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Química Orgânica Aplicada à Farmácia Carlos Roberto da Silva Júnior © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Imagens Adaptadas de Shutterstock e iStock. Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros. Presidência Rodrigo Galindo Vice-Presidência de Produto, Gestão e Expansão Julia Gonçalves Vice-Presidência Acadêmica Marcos Lemos Diretoria de Produção e Responsabilidade Social Camilla Veiga 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Silva Júnior, Carlos Roberto da S586q Química orgânica aplicada à farmácia / Carlos Roberto da Silva Júnior. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. 184 p. ISBN 978-85-522-1659-9 1. Compostos Orgânicos. 2. Grupos Funcionais Orgânicos. 3. Aplicações da Química Orgânica. I. Título. CDD 547 Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753 Gerência Editorial Fernanda Migliorança Editoração Gráfica e Eletrônica Renata Galdino Luana Mercurio Supervisão da Disciplina Joselmo Willamys Duarte Revisão Técnica Joselmo Willamys Duarte Iara Gumbrevicius mailto:editora.educacional@kroton.com.br http://www.kroton.com.br/ Sumário Unidade 1 Introdução ao estudo da química orgânica ................................................ 7 Seção 1 Introdução à química orgânica e à química do carbono ............... 9 Seção 2 Ligações químicas em compostos orgânicos ................................25 Seção 3 Radicais orgânicos e suas características .......................................36 Unidade 2 Funções orgânicas .......................................................................................51 Seção 1 Compostos aromáticos ....................................................................53 Seção 2 Funções oxigenadas ..........................................................................66 Seção 3 Grupos funcionais ............................................................................80 Unidade 3 Isomeria ........................................................................................................95 Seção 1 Isomeria plana ...................................................................................97 Seção 2 Isomeria espacial ...........................................................................111 Seção 3 Isomeria óptica ..............................................................................125 Unidade 4 Reações orgânicas e mecanismos de reação .........................................140 Seção 1 Mecanismos de reação e reações de substituição ......................142 Seção 2 Reações de adição, oxidação e eliminação .................................155 Seção 3 Síntese orgânica .............................................................................169 Palavras do autor Seja bem-vindo à disciplina de Química Orgânica Aplicada à Farmácia, que te dará as bases para compreender a estrutura molecular dos fármacos. Atualmente, a indústria farmacêutica pesquisa diversas moléculas com objetivos específicos, voltados ao desenvolvimento de novos fármacos a fim de melhorar a qualidade de vida das pessoas que possuem algum tipo de enfermidade. Para que a indústria possa desenvolver esses fármacos, são necessários conhecimentos de química orgânica, tanto referentes às estruturas espaciais dos novos medicamentos como às reações necessárias para produção das moléculas. Desse modo, é muito importante compreender os conceitos apresentados ao longo desta disciplina. Ao final dela, você irá conhecer e compreender os conceitos básicos de química orgânica por meio da estrutura de moléculas, a nomenclatura desses compostos, suas ligações químicas, suas propriedades físicas e químicas e o seu comportamento; vai conhecer algumas funções orgânicas, suas propriedades, as reações desses compostos, reconhecer a importância deles e entender a aplicação desses conhecimentos nas ciências farmacêuticas. Além disso, você também vai conhecer e compreender a estrutura espacial de moléculas orgânicas e como essas propriedades alteram o comportamento e a atividade de moléculas que apresentam mesma fórmula molecular. Por fim, você irá conhecer os conceitos de química orgânica que envolvem a reatividade de cada função química e os mecanismos das principais reações orgânicas, direcionando esses conhecimentos para sua aplicação nas ciências farmacêuticas. Mas atente-se! Para alcançar esses objetivos, é necessário muita dedicação e estudo! Ao iniciar seus estudos, você verá na Unidade 1 os conceitos básicos da química orgânica, a estrutura e a classificação dos átomos de carbono, bem como as cadeias carbônicas e sua nomenclatura. Na Unidade 2, você aprenderá os conceitos relacionados à função orgânica e saberá reconhecer os diferentes grupos funcionais. A Unidade 3 apresentará um conceito extre- mamente importante nas ciências farmacêuticas, a isomeria de compostos orgânicos e os diferentes comportamentos de moléculas com mesma fórmula molecular, porém, com estrutura espacial diferente. Por fim, na Unidade 4 será introduzido o conceito de reatividade e mecanismos de reação orgânica, base para se conhecer um pouco sobre síntese orgânica de fármacos. Vamos iniciar nossa jornada na Química Orgânica e não se esqueça da importância do autoestudo e da autoapredizagem para alcançar os melhores resultados. Bons estudos! Unidade 1 Introdução ao estudo da química orgânica Convite ao estudo Quando sentimos alguma dor ou mal-estar, recorremos à utilização de medicamentos para melhorar a nossa qualidade de vida, mas você já parou para pensar qual é a constituição química desses medicamentos? A química orgânica estuda o elemento carbono e as moléculas por ele formadas. Na nossa vida, os compostos orgânicos estão presentes em vários materiais utilizados no nosso dia a dia, como na tinta das canetas que utilizamos, nos produtos de higiene básicos, como desodorantes, sabonetes e cremes dentais, na compo- sição de aparelhos eletrônicos, como os telefones celulares e computadores, e em uma grande gama de produtos dos mais diversos setores. Ao final desta unidade, você vai ser capaz de utilizar os conceitos e princí- pios básicos da química orgânica, as formas de representação e a nomencla- tura das moléculas e seus radicais, classificar os átomos de carbono, saber como são formadas as cadeias carbônicas e suas ligações químicas. Para isso, será preciso que você conheça e compreenda os conceitos básicos de química orgânica, por meio da estrutura de moléculas orgânicas, a nomenclatura de compostos desses compostos, suas ligações químicas, suas propriedades físicas e químicas e o seu comportamento. Imagine que você trabalha no setor de pesquisa de moléculas bioativas em uma indústria farmacêutica e foi designado a você: verificar a estrutura de algumas moléculas orgânicas com possível atividade biológica e encami- nhar as informações ao setor de síntese orgânica. As rotas de síntese ainda não foram elaboradas, dessemodo, é importante que todas as informações necessárias sobre as moléculas sejam levantadas para que o setor consiga sintetizar corretamente as moléculas e, assim, novos testes possam ser reali- zados. Quais as informações que conseguimos obter ao analisarmos a estru- tura espacial de uma molécula orgânica? Como essas informações auxiliam na obtenção de novas rotas sintéticas? Por que é importante saber os nomes das moléculas e os radicais? Desse modo, você precisará representar corre- tamente as moléculas, identificar a hibridização dos átomos de carbono e reconhecer a classificação da cadeia, verificar as interações intramoleculares e intermoleculares presentes na molécula e a presença de ressonância, assim como os radicais ligados à cadeia principal e sua nomenclatura. Com essas informações em mãos, você será capaz de fornecer ao setor de síntese subsí- dios para que rotas sintéticas possam ser construídas e a atividade biológica das moléculas possa ser testada. Na primeira seção, você irá conhecer os conceitos básicos da química orgânica, a estrutura de moléculas e, assim, reconhecer a classificação das cadeias de moléculas orgânicas. Na segunda seção, você aprenderá sobre os postulados da química orgânica, irá conhecer as ligações presentes nas moléculas e conseguirá reconhecer as interações intermoleculares e intramo- leculares. Por fim, na terceira seção, você irá conhecer os radicais orgânicos e suas nomenclaturas, bem como conseguir diferenciar a cadeia principal das cadeias laterais de uma molécula. 