ramos harmonicamente na copa, evitando-se o 
abafamento e sombreamento excessivo nos ramos. 
As mudas tipo vareta formarão as pernadas mediante a poda de desponte, que deve 
ser realizada 80 cm acima do colo, o que ocorre cinco meses após o plantio. 
Nos primeiros 20 cm acima do solo, deve-se eliminar todas as brotações laterais e a 
partir daí, contar 4 a 5 pernadas distribuídas, preferencialmente nos 40 cm seguintes, 
quando se realiza novo desponte a 60 cm, em todos os sentidos: Norte, Sul, Leste e 
Oeste, porém sem partirem do mesmo ponto de inserção. 
 
 
Figura 18: esquema da formação do pomar 
 
 
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Formação em quatro pernadas 
 
 
8.2 Poda de Frutificação 
 
A goiabeira tem hábito de frutificar em ramos do ano, maisexternos e altos da 
copa. A poda de frutificação é realizada para estimular a produção de ramos com flores 
e frutos em qualquer parte da planta. 
A frutificação ocorre nos meses mais quentes e úmidos, geralmente de outubro 
em diante. Já o florescimento se dá no ramo o ano todo, no ponto onde as folhas estão 
presas. Se em um ramo não surgir botão floral até o 3° ou 4° par de folhas, sua 
gema será vegetativa, devendo ser podada quando maduro, para produzir no ciclo 
seguinte. 
A poda de frutificação divide-se em contínua e total. Na poda contínua, os ramos 
são podados o ano todo, de tal forma que a planta apresenta brotações constantes, 
proporcionando produção de botões florais e, consequentemente, frutos, com a 
vantagem de se ter produção contínua e desvantagem de tornar a planta vulnerável à 
bacteriose, pois, tecidos mais novos são mais suscetíveis. Já a poda total consiste em 
proporcionar brotações 
uniformes, sendo realizada em toda a planta, dando a vantagem de tornar a planta menos 
suscetível ao ataque de bacteriose. 
Recomenda-se para planta vigorosa, uma poda mais longa (6 a 7 pares de 
folhas), e para plantas menos vigorosas, uma poda mais curta (2 a 3 pares de folhas). 
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Poda curta em ramo vigoroso 
 
9. DESBASTE E O ENSACAMENTO DOS FRUTOS 
 
Em pomares exclusivos de goiaba de mesa o desbaste de frutos é 
obrigatório para a obtenção de frutos grandes com ótimo aspecto. O desbaste deve ser 
feito quando os frutos apresentarem de 2 a 3cm de diâmetro, 
deixando-se de 2 a 3 frutos por ramo. Em plantas adultas são deixados entre 600 a 800 
frutos. Durante a operação de desbaste devem ser retirados os restos do cálice 
floral existente na base dos frutos, para melhorar o seu aspecto. 
Nos mais tecnificados pomares, os frutos remanescentes são protegidos por 
sacos de papel manteiga com dimensões usuais de 15x12cm. Estes sacos são presos no 
pedúnculo do fruto ou no ramo que o sustenta, sendo no ramo mais aconselhável. 
 
 
 
 
 
 
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9.2 Vantagens do ensacamento: 
 
- Melhora o aspecto do fruto, que quando maduro apresenta a casca uniforme 
completamente sem manchas; 
-É o mais eficiente método de controle da mosca das frutas, do gorgulho e de eventuais 
ataques do besouro amarelo e; 
-Permite a colheita de frutos sem resíduos tóxicos na casca. 
 
