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1 Desenvolvimento do Sistema Urinário Sistema urogenital: →Assim como o sistema urinário, o sistema reprodutor também é de origem do mesoderma intermediário, assim, algumas estruturas vão colaborar, pelo menos em parte, para a formação – colaboração mútua entre esses dois sistemas, principalmente no sist. Reprodutor masculino *Malformações no sist. Reprodutor e urinário podem acometer os dois sistemas – aproximação. O sistema urogenital tem origem através da diferenciação do mesoderma intermediário. O mesoderma intermediário vai se proliferar e nessa região vai acontecer um espessamento → crista urogenital. Uma parte dessa crista vai ser direcionada para a formação as gônadas – crista gonadal; a outra parte dessa crista é chamada de cordão nefrogênico e vai formar parte do sistema urinário – bexiga e ureteres. O mesoderma intermediário origina estruturas néfricas – relacionadas com o rim; porções das glândulas suprarrenais; gônadas; e, o sistema de ductos genitais. • O ducto mesonéfrico é importante para o desenvolvimento do sistema reprodutor masculino, mas, ele é inicialmente formado na porção do cordão nefrogênico, então ele primeiro faz parte da formação dos rins, depois ele vai ser reutilizado/reaproveitado para a formação de ductos no sistema reprodutor masculino. Sistema urinário: O sistema urinário é composto por dois rins, dois ureteres, uma bexiga urinária e uma uretra. O sistema urinário inicia seu desenvolvimento antes do sistema genital → o sistema urinário vai fornecer precursores para a formação de estruturas do sistema reprodutor, como por ex. o ducto mesonéfrico. De forma geral, num indivíduo adulto, temos os rins que filtram o sangue e produzem a urina; os ureteres que conduzem a urina dos rins até a bexiga; a bexiga que é um reservatório temporário da urina - armazenamento; e, a uretra conduz a urina da bexiga para o meio externo. RINS E URETERES: Para que o rim definitivo seja formado, isso requer a formação de 3 sistemas/pares de rins que se formam numa sucessão craniocaudal e temporal. Para formar o rim definitivo temos a formação, primeiro, de um rim chamado Pronefro (desenvolvimento mais cranial), depois ele é substituído pelo Mesonefro que, por sua vez, é substituído pelo Metanefro (desenvolvimento mais caudal) – um vai substituindo o outro. POR QUÊ É IMPORTANTE TER 3 SISTEMAS, 3 CONJUNTOS DE RINS, SENDO QUE SÓ O ÚLTIMO, QUE O METANÉFRICO, QUE É O RIM DEFINITIVO?! →Isso acontece, pois, o primeiro conjunto de rins que é o Pronefro, que se desenvolve mais cranialmente, vai ter estruturas que vão ser responsáveis por induzir a diferenciação do Mesonefro, já o Mesonefro vai formar estruturas que vão ser responsáveis por induzir a diferenciação do Metanefro (rim definitivo). Então, se não tem a formação de Pronefro, o organismo não consegue estimular a diferenciação do Mesonefro e se não tem a formação de Mesonefro, não terá a formação do rim definitivo que é o Metanefro. • O Pronefro tem início na 4ª semana de desenvolvimento. Pronefro: “Primeiro rim”; Rudimentar e não funcional – TRANSITÓRIO. Inicia o seu desenvolvimento no início da 4ª semana; e, ao final da 4ª semana, ele já entra em regressão, já está involuindo – período de vida bem curto. • Início e regressão na 4ª semana de desenvolvimento. Tem origem no mesoderma intermediário, na região cranial (região cervical entre C5-C7). O Pronefro é formado por duas estruturas diferentes: • Estruturas tubulares bilaterais (nefrótomos ou túbulos pronéfricos); • Ductos mesonéfricos (bilaterais) que desembocam na cloaca. Entra em degeneração por volta de 24-25 dias de desenvolvimento, com persistência dos ductos mesonéfricos***. O ducto mesonéfrico não vai degenerar/involuir. Pronefro representa o início do desenvolvimento em cascata que conduz à formação do rim definitivo. →O crescimento caudal do ducto mesonéfrico induz a diferenciação do mesoderma intermediário em Mesonefro. Os túbulos pronéfricos degeneram, porém, os ductos mesonéfricos são usados pelo segundo conjunto de rins (mesonefro). 