9 Seção 1 Introdução à química orgânica e à química do carbono Diálogo aberto A química orgânica é essencial ao estudo dos fármacos, pois a grande maioria dos medicamentos é constituída por princípios ativos orgânicos. Mas como reconhecer essas estruturas? O ramo da química orgânica trabalha com a química do elemento carbono e com as estruturas das moléculas orgânicas. Mas como aplicar os conceitos de química orgânica na produção de fármacos? Imagine que você trabalha no setor de moléculas bioativas de uma indús- tria farmacêutica e precisa buscar informações sobre novas moléculas que apresentam possível atividade biológica para repassar essas informações ao setor de síntese orgânica. Para buscar a melhor rota de síntese de novas moléculas, é importante conhecer a estrutura espacial, a cadeia principal, sua classificação e os radicais ligados à cadeia principal. Essas informações serão fundamentais para a escolha dos compostos reacionais de partida que serão utilizados na síntese das futuras moléculas. Desse modo, precisamos saber: qual é a melhor forma de representação das moléculas propostas? Qual a importância de se reconhecer a hibridização dos átomos de carbono? Por que classificar uma cadeia de átomos de carbono? Ao estudar o átomo de carbono e as cadeias carbônicas, você será capaz de representar moléculas orgânicas de maneira adequada, saberá reconhecer a hibridização dos átomos de carbono, reconhecer e classificar os átomos de carbono presentes em uma cadeia, identificar a cadeia principal e reconhecer as cadeias laterais da molécula. Não pode faltar A química orgânica é o ramo da química que estuda os compostos que contêm o elemento químico carbono. Na natureza, estruturas de carbono, como os carbonatos ( CO32- ), por exemplo, são compostos inorgânicos. Mas como diferenciamos um composto de carbono estudado pela química orgânica de um composto estudado pela química inorgânica? Os compostos de carbono estudados pela química orgânica apresentam a capacidade de formar cadeias do elemento carbono ligados entre si. O 10 carbono é um elemento essencial para a vida na Terra, pois está presente na estrutura dos organismos vivos. Além disso, compostos orgânicos estão presentes em nossas roupas, eletroeletrônicos, conservantes de alimentos, tintas e vernizes, medicamentos, cosméticos, etc. A química orgânica surge como ciência após a queda do vitalismo, no século XIX, em que os compostos orgânicos eram originados apenas de organismos vivos, e apenas seres vivos poderiam sintetizar compostos orgânicos por meio de uma intervenção chamada força vital. Entretanto, em 1828, foi produzida, a partir da evaporação do cianeto de amônia (um composto inorgânico), a molécula de ureia (um composto químico orgânico); com isso, a química orgânica iniciou sua evolução científica. Atualmente, existem mais de 19 milhões de moléculas orgânicas naturais e sintéticas conhecidas e com as mais diversas aplicações (SOLOMONS; FRYHLE; SNYDER, 2018). Contextualização da química orgânica nas ciências farmacêuticas Após a Segunda Guerra Mundial, foi estabelecida a indústria farmacêu- tica moderna com a produção da penicilina e sua utilização médica (PINTO; BARREIRO, 2013). Atualmente, a indústria farmacêutica transforma inter- mediários químicos e extratos de plantas em princípios ativos, que, na sequência, são transformados em medicamentos. Além das rotas químicas sintéticas, princípios ativos também são obtidos por rotas biotecnológicas (CAPANEMA, 2006). A indústria farmacêutica apresenta empresas com grande capital de investimento e alta tecnologia na área de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Os medicamentos podem ser divididos em três categorias principais: os medicamentos de referência, os medicamentos similares e os medicamentos genéricos, cada qual com sua estrutura e seus investimentos para desenvolvimento e comercialização. Atualmente, o setor farmacêutico é considerado um dos mais inovadores dos setores industriais; as empresas possuem alta tecnologia em seus processos produtivos e no controle de produção, bem como investimentos bilionários no desenvolvimento de novos produtos (CAPANEMA; FILHO, 2007). No contexto da química orgânica, o setor farmacêutico necessita de profissionais químicos e farmacêuticos com conhecimentos avançados na área para o desenvolvimento de novos produtos, para elaboração de rotas sintéticas laboratoriais e industriais no controle de impurezas, na extração, na purificação e no controle de princípios ativos, em estudos de prate- leira, no desenvolvimento de medicamentos, no controle de embalagens e outros setores relevantes relacionados à química orgânica dentro da indús- tria farmacêutica. 11 Estrutura do carbono O átomo de carbono encontra-se na família 14 e na segunda linha da tabela periódica; possui número atómico 6 ( 6 C ) e configuração eletrônica 1s 2s 2p2 2 2 . Mas com essa estrutura, como o átomo de carbono realiza quatro ligações químicas? Assimile Para a realização de quatro ligações, o átomo de carbono realiza uma hibridização de orbitais, que, em termos mais simples, pode ser definido como uma combinação de funções de ondas individuais dos orbitais s e p para obtenção de novos orbitais híbridos (SOLOMONS; FRYHLE; SNYDER, 2018). O átomo de carbono realiza três tipos de hibridização de orbitais; uma hibridização é chamada de sp3 , em que o orbital 2s e os três orbitais 2p são reordenados, formando um novo orbital, que possui um caráter do orbital s e três do orbital p. Nesse orbital, as quatro ligações realizadas pelo átomo de carbono são do tipo sigma, s que equivalem à ligação simples. A hibridização sp2 ocorre quando um orbital 2s e dois orbitais 2p do carbono são reordenados, formando três orbitais híbridos; nesses orbitais, são realizadas ligações do tipo sigma, s , entretanto, um orbital 2p perma- nece inalterado, realizando ligação do tipo pi, p , ou seja, realiza uma ligação dupla. A hibridização sp ocorre pela reordenação de um orbital 2s e um orbital 2p do carbono, formando dois orbitais híbridos. Nesse caso, dois orbitais 2p do carbono permanecem inalterados e recebem ligações duplas. Nessa hibri- dização, o carbono pode realizar duas ligações sigma, s , e duas ligações pi, p , podendo ser duas ligações duplas ou uma ligação tripla. Classificação dos átomos de carbono A classificação dos átomos de carbono de uma molécula é importantepara compreender a estrutura e a nomenclatura de uma molécula orgânica. Os átomos de carbono presentes em uma cadeia são classificados como carbono primário, secundário, terciário e quaternário. A seguir, serão apresentadas as definições e os exemplos da classificação dos átomos de carbono. 12 • Carbono primário: é aquele que está ligado a apenas um outro átomo de carbono ou, ainda, aquele que não está ligado a nenhum outro átomo de carbono, conforme pode ser verificado a seguir, na Figura 1.1. Átomos de carbono primário aparecem apenas nas extremidades da cadeia carbônica. Figura 1.1 | Compostos orgânicos com a identificação dos átomos de carbono primário � � � � c � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ���������� ����������� ����������� Átomos de carbono com esta marca são primários �� � � Fonte: elaborada pelo autor. • Carbono secundário: é aquele que está ligado a outros dois átomos de carbono (Figura 1.2). Figura 1.2 | Compostos orgânicos com a identificação dos átomos de carbono secundário � � � � � � � � Átomos de carbono secundário � � � � � � c c c c c c � � � � � � A - n-butano B - Penta-1,3-dieno C - 3,4-dimetilheno D - Benzeno A B C D Fonte: elaborada pelo autor. • Carbono terciário: é aquele que está ligado a outros três átomos de carbono (Figura 1.3). 13 Figura 1.3 | Compostos orgânicos com a identificação dos átomos de carbono terciário A - 2,4-dimetilhex-3-eno B - 1,2-dimetilciclohexano Átomos de carbono terciário A B Fonte: elaborada pelo autor. • Carbono quaternário: é aquele que está ligado a outros quatro átomos de carbono (Figura 1.4). Figura 1.4 | Compostos orgânicos com a identificação dos átomos de carbono secundário Átomos de carbono quartenário A - 2,2,4-trimetilpentano B - 1-etil-1-isopropril-hexano A B Fonte: elaborada pelo autor. Classificação das cadeias carbônicas As cadeias dos átomos de carbono representam a estrutura das moléculas orgânicas. Existem diferentes formas de classificação das cadeias carbônicas, que podem ser classificadas de acordo com as ligações presentes, número de ligações entre os átomos de carbono e presença de heteroátomos entre átomos de carbono. A seguir, você conhecerá as diferentes formas de classificação das cadeias com seus respectivos exemplos. 1. Em relação à abertura e ao fechamento das cadeias carbônicas, elas podem ser classificadas como cadeia aberta, fechada e mista (Figura 1.5). • Cadeia aberta: apresenta pelo menos duas extremidades e nenhuma estrutura fechada. 14 • Cadeia fechada: não possui nenhuma extremidade e uma estru- tura fechada. • Cadeia mista: possui uma estrutura fechada e pelo menos uma extremidade. Figura 1.5 | Representação de molécula com cadeia aberta, fechada e mista. Cadeia aberta Cadeia fechada Cadeia mista Fonte: elaborada pelo autor. 2. Em relação à forma como os átomos de carbono estão distribuídos pela estrutura, podendo a cadeia ser normal ou ramificada (Figura 1.6). • Cadeia normal: apresenta apenas duas extremidades em uma cadeia aberta e nenhuma extremidade quando cadeia fechada. • Cadeia ramificada: possui no mínimo três extremidades quando cadeia aberta e pelo menos uma extremidade quando cadeia fechada. Figura 1.6 | Representação de molécula com cadeia normal e ramificada Cadeia normal Cadeia rami�cada Fonte: elaborada pelo autor. 3. Em relação à presença de ligações simples e ligações duplas ou triplas, podendo a cadeia ser saturada ou insaturada (Figura 1.7). • Cadeia saturada: apresenta apenas átomos de carbono contendo ligações simples. • Cadeia insaturada: apresenta pelo menos uma ligação entre átomos de carbono, dupla ou tripla. 15 Figura 1.7 | Representação de moléculas com cadeia saturada e insaturada cadeia saturada cadeia insaturada Fonte: elaborada pelo autor. 