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1. COMPREENDER O QUADRO CLÍNICO, 1. 1. 1.FISIOPATOLOGIA, DIAGNÓSTICO, DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL, 1. ETIOLOGIA, EPIDEMIOLOGIA DO TAG E IDENTIFICAR OS TIPOS DE TRANSTORNO DE ANSIEDADE. Os transtornos de ansiedade constituem uma das principais causas de incapacidade ao redor do mundo. Como características essenciais desses transtornos, podemos citar o medo excessivo e persistente, e os mecanismos de esquiva de ameaças percebidas. Embora a neurobiologia dos transtornos de ansiedade individuais não seja totalmente conhecida, algumas generalizações foram identificadas para a maioria deles, como alterações no sistema límbico, fatores genéticos e disfunção do eixo hipotálamo-hipófise- adrenal. O DSM-5 divide a ansiedade patológica nos seguintes transtornos: transtorno de ansiedade de separação (TAS), mutismo seletivo, fobia específica, transtorno de pânico (TP), agorafobia, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno de ansiedade devido a outra condição médica, outro transtorno de ansiedade não especificado. Os estímulos precipitantes diferem entre esses diagnósticos. No entanto, em todos os casos, as manifestações somáticas, cognitivas e comportamentais da ansiedade podem interferir no funcionamento normal e levar ao sofrimento, com prejuízos pessoais e econômicos. Transtorno de pânico: Caracterizado por ataques de pânico recorrentes, que são períodos de ansiedade e desconforto intenso, sem qualquer gatilho, acompanhados por sintomas somáticos. Agorafobia: Medo em locais ou situações (p. ex., transporte público, multidões) dos quais a fuga pode ser difícil ou em que a ajuda pode não estar disponível. Transtorno de ansiedade generalizada: Os pacientes sofrem de ansiedade e preocupação excessivas, acompanhados por sintomas como inquietação, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular, distúrbios do sono e fadiga. Fobia específica: Medo excessivo ou irracional de objetos isolados ou situações (p. ex., medo de voar, de ver sangue, de altura ou de animais). Fobia social: Medo persistente e irracional de ser observado ou avaliado negativamente por outros em situações de desempenho social ou interação. Associado a sintomas de ansiedade somática e cognitiva. Transtorno de ansiedade de separação: Experiência de sofrimento excessivo quando a separação de grandes figuras de apego é antecipada ou ocorre. As pessoas se preocupam com o bem-estar ou a morte potencial das figuras de apego, particularmente quando separadas delas, e se sentem compelidas a permanecer em contato. Mutismo seletivo: Fracasso persistente para falar em situações sociais específicas em que existe a expectativa para tal (p. ex., na escola), apesar de falar em outras situações. TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA A ansiedade pode ser conceituada como uma resposta normal e adaptativa a ameaça que prepara o organismo para fuga ou luta. Pessoas que parecem ansiosas com tudo, entretanto, têm a probabilidade de serem classificadas com transtorno de ansiedade generalizada. Este é definido como ansiedade e preocupação excessivas com vários eventos ou atividades na maior parte dos dias durante um período de pelo menos seis meses. A preocupação é difícil de controlar e está associada com sintomas somáticos, como tensão muscular, irritabilidade, dificuldade para dormir e inquietação. A ansiedade não está relacionada a aspectos de outro transtorno, não é causada por uso de substância ou por uma condição clínica geral e não ocorre apenas durante um transtorno do humor ou psiquiátrico. Ela é difícil de controlar, é subjetivamente perturbadora e compromete áreas importantes da vida da pessoa. O DSM-IV-TR promoveu a distinção entre TAG e ansiedade “normal” especificando que na TAG a preocupação deve ser claramente excessiva, invasiva, difícil de controlar e associada a sofrimento ou prejuízo significativo. EPIDEMIOLOGIA O transtorno de ansiedade generalizada é uma condição comum; estimativas razoáveis para sua prevalência de um ano variam de 3 a 8%. A proporção de mulheres para homens com o transtorno é de aproximadamente 2 para 1, mas a proporção de mulheres para homens que está recebendo tratamento hospitalar para o transtorno é de 1 para 1. Em clínicas de transtorno de ansiedade, cerca de 25% dos pacientes têm transtorno de ansiedade generalizada. O transtorno, em geral, começa no fim da adolescência ou início da vida adulta, embora seja comum ver casos em adultos mais velhos. Talvez 50 a 90% dos pacientes com transtorno de ansiedade generalizada tenham outro transtorno mental. Até 25% dos pacientes experimentam, por fim, transtorno de pânico. O transtorno de ansiedade generalizada é diferenciado do transtorno de pânico pela ausência de ataques espontâneos. ETIOLOGIA A causa do transtorno de ansiedade generalizada não é conhecida. Como definido nos dias atuais, o transtorno provavelmente afete um grupo heterogêneo de pessoas. Talvez pelo fato de que um certo grau de ansiedade seja normal e adaptativo, é difícil diferenciar a ansiedade normal da patológica, bem como fatores causadores biológicos de fatores psicossociais. É provável que ambos os fatores atuem em conjunto. Fatores biológicos: Embora a neurobiologia do TAG seja a menos investigada nos transtornos de ansiedade, houve alguns avanços recentes. Especula-se que alterações na estrutura e na função da amígdala, que são aspectos centrais nos comportamentos relacionados ao medo, podem estar associadas ao TAG. Isso foi apoiado em um estudo volumétrico com imagens de ressonância magnética comparando crianças e adolescentes com TAG a sujeitos saudáveis pareados para outras características gerais. Crianças com TAG revelaram volumes amigdalares direito e total maiores. O córtex pré-frontal e o lobo temporal medial estão envolvidos no controle do medo e da ansiedade, e há evidência de atividade cortical aumentada e atividade dos gânglios basais diminuída no TAG, possivelmente justificando a presença de alerta e hipervigilância. Anormalidades no complexo receptor de GABA-- benzodiazepínico também foram envolvidas no TAG. O receptor de benzodiazepínico está ligado a um receptor para o neurotransmissor inibitório GABA. A ligação de um benzodiazepínico ao receptor de benzodiazepínico facilita a ação do GABA, lentificando efetivamente a transmissão neural. Uma série de compostos que são agonistas inversos desse complexo receptor, produzem uma síndrome de ansiedade aguda quando administradas em cobaias animais ou voluntários humanos normais. Assim, os benzodiazepínicos estão bem estabelecidos como um tratamento eficaz para TAG. A eficácia terapêutica dos benzodiazepínicos e das uzaspironas (p.ex., buspirona) tem-se focalizado na pesquisa biológica sobre os sistemas neurotransmissores do ácido γ-aminobutírico e da serotonina. Embora se saiba que os benzodiazepínicos (que são agonistas de receptores benzodiazepínicos) reduzem a ansiedade, o flumazenil (um antagonista dos receptores benzodiazepínicos) e as β-carbolinas (agonistas reversos dos receptores de benzodiazepínicos) induzem-na. Outras áreas do cérebro que têm sido, por hipótese, envolvidas nesse transtorno são os gânglios da base, o sistema límbico e o córtex frontal. Visto que a buspirona é um agonista no receptor 5-HT1A de serotonina, existe a hipótese de que a regulação do sistema da serotonina no transtorno de ansiedade generalizada seja anormal. Outros sistemas de neurotransmissores que têm sido objeto de pesquisa incluem a norepinefrina, o glutamato e os sistemas da colecistocinina. Alguma evidência indica que pacientes com o transtorno podem ter uma sensibilidade menor de seus receptores α2-adrenérgicos, como indicado pela liberação embotada do hormônio do crescimentoapós infusão de clonidina. Fatores psicossociais: As duas principais escolas de pensamento sobre fatores psicossociais que levam ao desenvolvimento de transtorno de ansiedade generalizada são a cognitivo-comportamental e a psicanalítica. De acordo com a escola cognitivo- comportamental, indivíduos com transtorno de ansiedade generalizada respondem de forma incorreta e imprecisa aos perigos percebidos. Isso é gerado pela atenção seletiva a detalhes negativos no ambiente, por distorções no processamento de informações e por uma visão global negativa sobre a própria capacidade de enfrentar os problemas. A escola psicanalítica postula a hipótese de que a ansiedade é um sintoma de conflitos inconscientes não resolvidos. Com relação à origem, foi proposto que relacionamentos de apego inseguros e ambivalência em relação a cuidadores, bem como superproteção e ausência de emoções por parte dos pais, podem contribuir para o desenvolvimento de ansiedade. Em relação aos mecanismos perpetuadores do TAG, três são resumidos. Primeiro, a preocupação é usada como uma estratégia para evitar afetos negativos intensos. Segundo, a preocupação direcionada à ameaça improvável e futura remove a necessidade de lidar com temores mais próximos e realísticos e limita a capacidade de encontrar soluções para conflitos mais imediatos. Finalmente, indivíduos com TAG envolvem- se em determinado grau de pensamento mágico e acreditam que sua preocupação ajudou a prevenir um resultado temido, levando a um reforço negativo do processo de preocupação. Em relação à etiologia do TAG, a teoria cognitiva especula um vínculo a esquemas cognitivos primitivos gerados por experiências negativas do mundo como um lugar perigoso ou de apegos primitivos inseguros e ansiosos a cuidadores significativos. FISIOPATOLOGIA O medo é geralmente evocado por um estímulo aversivo, também chamado de estressor, sendo manifestado na resposta de estresse. A relação estímulo-resposta pode ser reforçada pela experiência, mas também pode ser enfraquecida. A característica dos transtornos de ansiedade é a resposta inadequada ao estresse, regulada pelo sistema nervoso. A resposta ao estresse é a reação coordenada que acontece em função de estímulos aversivos. É caracterizada por comportamento de esquiva, aumento da vigilância e do alerta, ativação da divisão simpática do sistema nervoso e liberação de cortisol pelas glândulas adrenais. O hipotálamo possui um papel central em orquestrar uma resposta humoral, visceromotora e somáticomotora apropriada. Esta resposta é regulada pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA). O hormônio cortisol, é liberado pela glândula adrenal em resposta a um aumento nos níveis sanguíneos do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), liberado pela hipófise anterior devido ao estímulo do hormônio liberador de corticotrofina (CRH) do hipotálamo. Os neurônios hipotalâmicos que secretam CRH são regulados pela amígdala e pelo hipocampo. Quando o núcleo central da amígdala é ativado, interfere no eixo HPA e a resposta ao estresse é emitida, sendo que a ativação inapropriada tem sido relacionada com os transtornos de ansiedade. O hipocampo contém receptores para glicocorticóides que são ativados pelo cortisol, e com altos níveis de cortisol circulante, participa da regulação por retroalimentação do eixo HPA, inibindo a liberação de CRH e consequentemente de ACTH e cortisol. A exposição contínua ao cortisol, em períodos de estresse crônico, pode levar à disfunção e à morte dos neurônios hipocampais. Assim, o hipocampo começará a apresentar falhas em sua capacidade de controlar a liberação dos hormônios do estresse e de realizar suas funções de rotina. Em resumo, a amígdala e o hipocampo regulam o sistema HPA e a resposta ao estresse de uma maneira coordenada, tanto com a hiperatividade da amígdala, relacionada a memórias inconscientes estabelecidas por mecanismos de condicionamento pelo medo quanto com a diminuição de atividade do hipocampo, o qual participa no armazenamento de memórias conscientes durante uma situação de aprendizado traumático. Neurotransmissores A serotonina 5-HT é uma substância importantíssima no estudo neuroquímico da ansiedade. Tanto o bloqueio de seus receptores, quanto o bloqueio da sua síntese, produzem efeitos ansiolíticos. A 5-HT exerce um duplo papel na regulação da ansiedade – ansiogênico na amígdala e ansiolítico na matéria cinzenta periaquedutal dorsal (MCPD). A amígdala tem a função de avaliar o grau de ameaça para, em seguida, instruir estruturas executivas quanto ao tipo de reação de defesa a ser programado. A MCPD deve ser acionada somente em casos de perigo iminente. Assim sendo, faz sentido que os sistemas neuronais serotoninérgicos inibam a MCPD, enquanto facilitam o processamento de informações relativas à defesa na amígdala. Deste ponto de vista o duplo papel da 5-HT pode ser considerado como tendo um valor adaptativo. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), prolongam a ação da serotonina liberada nos seus receptores, inibindo sua recaptação. O efeito se deve a uma adaptação do sistema nervoso aos elevados níveis cerebrais de serotonina, e uma das respostas adaptativas aos ISRSs é um aumento dos receptores para glicocorticóides no hipocampo e consequente aumento da retroalimentação positiva dos neurônios CRH no hipotálamo. Outro neurotransmissor envolvido nos processos de ansiedade é o GABA (ácido gama-aminobutírico), o principal neurotransmissor inibitório do SNC. A relação entre o GABA e a ansiedade evidencia-se no fato de que todos os ansiolíticos conhecidos, facilitam sua ação. Seu efeito ansiolítico parece consistir em reduzir o funcionamento de grupos neuronais do sistema límbico, inclusive a amígdala e o hipocampo, responsáveis pela integração de reações de defesa contra ameaças de dano ou perda, ou, ainda, evocadas por situações novas. Ao se combinar com o receptor, o neurotransmissor GABA altera a conformação e essa deformação transmite-se ao canal de Cl (Cloro), abrindo-o. Em consequência, íons Cl penetram na célula, onde sua concentração é menor que no exterior. Com isso ocorre uma hiperpolarização da membrana pós- sináptica que inibe os disparos do neurônio pós- sináptico por dificultar a despolarização de sua membrana, necessária à geração de impulso nervoso. Algumas drogas reduzem a ansiedade agindo na alteração da transmissão sináptica no encéfalo, entre elas os benzodiazepínicos, os quais estimulam a ação do GABA, suprimindo assim a atividade dos circuitos cerebrais utilizados na resposta ao estresse. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As características essenciais do transtorno de ansiedade generalizada são ansiedade e preocupação contínuas e excessivas acompanhadas por tensão ou inquietação motora. A ansiedade é excessiva e interfere em outros aspectos da vida da pessoa. Esse padrão deve ocorrer na maioria dos dias por pelo menos seis meses. A tensão motora manifesta-se mais comumente como tremor, inquietação e cefaleias. Indivíduos com transtorno de ansiedade generalizada costumam procurar um clínico geral ou internista em busca de ajuda para um sintoma somático. De forma alternativa, procuram um especialista para um sintoma específico (p. ex., diarreia crônica). Um distúrbio médico, não psiquiátrico, específico raras vezes é encontrado. Sintomas: Ansiedade e preocupação diárias sobre vários domínios, como trabalho e desempenho escolar. Sintomas físicos como inquietação, fadiga, dificuldade de concentração, tensão muscular e distúrbios do sono. Sintomas de excitação autonômica (como hiperventilação e taquicardia). Normalmente persiste por pelo menos 6 meses. DIAGNÓSTICO O transtorno de ansiedade generalizadaé caracterizado por um padrão de preocupação e ansiedade frequentes, persistentes, desproporcional ao impacto do acontecimento ou da circunstância que é o foco da preocupação. A distinção entre transtorno de ansiedade generalizada e ansiedade normal é enfatizada pela utilização da palavra “excessiva” nos critérios e pela especificação de que os sintomas causam prejuízo ou sofrimento significativos. Critérios diagnósticos do DSM-5 para transtorno de ansiedade generalizada A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional). B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação. C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses). 1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele. 2. Fatigabilidade. 3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente. 4. Irritabilidade. 5.Tensão muscular. 6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto). Nota: Apenas um item é exigido para crianças. D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo). F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., ansiedade ou preocupação quanto a ter ataques de pânico no transtorno de pânico, avaliação negativa no transtorno de ansiedade social [fobia social], etc). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Assim como os outros transtornos de ansiedade, o transtorno de ansiedade generalizada deve ser diferenciado de transtornos clínicos e de transtornos psiquiátricos. Transtornos neurológicos, endocrinológicos, metabólicos e relacionados a medicamentos devem ser considerados no diagnóstico de transtorno de ansiedade generalizada. Para diagnosticar esse transtorno no contexto de outros transtornos de ansiedade, é muito importante documentar a ansiedade ou a preocupação relativa às circunstâncias ou aos tópicos que ou não estão relacionados, ou estão minimamente relacionados, a outros transtornos. O diagnóstico apropriado envolve estabelecer em definitivo a presença de transtorno de ansiedade generalizada e diagnosticar de maneira adequada outros transtornos de ansiedade. Pacientes com transtorno de ansiedade generalizada com frequência desenvolvem transtorno depressivo maior. Como resultado, essa condição também deve ser reconhecida e diferenciada. O segredo para um diagnóstico correto é documentar a ansiedade ou a preocupação que não estejam relacionadas ao transtorno depressivo. DD: Álcool e outros transtornos por uso de substâncias: Ansiedade, tremor, sudorese, palpitações durante intoxicação (p. ex., com uso de metanfetamina), retirada (p. ex., com uso de álcool) e ataques de pânico (p. ex., com uso de maconha) Cafeína e outros estimulantes (p. ex., efedrina e pseudoefedrina): Ataques de pânico ou ansiedade crônica, insônia, palpitações e tremores. Prolapso da válvula mitral: Palpitações Doença cardíaca (p. ex., angina, infarto do miocárdio ou arritmia): Palpitações e/ou dor no peito Doença respiratória (p. ex., asma, doença pulmonar obstrutiva crônica): Falta de ar e “fome de ar” (podem se confundir com sintomas de ataques de pânico). Hipertireoidismo: Intolerância ao calor, perda de peso, tremor, palpitações, sinais oculares (como a doença de Graves, causa autoimune de hipertireoidismo), ataques de pânico ou ansiedade persistente. CURSO E PROGNÓSTICO Em comparação ao transtorno do pânico, nenhum evento esmagador isolado estimula o indivíduo com TAG a buscar ajuda. Esses pacientes só desenvolvem o reconhecimento de que sua experiência de tensão crônica, hiperatividade, preocupação e ansiedade é excessiva com o passar do tempo. Frequentemente, eles dizem que nunca houve um tempo em suas vidas, conforme lembram, em que não estiveram ansiosos. O TAG é uma condição mais crônica do que o transtorno de pânico, com menos períodos de enfraquecimento espontâneo. Ademais, os indivíduos com um início mais precoce de sintomas de ansiedade nas primeiras duas décadas de vida parecem ser mais prejudicados globalmente, têm ansiedade mais grave que pode não ser precipitada por eventos estressantes específicos e possuem histórias de mais medos na infância, ambientes familiares perturbados e maior desajustamento social. Ao contrário do transtorno de pânico, que reduz à medida que a pessoa envelhece, o TAG parece responder por grande parte dos estados de ansiedade na terceira idade, muitas vezes ocorrendo em comorbidade com condições médicas. Nos idosos, é particularmente importante diferenciar o TAG de outros estados de ansiedade que poderiam estar relacionados a delirium, demência, psicose e depressão ou ser manifestações de condições médicas subjacentes. 2. COMPREENDER O QUADRO CLÍNICO, FISIOPATOLOGIA, DIAGNÓSTICO, DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL, ETIOLOGIA, EPIDEMIOLOGIA DO ATAQUE/SÍNDROME DE PÂNICO. Um ataque intenso agudo de ansiedade acompanhado por sentimentos de desgraça iminente é conhecido como transtorno de pânico. A ansiedade é caracterizada por períodos distintos de medo intenso que podem variar de vários ataques durante um dia a apenas poucos ataques durante um ano. Os pacientes com o transtorno apresentam-se com uma série de condições comórbidas, mais comumente agorafobia, que se refere a medo ou ansiedade em relação a lugares dos quais a saída poderia ser difícil. EPIDEMIOLOGIA As mulheres têm três vezes mais probabilidade de serem afetadas do que os homens, ainda que o subdiagnóstico de transtorno de pânico em homens possa contribuir para a distribuição distorcida. O único fator social identificado como contribuindo para o desenvolvimento desse transtorno é história recente de divórcio ou separação. O transtorno costuma surgir na idade adulta jovem – a idade média de apresentação é em torno dos 25 anos –, mas tanto transtorno de pânico como agorafobia podem se