Buscar

monografia de educação fisica laerte

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Principais Dificuldades dos Alunos das Séries Iniciais com Relação Prática Esportiva
Laerte Pereira de Oliveira
Professor tutor-orientador Gardenia Lidia 
Lago Sul - DF, Julho de 2017
Laerte Pereira de Oliveira
Principais Dificuldades dos Alunos das Séries Iniciais com Relação Prática Esportiva
Monografia apresentada para a banca examinadora do Curso de Educação Física como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharelado em Educação Física sob orientação da Professora-orientadora Gardenia Lidia.
Lago Sul -DF, Março de 2019
TERMO DE APROVAÇÃO
Laerte Pereira de Oliveira
Principais Dificuldades dos Alunos das Séries Iniciais com Relação Prática Esportiva
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bachareladota em Educação Física pela seguinte banca examinadora:
	
Gardenia Ligia
(Professora-orientadora)
	
(Monitor-orientador)
(Examinador externo)
Lago Sul - DF, Março 2019
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente а Deus, pоr ser essencial еm minha vida, autor dе mеυ destino, mеυ guia, socorro presente nа hora dа angústia, e a minha Família.
AGRADECIMENTOS
A Deus ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.
A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior, eivado pela acendrada confiança no mérito e ética aqui presentes.
Aos Minha orientadora Gardenia Lidia, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos.
Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.
EPÍGRAFE
Somos mais do que professores de Educação Física. Somos quem, com nossas palavras podemos encantar, com os movimentos ensinar e o futuro transformar.
Marcos Ribeiro
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo implantar, contribuir e intensificar o ensino filosófico como instrumento para a construção de um saber crítico no município de Santo Antônio do Descoberto-GO, focando-se principalmente na formação de professores. O estudo concentrou-se principalmente no aspecto histórico apropriando-se da tecnologia educacional, em especial, da informática utilizada na Educação a Distância. A pesquisa foi delimitada a professores da rede pública municipal e extendeu-se aos professores da rede  particular do Ensino Médio e Fundamental e alunos do Curso de Filosofia da Faculdade Phênix de Ciências Humanas e Sociais do Brasil. O Estudo tem base teórica na ideal contemplado da filosofia platônica e nos princípios construtivistas do saber e da cidadania. Foram realizadas entrevistas e pesquisas documentais para o levantamento de dados que confirmassem a real importância do estudo histórico da filosofia como instrumento de compreensão das doutrinas e teorias filosóficas Neste ínterim foi avaliado a real condição estrutural e organizacional do município e das instituições de ensino municipal e particular. A análise dos resultados demonstrou o grau de interesses de muitos professores das disciplinas de Filosofia nas escolas particulares e municipais do curso de história da filosofia.  Grande defasagem no que diz respeito ao conhecimento da filosofia e, também, de carência instrumental de acesso à mídia. O resultado demonstrou a necessidade do curso de história da filosofia na modalidade de educação a distância que promovesse este saber de forma objetiva, dinâmica, flexível quanto a didática e que ao mesmo tempo estimulasse a inclusão digital.
Palavras-chave:  filosofia; pesquisa, história, educação; .
ABSTRACT
He present work has as objective implants, to contribute and to intensify the philosophical teaching as instrument for the construction of a critical knowledge in the municipal district of Santo Antonio of the Discovered-GO, fecund-if mainly in the teachers' formation. The study concentrated mainly on the historical aspect appropriating of the educational technology, especially, of the computer science used in the Education the Distance. The research was delimited teachers of the municipal public net and extended-if to the teachers of the net peculiar of the Medium and Fundamental Teaching and students of the Course of Philosophy of Faculae Phoenix of humanities and Social of Brazil. The Study has theoretical base in the contemplated ideal of the platonic philosophy and in the beginnings constructive of the knowledge and of the citizenship. Interviews and documental researches were accomplished for the rising of data that you/they confirmed to real importance of the historical study of the philosophy as instrument of understanding of the doctrines and philosophical theories in this interim were evaluated to real structural condition and organizational of the municipal district and of the institutions of municipal and private teaching. The analysis of the results demonstrated the degree of interests of many teachers of the discipline of Philosophy in the schools private and municipal of the course of history of the philosophy. great default in what concerns the knowledge of the philosophy and, also, of instrumental lack of access to the media. The result demonstrated the need of the course of history of the philosophy in the education modality the distance that promoted this knowledge in an objective way, dynamics, flexible as the didacticism and that at the same time stimulated the digital inclusion.
Word-key:  philosophy; he/she/you researches, history, education;
SUMÁRIO
	
· INTRODUÇÃO.............................................................................................
· JUSTIFICATIVAS E PROBLEMÁTICA.....................................................
· OBJETIVOS................................................................................................
· Objetivo Geral...................................................................................
· Objetivos Específicos.......................................................................
· FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................
· Subtítulo I..........................................................................................
· Subtítulo II.........................................................................................
· Subtítulo III........................................................................................
· METODOLOGIA DE PESQUISA...............................................................
· Tipologia de Pesquisa.....................................................................
· Área de Abrangência........................................................................
· Definição da Amostra......................................................................
· Procedimentos na coleta de dados...............................................
· ANÁLISES, RESULTADOS E DISCUSSÕES..........................................
· CONCLUSÃO..............................................................................................
REFERÊNCIAS.................................................................................................
APÊNDICES.......................................................................................................
	
Introdução
Neste trabalho iremos mostra as Principais Dificuldades dos alunos das Séries Inicias com Relação à Prática de Esporte e sua importancia para a sociedade e para a saúde. Iremos fala também sobre A Educação Física, A História da Paidéia e a Educação Física como Requisito para a Formação da Cidadania, A Evolução das Praticas Esportivas nas Escolas, A Importância das Atividades Física nas Séries Inicias.
A história da Educação Física relaciona-se com as que estudam o passado e o presente das atividades humanas e asua evolução. O homem, condicionado à situações de ser pensante, desempenhou, em todas as etapas da vida, um papel importante na história, da educação física, a qual se propõe a investigar a origem e o desenvolvimento progressivo de suas atividades, físicas, através do tempo: sua importância, as causas de seu apogeu e da sua decadência.
A educação física evolui à medida que se processa a evolução cultural dos povos. Assim, a sua orientação no tempo e no espaço está em sintonia com os sistemas políticos, sociais, econômicos e científicos vigentes nas sociedades humanas.
Na Pré-História havia a preocupação do desenvolvimento, da força bruta, sob o ponto de vista utilitário-guerreiro, em relação caça e sobrevivência do seu bando, sem ideia definida do ponto de vista moral.
Na Antiguidade, os Chineses , foram os primeiros a racionalizar o movimento humano, concedendo-nos, ainda, um consideravel conteudo médico. Criando, o mais antigo sistema de ginástica terapeutico de que se tem noticias: O kong Fou (A arte do homem) surgido por volta de 2.700 a.c. 
Na Antiguidade, os gregos, entretanto, mais evoluídos, visavam ao desenvolvimento físico e moral do homem. Nesse período, a educação física visava o aspecto somático, harmonia de formas, musculatura saliente, sem exagero, de onde surgiram os atletas de porte esbelto. É a fase anatômica da educação física. Já entre os romanos, que herdaram com a conquista da Grécia as atividades físicas dos gregos, em plena decadência, orientavam a educação física, objetivando o desenvolvimento das massas musculares. Poucos se dedicavam à cultura intelectual e muito menos a da moral.
Paideia (em grego antigo: παιδεία) é a denominação do sistema de educação e formação ética da Grécia Antiga, que incluía temas como Ginástica, Gramática, Retórica, Música, Matemática, Geografia, História Natural e Filosofia, objetivando a formação de um cidadão perfeito e completo, capaz de liderar e ser liderado e desempenhar um papel positivo na sociedade.
O conceito surgiu nos tempos homéricos e permaneceu em sua essência inalterado ao longo dos séculos, embora variando suas formas de aplicação e as disciplinas envolvidas, e continua a interessar muitos educadores e pensadores contemporâneos.