4. Em relação à presença de heteroátomos entre os átomos de carbono, podendo ser cadeia homogênea e heterogênea (Figura 1.8). • Cadeia homogênea: apresenta apenas átomos de carbono na cadeia principal. • Cadeia heterogênea: apresenta um heteroátomo (O, N, S) ligado a dois átomos de carbono. Figura 1.8 | Representação de molécula com cadeia homogênea e heterogênea N O cadeia homogêna cadeia heterogênea Fonte: elaborada pelo autor. Exemplificando O ácido acetilsalicílico, conhecido popularmente como aspirina, é um dos medicamentos mais vendidos no mundo; sua estrutura química é: Figura 1.9 | Representação da molécula de ácido acetilsalicílico. HO O O O CH3 Fonte: elaborada pelo autor. 16 Qual é a classificação da cadeia dessa molécula? Começamos a realizar a classificação observando se a cadeia apresenta estrutura fechada e possui extremidades. No caso dessa molécula, ela apresenta uma cadeia mista, pois possui um anel fechado e extre- midades na cadeia. Em seguida, analisamos a presença de ramifica- ções; como a estrutura apresenta cadeia mista, consequentemente, sua cadeia é ramifica. Em seguida, verificamos os tipos de ligação. A molécula apresenta ligação dupla entre átomos de carbono, desse modo, a cadeia é insaturada. Por fim, verificamos a presença de hetero- átomos na cadeia, nesse caso, a molécula apresenta um heteroátomo de oxigênio entre dois átomos de carbono, desse modo, a cadeia é heterogênea. Formas de representação de compostos orgânicos Os compostos orgânicos são representados de diferentes formas, e a correta representação das moléculas facilita o entendimento de sua estru- tura. Existem diferentes formas de representação de compostos orgânicos; você irá conhecer as três mais utilizadas na química orgânica, em revistas e periódicos da área. As principais formas de representação das estruturas orgânicas se dão por meio de estrutura aberta, estrutura compacta e estru- tura em linhas. • Estrutura aberta: essa forma de representação mostra todos os elementos presentes na molécula e as ligações entre eles (Figura 1.10). Essa é uma forma didática de representação de compostos orgânicos, entretanto, quando a estrutura é muito complexa, essa representação pode gerar um excesso de informações que dificulta o reconheci- mento da estrutura. Figura 1.10 | Representação de molécula com cadeia aberta, fechada e mista c c c c H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H c c c c c c Estrutura aberta Fonte: elaborada pelo autor. • Estrutura compacta ou condensada: possui as mesmas caracterís- ticas da estrutura aberta e apresenta os átomos de hidrogênio ligados 17 a um átomo de carbono específico imediatamente após a represen- tação do átomo de carbono e. O etanol é representado pela estrutura compacta da seguinte maneira: CH CH OH3 2 . • Estrutura em linhas: permite a rápida comparação entre moléculas diferentes e a mais rápida compreensão de sua estrutura. Para construção da estrutura em linhas, vamos seguir alguns passos: as linhas representam as ligações na molécula. Cada um dos vértices em uma linha ou no término de uma linha representa um átomo de carbono, a menos que outro grupo seja explicitamente mostrado. Nenhum átomo de C é escrito, exceto opcionalmente para os grupos CH3 no final de uma cadeia ou ramificação. Os átomos de H ligados aos átomos de carbono não são mostrados, algumas exceções podem ser realizadas quando necessário para fornecer uma perspectiva tridi- mensional. Quando um átomo diferente do carbono está presente, o símbolo para aquele elemento é escrito na fórmula e na posição apropriadas. Os átomos de hidrogênio ligados a átomos diferentes de carbono são escritos explicitamente (SOLOMONS; FRYHLE; SNYDER, 2018). Figura 1.11 | Representação em linha de moléculas orgânicas Fonte: elaborada pelo autor. Reflita Após conhecer os conceitos básicos da química orgânica, como é possível aplicar esses conhecimentos nas ciências farmacêuticas? Lembre-se que por meio da estrutura das moléculas é possível obter informações importantes sobre a molécula em questão. Mas quais são essas informações? 18 Sem medo deerrar Você trabalha no setor de moléculas bioativas de uma indústria farma- cêutica e precisa buscar informações sobre novas moléculas que apresentam uma possível atividade biológica e repassar essas informações ao setor de síntese orgânica. Inicialmente, verificamos a melhor forma de representação das moléculas. A estrutura aberta dificulta o entendimento da estrutura da molécula por contar informações em excesso; por sua vez, a estrutura compacta não apresentará informações sobre a organização espacial da molécula; assim, temos que a melhor forma de representação de moléculas orgânicas seja por meio da estrutura em linhas, que facilita o seu entendimento e é o padrão de representação de estruturas orgânicas aceito em revistas especificas da área. A seguir, será apresentada (Figura 1.12) a estrutura das moléculas A e B para que possam ser estudadas e classificadas. Figura 1.12 | Moléculas orgânicas com possível atividade biológica (situação hipotética) O OH OH A B Fonte: elaborada pelo autor. Inicialmente, vamos analisar a molécula A: • Ela apresenta 5 átomos de carbono primário, três átomos de carbono secundário e três átomos de carbono terciário. A molécula não apresenta átomos de carbono quaternário (Figura 1.13). 19 Figura 1.13 | Classificação dos átomos de carbono da molécula A Primário Primário Primário Primário Primário Secundário Terciário OH OH OH OH OH OH Fonte: elaborada pelo autor. • A cadeia da molécula é aberta, uma vez que não apresenta estrutura fechada; ramificada, pois a molécula apresenta cinco extremidades; saturada, porque as ligações entre os átomos de carbono são apenas simples; e homogênea, dado que a cadeia é formada apenas por átomos de carbono. Em relação a molécula B, temos: • Sete átomos de carbono primário, cinco átomos de carbono secun- dário e quatro átomos de carbono terciário. A molécula não apresenta átomos de carbono quaternário (Figura 1.14). Figura 1.14 | Classificação dos átomos de carbono da molécula B Primário Secundário Terciário o o o Fonte: elaborada pelo autor. 20 • A cadeia da molécula é aberta, ramificada, saturada e heterogênea, pois apresenta um heteroátomo de oxigênio entre dois átomos de carbono (Figura 1.15). Figura 1.15 | Classificação da cadeia – mostrando o heteroátomo que classifica a cadeia como heterogênea o Heteroátomo de oxigênio presente na cadeia carbônica. Note que o oxigênio está ligado a dois outros átomos de carbono. Fonte: elaborada pelo autor. Com essas informações em mãos, você foi capaz de utilizar os conceitos e princípios básicos da química orgânica, classificar os átomos de carbono e saber como são formadas as cadeias carbônicas. Todas essas informações serão passadas por você, ao final desse estudo, ao setor de síntese orgânica para que uma rota sintética possa ser estudada e executada para produção das novas moléculas. A importância de se reconhecer a hibridização dos átomos de carbono está em reconhecer a saturação da cadeia, ou seja, em uma hibridização sp3 , as ligações do átomo de carbono serão apenas ligações simples; em uma hibridização sp2 ou sp , ligações duplas ou triplas podem ocorrer na molécula, respectivamente. O motivo para se classificar uma cadeia de átomos de carbono é identificar o arranjo estrutural e espacial da molécula; estudos de classificação de cadeia auxiliam em pesquisas que visam identificar a cadeia de uma molécula desconhecida, pois técnicas de identifi- cação de compostos orgânicos nos fornecem informações como as apresen- tadas na classificação das cadeias. Avançando na prática Química de produtos naturais na busca de novas moléculas A química de produtos naturais é um ramo da química que faz parte dos estudos de química orgânica que buscam extrair, isolar, separar e purificar compostos orgânicos produzidos pelo metabolismo de plantas. Essa área do 21 conhecimento trabalha com a caracterização dos compostos para produção sintética de moléculas que são de difícil obtenção para a produção sintética de novos fármacos. O setor de Química de Produtos Naturais extraiu um novo composto de uma planta para verificar sua atividade biológica e pediu pra você, que está realizando estágio na indústria farmacêutica, classificar a molécula obtida. Por meio de estudos de identificação, como espectrometria de massas, infra- vermelho e ressonância magnética, a estrutura proposta será apresentada na Figura 1.16. Figura 1.16 | Estrutura hipotética do composto orgânico extraído pelo setor de Química de Produtos Naturais N N o Fonte: elaborada pelo autor. Você precisa classificar a molécula. Quais são os átomos de carbono primário, secundário, terciário e quaternário da molécula? Qual é a classifi- cação da cadeia de átomos de carbono? Resolução da situação-problema Analisando a estrutura, você vai fazer a classificação dos átomos de carbono e a classificação da cadeia. Classificação dos átomos de carbono: • Sete átomos de carbono primário; • Seis átomos de carbono secundário; • Cinco átomos de carbono terciário; 22 • Nenhum átomo de carbono quaternário. Figura 1.17 | Classificação dos átomos de carbono N N O Primário Secundário Terciário Fonte: elaborada pelo autor. Classificação da cadeia: • Cadeia mista; • Cadeia ramificada; • Cadeia insaturada; • Cadeia heterogênea. Faça valer a pena 1. Solventes correspondem a uma classe de compostos químicos que são aptos a dissolver, suspender ou extrair outras substâncias sem alterá-las quimicamente. Geralmente, esses compostos estão em estado líquido em temperatura ambiente e pressão atmosférica (GARBELOTTO, 2007). Entre os solventes de uso industrial, temos o MIBK (metilisobutilcetona), um líquido incolor com odor característico das cetonas. Esse solvente apresenta várias aplicações, entre elas temos a extração de antibióticos e em síntese orgânica, podendo ser utilizado, desse modo, na indústria farmacêutica. Sobre o MIBK, analise sua estrutura apresentada a seguir: 23 Figura | Estrutura MIBK Metilisobutilcetona O Fonte: elaborada pelo autor. Com relação à molécula metilisobutilcetona, assinale a alternativa que apresenta a resposta correta: a. Apresenta cadeia aberta, normal e heterogênea. b. Possui cadeia insaturada e três átomos de carbono primário. c. Possui cadeia ramificada, homogênea e saturada. d. Possui dois átomos de carbono terciário e três átomos de carbono primário. e. Possui cadeia mista, insaturada e homogênea. 2. As penicilinas são antibióticos utilizados no tratamento de infecções provo- cadas por bactérias sensíveis. A Benzilpenicilina ou Penicilina G foi o primeiro antibiótico utilizado com sucesso na medicina, e sua produção industrial data de 1941. A figura a seguir apresenta a estrutura da Benzilpenicilina. Figura | Estrutura da Benzilpenicilina Fonte: adaptada de https://bit.ly/2SUNPWs. Acesso em: 30 jul. 2019. Sobre o Benzilpenicilina, assinale a alternativa que apresenta a classificação correta dos átomos de carbono marcados com os números 1 e 2: a. 1 – primário; 2 – primário. b. 1 – secundário; 2 – secundário. https://bit.ly/2SUNPWs 24 c. 1 – terciário; 2 – primário. d. 1 – secundário; 2 – terciário. e. 1 – primário; 2 – quaternário. 3. A química orgânica é o ramo da química que estuda as estruturas em cadeia do elemento carbono. Atualmente, grande parte de produtos industriais utilizam compostos orgânicos em suas composições, dos mais básicos até produtos mais complexos como os medicamentos. Sobre a química orgânica, analise as estruturas das três moléculas apresentadas a seguir: Figura | Moléculas de hidrocarbonetos . . . Fonte: elaborada pelo autor. Sobre as moléculas I, II e III, foram feitas as seguintes suposições: 1. A molécula I apresenta estrutura aberta e insaturada, quatro átomos de carbono primário e dois átomos de carbono terciário. 2. A molécula II apresenta estrutura mista e insaturada, quatro átomos de carbono terciário e nenhum átomode carbono primário. 3. A molécula III apresenta estrutura normal e saturada, oito átomos de carbono secundário e dois átomos de carbono secundário. 4. Somente as estruturas I e III apresentam estrutura aberta e saturada, sendo a estrutura I de cadeia ramificada e a estrutura III de cadeia normal. Assinale a alternativa correta: a. Apenas as suposições 1 e 2 estão corretas. b. Apenas as suposições 1 e 3 estão corretas. c. Apenas as suposições 1 e 4 estão corretas. d. Apenas as suposições 2 e 4 estão corretas. e. Apenas as suposições 3 e 4 estão corretas. 25 Seção 2 Ligações químicas em compostos orgânicos Diálogo aberto Já parou para pensar que alguns medicamentos podem apresentar reações adversas quando ingerimos determinados tipos de alimentos e bebidas, como, por exemplo, diversas reações que podem ocorrer quando tomamos determinados tipos de medicamentos e bebidas alcoólicas? Compostos orgânicos são formados por ligações primárias, principalmente do tipo covalente; entretanto, reações secundárias podem estar relacionadas com a cadeia da molécula e a presença de heteroátomos. Desse modo, é importante conhecer como ocorrem as ligações primárias e secundárias em compostos orgânicos para entender seu princípio de ação e, também, para entender alguns processos sintéticos de produção. Para isso, imagine que você trabalha no setor de moléculas bioativas de uma indústria farmacêutica e já identificou algumas características importantes das moléculas de interesse para encaminhar ao setor de síntese. Agora, você precisa compreender as formas de ligação intramoleculares e intermoleculares e como elas interferem nas propriedades dos compostos. Quais são as ligações intramolecu- lares e intermoleculares nas moléculas estudadas? Como essa informação pode ser aproveitada no setor de síntese orgânica? Essas informações são importantes para o preparo do meio reacional; desse modo, é importante conhecer a forma como átomos de carbono estão ligados entre si e como estão ligados a outros heteroátomos. Outro ponto importante está relacionado à reatividade dos compostos em estudo, pois informações como a presença ou não de ressonância prediz a reatividade do composto. Os conceitos de reação química são importantes para a compreensão de carac- terísticas física e química de compostos orgânicos; desse modo, é importante conhecer as formas de ligação primária e secundária, assim como compreender o efeito de ressonância e seu efeito em moléculas. Dessa forma, para resolvermos os questionamentos levantados em nossa situação-problema, nesta seção, estudaremos a ligações do átomo de carbono nos compostos orgânicos, bem como as ligações químicas dos compostos orgânicos. Veremos os conceitos da teoria de Kekulé e entenderemos a teoria da ressonância. Para finalizar, veremos uma introdução nos conceitos da teoria do orbital molecular. Não deixe de aproveitar todos os materiais que serão disponibilizados, seus estudos devem ser seu foco neste momento, adeque seu tempo e vamos 26 como todo entusiasmos para cumprirmos mais esta etapa, rumo à sua formação. Vamos nessa! Não pode faltar Ligação química em compostos orgânicos O carbono liga-se principalmente com outros átomos de carbono e ou átomos de hidrogênio. Por possuírem pequena diferença de eletronegativi- dade, o carbono realiza compartilhamento de elétrons por meio de ligações covalentes (Figura 1.18). Essas ligações apresentam mais caráter apolar, entretanto, quando outros átomos estão ligados ao carbono, como o oxigênio, nitrogênio e enxofre, a molécula apresentará uma determinada polaridade. Figura 1.18 | Ligações covalentes do átomo de carbono com o hidrogênio Fonte: https://bit.ly/2OR2uDJ. Acesso em: 10 ago. 2019. Reflita Conhecendo o caráter polar ou apolar de moléculas orgânicas, como é possível escolher o melhor solvente para casos de extração, purificação e separação de moléculas? O caráter polar ou apolar dos solventes interfere nas propriedades físicas e químicas de moléculas orgânicas? O átomo de carbono, ao realizar uma ligação química com um átomo de outro elemento ou outro átomo de carbono, pode realizar uma ligação do tipo sigma, s , que é uma ligação que ocorre pelo entrelaçamento de orbitais da camada de valência do carbono com o orbital do átomo ligante. Ligações sigma, s , são ligações do tipo simples, ou seja, ocorre apenas o compartilha- mento de um par de elétrons entre o carbono e o orbital ligante. Essas ligações podem ser estabelecidas por meio da junção de orbitais s, orbital s e p e entre orbitais p (Figura 1.19). As ligações do tipo s só ocorrem quando os orbitais se encontram em um mesmo eixo. https://bit.ly/2OR2uDJ file:///Z:\Ensino_Superior\04_ORIGINAIS_E_FORNECEDORES\KLS 2.0\2020_01\QUÍMICA ORGÂNICA APLICADA À FARMÁCIA\Elaborar\Seção 1.2\2. finalizado\U1S2_Elaborar.docx#tituloReflita 27 Figura 1.19 | Ligações do tipo sigma, s Fonte: adaptada de https://bit.ly/33sIOt6. Acesso em: 11 ago. 2019. As ligações do tipo pi, p , são dependentes das ligações do tipo s ; são estabe- lecidas entre átomos que podem realizar duas ou três ligações com outro átomo; e ocorrem em ligações duplas (sendo uma ligação s e uma ligação p ) ou triplas (sendo uma ligação s e duas ligações p ). Para que esse tipo de ligação ocorra, o orbital p de um dos átomos deve estar paralelo ao orbital p do átomo ligante (Figura 1.20). Figura 1.20 | Ligação do tipo p Fonte: adaptada de https://bit.ly/33sIOt6. Acesso em: 11 ago. 2019. A Figura 1.21 representa a molécula de eteno, que possui uma ligação dupla; desse modo, uma das ligações é do tipo s e outra é do tipo p . Figura 1.21 | Representação de uma molécula com uma ligação do tipo s e outra do tipo p H H HH σ π C C Fonte: elaborada pelo autor. https://bit.ly/33sIOt6 https://bit.ly/33sIOt6 28 Ligações secundárias As ligações secundárias ou forças intermoleculares correspondem às forças necessárias para se manter duas ou mais moléculas unidas. De acordo com o caráter de polaridade dessas moléculas, poderá ocorrer a repulsão ou a união dos compostos. As principais ligações secundárias são: • Ligação de hidrogênio: essa ligação ocorre entre o átomo de hidro- gênio presente em um composto químico com átomos de oxigênio, nitrogênio ou flúor. Para que essa ligação se estabeleça, é preciso que as moléculas apresentem polaridade. • Interação do tipo dipolo-dipolo: ocorre entre compostos polares, exceto quando átomos de hidrogênio se ligam com átomos de oxigênio, nitrogênio ou flúor (ligação de hidrogênio). Essa ligação apresenta força intermediária e os elétrons estão distribuídos de forma assimétrica entre as moléculas devido a diferença de eletrone- gatividade delas. • Interação dipolo-induzido: é um tipo de interação fraca que ocorre entre compostos polares e ou apolares. Quando as moléculas ou compostos se aproximam, forma-se um dipolo instantâneo, que é um tipo de ligação temporária entre duas substâncias. Exemplificando Interações intermoleculares são importantes para se conhecer o tipo de comportamento de uma determinada substância. Por exemplo, o etanol, CH CH OH3 2 apresenta ligação de hidrogênio, desse modo, encontra-se em