2 Desenvolvimento do Sistema Urinário Mesonefro: O mesonefro são rins funcionais temporários*** consegue produzir urina. • Começa a se formar no final da 4ª semana de desenvolvimento – quando o Pronefro está regredindo. • São estruturas bilaterais, localizados caudalmente ao Pronefro (região toracolombar entre T1-L3). • Degenera na 12º semana. O mesonefro é formado pelo ducto mesonéfrico (origem cranialmente, durante o desenvolvimento do Pronefro) e pelos túbulos mesonéfricos. O ducto mesonéfrico teve seu desenvolvimento cranialmente, na parte cervical durante o desenvolvimento do Pronefro, ele cresce em sentido caudal e vai estimulando na região torácica e lombar, a diferenciação do mesoderma intermediário em túbulos mesonéfricos. *O ducto mesonéfrico se abre na cloaca. ➔O Mesonefro é um rim funcional e, por isso, possui estruturas que vão permitir que ele filtre o sangue e forme a urina. • Formado por glomérulos (cerca de 10-50 por rim – são vasos sanguíneos que formam um emaranhado que se associam aos túbulos mesonéfricos), túbulos mesonéfricos e ductos mesonéfricos. • Os túbulos mesonéfricos que se formam se abrem nos ductos mesonéfricos que, por sua vez, se abrem na cloaca. • Os túbulos mesonéfricos se associam aos glomérulos (capilares), filtram o sangue e formam a urina que é levada até o ducto mesonéfrico, e, desse ducto, chega na cloaca. Num primeiro momento do Mesonefro, temos o túbulo mesonéfrico e o ducto mesonéfrico. O túbulo mesonéfrico se alonga e se funde com o ducto mesonéfrico. Depois, esse túbulo mesonéfrico vai se diferenciando para formar as estruturas do néfron, enquanto isso, a aorta dorsal emite um ramo e vai formar o glomérulo, que vai estar associado junto com esse túbulo. Então no final, temos um néfron formado bem rudimentar (pouco desenvolvido) formado a partir do túbulo mesonéfrico e esse néfron se funde com o ducto mesonéfrico. O sangue filtrado passa por essa estrutura dos néfrons → cai no ducto mesonéfrico → é levado em direção a cloaca (urina). O túbulo mesonéfrico se desenvolve na cápsula de Bowman, que é parte do néfron, e forma um néfron primitivo, mas que é capaz de filtrar a urina. Então, o túbulo mesonéfrico forma um néfron primitivo, o ducto 3 Desenvolvimento do Sistema Urinário mesonéfrico leva a urina que esse néfron primitivo filtrar/produzir até a cloaca. Os rins mesonéfricos são funcionais da 6ª -10ª semanas de desenvolvimento; após a 10ª semana ele começa o processo de degeneração/involução. • Produção de pouca quantidade de urina. No sexo masculino, o mesonefro apresenta mais uma função, além de induzir a formação do Metanefro (rim definitivo). Os túbulos mesonéfricos mais caudais e os ductos mesonéfricos, sob ação da testosterona, vão se desenvolver. Os túbulos mesonéfricos vão formar os ductulos eferentes do testículo, que levam o espermatozoide do testículo para o epidídimo; já os ductos mesonéfricos formam o epidídimo e ducto deferente. Então, o mesonefro é importante para formar o rim e, no sexo masculino, componentes do mesonefro vão se diferenciar em estruturas. No sexo feminino, não tem testosterona, tanto o túbulo quanto o ducto mesonéfrico degeneram e não formam nenhuma estrutura. • O ducto mesonéfrico, na porção próxima à cloaca, vai originar um broto, isto é, uma evaginação que vai dar origem ao rim definitivo que é o Metanefro. Resumo: O Pronefro se diferenciou e formou os túbulos pronéfricos e o ducto mesonéfrico. Os túbulos pronéfricos involuem e o ducto mesonéfrico cresce caudalmente. Conforme esse ducto mesonéfrico cresce caudalmente, ele vai estimular o mesoderma intermediário nessa região mais caudal ao Pronefro, a se diferenciar em Mesonefro, formando túbulos mesonéfricos e o ducto mesonéfrico continua passando ali. Ostúbulos mesonéfricos vão se diferenciar em néfrons primitivos que filtram o sangue e produzem um pouco de urina, essa urina cai nos ductos mesonéfricos e segue em direção à cloaca. Posteriormente, em torno da 10ª-12ª semana, o mesonefro vai começar a regredir e ele vai desaparecer no sist. Reprodutor feminino, no masculino, devido à ação da testosterona, vai se diferenciar em órgãos reprodutores masculinos. Em relação ao sistema urinário, o ducto mesonéfrico na sua porção bem próxima à cloaca, ele vai originar um broto, uma evaginação e essa evaginação do ducto mesonéfrico (na sua porção mais caudal) vai dar origem ao rim definitivo que é o Metanefro. Metanefro: O Metanefro são os RINS DEFINITIVOS. →Início do desenvolvimento na 5ª semana e funcionamento na 9ª semana. ***Começa a funcionar um pouquinho antes do Mesonefro começar a degenerar. Região pélvica. É formado por dois componentes funcionais: porção excretora e porção coletora, derivadas de diferentes fontes de mesoderma intermediário. Na porção caudal do Mesonefro, próximo à cloaca, ocorre uma evaginação do ducto mesonéfrico, essa evaginação distal do ducto mesonéfrico é chamada de broto uretérico (ou divertículo metanéfrico) no 28º dia. POR QUÊ É IMPORTANTE QUE O BROTO URETÉRICO SE DESENVOLVA? A evaginação do broto uretérico vai estimular o mesoderma intermediário que está envolta a se diferenciar em uma estrutura denominada blastema metanefrogênico, que consiste no cordão nefrogênico (mesoderma intermediário na sua porção caudal) que vai se diferenciar por indução do broto uretérico. Esse broto, ao entrar em contato com o mesoderma intermediário que está envolvendo o ducto mesonéfrico, vai pontualmente nessa região, estimular a diferenciação desse mesoderma intermediário, em blastema metanefrogênico. A formação do broto e do blastema, são extremamente importantes para o rim definitivo, pois, vão formar as porções excretora e coletora dos rins. Broto uretérico: forma a porção coletora. Blastema metanefrogênico: forma porção excretora. O broto uretérico vai formar → ureter, pelve renal, cálices maiores e menores e túbulos coletores. São estruturas coletoras, têm a função de coletar a urina que foi formara e filtrada e conduzi-la até a bexiga. O blastema metanefrogênico forma as estruturas do néfron. O néfron tem a função de produzir a urina (excretora). • O rim definitivo é formado por duas porções que são embriologicamente distintas. →O broto uretérico é derivado do ducto mesonéfrico; →O blastema metanefrogênico é derivado do cordão nefrogênico/mesoderma intermediário. O broto uretérico se forma a partir da evaginação da porção caudal do ducto mesonéfrico e ele vai se alongando, conforme ele se alonga, ele vai invadindo o mesoderma intermediário que está envolta dele, que é o blastema metanefrogênico e, então, ele vai se ramificar/bifurcar (a partir do 32º dia). A primeira bifurcação do broto uretérico forma a pelve renal (região do rim que coleta a urina e conduz ela até o ureter). O broto uretérico sofre um sistema de bifurcações e invaginações – que levam à formação de cálices maiores por ex., posteriormente, desses cálices maiores, tem ramificações que se confluem novamente formando cálices menores, até então formar uma estrutura que se chama ductos coletores. 4 Desenvolvimento do Sistema Urinário →Processo de ramificação contínua do broto uretérico. Então, o broto uretérico estimulou a diferenciação do blastema metanefrogênico e, quando o blastema se diferencia, ele vai estimular a ramificação do broto uretérico. → O broto estimula a diferenciação do blastema e o blastema vai auxiliar com sinais no desenvolvimento da ramificação do broto uretérico. O broto uretérico vai se ramificando; os ductos e túbulos coletores pegam a urina do néfron e trazem em direção à pelve renal, que vai encaminhar para o ureter, a urina. Todo esse processo que vai coletar a urina formada, é derivado do broto uretérico que passa por sucessivas ramificações. O broto vai se ramificando e forma – ureter, pelve renal, cálices maiores, cálices menores e a porção mais ramificada é denominada túbulo coletor arqueado – porção mais fina e terminal dele. *Todas as ramificações do broto uretérico estão dentro do blastema metanefrogênico. Resumo: O blastema metanefrogênico induz as ramificações sucessivas do broto uretérico até que ele forme então ureter, pelve renal, cálices maiores, cálices menores e túbulos coletores até chegar na porção mais fina que são os túbulos coletores arqueados. Os túbulos coletores arqueados derivados da ramificação do broto uretérico, vão estimular o blastema metanefrogênico a se diferenciar no néfron. Cada extremidade do túbulo coletor arqueado induz células do blastema metanefrogênico → a formar vesículas metanéfricas que se alongam e se fundem com o túbulo coletor e, sua outra porção, vai se associar com o glomérulo para formar o corpúsculo renal (que é a cápsula de Bowman com o glomérulo), formando o NÉFRON. A porção da vesícula mais próxima do túbulo coletor arqueado se funde e vai formar o túbulo contorcido distal, enquanto a porção mais interna da vesícula (mais longe do túbulo contorcido) se associa com vasos sanguíneos e vai formar o corpúsculo renal. • Vesícula metanéfrica – forma as estruturas do néfron, que são: a capsula de Bowman, os túbulos contorcidos e a alça de Henle, que se associam ao glomérulo. O túbulo contorcido distal entra em contato com o túbulo coletor arqueado, tornando-se confluentes. Transformação mesênquima-epitelial: Para que aconteça a formação do néfron e das vesículas metanéfricas, temos a transformação de mesênquima em epitélio, pois, o blastema metanefrogênico é mesênquima intermediário e, para formar as paredes e as delimitações do néfron, é necessário um epitélio, então, essas células do blastema metanefrogênico que são células mesenquimais/mesodérmicas vão se diferenciar em células epiteliais que vão formar uma vesícula, essa vesícula vai se alongar, vai se diferenciar e se associar à porção final do ducto coletor arqueado, tornando-se confluentes (uma luz só) e a porção mais proximal vai formar a cápsula de Bowman – vai se associar com glomérulos e a urina consegue seguir pelo ducto coletor etc. *Regiões embriologicamente distintas. COMO OCORRE A TRANSFORMAÇÃO MESÊNQUIMA- EPITELIAL? →Tem a substituição de MEC (matriz extracelular) característico que é associada a epitélio, por ex. as células que eram mesenquimais passam a expressar na matriz extracelular – colágeno do tipo IV, laminina etc., que são componentes da matriz que estão relacionados com epitélio. Tem também a formação e diferenciação apical de algumas células epiteliais para formar as vilosidades e microvilosidades – que serão extremamente importantes em determinados locais do néfron para o funcionamento dos rins e, posteriormente, tem a expressão de algumas proteínas que são importantes para a filtração e função do rim. Mesênquima → célula com organização epitelial. Juntamente com isso, as células começam a expressar E- caderina (moléculas de adesão celular); laminina (faz associação do epitélio com a lâmina basal) e junções 5 Desenvolvimento do Sistema Urinário oclusivas (ocludina – que auxilia na organização de epitélio). Um túbulo urinífero é formado por duas partes embriologicamente distintas do mesoderma intermediário: Um túbulo coletor (derivado do broto uretérico); Um néfron (derivado do blastema metanefrogênico). Existe uma indução reciproca no desenvolvimento do Metanefro. Sinais recíprocos entre o broto uretérico e o blastema metanefrogênico. O broto uretérico induz a formação do blastema metanefrogênico, a ramificação desse broto uretérico, por sua vez, é dependente da indução que o blastema faz nele. A ramificação do broto, induz a diferenciação do blastema p/ formar os néfrons – dependente da induçãopelos túbulos coletores. Se houver falha nesse processo de indução recíproca, o Metanefro (rim definitivo) não é formado. No início do desenvolvimento do Metanefro, o rim fetal tem uma diferença do rim do adulto porque ele apresenta lobulação (superfície irregular). Existe uma lobulação renal fetal que posteriormente desaparece, após o primeiro ano de infância, devido ao crescimento do órgão; principalmente devido ao alongamento dos túbulos contorcidos proximais e aumento de tecido intersticial/tecido conjuntivo do rim. A formação de néfrons está completa no nascimento (1- 2 milhões de néfrons por rim) e não são formados novos néfrons após o nascimento, exceto em bebês prematuros. →Uma lesão renal após o nascimento não permite a formação de novos néfrons e todo o processo de filtração dos rins pode ser prejudicado. O crescimento do rim que se dá desde o nascimento até a idade adulta é basicamente por aumento de tecido intersticial e alongamento dos túbulos contorcidos. →Os néfrons ficam localizados no córtex renal. Reposicionamento dos rins: O Metanefro tem um desenvolvimento pélvico e ele precisa se posicionar na região lombar. Durante o desenvolvimento do Metanefro, ele sofre uma ascensão, um deslocamento/reposicionamento, dessa região pélvica onde ele inicia o seu desenvolvimento, para a região lombar, imediatamente abaixo das suprarrenais → 6º a 9º semana. Além da mudança de posicionamento, os rins sofrem um giro, pois o hilo renal está voltado para região ventral e, conforme o rim vai subindo para a posição lombar, ele sofre uma rotação fazendo com que o hilo se localize medialmente – posição adulta. *Alongamento dos ureteres. Conforme os rins vão sendo reposicionados mais superiormente, eles vão tendo uma modificação da vascularização. Num primeiro momento, eles eram vascularizados pela artéria ilíaca comum (localização mais pélvica) e, conforme eles vão ascendendo, vão se desenvolvendo novas artérias para fazer a irrigação, até que se tenha o desenvolvimento da artéria renal, que será a responsável por toda a irrigação e vascularização desse órgão. Novos vasos + degeneração de outros. Eventualmente, pode ocorrer a persistência dessas artérias ao nascimento, que são chamadas de artérias acessórias. Dependendo da localização das artérias acessórias, elas podem levar a um quadro de hidronefrose (acúmulo de urina no rim), pois, uma artéria renal pode fazer pressão no ureter e a urina não consegue deixar a pelve renal, começando a se acumular nos rins – os vasos extras podem obstruir a passagem da urina levando a casos de hidronefrose (pode ser corrigido cirurgicamente). Qual a finalidade da produção da urina pelos rins no feto? • Mesonefro • Metanefro Enquanto estamos na vida intrauterina, quem faz a filtração do sangue é a placenta. A urina que é produzida pelo feto, faz parte da composição do líquido amniótico, então, a urina garante níveis adequados desse liquido, garantindo o desenvolvimento correto embrionário*. Malformações de rins e ureteres: Agenesia renal (ou não formação de rim): A agenesia renal pode unilateral, na qual somente um dos rins não é formado, ou, pode ser bilateral, quando os dois rins não são formados. A agenesia unilateral atinge 1:1000 recém-nascidos, atinge mais homens e geralmente é o rim esquerdo que está ausente. Normalmente as pessoas são assintomáticas e o rim que está presente sofre uma hipertrofia compensatória e acaba sendo responsável de forma muito eficiente pela filtração do sangue. A fisiopatologia da agenesia unilateral pode ser explicada por uma