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Ansiedade ● Considerada quando a intensidade ou frequência da resposta não corresponde à situação que a desencadeia, ou quando não existe um objeto específico ao qual se direcione. ● A patologia é definida a partir do momento em que o sofrimento provocado pela ansiedade trouxer prejuízo à pessoa em função dos comportamentos de fuga e esquiva de situações importantes da vida acadêmica, social e profissional do indivíduo. ● Diferentes vias de neurotransmissão fazem parte dos mecanismos de mediação da ansiedade neste sistema, em especial, os sistemas gabaérgico e serotoninérgico assim como os dopamínicos, neuropeptidícos, entre outros. ● Do ponto de vista fisiológico a ansiedade é um estado de funcionamento cerebral em que ocorre ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), acarretando sintomas neurovegetativos, tais como insônia, taquicardia, palidez, aumento da perspiração, tensão muscular, tremor, tontura, desordens intestinais, entre outros. ● Estas alterações são sempre adaptativas e visam ao maior grau de sucesso do indivíduo, além de estarem ligadas à herança genética. ● Fisiologia da ansiedade ○ Sistema Cerebral de Defesa (SCD) e o Sistema de Inibição Comportamental (SIC). ■ O SCD é constituído por um conjunto de estruturas nervosas, longitudinalmente organizadas, formado pela Amígdala, Hipotálamo Medial (HM) e Matéria Cinzenta Periaquedutal (MCP). ● A amígdala tem conexões nervosas com o neocórtex, com estruturas límbicas mais profundas e funciona como interface sensório-emocional entre elas, avaliando e classificando o tipo e grau do estímulo. ● O resultado é transmitido ao HM e MCP. Então, são selecionadas e organizadas as reações comportamentais e fisiológicas de defesa apropriadas. ● ● Medo resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida Ansiedade antecipação de ameaça futurax Ansiedade ● Fisiologia da ansiedade ○ O resultado é transmitido ao HM e MCP e então, são selecionadas e organizadas as reações comportamentais e fisiológicas de defesa apropriadas ● O HM regula o funcionamento da hipófise que, através da secreção do hormônio adrenocorticoprópico (ACTH) estimula as glândulas suprarrenais a secretar glicocorticóides, como cortisol, norepinefrina e epinefrina. ● Como as situações de ameaça geralmente necessitam de atividade vigorosa (luta ou fuga) a ativação do córtex adrenal, bem como do ramo do sistema nervoso autônomo, ao levarem a liberação de glicocorticóides, cujas ações nos tecidos-alvos são catabólicas, ajudarão a promover a mobilização de fontes de energia do corpo para enfrentamento da situação ameaçadora. ○ O SIC tem como principal substrato neural o sistema septohipocampal. ■ A ativação deste sistema por sinais condicionados de punição ou frustração, estímulos ameaçadores ou situações novas provoca inibição de qualquer movimento que o animal esteja realizando, aumento no nível de vigilância, de atenção e preparo para ação vigorosa. ■ Se o estímulo atual não é compatível com o esperado, o SIC opera no modo de “controle” que gera a inibição comportamental e aumento da atenção. Transtorno de Ansiedade Generalizada ● Estima-se que a prevalência do TAG ao longo da vida seja de cerca de 5% na população em geral. ● Enquanto a maioria dos TA surge no final da adolescência e no início da idade adulta, o TAG é mais tardio, surgindo por volta dos 31 anos e sendo duas vezes mais comum entre as mulheres. Transtorno de Ansiedade Generalizada ● Costuma apresentar um curso crônico com episódios de melhora e piora, sendo o TA mais comum entre os idosos. ● Caracterizado pela presença de preocupações e ansiedade claramente desproporcionais à circunstância que é foco da preocupação ○ Muitas vezes, os pacientes não se dão conta dessa desproporção, mas se sentem desgastados com as