desenvolver em qualquer idade. O transtorno de pânico tem sido relatado em crianças e adolescentes, embora seja provavelmente subdiagnosticado nesses grupos. COMORBIDADE Dos pacientes com transtorno de pânico, 91% têm pelo menos outro transtorno psiquiátrico. Cerca de um terço das pessoas com transtornos de pânico já tinham transtorno depressivo maior antes de seu início; e em torno de dois terços experimentam transtorno de pânico pela primeira vez durante ou após o início de depressão maior. ETIOLOGIA e FISIOPATOLOGIA Fatores biológicos A pesquisa sobre as bases biológicas do transtorno de pânico produziu uma variedade de achados; uma interpretação é a de que os sintomas estão relacionados a uma série de anormalidades biológicas na estrutura e na função do cérebro. Evidências consideráveis indicam que a regulação anormal dos sistemas noradrenérgicos também está envolvida na fisiopatologia do transtorno. Esses e outros estudos produziram hipóteses que implicam a desregulação dos sistemas nervosos periférico e central em sua fisiopatologia. Os principais sistemas de neurotransmissores implicados são os da norepinefrina, da serotonina e do GABA. A disfunção serotonérgica é bem evidente no transtorno de pânico, e vários estudos com medicamentos mistos agonistas e antagonistas da serotonina revelaram aumento dos níveis deansiedade. Essas respostas podem ser causadas por hipersensibilidade pós-sináptica à serotonina no transtorno de pânico. Evidências pré-clínicas sugerem que a atenuação da transmissão GABAérgica inibidora local na amígdala basolateral, no mesencéfalo e no hipotálamo pode desencadear respostas fisiológicas semelhantes a ansiedade. Entre os vários neurotransmissores envolvidos, o sistema noradrenérgico também tem atraído muita atenção, com os receptores α2-adrenérgicos pré- sinápticos, em particular, desempenhando um papel significativo. Pacientes com transtorno de pânico são sensíveis aos efeitos ansiogênicos da ioimbina, além de terem respostas exageradas a MHPG e cortisol e cardiovasculares. Eles foram identificados por provocações farmacológicas com o agonista dos receptores α2 clonidina e o antagonista dos receptores α2 ioimbina, que estimulam o disparo do locus ceruleus e induzem taxas elevadas de atividade semelhante a pânico em pacientes com transtorno de pânico. Substâncias indutoras de pânico: As substâncias indutoras de pânico (por vezes denominadas panicogênicas) induzem ataques na maioria dos pacientes com transtorno de pânico e em uma proporção muito menor de indivíduos sem o transtorno ou sem história de ataques de pânico. As substâncias indutoras de pânico chamadas de respiratórias causam estimulação respiratória e mudança no equilíbrio acidobásico. Elas incluem dióxido de carbono (misturas de 5 a 35%), lactato de sódio e bicarbonato. Imagens cerebrais: Estudos de imagens cerebrais estruturais, por exemplo, RM, em pacientes com transtorno de pânico implicaram o envolvimento patológico dos lobos temporais, em particular o hipocampo e a amígdala. De maneira específica, transtornos de ansiedade e ataques de pânico estão associados com vasoconstrição cerebral, que pode resultar em sintomas do SNC, como tonturas, e em sintomas do sistema nervoso periférico que podem ser induzidos por hiperventilação e por hipocapnia. A maioria dos estudos de imagens cerebrais funcionais utilizou uma substância indutora de pânico específica (p. ex., lactato, cafeína ou ioimbina) em combinação com PET ou SPECT para avaliar os efeitos da substância indutora de pânico e o ataque de pânico induzido sobre o fluxo sanguíneo cerebral. Fatores genéticos Vários estudos verificaram que os parentes em primeiro grau de pacientes com transtorno de pânico têm um risco 4 a 8 vezes maior para o transtorno do que os parentes em primeiro grau de outros pacientes psiquiátricos. Os estudos de gêmeos conduzidos até o momento em geral relataram que os monozigóticos têm mais probabilidade de serem concordantes para o transtorno de pânico do que os dizigóticos. Nesse ponto, não existem dados que indiquem uma associação entre uma localização específica nos cromossomos ou um modo de transmissão e esse transtorno. Fatores psicossociais Teorias psicanalíticas foram desenvolvidas para explicar a patogênese do transtorno de pânico. Elas conceituam os ataques de pânico como tendo origem em uma defesa malsucedida contra impulsos provocadores de ansiedade. O que era anteriormente uma leve ansiedade-sinal se torna um sentimento esmagador de apreensão, junto com sintomas somáticos. Muitos pacientes descrevem os ataques surgindo do nada, como se não houvesse fatores psicológicos envolvidos, mas a exploração psicodinâmica com frequência revela um gatilho psicológico claro para o ataque de pânico. Embora os ataques de pânico sejam neurofisiologicamente correlacionados com o locus ceruleus, seu início costuma estar associado a fatores ambientais ou psicológicos. Os pacientes têm uma incidência mais alta de acontecimentos de vida estressantes (sobretudo perdas) nos meses anteriores ao início do transtorno de pânico do que indivíduos- controle. Além disso, os pacientes normalmente experimentam mais tensão sobre os acontecimentos da vida do que os controles. A pesquisas indicam que a causa dos ataques de pânico provavelmente envolva um significado inconsciente de acontecimentos estressantes e que sua patogenia pode estar relacionada a fatores neurofisiológicos desencadeados por reações psicológicas. Os médicos psicodinâmicos devem sempre fazer uma investigação exaustiva sobre possíveis gatilhos quando avaliarem um paciente com transtorno de pânico. DIAGNÓSTICO Ataques de pânico Um ataque de pânico é um período súbito de intenso medo ou apreensão que pode durar de minutos a horas. Ele pode ocorrer também em outros transtornos mentais, particularmente na fobia específica, na fobia social e no TEPT. Ataques inesperados ocorrem a qualquer momento e não estão associados a um estímulo situacional identificável, mas não precisam se apresentar dessa forma. Em pacientes com fobia social e específica, eles costumam ser esperados ou indicados por um estímulo específico reconhecido. Alguns não se encaixam com facilidade na distinção entre inesperado e esperado, sendo referidos como ataques de pânico predispostos por situações. Eles podem ou não ocorrer quando um paciente é exposto a um gatilho específico, ou podem ocorrer tanto imediatamente após exposição quanto após uma considerável demora. Transtorno de pânico Os critérios diagnósticos para transtorno de pânico da quinta edição do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5) são listados a seguir. Alguns levantamentos da comunidade indicaram que ataques de pânico são comuns, e uma questão importante no desenvolvimento dos critérios diagnósticos para esse transtorno foi determinar um número ou uma frequência limiar de ataques de pânico requeridos para satisfazer o diagnóstico. Estabelecer um limiar muito baixo resulta no diagnóstico de transtorno de pânico em pacientes que não têm um comprometimento por um ataque de pânico ocasional; estabelecer um limiar muito alto resulta em uma situação na qual pacientes que estão comprometidos por seus ataques de pânico não satisfazem os critérios diagnósticos. DSM-5 A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas: Nota: O surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado ansioso. 