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astrobiologia

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do tema, contribua para catalisar mais iniciativas 
de produção sobre o assunto em português, e que possa ser usado 
para nortear e incentivar novos alunos brasileiros a se aventurarem 
na área, de forma crítica e rigorosa.
A astrobiologia não é, em sua formulação atual, uma nova 
disciplina científica, nem mesmo é detentora de respostas que ne-
nhuma outra ciência pôde obter até agora. Não há magia ou mila-
gre, apenas trabalho duro e criatividade. A astrobiologia pode ser 
vista como uma área de pesquisa multi, inter e até transdisciplinar, 
que procura maneiras novas para entender o fenômeno da vida no 
Universo, sua origem, evolução, distribuição e futuro. Funciona, 
acima de tudo, como uma perspectiva para melhorar a comuni-
cação e o intercâmbio de ideias entre pesquisadores de diferentes 
áreas com um interesse comum, a origem e evolução da vida no 
universo. 
Vários de nós, jovens pesquisadores na área, tivemos a opor-
tunidade de ser expostos a essa visão durante a pós-graduação, 
participando de escolas internacionais de astrobiologia (seja aqui 
feito um agradecimento especial aos organizadores da Escola de 
Inverno de Astrobiologia do Havaí, Escola de Verão de Astrobiologia 
dos Países Nórdicos e da Escola de Verão de Astrobiologia de 
Santander, na Espanha), nas quais ficou claro que, uma vez ven-
cidas as barreiras de comunicação, ter contato com colegas de 
diferentes áreas permite novas perspectivas e soluções para anti-
gos problemas cristalizados – coloque um físico teórico para fazer 
experimentos de microbiologia em uma geleira na Islândia e tudo 
pode acontecer! 
Esse intercâmbio de ideias é o que a astrobiologia tem de me-
lhor e o que, em nossa visão, realmente vale a pena ser mantido 
e melhorado. No Brasil, em 2011, organizamos com grande su-
cesso a São Paulo Advanced School in Astrobiology (Spasa, 2011), 
financiada pela Fapesp, para atrair novos talentos para a área. 
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ASTROBIOLOGIA – Uma Ciência Emergente
Esperamos fazer mais eventos como esse e ficamos felizes de ver 
outras iniciativas já surgindo pelo país.
Mas não podemos esquecer – a astrobiologia ainda é uma área 
em consolidação e, por isso mesmo, muito dinâmica. Sua conti-
nuidade depende do interesse crescente da comunidade no tema, 
para garantir seu financiamento, criação de cursos, formação de 
pessoas e mesmo, quem sabe, abertura de vagas para pesquisado-
res/professores específicas para o assunto. Pode ser que ela venha 
a ser substituída por outro termo no futuro, como “habitabilidade”, 
ou caia em desuso, sendo mantido o termo mais comum – “ciên-
cias planetárias”. Isso é algo para o futuro, mas de menor impor-
tância, pois o que realmente vale a pena é desbravar as fronteiras 
do conhecimento e compreendermos nosso lugar no Universo.
Até o momento, não há um projeto de pesquisa em astrobio-
logia, mas projetos em áreas específicas e mais clássicas (física, 
química, biologia, astronomia e geologia), com uma visão inter-
disciplinar e conectada a um problema mais geral sobre a vida 
no Universo. Além do projeto em si, é importante que se invista 
na formação sólida em uma área de maior interesse (que possivel-
mente será aquela em que a carreira dos pesquisadores terá conti-
nuidade), também procurando expô-los a outras áreas de pesquisa, 
de maneira que tenham facilidade de diálogo em qualquer tema 
e uma boa rede de contatos, para sempre saber onde ou quem 
procurar, para achar a informação que precisam. Na ciência, é 
importante fazer escolhas por paixão, mas também levando em 
conta as aptidões pessoais necessárias nas diferentes áreas e, de 
forma muito pragmática, o mercado futuro de profissões. Levando 
em conta esses fatores, as chances de desenvolver uma carreira 
bem-sucedida e que satisfaça seus anseios serão muito maiores!