O conceito formou-se difusamente no período Arcaico da Grécia Antiga, e cristalizou-se mais especificamente em Atenas no período Clássico. O seu desenvolvimento tem gerado considerável debate entre os historiadores, havendo muitas opiniões divergentes, e mesmo na Grécia, ele era entendido de várias formas, que mudaram ao longo do tempo. No entanto, havia um padrão genérico nitidamente reconhecido. Inicialmente, a palavra paideia (de paidos, criança) significava simplesmente "criação de meninos", e seu escopo era limitado a uma instrução em Ginástica e Música — "música" no sentido das disciplinas presididas pelas Musas, que incluíam, entre outros, elementos de história, eloquência, dança, religião e música propriamente dita. Tinha entre seus objetivos mais centrais a transmissão dos costumes coletivos, e de fato era a expressão e reflexo desses mesmos costumes que passavam de geração em geração.
Educação Física Escolar é um elemento do processo educacional formal, que tem como meio específico as atividades físicas exercidas a partir de uma intenção educativa, possibilitando o desenvolvimento das dimensões cognitiva, afetivo-social e motora de crianças e adolescentes através de exercícios ginásticos, jogos, esportes, danças e lutas. Para se abordar as manifestações da Educação Física escolar brasileira, requer, primeiramente, que se estabeleçam alguns marcos de memória gerais que contribuíram para o seu desenvolvimento. Uma definição de partida concerne à interpretação temporal do corpo que, pouco valorizado no período medieval, reconquistou seu espaço no período renascentista, tendo o exercício físico denominado de ginástica desde o século XVIII, recebido maior ênfase na escola.
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS A Educação Física e seus conteúdos fazem parte do currículo escolar,sendo incluída como uma disciplina regulamentada, sendo reservados no mínimo duas horas semanais para sua aplicação, é possível observar em escolas municipais, a má organização referente às aulas, os conteúdos e os horários estipulados. Alguns municípios destacam-se ao observar que estão cumprindo com os direitos da criança sobre a regular pratica de atividades físicas. Em outros casos a forma com que é aplicada não garante a aprendizagem da criança e em outras escolas nossos alunos não têm este momento para a prática. Os conteúdos desta disciplina são específicos e não se pode deixar que se atropelem, as habilidades motoras precisão ser bem desenvolvidas e trabalhadas de forma que haja aprendizagem por parte do aluno. Relacionar seus contextos e dinamizar as aulas com relação a outros conteúdos e outras disciplinas propõe ao aluno uma ligação do que já aprendeu, questionando sua margem de conhecimento. A brincadeira não se refere apenas em distrações, sua ligação envolve as atividades simbólicas e desenvolve aspectos físicos necessárias para sobreviver e adaptar-se. É através do faz de conta que a criança começa a entender os sistemas das relações sociais, estes papéis preparam-na para entender a vida real. Aos poucos o aluno deixa o faz de conta e passa a entender regras e compromissos para assim participar de atividades mais complexas que o levaram a pequenos e grandes jogos (SILVAet al, 2011).
A Educação Física
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE EDUCAÇÃO FÍSICA 
Histórico 
Para que se compreenda o momento atual da Educação Física é necessário considerar suas origens no contexto brasileiro, abordando as principais influências que marcam e caracterizam esta disciplina e os novos rumos que estão se delineando. No século passado, a Educação Física esteve estreitamente vinculada às instituições militares e à classe médica. Esses vínculos foram determinantes, tanto no que diz respeito à concepção da disciplina e suas finalidades quanto ao seu campo de atuação e à forma de ser ensinada. Visando melhorar a condição de vida, muitos médicos assumiram uma função higienista e buscaram modificar os hábitos de saúde e higiene da população. A Educação Física, então, favoreceria a educação do corpo, tendo como meta a constituição de um físico saudável e equilibrado organicamente, menos suscetível às doenças. Além disso havia no pensamento político e intelectual brasileiro da época uma forte preocupação com a eugenia . Como o contingente de escravos negros era muito grande, havia o temor de uma “mistura” que “desqualificasse” a raça branca. Dessa forma, a educação sexual associada à Educação Física deveriam incutir nos homens e mulheres a responsabilidade de manter a “pureza” e a “qualidade” da raça branca. Embora a elite imperial estivesse de acordo com os pressupostos higiênicos, eugênicos e físicos, havia uma forte resistência na realização de atividades físicas por conta da associação entre o trabalho físico e o trabalho escravo. Qualquer ocupação que implicasse esforço físico era vista com maus olhos, considerada “menor”. Essa atitude dificultava que se tornasse obrigatória a prática de atividades físicas nas escolas. Dentro dessa conjuntura, as instituições militares sofreram influência da filosofia positivista, o que favoreceu que tais instituições também pregassem a educação do físico. Almejando a ordem e o progresso, era de fundamental importância formar indivíduos fortes e saudáveis, que pudessem defender a pátria e seus ideais. No ano de 1851 foi feita a Reforma Couto Ferraz, a qual tornou obrigatória a Educação Física nas escolas do município da Corte. De modo geral houve grande contrariedade por parte dos pais em ver seus filhos envolvidos em atividades que não tinham caráter intelectual. Em relação aos meninos, a tolerância era um pouco maior, já que a idéia de ginástica associava-se às instituições militares; mas, em relação às meninas, houve pais que proibiram a participação de suas filhas. Em 1882,Rui Barbosa deu seu parecer sobre o Projeto 224 — Reforma Leôncio de Carvalho, Decreto n. 7.247, de 19 de abril de 1879, da Instrução Pública —, no qual defendeu a inclusão da ginástica nas escolas e a equiparação dos professores de ginástica aos das outras disciplinas. Nesse parecer, ele destacou e explicitou sua idéia sobre a importância de se ter um corpo saudável para sustentar a atividade intelectual. No início deste século, a Educação Física, ainda sob o nome de ginástica, foi incluída nos currículos dos Estados da Bahia, Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo. A eugenia é uma ação que visa o melhoramento genético da raça humana, utilizando-se para tanto de esterilização de deficientes, exames pré-nupciais e proibição de casamentos consangüíneos. Nessa mesma época a educação brasileira sofria uma forte influência do movimento escola-novista, que evidenciou a importância da Educação Física no desenvolvimento integral do ser humano. Essa conjuntura possibilitou que profissionais da educação na III Conferência Nacional de Educação, em 1929, discutissem os métodos, as práticas e os problemas relativos ao ensino da Educação Física. A Educação Física que se ensinava nesse período era baseada nos métodos europeus — o sueco, o alemão e, posteriormente, o francês —, que se firmavam em princípios biológicos. Faziam parte de um movimento mais amplo, de natureza cultural, política e científica, conhecido como Movimento Ginástico Europeu, e foi a primeira sistematização científica da Educação Física no Ocidente. Na década de 30, no Brasil, dentro de um contexto histórico e político mundial, com a ascensão das ideologias nazistas e fascistas, ganham força novamente as idéias que associam a eugenização da raça à Educação Física. O exército passou a ser a principal instituição a comandar um movimento em prol do “ideal” da Educação Física que se mesclava aos objetivos patrióticos e de preparação pré-militar. O discurso eugênico logo cedeu lugar aos objetivos higiênicos e de prevenção de doenças, estes sim, passíveis de serem trabalhados dentro de um contexto educacional. A finalidade higiênica foi duradoura, pois instituições militares, religiosas, educadores da “escola nova” e Estado compartilhavam de muitos de seus