 
 Figura: Frutos ensacados 
 
10. NUTRIÇÃO, ADUBAÇÃO E CALAGEM 
 
Como planta bastante rústica, a goiabeira adapta-se bem aos mais variados tipos 
de solos. Essencialmente, o que se requer nos pomares para produção de frutas 
destinadas ao consumo in natura é o manejo adequado em termos de nutrição e 
adubação. 
Quanto à adubação da goiabeira, dispõe-se de poucos resultados de pesquisa 
realizada no Brasil e em outros países que determinem as verdadeiras necessidades 
nutricionais dessa cultura (Maia et al., 1998). Enquanto, para a maioria das fruteiras 
economicamente importantes, já se conhecem as chamadas doses econômicas de 
nitrogênio, fósforo e potássio para cada tipo de solo, determinadas a partir de resultados 
experimentais, para a goiabeira praticamente inexistem recomendações (Medina, 1998). 
Por conseguinte, conforme Pereira & Martinez Júnior mostram na Tabela 5, são feitas 
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as mais variadas recomendações para a adubação de goiabeiras adultas. Em 
experimentos conduzidos no Estado de São Paulo, comprovou-se que a planta responde 
com maior produtividade à adubação nitrogenada. Sugere-se, portanto, que se dê 
preferência, na adubação da goiabeira, às fórmulas com maior concentração de 
nitrogênio e potássio. Trabalhos conduzidos por (Natale et al., 1994) informam que a 
goiabeira da variedade Rica deve ser adubada com até 698g de nitrogênio e com 741g 
de potássio, no terceiro ano, para se obter a máxima produção econômica. 
 
Tabela: Recomendações de adubação NPK para goiabeiras adultas, segundo fontes 
diversas (g/planta). 
 
 
É importante frisar que as recomendações sobre adubação formuladas para uma 
região nem sempre podem ou devem ser adotadas generalizadamente, sobretudo se não 
forem acompanhadas de uma caracterização minuciosa do solo e da tecnologia de 
manejo adotada, bem como de indicativos claros da finalidade da produção (Gonzaga 
Neto, 1990). Sabe-se, hoje, da existência de fatores diversos que interagem no processo 
produtivo e que precisam ser conhecidos para programar uma adubação ajustada às 
condições do solo, às necessidades da cultura e aos custos de produção. Brasil Sobrinho 
et al. (1961), em estudo sobre adubação com macronutrientes em goiabeira com cinco 
anos de idade, verificaram que a planta necessita,particularmente, de N, P, K e Ca para 
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o crescimento vegetativo, e de N, P e K para a frutificação. Em experimento realizado 
em São Paulo com plantas de 12 anos de idade da cultivar IAC-4, Martinez Júnior & 
Pereira (1986) constataram que há resposta significativa à adição de nitrogênio em 
termos de produtividade. Baseando-se em tais resultados, esses autores sugerem que 
adubação de goiabeiras em produção seja levada em conta principalmente quanto à 
relação N/K, com menor fornecimento de fósforo. Dessa forma, recomendam a 
dosagem de 300-150-300 g/planta de nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O), 
respectivamente. Queiroz et al. (1986) informam que adubações potássicas em períodos 
que antecedem a colheita melhoram a qualidade do fruto. 
Para o Vale do Rio Moxotó, em Ibimirim-PE, e sob condições irrigadas, 
Gonzaga Neto et al. (1982) recomendam adubação em fundação, com a seguinte 
mistura: 20L de esterco de gado bem curtido, 250g de superfosofato simples e 150g de 
cloreto de potássio. Anualmente, após cada ciclo fenológico de produção, recomenda-se 
outra adubação com 200g de sulfato de amônia, 400g de superfosfato simples e 200g de 
cloreto de potássio por planta, e em círculo, na projeção da copa. 
Medina (1998), baseando-se nos resultados de análise do solo, preconiza, para a 
goiabeira, a adubação de formação e frutificação apresentada nas Tabelas 6 e 7, 
respectivamente. 
 
 
Adubação de frutificação para a goiabeira 
 
 
 
 
 
 
 
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Para a adubação na cova, Queiroz et al. (1986) apresentam a Tabela, na qual são 
sintetizadas sugestões de vários autores. 
 
 
Além de estudar e considerar as possíveis adaptações das diferente 
recomendações que são feitas sobre adubação, é importante que o produtor de goiaba 
adube o seu pomar levando em conta, além da análise do solo, a análise foliar, a 
observação visual do estado nutricional das plantas e a expectativa da produtividade. 
Esses são fatores fundamentais para ajudá-lo a racionalizar o seu programa de 
adubação. 
Deve-se ter em conta que vários fatores interagem na produção e precisam ser 
conhecidos para a programação de uma adubação ajustada às condições do solo, às 
necessidades da planta e aos custos de produção. 
 