1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia. 2. Sudorese. 3. Tremores ou abalos. 4. Sensações de falta de ar ou sufocamento. 5. Sensações de asfixia. 6. Dor ou desconforto torácico. 7. Náusea ou desconforto abdominal. 8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. 9. Calafrios ou ondas de calor. 10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento). 11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo). 12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”. 13. Medo de morrer. Nota: Podem ser vistos sintomas específicos da cultura (p. ex., tinido, dor na nuca, cefaleia, gritos ou choro incontrolável). Esses sintomas não devem contar como um dos quatro sintomas exigidos. B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou de ambas as seguintes características: 1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou sobre suas consequências (p. ex., perder o controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer”). 2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada aos ataques (p. ex., comportamentos que têm por finalidade evitar ter ataques de pânico, como a esquiva de exercícios ou situações desconhecidas). C. A perturbação não é consequência dos efeitos psicológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo,doenças cardiopulmonares). D. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., os ataques de pânico não ocorrem apenas em resposta a situações sociais temidas, como no transtorno de ansiedade social) CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Com frequência, o primeiro ataque de pânico é completamente espontâneo, embora muitos possam estar relacionados com excitação, esforço físico, atividade sexual ou trauma emocional moderado. Os médicos devem tentar avaliar qualquer hábito ou situação que costume preceder os ataques de um paciente. Essas atividades podem incluir uso de cafeína, álcool, nicotina ou outras substâncias; padrões incomuns do sono e de alimentação; e situações ambientais específicas, como iluminação desagradável no trabalho. O ataque com frequência começa com um período de 10 minutos de sintomas rapidamente crescentes. Os principais sintomas mentais são medo extremo e uma sensação de morte e tragédia iminentes. Os pacientes em geral não podem designar a fonte de seu medo; podem se sentir confusos e ter problemas para se concentrar. Os sintomas físicos costumam incluir taquicardia, palpitações, dispneia e sudorese. Os pacientes tentam sair de qualquer situação em que estejam e procurar auxílio. O ataque dura, em média, de 20 a 30 minutos e raramente mais de uma hora. O exame formal do estado mental durante o ataque de pânico pode revelar ruminação, dificuldade de fala (p. ex., gagueira) e comprometimento da memória. É possível experimentar depressão ou despersonalização durante um ataque. Os sintomas podem desaparecer de forma rápida ou gradual. Preocupações somáticas de morte por problemas cardíacos ou respiratórios podem ser o principal foco da atenção do indivíduo durante os ataques. Eles podem acreditar que as palpitações e a dor no peito indicam que estão para morrer. Em vez de logo diagnosticar hipocondria, o médico deve considerar o diagnóstico de transtorno de pânico. A hiperventilação pode produzir alcalose respiratória e outros sintomas. A antiga recomendação de respirar dentro de um saco de papel às vezes ajuda, porque reduz a alcalose. Sintomas associados Sintomas depressivos com frequência estão presentes no transtorno de pânico, e em alguns pacientes, um transtorno depressivo coexiste com o transtorno de pânico. Alguns estudos verificaram que o risco de suicídio durante a vida nesse grupo é mais alto do que em pessoas sem transtorno mental. Os médicos devem estar atentos para o risco de suicídio. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O transtorno de pânico não deve ser diagnosticado se nunca foram experimentados ataques de pânico com sintomas completos (inesperados). No caso de ataques de pânico inesperados apenas com sintomas limitados, um diagnóstico de outro transtorno de ansiedade especificado ou transtorno de ansiedade não especificado deve ser considerado. O transtorno de pânico não é diagnosticado se os ataques de pânico são considerados consequência fisiológica direta de outra condição médica. Exemplos de condições médicas que podem causar ataques de pânico incluem hipertireoidismo, hiperparatireoidismo, feocromocitoma, disfunções vestibulares, transtornos convulsivos e condições cardiopulmonares (p. ex., arritmias, taquicardia supraventricular, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica [DPOC]). CURSO E PROGNÓSTICO O transtorno de pânico geralmente tem seu início no fim da adolescência ou no início da vida adulta, ainda que possa ocorrer durante a infância, o início da adolescência e a meia-idade. Alguns dados implicam aumento de estressores psicossociais com o início do transtorno, embora nenhum destes possa ser identificado com muita clareza na maioria dos casos. O transtorno de pânico em geral é crônico, ainda que seu curso seja variável tanto entre pacientes como em um único paciente. A depressão pode complicar o quadro de sintomas em 40 a 80% de todos os pacientes, conforme estimado por vários estudos. Embora não sejam propensos a falar sobre ideação suicida, os pacientes apresentam maior risco para cometer suicídio. 3. ENTENDER O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO E NÃO FARMACOLÓGICO DOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE. (MECANISMO DE AÇÃO, INDICAÇÃO E EFEITOS COLATERAIS). A decisão de prescrever um ansiolítico a pacientes com transtorno de ansiedade generalizada em raros casos deve ser tomada na primeira visita. Em vista de sua natureza de longo prazo, o plano de tratamento deve ser cogitado com cuidado. As três principais opções de medicamentos a serem consideradas para o tratamento desse transtorno são os benzodiazepínicos, os ISRSs, a buspirona e a venlafaxina. Outros agentes que podem ser úteis são os tricíclicos (p. ex., a imipramina), os anti-histamínicos e os antagonistas β-adrenérgicos (p. ex., o propranolol). Embora o tratamento medicamentoso do transtorno de ansiedade generalizada seja, às vezes, considerado uma intervenção de 6 a 12 meses, alguma evidência indica que ele deve ser a longo prazo, talvez por toda a vida. BENZODIAZEPÍNICOS Os benzodiazepínicos têm sido os medicamentos de escolha no transtorno de ansiedade generalizada. Podem ser prescritos conforme necessário, de modo que os pacientes tomem um benzodiazepínico de ação rápida quando se sintam particularmente ansiosos. A abordagem alternativa é prescrevê-los por um período limitado, durante o qual abordagens psicossociais são implementadas. Vários problemas estão associados com o uso de benzodiazepínicos nesse transtorno. Cerca de 25 a 30% de todos os pacientes deixam de responder, e pode ocorrer tolerância e dependência. O tratamento para a maioria das condições de ansiedade dura de 2 a 6 semanas, seguidas por 1 a 2 semanas de redução gradativa da utilização do medicamento antes de sua interrupção. O erro clínico mais comum no tratamento com esses fármacos é continuá-lo por tempo indefinido. Para o tratamento da ansiedade, é habitual começar administrando o medicamento no extremo mais baixo da variação terapêutica e aumentar a dose para atingir a resposta terapêutica. A melhora produzida por essa classe pode ir além do simples efeito ansiolítico. Por exemplo, pode levar os pacientes a encararem várias ocorrências sob um ângulo positivo. Os medicamentos também podem ter uma leve ação desinibidora, semelhante à observada após a ingestão de pequenas quantidades de álcool Mecanismo De Ação Os alvos para as ações dos benzodiazepínicos são os receptores do GABA-A. Os benzodiazepínicos modulam os efeitos GABA ligando-se a um local específico de alta afinidade, na interface da subunidade Alfa e da subunidade Y2 (os locais de ligação, algumas vezes, são denominados receptores benzodiazepínicos). A localização dos receptores BZ no SNC é comparável à dos neurônios GABA. A ligação do GABA ao seu receptor abre o canal de CL-, o que aumenta a condutância do íon. Os benzodiazepínicos aumentam a frequência da abertura dos canais produzida pelo GABA. O influxo de CL- causa uma leve hiperpolarização que afasta o potencial pós-sináptico do valor limiar e, assim, inibe a formação de potenciais de ação. (Nota: a ligação do benzodiazepínico ao seu receptor aumentará a afinidade do GABA por seus locais de ligação [e vice-versa] sem realmente alterar o número total de locais.) Os efeitos clínicos dos vários benzodiazepínicos se correlacionam bem com cada afinidade de ligação do fármaco pelo complexo receptor GABA-canal de íon cloreto. Efeitos adversos No momento em que a concentração plasmática atinge o pico, é previsível que doses hipnóticas de benzodiazepínicos causem graus variáveis de delírio, lassidão, aumento dos tempos de reação, falta de coordenação motora, comprometimento das funções mentais e motoras, confusão e amnésia anterógrada. A cogniçãoparece ser menos afetada que o desempenho motor. Todos esses efeitos podem comprometer grandemente a capacidade de conduzir veículos e outras habilidades psicomotoras, especialmente quando combinados aos efeitos do etanol. Outros efeitos colaterais relativamente comuns dos benzodiazepínicos são fraqueza, dor de cabeça, visão borrada, vertigem, náuseas e vômitos, desconforto epigástrico e diarreia; são muito mais raras as dores articulares, torácicas e a incontinência. Às vezes, os benzodiazepínicos anticonvulsivantes na verdade aumentam a frequência de convulsões em pacientes com epilepsia Principais indicações Os benzodiazepínicos são utilizados principalmente como ansiolíticos e hipnóticos. São indicados para o tratamento do transtorno de pânico, das fobias e dos quadros de agitação associados a outras condições psicóticas e são as substâncias de escolha para o manejo da ansiedade e da agitação aguda. Uma pesquisa realizada pela OMS sobre a utilização de benzodiazepínicos em quatro países, revelou que a maioria dos médicos entrevistados prescrevia estes medicamentos para as seguintes indicações clínicas: distúrbios do sono, ansiedade, depressão, dores nas costas, nervosismo e tensão, convulsões epilépticas, infarto do miocárdio, síndrome de estresse, agressividade, angina pectoris, tétano, hipertireoidismo e doenças psicossomáticas. INIBIDORES SELETIVOS DE RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA (ISRSS) Tais fármacos inibem a recaptação da serotonina (5- hidroxitriptamina [5-HT]). Os ISRS incluem citalopram, escitalopram, fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, sertralina e vilazodona. Embora tais fármacos tenham o mesmo mecanismo de ação, diferenças em suas propriedades clínicas tornam a seleção importante. Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs) têm margem terapêutica ampla; são relativamente simples de administrar, com pouca necessidade de ajustes de dose (exceto para a fluvoxamina). Ao prevenir a recaptação pré-sináptica de 5-HT, os ISRS resultam em mais serotonina para estimular os receptores 5-HT pós-sinápticos. Estimulam os receptores 5-HT1 com efeitos ansiolíticos e antidepressivos, mas também estimulam os receptores 5-HT2 comumente causando ansiedade, insônia e disfunção sexual, e os receptores 5HT3, quase sempre resultando em náuseas e cefaleia. Assim, paradoxalmente os ISRS podem aliviar e ocasionar ansiedade. Alguns pacientes podem parecer mais agitados, deprimidos e ansiosos uma semana após iniciar ou aumentar a dose dos ISRSs, e há preocupações sobre os ISRSs e potencial de suicídio. Interações As interações medicamentosas são relativamente incomuns; entretanto, fluoxetina, paroxetina e fluvoxamina podem inibir as isoenzimas do citocromo P-450 (CYP450), o que pode acarretar interações medicamentosas sérias. Por exemplo, esses fármacos podem inibir o metabolismo de certos betabloqueadores, incluindo propranolol e metoprolol, resultando, potencialmente, em hipotensão e bradicardia. Efeitos colaterais Os efeitos adversos comuns incluem náuseas, anorexia, insônia, perda da libido e frigidez. Os ISRS têm poucos efeitos anticolinérgicos, adrenolíticos e na condução cardíaca. A sedação é mínima ou inexistente, mas alguns pacientes tendem a se apresentar sonolentos durante o dia nas primeiras semanas de tratamento. Fezes amolecidas ou diarreia acontecem em alguns pacientes. Principais indicações Os ISRSs são eficazes no tratamento da depressão maior. Além do uso como antidepressivo, os ISRSs também são ansiolíticos com eficácia demonstrada no tratamento da ansiedade generalizada, pânico, ansiedade social e transtorno obsessivo-compulsivo. A sertralina e a paroxetina também foram aprovadas para o tratamento do transtorno de estresse pós- traumático (TEPT), embora o tratamento desta condição permaneça altamente desafiador. Os ISRSs também são usados no tratamento da síndrome pré- menstrual disfórica e para prevenir sintomas vasovagais em mulheres pós-menopausa (embora o IRSN venlafaxina seja o fármaco mais extensamente estudado para esse problema). INIBIDORES DE RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA- NOREPINEFRINA Os IRSNs inibem tanto SERT quanto NET. Dependendo do fármaco, da dose e da potência em cada local, os IRSNs provocam aumento da neurotransmissão serotoninérgica e/ou noradrenérgica. Semelhante à ação dos ISRSs, a inibição inicial de SERT induz ativação de autorreceptores 5-HT1A e 5-HTT1D. Esta ação diminui a neurotransmissão serotoninérgica por um mecanismo de retroalimentação negativa até que estes autorreceptores serotoninérgicos sejam dessensibilizados. Então, a concentração aumentada de serotonina na sinapse pode interagir com receptores pós-sinápticos 5-HT. Efeitos adversos Os efeitos adversos desses fármacos – principalmente devido ao aumento da ativação de receptores adrenérgicos – incluem cefaleia, insônia, disfunção sexual, boca seca, tontura, sudorese e perda de apetite. O efeito adverso mais comum observado com a venlafaxina é a náusea, que ocorre em cerca de 25%. Em doses mais elevadas, pode promover hipertensão arterial. Interações medicamentosas Assim como todos os antidepressivos que atuam no sistema serotoninérgico, os IRSN podem desencadear a síndrome serotoninérgica se usados concomitantemente a IMAO ou outros agentes serotoninérgicos. BUSPIRONA A buspirona é a primeira de uma classe de drogas ansiolíticas, as azapironas, sendo o único fármaco dessa classe comercializado no Brasil. Duas hipóteses têm sido propostas como mecanismo de ação, ambas decorrentes de sua ação como agonista parcial dos receptores 5-HT1A: atuação nos receptores pré- sinápticos somatodendríticos (auto-receptores), diminuindo a frequência de disparos do neurônio serotonérgico pré-sináptico; e atuação como agonista parcial nos receptores pós-sinápticos, competindo com a serotonina por esses receptores e, consequentemente, reduzindo sua ação. Aparentemente, a buspirona não acarreta riscos de abuso, dependência ou abstinência, não interage com o álcool ou outras drogas hipnóticas e não apresenta sedação ou prejuízo psicomotor. No entanto, tem como desvantagem um início de ação mais demorado, precisando de cerca de duas semanas de administração para que surjam os primeiros efeitos benéficos. Como sua meia-vida de excreção varia de duas a oito horas, deve ser administrada três vezes ao dia. Aparentemente, a buspirona é menos eficaz que os BZD no tratamento dos sintomas somáticos e autonômicos do TAG, sendo mais indicada quando predominam os sintomas psíquicos, como preocupações, tensão e irritabilidade. Os efeitos adversos mais comumente associados ao uso da buspirona são náusea, vertigem, cefaleia e, ocasionalmente, nervosismo e excitação. 4. IDENTIFICAR AS EMERGÊNCIAS PSIQUIATRICAS E SEU ACOMPANHAMENTO NO ÂMBITO DO SUS. Emergências psiquiátricas podem ser caracterizadas como uma condição em que há um distúrbio de pensamento, emoções ou comportamento, na qual um atendimento médico se faz necessário imediatamente, com o objetivo de evitar maiores prejuízos à saúde psíquica, física e social do indivíduo ou eliminar possíveis danos a outros. As emergências psiquiátricas são complicações das doenças mentais. São causadas por agravamento da própria patologia por primeiro episódio, abandono de tratamento, falta de resposta à terapêutica, desassistência, fatores estressores, abuso de substâncias, entre outros. O correto atendimento previne eventualidades, como piora do surto ou crise, piora do estado de saúde física do paciente, consequências de violência e até morte. Da mesma forma, serviços de emergências psiquiátricas (SEPs) eficientes e bem conduzidos podem diminuir as admissões hospitalares desnecessárias e promover o uso mais eficientedos leitos hospitalares. Quando bem integrados, e com serviços alternativos extra-hospitalares acessíveis, promovem aumento da qualidade do sistema de saúde como um todo, e diminuem os custos. A complexidade de tais quadros exige dos profissionais da saúde treinamento específico e permanente atualização, tanto referente aos aspectos clínicos quanto aos problemas éticos e legais que deverão enfrentar em sua prática diária. No Brasil, os transtornos psíquicos correspondem a cerca de 10% de todos os atendimentos de emergência e urgência de hospitais gerais e dos serviços de pronto- socorro no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre as situações mais frequentes estão: Agitação psicomotora e agressividade; Comportamento suicida e automutilação; Delirium ou estado confusional agudo; Surto ou episódio psicótico; Depressão grave; Transtornos por uso de substâncias (intoxicações, síndromes de abstinência, dependência grave e quadros induzidos); Transtornos ansiosos. Apesar de as emergências ocorrerem em qualquer local, o seu atendimento deve ser prioritariamente realizado em SEPs vinculados a hospitais psiquiátricos ou unidades de emergências em hospitais gerais (UEHGs). O transporte deve ser realizado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a fim de evitar o deslocamento em veículo não preparado e para ser acompanhado por equipe treinada. Uma rede de saúde mental ideal estruturada deverá ter SEPs e UEGHs conjugados na mesma unidade hospitalar. Entretanto, há carência de leitos nos hospitais gerais e a consequente falta de vagas para internação psiquiátrica, o que causa sobrecarga de atendimentos nos SEPs. Nesse tipo de serviço, é importante que os leitos masculinos e femininos sejam separados, para limitar situações de conflitos e abusos físicos ou sexuais. Alguns cuidados são necessários em relação a objetos que podem ser facilmente destruídos. Nesses casos, eles precisam ser acondicionados em estruturas protetoras adequadas. Primeira avaliação em emergências psiquiátricas • Estabilização do quadro: identificar um sintoma alvo no paciente a ser abordado e controlado; • Hipótese diagnóstica: detectar, mesmo que provisoriamente, uma possível causa para a situação de emergência que o paciente se encontra; • Excluir causas orgânicas, como encefalopatia, trauma cranioencefálico, distúrbio metabólico e doenças da tireoide. • Encaminhamento: após estabilização do quadro e controle de riscos, o médico deverá encaminhar adequadamente o paciente para internação hospitalar, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), ambulatório, entre outros. Estratégia geral na avaliação de pacientes I. Autoproteção A. Saber o máximo possível sobre os pacientes antes de entrevistá-los. B. Deixar os procedimentos de contenção física para o pessoal treinado. C. Estar atento para riscos de violência iminente. D. Prestar atenção à segurança do ambiente físico (p. ex., acesso à porta, objetos no recinto). E. Ter outras pessoas presentes durante a avaliação, caso necessário. F. Dispor outras pessoas nas imediações. G. Desenvolver uma aliança com o paciente (p. ex., não confrontar nem ameaçar pacientes com psicoses paranoides). II. Prevenção de danos A. Prevenir autoferimento e suicídio. Usar todos os métodos necessários para impedir que os pacientes causem ferimentos a si mesmos durante a avaliação. B. Prevenir violência contra terceiros. Durante a avaliação, analisar rapidamente o risco de violência que o paciente oferece. Caso seja significativo, considerar as seguintes opções: 1. Informar ao paciente que violência não é aceitável. 2. Abordar o paciente de maneira não ameaçadora. 3. Estabelecer confiança e tranquilizar o paciente ou auxiliar no teste de realidade. 4. Oferecer medicamento. 5. Informar ao paciente que, caso necessário, serão utilizados contenção ou isolamento. 6. Ter uma equipe pronta para conter o paciente. 