preocupações. ● Para o diagnóstico de TAG, é necessário que esse padrão persista na maioria dos dias por pelo menos seis meses ○ Além disso, o paciente deve apresentar pelo menos três sintomas físicos ou cognitivos, entre incapacidade de relaxar, cansaço fácil, dificuldade de concentração ou ocorrência de “brancos”, irritabilidade, tensão muscular e alteração do sono. ● As preocupações não se restringem ao foco de outros transtornos psiquiátricos, tais como o medo de ter novas crises no transtorno de pânico, o conteúdo das obsessões no transtorno obsessivo‐compulsivo ou o medo da avaliação negativa pelos outros na fobia social ● Tratamento: ○ Inicia-se com ISRS, IRSN ou pregabalina, associados ou não a algum BDZ ■ Se não há início de resposta em até 4 a 6 semanas, é improvável que o medicamento venha a ser eficaz ○ Nesse caso, deve-se trocar por outro agente de primeira linha, por um de segunda linha ou associar medicamentos. ○ Continuar a medicação por pelo menos 12 meses após a estabilização dos sintomas, pois a chance de recaída é alta. ○ São considerados tratamentos de primeira linha: inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN), ligantes α2δ (pregabalina) e terapia cognitivo-comportamental (TCC). ○ Paroxetina (20 a 60mg/dia), escitalopram (10 a 20mg/ dia) e sertralina (50 a 200mg/dia) ○ Os IRSN também vêm sendo utilizados na prática clínica, especialmente a venlafaxina (75 a 225mg) e a duloxetina (60 a 120mg/dia). Transtorno de Ansiedade Generalizada ● Tratamento: ○ Os BDZ têm demonstrado eficácia no tratamento de curto prazo do TAG. Têm como vantagens o efeito imediato e a possibilidade de serem usados ocasionalmente no tratamento das exacerbações agudas de ansiedade. ○ A pregabalina é eficaz tanto no tratamento agudo como na prevenção de recaídas do TAG. Seu efeito ansiolítico inicia rapidamente, já no quarto dia, e as doses utilizadas variam de 150 a 600mg. Agorafobia ● A cada ano, 1,7% dos adolescentes e adultos têm um diagnóstico de agorafobia. ● Pessoas do sexo feminino têm uma probabilidade duas vezes maior do que as do masculino de apresentar o transtorno. ● A agorafobia pode ocorrer na infância, mas a incidência atinge o pico no fim da adolescência e início da idade adulta. ● A maioria das pessoas com transtorno de pânico apresenta sinais de ansiedade e agorafobia antes do início do transtorno. ● Em dois terços de todos os casos de agorafobia, o início ocorre antes dos 35 anos. ● Das várias fobias, a agorafobia é a que tem associação mais forte e mais específica com o fator genético que representa a predisposição a fobias. ● A característica essencial da agorafobia é o medo ou ansiedade acentuado ou intenso desencadeado pela exposição real ou prevista a diversas situações ● O diagnóstico requer que os sintomas ocorram em pelo menos duas das cinco situações seguintes: ○ 1) uso de transporte público, como automóveis, ônibus, trens, navios ou aviões; ○ 2) permanecer em espaços abertos, como áreas de estacionamento, mercados ou pontes; ○ 3) permanecer em locais fechados, como lojas, teatros ou cinemas; ○ 4) permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão; ○ 5) sair de casa sozinho. Agorafobia ● “Sintomas do tipo pânico” se referem a algum dos 13 sintomas inclusos nos critérios para ataque de pânico, como tontura, desmaio e medo de morrer. ● “Outros sintomas incapacitantes ou constrangedores” incluem sintomas como vomitar e sintomas inflamatórios intestinais, bem como, em adultos mais velhos, medo de cair ou, em crianças, uma sensação de desorientação e de estar perdido. ● Esquiva ativa significa que o indivíduo está, no momento, comportando-se de formas intencionalmente concebidas para prevenir ou minimizar o contato com situações agorafóbicas. ● O medo, ansiedade ou esquiva deve ser desproporcional ao perigo real apresentado pelas