ausência do broto uretérico no lado em não há a formação do rim, com 6 Desenvolvimento do Sistema Urinário isso, não há estímulo para formação do blastema metanefrogênico e não há a indução recíproca nem a formação do rim. A agenesia bilateral atinge 1:4.500 recém-nascidos; está associado a uma condição chamada de oligodrâmnio (menos líquido amniótico no âmnio); e, consiste numa condição incompatível com a vida pós-natal. O quadro de agenesia renal bilateral está sempre relacionado com oligodrâmnio e isso gera uma combinação de fatores no desenvolvimento do feto chamada de sequência de Potter – é constituído por anúria, ou seja, não tem rim e consequentemente não tem produção de urina, hipoplasia pulmonar secundária ao oligodrâmnio; mais de 50% dos casos tem ausência de bexiga, atresia anal, atresia esofágica e anomalia genital e por fim, o oligodrâmnio provoca achatamento facial (face de Potter) e pés tortos. Tumor de Wilms (nefroblastoma): É um câncer renal comum em feto e crianças de até 5 anos, causado por uma mutação no gene WT1 que está relacionado com a diferenciação renal, atinge 1:10.000 e tem alto poder de cura (80-90%). Doença renal policística congênita: É quando a criança já nasce com um rim policístico o que atrapalha o desenvolvimento renal. Pode ser de dois tipos, a autossômica recessiva ou autossômica dominante. A doença renal policística autossômica recessiva (DRPAR) atinge 1:5000, os cistos se desenvolvem basicamente nos ductos coletores e no primeiro ano de vida a criança já apresenta insuficiência renal, necessitando de transfusões e transplantes. A doença renal policística autossômica dominante (DRPAD) atinge 1:500/1:1000 nascimentos, os cistos são mais generalizados nos rins e, como a progressão é mais lenta, leva a uma insuficiência renal na vida adulta. →Existem outras malformações, como por ex. a fusão dos rins devido à proximidade da formação, rins que se fundem parcialmente formando rins em “ferradura”, entre outros. CONTRIBUIÇÃO ENDODÉRMICA PARA FORMAÇÃO DO TRATO URINÁRIO: →Bexiga e uretra. Septação da cloaca: O ducto mesonéfrico se forma e vai se fundir para levar a urina que está formada, na região da cloaca. A cloaca é a porção caudal do intestino primitivo posterior e, é uma região incialmente comum ao sistema urinário e digestório. A cloaca sofre um processo de septação, então na cloaca, tem o crescimento de um septo de tecido conjuntivo, chamado septo urorretal, que vai crescer e separar a cloaca em porção anterior (seio urogenital) e porção posterior (reto), a partir daqui tem-se a separação do sistema digestório e do sistema urinário. Quando ocorre a separação, o rim fica associado ao seio urogenital e não ao reto; e, a porção do seio urogenital mais dilatada, vai formar a bexiga urinária, onde o ureter se abre. No processo de formação da bexiga, a diferença entre os sexos é que a porção mais final do seio urogenital, na mulher, vai formar a uretra feminina e uma região chamada de vestíbulo da vagina, enquanto no homem, essa região caudal vai se alongar devido ao desenvolvimento do pênis e ação da testosterona, formando uma uretra mais longa do que na feminina. Então, a porção mais dilatada do seio urogenital, que é chamada de porção vesical – vai formar a bexiga no homem e na mulher; a porção pélvica do seio urogenital vai formar a uretra na mulher e no homem vai formar a uretra prostática e membranosa e, a porção fálica, vai formar o vestíbulo da vagina (região onde se abre a uretra e a vagina) e, no homem, vai formar a uretra esponjosa. • O epitélio da bexiga urinária, então, é oriundo do endoderma. O mesoderma esplâncnico adjacente que fica associado vai formar o tecido conjuntivo, lâmina própria e camadas musculares e vascularização. Má formação do septo; formação em local errado; fístulas etc. BEXIGA URINÁRIA: O seio urogenital vai formar a bexiga. Inicialmente, vamos ter dois ductos se abrindo na bexiga, que são os ductos mesonéfricos; as porções terminais/caudais dos ductos mesonéfricos vão se expandir e ser incorporadas à parede dorsal da bexiga, formando o trígono da bexiga. À medida que o ducto mesonéfrico vai sendo incorporado à parede da bexiga, o broto uretérico chega cada vez mais perto da bexiga, até que eles mesmos vão se abrir individualmente nabexiga. A movimentação caudal dos ductos mesonéfricos traz a abertura dos ductos mesonéfricos pra região da uretra pélvica formando no homem a uretra prostática e, devido ação da testosterona, vai se diferenciar em epidídimo e ductos deferente e ejaculatório, na mulher esses ductos mesonéfricos vão regredir. 7 Desenvolvimento do Sistema Urinário Malformações derivados do alantoide: O alantoide sofre um processo de fibrose e vai formar o úraco que é o ligamento suspensor da bexiga no indivíduo adulto. O alantoide pode não sofrer uma obstrução e formar uma fistula, podendo gerar uma comunicação da bexiga com a porção umbilical, formação de divertículo, cisto etc. Extrofia da bexiga e extrofia cloacal: A bexiga ou a cloaca pode sofrer um processo de extrofia, ou seja, nasce para fora do corpo do embrião. GLÂNDULAS ADRENAIS: As glândulas adrenais são derivadas do mesoderma intermediário e são um importante componente do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, fazendo a coordenação do metabolismo celular e a resposta ao estresse. A glândula adrenal tem uma porção denominada córtex e uma outra porção denominada medula, ambas as estruturas são embriologicamente distintas. O córtex da glândula adrenal tem origem no mesoderma intermediário, enquanto a medula da glândula tem origem de células da crista neural (ectoderma). Por volta da 5ª semana de desenvolvimento, as células do epitélio celômico proliferam, delaminam e migram para o mesoderma subjacente, formando o córtex suprarrenal fetal. Uma segunda onda de células do epitélio celômico também delaminam e migram formando o córtex definitivo que envolve o córtex fetal – que a gente nasce. Enquanto o córtex está se estabelecendo, temos a migração de células da crista neural que são derivados ectodérmicos e vai se associar ao córtex em desenvolvimento. Então as células da crista neural formam uma massa do lado medial do córtex fetal e diferenciam-se em células cromafins que vão secretar adrenalina e noradrenalina. As células do córtex derivadas de mesoderma intermediário vão secretar hormônios esteroides, principalmente cortisol e hormônios androgênicos. O córtex fetal posteriormente involui e não fica presente no adulto. O córtex fetal é importante pois produz precursores, principalmente a di-hidroepiandrosterona – DHEA, que será usada para a placenta na síntese de estrogênio e o estrogênio é extremamente importante para manutenção da gestação*. As ações do córtex fetal, como: produção de precursores do estrógeno, também estão relacionadas com maturação de pulmões, desenvolvimento correto de fígado, TGI e parto (indução e sinalização). Malformações: Hiperplasia congênita da adrenal (1:15.000): Em condições normais, a glândula adrenal possui uma enzima chamada 21-hidroxilase que estimula a síntese de cortisol pelo córtex da adrenal, o cortisol, por sua vez, vai inibir ou regular negativamente a síntese de andrógenos pelo córtex da adrenal – feedback. Na hiperplasia congênita da adrenal, essa enzima está em quantidades insuficientes ou ausentes, consequentemente não temos a formação de cortisol e, com isso, não há regulação dos andrógenos, sendo assim, os andrógenos passam a ser produzidos de maneira exacerbada e a circulação desses andrógenos durante o desenvolvimento fetal pode levar à masculinização da genitália externa em indivíduos XX.
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