7. Quando os pacientes estiverem contidos, sempre observá-los com atenção e checar frequentemente seus sinais vitais. Isolar pacientes contidos de estímulos perturbadores. Planejar imediatamente uma nova abordagem – medicamento, tranquilização, avaliação médica. III. Descartar a possibilidade de transtornos cognitivos IV. Descartar a possibilidade de psicose iminente Esquizofrenia: A esquizofrenia é uma modalidade de emergência psiquiátrica considerada bastante complexa. Ela é caracterizada por uma alteração cerebral em que o paciente tem muita dificuldade de fazer um correto julgamento sobre a realidade. A produção de pensamentos simbólicos, a função cognitiva e a elaboração de respostas emocionais também ficam comprometidas. Essa desordem psíquica também pode surgir associada a questões genéticas ou de herança familiar. Ataque de pânico: Geralmente esses indivíduos são encaminhados aos serviços de emergências médicas alegando risco de infarto. No entanto, todos os sintomas costumam desaparecer em torno de uma hora. Assim, quando o clínico geral — ou o cardiologista — faz o diagnóstico, o paciente é orientado a procurar atendimento psiquiátrico. Delírio ou estado de confusão mental: Conforme o nível da doença, os delírios podem deixar o indivíduo mais sonolento ou agitado. No entanto, o ponto em comum é a grande dificuldade de prestar atenção no que está se passando ao redor. Ele perde a referência espacial e frequentemente surgem alucinações severas. Nesses episódios alucinantes, o paciente começa a ver e a sentir algo que não existe. Torna-se agressivo e capaz de cometer quaisquer atitudes insanas para “se defender” da ameaça que está sofrendo. Esses delírios são mais expressivos em dependentes químicos, principalmente durante as crises de abstinência. Psicoses agudas: Durante o surto psicótico, o paciente fica totalmente desorientado, fora da realidade, e muitas vezes não sabe quem é e nem mesmo onde está. Essa emergência psiquiátrica é considerada grave e requer intervenção urgente, dada a possibilidade de o paciente se tornar agressivo e atentar contra a própria vida. Essas atitudes violentas ocorrem porque o indivíduo acredita que alguém o persegue, tem a intenção de prejudicá-lo ou de matá-lo. Tentativa de suicídio: Indivíduos com desordens emocionais graves, provocadas por traumas da infância — ou experiências negativas em outras fases da vida — , problemas financeiros e questões afetivas não resolvidas compõem o grupo de risco para o suicídio. Para contornar os reflexos negativos dessa emergência psiquiátrica, os familiares devem manter constante vigilância para perceber os sinais que podem resultar nesse ato. Encaminhar o indivíduo ao tratamento padrão e complementar a terapia com atividades alternativas pode sinalizar bons resultados. 5. ENTENDER COMO AS DOENÇAS PSIQUIÁTRICAS SÃO NEGLIGENCIADAS NAS REDES DE SAÚDE. Apesar dos avanços da psiquiatria, nos últimos anos, e embora as doenças mentais tenham recebido cada vez mais atenção, as pessoas que sofrem de algum tipo de transtorno continuam sendo negligenciadas. Essa questão tem raízes na própria história da psiquiatria, segundo a Dra. Ana Luísa Lamounier Costa, médica psiquiatra na Secretaria de Saúde do Distrito Federal e mestranda de Filosofia na Universidade de Brasília (UnB). “Somente com Phillippe Pinel, no século XVIII, houve uma tentativa de classificar e tratar as doenças mentais, e não somente isolar os doentes nos manicômios, onde eram frequentemente tratados com violência” Para Dra. Ana Luísa, os indivíduos com problemas mentais são estigmatizados e, muitas vezes, rechaçados do convívio social. Ela explica que pouco se fala abertamente sobre os transtornos mentais, que muitas vezes são associados ao comportamento violento, gerando medo e rejeição daspessoas próximas. “Existe uma crença ainda presente que os transtornos mentais não sejam doenças propriamente ditas, mas falhas de caráter das pessoas que delas sofrem, de modo que muitos pacientes e famílias se envergonham do próprio diagnóstico”, analisa a médica psiquiatra ao afirmar que muitas pessoas ainda têm a crença de que as doenças mentais tenham causas místico-religiosas, fazendo com que os pacientes busquem atendimento médico apenas como último recurso. A especialista defende, para mudar o quadro, a necessidade de abordar as doenças mentais de forma ampla, levando à população um conhecimento livre de preconceito. A ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) vem fazendo a sua parte, tentando colaborar, de forma efetiva e sistemática, na formulação de propostas efetivas de medidas relacionadas à Reforma Psiquiátrica. Os nossos políticos precisam, portanto, tratar com mais atenção, sensibilidade, respeito e eficácia a saúde mental do Brasil, priorizando a intervenção primária logo na infância. Muitos projetos ainda não saíram, infelizmente, do papel. Ainda mais nos países ‘emergentes’ como o Brasil, onde a verba para saúde, infelizmente, acaba sofrendo desvios lamentáveis e os cargos do Ministério da Saúde sendo distribuídos apenas por interesses políticos e partidários e não por meritocracia. O mundo todo precisa se mobilizar para uma efetiva melhora do panorama de saúde mental. Em mais de 60 mil entrevistas realizadas, comprova-se o quanto tais transtornos mentais são subdiagnosticados, tratados de forma inadequada e negligenciados pelas políticas públicas de saúde. É triste, pois sabemos que o controle é perfeitamente possível nos estágios iniciais. Toda a sociedade sairá vencedora. O tema da mesa-redonda era doenças negligenciadas em saúde mental, mas as discussões apontaram uma forma diferente de ver o problema: seriam mesmo as doenças as vítimas do descaso? Para o psiquiatra Leonardo Caixeta, da Universidade Federal de Goiás, o abandono dirige-se, na verdade, a grupos sociais específicos – mais precisamente idosos, índios e moradores de rua – preteridos pela saúde pública e pela população de modo geral. “Quando veem uma mendiga se banhando no rio Tietê, acham graça” “No Brasil, temos uma tolerância exagerada para conviver com doenças mentais, sobretudo quando elas não matam”, criticou Caixeta na mesa realizada no segundo dia (12/7) da 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Caixeta também diz que há doenças que são vistas não como uma patologia, mas como ‘causos curiosos’. Estas não são associadas diretamente a grupos excluídos de representatividade social – como idosos, índios e moradores de rua. A característica comum a elas é a forma escolhida pela população para classificá- las: de modo folclórico ou anedótico. Leonardo Caixeta conheceu um casal de idosos que acumulou uma quantidade de lixo que caberia em 50 caminhões de limpeza. O homem do casal, que apareceu até na televisão, chegou a ser seu paciente. “Esse senhor foi motivo de piada nas ruas, foi maltratado; as pessoas tratam isso como algo engraçado, curioso, e não como uma doença mental, o que de fato é”, retrata Caixeta. Ele afirma ainda que a síndrome de Diógenes é bastante comum em pacientes de idade avançada, o que poderia explicar também o pouco caso com a doença do casal. http://www.meionorte.com/noticias/jornais-e-revistas/prefeitura-recolhe-50-caminhoes-de-lixo-dentro-de-casa-114806.html
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