situações agorafóbicas e ao contexto sociocultural. Transtorno de ansiedade de separação ● O transtorno de ansiedade de separação decresce em prevalência desde a infância até a adolescência e idade adulta e é o transtorno de ansiedade mais prevalente em crianças com menos de12 anos. ● Na comunidade, o transtorno é mais frequente em indivíduos do sexo feminino. ● Pode ser herdado. A herdabilidade foi estimada em 73%. ● O transtorno de ansiedade de separação frequentemente se desenvolve após um estresse vital, sobretudo uma perda. ● O indivíduo com transtorno de ansiedade de separação mostra-se apreensivo ou ansioso quanto à separação das figuras de apego até um ponto impróprio para seu nível de desenvolvimento. ● Existe medo ou ansiedade persistente quanto à ocorrência de dano às figuras de apego e em relação a eventos que poderiam levar à perda e à separação dessas figuras e relutância em se afastar delas, além de pesadelos e sintomas físicos de sofrimento. ● O medo, a ansiedade ou a esquiva é persistente, durando pelo menos quatro semanas em crianças e adolescentes e geralmente seis meses ou mais em adultos. Transtorno de ansiedade de separação ● A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental, como ○ a recusa em sair de casa devido à resistência excessiva à mudança no transtorno do espectro autista; ○ delírios ou alucinações envolvendo a separação em transtornos psicóticos; ○ recusa em sair sem um acompanhante confiável na agorafobia; ○ preocupações com doença ou outros danos afetando pessoas significativas no transtorno de ansiedade generalizada; ○ preocupações envolvendo ter uma doença no transtorno de ansiedade de doença. ● O tratamento tem como base a TCC. Fobia social ● A idade média de início é aos 13 anos, e 75% dos casos têm início entre os 8 e os 15 anos ● Em geral, emerge de história infantil de inibição social ou timidez. ● Embora as mulheres recebam com mais frequência o diagnóstico, os homens procuram mais por tratamento. ● A maioria dos pacientes com TAS sofre de outros transtornos psiquiátricos, sobretudo relacionados com o uso de substâncias. ● A característica central da fobia social é o medo de uma ou mais situações sociais em que a pessoa fica exposta a pessoas não familiares ou a uma possível avaliação pelos outros ○ O medo é de se comportar de maneira embaraçosa ou humilhante ou de demonstrar sintomas de ansiedade. ● Quando diante da situação fóbica, experimenta profunda ansiedade, acompanhada de sintomas somáticos (rubor facial, taquicardia, sudorese), além da avaliação cognitiva distorcida e comportamental, o que pode caracterizar um ciclo vicioso para a manutenção dos sintomas. Fobia social ● A fobia social é diferenciada da timidez normal por causar marcada disfunção sócio‐ocupacional e/ou sofrimento importante. ● O diagnóstico também é clínico e raramente pode ser confundido com ansiedade secundária devido à condição médica geral. ○ A principal diferenciação é em relação a outros transtornos de ansiedade e à depressão. ● Tratamento: ○ Recomenda-se a associação de TCC ao uso de medicamentos. ○ Os algoritmos de tratamento respeitam os seguintes passos: ■ 1. ISRS (escitalopram, fluvoxamina, paroxetina e sertralina) ou venlafaxina. Iniciar com metade da dose mínima eficaz. Manter por 4 semanas. ■ 2. Aumento da dose: em caso de resposta parcial após 4 semanas, dependendo da tolerabilidade. A resposta pode demorar até 12 semanas. ■ 3. Em caso de ausência de resposta ou resposta parcial: potencialização ou troca de medicação. Pode ser utilizado IMAO, embora os estudos enfoquem a fenelzina, que não está disponível no Brasil. Potencialização: benzodiazepínicos (clonazepan) e antipsicóticos atípicos. A pregabalina pode ser uma estratégia de potencialização em doses > 600mg/dia. ■ 4. Tratamento combinado (TCC + medicação). Mutismo seletivo ● Transtorno relativamente raro e não foi incluído como categoria diagnóstica em estudos epidemiológicos de prevalência dos transtornos na infância. Mutismo seletivo ● Não parece variar por sexo ou raça/etnia. ● Maior frequência em crianças menores. ● O início do mutismo seletivo é habitualmente antes dos 5 anos de idade, mas a perturbação pode não receber atenção clínica até a entrada na escola, quando existe aumento na interação social e na realização de tarefas. ● Caracterizado por fracasso consistente em falar em situações sociais nas quais existe expectativa para que se fale (por exemplo, na escola), mesmo que o indivíduo fale em outras situações. ● O fracasso para falar acarreta consequências significativas em contextos de conquistas acadêmicas ou profissionais ou interfere em outros aspectos na comunicação social normal. ● O tratamento para essa condição inclui abordagens não farmacológicas (em especial TCC e familiar) e terapia farmacológica – principalmente com ISRS. Fobias específicas ● O indivíduo com fobia específica em geral teme três objetos ou situações, e aproximadamente 75% daqueles com fobia específica temem mais de uma situação ou objeto. ● As fobias são subdivididas em: tipo animal, tipo sangue/ferimentos, tipo situacional, tipo evento da natureza e uma categoria residual (outros). ● São de aproximadamente 5% em crianças e de 16% em jovens de 13 a 17 anos. ● São mais baixas em indivíduos mais velhos (de 3 a 5%). ● Indivíduos do sexo feminino costumam ser mais afetados do que os do masculino, em uma razão de cerca de 2:1, embora as taxas variem entre os diferentes estímulos fóbicos. ● Um indivíduo com fobia específica fica muito assustado ou ansioso quando confrontado com o objeto temido Fobias específicas ● Esse medo é percebido como irracional ou excessivo e causa disfunção sócio‐ocupacional e/ou sofrimento importante. Secundário à condição médica ● As alterações de função tireoideana são causas frequentes de sintomas ansiosos secundários. ○ O hipertireoidismo pode ter início agudo, relacionado a um estressor psicossocial e cursar com ansiedade, irritabilidade, taquicardia, tremores finos, etc. ○ O hipotireoidismo tipicamente cursa com letargia, mas podem ocorrer irritabilidade e agitação. ■ O diagnóstico é confirmado pela determinação da T4, T4 livre, T3 e TSH. ○ Feocromocitomas, insulinomas e hiperparatireoidismo são causas raras de ansiedade secundária e geralmente levam a quadros de apresentação atípica. ■ O primeiro é diagnosticado pela determinação da concentração periférica de catecolaminas. ■ Insulinomas devem ser investigados em pacientes com hipoglicemias espontâneas. ■ No terceiro caso, o diagnóstico é feito pela determinação de níveis elevados de cálcio sérico. ● Crises epilépticas temporais podem levar a sintomas, principalmente nas auras, que podem se confundir com sintomas ansiosos. ○ Podem ocorrer sintomas autonômicos como “aperto no estômago”, taquicardia, tosse e apneia e também fortes experiências afetivas, principalmente medo e ansiedade. ○ Pacientes epilépticos podem desenvolver quadros fóbicos envolvendo o medo de ter as crises que podem se assemelhar à agorafobia. ○ O diagnóstico é feito com base na eletrencefalografia (EEG), mas comumente são necessárias EEG de repetição para determinar o diagnóstico ● Quadros cardíacos e respiratórios geralmente apresentam evidências na história e no exame físico, mas exames subsidiários como ECG, holter, ecocardiograma e prova de função pulmonar são úteis quando há suspeita clínica. ● ● ● Secundário à condição médica ● Quadros cardíacos e respiratórios geralmente apresentam evidências na história e no exame físico, mas exames subsidiários como ECG, holter, ecocardiograma e prova de função pulmonar são úteis quando há suspeita clínica. Relacionado a substâncias ● Caracteriza‐se pelo