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Lingua Portuguesa II Estruturas Morfologicas

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Língua Portuguesa II: 
Estruturas Morfológicas
???????????
Língua Portuguesa II: 
Estruturas Morfológicas
Organizado por Universidade Luterana do Brasil
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Canoas, RS
2018
Adriana Lemes
Ângelo Renan Acosta Caputo
Cláudia Soares Barbosa
Isabel Regina Lima Mendes
Isabella Vieira de Bem
Jane Sirlei Kuck Konrad
Tania Maria Steigleder da Costa
Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. 
Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores 
a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da 
ULBRA.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei 
nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.
Dados técnicos do livro
Diagramação: Marcelo Ferreira
Revisão: Ane Sefrin Arduim
Para facilitar a abordagem de diferentes aspectos linguísticos, as pala-vras estão agrupadas em classes gramaticais ou classes de palavras, 
ou, ainda, em classes morfológicas. Uma classe gramatical é constituída 
por um grupo de palavras que possuem características morfológicas (for-
mas) sintéticas e semânticas comuns.
Assim, podemos dizer que a Morfologia, como você verá já de forma 
mais clara no Capítulo 1, é o estudo dos mecanismos alusivos ao funciona-
mento de uma língua dentro de um determinado contexto, verificando seu 
funcionamento, sua estrutura e suas configurações formais. É a primeira 
articulação da gramática, na qual o vocábulo formal (a palavra) é seu ob-
jeto de estudo, sistematizando em classes as unidades mínimas dotadas de 
sentido de acordo com características e funções comuns entre elas.
De um (a) acadêmico (a) do curso de Letras e futuro professor, espera-
-se que consiga identificar não só a que grupo pertence uma palavra em-
pregada em um contexto, mas também o valor de um emprego determina-
do. Seja bem-vindo à disciplina de Estruturas Morfológicas.
Bom estudo!
Prof. Dr. Ítalo Ogliari
Coordenador do Curso de Letras
Apresentação
 1 Morfologia: Aspectos Gerais .................................................1
 2 O Substantivo .....................................................................21
 3 O Adjetivo ..........................................................................45
 4 O Verbo .............................................................................61
 5 O Advérbio .......................................................................116
 6 O Artigo e o Numeral .......................................................135
 7 O Pronome .......................................................................156
 8 A Preposição .....................................................................187
 9 A Conjunção ....................................................................202
 10 Expressões Idiomáticas ......................................................218
Sumário
Cláudia Soares Barbosa
Atualizado por Isabel Regina Lima Mendes1
Capítulo 1
Morfologia: Aspectos 
Gerais1
1 Especialista em Educação Professora da Universidade Luterana do Brasil e da 
Rede Pública de Educação Básica.
2 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Introdução
Neste capítulo, estudaremos algumas noções basilares para as 
estruturas morfológicas, entre elas: o que é morfologia e seus 
princípios essenciais, especialmente os relacionados à morfo-
logia funcional na língua portuguesa, a diferença entre morfo-
logia lexical e gramatical, o papel da classificação das pala-
vras e alguns aspectos da relação entre morfologia e sintaxe.
Etimologicamente, morfologia vem do grego morphe (mor-
fo = forma + logos = estudo) sendo, portanto, o “tratado 
das formas que uma matéria pode tomar”. Esse estudo da 
forma não se restringe apenas à linguagem, que é o assunto 
aqui, pois temos a morfologia animal, celular, gráfica, social 
entre outras. A morfologia vegetal, por exemplo, é a parte da 
Botânica que estuda as formas e estruturas dos organismos ve-
getais; em Biologia, morfologia é o estudo da forma do orga-
nismo ou de partes dele; em Sociologia, é a parte que estuda 
e classifica as estruturas ou as formas da vida em sociedade.
No âmbito da língua, morfologia é a parte da gramática 
que estuda as palavras observadas isoladamente. Dentro des-
se estudo, a morfologia é considerada como a primeira arti-
culação da gramática, na qual o vocábulo formal é o objeto 
de análise. Assim, a morfologia na linguagem é o estudo da 
estrutura e formação das palavras, suas flexões e sua classi-
ficação. Ela trata do aspecto formal (de forma) das palavras, 
e, conforme Luft (2002), subdivide-se em dois tipos: lexical e 
gramatical.
Capítulo 1 Morfologia: Aspectos Gerais 3
Na morfologia lexical se estuda origem, formação, estru-
tura, famílias de palavras, etc. Ou seja, como surgem novas 
palavras, qual sua origem, como estão organizadas, conteúdo 
a ser contemplado em outra disciplina de curso, mas para o 
qual trouxemos abaixo um pequeno exemplo a fim de facilitar 
a compreensão da divisão apresentada.
Ilustração: Marcelo Germano - LAC Ulbra EAD. Adaptado de: PDI ULBRA 2017-
2022.
A palavra “pipoqueiro” é formada pela base (radical) “pipoca” 
mais o sufixo formador de substantivo “-eiro”.
A morfologia gramatical, por outro lado, trata da classifica-
ção das palavras, das categorias gramaticais, dos paradigmas 
4 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
flexionais e de outros aspectos relacionados ao vocábulo. Ela, 
para analisar uma palavra, parte dos segmentos fônicos asso-
ciados a uma significação léxica e suas formas. Assim, a mor-
fologia sistematiza em “grupos” as unidades mínimas dotadas 
de sentido de acordo com características e funções comuns 
entre elas, ou seja, em classes ou categorias gramaticais.
As classes gramaticais descritas, de acordo com a No-
menclatura Gramatical Brasileira (NGB), são:
- substantivo;
- adjetivo;
- artigo;
- pronome;
- numeral;
- verbo;
- advérbio;
- conjunção;
- preposição.
O primeiro critério de classificação está relacionado às va-
riações que a palavra pode apresentar. Logo, as classes estão 
separadas em variáveis e invariáveis.
Capítulo 1 Morfologia: Aspectos Gerais 5
Palavras variáveis podem mudar de acordo com os seguintes 
critérios: gênero (masculino e feminino), número (singular e 
plural) e, algumas, em grau (diminutivo, aumentativo); e são 
elas:
- verbo;
- substantivo;
- adjetivo;
- pronome;
– artigo.
Palavras invariáveis não apresentam modificações de acordo 
com o gênero ou com o número, elas se mantêm sob o mesmo 
formato, independentes do contexto a que estão inseridas ou 
às palavras as quais se ligam no arranjo textual. São elas:
- advérbio;
- preposição;
- conjunção.
IMPORTANTE
Numerais constituem uma classe de palavras com a peculiari-
dade de subclassificações variáveis e invariáveis.
6 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Observe o exemplo:
A estudante universitária ficou muito entusiasma-
da
Artigo 
feminino 
singular
Substantivo 
sem marca 
de gênero 
singular
Adjetivo 
feminino 
singular
Verbo 
no sin-
gular
Advérbio 
de inten-
sidade 
invariá-
vel
Adjetivo 
feminino 
singular
Todas as palavras na frase concordam em gênero e/ou nú-
mero, por isso foram registradas no feminino e no singular. 
Com exceção do advérbio, que por pertencer a uma classe 
invariável, não compromete o sentido ou a concordância dos 
vocábulos na frase.
Os verbos apresentam outras variações específicas: pes-
soa, tempo, modo e voz. Na frase acima, teríamos a seguinte 
análise: FICOU = terceira pessoa do singular; tempo presen-
te; modo indicativo e voz ativa.
Outro exemplo:
Os universitários caminhavam rapidamente com suas bandeiras
Ar-
tigo 
mas-
cu-
lino 
plural
Substantivo 
masculino 
plural
Verbo no 
plural
Advérbio de 
modo invari-
ável
Prepo-
sição 
(invari-
ável)
Pro-
nome 
posses-
sivo fe-
minino 
plural
Subs-
tantivo 
feminino 
plural
De acordo com a análise realizada no exemplo acima, 
tem-seuma estrutura concordando com o gênero masculino 
Capítulo 1 Morfologia: Aspectos Gerais 7
ou feminino e o número plural. E as palavras de classes invari-
áveis: o advérbio rapidamente e a preposição com.
No exemplo anterior, “universitária” é um adjetivo, pois ca-
racteriza o substantivo “estudantes”, enquanto, neste último, 
“universitários” apresenta-se como substantivo. A mesma in-
versão pode ocorrer com outras palavras de acordo com seu 
uso.
No estudo da língua portuguesa, toda análise se refere às 
combinações de formas; assim, cada classe possui uma no-
menclatura e é analisada de acordo com a função que exerce 
dentro de determinado contexto, na relação com as outras pa-
lavras. O que se trata de um outro plano gramatical: a sintaxe.
De acordo com Joaquim Matoso Câmara Júnior, no livro 
Estrutura da Língua Portuguesa, o segmento fônico se associa 
a uma significação gramatical situando-se na primeira articu-
lação da língua (a morfológica), gerando o vocábulo formal. 
O que se denomina de vocábulo é a palavra ou ainda a uni-
dade mórfica por si só. Ao estudar morfologia, analisam-se, 
então, os morfemas. Os morfemas constituem-se por serem 
unidades de som e conteúdos menores do que a palavra. São 
unidades significativas mínimas, porque possuem significado, 
mas nem sempre funcionam de forma independente, precisam 
estar conectadas a outras. Exemplo: o “s” que marca o plural é 
uma unidade com significado de número, mas não faz sentido 
livremente. O vocábulo pipoca/s/ pode gerar outros, como 
pipoqueiro, pipoquinha, enquanto o morfema /s/ que marca 
o plural na palavra só funciona ligado a outros morfemas com 
sentido completo.
8 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Assim, a gramática identifica dois tipos de morfemas:
 Â Morfemas lexicais: são as formas livres: pipoca.
 Â Morfemas gramaticais: possuem algum significado, 
mas só existem presos /s/ (como marca de plural) /des/ 
(desfazer); dentre outros.
Formas livres constituem uma sequência funcionando iso-
ladamente.
Exemplo: Os livros encantam os leitores.
Formas presas funcionam ligadas a outras.
Exemplo: “in” – do vocábulo “infeliz”.
Dessa maneira, o vocábulo formal caracteriza-se por:
 Â Uma unidade final indivisível em duas ou mais formas 
livres. Exemplo: paz.
 Â Duas ou mais formas presas. Exemplo: im + pro +vá 
+ vel.
 Â Uma forma livre e uma ou mais formas presas. Exemplo: 
in + feliz.
OBSERVAÇÃO: esses mesmos critérios aplicam-se às partículas 
proclíticas enclíticas, introduzindo um terceiro conceito na lín-
gua portuguesa; o de forma dependente.
O critério mórfico estabelece a separação dos vocábulos 
por espaços em branco, registrando na ortografia as formas 
Capítulo 1 Morfologia: Aspectos Gerais 9
independentes. As palavras constituem-se por unidades meno-
res (morfemas), ao passo que a frase se compõe por palavras, 
e estas são graficamente separadas. A análise morfológica 
identifica a classe de cada palavra e verifica suas combina-
ções dentro do texto. Algumas classes podem ocupar o papel 
de outra em determinada construção frasal. Por exemplo, a 
classe dos nomes (os substantivos e os adjetivos) podem se 
intercambiar, como vimos em exemplos anteriormente aqui 
apresentados.
A tradição da classificação das palavras é uma herança 
da cultura grega, sendo que parte da nomenclatura por nós 
adotada mantém-se do latim, principalmente dos trabalhos de 
Aristóteles.
Rosa (2008, p.100) afirma que Aristóteles tomava como 
base para classificação “o fato de um elemento poder ser in-
terpretado semanticamente quando em isolado.” Essa forma 
de significado estaria relacionada a um referente biossocial, 
que Rosa chama de significado lexical. As classes que apre-
sentariam esse tipo de significado são substantivos, adjetivos, 
verbos lexicais e advérbios, essas mesmas classes apresentam 
autonomia, pois podem aparecer sozinhas em um sintagma. 
Já o outro tipo são palavras de significado gramatical, que 
dependem de um contexto para o estabelecimento de senti-
do, como preposições, conjunções, verbos copulares (ou au-
xiliares), artigos, pronomes. Os elementos que apresentam 
esse tipo de característica “evidenciam relações gramaticais 
quer dentro da oração, quer entre orações” (ROSA, 2008, 
p.100).
10 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Assim:
SIGNIFICADO LEXICAL SIGNIFICADO GRAMATICAL 
Possibilidade de interpretação semân-
tica de um termo isolado.
Impossibilidade de interpretação 
semântica de um termo isolado.
As palavras que apresentam significado lexical são cha-
madas de palavras lexicais, de conteúdo. Já aquelas que apre-
sentam significado gramatical são chamadas de palavras 
gramaticais, de forma. Não apenas quando a possibilidades 
de interpretação encontramos diferença entre as classes, mas 
também na formação de novas palavras. As classes de palavras 
que se apresentam férteis para neologismos são substantivos, 
verbos, adjetivos e advérbios, chamadas de classes abertas. 
Já aquelas nas quais não surgem novas palavras – ou muito 
raramente – são preposições, conjunções, pronomes, artigos, 
numerais e verbos copulares chamadas de classes fechadas.
Na classificação, é preciso especificar dois níveis quanto 
à linguagem: uso e metalinguagem. No uso, o conhecimen-
to sobre a linguagem e como a língua funciona têm papel 
pequeno, se não nulo, enquanto que no estudo sobre elas a 
metalinguagem se faz importante, bem como o conhecimento 
sobre ela, para que se possa falar sobre elas. É consideran-
do-se este último aspecto que devemos nos preocupar, tanto 
enquanto estudantes de Letras quanto futuros profissionais de 
Letras. Assim sendo, como afirmado por Perini (2010, p. 289), 
“a descrição da estrutura de uma língua depende crucialmente 
de classificações: classes de palavras, classes de sintagmas, 
classes de morfemas”.
Capítulo 1 Morfologia: Aspectos Gerais 11
É importante destacar aqui que classe de palavra não é a 
mesma coisa que função. As classes são: substantivo, artigo, 
adjetivo, etc.; enquanto as funções são: sujeito, predicado, 
objeto, etc.
“Diferente do que se tem na tradição, essa classificação 
não pode ser feita por questões de sentido, mas sim pelo po-
tencial funcional que elas podem vir a apresentar na senten-
ça.” (ILARI, 1986; PERINI, 2010).
UM EXEMPLO DE ANÁLISE
Vejamos a palavra “irracional”.
- Qual a sua classificação?
Adjetivo (ou Substantivo)
- Que funções podem vir a desempenhar?
Predicativo do sujeito:
Ele é irracional.
Adjunto adnominal:
Ele encontrou o amigo irracional.
Predicativo do objeto:
Ele julgou o ato irracional.
Sujeito:
O irracional parece prevalecer.
12 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Em todos esses exemplos, a palavra “irracional” está “liga-
da” a um nome ou em posição própria a um nominal, como 
no último exemplo, e são todos aceitos pelos falantes nativos 
de língua portuguesa.
O mesmo não ocorre com os exemplos abaixo:
Choveu irracional.
Ele irracionou o tempo.
No primeiro exemplo, temos o que se chama em semântica 
de anomalia, enquanto que no segundo há uma palavra não 
aceita pelos falantes como verbo, apesar de obedecer às nor-
mas de formação de palavras de nossa língua.
Relação entre morfologia e sintaxe
Como vimos, a classificação de palavras deveria ocorrer em 
consequência de seu potencial funcional (PERINI, 2010) ou 
propriedades distribucionais (ILARI, 1986), o que significa que 
não estaria a parte da sintaxe, mas em interface com essa. 
Dada essa natureza, temos duas relações primárias: através 
da morfossintaxe e através do valor funcional potencial.
Na morfossintaxe temos elementos mórficos que traduzem 
funções sintáticas. É o caso do latim, por exemplo, que através 
de suas declinações expressa as funções sintáticas. Para essas 
é fundamental a noção de caso, quais sejam: nominativo, da-
tivo, genitivo, acusativo, ablativo, vocativo. Em consequência 
Capítulo 1 Morfologia: Aspectos Gerais 13
da sua natureza não configuracional,a ordem dos elementos 
não influenciava, já que sua interpretação funcional se dava 
através dos casos.
CURIOSIDADE
Veja os casos em latim e suas respectivas funções e, após, ob-
serve uma frase que exemplifica as funções sintáticas destacadas 
nos elementos mórficos de palavras em Latim.
CASOS FUNÇÕES SINTÁTICAS
Nominativo Corresponde ao sujeito e predicado
Genitivo Corresponde ao adjunto adnominal
Dativo Corresponde ao objeto indireto 
Acusativo Corresponde ao objeto direto
Vocativo Corresponde ao vocativo
Ablativo Corresponde ao adjunto adverbial
 Â MarcusCorneliamamat.
 Â MarcusamatCorneliam.
 Â AmatMarcusCorneliam.
 Â AmatCorneliamMarcus.
 Â CorneliamMarcusamat.
 Â Corneliamamat Marcus.
14 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Em todas as frases, a mensagem é “Marco ama Cornélia”. Inde-
pendentemente da posição, Marcus é nominativo e Corneliam 
acusativo, o que comprova que são as declinações que trazem 
as funções sintáticas em latim.
A língua portuguesa mantém ainda certa características 
morfossintática, uma vez que podemos “apagar” o sujeito e 
recuperar a referência através da desinência verbal de núme-
ro-pessoa, no entanto, a ordem apresenta um papel diferente.
A outra consideração diz respeito ao potencial funcional, 
pois certas classes podem desempenhar certas funções e apre-
sentar determinados comportamentos morfológicos (por exem-
plo, nem todas as classes apresentam flexão de número) dife-
rentes de outras.
Outra relação clara entre classes de palavras e sintaxe é 
a classificação dos sintagmas (ou constituintes), que se dá em 
função do seu núcleo.
De acordo com Perini (2001), “constituintes são certos gru-
pos de unidades que fazem parte de sequências maiores, mas 
que mostram certo grau de coesão entre eles.” Isso implica 
uma estrutura hierárquica, na qual “as sequências de elemen-
tos linguísticos devem se estruturar sucessivamente, de modo a 
formar unidades mais e mais complexas, até chegarmos à for-
mação de uma sentença” (NEGRÃO, SCHER e VIOTTI, 2010, 
p. 88).
Capítulo 1 Morfologia: Aspectos Gerais 15
Observe o exemplo abaixo:
[Ana elaborou o relatório sobre as vendas.]
[[Ana] [elaborou o relatório sobre as vendas.]]
[[Ana] [elaborou [o relatório sobre as vendas.]]]
[[Ana] [elaborou [o relatório [sobre as vendas.]]]]
[[Ana] [elaborou [o relatório [sobre [as vendas.]]]]]
Os colchetes indicam o início e o fim de cada sintagma. 
Assim dentro da oração temos dois sintagmas principais: um 
nominal (cujo núcleo é “Ana”) e um verbal (cujo núcleo é “ela-
borar”); e dentro deste temos outros sintagmas. Conforme Ne-
grão, Scher e Viotti (2010, p.89), as sentenças das línguas 
naturais “são formadas a partir da estruturação hierárquica de 
seus constituintes, em que as palavras são agrupadas em sin-
tagmas e sintagmas são agrupados em sintagmas mais altos 
(...)”, como no exemplo acima.
Ainda que muitos conceitos sobre o assunto não tenham 
sido aqui contemplados, pois não seria possível dentro dos 
objetivos a que se propõe este capítulo e, consequentemente, 
este livro, concluímos com uma reflexão de que os estudantes, 
pesquisadores e profissionais da área de Letras devem ter aten-
ção especial aos mecanismos referentes ao funcionamento 
de uma língua em um contexto, observando-se o tempo e a 
interação entre os falantes. É dessa maneira que a gramática 
analisa e descreve, de acordo com a definição de uso, as nor-
mas de funcionamento, a estrutura e a configuração formal 
que caracterizam um idioma.
16 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Recapitulando
A morfologia é um termo utilizado em outras áreas do co-
nhecimento, porém sempre conserva o significado que a pa-
lavra traz consigo. Por exemplo, em geologia, a morfologia 
é o estudo das formas de relevo. Na língua, a morfologia é 
uma parte da gramática que se detém nas estruturas e/ou a 
formação das palavras. De maneira geral, a morfologia pode 
se subdividir em Lexical, que se dedica a estudar a origem, a 
formação, a estrutura e as famílias de palavras, e Gramatical, 
a qual trata das categorias gramaticais, dos paradigmas flexio-
nais e de outros aspectos relacionados aos vocábulos, como 
a classificação das palavras expressas, na língua portuguesa, 
por dez classes morfológicas (ou gramaticais) de acordo com 
a função de cada. Essas classes, de acordo com as flexões 
que a palavra pode apresentar ou não, estão agrupadas em: 
palavras variáveis: substantivo, adjetivo, pronome, numeral, 
artigo e verbo; e palavras invariáveis: preposição, conjunção 
e advérbio. As flexões dos vocábulos variáveis podem ser de 
gênero - masculino e feminino -, número - singular e plural - 
e grau - aumentativo e diminutivo, sendo que o verbo possui 
variações específicas (pessoa, tempo, modo e voz). A análise 
puramente morfológica estuda as palavras individualmente, 
ou seja, independentemente da sua ligação com as outras pa-
lavras. O estudo inicia nas unidades significativas mínimas, 
os morfemas, os quais podem ser lexicais (formas livres) ou 
gramaticais (formas presas), e segue para a identificação da 
categorial gramatical a partir das combinações das palavras 
dentro do texto, pois algumas podem ocupar o papel de outra 
em determinada construção frasal. E essa dupla possibilidade 
Capítulo 1 Morfologia: Aspectos Gerais 17
de interpretação semântica de uma palavra, quando isolada 
ou em um contexto, é o significado lexical e o significado gra-
matical, respectivamente. Assim, a classificação das palavras 
acontece de acordo com seu potencial funcional e com suas 
propriedades distribucionais, que analisa a função e a ligação 
de cada elemento que forma um enunciado linguístico.