Astrobiologia: uma ciência emergente faz parte da missão 
de disseminação do conhecimento proposta pelo nap/Astrobio, 
apoiada e financiada pelas Pró-reitorias de Cultura e Extensão 
Universitária da usp, além de parte do compromisso com ensino 
e educação como parceiro internacional do Nasa Astrobiology 
Institute (nai) e a European Astrobiology Network Association 
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INTRODUÇÃO
(eana). A produção deste livro foi um prazer para seus organizado-
res, que tiveram a oportunidade de aprender um pouco mais sobre 
outros temas e interagir com pessoas muito diferentes, dedicadas 
e com histórias para serem contadas. Ao final, esperamos que um 
pouco dessa rica experiência humana que vivenciamos possa ser 
passada para os leitores, e que este seja apenas o início de suas 
próprias buscas. Sejam os novos exploradores do Universo e não 
se esqueçam – o conhecimento só faz sentido se puder ser com-
partilhado e vivenciado em toda sua riqueza humana!
Os Organizadores
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos o apoio de vários alunos e colegas, muitas ve-
zes trabalhando de forma anônima, mas, sem os quais, este livro 
seria impossível. Aos queridos alunos da primeira turma do curso 
de pós-graduação em astrobiologia da usp (btc 5831), em cujas 
discussões muitos textos deste livro nasceram, e ao pós-graduan-
do André Arashiro Pulschen, que desenhou e aprimorou a capa. 
Agradecemos também a todos os integrantes do nap/Astrobio, al-
guns dos quais não participaram diretamente do livro, mas contri-
buíram para sua viabilidade; aos organizadores das escolas inter-
nacionais de astrobiologia, que contribuíram para a formação de 
vários organizadores e autores desta edição, em especial Karen 
Meech, Wolf Geppert, Bruce Runnegar e Vicky Meadows. Também 
agradecemos ao incessante apoio e incentivo do diretor do Nasa 
Astrobiology Institute, Carl Pilcher, bem como de Gerda Horneck, 
ex-diretora da eana. Agradecimentos especiais a Lynn Rothschild, 
pelo apoio constante, desde a formação da primeira geração de 
astrobiólogos brasileiros, e pelos momentos fantasticamente hu-
manos que dividimos em diversas oportunidades.
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ASTROBIOLOGIA
Estudando a vida no Universo
Capítulo 1
Fabio Rodrigues, Douglas Galante e Marcio G. B. Avellar
A astrobiologia, na visão atual, é definida como um campo 
de pesquisa dedicado a entender a origem, a evolução, a distri-
buição e o futuro da vida, na Terra ou fora dela (Blumberg, 2003). 
Dessa forma, algumas das principais perguntas que os astrobiólo-
gos tentam responder vêm sendo feitas pela humanidade há milê-
nios: “como a vida se originou e evoluiu na Terra?”, “existe vida 
em outros planetas?” e “como a vida se adaptou a um planeta em 
constante mudança e como ela o fará no futuro?” (Des Marais; 
Walter, 1999). A astrobiologia propõe uma abordagem multi e in-
terdisciplinar, baseada nas técnicas e no rigor da ciência moderna 
para essas questões, as quais são apenas o início para a melhor 
compreensão do fenômeno da vida no Universo.
Um fato marcante para o reconhecimento dessa área de pes-
quisa se deu em 1998, quando a Nasa, agência espacial norte-
-americana, reestruturou e ampliou o escopo de seu antigo pro-
grama de exobiologia, dedicado a procurar vida fora da Terra, 
renomeando-o como programa de astrobiologia, criando assim o 
Instituto de astrobiologia da Nasa (nai), um dos pioneiros no tema 
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ASTROBIOLOGIA – Uma Ciência Emergente
(Blumberg, 2003). Essa mudança ocorreu após a Nasa perceber 
que, paralelamente à busca de vida fora da Terra, era necessário 
entender melhor a vida em nosso próprio planeta, a única que co-
nhecemos e que deveria ser utilizada como modelo para entender 
uma possível vida extraterrestre. Por exemplo, quando se pensa na 
possibilidade de vida em outro planeta, uma das perguntas que 
surgem é sobre sua origem. É necessário, ainda, conhecermos bem 
o cenário e as condições para o surgimento da vida na Terra, antes 
de podermos extrapolar o mesmo evento para outros planetas.
Analogamente, tratando da detecção de vida extraterrestre,
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