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Noções gerais: É a sessão pública, presidida pelo juiz, que tem por objetivo a tentativa de conciliação das partes, produção de prova oral, debate e decisão da causa. Regra geral é sessão pública pois segue o princípio da publicidade, que é a garantia de que qualquer cidadão, não apenas as partes envolvidas no litígio, tenham acesso aos atos processuais. Porém há mitigações a esse princípio, que é excepcionado nos casos em que o interesse público ou social, ou a intimidade das partes envolvidas no litígio requerem uma mitigação dessa publicidade, que são as causas que correm em segredo de justiça, em que há uma publicidade restrita dos atos processuais, onde apenas as partes, os seus advogados, o magistrado, os auxiliares de justiça que atuam na secretaria da vara na qual o processo está, o promotor de justiça, defensor público, dentre outros, poderão ter acesso aos autos do processo. Temos por exemplo as causas de família, onde as audiências de instrução e julgamento correm em segredo de justiça, não são públicas, não é permitido que todo e qualquer cidadão que deseje possa entrar na sala de audiência e assisti-la. O primeiro objetivo da AIJ é a tentativa de conciliação das partes, visto que a busca pelo consenso, pela auto composição, deve ser permanente no processo, então o magistrado a qualquer tempo pode buscar a conciliação das partes. Se o magistrado obtiver êxito em conciliar as partes na AIJ esse acordo deverá ser homologado por meio de sentença no própria AIJ. Do contrário, não obtendo êxito, a AIJ seguirá na produção de prova oral (depoimento pessoal do autor, depoimento pessoal do réu, a oitiva das testemunhas, esclarecimento de peritos, assistentes técnicos) debate (onde os advogados das partes terão a oportunidade de fazer suas alegações finais e trazer os pontos principais, pelos quais eles entendem que as suas alegações devam prevalecer no julgamento da causa) e decisão (poderá ser feita pelo magistrado dentro da própria AIJ ou nos trinta dias subsequentes, pela prolação da sua sentença). É um ato processual complexo, que é aquele formado por uma série de atos processuais simples que são praticados com a ideia de contemporaneidade, ou seja, são praticados ao mesmo tempo, e com a mesma finalidade (produção de prova oral e prolação de decisão pelo magistrado). É realizada dentro da fase instrutória (também chamada de probatória). É a fase onde serão produzidas as provas em geral, não se resume à AIJ, nela também são produzidas a inspeção judicial, prova pericial e a produção da prova oral, essa que será feita na AIJ. Não se trata de ato essencial, podendo ser dispensada no caso de julgamento antecipado do mérito, que estão elencados no art. 335 do CPC. Dento da AIJ, o juiz exerce os papéis de diretor, investigador e conciliador/mediador da audiência. Falamos em diretor pois será o magistrado que irá determinar a ordem dos trabalhos na audiência, mantendo o decoro e a ordem dentro da AIJ, dizendo o próprio CPC que nesse sentido o magistrado exerce poder de polícia, então o magistrado pode, por exemplo, pedir que alguma das partes se retire se esta estiver prejudicando o andamento do feito, pedir ao advogado que espere o momento processual oportuno para que possa ter a palavra. O magistrado também atua como investigador, no sentido de que o magistrado busca a verdade na produção das provas realizadas em audiência, então o magistrado irá formular perguntas para o autor, para o réu, para as testemunhas, pode também buscar esclarecimentos do perito, do assistente técnico, dentre outros, portanto, o magistrado sempre irá atuar buscando a verdade. E por fim também atua o magistrado como mediador/conciliador na audiência, visto que na AIJ, antes de mais nada, o juiz deverá buscar a conciliação das partes, inclusive, se ele verificar logo essa possibilidade, poderá suspender a AIJ e designar uma audiência de mediação e conciliação, junto a um conciliador ou mediador, se for possível. Conteúdo da AIJ: As principais atividades desenvolvidas na AIJ são a tentativa de conciliação, a arguição do perito, a produção de prova oral, a apresentação de alegações finais e a prolação da sentença. • Tentativa de conciliação: O próprio magistrado, no início da audiência, irá buscar um acordo, irá verificar a possibilidade de conciliar as partes, resolver o litígio através da auto composição, fazendo com que as próprias partes cheguem a um consenso. • Arguição do perito: Caso não haja a composição e o processo siga, no caso de ser necessário para o esclarecimento de algum laudo, o perito que o realizou será ouvido. • Produção de prova oral: Depoimento do autor, do réu, das testemunhas que ambos arrolaram... • Apresentação das alegações finais: Oportunidade onde os advogados, tanto do autor quanto do réu poderão expor suas conclusões acerca das alegações apresentadas, das provas que foram produzidas, poderão debater as matérias de fato e de direito. • Prolação da sentença: Que será feita pelo juiz no final da própria AIJ ou no prazo de 30 dias. A AIJ segue uma ordem sequencial, nos termos do art. 358 e seguintes do CPC. Admite-se, contudo, a inversão da ordem de produção das provas, tendo em vista as particularidades do conflito, nos termos do art. 139, VI, CPC. A ordem sequencial do processo se dará da seguinte forma, primeiro o juiz irá determinar o pregão das partes, que será feito pelo servidor público responsável para tal, apregoadas as partes o juiz irá tentar obter a conciliação, se esta for obtida o juiz reduzirá á termo, não obtida a conciliação ele irá então passar pelo esclarecimento do perito e esclarecimento de assistentes técnicos, caso isso se tenha feito necessário, caso tenha havido requerimento das partes para buscar esclarecimento por perito ou de assistente técnico para esclarecer algum ponto que tenha ficado obscuro, após isso o juiz passa aos depoimentos pessoais, primeiro o depoimento do autor e depois o depoimento do réu, tomado os depoimentos pessoais das partes, parte-se para as oitivas das testemunhas, primeiro será ouvida as testemunhas do autor e depois serão ouvidas as testemunhas do réu, passadas as oitivas das testemunhas, teremos as alegações finais orais feitas primeiro pelo advogado do autor e depois pelo advogado do réu, findo o debate o juiz poderá proferir sentença. Esse é o procedimento que deve ser seguido via de regra geral, e que está descrito nos arts. 358 e seguintes, porém podem haver modificações, permitidas pelo próprio art. 139, VI, que permite que o juiz altere a ordem sequencial citada, quando for necessária diante as particularidades do caso concreto. Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: (...) VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; Abertura da audiência e pregão inicial: Art. 358. No dia e na hora designados, o juiz declarará aberta a audiência de instrução e julgamento e mandará apregoar as partes e os respectivos advogados, bem como outras pessoas que dela devam participar. A AIJ deverá ocorrer nos dias úteis, no horário de funcionamento do expediente forense. Se até a hora do encerramento do expediente, os trabalhos não tiverem se concluído, o juiz deve determinar sua continuação em algum dia próximo (o mais próximo possível, para que o juiz não se distancie das provas que já foram produzidas, e que a audiência possa continuar sem que haja prejuízo para os trabalhos), nos termos do art. 365, parágrafo único. Art. 365. A audiência é una e contínua, podendo ser excepcional e justificadamente cindida na ausência de perito ou de testemunha, desde que haja concordânciadas partes. Parágrafo único. Diante da impossibilidade de realização da instrução, do debate e do julgamento no mesmo dia, o juiz marcará seu prosseguimento para a data mais próxima possível, em pauta preferencial. A primeira coisa que o juiz deve fazer é declarar a abertura da AIJ, o que é um ato que não exige maiores solenidades, apenas profere a frase de abertura, em seguida haverá o pregão das partes, que é realizado por funcionário público que está ali auxiliando o magistrado na AIJ, geralmente o escrivão ou o escrevente exercem essa função, então esse funcionário irá apregoar as partes, onde estas, juntamente com seus advogados e qualquer outra parte que irá participar da audiência são chamadas para vir para a sala de audiência e se acomodarem no sentido de que a audiência se inicie. Regra geral, deve ser realizada na sede do juízo (fórum) ou, excepcionalmente, o local onde o juiz estabelecer, como pregado pelo art. 217: Art. 217. Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente na sede do juízo, ou, excepcionalmente, em outro lugar em razão de deferência, de interesse da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz. Pode haver exceção da regra da audiência ser na sede do juízo quando, por exemplo, a testemunha a ser ouvida, pelo cargo que ocupa ou por alguma deferência, possa ser ouvida em seu trabalho, é o caso dos governadores de estado, presidente e vice da república, dentre outras pessoas que ocupam cargos públicos e podem ser ouvidas onde designarem. Também há o caso onde a parte possui alguma enfermidade e não pode se dirigir à sede do juízo, o magistrado poderá designar a audiência para o local onde o enfermo se encontre. Embora não haja previsão legal, deve-se apregoar também as testemunhas, o perito e assistentes técnicos para que fiquem cientes de que a qualquer momento serão convocados para depor. Tentativa de autocomposição: Art. 359. Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes, independentemente do emprego anterior de outros métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem. Esse artigo diz que a tentava de conciliação deve ocorrer logo no início da AIJ, pois sempre deve-se dar preferência por meios pacíficos de resolução dos conflitos. Essa busca pela autocomposição deve ocorrer mesmo que já tenha havido outras tentativas anteriormente, por audiência de audiência de mediação e conciliação. Apenas se esta não for obtida é que o magistrado seguirá para a produção de prova oral. Se estiver representado por advogado, o comparecimento da parte na audiência é desnecessário, bastando que seu defensor se faça presente. Porém, se a parte estiver representada por um advogado sem poderes para transigir, considera-se frustrada a tentativa de conciliação, visto que o advogado precisa estar dotado de poderes especiais estabelecidos em procuração para que ele posso firmar um acordo em nome de seu cliente, do contrário, se na procuração o advogado não tiver esses poderes especiais para transigir, o acordo não será possível sem o comparecimento das partes. Porém, caso tenha sido requisitado o depoimento pessoal da parte na audiência, essa terá sim que comparecer, visto que é ato personalíssimo e não pode ser feito de maneira alguma por outra pessoa. Havendo conciliação, deverá ser reduzida a termo (documentação de um ato processual verbal realizado em cartório) e homologada por sentença, encerrando a audiência nesse ato. Não havendo conciliação, o juiz deve iniciar a produção de provas. Produção de provas orais: Art. 361. As provas orais serão produzidas em audiência, ouvindo-se nesta ordem, preferencialmente: I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos quesitos de esclarecimentos requeridos no prazo e na forma do art. 477 , caso não respondidos anteriormente por escrito; II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimentos pessoais; III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que serão inquiridas. Parágrafo único. Enquanto depuserem o perito, os assistentes técnicos, as partes e as testemunhas, não poderão os advogados e o Ministério Público intervir ou apartear, sem licença do juiz. A expressão “preferencialmente” citada no próprio caput do artigo se dá pelo fato do art. 139, IV prever a possibilidade do magistrado, atendendo a particularidades do caso concreto, inverter a ordem da produção das provas orais. A primeira prova oral a ser produzida será o esclarecimento de perito e de assistente técnico. O perito é um profissional que tem habilidades e conhecimentos técnicos, necessários para o esclarecimento de determinado fato, indispensável e relevante para a prolação da sentença pelo magistrado, visto que este, em algumas hipóteses casos concretos, não possui os conhecimentos técnicos necessários para o esclarecimento dos fatos e as partes também não detém esse conhecimento, então nesse caso se demanda conhecimento técnico, e haverá a necessidade da prova pericial, pelo perito que é uma pessoa habilitada a prover as informações técnicas necessárias para tal. A prova pericial é amplamente utilizada em casos como erro médico, área contábil, área da engenharia etc... Da mesma forma temos os assistentes técnicos, que como os peritos, tem conhecimento técnico sobre determinada área e são contratados pelas partes para acompanhar o trabalho do perito, que é designado pelo juiz, os assistentes técnicos também poderão apresentar os seus respectivos laudos periciais, a depender da complexidade da causa, do grau de litigiosidade entre as partes é recomendado que as partes contratem seus assistentes técnicos para seguir o trabalho do perito, que é uma prerrogativa assegurada por lei ás partes. Em determinados casos, pode ser necessário que os peritos e assistentes técnicos compareçam à AIJ para responder aos esclarecimentos formulados pelas partes dentro do prazo estabelecido pelo art. 477, ou também se não tiverem sido respondidos por escrito anteriormente. Pode ser arguida suspeição ou impedimento apenas para o perito, para o assistente técnico não cabe essa possibilidade. Feitos esses esclarecimentos, o inciso II diz que em seguida teremos o depoimento pessoal do autor e o depoimento pessoal do réu, onde o magistrado e o advogado da parte contrária, nessa ordem, formularão perguntas ao autor e também ao réu, o advogado da parte não pode formular perguntas para o seu cliente. A parte jamais pode requerer o seu próprio depoimento, mas sim da parte contrária, isso por que o objetivo do depoimento pessoal é buscar o esclarecimento dos fatos da causa e obter uma possível confissão. A ordem de primeiro ser ouvido o autor e em seguida ao réu se dá pela chamada garantia de contraditório. Por terceiro, serão ouvidas as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, e também nesse momento primeiro serão ouvidas as testemunhas do autor e em seguida as testemunhas do réu, pela mesma garantia de contraditório. Aqui também o magistrado pode se valer do art. 139. IV se verificar que pelo caso concreto, as testemunhas do réu devam ser inquiridas antes das do autor. O parágrafo único trata da regra de que durante o depoimento dos peritos, assistentes técnicos, partes e testemunhas, os advogados e os membros do MP não poderão intervir em seus depoimentos, nem dar opiniões, nem complementar a fala das partes ou das testemunhas, não podem apartear... A menos que haja autorização do magistrado para que o advogado ou membro do MP o faça, portanto, em um primeiro momento devem permanecer em silêncio enquanto as partes, testemunhas, peritos e assistentes técnicos estão prestando o seu depoimento, e serão posteriormente chamados a se manifestar no momento de formular perguntas, visto que os advogados e membrosdo MP presentes em audiência formulam as suas perguntas aos depoentes. Finda a instrução, iniciam-se os debates orais, com as alegações finais de ambas as partes. Aqui, as razões finais serão apresentadas pelo advogado do autor e pelo advogado do réu . Alegações finais ou memoriais: Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem como ao membro do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz. § 1º Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo, que formará com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso. § 2º Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituído por razões finais escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos. Depois que todas as provas orais forem produzidas, se iniciarão as alegações finais, que regra geral serão feitas oralmente na própria audiência de instrução e julgamento, e também são chamadas de razões finais ou debates finais. Se trata de uma oportunidade onde o advogado do auto e o advogado do réu irão apresentar suas principais alegações e irão mostrar ao magistrado que as provas produzidas corroboram as suas alegações, ou seja, demonstram a verdade das suas alegações e que portanto o autor deve obter a procedência do seu pedido e o réu a improcedência do pedido do autor. Da mesma maneira, nos processos em que haja intervenção do Ministério Público (defesa de interesse de menor, defesa de interesse público e social, ações de usucapião, dentre outros em que a presença do MP se faz obrigatória pelo CPC...) será também dado ao Ministério Público a possibilidade de que apresente as suas razões finais. Será conferido um prazo de 20 minutos aos advogados das partes e também ao MP se for o caso. Esse tempo de 20 minutos poderá ser prorrogado por mais 10 minutos pelo juiz se este julgar necessário. Toda alegação final que for feita será reduzida a termo pelo auxiliar de justiça. No caso de haver litisconsórcio no processo e houverem advogados distintos entre cada um dos litisconsortes, os advogados poderão convencionar e dividir o tempo entre eles ou também convencionar que um único advogado faça as alegações finais. A mesma regra se aplica para o caso de haver um terceiro interveniente no processo (assistente, denunciação da lide, chamamento ao processo, incidente de desconsideração da personalidade jurídica, amicus curiae) onde o advogado do terceiro interveniente deverá convencionar com o outro advogado a divisão do tempo ou que apenas um faça todas as alegações finais. A regra do §2º diz que as razões finais orais podem ser substituídas por memoriais, que são as razões finais escritas. Os memoriais serão apresentados pelas partes quando a causa apresentar complexidade de fato ou de direito. Esse recurso existe visto que há causas de tamanha complexidade que é dificultado ao advogado apresentar, em no máximo 30 minutos que lhe são dados, todos as alegações e todas as provas que foram produzidas de forma precisa e fidedigna , então nesse caso a própria lei garante ao advogado a possibilidade de apresentar as suas alegações finais de forma escrita, por meio de memoriais, em um prazo sucessivo de 15 dias, tendo ela a oportunidade de ter vistas do processo. O prazo corre de forma sucessiva, então, primeiro será aberto vista para que o autor apresente suas alegações finais escritas, depois que acabar o prazo de 15 dias do autor, será aberto o prazo para que o réu as apresente e na sequência para que o Ministério Público as apresente, portanto, não é um prazo comum que é conferido a todas as partes ao mesmo tempo, a justificativa desse prazo especial é para que os advogados das partes e o MP possam tirar os autos do processo em carga para analisa-lo, visto que será um tema de alta complexidade. Embora o §2º diga que será concedido pelo a possibilidade de memorial apenas quando a causa apresentar complexidade de fato ou de direito, na pratica e até mesmo por entendimentos doutrinários é dito que o magistrado pode, a seu critério ou a requerimento das partes deliberar que as alegações finais orais sejam substituídas por memoriais. Sentença: Art. 366. Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias. A audiência poderá se encerrar com ou sem prolação de sentença, pode também o magistrado fazê-la imediatamente, o que é bem comum, quando a causa não apresentar grande complexidade fática ou jurídica, pois se o magistrado tiver que analisar o processo mais detidamente, apreciar as provas que foram produzidas, é mais comum que ele profira a sentença no prazo de 30 dias, que é uma opção que cabe ao magistrado. Conversão do julgamento em diligência: Quando já finda a fase de instrução e oferecidas as razões finais o juiz pode, ao invés de sentenciar, converter o julgamento em diligência, retornando à instrução. Isso irá ocorrer quando após o debate oral e a produção de todas as provas requeridas pelas partes e produzidas em audiência, o juiz verifique que as provas até então produzidas não foram suficientes para elucidar os fatos, então, quando o juiz verificar que não tem condições de proferir julgamento, apesar de já ter se findado a instrução, ele pode, ao invés de prolatar sua sentença, voltar a instrução e determinar a produção de novas provas. Nesse caso, admite-se a produção de qualquer meio de prova, desde que garantido o contraditório e os limites do poder instrutório do magistrado, como por exemplo, há entendimento doutrinário de que o juiz não pode requerer a produção de uma prova de ofício se as próprias partes abriram mão de que esta fosse produzida. Apesar de não ter previsão legal, tal conversão é admitida por grande parcela da doutrina. A própria jurisprudência também apresenta inúmeros julgados no sentido de converter o julgamento em diligência para produção de provas. Lavratura do termo de audiência: Art. 367. O servidor lavrará, sob ditado do juiz, termo que conterá, em resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por extenso, os despachos, as decisões e a sentença, se proferida no ato. § 1º Quando o termo não for registrado em meio eletrônico, o juiz rubricar-lhe-á as folhas, que serão encadernadas em volume próprio. § 2º Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o membro do Ministério Público e o escrivão ou chefe de secretaria, dispensadas as partes, exceto quando houver ato de disposição para cuja prática os advogados não tenham poderes. § 3º O escrivão ou chefe de secretaria trasladará para os autos cópia autêntica do termo de audiência. § 4º Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o disposto neste Código, em legislação específica e nas normas internas dos tribunais. § 5º A audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e em áudio, em meio digital ou analógico, desde que assegure o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores, observada a legislação específica. § 6º A gravação a que se refere o § 5º também pode ser realizada diretamente por qualquer das partes, independentemente de autorização judicial. O auxiliar de justiça auxilia o magistrado na audiência de instrução e julgamento, e tudo aquilo que ocorrer dentro dessa audiência deverá ser por ele reduzido a termo, então os despachos, as decisões, a sentença, os atos processuais realizados em audiência serão reduzidos a termo. Termo é a documentação de um ato processual realizado em audiência, entãoo auxiliar de justiça documentará, sob ditado do magistrado, tudo aquilo que ocorrer na audiência. A lei 11.419/2006 criou a possibilidade do processo eletrônico e o CPC também traz esse meio, então a AIJ também poderá ser realizada por meio eletrônico, por meio de videoconferência, e os atos processuais serão registrados por meio eletrônico, se não forem, nesse caso o juiz deverá rubricar folha por folha, que posteriormente serão encadernadas em volume próprio. Regra geral, quem terá, juntamente com o magistrado, que subscrever (assinar) o termo de audiência são os advogados, membros do MP, escrivão ou chefe de secretaria e a depender do caso pelas partes, se o seu advogado não tiver poderes para praticar aquele ato processual, como por exemplo quando a parte presta seu depoimento pessoal, que é ato personalíssimo e não pode ser transferido através de procuração, ela mesma deverá assinar. O escrivão ou chefe de secretaria irá tirar uma cópia do termo de audiência e anexar essa cópia aos autos do processo. Se os autos do processo forem eletrônicos, nesse caso o termo de audiência deverá constar no processo judicial eletrônico nos termos da lei 11.419/2006, do CPC e demais leis extravagantes. O §5º autoriza expressamente que a audiência seja realizada por videoconferência, e nesse caso, se a AIJ for gravada em imagem e áudio, deverá ser disponibilizada ás partes e aos órgãos julgadores com a maior brevidade possível, nos termos da legislação específica. O §6º complementa a norma e assegura que as próprias partes poderão realizar a gravação da AIJ, nos termos do §5º. Designação, antecipação e adiamento da AIJ: Na decisão de saneamento e organização do processo, o juiz deve designar a data e hora da AIJ (conforme o art. 357, V). Referida audiência ainda pode ser designada em calendário processual estabelecido entre as partes e o juiz (conforme o art. 191). A decisão do magistrado sobre a realização da AIJ irá ocorrer na fase de saneamento do processo. O juiz irá proferir a decisão de saneamento e organização do processo, dentro ou fora da própria audiência, nessa decisão o juiz deverá determinar quais são os pontos de fato controvertidos, quais são as provas a serem produzidas, distribuir o ônus da prova, verificar as questões de direito relevantes para o julgamento da causa e então, se for necessário, designar a realização da AIJ. O juiz só irá designar a realização da AIJ se houver a necessidade de produção de prova oral. Verificando isso, na própria decisão de saneamento e organização do processo, designará a data da AIJ, uma outra possibilidade é que a data da AIJ seja designada junto com as partes no calendário processual, que pode ser estabelecido dentro da própria audiência de saneamento e organização do processo em cooperação da partes, ou também pode o juiz designar uma audiência com a finalidade exclusiva de fixar um calendário processual. Se o juiz constatar urgência na solução da causa ou se houver eventual disponibilidade em sua pauta, pode determinar a antecipação da audiência, de ofício ou a requerimento das partes. Então, se o juiz verificar certa urgência, onde haja risco de lesão grave ou de difícil reparação ao direito que está sendo tutelado ou algum perigo eminente que justifique a antecipação da AIJ, o magistrado poderá antecipá-la. Do mesmo modo, se o juiz verificar na sua pauta de audiência que existe um espaço para a antecipação dessa audiência, para a garantia da eficiência e da duração razoável do processo, o magistrado poderá antecipar a AIJ. Já, sobre a possibilidade de adiamento da AIJ: Art. 362. A audiência poderá ser adiada: I - por convenção das partes; II - se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa que dela deva necessariamente participar; III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta) minutos do horário marcado. § 1º O impedimento deverá ser comprovado até a abertura da audiência, e, não o sendo, o juiz procederá à instrução. § 2º O juiz poderá dispensar a produção das provas requeridas pela parte cujo advogado ou defensor público não tenha comparecido à audiência, aplicando- se a mesma regra ao Ministério Público. § 3º Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas acrescidas. A próprias partes podem juntas convencionar o adiamento da AIJ, postergando a sua data. Se alguma parte (autor, réu testemunhas essenciais, perito, assistente técnico...), desde que haja motivo justificado, pode ser autorizado pelo juiz o adiamento dessa audiência. O motivo justificado se dará, quando o magistrado, ao seu prudente critério, verificar que aquele motivo trazido pela parte é um motivo justo e que justifique o adiamento da audiência, como por exemplo uma viagem já marcada, a realização de uma cirurgia... Também, se o magistrado marcou a audiência para um horário, e sem um motivo justificado, atrasou o início dessa audiência por mais de 30 minutos, esta poderá ser adiada. O advogado de qualquer das partes pode se dirigir à secretaria da vara e obter uma certidão, no sentido de que ele estava presente na sede do juízo no horário designado para a audiência e que o magistrado não estava presente e que se passaram mais de 30 minutos, e então irá requerer o adiamento da audiência. Se o magistrado estiver fazendo outra audiência e esta se prolongue devido ao procedimento (oitiva de muitas testemunhas, complexidade das provas a serem produzidas...), não será considerado, pela jurisprudência, um atraso injustificado que cause o adiamento da audiência, nesse caso, o advogado e as partes deverão aguardar a finalização da audiência que está em andamento para realizar a sua. O impedimento para que alguma das partes ou testemunha comparecesse à audiência deverá ser comprovado até início da audiência, sob pena do juiz proceder com a instrução, então, no momento em que o juiz inicia os trabalhos, deverá ser demonstrado a ele que algum dos integrantes do processo, por algum motivo justificado, não puderam comparecer à audiência e o adiamento deve ser pedido imediatamente, pois, iniciados os trabalhos, a audiência não poderá ser postergada. Se o advogado da parte não comparecer à audiência, seja do autor ou do réu, se estendendo também a defensoria pública e ao Ministério Público, o juiz poderá, nos termos do §2º, dispensar a produção das provas requeridas por aquelas partes. A parte que deu ensejo ao adiamento da audiência deve se responsabilizar pelas custas que se derem devido ao adiamento (como por exemplo, o translado das testemunhas, custo de intimação das partes). Se o adiamento foi feito por convenção das partes, elas irão ratear entre si as despesas. Art. 363. Havendo antecipação ou adiamento da audiência, o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinará a intimação dos advogados ou da sociedade de advogados para ciência da nova designação. Se houver a antecipação ou adiamento da audiência, seja ela determinada de ofício ou a requerimento das partes o juiz deverá intimar os advogados ou a sociedade de advogados para comunicar a designação da nova data da AIJ. A ausência da testemunha dará ensejo ao adiamento da audiência se foi intimada e não compareceu. No entanto, se não foi intimada, o não comparecimento da testemunha só implica adiamento se houver justificação. Do contrário, a prova não será realizada, como se dela houvesse desistido tacitamente a parte. Portanto, se a parte dispensar a intimação da testemunha que arrolou, e esta testemunha não compareceu à audiência, se considerará que a parte desistiu de ouvi-la, a menos que se justifique a ausência desta, porém o trâmite é mais complicado, visto que a própria parte abriu mão da intimação dessa testemunha, se comprometendo a leva-la na AIJ., Se o assistente técnicose ausentar sem justo motivo, a audiência não será adiada. O atraso na entrega do laudo pericial pelo perito, que pode pedir prorrogação do seu prazo (diante da complexidade do caso, se o juiz considerar esse motivo justo, poderá deferir o pedido de prorrogação), poderá conduzir ao adiamento da audiência, bem como a demora na intimação das partes para se manifestarem sobre o referido laudo. Quando o laudo pericial é apresentado, as partes são intimadas a se manifestar sobre ele, e ao fazê-lo, caso tenham pugnado em momento oportuno, poderão apresentar quesitos complementares para elucidar melhor a situação, se o juiz deferir esses quesitos complementares, o perito terá um prazo para responde-los e posteriormente as partes serão novamente intimadas a se manifestarem sobre a resposta à esses novos quesitos. Portanto, esses fatores podem gerar a necessidade de um adiamento da AIJ, visto que o laudo pericial deverá ser produzido antes dela. Unidade e continuidade da audiência: Art. 365. A audiência é una e contínua, podendo ser excepcional e justificadamente cindida na ausência de perito ou de testemunha, desde que haja concordância das partes. Parágrafo único. Diante da impossibilidade de realização da instrução, do debate e do julgamento no mesmo dia, o juiz marcará seu prosseguimento para a data mais próxima possível, em pauta preferencial. Unidade: Reside no fato de as atividades de conciliação, instrução, debate e julgamento estarem reunidas numa só audiência. Portanto a AIJ é um ato processual complexo. Continuidade: Reside na exigência que toda a atividade de conciliação, instrução, debate e julgamento se concentre numa só sessão. Porém, excepcionalmente a audiência poderá cindir-se, onde seu prosseguimento será marcado pelo juiz na data mais próxima possível em sua pauta. Na sua continuidade, se tratará da mesma sessão pública, não se considerará como uma nova. Questões pertinentes: • Situação fática: Luísa foi intimada por Lúcia para ser testemunha em uma ação judicial que Lúcia está movendo contra Vera, pleiteando reparação civil em decorrência de acidente de trânsito que foi presenciado somente por Luísa. A intimação se deu por meio de carta com aviso de recebimento, sendo este devidamente juntado aos autos com cinco dias de antecedência da audiência. Ocorre que Luísa, que não conhecia nenhuma das partes envolvidas no acidente, não compareceu no dia da audiência de instrução e julgamento, sem nenhuma justificativa. Em decorrência de sua ausência, com fundamento no Código de Processo Civil, é correto afirmar que: Luísa poderá ser conduzida coercitivamente, caso qualquer uma das partes ou o Juiz entendam que seu depoimento é imprescindível para adequada solução do litígio. •Na audiência de instrução e julgamento, o juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe ordenar que se retirem da sala de audiência quaisquer pessoas que se comportarem inconvenientemente. • A gravação da audiência pode ser realizada diretamente por qualquer das partes, independentemente de autorização judicial. • A audiência é una e contínua, podendo ser excepcional e justificadamente cindida na ausência de perito ou de testemunha, desde que haja concordância das partes. • Incumbe ao juiz a manter a ordem e decoro e também incumbe ao juiz registrar em ata, com exatidão, todos os requerimentos apresentados em audiência. • As provas em audiência de instrução e julgamento deverão ser produzidas preferencialmente nesta ordem: o perito e assistentes técnicos se houverem; o autor e em seguida o réu que prestarão depoimento pessoal; as testemunhas arroladas pelo autor e por fim as arroladas pelo réu. • A audiência de instrução e julgamento poderá ser adiada por convenção das partes; por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta) minutos do horário marcado e se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa que dela deva necessariamente participar. • Como consequência jurídica para a ausência injustificada do advogado do autor à audiência de instrução e julgamento, o juiz poderá dispensar a produção das provas por ele requeridas. • O juiz pode inquirir as testemunhas tanto antes quanto depois da inquirição feita pelas partes. • As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, começando pela que a arrolou, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com as questões de fato objeto da atividade probatória ou importarem repetição de outra já respondida. • O não comparecimento injustificado do advogado de qualquer das partes na audiência de instrução e julgamento não implicará a revelia para o réu nem a extinção do processo para o autor; porém, o juiz poderá dispensar a produção de provas requeridas pela parte cujo advogado estiver ausente. • Enquanto depuserem o perito, os assistentes técnicos, as partes e as testemunhas, não poderão os advogados e o Ministério Público intervir ou apartear, sem licença do juiz. • Subscreverão o termo da audiência o juiz, os advogados, o membro do Ministério Público e o escrivão ou chefe de secretaria, dispensadas as partes, exceto quando houver ato de disposição para cuja prática os advogados não tenham poderes. • Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem como ao membro do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz. • O juiz poderá dispensar a produção de provas requerida pelo Ministério Público ou pelo defensor público, se o promotor de justiça ou o defensor público não comparecerem à audiência.
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