Referências
CÂMARA JR, Joaquim Mattoso. Estrutura da Língua Portu-
guesa. 8. ed., Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1977.
ILARI, Rodolfo. A linguística e o ensino da língua portugue-
sa. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
NEGRÃO, Esmeralda Vailati; SCHER, Ana Paula; VIOTTI, Evani 
de Carvalho. Sintaxe: explorando a estrutura da sentença. 
In: FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística: II. 
Princípios de análise. 4. Ed. São Paulo: Contexto, 2010.
PERINI, Mário A.. Gramática do português brasileiro. São 
Paulo: Parábola Editorial, 2010.
______. Gramática descritiva do português. 4. Ed. São Pau-
lo: Editora Ática, 2001.
SILVA, Thäis Cristófaro. Fonética e Fonologia do português. 
São Paulo: Contexto, 2010.
ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. São Paulo: 
Contexto, 2008.
18 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Atividades
 1) Responda:
a) O que é morfologia da linguagem?
b) A morfologia se encarrega de estudar o quê?
c) Qual a diferença existente entre morfologia lexical e 
morfologia gramatical?
 2) Assinale a alternativa que contém uma afirmação correta:
a) De acordo com as características e funções das cate-
gorias gramaticais, classificamos todas como classes 
variáveis.
b) As classes que apresentam o chamado “significado le-
xical” são os substantivos, os adjetivos, os verbos lexi-
cais e os advérbios.
c) A morfologia gramatical se ocupa em estudar os fone-
mas.
d) Palavras de “significado lexical” são aquelas que de-
pendem de um contexto para o estabelecimento de 
sentido.
e) Verbos e advérbios são palavras que pertencem ao 
grupo nomeado de “Classes fechadas”.
 3) Analise as afirmativas e, após, aponte a alternativa corre-
ta:
Capítulo 1 Morfologia: Aspectos Gerais 19
I - Na língua portuguesa, cada classe gramatical possui 
uma nomenclatura e é analisada de acordo com a 
função que exerce dentro de um determinado contex-
to.
II - Os morfemas lexicais são as formas livres, as quais 
constituem uma sequência funcionando isoladamente.
III - As palavras de “significado gramatical” são aquelas 
que dependem de um contexto para o estabelecimento 
de um sentido.
IV - A desinência verbal de número-pessoa, sem o sujeito 
expresso na oração, é um exemplo de possível análise 
morfossintática na língua portuguesa.
a) Apenas Ie II são verdadeiras.
b) Apenas II e III são verdadeiras.
c) Apenas I e IV são verdadeiras
d) Apenas II, III e IV são verdadeiras.
e) I, II, III e IV são verdadeiras.
 4) Relacionado ao estudo de morfologia funcional, analise as 
duas ocorrências do termo “nativos” no fragmento abaixo 
e explique suas semelhanças e diferenças.
 “Nos primeiros anos da conquista, os espanhóis resistiram 
a comer produtos nativos americanos, por isso trouxeram 
consigo plantas e animais de sua terra natal. Todavia, os 
espanhóis enviavam à Europa todos os alimentos exóticos 
que os nativos lhes ofereciam...”.
20 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
 5) As classes de palavras invariáveis são:
a) preposição – advérbio – pronome.
b) numeral – substantivo – conjunção.
c) artigo – pronome– substantivo.
d) adjetivo – preposição – advérbio.
e) conjunção – advérbio – preposição.
Cláudia Soares Barbosa
Atualizado por Isabel Regina Lima Mendes1
Capítulo 2
O Substantivo1
1 Especialista em Educação Professora da Universidade Luterana do Brasil e da 
Rede Pública de Educação Básica.
22 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Introdução
Conhecendo as classes de palavras, após estudo do Capítu-
lo 1, dedicaremos atenção especial, neste capítulo, à palavra 
com que designamos os seres em geral, os substantivos. Co-
nheceremos a classificação e as flexões do referenciador de 
nomes na Língua Portuguesa.
Substantivo
Para você melhor entender este conteúdo, vamos ler o frag-
mento do texto que segue:
Com o excesso de simplicidade de Macabea, a autora revelou 
ainda mais sua complexidade.
O uso da linguagem na obra de Clarice é tema que faz a au-
tora ainda hoje tão interessante aos estudiosos da filosofia da 
linguagem e aos lacanianos. Embora pouco levada a sério pela 
crítica – que ainda hoje o considera “um livro menor” – é em 
“Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres” que ela exacerba 
essa fragmentação da narrativa. É como se algo estivesse sen-
do dito, pensado e escrito quando Lispector começa o livro com 
uma vírgula. Este algo continuará sendo dito após o fim do livro, 
que termina no meio de um diálogo, num sinal de dois pontos 
sinalizador de interrupção brusca e, ao mesmo tempo, de conti-
nuidade. [...] (Fonte: RODRIGUES, 2006, p.32)
Capítulo 2 O Substantivo 23
Você, com certeza, deve estar se perguntando por que des-
tacamos as palavras: excesso, autora, uso, obra, Clarice, es-
tudiosos, lacanianos, fragmentação, Lispector, algo e fim. Não 
foi sem razão. Essas palavras que usamos para nos referir a se-
res, coisas, ações, fatos, sentimentos, estados, qualidades ou 
ideias são denominadas substantivos. Qualquer palavra que 
você queira transformar em substantivo basta antepor-lhe um 
artigo, um pronome possessivo, demonstrativo ou indefinido.
Veja nos exemplos a seguir.
O amanhã poderá ser melhor do que o hoje.
(Advérbios – amanhã / hoje – transformados em substantivos)
Ele tinha um quê de misterioso e trágico.
(Pronome – que – transformado em substantivo)
Este amar será indolor.
(Verbo – amar – transformado em substantivo)
Classificação
O substantivo possui CLASSIFICAÇÃO conforme sua função.
 Â SUBSTANTIVOS COMUNS: usamos para nos referirmos 
aos seres de forma generalizada, considerando a espé-
cie.
Ex.: Os livros são instrumentos do saber.
24 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
 Â SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: usamos quando queremos 
nos referir a um ser, em particular, dentro da mesma 
espécie.
Ex.: Cristiano Ronaldo é o maior jogador do mundo.
 Â SUBSTANTIVOS CONCRETOS: usamos para nomear 
seres que não dependem de outros para existir indivi-
dualmente.
Ex.: A carreta era meio de transporte dos tropeiros.
Atenção!
Lembre-se que DEUS, FADA, ALMA, FANTASMA e outros 
são considerados substantivos concretos por nomearem 
seres que têm existência própria mesmo que imaginária.
 Â SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: são nomes que designam 
ações, estados ou qualidades; dependem da existência 
de um ser concreto.
Ex.: Não quero minha intimidade exposta ao conhecimento 
público.
 Â SUBSTANTIVOS SIMPLES: são nomes constituídos de um 
só radical.
Ex.: A felicidade está em todo lugar.
 Â SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: ao contrário dos subs-
tantivos simples, são nomes constituídos de mais de um 
radical.
Capítulo 2 O Substantivo 25
Ex.: O guarda-noturno trabalhou ininterruptamente no fe-
riadão.
 Â SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: são os que não se origi-
nam de outros, podendo dar existência a outros vocá-
bulos.
Ex.: Quisera ser um rio sem margens aprisionadoras.
 Â SUBSTANTIVOS DERIVADOS: são os que provêm dos 
substantivos primitivos.
Ex.: A pereira e o pessegueiro florescem na primavera.
 Â SUBSTANTIVOS COLETIVOS: são vocábulos que, em-
bora usados no singular, denotam a pluralidade dos se-
res da mesma espécie. Listaremos alguns para ampliar 
seu conhecimento.
26 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Capítulo 2 O Substantivo 27
Gênero do Substantivo
Os substantivos sofrem flexões quanto ao GÊNERO: ou são 
masculinos ou são femininos. São MASCULINOS os substanti-
vos que admitem o artigo O, e são FEMININOS os que admi-
tem o artigo A. Vamos exemplificar.
 Â MASCULINOS: o gato, o galo, o vaso.
 Â FEMININOS: a gata, a galinha, a escova.
Lembre-se: nem sempre as terminações o e a serão indica-
tivos de gênero masculino e feminino, o que significa que há 
palavras com formas próprias. Preste atenção!
 Â MASCULINOS: o planeta, o refém, o sopé, o órgão.
 Â FEMININOS: a libido, a linhagem, a atenção, a mar-
quise.
Quanto ao gênero, há aqueles denominados biformes e 
os denominados uniformes. Quando o substantivo tem duas 
formas para indicar os diferentes gêneros, ele é denominado 
biforme.
 Â MASCULINO: professor, namorado, sogro.
 Â FEMININO: professora, namorada, sogra.
Se, no entanto, tiver uma só forma para determinar os dois 
gêneros, denominar-se-á uniforme. Observe:
28 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Ilustração: Marcelo Germano - LAC Ulbra EAD. Adaptado de: PDI ULBRA 2017-
2022.
Ilustração: Marcelo Germano - LAC Ulbra EAD. Adaptado de: PDI ULBRA 2017-
2022.
Os SUBSTANTIVOS UNIFORMES podem ainda se classifi-
car em: epicenos, sobrecomuns e comuns de dois.
Capítulo 2 O Substantivo 29
 Â EPICENOS: são substantivos invariáveis em gênero, re-
ferem-se a nomes de certos animais. Se quisermos expli-
car o sexo dos animais, devemos usar, após o substanti-
vo, as palavras macho e fêmea. Veja a relação a seguir.
 Â SOBRECOMUNS: esses substantivos, às vezes, nos cau-
sam problemas, pois podem ser usados tanto para os 
seres do sexo masculino quanto para os do sexo femini-
no. Preste atenção:
A Carina é a pessoa importante. O cônjuge dela é Joaquim.
O Paulo é a pessoa importante. O cônjuge dele é Priscila.
COMUNS DE DOIS: nesse caso, o substantivo tem uma só 
forma para os dois gêneros. A distinção é feita pelo uso de ar-
tigos, de adjetivos, de pronomes ou de outras formas adjetivas.
O dentista A dentista
Este artista. Esta artista
Aquele jovem. Aquela jovem.
Violinista famoso. Violinista famosa.
Veja também algumas curiosidades sobre a flexão de gêne-
ro dos substantivos:
 Â Alguns substantivos mudam de significado, conforme o 
sentido de uso:
30 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Ilustração: Marcelo Germano - LAC Ulbra EAD. Adaptado de: PDI ULBRA 2017-
2022.
Outros exemplos:
O CABEÇA A CABEÇA
Chefe, líder Parte do corpo
O CAPITAL A CAPITAL
Valores monetários Cidade que aloja a administração de um 
estado ou país
O LENTE A LENTE
O professor Corpo transparente limitado por duas superfí-
cies refratoras
O MORAL A MORAL
Ânimo Conjunto de regras de conduta de faculdades 
morais
 Â Alguns serão sempre masculinos:
o ágape o alvará
o axioma o estratagema
o telefonema o pampa
o sabiá o sanduíche
Capítulo 2 O Substantivo 31
Alguns serão sempre femininos:
a análise a cal
a cólera a comichão
a faringe a ordenança
a sucuri a usucapião
 Â São masculinos ou femininos:o aluvião a aluvião
o dengue a dengue
o diabetes a diabetes
o personagem a personagem
Número dos Substantivos
Além da flexão de gênero, o substantivo pode, ainda, ser fle-
xionado quanto ao número. Isto é, todo substantivo pode re-
ferir-se a um ou mais seres dentro de um conjunto. Quando 
ele se refere a um ser ou um grupo de seres, dizemos que o 
substantivo está no SINGULAR.
A criança brinca alegremente.
A tropa marcha garbosamente.
Porém, se o substantivo se referir a mais de um ser ou gru-
po de seres, dizemos que ele está flexionado no plural.
As crianças brincam alegremente.
As tropas marchavam garbosamente.
Formação do plural
32 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Várias são as normatizações no que diz respeito à flexão do 
substantivo no plural. Vejamos!
 Â Acrescenta-se “s” aos substantivos terminados em vogal 
ou ditongo.
Duas cabeças pensam mais do que uma.
As histórias contadas por nossos avós eram fascinantes.
 Â Quando o substantivo terminar em m, no singular, no 
plural esta terminação será ns.
Na Páscoa, um bombom não é suficiente, mas vários bom-
bons é exagero.
 Â Substantivos que terminam em ão possuem três possibi-
lidades de flexão ao fazer o plural:
ões: O leão é um animal feroz. Os leões são animais fero-
zes.
ães: O alemão foi colonizador no Rio Grande do Sul. Os 
alemães foram colonizadores no Rio Grande do Sul.
ãos: O bom cristão ama seu próximo. Os bons cristãos 
amam seu próximo.
Substantivos paroxítonos terminados em ão apenas rece-
bem “s” na formação do plural.
Ex.: Ele quer a bênção de Deus. Eles querem as bênçãos 
de Deus.
Alguns substantivos terminados em ão, na linguagem colo-
quial, têm variação de forma. Listamos, a seguir, alguns deles:
Capítulo 2 O Substantivo 33
Se os nomes terminarem em r, z, n ou s (para esta última 
terminação, somente os oxítonos ou monossílabos tônicos), 
acrescentaremos -es a essas terminações.
A mulher reivindicou seus direitos. /As mulheres reivindica-
ram seus direitos.
34 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Que em teu caminho surja a luz. /Quem em teu caminho 
surjam luzes.
O gás da fábrica é prejudicial à saúde. / Os gases da fábri-
ca são prejudiciais à saúde.
 Â PORÉM, se os substantivos terminados em s forem pa-
roxítonos ou proparoxítonos, essa terminação conti-
nuará a mesma.
O tênis do menino é de boa marca. / Os tênis do menino 
são de boa marca.
 Â Não serão flexionados no plural (invariáveis) os subs-
tantivos que tenham como terminação a letra X.
O box do carro foi alugado. / Os box dos carros foram 
alugados.
 Â Terminações al, el, ol, ul, nos nomes, terão a letra l 
trocada por is, no plural.
O jornal é distribuído ao amanhecer. / Os jornais são distri-
buídos ao amanhecer.
 Â NÃO ESQUEÇA que as palavras mal, cônsul e mel re-
cebem es no plural.
 Â A terminação il dos substantivos oferece dupla flexão.
Capítulo 2 O Substantivo 35
 Â substantivo oxítono, troca-se o l por s: canil – canis; fuzil 
– fuzis.
 Â substantivos paroxítonos tem a terminação il trocada por 
eis: projétil – projéteis; réptil – répteis.
Alguns substantivos, que formam o diminutivo com z, terão 
a forma primitiva pluralizada com s, e o “s” será assimilado.
Veja:
café – cafés – cafezinho
pé – pés – pezinho
CURIOSIDADE
a palavra real (= moeda) e seus derivados contrariam o acrésci-
mo de es, ou seja, formam o plural com réis. É importante, ain-
da, que você saiba que a forma de plural REAIS, como unidade 
monetária brasileira, foi instituída em julho de 1994.
Particularidades sobre a flexão de número dos substantivos.
Há alguns substantivos que são usados apenas no plural:
36 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Há outros que mudam o seu sentido se pluralizados. De-
pendem, então, do contexto em que são empregados. Exem-
plos:
O amor ao próximo deve ser realimentado diariamen-
te. (= sentimento)
Nunca fui dado a grandes amores. (= namoro, rela-
ções amorosas)
Antigamente a honra era dom imaculado. (= caráter)
Os donos da casa não fizeram todas as honras ao 
convidado. (= homenagens)
Plural metafônico
Você já deve ter lido que a METAFONIA é a mudança de 
timbre de uma vogal. Alguns substantivos, que têm o “o” tôni-
co fechado no singular, ao serem flexionados no plural, terão 
o timbre desse tônico aberto.
Capítulo 2 O Substantivo 37
Plural dos substantivos compostos
Quando os substantivos compostos não apresentam hífen, 
eles seguirão as regras de flexão do plural dos substantivos 
simples. Leia o exemplo a seguir.
O passatempo de Jonas é o futebol. Os passatempos de 
todos eram efêmeros.
Porém, se esses substantivos, em seu processo de composi-
ção, necessitam de hífen, é necessário que sejam observadas 
algumas normatizações. Vejamos.
38 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
 Â Se os dois elementos são palavras variáveis, os dois se-
rão flexionados no plural.
Ex.: Às quartas-feiras, tenho minha folga.
Os boias-frias ainda persistem como mão de obra.
 Â Se os dois elementos são ligados por preposição, flexio-
nar-se-á apenas o primeiro.
Ex.: Os portugueses adoram azeites-de-oliva.
 Â Se o segundo elemento indicar finalidade ou semelhan-
ça em relação ao primeiro, a flexão recai somente no 
primeiro elemento.
Ex.: Em cima da mesa havia somente canetas-tinteiro.
 Â Pluraliza-se somente o segundo elemento nos seguintes 
casos:
 Â o primeiro elemento é constituído de verbo.
Ex.: Os bate-papos foram madrugada a dentro.
 Â o primeiro elemento da composição é constituído de pa-
lavra invariável.
Ex.: Os vice-reitores foram chamados à assembleia.
 Â GRÃO, GRÃ e BEL são os primeiros elementos do com-
posto.
Ex.: Nada ficará aos bel-prazeres dos outros.
Capítulo 2 O Substantivo 39
 Â somente o segundo elemento é flexionado quando o 
substantivo é formado por repetição de palavras ou 
onomatopeias.
Ex.: Os tique-taques do relógio não o deixavam dormir.
Os carros trafegavam com os pisca-piscas ligados.
Vejamos também algumas particularidades sobre os subs-
tantivos compostos.
 Â Alguns substantivos compostos possuem mais de uma 
flexão para formar o plural:
 Â Há substantivos compostos que se flexionam de forma 
única:
Grau dos substantivos
Quando queremos determinar a ideia de aumento ou diminui-
ção de tamanho, dizemos que a flexão do substantivo se dá 
em grau. Nessa flexão, o substantivo poderá ter duas formas: 
a SINTÉTICA e a ANALÍTICA.
40 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
No grau sintético, a formação se dá pelo acréscimo de 
sufixos. Os quais indicarão o grau normal, o diminutivo e o 
aumentativo.
No grau ANALÍTICO, a formação se dá pelo acréscimo de 
adjetivos denotadores de aumento ou diminuição.
Recapitulando
O substantivo é uma das mais importantes classes de pala-
vras da Morfologia. Sua importância vem do fato de ela ser o 
tipo de palavra que utilizamos para nos referirmos às coisas, 
pessoas, animais e sentimentos. Assim, sem ele fica quase im-
possível ter uma boa comunicação com alguém. É importante 
Capítulo 2 O Substantivo 41
lembrar que palavras de outras categorias gramaticais podem, 
de acordo com a função, transformar-se em substantivo como, 
por exemplo: O estudar é importante. É de acordo com a fun-
ção que os substantivos se classificam em: comum ou pró-
prio, concreto ou abstrato, simples ou composto, primitivo ou 
derivado, e coletivo. Além disso, ele pode variar em gênero 
(feminino e masculino), grau (aumentativo e diminutivo) e nú-
mero (singular e plural), tendo, em cada categoria de flexão, 
suas classificações, curiosidades, exceções e particularidades, 
como por exemplo, o chamado “plural metafônico”, que exige 
a mudança de timbre de uma vogal quando flexionamos do 
singular ao plural.
Referências
CÂMARA, Joaquim Mattoso. Estrutura da língua portugue-
sa. Petrópolis: Vozes, 1970.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da lín-
gua portuguesa. 41. ed., São Paulo: Nacional, 1998.
CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. Gramáticada 
língua portuguesa. São Paulo: Scipione, 1998.
NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática de usos do por-
tuguês. São Paulo: Unesp, 2000.
NICOLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática contempo-
rânea da língua portuguesa. São Paulo: Scipione, 1997.
42 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Atividades
 1) É falha a caracterização do substantivo em:
a) “... necessidades dos usos...” - abstrato
b) “... a influência do povo...”- concreto
c) “... a influência do povo...”- coletivo
d) “... a sua transplantação...” - derivado
e) “... riquezas novas...” - derivado
 2) “Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram, 
com o tempo e as necessidades dos usos e costumes.”
 O fragmento acima apresenta ao todo ________ substan-
tivos.
a) três.
b) quatro.
c) cinco.
d) seis.
e) sete.
 3) Alguns substantivos, ao receberem a desinência –S de plu-
ral, alteram o timbre de sua vogal tônica, passando de O 
fechado para aberto, como acontece com a palavra em 
destaque na seguinte frase:
a) A moça olhou-se no espelho.