surgimento de sintomas ansiosos proeminentes durante a intoxicação ou a abstinência de substâncias. Tanto substâncias de uso recreativo (ilícitas ou não), como medicamentos prescritos, podem levar ao surgimento de sintomas. ● Substâncias simpatomiméticas e excitatórias (efedrina, pseudoefedrina, cafeína, cocaína, anfetaminas, hormônios tireoidianos e antidepressivos) podem levar ao surgimento de sintomas ansiosos durante a intoxicação. ● Substâncias depressoras do sistema nervoso central (álcool, benzodiazepínicos e barbitúricos)podem levar ao desenvolvimento de sintomas ansiosos durante a abstinência. ● Os sintomas de pânico ou ansiedade devem ter-se desenvolvido durante ou logo após a intoxicação ou abstinência da substância ou após a exposição a um medicamento, e as substâncias ou medicamentos devem ser capazes de produzir os sintomas ● Avaliações laboratoriais (p. ex., toxicologia urinária) podem ser úteis para medir a intoxicação por substância como parte de uma avaliação para o transtorno de ansiedade induzido por substância/medicamento. Achados de anamnese e exame físico relacionados a sintomas ansiosos Episódio agudo de ansiedade intensa, com pico em 10 minutos, acompanhado de diversos sintomas físicos (taquicardia, sudorese, sensação de sufocamento, tremores, parestesias, entre outros) Ataque de pânico (não é patognomônico de TP) Ataques de pânico espontâneos Transtorno de pânico Ataques de pânico ou sintomas semelhantes a pânico em situações sociais ou de possível avaliação pelos outros Fobia social Ataques de pânico ou sintomas semelhantes a pânico desencadeados por objeto ou situações específicas Fobia específica Apreensão ansiosa relacionada à possibilidade de ter sintomas de pânico em situações embaraçosas ou em que seja difícil obter ajuda Transtorno de pânico com agorafobia; agorafobia (não apresenta ataques de pânico espontâneos) Apreensão ansiosa relacionada a questões cotidianas diversas Transtorno de ansiedade generalizada Sintomas ansiosos durante a intoxicação por substância Intoxicação por substância ativadora do SNC Sintomas ansiosos durante abstinência de substância Abstinência de substância depressora do SNC Sintomas atípicos, alteração de nível de consciência, sintomas físicos sem conexão com ansiedade subjetiva Ansiedade secundária a condição médica geral. Mais comuns: arritmias cardíacas, insuficiência coronariana, hipertireoidismo, epilepsia Síndrome do Pânico ● Epidemiologia ○ Na população em geral, as taxas de prevalência giram em torno de 2% a 3% em adultos e adolescentes. ○ Mulheres são mais afetadas que homens, numa proporção de 2:1. ○ A prevalência do transtorno é baixa em crianças, aumentando ao longo da adolescência e atingindo o pico na idade adulta, em torno dos 20 aos 24 anos. ○ Tipicamente, o quadro inicia no final da adolescência, início da idade adulta e tem um curso flutuante. ○ O quadro não costuma iniciar após os 45 anos de idade, e as taxas de prevalência declinam em indivíduos mais idosos. ○ Tabagismo, relatos de experiências infantis de violência sexual e física e alguns distúrbios respiratórios (por exemplo, asma) podem ser considerados fatores de risco. ○ São poucas as diferenças entre hispânicos, brancos e negros. ○ O único fator social identificado como contribuindo para o desenvolvimento desse transtorno é história recente de divórcio ou separação. ○ Dos pacientes com transtorno de pânico, 91% têm pelo menos outro transtorno psiquiátrico. ○ Sua prevalência é elevada em indivíduos com outros transtornos, sobretudo outros transtornos de ansiedade (e em especial agorafobia), depressão maior, transtorno bipolar e possivelmente transtorno leve por uso de álcool. ● Etiopatogenia ○ Acredita-se que múltiplos genes confiram vulnerabilidade ao transtorno de pânico ○ No entanto, os genes exatos, produtos de genes ou funções