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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – EXECUÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA U3 - DA LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA U3S1 ÉTTORE DE LIMA Requisitos da fase de execução ❑ Para que seja possível o ajuizamento da ação de execução é necessário o preenchimento dos requisitos: inadimplemento do devedor e título executivo que represente uma obrigação liquida, certa e exigível. Inadimplemento O credor tem de demonstrar que houve o inadimplemento da obrigação, ou seja, deve provar a existência da obrigação e que ela não foi prestada no tempo, lugar e modos devidos. O inadimplemento do devedor é configurado pelo descumprimento da obrigação no tempo, local e forma acordada pelas partes, corroborando com o art. 788 do CPC, que dispõe: O credor não poderá iniciar a execução ou nela prosseguir se o devedor cumprir a obrigação, mas poderá recusar o recebimento da prestação se ela não corresponder ao direito ou à obrigação estabelecidos no título executivo, caso em que poderá requerer a execução forçada, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la. Inadimplemento Caso a obrigação seja a termo, a mora resta configurada assim que vencido o prazo estipulado no título, contudo, caso não haja prazo específico para o cumprimento, o devedor deverá ser notificado para que seja constituído em mora. O lugar de cumprimento das obrigações é aquele que foi convencionado pelas partes e inexistindo convenção à respeito observa-se o art. 327 do Código Civil. Títulos executivos Deve-se observar ainda o princípio da tipicidade, ou seja, os títulos executivos devem obedecer rigorosamente ao padrão determinado na lei que os criou. Títulos executivos Quanto a cumulação de dois ou mais títulos na mesma execução não há nenhum impedimento legal, desde que os títulos apresentem os requisitos de cumulação previstos no art. 327 §1º do CPC. O STJ editou a súmula nº 27 a fim de pôr fim às controvérsias: “Pode a execução fundar-se em mais de um título extrajudicial relativos ao mesmo negócio”. Títulos executivos extrajudiciais Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível. Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial. Títulos executivos Títulos executivos são a representação documental de uma norma jurídica individualizada, contendo obrigação líquida, certa e exigível, de entregar coisa, ou de fazer, ou de não fazer, ou de pagar quantia em dinheiro, entre sujeitos determinados, e que tem a eficácia específica de viabilizar a tutela jurisdicional executiva. É o legislador que estabelece as características formais da representação documental que deve assumir a norma individualizada para ensejar a outorga da tutela jurisdicional executiva. Ela poderá ser produzida integralmente mediante controle jurisdicional, e constituirá título executivo judicial; poderá ser originada sem nenhuma participação do Estado-juiz, e será título extrajudicial; e, finalmente, a identificação da norma concreta poderá estar representada em parte por documentação extrajudicial e em parte judicial, e o título executivo será misto. Dos títulos Executivos Judiciais. Título executivo é um documento indispensável a propositura da demanda. Ele serve como garantia para ambas as partes, para o credor, para ele poder cobrar o que o devedor lhe deve, e para o devedor, para ele não pagar a mais do que está devendo. Assim, é através dele que verifico se a obrigação foi ou não cumprida. Uma observação importante a se compreender, é que os títulos executivos são taxativos, ou seja, não é qualquer documento que posso apresentar e dizer ser título executivo, título só vai ser aqueles que a lei prevê, aqueles que a lei designar como título executivo. No código de processo civil os artigos 515 e 784 elencam todos os títulos executivos judiciais e extrajudiciais. Títulos executivos extrajudiciais A deflagração do procedimento executivo, ou seja, o início do procedimento executivo depende de 2 requisitos específicos, sendo eles: 1. Apresentação do título executivo certo, exigível e líquido; 2. Afirmação pelo credor de que houve inadimplemento do devedor quanto ao dever jurídico. Dos títulos Executivos Judiciais Os títulos executivos judiciais, sujeitos, portanto, ao cumprimento da sentença, encontram-se tipificados no art. 515 do novo CPC. Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal; V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; VII - a sentença arbitral; VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; Títulos executivos extrajudiciais Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução; VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; Títulos executivos extrajudiciais Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. Dos títulos Executivos Judiciais Para propor uma ação de execução é preciso o título executivo, seja ele judicial ou extrajudicial, no entanto, para o título ser válido, a obrigação apresentada no título tem de ser: certa, líquida e exigível. a) Certo/certeza – nesta verifica-se a existência da obrigação. É quando olho para o título e vejo todos os dados presentes, pela simples leitura é possível identificar que há uma obrigação contraída. Assim, é possível constatar quem é o credor, devedor, verificar o valor devido, por fim se terá a certeza da obrigação. b) Líquida/liquidez – quando se fala em liquidez, se refere ao valor do título, valor apurado da obrigação. O titulo executivo extrajudicial sempre terá de ser líquido, já o titulo executivo judicial poderá ser liquido e ilíquido(valor aproximado da obrigação). Se o titulo executivo judicial tiver os atributos liquido, certo e exigível, já pode ser iniciado o cumprimento de sentença, no caso do títuloextrajudicial, pode iniciar a execução, porém , se houver do titulo esta ilíquido, primeiro tem de instaurar a fase de liquidação de sentença, a qual vai liquidar o valor da obrigação. c) Exigível/exigibilidade – obrigação exigível é a que está vencida. É quando o título cumpriu toda a sua obrigação, e está apto a ser cobrado. Requisitos e obrigação a executar • CERTEZA: ocorre quando no título estiver estampada a natureza da prestação, seu objeto e seus sujeitos, ou seja, o credor, o devedor, e se a obrigação é de fazer (o quê), dar (o quê), pagar quantia. É a perfeição formal do título. Requisitos e obrigação a executar • LIQUIDEZ: o título deve demonstrar a exata quantidade de bens devidos (Ex: quanto pagar ou o que entregar), ou permitir que o número final possa ser apurado aritmeticamente. • (Ex.: pagar a quantia de R$ 1.000,00, acrescida de juros de 1% ao mês; ou entregar 500 sacas de café). Requisitos e obrigação a executar • EXIGIBILIDADE: ocorre quando houver precisa indicação de que a obrigação já deve ser cumprida, ou seja, se encontra vencida (atingiu a data de vencimento) ou seja porque não se submete a nenhuma condição ou termo ou estes já ocorreram. Obrigação exigível é, portanto, a que está vencida e já se pode exigir. Requisitos e obrigação a executar • EXEQUIBILIDADE: trata de requisitos específicos de cada título para que este seja considerado um título hábil à execução. • Exemplos de títulos INEXEQUÍVEIS: contrato sem assinatura de duas testemunhas; • sentença estrangeira não homologada no país; sentença arbitral proferida por árbitro inapto; duplicata sem aceite; A liquidação da sentença A liquidação é o método utilizado para apurar o valor líquido de uma obrigação reconhecida em sentença, a fim de viabilizar a execução forçada (nos casos de obrigação de fazer ou não fazer, por exemplo, a liquidação torna-se necessária apenas após a recusa ou a mora do devedor). No entanto, o NCPC também prevê a liquidação para apurar, entre outros casos, o valor da indenização pelo dano processual na litigância de má-fé (§ 3º do art. 81, do NCPC), da indenização pelo prejuízo causado pela efetivação da tutela de urgência na ocorrência das hipóteses dos incisos do art. 302 do NCPC, e o valor da indenização pela hipoteca judiciária decorrente de sentença que resta reformada ou invalidada (art. 495, do NCPC). A liquidação da sentença A liquidação deve ser realizada antes do cumprimento de sentença ou da execução própria. É iniciada mediante requerimento, que tanto o credor quanto o devedor têm legitimidade para propor. Se a sentença não for totalmente líquida ou ilíquida, é permitido executar de imediato a parte líquida, promovendo a liquidação em autos apartados. A liquidação da sentença Na liquidação não se rediscute o mérito do processo nem se modifica a sentença (§ 4º do art. 509). Pode ser realizada durante a pendência de recurso, desde que o requerente instrua o pedido com as peças pertinentes. A liquidação da sentença MODALIDADES: São duas: liquidação por arbitramento e pelo procedimento comum. Na primeira, o juiz determina apresentação de pareceres ou documentos às partes, podendo decidir de plano ou nomear perito. Já na liquidação pelo procedimento comum, a parte requerida será intimada para apresentar CONTESTAÇÃO no prazo de 15 dias, orientando-se no seguimento o processo pelo procedimento comum no CPC. Liquidação parcial no âmbito penal O artigo 63 do Código de Processo Penal, teve a intenção de afastar este longo caminho de liquidação da sentença penal condenatória. Determina, assim, que o magistrado deve fixar um valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. Este valor mínimo torna o título executivo líquido, ao menos em parte, a permitir que a vítima, desde logo, proceda ao cumprimento da sentença perante o juízo cível. Completa o artigo 63, parágrafo único, do CPP que este valor mínimo fixado na sentença condenatória não impedirá a parte de buscar a liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. O ato jurisdicional que julga a liquidação. • Decisão interlocutório → O recurso cabível de decisão em liquidação de sentença, em regra, é o agravo de instrumento (art. 1.015, parágrafo único).