estado líquido em temperatura ambiente. Já a molécula de etano, CH CH3 3 , que possui o mesmo número de átomos de carbono do etanol, apresenta interação do tipo dipolo induzido e encontra-se em estado gasoso, em temperatura ambiente. Teoria de Kekulé Friedrich August Kekulé (1829 – 1896) é considerado o pai da Química Orgânica; ele postulou, juntamente com Archibald Scott Couper (1831 – 1892), três princípios estruturais do carbono. O primeiro postulado diz que o átomo de carbono é tetravalente, isso quer dizer que ele possui 4 elétrons em sua camada de valência e, consequentemente, realiza quatro ligações com outros átomos para obedecer a regra do octeto e permanecer estável (Figura 1.22). file:///Z:\Ensino_Superior\04_ORIGINAIS_E_FORNECEDORES\KLS 2.0\2020_01\QUÍMICAORGÂNICA APLICADA À FARMÁCIA\Elaborar\Seção 1.2\2. finalizado\U1S2_Elaborar.docx#tituloExemplificando 29 Figura 1.22 | Primeiro postulado de Kekulé H H HH C C H H H H C CH H C CH H Etano Eteno Etino Fonte: elaborada pelo autor. O segundo postulado diz que as quatro valências do átomo de carbono são iguais entre si; desse modo, não importa a posição do átomo ligado ao carbono, o composto orgânico sempre será o mesmo, conforme observado na Figura 1.23. Figura 1.23 | Segundo postulado de Kekulé H H CH OH H OH CH H H H COH H OH H CH H Fonte: elaborada pelo autor. O terceiro postulado nos diz que átomos de carbono se ligam e formam, consequentemente, estruturas carbônicas estáveis (Figura 1.24). Outros elementos químicos possuem a mesma habilidade, entretanto, não possuem a capacidade de formar grandes cadeias como as de carbono. Figura 1.24 | Exemplos de cadeias formadas por átomos de carbono Fonte: elaborada pelo autor. 30 Teoria de ressonância A ressonância é uma propriedade apresentada por compostos orgânicos que está relacionada à possibilidade da mudança de um par de elétrons de uma ligação dupla covalente sem que aja a mudança do átomo. Desse modo, a molécula passa a possuir duas estruturas de Lewis, porém, nenhuma delas é real, a estrutura real é chamada de híbrido de ressonância. Assimile A estrutura de Lewis nada mais é que uma representação ou um diagrama que mostra os elétrons participantes de uma ligação química, assim como os elétrons livres de um átomo. Figura 1.25 | Representação da estrutura de Lewis Fonte: https://bit.ly/31uScdM. Acesso em: 11 ago. 2019. A molécula de formaldeído (Figura 1.26) apresenta uma estrutura de ressonância. Já o caso mais conhecido é o do benzeno, que possui três ligações duplas intercaladas (Figura 1.27). Os elétrons da ligação p estão deslocadas pela estrutura, entretanto, as formas de representação são aceitas. Essa propriedade faz com que a molécula de benzeno apresente comportamento e propriedades estáveis, como se não existissem ligações duplas. Figura 1.26 | Estrutura de ressonância para o formaldeído Fonte: elaborada pelo autor. https://bit.ly/31uScdM 31 Figura 1.27 | Estrutura de ressonância para o benzeno Benzeno Fonte: elaborada pelo autor. Uma observação importante a se fazer quando falamos em ressonância é que não existe um equilíbrio entre a mesma espécie, as diferentes estruturas não existem em equilíbrio químico, elas só existem no papel, desse modo, o arranjo tridimensional da molécula real é um híbrido de ressonância. Introdução à teoria do orbital molecular A teoria do orbital molecular é uma ferramenta baseada na mecânica quântica que ajuda a explicar a formação de ligações químicas entre os átomos. Um orbital é uma região da eletrosfera de um átomo na qual a proba- bilidade de se encontrar um elétron é maior. A teoria do orbital molecular está relacionada a funções de onda que descrevem os orbitais atômicos de átomos ligantes. A Figura 1.28 apresenta a ligação entre compostos químicos por meio da ligação s . Para que ela possa ocorrer, os orbitais dos átomos ligantes devem estar alinhados para que o compartilhamento dos elétrons ocorra de forma adequada. Figura 1.28 | Ligação s estabelecida entre diferentes átomos Fonte: https://bit.ly/2YGyJd0. Acesso em: 10 ago. 2019. A Figura 1.29 apresenta a ligação p existente na molécula de benzeno. Para que esse tipo de ligação ocorra, os orbitais átomos dos átomos de carbono precisam estar em paralelo para que o compartilhamento de elétrons aconteça. https://bit.ly/2YGyJd0 32 Figura 1.29 | Estrutura do benzeno com ligação p estabelecida entre diferentes átomos de carbono Fonte: https://bit.ly/2z2STPv. Acesso em: 10 ago. 2019. Sem medo de errar Você recebeu uma molécula do setor de pesquisa de moléculas bioativas e precisa buscar informações sobre o provável princípio ativo para encaminhar ao setor de síntese orgânica a fim de que o produto possa ser sintetizado e novos testes realizados. Você já estudou a cadeia orgânica, agora, você precisa conhecer um pouco sobre as ligações primárias e as ligações secundárias da molécula orgânica. A molécula enviada pelo setor de pesquisa possui a seguinte estrutura: Figura 1.30 | Moléculas em estudo O OH OH A B Fonte: elaborada pelo autor. As moléculas A e B apresentam apenas ligações simples; as ligações que ocorrem são do tipo s . Essas moléculas não apresentam ressonâncias, pois não possuem ligações p (ligações duplas) conjugadas ou átomos com pares de elétrons livres conjugados a ligações duplas. Essas informações refletem a reativi- dade final dos compostos formados. Na molécula A, temos duas hidroxilas ligadas ao átomo de carbono; desse modo, as ligações intermoleculares apresentadas pelo composto serão do tipo https://bit.ly/2z2STPv 33 ligação de hidrogênio, que é o tipo de ligação secundária mais intensa. Os álcoois, como é o caso da molécula A, possuem uma extremidade polar, a hidroxila, OH, e uma parte apolar, a cadeia carbônica, entretanto, a polaridade da molécula está relacionada ao tamanho da cadeia, quanto maior o número de átomos de carbono na estrutura, mais apolar ela será. Outro ponto a ser observado em relação à polari- dade é que poliálcoois (mais de uma hidroxila na molécula) são mais polares que monoálcoois (apenas uma hidroxila na molécula). A molécula B, um éter, é um composto totalmente apolar. Na síntese orgânica, essas informações serão utilizadas na escolha dos solventes utilizados nos processos produtivos, além disso, essas informações serão impor- tantes nas etapas de extração do principio ativo do meio reacional e nas etapas de purificação. Avançando na prática Purificação de moléculas orgânicas Sínteses orgânicas são os meios mais utilizados para obtenção de princípios ativos em indústrias farmacêuticas, entretanto, as reações não apresentam 100% de rendimento e muitas vezes os subprodutos podem apresentar uma toxicidade elevada em relação à exposição humana. Desse modo, é preciso realizar procedi- mentos que separem esses subprodutos do produto de interesse. Após a síntese de um composto orgânico, alguns compostos indesejáveis estão presentes no meio reacional e sua atividade biológica é desconhecida, desse modo, você precisa realizar sua purificação. Os compostos indesejados apresentam característica polar, e o composto de interesse apresenta característica apolar. Você dispõe de água, éter e anidrido acético para realização desse procedimento. Qual é a forma correta de purificação dessa mistura? Haverá interferência no composto de interesse se utilizar o solvente errado nesse procedimento? Resolução da situação-problema A purificação é processo importante após a síntese de compostos orgânicos; em alguns casos, como os relatados anteriormente, etapas simples de purificação podem ser utilizadas para remoção de interferentes, entretanto, na maioria dos casos, etapas adicionais precisam ser realizadas para purificação do composto. Para remoção dos compostos interferentes, pode-se utilizar os conceitos de ligação secundária. A solubilidade dos compostos químicos em diferentes solventes está relacionada à diferença de polaridade. Temos três solventes: a água, um composto polar, o éter, um composto apolar, e o anidrido acético, que é um composto 34 extremamente apolar. Se utilizarmos éter ou anidrido acético, podemos solubilizar o princípio ativo, que é o produto de interesse no solvente, o que pode dificultar sua separação posterior. A melhor forma de se remover os interferentes é por meio da adição de água, pois ela irá dissolver os compostos polares, que são os interfe- rentes do meio reacional, e não irá solubilizar ou interagir com o princípio ativo, facilitando a sua remoção. Caso o produto seja sólido, um processo de filtração é suficiente para remoção do produto de interesse; caso seja um produto líquido, pode ser realizada uma decantação e separação dos compostos.Faça valer a pena 1. Ressonância é uma propriedade que está relacionada à mudança da posição dos elétrons em uma estrutura orgânica, sem que isso altere os átomos da molécula. Desse modo, a molécula possui duas estruturas de Lewis, entretanto, nenhuma das duas será real e um híbrido de ressonância será formado. Sobre o exposto, analise as estruturas das moléculas a seguir: Figura | Estruturas orgânicas I. II. III. Fonte: elaborada pelo autor. Assinale a alternativa que apresenta a(s) molécula(s) que possui(em) ressonância: a. I, apenas. b. II, apenas. c. III, apenas. d. I e II, apenas. e. II e III, apenas. 2. Os hidrocarbonetos correspondem a moléculas que possuem, exclu- sivamente, átomos de carbono e hidrogênio. Os hidrocarbonetos podem apresentar cadeia aberta e fechada, cadeia saturada e insaturada, cadeia normal ou ramificada, porém, forma apenas cadeias homogêneas. Analise as moléculas de hidrocarboneto apresentadas a seguir: 35 Figura | Moléculas de hidrocarboneto I. II. III. Fonte: elaborada pelo autor. Assinale a alternativa que apresenta apenas as moléculas que possuem ligação p : a. I, apenas. b. II, apenas. c. III, apenas. d. I e II, apenas. e. II e III, apenas. 3. Friedrich August Kekulé formulou três postulados fundamentais para química orgânica, sendo considerados os preceitos dessa área. Esses postulados estão relacionados ao átomo de carbono e à forma como ele se liga formando cadeias. Sobre os postulados, analise as asserções e a relação proposta entre elas: I. I. O átomo de carbono é tetravalente PORQUE II. II. O átomo de carbono possui a capacidade de formar moléculas com grandes cadeias carbônicas. Sobre o exposto, assinale a alternativa correta: a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa e a II é verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. 36 Seção 3 Radicais orgânicos e suas características Diálogo aberto As moléculas orgânicas podem apresentar diferentes propriedades e características quando apresentam mesma fórmula molecular, porém, estru- turas diferentes. Você já parou para pensar como isso pode acontecer? Imagine dois compostos simples, como o isobutano e o n-butano; ambos os compostos apresentam fórmula molecular C H4 10 , mas apresentam proprie- dades diferentes. Isobutano apresenta ponto de ebulição de -11,7�, enquanto o n-butano apresenta ponto de ebulição de -0,5�C . Qual é o motivo para essa diferença nos pontos de ebulição? Para responder a essa questão é impor- tante conhecer as características e as propriedades dos radicais orgânicos e como eles alteram as propriedades e as características das moléculas. Nesta seção, você será apresentado a diferentes conceitos importantes na química orgânica. Para compreender melhor esses conceitos, imagine que você trabalha no setor de moléculas bioativas em uma indústria farmacêutica e já obteve informações importantes sobre as moléculas estudadas. Agora, você precisa identificar quais são os radicais presentes na molécula, a nomenclatura correta dos radicais e a nomenclatura total da molécula. Como é possível reconhecer os radicais presentes em uma molécula orgânica? Qual é a melhor forma de fazer a nomenclatura de uma molécula? Conhecendo a cadeia lateral de uma molécula orgânica, é possível escolher os compostos que serão utilizados em reações de síntese. Moléculas orgânicas apresentam estruturas espaciais diferentes, e a presença de ramifi- cações altera as características de moléculas de mesma fórmula molecular, incluindo uma possível atividade biológica. Ao estudar os radicais orgânicos, você será capaz de entender as diferentes propriedades que compostos orgânicos de mesma fórmula molecular de cadeia normal e ramificada apresentam; além disso, você conhecerá os alcenos e alcinos, as características de moléculas que apresentam a repetição de grupos terpenoides e as principais técnicas de extração de compostos orgânicos. 37 Não pode faltar A nomenclatura de compostos orgânicos é essencial para identificação da estrutura de compostos que apresentam a mesma fórmula molecular. Mas como é feita a nomenclatura desses compostos? A nomenclatura dos compostos orgânicos oficial dos compostos orgânicos é realizada por meio das regras da IUPAC – International Union of Pure and Applied Chemistry (União Internacional de Química Pura e Aplicada). Para compreender a nomenclatura dos compostos orgânicos, é fundamental conhecer e classificar a cadeia carbônica e realizar a identificação das ramifi- cações presentes na cadeia lateral. Mas como tudo isso pode ser realizado? Assimile A nomenclatura de compostos orgânicos é feita por meio de um prefixo que indica o número de átomos de carbono presentes na cadeia principal, um infixo, que corresponde ao caráter da ligação entre os átomos de carbono, e um sufixo, que indica a função orgânica do composto. Além disso, os radicais ligados à cadeia principal são adicio- nados à esquerda do nome e em ordem alfabética, sendo necessária a indicação da posição do radical (Figura 1.31). Figura 1.31 | Nomenclatura de moléculas orgânicas 1 C = “met 2 C = “et” 3 C = “prop” 4 C = “but” 5 C = “pent” 6 C = “hex” 7 C = “hept” 8 C = “oct” 9 C = “non” 9 C = “dec” Ligação simples = “an” Ligação dupla = ”en” Ligação tripla = “in” Hidrocarboneto = “o” Álcool = “ol” Aldeído = “al” Cetona = “ona” Pre�xo In�xo Su�xo++ + Fonte: elaborada pelo autor. 38 Radicais orgânicos Um radical orgânico é uma estrutura instável; ele apresenta um conjunto de átomos ligados entre si e possui um ou mais elétrons livres, ou seja, um átomo possui um elétron desemparelhado em seu orbital de valência. Os radicais não possuem carga; essas espécies não são íons, mas sim estruturas neutras altamente reativas, correspondendo a um agrupamento orgânico neutro de átomos em que um orbital de valência do átomo de carbono apresenta um elétron desemparelhado (Figura 1.32). Figura 1.32 | Principais radicais orgânicos Fonte: elaborada pelo autor. Os radicais orgânicos podem ser formados por estruturas contendo apenas átomos de carbono e hidrogênio, recebendo a classificação de radicais monovalentes, quando apresentam apenas um elétron desemparelhado no átomo de carbono ou radicais bivalentes, quando apresentam dois elétrons desemparelhados no mesmo átomo de carbono ou um elétron desempare- lhado em dois átomos de carbono diferentes. 39 A nomenclatura dos radicais é feita pela adição do prefixo que indica a quantidade de átomos de carbono presentes no radical mais a terminação “il” ou “ila”. Desse modo, um radical que possui dois átomos de carbono receberá a nomenclatura: “et” + ”il”, ficando igual a etil ou ainda, “et” + “ila”, etila. Exemplificando A identificação dos radicais orgânicos (Figura 1.33) é feita após a identi- ficação da cadeia principal da molécula, que é aquela que contém o grupo funcional e o maior número de átomos de carbono. Figura 1.33 | Identificação dos radicais orgânicos Fonte: elaborada pelo autor. Após a identificação da cadeia principal, verifica-se as cadeias laterais e o número de átomos de carbono presente no radical, realizando a sua nomenclatura. Os radicais 1 e 2 possuem 1 átomo de carbono; desse modo, são chamados de metil. O radical 3 possui 2 átomos de carbono, sendo denominado de etil, e, por fim, o radical 4 possui 3 átomos de carbono com a ligação realizada pelo átomo central da cadeia, sendo nomeado de isopropil. Haletos de alquila Haletos orgânicos são compostos formados pela substituição de um átomo de hidrogênio de uma cadeia orgânica por um átomo de flúor (-F) , cloro, (-Cl) , bromo (-Br) ou iodo (-I) . Eles são classificados de acordo com o substituinte, como fluoreto, cloreto, brometo, iodeto ou misto. Esses compostos podem tambémser classificados de acordo com o número de ligantes de halogênio na cadeia, como mono-haleto, di-haleto, tri-haleto, tetra-haleto, etc. Outra classificação importante está relacionada à reativi- dade dos compostos, sendo formado dois grandes grupos: os haletos de alquila e os haletos de arila. 40 Os haletos de alquila correspondem à substituição de um átomo de hidro- gênio em uma cadeia de um hidrocarboneto alcano por um halogênio (Figura 1.34). Esses compostos são importantes na química e apresentam aplicações como solventes orgânicos, como o tetracloreto de carbono, CCl4 . O clorofórmio, CHCl3 , já fui utilizado como anestésico no século XIX, entre- tanto, devido à sua alta toxicidade, não apresenta mais essa aplicação. Esses compostos também podem apresentar diversas outras aplicações, como a produção de gases refrigerantes e produção de pesticidas. Figura 1.34 | Haletos de alquila Fonte: elaborada pelo autor. A nomenclatura popular dos compostos é realizada pela adição do nome do halogênio (fluoreto, cloreto, brometo ou iodeto) + o radical orgânico correspon- dente à cadeia carbônica. Já a nomenclatura oficial IUPAC é feita pela adição do nome do halogênio (flúor, cloro, bromo, iodo) + o nome do composto alcano equivalente, por exemplo, um átomo de bromo substituindo um átomo de hidro- gênio em um etano, a nomenclatura oficial IUPAC é bromo-etano. Alcenos e alcinos Alceno corresponde a um hidrocarboneto alifático com insaturação em sua cadeia, ou seja, apresenta pelo menos uma dupla ligação entre átomos de carbono na cadeia principal do composto orgânico (Figura 1.35); apresenta fórmula geral C Hn 2n . Essa classe de compostos é bastante reativa com a quebra da ligação dupla entre os átomos de carbono e com a formação de novas ligações, sendo chamada compostos de adição. Os alcenos também possuem a capacidade de polimerização, onde a dupla ligação dá origem a novas ligações, formando, consequentemente, estruturas complexas pela repetição de unidades simples de alcenos, como é o caso dos plásticos (por exemplo, polipropileno). Os alcenos não são encontrados facil- mente na natureza devido à sua alta reatividade. Figura 1.35 | Alceno Fonte: elaborada pelo autor. 41 A nomenclatura dos alcenos é feita pela adição do prefixo, que indica a quantidade de átomos de carbono na cadeia principal; pelo infixo, que indica o caráter da ligação, nesse caso será sempre “en”; e o sufixo, que indica a função orgânica, hidrocarboneto “o”. Os alcinos são hidrocarbonetos orgânicos alifáticos insaturados que apresentam uma ligação tripla entre átomos de carbono (Figura 1.36) e fórmula geral C Hn 2n-2 . As propriedades físicas de alcenos e alcinos se asseme- lham às propriedades dos alcanos. Os alcinos praticamente não são encon- trados na natureza divido à sua alta reatividade. Esse grupo de compostos encontra aplicação na produção de borracha sintética, plásticos e fios têxteis. Figura 1.36 | Alcino Fonte: elaborada pelo autor A nomenclatura dos alcinos é feita pela adição do prefixo, que indica a quanti- dade de átomos de carbono na cadeia, do infixo “in” e o sufixo “o”, indicando a função do hidrocarboneto. Terpenos Terpenos são compostos orgânicos de origem natural produzidos pelo metabo- lismo secundário de plantas. Correspondem a uma classe de ativos, porém, não correspondem a uma função orgânica. Alguns terpenos são encontrados em óleos essenciais, apresentam fragrâncias agradáveis e, desse modo, podem ser utilizados na indústria de cosméticos; possuem a repetição da estrutura (C H )5 8 n , e essas estruturas são identificadas e estudadas por meio da “regra do isopreno”, uma molécula que apresenta estrutura contendo 5 átomos de carbono (Figura 1.37). Figura 1.37 | Estrutura do grupo terpeno Fonte: elaborada pelo autor. 42 Podem apresentar diferentes subtipos, que correspondem ao número de repetição das unidades de isopreno. A menor unidade de repetição de terpenos (C5) é chamada de hemiterpenos. Além dessa classe, podemos ter os monoterpenos (C10), os sesquiterpenos (C15), deterpenos (C20), triter- penos (C30) e tetraterpenos ou catotenóides (C40). Essa classe de compostos pode se apresentar na forma acíclica, monocí- clica, bicíclica, tricíclica, tetracíclica e pentacíclica, como também podem estar presente em estruturas aromáticas. Esses compostos podem ser classi- ficados como hidrocarbonetos, porém, as ligações duplas podem ser funcio- nalizadas dando origem a diversas outras funções orgânicas. As propriedades químicas, físicas e biológicas estão atreladas ao tamanho da cadeia carbônica e à presença de diferentes grupos funcionais. Os terpenos podem apresentar propriedades anti-inflamatórias, antican- cerígenas, fungicidas, bactericidas, inseticidas, etc. Desse modo, encontram aplicações na conservação de alimentos, na indústria de cosméticos, na agricultura orgânica e na aromatização de ambientes. Extração de compostos orgânicos Compostos orgânicos, tanto naturais como sintéticos, podem ser extra- ídos de matrizes complexas, como extratos naturais de plantas e meios reacionais sintéticos. Para extração dos compostos, deve ser levado em consi- deração o estado físico do composto de interesse (sólido, líquido ou gasoso) e a polaridade da molécula. Compostos polares são extraídos de matrizes complexas com solventes polares, já compostos apolares devem ser extra- ídos com solventes apolares. As principais formas de extração de compostos orgânicos são: extração sólido-líquido, extração líquido-liquido, extração supercrítica e liquefação (extração gás-gás). • Extração sólido-líquido: nesse tipo de extração, as moléculas orgânicas presentes em um composto sólido passam para fase líquida e são separadas da matriz original, em seguida, o solvente líquido utilizado é evaporado e o extrato puro é obtido. Essa metodologia é muito utilizada na extração de compostos orgânicos, sendo a técnica de extração por Soxhlet, por exemplo, empregada para esse fim. • Extração líquido-líquido: também conhecida como extração por solvente ou partição, é empregada para separação de misturas hetero- gêneas de líquidos de acordo com a diferença de solubilidade ou diferença de polaridade. Essa metodologia é empregada na indús- tria de compostos orgânicos, podendo-se utilizar diferentes técnicas, como, por exemplo, a decantação. 43 • Extração supercrítica: é uma técnica de extração líquida que emprega fluidos comprimidos em vez de solventes convencionais e pode ser empregada em matrizes sólidas ou líquidas. O Dióxido de carbono (CO )2 é o fluido mais empregado para a realização desse procedimento. • Liquefação (extração gás-gás): é o processo inverso da vaporização. Nesse procedimento, gases presentes em uma mistura são separados pela condensação de um dos componentes por meio da redução da temperatura ou do aumento da pressão do sistema. Reflita Processos produtivos de princípios ativos geram subprodutos em suas rotas sintéticas, e muitas vezes, esses compostos indesejáveis podem apresentar reações adversas à saúde das pessoas. Em uma rota sinté- tica, várias etapas de separação são necessárias para obtenção do produto final com a pureza necessária. Como é possível obter produtos de qualidade sendo utilizados processos de extração eficiente e susten- tável? Essa é uma questão importante a ser pensada pelo profissional farmacêutico. Sem medo de errar Após conhecer algumas características importantes das moléculas orgânicas estudadas pelo setor de moléculas bioativas, você precisa verificar algumas informações que ainda são importantes e devem ser encaminhadas ao setor de síntese. Você já classificou as moléculas e já realizou estudos relacionados a ligações primárias e secundárias presentes, agora, você precisa identificar os radicais presentes na cadeia principal e suas nomenclaturas. Para identificar os radicais, inicialmente, você deve achar a cadeia principal; mas como realizar esse passo? A cadeia principalé aquela que contêm o maior número de átomos de carbono e que está ligada direta- mente à função orgânica principal da molécula. Na determinação da cadeia principal, verifique sempre a presença de radicais orgânicos mais simples. Após a identificação da cadeia principal, é realizada a identificação dos radicais (Figura 1.38). 44 Figura 1.38 | Identificação de radicais orgânicos 4 radicais metil Radical metil OH OH A B 7 6 5 4 3 2 1 1 2 0345 6 7 8 9 10 11 Radical Isopropil Fonte: elaborada pelo autor. Na molécula A, estão presentes dois radicais, o radical isopropil na posição 4 e o radical metil na posição 5. Mas por que o radical metil encontra-se na posição 5 e não na posição 3? A numeração da cadeia é realizada sempre com a menor numeração próxima à função principal. Como a molécula é um álcool, a numeração deve se iniciar pela extremidade mais próxima ao início da cadeia. Na molécula B, temos 4 radicais metil ligados à cadeia principal. Após conhecer os radicais presentes nas moléculas, é realizada, então, a sua nomenclatura. Para isso, devemos seguir alguns passos: em primeiro lugar, identifique a cadeia principal, a numeração e a identificação dos radicais. Em seguida, inicie a nomenclatura pelas ramificações, indicando a posição de cada um dos radicais. No caso de mais de um radical na molécula, os prefixos di, tri, tetra, penta, por exemplo, devem ser utilizados. Os radicais são organizados em ordem alfabética, sendo que os prefixos di, tri, tetra, penta, iso, sec, terc, neo, entre outros, não são considerados na organização alfabética dos radicais. Após essas etapas, você terá a nomenclatura oficial da molécula (Figura 1.39). Figura 1.39 | Nomenclatura dos compostos Fonte: elaborada pelo autor. 45 Avançando na prática Identificação de terpenos em cadeias de moléculas Terpenos não correspondem a uma função orgânica, mas sim a uma unidade de repetição de átomos de carbono (C H )5 8 n . Os compostos com essas caracterís- ticas apresentam aroma agradável e, desse modo, valor comercial na área indus- trial; além disso, eles são a base de alguns medicamentos, os precursores de vitaminas e utilizados na fabricação de inseticidas. Duas moléculas orgânicas de origem natural foram extraídas de plantas, e você precisa analisar suas estruturas e identificar a presença do grupo terpeno (Figura 1.40). Como é possível realizar essa verificação? Figura 1.40 | Moléculas orgânicas estudadas Fonte: elaborada pelo autor. Resolução da situação-problema A identificação da unidade de repetição do terpeno é realizada pela “regra do isopreno”, que estabelece a divisão de um composto orgânico em unidades de isopreno. A seguir será apresentada a análise da estrutura (Figura 1.41 e Figura 1.42). Figura 1.41 | Identificação do grupo terpeno Fonte: elaborada pelo autor. 46 Possui duas unidades de repetição de isopreno. Figura 1.42 | Identificação do grupo terpeno Fonte: elaborada pelo autor. Possui quatro unidades de repetição de isopreno. Faça valer a pena 1. Compostos orgânicos podem apresentar, em suas cadeias carbônicas, ramificações que representam a cadeia lateral da molécula. As ramificações e a complexidade das ramificações fazem com que a molécula ramificada apresente propriedades diferentes de moléculas normais com o mesmo número de átomos de carbono. Sobre o exposto, analise a molécula apresenta a seguir: Figura | Molécula orgânica 8 7 6 5 4 3 2 Fonte: elaborada pelo autor. Sobre essa molécula orgânica, foram feitas as seguintes afirmativas: I. A molécula é um hidrocarboneto, e nos átomos de carbono numerados como 2 e 3 estão ligados radicais metil. II. A molécula é um alcano, e no átomo de carbono numerado como 6 está ligado um radical isobutil. 47 III. A molécula apresenta cadeia aberta, ramificada, saturada e homogênea, e no átomo de carbono numerado como 7 está ligado um radical isopropil. IV. A molécula é um hidrocarboneto insaturado que apresenta, ligado ao átomo de carbono numerado como 6, um radical sec-butil, e no carbono numerado como 7, um radical propil. Considerando as informações apresentadas, é correto o que se afirma em: a. I e II, apenas. b. I e III, apenas. c. I e IV, apenas. d. II e III, apenas. e. III e IV, apenas. 2. Hidrocarboneto é uma função orgânica formada apenas por átomos de carbono e hidrogênio. Essa função se divide em alcanos, alcenos, alcinos, alcadienos, cicloalcanos, cicloalcenos e aromáticos. Cada um dos grupos de compostos pertencentes aos hidrocarbonetos apresenta propriedades carac- terísticas que estão relacionadas à sua estrutura e à presença de ligações ˆ e ligações � . Sobre os hidrocarbonetos, analise as estruturas orgânicas apresentadas a seguir: Figura | Estruturas orgânicas I. II. III. Fonte: elaborada pelo autor. Das estruturas analisadas, qual orgânica apresenta um alceno monoinsatu- rado: a. I, apenas. b. II, apenas. 48 c. III, apenas. d. I e III, apenas. e. I, II e III, apenas. 3. † -caroteno é um lipídio pertencente ao grupo dos carotenoides. Ele pode ser convertido em vitamina A (retinol) ou agir como um antioxidante para ajudar a proteger as células dos efeitos nocivos dos radicais livres. A figura a seguir apresenta a estrutura do † -caroteno. Figura | Estrutura do † -caroteno Fonte: https://bit.ly/2ZmGfcF. Acesso em: 28 ago. 2019. Assinale a alternativa que apresenta o número de repetições do grupamento terpeno na estrutura do † -caroteno: a. 5. b. 6. c. 7. d. 8. e. 9. https://bit.ly/2ZmGfcF Referências ATKINS, P.; JONES, L.; LAVERMAN, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018. CAPANEMA, L. X. L. A indústria farmacêutica brasileira e a atuação do BNDES. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 23, p. 193-216, mar. 2006. CAPANEMA, L. X. A.; FILHO, P. L. P. 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Compostos orgânicos, quando estudados, são divididos em grupos, de acordo com uma característica estrutural que determina as propriedades daqueles. Desse modo, as moléculas são divididas, de acordo com essas propriedades, em funções orgânicas. Qual é a importância das funções orgânicas? Quais são as principais funções orgânicas existentes? O que isso representa em uma classe específica de compostos? Nesta unidade de ensino você vai conhecer algumas funções orgânicas – como as oxigenadas e as tióis –, suas propriedades, as reações desses compostos, além de reconhecer a importância deles. Você vai também aprender um pouco como aplicar os conhecimentos nas ciências farmacêu- ticas. Ao final desta unidade, você será capaz de identificar as características e a nomenclatura de moléculas com uma ou mais funções orgânicas e compre- ender como elas alteram as propriedades físicas e químicas dos compostos. Para isso, na primeira seção, você vai compreender o conceito de aroma- ticidade e conhecer as principais propriedades físicas e químicas desses compostos, assim como os medicamentos que apresentam esse tipo de estru- tura. Na segunda seção, você vai conhecer um pouco sobre as funções oxige- nadas, que são aquelas que apresentam um heteroátomo de oxigênio (O) em sua cadeia (principal ou lateral), compreender quais são as propriedades e características desses grupos funcionais e tomar conhecimento de alguns medicamentos em cuja estrutura se apresenta(m) uma ou mais funções oxigenadas. Na terceira e última seção, você vai compreender um pouco sobre a função tiol, que apresenta o grupamento -SH em sua estrutura, as propriedades físicas e químicas dela, além de conhecer alguns medicamentos com esse grupo funcional. Você também será apresentado, em cada uma das seções, a fim de começar a compreender os conceitos de reações orgânicas, às principais reações químicas que os mencionados compostos realizam. Bons estudos! 53 Seção 1 Compostos aromáticos Diálogo aberto Compostos aromáticos estão presentes no nosso dia a dia. Solventes orgânicos, como o tolueno, apresentam estrutura aromática, mas o que isso representa? Quais são as características físicas e químicas atreladas às moléculas que apresentam estrutura aromática? Compostos com essa característica estão presentes em várias moléculas, tanto naturais, como é o caso de aminoácidos, por exemplo, como compostos sintéticos, como os medicamentos (sildenafil, por exemplo, princípio ativo utilizado no trata- mento de disfunção erétil). Deste modo, a compreensão do conceito de aromaticidade é relevante quando se trabalha com síntese e estabilidade de compostos orgânicos. Em química orgânica, uma classe importante é a dos compostos hetero- cíclicos, aqueles que apresentam um heteroátomo (atómos diferentes do C e H) presente em uma cadeia fechada. Eles estão presentes em várias moléculas essenciais à vida, como os carboidratos e as proteínas, e em estruturas de compostos naturais, como a clorofila. Compostos heterocíclicos também são importantes na produção de medicamentos, visto que muitos princípios ativos apresentam estrutura heterocíclica, como, por exemplo, as moléculas escitalopram (antidepressivo), sildenafil (disfunção erétil), dipirona (analgé- sico) e carprofen (anti-inflamatório). Coloque-se na posição de um estágio em um laboratório de química orgânica em uma indústria farmacêutica. Sua função será investigar a estru- tura de moléculas heterocíclicas e relacionar suas propriedades com diferentes grupos funcionais. A empresa na qual você está realizando estágio, trabalha com a produção de princípios ativos utilizados em medicamentos e com a formulação e comercialização de fármacos. Para compreender a estabilidade de algumas moléculas, o gestor do laboratório solicitou que você investigue a presença de aromaticidade em duas moléculas propostas (Figura 2.1). 54 Figura 2.1 | Estruturas de possíveis princípios ativos Fonte: elaborada pelo autor. Para conseguir compreender esse assunto, algumas perguntas foram propostas pelo seu gestor para que você chegue a uma conclusão. O que é aromaticidade? Quais compostos apresentam essa característica e o que isso reflete na estabilidade da estrutura? O que é a Regra de Hückel e como ela pode auxiliar na identificação da aromaticidade em moléculas? Nesta seção, você será introduzido ao conceito de aromaticidade, conhe- cerá um pouco sobre as propriedades apresentadas por esses compostos e quais as principais reações que eles realizam. Com esses conhecimentos, você conhecerá alguns princípios ativos utilizados em formulações farmacêuticas que apresentam essa característica de aromaticidade e entenderá o compor- tamento e a importância desse tipo de estrutura. Não pode faltar Aromaticidade Inicialmente, o odor foi o critério utilizado para caracterizar uma molécula orgânica como aromática ou não. Assim, a primeira definição de aromaticidade deve-se a uma característica qualitativa da matéria que está relacionada ao odor apresentado por alguns compostos químicos. Entretanto, esse conceito não levava em consideração a estrutura química da molécula, o que leva a diferentes tipos de estruturas para os compostos aromáticos, muito diferentes de sua definição atual. Mas então, o que é aromaticidade? Para compreender esse conceito, inicialmente, precisamos conhecer e compreender a estrutura da molécula benzeno, que é a base do conceito atual de aromaticidade. 55 Benzeno Após a descoberta e o isolamento do composto benzeno, de fórmula molecular C H6 6 e que representa o marco da aromaticidade, vários cientistas tentaram propor sua estrutura química, dando origem a uma série de isômeros que não representavam a estrutura real da molécula. Foi Friedrich August Kekulé o primeiro químico a propor duas estruturas para ciclohe- xatrieno que existiam na forma de equilíbrio (Figura 2.2), revolucionando o conceito de estrutura química, assim como a estrutura da molécula do benzeno. Figura 2.2 | Estruturas do ciclohexatrieno propostas por Kekulé Fonte: elaborada pel]o autor. Observação Nota-se que a seta de equilíbrio ( ) apresentada na Figura 2.2 atual- mente é considerada incorreta. Atualmente, a molécula do benzeno é representa como seu híbrido de ressonância (Figura 2.3). As estruturas de ressonância do benzeno não existem. Na prática, o que existe é somente um híbrido que possui os elétrons p deslocados. Figura 2.3 | Estrutura atual do benzeno Fonte: elaborada pelo autor. A partir da estrutura do benzeno, foram propostos alguns critérios para classificação de um composto um aromático. Esses critérios são: • Compostos aromáticos precisam seguir a Regra de Hückel. No total, eles precisam apresentar 4 2n + elétrons p deslocalizados. 56 • Compostos aromáticos precisam apresentar estrutura cíclica e planar. • Em compostos aromáticos, cada átomo de carbono do ciclo precisa ser capaz de participar na deslocalização dos elétrons por ter um orbital p ou um par de elétrons não compartilhados. Regra de Hückel A Regra de Hückel estabelece que, para uma molécula ser aromática, ela precisa ser cíclica e planar, precisa que uma nuvem de elétrons conjugados tenha 4 2n + elétrons p deslocalizados, sendo n um número inteiro (Figura 2.4). Os elétrons podem ser aqueles que participam de ligações duplas e triplas, aqueles que não são compartilhados, ou ainda, cargas negativas. Figura 2.4 | Regra de Hückel Fonte: elaborada pelo autor. Propriedades físicas dos compostos aromáticos Os hidrocarbonetos aromáticos apresentam algumas propriedades comuns a seus compostos: apresentam-se geralmente no estado líquido (temperatura ambiente);
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