Capítulo 2 O Substantivo 43
b) Belo adorno enfeitava os cabelos da menina.
c) Cláudia e Luís estão de namoro.
d) O piloto não teme a velocidade
e) O navio estava atracado no porto.
 4) Assinale a alternativa em que os substantivos obedecem a 
sequência sobrecomuns, comuns de dois, epicenos:
a) vítima – jovem – onça
b) indivíduo – cônjuge – tigre
c) mártir – pessoa – avestruz
d) carrasco – monstro – cobra
e) criança – algoz - peixe
 5) Dadas as frases:
I - “Não cobiço a margem da estrada, porque não busco 
um pouso, mas um fim.”
II - “Nunca é perdido o tempo dedicado ao trabalho.”
III - “Um tolo é desagradável, mas um pedante é insupor-
tável.”
IV - “A eternidade é um oceano sem praias.”
verificamos que há caso de substantivação:
a) Apenas em I.
b) Apenas em II.
44 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
c) Apenas em III.
d) Apenas em I e III.
e) Apenas em II e IV.
Ângelo Renan Acosta Caputo
Atualizado por Isabel Regina Lima Mendes1
Capítulo 3
O Adjetivo1
1 Especialista em Educação Professora da Universidade Luterana do Brasil e da 
Rede Pública de Educação Básica.
46 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Introdução
Vimos no capítulo anterior a definição, a classificação e as 
flexões do substantivo - classe de palavras que serve para dar 
nomes aos seres. A partir de agora estudaremos o ADJETIVO, 
o qual exprime qualidade ou modo de ser do substantivo. Ve-
remos como identificá-lo, classificá-lo e flexioná-lo, além de 
constatar como pode ser empregado.
Leia o texto a seguir, observando o emprego das palavras 
destacadas.
Exageros à parte, podemos completar, com algumas pala-
vras destacadas, as duas colunas a seguir:
Capítulo 3 O Adjetivo 47
De acordo com o que foi visto no capítulo anterior, as pa-
lavras da primeira coluna são denominadas substantivos. As 
palavras da segunda coluna, por se referirem a eles, acom-
panhando-os, determinando-os, modificando-os, dando-lhes 
características, qualidades, indicando-lhes lugar de origem, 
são chamadas adjetivos.
Vejamos o que podemos encontrar nas gramáticas...
48 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Classificação
Quanto à classificação, os adjetivos podem ser:
 Â PRIMITIVOS: não derivam de outra palavra. Ex.: triste, 
fácil;
 Â DERIVADOS: gerados a partir de outras palavras (subs-
tantivos, verbos ou outros adjetivos). Ex.: tristonho, po-
derosa, oportunista;
 Â SIMPLES: formados por um só elemento. Ex.: escultural, 
sedutor;
 Â COMPOSTOS: formados por dois ou mais elementos. 
Ex.: luso-brasileiro, azul-claro;
 Â PÁTRIOS ou GENTÍLICOS: indicam nacionalidade ou 
lugar de origem. Ex.: brasileiro.
Capítulo 3 O Adjetivo 49
Locuções adjetivas
É comum o uso de expressões formadas por mais de uma pa-
lavra para caracterizar o substantivo. A essas expressões, equi-
valentes a adjetivos, chamamos locuções adjetivas.
Ex.: rede de lojas; lucros sem limites; amor de sua vida.
Essas LOCUÇÕES PODEM SER FORMADAS por:
 Â preposição + substantivo (caso mais comum)
Ex.: rede de lojas; lucros sem limites; amor de sua vida.
 Â preposição + advérbio
Ex.: andar de cima; porta da frente; jornal da tarde; patas 
de trás.
EXEMPLOS:
Floresta a perder de vista.
Rapaz sem-vergonha.
Produtos de primeira.
Desculpa sem pés nem cabeça.
Para muitas locuções adjetivas, há um adjetivo correspon-
dente, porém NEM TODAS podem ser substituídas:
EXEMPLOS:
Lucros sem limites. Lucros ilimitados.
Homem sem capacidade. Homem incapaz.
Material de escola. Material escolar.
Amor de mãe. Amor materno.
Amor da sua vida. ∅
50 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Meninos de rua. ∅
Aula de português. ∅
Dia de jogo. ∅
Como você pode perceber, nos quatro últimos exemplos 
não há adjetivos correspondentes.
Adjetivos eruditos
Muitos adjetivos eruditos, significando relativo(a) a, 
próprio(a) de, semelhante a, da cor de, equivalem a locuções 
adjetivas. Por vezes, por possuírem radicais latinos, cujo sig-
nificado não é de fácil reconhecimento para os falantes, são 
pouco utilizados, como, por exemplo:
nariz aquilino (semelhante ao bico da águia);
Ilustração: Marcelo Germano - LAC Ulbra EAD. Adaptado de: PDI ULBRA 2017-
2022.
Capítulo 3 O Adjetivo 51
Catedral ebúrnea de marfim
Bola ígnea de fogo
Cor plúmbea de chumbo
Flexão dos Adjetivos
Os adjetivos podem variar em gênero, número e grau.
Gênero
Quanto ao gênero, os adjetivos simples podem ser unifor-
mes ou biformes.
 Â UNIFORMES: apresentam uma só forma para indicar 
gênero masculino e feminino.
Ex.: a vida triste; o dia triste.
 Â BIFORMES: apresentam uma forma para gênero mascu-
lino e outra para o feminino.
Ex.: Anita tímida, poderosa; Francisco tímido, poderoso.
Quanto ao gênero, nos adjetivos compostos, apenas o úl-
timo elemento assume a forma feminina.
Ex.: guerra ibero-americana; festa cívico-religiosa; saia 
verde-escura.
A única EXCEÇÃO é o adjetivo SURDO-MUDO, pois as-
sume a forma feminina para os dois elementos: “moça surda-
-muda”.
Número
52 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Os adjetivos simples ficam no singular ou no plural, con-
cordando com o substantivo a que se referem.
Ex.: rede conhecida – redes conhecidas; dia inesquecível – 
dias inesquecíveis; corpo escultural – corpos esculturais.
Nos adjetivos compostos, assim como na flexão de gênero, 
apenas o último elemento vai para o plural.
Ex.: assessoria técnico-científica – assessorias técnico-cien-
tíficas
Veja a seguir algumas EXCEÇÕES:
 Â O adjetivo SURDO-MUDO, como na flexão de gênero, 
flexiona os dois elementos.
Ex.: surdo-mudo; surdos-mudos.
SÃO INVARIÁVEIS:
 Â Os adjetivos referentes a cores, quando o segundo ele-
mento da composição é um substantivo.
Ex.: blusas azul-pavão; portas branco-gelo; bandeiras ver-
de-esmeralda.
 Â os adjetivos AZUL-MARINHO e AZUL-CELESTE.
Ex.: roupas azul-marinho; tintas azul-celeste.
Capítulo 3 O Adjetivo 53
Graus
A qualidade de um ser pode variar em intensidade. Para ex-
pressar essa intensidade, o adjetivo pode ser usado no grau 
COMPARATIVO ou no grau SUPERLATIVO.
GRAU COMPARATIVO: por meio de comparação, pode-
mos indicar que um dos elementos comparados é superior, 
inferior ou igual ao outro.
Anita era mais poderosa que sua irmã.
Anita era menos poderosa que sua irmã.
Anita era tão poderosa quanto sua irmã.
Um mesmo ser pode, também, ter suas características com-
paradas.
O namorado era mais interesseiro que romântico.
O namorado era menos inteligente que galanteador.
O namorado era tão descuidado quanto inexperiente.
Dessa forma, podemos dizer que o grau comparativo pode 
estabelecer superioridade (mais... que, mais... do que); infe-
rioridade (menos... que; menos... do que) ou igualdade (tão... 
quanto; tão... como; tanto... quanto; tanto... como).
GRAU SUPERLATIVO: nesse caso, não há elementos a se-
rem comparados, mas um grau mais intenso da característica 
dada ao substantivo. Os adjetivos podem aparecerno grau 
superlativo, que se divide em absoluto e relativo. O grau su-
perlativo absoluto divide-se, ainda, em sintético e analítico. E 
o relativo, por sua vez, pode ser de inferioridade, de igualdade 
ou de superioridade.
54 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Veja a seguir.
Grau superlativo absoluto
Grau superlativo relativo
Existem alguns adjetivos que apresentam formas especiais 
para o comparativo e o superlativo. São eles os vocábulos: 
bom, mau, pequeno e grande.
Capítulo 3 O Adjetivo 55
Particularidades do adjetivo
Existem outros recursos para indicar o superlativo:
 Â através da prefixação.
Ex.: Um brasileiro multimilionário foi reconhecido fora da-
qui;
 Â através da repetição do adjetivo.
Ex.: Sua vida era triste, triste;
 Â com o auxílio de certas expressões da língua coloquial.
Ex.: Ela era podre de rica; Ele era lindo de morrer; Ela so-
freu à beça;
 Â com uma entonação mais enfática no artigo.
Ex.: Ele se considerava o bom;
 Â através dos sufixos aumentativos e diminutivos.
56 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Ex.: Fortão, ele impressionava as mulheres; Ela era feinha;
 Â através de determinadas comparações.
Ex.: Feia como um dragão e rápida como um trovão.
Implicações no emprego de alguns adjetivos
A escolha pela forma de usar o adjetivo pode afetar o efei-
to de sentido. Vejamos!
 Â A opção entre adjetivo e oração adjetiva é intencional 
e afeta o sentido. Há diferença entre dizer “o olhar se-
dutor” e “o olhar que seduz”. No primeiro uso, a ideia 
é a de que o olhar é sempre sedutor; essa é uma ca-
racterística inerente ao olhar. No segundo, a ideia é a 
de que o olhar seduz esporadicamente, em situações 
determinadas.
 Â Negar o adjetivo não é o mesmo que afirmar seu antô-
nimo. Dizer: meu namorado não é bonito não é a mes-
ma coisa que dizer meu namorado é feio. Há, nesses 
casos, uma gradação decrescente de beleza.
 Â Há diferença entre a negação do adjetivo e o uso de 
um antônimo formado por prefixo de negação (a , des , 
anti ). O sentido é diferente nos enunciados “ela não é 
feliz” e “ela é infeliz”. O primeiro uso é mais brando que 
o segundo.
 Â Em muitos casos, o fato de o adjetivo aparecer antes ou 
depois do substantivo a que se refere pode causar gran-
de diferença no sentido. Dizer “ela é uma pobre mulher” 
não é o mesmo que “ela é uma mulher pobre”. Pobre 
Capítulo 3 O Adjetivo 57
mulher: mulher sofrida, infeliz, triste, que inspira com-
paixão, pena. Mulher pobre: sem condições financeiras.
Recapitulando
Adjetivos são palavras que caracterizam um substantivo, con-
ferindo-lhe uma qualidade, característica, aspecto ou estado. 
Eles classificam-se em: primitivos, derivados, simples, compos-
tos e pátrios ou gentílicos; e variam em gênero (masculino e 
feminino) e em número, conforme o substantivo a que carac-
terizam. A palavra “antigo” flexionará para “antigas” se esti-
ver acompanhando o substantivo “casas”, por exemplo. Os 
adjetivos flexionam também em grau (normal, comparativo e 
superlativo). Além de ter atenção para as variações de efeito 
de sentido que ocorre de acordo com o uso dos adjetivos, 
é importante saber que muitas vezes usamos uma expressão 
(conjunto de palavras) para dar uma característica a um subs-
tantivo, a que chamamos de locução adjetiva.
Referências
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da 
língua portuguesa. 46. ed., São Paulo: Saraiva, 2005.
FARACO, Carlos E.; MOURA, Francisco M. Gramática. 9. 
ed., São Paulo: Ática, 2000.
58 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
MARTINS, Dileta S.; ZILBERKNOP, Lúbia S. Português instru-
mental. 22. ed., Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003.
MESQUITA, Roberto. Gramática da língua portuguesa. 8. 
ed., São Paulo: Saraiva, 2002.
NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática de usos do portu-
guês. 2. ed., São Paulo: Unesp, 2011.
NICOLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática contempo-
rânea da língua portuguesa. São Paulo: Scipione, 1999.
PERINI, Mário A. Gramática do português brasileiro. São 
Paulo: Parábola Editorial, 2010.
Atividades
 1) Não se destacou adjetivo ou locução adjetiva em:
a) “... é um erro igual ao de afirmar”
b) “... não lhe inseriu riquezas novas...”
c) “... a influência do povo é decisiva...”
d) “... a influência do povo é decisiva...”
e) “... certos modo de dizer, locuções novas...”
 2) Em “Cristo foi o mais pobre, o mais sábio e o mais humilde 
dos homens”, os adjetivos encontram-se no grau:
a) superlativo relativo de superioridade.
Capítulo 3 O Adjetivo 59
b) superlativo absoluto sintético.
c) comparativo de inferioridade.
d) superlativo absoluto analítico.
e) comparativo de superioridade.
 3) É falsa a correlação entre o adjetivo e a locução corres-
pondente na opção:
a) Corpo de alunos = discente
b) Impressões dos dedos = digitais
c) Água da chuva = pluvial
d) agilidade de gato = lupina
e) atividades de ensino = didáticas
 4) Dadas as afirmações:
I - O superlativo absoluto sintético de ágil é agíssimo ou 
agílimo.
II - O grau diminutivo sintético de colher é colherzinha ou 
colherinha.
III - O grau diminutivo sintético de chapéus é chapéizinhos.
Constatamos que está (estão) correta(s)
a) Apenas a afirmação I.
b) Apenas a afirmação II.
c) Apenas a afirmação III.
60 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
d) Apenas as afirmações I e III.
e) Todas as afirmações.
 5) Qual das opções abaixo apresenta adjetivo uniforme?
a) “... enchendo de florinhas vermelhas...”
b) “...em composição surrealista...”
c) “...chegou a vez da pequena sala de estar...”
d) “...ou de gavetas sigilosas...”
e) “...a alegria de formas novas...”
Adriana Lemes
Atualizado por Isabel Regina Lima Mendes1
Capítulo 4
O Verbo1
1 Especialista em Educação Professora da Universidade Luterana do Brasil e da 
Rede Pública de Educação Básica.
62 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Introdução
Os verbos são criados pela necessidade de expressarmos al-
guma ação ou processo. Têm a propriedade de localizar, no 
tempo, fatos, ações e situações. Dessa forma, trazem uma no-
ção oposta a dos nomes, os quais se referem aos seres de ma-
neira estática, não indicando relações temporais. Na primeira 
parte deste capítulo, conceituaremos o verbo, trabalharemos 
com sua estrutura morfológica e abordaremos a complexidade 
de suas flexões, bem como a versatilidade com que se desdo-
bra na expressão das vozes verbais. Depois, veremos a classi-
ficação dos verbos quanto à flexão, a formação dos tempos e 
os principais aspectos verbais.
O verbo
Analisemos o texto a seguir:
“A Antiguidade greco-romana conheceu o amor quase 
sempre como uma paixão dolorosa e, apesar disso, digna de 
ser vivida e, em si mesma, desejável. Esta verdade, legada 
pelos poetas de Alexandria e Roma, não perdeu nem um pou-
co de sua vigência: o amor é desejo de completude e, assim, 
responde a uma necessidade profunda dos homens.”
O texto nos remete ao conceito de amor como desejo de 
completude, que é inerente ao ser humano desde sempre. As-
sim como o amor, o verbo traz em si o significado amplo de 
força geradora das vontades humanas, pois verbo é, na sua 
primeira acepção, “palavra”, e é pela palavra que a humani-
dade traduz seus anseios de gerir seus destinos e de acontecer.
Capítulo 4 O Verbo 63
Gramaticalmente, o verbo pode ser conceituado a partir de 
três pontos de vista, descritos na sequência.
	a.	 SEMÂNTICO	−	É	uma	palavra	que	 indica	um	processo	
situado no tempo (ação, estado ou fenômeno).
Exemplos:
O amor responde a uma necessidade humana. (ação)
O sentimento do amor permanece imutável. (estado)
Amanhece. (fenômeno)
	b.	 SINTÁTICO	−	É	a	palavra	pela	qual	se	realizam	atribui-
ções feitas ao sujeito da frase. É um constituinte indispen-
sável de qualquer ato de predicação.
Exemplo:
A Antiguidade / conheceu o amor como uma paixão dolo-
rosa.
SUJEITO PREDICADO (CONHECEU = VERBO)
	 c.	 MORFOLÓGICO	−	O	verbo	apresenta	desinências	típi-
cas para marcar pessoa, número, tempoe modo.
Exemplo:
Se nós amássemos os outros como a nós mesmos, o mundo 
seria melhor.
-sse – desinência que marca tempo imperfeito, modo sub-
juntivo.
64 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
-mos – desinência que marca primeira pessoa, número plu-
ral.
É de suma importância entender esses conceitos para o 
bom emprego dessa classe nos contextos linguísticos. A seguir, 
veremos a estrutura do verbo.
Estrutura do verbo
As formas verbais possuem uma estrutura morfológica 
complexa. Um radical verbal (o morfema portador de um con-
teúdo lexical) combina-se com uma vogal temática (morfema 
gramatical que indica a classe ou a conjugação a que perten-
ce o verbo) e desinências (morfemas que marcam as flexões) 
modo-temporais e número-pessoais. À combinação do radical 
verbal com a vogal temática dá-se o nome de tema verbal.
Ao examinarmos a estrutura do verbo, podemos identificar 
três partes: radical, vogal temática e desinências.
I - O RADICAL é a parte do verbo que serve como base do 
significado. Obtemos o radical do verbo retirando as termina-
ções -ar, -ere -ir do infinitivo.
Capítulo 4 O Verbo 65
II - A VOGAL TEMÁTICA é a que se agrega ao radical, 
preparando-o para receber as desinências. Usamos as vogais 
a, e, i como elemento de ligação quando não é possível juntar 
a desinência diretamente ao radical.
É a vogal temática o elemento que indica a que conjuga-
ção pertence o verbo:
 Â vogal temática a – 1ª conjugação: cantar
 Â vogal temática e – 2ª conjugação: bater
 Â vogal temática i – 3ª conjugação: partir
CURIOSIDADE
O verbo “pôr” pertence à segunda conjugação. 
Isso acontece porque ele é derivado do verbo 
latino “poer”.
66 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
O radical acrescido da vogal temática recebe o nome de 
tema.
RADICAL + VOGAL TEMÁTICA = TEMA
Cant + a = canta
Bat + e = bate
Part + i = parti
III - As DESINÊNCIAS são elementos que se acrescentam 
ao radical (ou ao tema) para indicar as categorias gramaticais 
de tempo e modo (desinência modo-temporal) e de pessoa e 
número (desinência número-pessoal).
Exemplos
Como podemos observar, entender essa estrutura interna 
das formas verbais permite, além de identificar o significado 
pelo radical e a conjugação verbal por meio da vogal temá-
tica, reconhecer e usar as flexões que essa classe gramatical 
aceita.
Capítulo 4 O Verbo 67
Flexões do verbo
O verbo é a classe de palavras que admite quatro formas de 
flexão: tempo, modo, número e pessoa. Com exceção da fle-
xão de número, comum a outras classes gramaticais, as outras 
três são específicas dos verbos.
Vamos observar, no texto a seguir, como os verbos podem 
ser flexionados para atender às necessidades de expressão no 
texto escrito.
“Eu vi uma mulher verdadeiramente bela. Seus cabelos são ne-
gros e luzidios como azeviche; seus olhos grandes, pretos e ar-
dentes dardejavam vistas de fogo tão penetrantes como o raio 
de sol.”
No texto, além da beleza do estilo descritivo, observamos 
o uso de verbos em que podemos identificar flexões que lhes 
foram aplicadas para expressar noções de:
a. modo: indicativo (certeza de ocorrência da ação);
b. tempo: pretérito perfeito (vi), pretérito imperfeito (dar-
dejavam), presente (são);
c. número: singular (vi), plural (são; dardejavam).
De acordo com o que escrevem Faraco e Moura, “O verbo 
é a classe de palavras que apresenta o maior número de fle-
xões na língua portuguesa. Em vista disso, uma forma verbal 
pode trazer em si diversas informações”. A forma “dardeja-
vam”, por exemplo, indica:
68 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
 Â a ação de dardejar;
 Â a pessoa gramatical que pratica essa ação: eles;
 Â número gramatical: plural;
 Â tempo em que a ação ocorreu: pretérito;
 Â modo como é vista a ação: certeza da ocorrência (indi-
cativo).
Como vimos, o verbo sofre flexões, desdobrando-se em 
possibilidades de expressão que a língua portuguesa nos ofe-
rece. Vamos, a seguir, apresentar como cada uma das formas 
de flexão verbal se configura, observando a relação estabele-
cida entre a forma verbal e o nome a que se refere (flexão de 
número), a referência à pessoa gramatical (flexão de pessoa), 
a atitude do falante em relação ao conteúdo de seu enunciado 
(flexão de modo) e a referência ao momento em que aconte-
ceu o fato expresso pelo verbo (flexão de tempo).
Flexões de número
O verbo pode variar quanto ao número. As formas verbais 
apresentam-se no singular ou no plural, de acordo com a re-
lação que têm com os nomes que as acompanham.
O verbo admite dois números: singular e plural.
 Â SINGULAR O verbo se refere a um ser apenas.
Exemplos:
Eu observo a bela mulher que se aproxima.
Capítulo 4 O Verbo 69
Esta mulher tem cabelos longos e ondulados.
 Â PLURAL O verbo se refere a mais de um ser.
Exemplos:
Nós observamos a bela mulher que se aproxima.
Estas mulheres têm inteligência e beleza.
Flexões de pessoa
A flexão de pessoa é marcada nas formas verbais dependendo 
da pessoa do discurso a que se referem: primeira, segunda ou 
terceira pessoa. Vejamos o quadro a seguir.
Pessoas gramaticais: flexões verbais de pessoa e número.
Os pronomes de tratamento (você, o senhor, a senhora, 
vossa excelência, etc.), apesar de indicarem a pessoa com 
70 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
quem se fala, pedem o verbo na terceira pessoa. Ex.: Você so-
nha. O pronome vós, em algumas ocasiões, refere-se apenas 
a uma pessoa. Usa-se frequentemente nas preces, designando 
Deus. Ex.: Pai nosso, que (vós) estais nos céus.
Como nos mostra o quadro, a flexão de pessoa está arti-
culada com a flexão de número, pois as três pessoas podem 
apresentar-se no singular ou no plural, conforme o contexto 
discursivo em que estão inseridas.
Flexões de modo
Os modos verbais têm a propriedade de indicar a atitude do 
falante em relação ao conteúdo de sua fala/escrita. Assim, 
o falante usa verbo no MODO INDICATIVO quando o que 
deseja expressar é tomado por ele como certo; usa o MODO 
SUBJUNTIVO quando o que deseja expressar é tomado por 
ele como incerto, duvidoso, hipotético; usa o MODO IMPERA-
TIVO quando o conteúdo que deseja expressar se constitui em 
uma ordem, um conselho, um convite ou um pedido.
Portanto, há três modos em português:
 Â MODO INDICATIVO Indica certeza diante do fato.
Ex.: A mulher tinha cabelos negros e luzidios.
 Â MODO SUBJUNTIVO Indica dúvida diante do fato.
Ex.: Talvez ela tivesse vinte anos.
 Â MODO IMPERATIVO Indica uma ordem, um conselho, 
um convite ou um pedido.
Capítulo 4 O Verbo 71
Ex.: Venha depressa.
Flexões de tempo
É a propriedade que tem o verbo de localizar o fato no 
tempo, em relação ao momento em que se fala. Os três tem-
pos básicos são: PRESENTE, PRETÉRITO e FUTURO. Essa divi-
são em três tempos, porém, não é suficiente para descrever os 
múltiplos usos do tempo verbal em português. Por isso, temos:
Vamos observar os esquemas a seguir, os quais explicam e 
exemplificam o uso dos tempos verbais nos três modos (indica-
tivo, subjuntivo e imperativo), sempre tomando como ponto de 
referência o momento da enunciação do fato.
Tempos verbais do modo indicativo
72 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Tempos verbais do modo subjuntivo
Formas verbais do modo imperativo
No modo imperativo, a ação acontece no momento pre-
sente, na forma afirmativa ou na negativa.
Capítulo 4 O Verbo 73
FORMA
MODO IM-
PERATIVO
EXPLICAÇÃO EXEMPLO
Afirmativa Ordem, pedido ou conselho 
expressos de forma afirmativa.
Desça daí, menino.
Sente-se, por favor.
Negativa Ordem, pedido ou conselho 
expressos de forma negativa.
Não percamos mais 
tempo!
Não pise na grama.
Formas nominais
Há ainda três formas que não exprimem exatamente o tempo 
em que se dá o fato expresso. São chamadas formas nominais, 
identificadas a seguir.
 Â INFINITIVO Pode ser impessoal ou pessoal.
a. Impessoal
Ex.: cair
b. Pessoal
Ex.: Cair eu em tentação? Nunca!
Cairmos nós em uma armadilha?É provável.
 Â GERÚNDIO
Ex.: Estás caindo em contradição.
 Â PARTICÍPIO
Ex.: Havia caído muita chuva naquele dia.
74 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
O verbo, pois desdobra-se em flexões para dar conta das 
inúmeras nuances de que nossa língua precisa para atender às 
necessidades de expressão de seus usuários.
Vozes verbais
A categoria da chamada voz verbal configura-se a partir da 
relação que se estabelece entre o verbo e o seu sujeito, sendo 
que pode esse sujeito ser AGENTE da ação ou estado que o 
processo verbal encerra, ser PACIENTE e sofrer a ação encer-
rada pelo verbo ou, ainda, ser, ao mesmo tempo, AGENTE e 
PACIENTE do processo expresso pelo verbo.
Voz é então a forma que o verbo assume para indicar a 
relação entre ele próprio e seu sujeito, indicando se este é 
agente, paciente ou, ao mesmo tempo, agente e paciente.
I- ATIVA – O sujeito é AGENTE DO FATO EXPRESSO, por-
que pratica a ação verbal.
Exemplo: Maria observava a chuva.
SUJEITO +VERBO
II-	PASSIVA	−	O	sujeito	é	o	PACIENTE,	porque	 recebe	a	
ação verbal.
Exemplo: A chuva era observada por Maria.
SUJEITO + LOCUÇÃO VERBAL NA AGENTE DA PASSIVA
VOZ PASSIVA (ELEMENTO QUE REALMENTE PRATICA A 
AÇÃO DE OBSERVAR)
Capítulo 4 O Verbo 75
A voz passiva pode ser:
a.	 ANALÍTICA	−	formada	com	os	verbos	ser,	estar	e	ficar,	
seguidos do particípio do verbo principal.
Exemplo: A paisagem chuvosa foi observada por todos.
(SER + PARTICÍPIO DE OBSERVAR)
b. SINTÉTICA – formada por um verbo transitivo direto 
(VTD), ao qual se liga o pronome se na função de 
apassivador.
Exemplo: Observou-se a paisagem chuvosa.
(VTD + PRONOME SE)
III- REFLEXIVA – O sujeito é agente e paciente, pois, ao 
mesmo tempo, pratica e recebe a ação verbal.
Exemplo: Molhei-me, ao sair na chuva.
(VERBO + PRONOME PESSOAL OBLÍQUO ME = A MIM 
MESMA)
Quando no plural, a voz reflexiva pode indicar reciproci-
dade de ação.
Ex.: Nós nos olhamos. (um olhou para o outro)
De acordo com Sacconi, existem ainda os verbos neutros, 
que não dependem da ação, da vontade do sujeito (nascer, 
viver, morrer, dormir, acordar, sonhar, etc.), e não podem ter 
voz ativa, passiva ou reflexiva, porque o sujeito não pode ser 
visto como agente, paciente ou agente-paciente. Os verbos de 
76 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
sentido passivo também não podem ter voz ativa, passiva ou 
reflexiva.
Ex.: Ele levou uma bronca. (O verbo encerra sentido de 
passividade, mas não está na voz passiva.)
Nesse exemplo, o sujeito ele não é agente nem paciente 
porque o verbo levar não apresenta relação de passividade 
com o sujeito nem estrutura gramatical própria da voz passiva. 
Podemos afirmar, então, que essa forma verbal está gramati-
calmente na voz ativa, mas semanticamente não.
Classificação dos verbos
Os paradigmas de conjugações verbais são modelos pelos 
quais podemos nos guiar para nos expressarmos, flexionando 
o verbo em adequação ao modo e ao tempo. Nem sempre 
os verbos enquadram-se nos modelos de conjugação. Ocorre 
também de algumas formas verbais exercerem a função de 
auxiliar a conjugação de outro verbo. Em vista disso, classifi-
camos os verbos pelos seguintes critérios:
 Â FUNÇÃO É considerado se o verbo encerra o núcleo 
de significação da proposição ou se auxilia na formação 
de tal significado.
 Â FLEXÃO É considerada a forma como os verbos se 
comportam com relação ao paradigma da conjugação 
a qual pertencem, isto é, a maior ou a menor obediên-
cia ao padrão da sua conjugação.
Capítulo 4 O Verbo 77
Vamos, a seguir, examinar em detalhes essas duas classifi-
cações.
Classificação dos verbos quanto à função
Levando em conta o critério da função, ou seja, se o verbo é 
de conteúdo significativo ou auxilia na formação desse signifi-
cado, classificamos as formas verbais em AUXILIARES e PRIN-
CIPAIS, conceitos que explicamos na sequência.
Verbo auxiliar
É o verbo que, dispensando seu significado próprio, é usado 
para auxiliar a conjugação de outro, denominado principal.
Exemplo: Está chegando o verão.
VERBO + VERBO
AUXILIAR + PRINCIPAL
Os verbos mais comumente usados como auxiliares são: 
ser, estar, ter e haver.
O verbo auxiliar atua como recurso para compensar certas 
noções que o verbo principal não consegue exprimir sozinho. 
Dessa forma, os verbos, quando usados como auxiliares, as-
sumem várias funções, descritas a seguir.
a.	 SER,	ESTAR	e	FICAR	−	São	usados	para	formar	a	voz	
passiva.
Exemplos: Ele foi encontrado na noite seguinte.
78 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Maria está cercada por bons amigos.
Os campos ficaram cobertos pela geada.
A voz passiva pode ser formada também por outros auxilia-
res, como andar, ir, vir e viver.
Exemplos: O prédio andou interditado pela polícia.
Ele sempre ia acompanhado pelo irmão.
A criança vinha carregada pelo pai.
Esse bairro vive ameaçado por ladrões.
b.	 TER	e	HAVER	−	Formam	tempos	compostos	junto	com	
o particípio do verbo principal.
Exemplos: Eu tinha imaginado. Eu havia imaginado.
Tu tinhas estudado. Tu havias estudado.
Nas locuções verbais, o verbo principal sempre ocorre no 
infinitivo, no particípio ou no gerúndio, e é o verbo auxiliar que 
se flexiona.
Exemplos: Ele vem chegando. Ela vai estudar.
Tu vens chegando. Tu vais estudar.
Nós vamos chegando. Nós vamos estudar.
Algumas vezes, pode ocorrer uma preposição entre o verbo 
auxiliar e o principal.
Exemplos: Eu tenho de estudar.
Tu tens de dizer a verdade.
Capítulo 4 O Verbo 79
Verbo principal
É o verbo que encerra o núcleo de significado em um tem-
po composto ou em uma locução verbal.
Exemplos: Tenho estudado.
Ela vai estudar.
Classificação dos verbos quanto à flexão
Sob o critério da flexão, os verbos são classificados confor-
me sigam mais ou menos o modelo da conjugação à qual per-
tencem. Sua maior ou menor obediência ao modelo determina 
sua classificação em: REGULARES, IRREGULARES, ANÔMA-
LOS, DEFECTIVOS e ABUNDANTES. Vejamos como podemos 
definir esses conceitos.
Regulares
O verbo regular mantém o radical inalterado durante a conju-
gação, e suas terminações seguem o modelo da conjugação 
a que pertence.
Ex.: verbo cantar
Presente do indicativo
80 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Pretérito perfeito
Se o verbo não tiver seu radical alterado e se as termina-
ções seguirem o modelo da conjugação no presente e/ou no 
pretérito perfeito do indicativo, então o verbo será regular nas 
demais formas.
Capítulo 4 O Verbo 81
Irregulares
O verbo tem seu radical alterado durante a conjugação ou 
suas terminações não seguem o modelo da conjugação a que 
pertence.
Ex.: verbos ouvir e estar
Presente do indicativo
Pretérito perfeito do indicativo
82 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Perceba que o radical do verbo ouvir se alterou de ouv- 
para ouç- na primeira pessoa do presente do indicativo. En-
tão, no caso desse verbo, a irregularidade se apresenta no 
RADICAL.
Já no caso do verbo estar, a irregularidade se revela na 
terminação, que, na primeira pessoa do presente do indica-
tivo	 (est	−	ou), é diferente da terminação dos verbos da 1ª 
conjugação,	como	cantar	(cant	−	o),	amar	(am	−	o) e outros 
regulares.
Anômalos
São verbos em cuja conjugação aparece mais de um radical.
Exemplos:
Verbo	ser	−	sede, és, é, era, fui
Verbo	ir	−	vou, fui, irei
Capítulo 4 O Verbo 83
Presente do indicativo
SER IR
Radical Terminação Radical Terminação
so- -u vo- -u
é- -s va- -is
é _ va- -i
so- -mos va- -mos
so- -is id- -es
sã- -o vã- -o
Pretérito perfeito do indicativo
SER IR
Radical Terminação Radical Terminação
fu- -i fu- -i
fo- -ste fo- -ste
fo- -i fo- -i
fo- -mos fo- -mos
fo- -stes fo- -stes
fo- -ram fo- -ram
Defectivos
São verbos que não apresentam todas as formas, ou seja, em 
algumas pessoas não são conjugados.
Exemplos: verbos abolir, falir, reaver e precaver.
Presente do indicativo
84 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Para podermos nos expressar usando umverbo defectivo, 
temos a alternativa de usar uma locução verbal em lugar da 
forma inexistente. Por exemplo, em vez da 1ª pessoa do singu-
lar do presente do indicativo (inexistente: eu “abolo”), pode-
mos usar “eu estou abolindo”.
Abundantes
São verbos que apresentam mais de uma forma com um único 
valor, ou seja, para expressar tempo, pessoa, número e modo.
Vamos observar o verbo haver, que apresenta as formas 
equivalentes haveis ou heis no presente do indicativo.
Capítulo 4 O Verbo 85
Eu hei de vencer
Tu hás de vencer
Ele há de vencer
Nós havemos de vencer
Vós haveis de vencer ou vós heis de vencer
Eles hão de vencer
No exemplo, vimos a abundância do verbo haver, que 
apresenta dupla forma para a 2ª pessoa do plural do pre-
sente do indicativo. Porém, é no particípio que mais notamos 
a abundância de formas com o mesmo valor. Há o particípio 
regular, terminado em -do, e outro irregular.
Os particípios REGULARES são usados na voz ativa, ou seja, 
com os verbos ter e haver. Já os particípios irregulares são em-
pregados na voz passiva analítica, ou seja, com os verbos ser, 
estar, ficar, entre outros. Nem sempre a língua contemporânea 
segue essa norma. Apresentamos, a seguir, alguns verbos com 
duplo particípio e sinalizamos o uso correto dos particípios na 
voz ativa com A e na voz passiva com P. As formas do particípio 
que podem ser usadas tanto na voz passiva quanto na ativa 
aparecem com a indicação AP.
Verbos com duplo particípio
86 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Capítulo 4 O Verbo 87
Ex.: frase correta, atitude correta.
O particípio irregular do verbo corrigir (correto) não é usa-
do com o sentido de “corrigir”, mas sim com o de “certo”, 
“apropriado”, na função de adjetivo.
Existem verbos (e seus derivados) que só possuem o parti-
cípio irregular como: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, 
escrever/escrito, fazer/feito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
O verbo completar não é abundante. Usa-se completado 
tanto na voz ativa como na passiva.
Exemplo: Tinha completado a coleção de moedas naquele 
dia.
A coleção de moedas foi completada naquele dia.
Cabe, ainda, observar que as formas verbais podem ter 
a SÍLABA TÔNICA no radical ou na terminação. Conforme 
se desenvolve a conjugação do verbo, a sílaba tônica pode 
deslocar-se, originando, num mesmo tempo verbal, as formas 
rizotônicas e as arrizotônicas.
 Â FORMAS RIZOTÔNICAS É a forma verbal cuja sílaba 
tônica está no radical.
Exemplo:
Eu fal – o
Tu fal – as
Ele fal – a
Eles fal – am
88 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
 Â FORMAS ARRIZOTÔNICAS É a forma verbal cuja síla-
ba tônica está fora do radical, ou seja, na terminação.
Exemplo:
Nós fal – amos
Vós	fal	−	ais
Conforme podemos observar nos exemplos, o verbo falar, 
no presente do indicativo, na 1ª, na 2ª e na 3ª pessoas do 
singular, bem como na 3ª pessoa do plural, apresenta a sílaba 
tônica no radical, constituindo-se em formas rizotônicas. Já 
na 1ª e na 2ª pessoas do plural, a sílaba tônica mostra-se na 
terminação, fora do radical, sendo, portanto, formas arrizotô-
nicas.
Conjugação verbal - Formação dos tempos 
verbais
Conjugar um verbo significa apresentar todas as formas em 
que um determinado radical pode se manifestar ao flexionar-
-se, isto é, ao receber a vogal temática da conjugação a que 
pertence e as desinências de modo e tempo e de número e 
pessoa. Conhecer como são conjugados e formados os tem-
pos verbais, como se originam as tantas formas de que dispo-
mos para nos expressarmos é importante para que possamos 
empregar o verbo no nosso discurso.
Como já mencionamos, verbo significa, na sua origem, 
“palavra”. Quando dizemos abrir o verbo ou deitar o verbo, 
queremos nos referir ao uso farto das palavras. Conjugar um 
Capítulo 4 O Verbo 89
verbo é exercer o direito de empregar a palavra. Na conjuga-
ção do verbo, certas formas dão origem a outras e, por isso, 
consideramos FORMAS PRIMITIVAS as formas que dão origem 
a outras e FORMAS DERIVADAS as que são formadas a partir 
de outra forma verbal, a primitiva.
São formas primitivas as do PRESENTE DO INDICATIVO, 
as do PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO e as do INFINI-
TIVO IMPESSOAL.
Vamos, a seguir, examinar cada uma das formas primitivas 
e as formas derivadas que a partir delas são formadas.
Presente do indicativo
Vejamos a conjugação do presente do indicativo e dos tempos 
que dele derivam: PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO, 
PRESENTE DO SUBJUNTIVO, IMPERATIVO AFIRMATIVO, IM-
PERATIVO NEGATIVO.
O presente do indicativo não traz desinências de tempo e 
modo, mas somente desinências de pessoa e número, como 
podemos ver no exemplo a seguir.
90 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Nota: o sinal # indica falta de desinência.
 Â Entre as desinências e o radical, podem ocorrer vogais 
temáticas. No quadro estão grifadas: a (nos verbos da 
1ª conjugação); e (nos verbos da 2ª conjugação); i (nos 
verbos da 3ª conjugação).
 Â A vogal temática algumas vezes sofre alterações de na-
tureza fonética. Por exemplo, no verbo partir, o i alterna 
com o e: parte – s; parti – mos.
 Â No presente do indicativo, a desinência da 1ª pessoa 
do singular é o, o que nos ajuda a distingui-lo de outros 
tempos verbais.
Tempos derivados do presente do indicativo
Capítulo 4 O Verbo 91
Tendo conhecimento da conjugação do presente do indi-
cativo e de suas peculiaridades, vamos observar como se dá a 
formação de seus tempos derivados.
Pretérito imperfeito do indicativo
É formado do radical do presente mais as terminações pró-
prias do tempo derivado nas três conjugações.
É formado com a substituição da desinência -o da 1ª pes-
soa do singular do presente do indicativo pelas terminações do 
presente do subjuntivo.
Presente do subjuntivo
92 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
Imperativo
O imperativo é considerado um modo verbal derivado do 
presente do indicativo, embora em sua formação também co-
laborem formas retiradas do presente do subjuntivo. Apresenta 
duas formas:
 Â IMPERATIVO AFIRMATIVO A 2ª pessoa do singular e a 
2ª pessoa do plural formam-se das mesmas pessoas do 
presente do indicativo, retirando-se o -s. As outras pes-
soas são retiradas do presente do subjuntivo.
 Â IMPERATIVO NEGATIVO É formado a partir do presen-
te do subjuntivo.
Observe o esquema para melhor compreender a formação 
do imperativo afirmativo e do imperativo negativo.
Capítulo 4 O Verbo 93
Dando continuidade à nossa análise a respeito dos tempos 
primitivos, vamos então examinar quais os tempos que se ori-
ginam do pretérito perfeito do indicativo.
Pretérito perfeito do indicativo
Vamos apresentar, a seguir, a conjugação do pretérito perfeito 
do indicativo e depois mostrar como se formam seus tempos 
derivados: PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO INDICATI-
VO, PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO e FUTURO 
DO SUBJUNTIVO.
O pretérito perfeito do indicativo, assim como o presente 
do indicativo, não apresenta desinências de tempo e modo, 
apenas desinências de pessoa e número.
94 Língua Portuguesa II: Estruturas Morfológicas
 Â A vogal temática pode sofrer alterações de natureza fo-
nética. No verbo cantar, o a alterna com o e (cant – e 
−	i)	e	com	o	o (cant – o – u).
 Â O pretérito perfeito do indicativo é o único tempo verbal 
em que a desinência da 2ª pessoa do singular é -ste, 
facilitando a distinção entre outros tempos.
Tempos derivados do perfeito do indicativo
Depois de conhecermos a conjugação do tempo primitivo 
pretérito perfeito do indicativo e suas peculiaridades, vamos 
então mostrar a formação de seus tempos derivados.
O pretérito mais-que-perfeito do indicativo, o pretérito im-
perfeito do subjuntivo e o futuro do subjuntivo são formados 
do tema do pretérito perfeito do indicativo mais as terminações 
desses três tempos derivados.
Pretérito mais-que-perfeito do indicativo
É formado do tema do pretérito perfeito do indicativo mais 
as terminações próprias, que aparecem grifadas

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