 
11. CONSORCIAÇÃO 
 
 
A intercalação de culturas em pomares de goiabeiras orientados para a produção 
de frutas para consumo in natura pode ser adotada, conquanto apresente restrições. A 
principal é a incompatibilidade entre os sistemas de irrigação adotados. 
Enquanto para a intercalação de culturas, o método de aspersão é o ideal, para o 
cultivo da goiabeira, esse não é o método mais indicado. Assim, a intercalação só seria 
viável no período das chuvas, condição incerta no Nordeste, onde esse período é 
sabidamente irregular. 
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Entre as culturas consorciadas, na prática, com a goiabeira, destacam-se: o 
feijão, o milho, o tomate para a indústria, a cebola e a melancia. Convém, entretanto, 
enfatizar que, na produção para o mercado de fruta in natura, a consorciação não é 
aconselhável, pois a atenção do produtor deve estar voltada para a consecução de frutas 
com alto padrão de qualidade. A consorciação deve ser incentivada apenas na fase de 
formação do goiabal, como um meio para amortizar parte do investimento ou 
possibilitar um retorno mais rápido do capital. Cuidar para evitar culturas susceptíveis 
aos nematóides que atacam a goiabeira, notadamente os causadores de galhas, uma vez 
que esses são fatais para a cultura da goiabeira e até o momento não existem métodos 
eficientes de controle. 
 
 
 
 Plantio da goiabeira consorciado com abacaxi. 
 
 
Plantio de goiabeira consorciado com cebola, na região do Vale do São 
Francisco. 
 
 
 
 
 
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12. CONTROLE DE INVASORAS 
 
As plantas invasoras causam uma série de transtornos ao goiabal, e seu controle 
é indispensável, especialmente nos pomares recém-instalados. As plantas invasoras 
atrasam o crescimento das fruteiras, favorecem o aparecimento de pragas e doenças e 
dificultam as operações de inspeção do pomar e de manejo da irrigação. Normalmente, 
o controle das invasoras se faz por meio de capina manual ou mecânica. 
Em pomares irrigados e formados com mudas obtidas de estacas herbáceas, 
deve-se tomar cuidado para não machucar as raízes, que costumam ser superficiais. 
Normalmente, nessas áreas a capina é mecânica. Em áreas pequenas, pode ser feita à 
tração animal. 
Nos locais onde a irrigação é feita com mangueiras em bacia de captação, o 
controle das invasoras pode ser feito por meio do coroamento manual das plantas, à 
enxada, especialmente durante a fase de formação do pomar. 
O controle com herbicidas é recomendável, desde que se faça um cuidadoso 
levantamento da população de invasoras. Convém valer-se de assistência técnica para a 
definição e o emprego desses produtos. 
Ocorre, porém, sensível redução da população de invasoras depois do quarto ano 
de instalação do goiabal, sobretudo nas condições do Semi-Árido nordestino, graças ao 
sombreamento natural produzido pelas goiabeiras, principalmente quando adensadas, e 
à cobertura morta, formada pela troca de folhas e material vegetal proveniente das podas 
de frutificação 
 
13. PRODUTIVIDADE 
 
Pomares não irrigados, quando bem conduzidos, produzem, em média, a partir 
do sexto ano, de 20 kg/planta/ano a 60 kg/planta/ano. A média histórica de produção 
irrigada está acima de 120 kg/planta/ano. Plantas propagadas por estacas herbáceas, em 
áreas irrigadas da Região do Submédio do Vale do São Francisco, renderam, após a 
primeira poda de frutificação, acima de 10 t/ha, podendo atingir, em produção plena, 
mais de 40 t/ha/ciclo. 
 