relacionadas às regiões genéticas implicadas permanecem desconhecidos. ○ Os modelos atuais dos sistemas neurais para o transtorno de pânico enfatizam a amígdala e estruturas relacionadas, assim como em outros transtornos de ansiedade. Síndrome do Pânico ● Etiopatogenia ○ Existe risco aumentado para transtorno de pânico entre filhos de pais com transtornos de ansiedade, depressivo e bipolar. ○ Distúrbios respiratórios, como asma, estão associados ao transtorno de pânico, em termos de história passada, comorbidade e história familiar ○ Observou-se que pacientes portadores de ataques de pânico apresentavam consumo anormal de oxigênio, hipersensibilidade ao (CO2 ) e produção excessiva de lactato durante o exercício. ■ A partir daí, os resultados de testes provocativos com (CO2 ) combinados com a observação de que a hiperventilação é manifestação clínica comum no transtorno do pânico levaram à proposição de que haveria hipersensibilidade do sistema de quimiorreceptores de (CO2 ). ■ Outra teoria sustenta que pacientes com transtornos de pânico possuiriam um sistema de alarme de sufocação inato desregulado ou hipersensível, que seria ativado espontaneamente ou devido a uma hipersensibilidade ao (CO2 ), desencadeando um ataque de pânico. ● Quadro clínico ○ A manifestação central do transtorno de pânico é o ataque de pânico, um conjunto de manifestações de ansiedade com início súbito, rico em sintomas físicos e com duração limitada no tempo, em torno de dez minutos. ○ Os sintomas típicos são: sensação de sufocação, de morte iminente, taquicardia, tonturas, sudorese, tremores, sensação de perda do controle ou de “ficar louco”, alterações gastrointestinais. ○ Existem dois tipos característicos de ataques de pânico: esperado e inesperado. ■ Os esperados são ataques para os quais existe um sinal ou desencadeante óbvio, como as situações em que eles geralmente ocorreram. ■ Os inesperados são aqueles para os quais não há gatilho ou desencadeante óbvio no momento da ocorrência Síndrome do Pânico ● Quadro clínico ○ Com frequência, o primeiro ataque de pânico é completamente espontâneo, embora muitos possam estar relacionados com excitação, esforço físico, atividade sexual ou trauma emocional moderado. ○ Ocorre pelo menos um mês de preocupação sobre a possibilidade de novos ataques ou sobre as consequências dos ataques, ou ainda alterações comportamentais visando a prevenir novos ataques ou diminuir suas consequências. ■ Esse quadro pode ser acompanhado de agorafobia ○ O ataque dura, em média, de 20 a 30 minutos e raramente mais de uma hora. ● Diagnóstico ○ De acordo com o DSM-5, o TP refere-se a ataques de pânico inesperados e recorrentes, os quais podem ser definidos como surtos sempre abruptos de medo ou desconforto intensos, que alcançam um pico em poucos minutos e duram de 10 a 30 minutos, em média. ○ Em relação à frequência, os ataques de pânico podem se manifestar de maneira moderadamente frequente (um por semana) durante meses, pequenos surtos de ataques mais frequentes (diariamente) separados por semanas ou meses sem ataques ou ataques menos frequentes (dois por mês) durante anos. ○ Em termos de gravidade, os indivíduos com TP podem ter ataques com sintomas completos (quatro ou mais sintomas) ou com sintomas limitados (menos de quatro sintomas). ■ No entanto, é necessário mais de um ataque de pânico completo inesperado para o diagnóstico de TP. ○ Agentes com mecanismos diferentes de ação, como lactato de sódio, cafeína, isoproterenol, ioimbina, dióxido de carbono e colecistoquinina, provocam ataques de pânico em indivíduos com o transtorno em um grau muito maior do que em sujeitos-controle saudáveis (e, em alguns casos, do que em indivíduos com outros transtornos de ansiedade, transtorno depressivo ou transtorno bipolar sem ataques de pânico) Síndrome do Pânico ● Diagnóstico ○ Além disso, para uma proporção dos indivíduos com transtorno de pânico, os ataques estão relacionados a detectores hipersensíveis de dióxido de carbono medular, resultando em hipocapnia e outras irregularidades respiratórias. ○ Entretanto, nenhum desses achados laboratoriais é considerado diagnóstico de transtorno de pânico. ● Tratamento ○ Convém orientá-lo ainda acerca das características dos ataques de pânico, que podem ser provocados pela interpretação catastrófica de sintomas físicos, acompanhados de hipervigilância, que acaba por aumentar os sintomas do ataque. ○ Também devem ser abordados os comportamentos evitativos e sua importância na manutenção dos sintomas. ○ A TCC é a intervenção psicoterapêutica com os resultados mais consistentes para o TP, pois é eficaz, apresentauma boa aceitabilidade e adesão, tem rápido início de ação e relação custo-efetividade satisfatória. ○ Pode modificar as distorções cognitivas que causam ansiedade antecipatória e, por meio de exposição, diminuir os comportamentos de esquiva fóbica. ○ Os ISRS e a venlafaxina, em virtude de seu perfil farmacológico e eficácia, são as drogas de primeira escolha ■ Todos têm eficácia comprovada na redução da frequência e intensidade dos ataques de pânico, além da melhora na ansiedade antecipatória. ○ Os ADT também são eficazes, mas seu perfil de efeitos colaterais acaba por deixá-los em segundo plano nesses casos. Os BZD também podem ser utilizados, especialmente durante os ataques de pânico. ○ Sugere-se iniciar com doses baixas de ISRS ou IRSN (combinados ou não a BZD, como clonazepam ou alprazolam), aumentando gradualmente até a obtenção de resposta terapêutica ou o aparecimento de efeitos colaterais intoleráveis. Síndrome do Pânico ● Tratamento ○ Caso não haja resposta, recomenda-se trocar por medicamento da mesma classe ou de primeira linha de classe diferente. ○ Após obtenção de resposta no tratamento agudo, a medicação deve ser mantida por 1 a 2 anos. ○ Após esse período, o medicamento pode ser retirado gradualmente, sendo importante considerar o momento de se proceder à descontinuação, já que a presença de estressores está associada a recaídas. CAPS ● Serviços de base comunitária, abertos, com a finalidade de oferecer um cuidado à pessoa com transtorno mental e/ou que faz uso abusivo ou tem dependência de substâncias psicoativas, sem que a mesma seja privada do convívio com os seus familiares, e com a comunidade à qual pertence ● Os CAPS contam ainda com o matriciamento ou apoio matricial, que consiste na articulação com a rede de atenção básica através, principalmente, da Estratégia de Saúde da Família (ESF), que tem por objetivo co-responsabilizar as equipes e diversificar as ofertas terapêuticas através de um profissional de saúde mental que acompanhe a ESF e, portanto, conheça mais a fundo as demandas em saúde mental que chegam à atenção básica. ● Nessas unidades, o Projeto Terapêutico Singular dos pacientes é montado por uma equipe multidisciplinar, podendo conter diferentes atividades além do tratamento medicamentoso, como psicoterapia, musicoterapia, oficinas, dentre outros. ● Modalidades ○ CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes. ○ CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. CAPS ● Modalidades ○ CAPS i: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. ○ CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias, especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. ○ CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação; todas faixas etárias; transtornos mentais graves e persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes. ○ CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento e 8 a 12 vagas de acolhimento noturno e observação; funcionamento 24h; todas faixas etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes.