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Reparo de danos celulares ao DNA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE QUÍMICA DE SÃO CARLOS Bioquímica 2 Fernando Brondani Minussi Rafael Sardeli de Oliveira Rodolfo Santos Deda Victor Alves Venâncio PRESERVAÇÃO DO MATERIAL GENÉTICO IMPORTÂNCIA DO DNA REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 1 Síntese de proteínas e funções metabólicas Transmissão da sequência à linhagem germinativa Necessidade de um sistema de manutenção da integridade do DNA Armazenamento da informação genética Prêmio Nobel de Química 2015 “Os mecanismos de reparo de DNA” Tomas Lindahl, Paul Modrich e Aziz Sancar CONSEQUÊNCIA DE DANOS AO DNA ALTERAÇÃO DA SEQUÊNCIA DE BASES REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 2 Lesões não reparadas DNA com dano é replicado e transmitido Algumas impedem a utilização como um molde para a replicação e transcrição Mutação “Raramente, uma mutação confere alguma vantagem biológica.” Lehninger MUTAÇÕES E CÂNCER EM MAMÍFEROS REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 3 Forte correlação entre acúmulo de mutações e câncer Lesões nos genes que controlam o ciclo celular Mecanismos de reparo protegem as células tumorais Resistência da célula a agentes quimioterápicos BENEFÍCIOS DAS MUTAÇÕES? EVOLUÇÃO Variação genética Novas funções, novas espécies Equilíbrio entre a ocorrência de uma mutação e seu reparo BIODIVERSIDADE TIPOS DE LESÃO AO DNA TIPOS DE LESÃO E SEUS REPAROS REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 4 Erros de replicação Malpareamento durante a replicação do DNA Lesões espontâneas Reações do DNA no meio celular (hidrólise, deaminação,...) Lesões exógenas Causadas por agentes ambientais (radiação, substâncias,...) Reversão direta Excisão de base Excisão de nucleotídeo Recombinação Transleção Reparo de malpareamentos TIPOS DE LESÃO AO DNA SÍTIOS VULNERÁVEIS NO DNA REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 5 Sítios de hidrólise Sítios de oxidação Sítios de alquilação TIPOS DE LESÃO AO DNA DEAMINAÇÃO Eliminação de amônia por hidrólise REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 6 SÍTIO ABÁSICO Eliminação de uma base por hidrólise citosina → uracila: transversão C:G por A:T após replicação Alterações “não-naturais”, reconhecíveis pelos sistemas de reparo! TIPOS DE LESÃO AO DNA ALQUILAÇÃO Transferência de um grupo alquil para uma base REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 7 OXIDAÇÃO oxoguanina 𝑶𝟐 − 𝑯𝟐𝑶𝟐 𝑯𝑶∙ 𝑵𝑶∙ Pareamento com C ou incorreto com A Transversão G:C para T:A após a replicação! Pareamento incorreto com T O6-metilguanina TIPOS DE LESÃO AO DNA ANÁLOGOS DE BASES Substâncias que substituem as bases REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 8 AGENTES INTERCALANTES Moléculas que se alocam entre as bases pareadas Etídio Proflavina Acridina 5-bromouracila (análogo de timina) Pareamento incorreto com G Transversão T:A para C:G Distorcem a conformação espacial regular do DNA Causam deleção ou inserção de um nucleotídeo extra TIPOS DE LESÃO AO DNA RADIAÇÃO REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 9 Absorção de UV pode causar fusão de pirimidinas adjacentes, formando dímeros Radiação a → quebra de fita simples Radiação g e raios X → quebra de fita dupla EFEITO INDIRETO Formação de espécies reativas que danificam o DNA DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE MUTAGÊNICA TESTE DE AMES REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 10 Cultura de Salmonella typhimurium com mutação no gene responsável pela biossíntese de His Ágar com nutrientes, mas sem histidina Adição de substância “mutagênica” Mutações induzidas revertem a mutação do gene! Aumento do número de colônias em crescimento Incubação por 12h DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE MUTAGÊNICA SUBSTÂNCIAS MUTAGÊNICAS REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 11 Mais de 90% das substâncias carcinogênicas são mutagênicas por Ames! Composto Tipo principal de exposição Principal via de exposição Órgão afetado Aflatoxinas Ambiental Ingestão, inalação Fígado Benzeno Ocupacional Inalação, contato com a pele Sistema hematopoietico Compostos de cromo Ocupacional Inalação Pulmão Contraceptivos orais Medicinal Ingestão Fígado REPARO DE DANOS AO DNA MECANISMOS DE REPARO ASSOCIADOS AOS DANOS REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 12 Tipo de reparo Tipo de dano Enzimas de atuação Reversão direta Dímero de pirimidinas, bases alquiladas DNA fotoliase, alquiltransferase Excisão de base Modificação de base, sítios apurínicos, quebra de fita simples DNA glicosilase Excisão de nucleotídeo Dímero de pirimidinas, adutos volumosos de base UvrA, UvrB, UvrC e UvrD (em E. coli) XPC, XPA, XPD, ERCCI-XPF e XPG (em humanos) Recombinação Quebra de fita dupla RecA e RecBCD (em E. coli) Transleção Dímero de pirimidinas, sítio apurínico DNA polimerases da família Y EXEMPLO DA IMPORTÂNCIA → depurinação : cerca de 10000 erros/célula/dia → desaminação: cerca de 100-500 erros/célula/dia Há cerca de 1013 células no corpo humano! REPARO DE DANOS AO DNA REVERSÃO DIRETA DE DANO - FOTORREATIVAÇÃO REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 13 Radiação UV → fusão de pirimidinas → distorção local da estrutura de pareamento → Transcrição Replicação Restauração a partir da ação de DNA-fotoliases Cromóforo ligado à enzima absorve luz de 300-500 nm A energia de excitação é transferida a um FADH- → e- para o dímero O ânion de pirimidina resultante reduz novamente o FADH∙ e o DNA, agora sem dano, é liberado Dímeros de pirimidina são separados pela DNA-fotoliase REPARO DE DANOS AO DNA REVERSÃO DIRETA DE DANO - REMOÇÃO DE GRUPOS ALQUILA REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 14 Formação de resíduos de O6-alquilguanina Incorporação de timina ao invés de citosina (mutação) Reparo dos danos pela O6-alquilguanina-DNA-alquiltransferase Grupo alquila é removido e transferido diretamente para um resíduo de cisteína da enzima REPARO DE DANOS AO DNA EXCISÃO DE BASE (BER) REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 15 DNA-glicosilases cliva a ligação glicosídica de um nucleotídeo alterado O resíduo de desoxirribose é clivado por uma AP-endonuclease Um bloco de resíduos é removido pela ação de uma exonuclease celular A lacuna é preenchida e selada por uma DNA-polimerase e pela DNA-ligase REPARO DE DANOS AO DNA EXCISÃO DE NUCLEOTÍDEO (NER) REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 16 Elimina lesões pela remoção de um oligonucleotídeo e preenche a lacuna de fita simples resultante A NER depende da utilização de ATP, por meio da ação do sistema de endonucleases UvrABC Clivagem da fita de DNA danificada O oligonucleotídeo de 11 ou 12 nt removido é deslocado pela ligação UvrD e substituído pelas ações da Pol I e da DNA-ligase REPARO DE DANOS AO DNA RECOMBINAÇÃO REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 17 Quebra de fita dupla Enzima de quebra de DNA irá produzir extensões de fitas simples (ssDNA) Os fragmentos de ssDNA irão invadir a fita não danificada. REPARO DE DANOS AO DNA RECOMBINAÇÃO REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 18 Ocorre a formação da junção Holliday entre as fitas As pontas 3’ terminais irão servir de iniciadores para a síntese complementar da região lesada, utilizando a fita intácta como padrão. A extremidade é então assimilada ao restante da fita, reparando a região danificada. REPARO DE DANOS AO DNA RECOMBINAÇÃO REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 19 O DNA danificado pode prosseguir para replicação antes de ser reparado Formação de dímeros DNA danificado pelo dímero de pirimidina; Forma fita com lacuna ao ser replicada REPARO DE DANOS AO DNA RECOMBINAÇÃO REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 20 A fita irmã, com a lacuna, pode ser facilmente reparada, utilizando a fita complementar intacta. Com a recombinação completa, a maquinaria celular terá outra chance de reparo. O DNA intacto doa o fragmento ausênte na fita danificada. Intermpediado pelas Ku proteínas; REPARO DE DANOS AO DNA TRANSLEÇÃO REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 21 Algumas lesões obstruem a DNA-Polimerase impedindo que a mesma continue a replicação O mecanismo de translesão permitirá que a maquinaria dereplicação atravesse essa região, prosseguindo a replicação. Sem replicação, a célula tem sua funcionalidade comprometida. REPARO DE DANOS AO DNA TRANSLEÇÃO REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 22 A DNA-Pol impedida de seguir com a replicação deixa a fita parental; DNA-Pol Y “força” a replicação da nova fita; Mecanismo de reparo para situações críticas. Fanconi anemia Causa: mutações nos genes reguladores da remoção de crosslinks entre as fitas de DNA Sintomas: pequena estatura, anomalias na pele, olhos, fígado, articulações e no sistema endócrino, alta incidência de leucemia mieloide aguda, incapacidade de produção de células sanguíneas Expectativa de vida: cerca de 30 anos Incidência: 1 em 160000 hab. DEFICIÊNCIAS NO SISTEMA DE REPARO DE DANOS REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 23 Ataxia-telangiectasia Causa: defeito no gene responsável pela resposta das células à quebra de fitas duplas do DNA Sintomas: problemas de motricidade e coordenação, crescimento físico lento mas com sinais de envelhecimento precoce, dilatação de capilares sanguíneos, predisposição à infecção e câncer Expectativa de vida: cerca de 25 anos Incidência: 1 em 40000 a 10000 hab. Xeroderma pigmentosum Causa: defeito nas enzimas que atuam no reparo por excisão de nucleotídeo, levando à sensibilidade à radiação UV Sintomas: bolhas e manchas na pele, envelhecimento prematuro, cegueira, retardo intelectual e de desenvolvimento, perda de audição, alta susceptibilidade a diversos tipos de câncer de pele Expectativa de vida: de 20 a 40 anos Incidência: 1 em 50000 a 100000 hab. REFERÊNCIAS Campbell, M.K.; Farrell, S.O. Biochemistry. 6th ed., Thomson Brooks/Cole, 838p., 2009. Lodish, H.; Berk, A.; Marsudaira, P.; Kaiser, C.A.; Krieger, M.; Scott, M.P.; Zipursky, L. Molecular cell biology. 4th ed., W. H. Freeman, 1184p., 1999. Mathews, L.A.; Cabarcas, S.M.; Hurt, E.M. DNA Repair of cancer stem cells. 1st ed., Springer, 176p., 2013. Nelson, D.L.; Cox, M.M. Principles of biochemistry. 4th ed., W. H. Freeman, 1125p., 2004. Voet, D.; Voet, J.G. Biochemistry. 4th ed., John Wiley & Sons, 1515p., 2011. Watson, J.D.; Baker, T.A.; Bell, S.P.; Gann, A.; Levine, M.; Losick, R.; Harrison, S.C. Molecular biology of the gene. 7th ed., Pearson, 911p., 2014. REPARO DE DANOS CELULARES AO DNA 24 Obrigado!
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