 
 
 
 
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14. COEFICIENTES TÉCNICOS 
 
Na Tabela abaixo , são apresentados os principais coeficientes técnicos utilizados 
nas áreas irrigadas do Nordeste do Brasil. Obviamente, são necessários ajustes para 
adequar a planilha, quando a instalação dos pomares orientados para o mercado de 
consumo in natura, interno ou externo, se fizer em outros ecossistemas. Tomando por 
base, nas áreas irrigadas, o preço médio de R$ 0,40/kg (dezembro de 2002), pago ao 
produtor, pela fruta de primeira, e a estabilização do potencial produtivo na faixa de 40 
t/ha, pode-se projetar uma renda bruta de ,aproximadamente, R$ 16 mil/ha/ano (a preço 
de dezembro de 2002). Tabela: Coeficientes técnicos para instalação e manutenção da 
cultura da goiabeira, com espaçamento 7m x 5m. 
 
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15. COLHEITA 
 
O cuidado com o manuseio da fruta durante a colheita é essencial para que sua 
boa qualidade seja mantida. Ter colhedores e operadores adequadamente treinados para 
evitar todo e qualquer tipo de dano aos frutos durante o manuseio é imprescindível, uma 
vez que dela depende, em grande parte, o sucesso da sua comercialização “in natura”. 
A colheita é feita manualmente, com auxílio de escada leve em forma de tripé, 
cesta para colocar os frutos e tesourade poda. Os frutos devem ser colhidos com a 
tesoura de poda, cortando-se o pedúnculo no comprimento próximo a 1 cm, e 
colocando-os cuidadosamente na cesta que deve ser forrada ou revestida com uma 
manta de espuma de 0,5 cm, tendo-se o cuidado de não colocar mais de três camadas de 
frutos nas cestas, para evitar danos por compressão dos mesmos (BLEINROTH, 1996). 
A goiabeira produz várias floradas, portanto, deve-se fazer a colheita duas ou 
três vezes por semana, para se obterem frutos uniformes. Deve-se selecionar os frutos, 
de modo a não apresentarem deformidades. 
As horas mais quentes do dia devem ser evitadas, pois o aquecimento dos frutos 
reduz o tempo de sua vida útil pós-colheita, acelerando assim os processos que levam à 
sua deterioração. 
O ponto de colheita da goiaba com destino à comercialização “in natura” varia 
de acordo com o destino do consumo final. Para a comercialização próxima da área de 
produção, devem-se colher somente os frutos firmes, de coloração verde passando para 
o mate, com a base ligeiramente amarela. Os destinados aos mercados mais distantes 
devem ser colhidos ainda verdes, mas fisiologicamente maduros e com polpa firme. 
A determinação da fase de maturação com base apenas na aparência dos frutos é 
falha, por ser uma medida subjetiva, sujeita ao erro humano. A utilização de métodos 
físicos e químicos tem auxiliado muito para se conseguir determinar o ponto ideal de 
colheita. Este pode ser conseguido por diferentes análises, tais como teor de sólidos 
solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT), relação SSS/ATT, firmeza da polpa 
(textura), densidade do fruto e cor da casca (Tabela 2). Entre os métodos físicos, tem-se 
a medida de textura da polpa, com auxílio de penetrômetro. Através do valor indicado, 
pode se avaliar se o fruto está fisiologicamente desenvolvido, isto é, com maturação 
suficiente para atingir o seu completo amadurecimento após a colheita. A densidade 
também pode ser utilizada para determinar a fase de maturação da goiaba, cujo peso 
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específico deve estar entre 0,980 e 1,00 g/cm3, por ocasião da colheita (BLEINROTH, 
1996). 
 
É necessária a determinação dos métodos físicos e químicos para estabelecer o 
ponto ótimo de colheita de cada variedade. O fruto colhido no ponto ótimo completo 
sua maturação no intervalo de 72 horas após a colheita. 
 
 
colheita da goiabeira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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16. LITERATURA CONSULTADA 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA. Cultura da goiabeira. Disponível 
em: <http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/goiabao.html#_Toc42258473>. Acesso em: 
17 março 2012. 
 
BRASIL. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária. Goiaba 
para exportação: aspectos técnicos da produção. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1994. 49 
p.(Publicações técnicas FRUPEX, 5). 
 
GONZAGA NETO, L.; SOARES, J. M. A cultura da goiaba. Brasília: EMBRAPA-
SPI, 1995.75 p. 
 
INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS. Goiaba: cultura, matéria-prima, 
processamento e aspectos econômicos. 2. ed. rev. ampl. Campinas, 1991. 224 p. (ITAL. 
Série Frutas tropicais, 6). 
 
MANICA, I.; ICUMA, I. M.; JUNQUEIRA, N. T. V.; SALVADOR, J. O.; MOREIRA, 
A.; MALAVOLTA, E. Fruticultura tropical: 6. Goiaba. Porto Alegre: Cinco 
Continentes, 2000. 374 p. 
 
 
INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS. Goiaba: cultura, materia-prima, 
processamento e aspectos economicos. 2. ed. rev. ampl. Campinas, 1991. 224 p. (ITAL. 
Serie Frutas tropicais, 6). 
 
MANICA, I.; ICUMA, I. M.; JUNQUEIRA, N. T. V.; SALVADOR, J. O.; MOREIRA, 
A.; 
 
MALAVOLTA, E. Fruticultura tropical: 6. Goiaba. Porto Alegre: Cinco Continentes, 
2000. 
 
 
CEASA/DF Central de Abastecimento do Distrito Federal - Analise de Mercado. 
 
 
ASSOCIACAO BRASILEIRA DA INDUSTRIA DE MAQUINAS E 
EQUIPAMENTOS. 
 
Informações sobre a Instalação para pequenos negócios: doce de fruta em massa. 
Disponível em: <http://www.abimaq.org.br>. Acesso em: 21 mai. 2007. 
 
MINISTERIO DA AGRICULTURA, PECUARIA E ABASTECIMENTO – MAPA. 
Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/ consultar 
Legislacao.do operação visualizar=14913>. Acesso em: 21 maio 
2007. 
 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Goiabeira Página 41 
 
SECRETARIA DE AGRICULTURA, IRRIGACAO E REFORMA AGRARIA. 
Disponível em: <http://www.bahia.ba.gov.br/seagri/Goiaba.htm>. Acesso em: 21 maio 
2007. 
 
TODA FRUTA. Disponível em: 
<http://www.todafruta.com.br/todafruta/mostra_conteudo.asp conteúdo=1577>. Acesso 
em: 22 maio 2007. 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLANDIA. Cultura da goiabeira. Disponível 
em: <http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/goiabao.html#_Toc42258473>. Acesso em: 
20 maio 2007. 
 
BRASIL. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agraria. Goiaba 
para exportação: aspectos técnicos da produção. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1994. 49 p. 
(Publicações técnicas FRUPEX, 5). 
 
GONZAGA NETO, L.; SOARES, J. M. A cultura da goiaba. Brasília: EMBRAPA-SPI, 
1995. 75 p. 
 
 
 
 
 
 
1 
 
Sumário 
1.Introdução ..................................................................................................................... 02 
2.Importância econômica ................................................................................................. 03 
3.Espécies e variedades .................................................................................................. 06 
4.Epoca de plantio ........................................................................................................... 09 
5.Escolha de variedades .................................................................................................. 10 
6.Preparo do solo e correção da acidez ........................................................................... 11 
7.Formação de mudas ..................................................................................................... 13 
7.1. Em sacos plásticos .................................................................................................. 13 
7.1.1. Preparo do substrato.............................................................................................. 13 
7.1.2. Irrigação de canteiros ............................................................................................. 14 
7.2. Em tubetes ................................................................................................................ 14 
7.3. Cuidados com mudas produzidas em tubetes ........................................................... 15 
8. Plantio ......................................................................................................................... 17 
8.2.Em sulco .................................................................................................................... 17 
8.3 Adubação de plantio. ................................................................................................. 17 
8.4.Transplantio ............................................................................................................... 17 
9.Espaçamento ................................................................................................................ 18 
10.Espalderamento .......................................................................................................... 18 
11.Condução das plantas ................................................................................................ 20 
12.Adubação de Formação/Safrinha ................................................................................21 
13.Manejo cultural ........................................................................................................... 22 
14.Tratamento Fitossanitário ........................................................................................... 24 
15.Polinização ................................................................................................................. 26 
15.1.Polinização Natural x Artificial .................................................................................. 37 
16.Colheita ...................................................................................................................... 30 
17.Referencias................................................................................................................. 32 
 
 
 
 
 
2 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A cultura do maracujazeiro ganhou destaque no Brasil a partir do 
início da década de 70, embora nos anos 50 já existissem indústrias 
processadoras e envasadoras de suco de maracujá. 
A crescente importância deste cultivo seja pelo incremento de 
área plantada como pela abertura de novos mercados, tem sido 
acompanhada, nos últimos 10 anos, pela divulgação de resultados de 
experimentos e destinação de novas verbas para pesquisas, 
possibilitando ao fruticultor, a obtenção de um cabedal de 
conhecimentos que diminuam o risco desta atividade produtiva, 
tornando-a mais previsível, obedecidas às leis de mercado. Ainda 
assim muitas perguntas permanecem sem respostas, pois não são 
muitos os grupos de pesquisadores que se dedicam a essa 
Passiflorácea, além do que as conhecidas e enormes diferenças 
regionais, necessitam de tratamentos diferenciados, o que significa a 
formação de grupos locais visando à adaptação e a criação de novas 
tecnologias. 
Assim, nesse pequeno manual divulgamos resumidamente, 
tópicos do manejo da cultura, obtida ao longo de 19 anos de prática, 
para as condições do Triângulo Mineiro, sudeste goiano, norte e 
noroeste fluminense e sudoeste baiano. 
 
3 
 
 
Figura 1. Cultivo de maracujá 
 
2. IMPORTANCIA ECONÔMICA 
 
As estatísticas disponíveis mostram um crescimento acentuado 
da área plantada e da produção de maracujá no Brasil, a partir de 
1990. Os dados do IBGE mostram que em 1989 o Brasil produziu 
258.584 toneladas, numa área de 28.259 hectares, passando para 
317.236 toneladas em 1990, chegando a 418.246 toneladas em 1992, 
decrescendo ligeiramente nos anos seguintes, para depois voltar aos 
mesmos patamares em 1996. 
Tabela 1. Área, produção e rendimento de maracujá no Brasil, 
no período de 1980-2009 
 
4 
 
Também fica clara a ocorrência de ciclos, alternando período de 
crescimento, estagnação e redução da produção. Evidentemente 
estes ciclos estão ligados aos preços praticados tanto pelas indústrias 
quanto pelos atacadistas, obedecendo à lei da oferta e procura. 
É interessante lembrar que as variações de preços sazonais não 
determinam alternância de ciclos produtivos, mas tem sido 
responsável por significativas transformações técnicas no cultivo do 
maracujazeiro, ou seja, tem determinado a época de plantio e o 
espaçamento para os pomares implantados em regiões que 
apresentam condições climáticas que permitam a produção dentro do 
período de entre safra da região Sudeste, normalmente de fins de 
agosto até fins de novembro. 
Vale ressaltar que a região Sudeste é, atualmente, a maior 
produtora e também a maior consumidora de maracujá. 
No tocante as exportações de sucos, o Brasil deixou uma 
confortável situação de maior exportador, quando em 1988 exportou 
8.382 toneladas de suco concentrado a 50º BRIX, para a de 
importador, a partir de 1997. 
Atualmente, os cerca de 26.000 hectares cultivados com o 
maracujazeiro, estão espalhados por quase todos os estados 
brasileiros, sendo os mais importantes São Paulo, Minas Gerais, 
Bahia, Pará, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo, Ceará e 
Goiás. 
 
 
 
 
5 
 
Tabela 2. Produção Brasileira de maracujá em 2009 
 
Outro aspecto que chama a atenção é o fato de que na 
maioria das regiões brasileiras, o maracujazeiro esteja sendo cultivado 
em pequenas áreas, cerca de 2 hectares, e em pequenas 
propriedades, sendo importante gerador de renda, dado o elevado 
valor, além de propiciar um período longo de colheita, e faturamento, 
dentro do ano. O período produtivo pode variar de 6 meses por ano 
nas regiões mais ao Sul dos pais, até o ano todo nas regiões ao Norte. 
 A vida útil do pomar tem variado muito, de acordo com a 
produtividade, condições climáticas e tratos culturais, mas dificilmente 
tem superado 2 anos. 
 
6 
 
3. ESPÉCIES E VARIEDADES 
 
Pelo nome comum de maracujá são conhecidas várias espécies 
frutíferas ou ornamentais taxonomicamente classificadas dentro da 
família Passifloraceae, gênero Passiflora. Embora existam 
discordâncias entre os diversos autores quanto ao número de 
espécies pertencentes à família e mesmo ao número de espécies 
pertencentes ao gênero Passiflora, pode-se aceitar como existindo 
cerca de 400 espécies, das quais 150 são nativas do Brasil e cerca de 
60 possuem frutos comestíveis. 
Várias espécies têm cultivo e consumo razoavelmente acentuado 
em regiões específicas, entre as quais podemos citar Passiflora 
quadrangularis Linn., P. mollissima Bailey, P. nitida HBK, P. caerulea 
Linn., P. laurifolia Linn., P. coccinea Aubl., P. cincinnata Mast., P. 
ligularis Juss., P. incarnata Linn. 
No Brasil são três as espécies consideradas principais e 
responsáveis por praticamente 100% da área plantada, sendo elas : P. 
alata Dryand., popularmente chamado de maracujá doce. 
 
 
Figura 2. P. alata Dryand 
7 
 
 
Figura 3.P. edulis Sims., conhecido como maracujá roxo e P. 
edulis Sims f. flavicarpa Degener., conhecido como maracujá amarelo 
ou azedo, e responsável por 95% da área cultivada comercialmente no 
Brasil. 
 
 
 
Figura4. P. edulis Sims f. flavicarpa Degener 
 
Existe grande variabilidade de formas, tamanho, teor de açúcar, 
acidez, rendimento de suco, tolerância a pragas e doenças, cor de 
polpa e outras características de interesse nas três principais espécies 
cultivadas no Brasil, sendo que para o maracujá doce e para o 
maracujá roxo ainda não existem, comercialmente, variedades. Para o 
8 
 
maracujá amarelo já existem algumas seleções e híbridos, com 
sementes disponíveis comercialmente, sendo os principais: 
• Seleção Maguary ou Araguari - FB 100: apresenta como 
principais características o alto rendimento de suco e teor de 
açúcares, polpa amarela-alarajanda, além da excelente 
produtividade e rusticidade. Como foi desenvolvido para atender 
o mercado industrial, apresenta frutos desuniformes em tamanho 
e cor de casca. 
• Híbridos Flora Brasil - FB 200: Disponíveis a partir de 2.001, tem 
como principais características o vigor e tamanho dos frutos, 
ovalados, destinado para mercado in-natura, apresenta também 
boa coloração da polpa, amarela-alarajada, bom rendimento de 
suco e teor de açúcar. 
• Híbridos IAC: Série de híbridos desenvolvidos pelo IAC, sendo as 
principais características, bom rendimento de suco e teor de 
açúcares, polpa alaranjada, boa produtividade e vigor. 
 
• Seleção Sul Brasil: Selecionado nas condições de São Paulo, 
material original a partir do qual foram feitas várias outras 
seleções. 
• Seleções EMBRAPA: A EMBRAPA vem desenvolvendo algumas 
variedades e híbridos, os quais deverão ter sementes 
comercialmente disponíveis em breve e, entre eles, tem 
chamado a atenção o Roxo Australiano e o Vermelho. 
 
 
 
9 
 
4. ÉPOCA DE PLANTIO 
Com base nos resultados experimentais, manter a época 
tradicional de plantio, que vai do início até meados da estação das 
chuvas. Se por algum motivo o plantio não puder ser realizado neste 
período deverá ocorrer somente a partir de fevereiro, indo até 
meados de março. 
Para plantios

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