pressupostos. Mas a inclusão da Educação Física nos currículos não havia garantido a sua implementação prática, principalmente nas escolas primárias. Embora a legislação visasse tal inclusão, a falta de recursos humanos capacitados para o trabalho com Educação Física escolar era muito grande. Apenas em 1937, na elaboração da Constituição, é que se fez a primeira referência explícita à Educação Física em textos constitucionais federais, incluindo-a no currículo como prática educativa obrigatória (e não como disciplina curricular), junto com o ensino cívico e os trabalhos manuais, em todas as escolas brasileiras. Também havia um artigo naquela Constituição que citava o adestramento físico como maneira de preparar a juventude para a defesa da nação e para o cumprimento dos deveres com a economia. Os anos 30 tiveram ainda por característica uma mudança conjuntural bastante significativa no país: o processo de industrialização e urbanização e o estabelecimento do Estado Novo. Nesse contexto, a Educação Física ganhou novas atribuições: fortalecer o trabalhador, melhorando sua capacidade produtiva, e desenvolver o espírito de cooperação em benefício da coletividade. Do final do Estado Novo até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, houve um amplo debate sobre o sistema de ensino brasileiro. Nessa lei ficou determinada a obrigatoriedade da Educação Física para o ensino primário e médio. A partir daí, o esporte passou a ocupar cada vez mais espaço nas aulas de Educação Física. O processo de esportivização da Educação Física escolar iniciou com a introdução do Método Desportivo Generalizado, que significou uma contraposição aos antigos métodos de ginástica tradicional e uma tentativa de incorporar esporte, que já era uma instituição bastante independente, adequando-o a objetivos e práticas pedagógicas. Após 1964, a educação, de modo geral, sofreu as influências da tendência tecnicista. O ensino era visto como uma maneira de se formar mão-de-obra qualificada. Era a época da difusão dos cursos técnicos profissionalizantes. Nesse quadro, em 1968, com a Lei n. 5.540, e, em 1971, com a 5.692, a Educação Física teve seu caráter instrumental reforçado: era considerada uma atividade prática, voltada para o desempenho técnico e físico do aluno. 21 Na década de 70, a Educação Física ganhou, mais uma vez, funções importantes para a manutenção da ordem e do progresso. O governo militar investiu na Educação Física em função de diretrizes pautadas no nacionalismo, na integração nacional (entre os Estados) e na segurança nacional, tanto na formação de um exército composto por uma juventude forte e saudável como na tentativa de desmobilização das forças políticas oposicionistas. As atividades esportivas também foram consideradas como fatores que poderiam colaborar na melhoria da força de trabalho para o “milagre econômico brasileiro”. Nesse período estreitaram-se os vínculos entre esporte e nacionalismo. Um bom exemplo é o uso que se fez da campanha da seleção brasileira de futebol, na Copa do Mundo de 1970. Em relação ao âmbito escolar, a partir do Decreto n. 69.450, de 1971, considerou-se a Educação Física como “a atividade que, por seus meios, processos e técnicas, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando”. A falta de especificidade do decreto manteve a ênfase na aptidão física, tanto na organização das atividades como no seu controle e avaliação. A iniciação esportiva, a partir da quinta série, tornou-se um dos eixos fundamentais de ensino; buscava-se a descoberta de novos talentos que pudessem participar de competições internacionais, representando a pátria. Nesse período, o chamado “modelo piramidal” norteou as diretrizes políticas para a Educação Física: a Educação Física escolar, a melhoria da aptidão física da população urbana e o empreendimento da iniciativa privada na organização desportiva para a comunidade comporiam o desporto de massa que se desenvolveria, tornando-se um desporto de elite, com a seleção de indivíduos aptos para competir dentro e fora do país. Na década de 80 os efeitos desse modelo começaram a ser sentidos e contestados: o Brasil não se tornou uma nação olímpica e a competição esportiva da elite não aumentou o número de praticantes de atividades físicas. Iniciou-se então uma profunda crise de identidade nos pressupostos e no próprio discurso da Educação Física, que originou uma mudança significativa nas políticas educacionais: a Educação Física escolar, que estava voltada principalmente para a escolaridade de quinta a oitava séries do primeiro grau, passou a priorizar o segmento de primeira a quarta e também a pré-escola. O enfoque passou a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno, tirando da escola a função de promover os esportes de alto rendimento. O campo de debates se fertilizou e as primeiras produções surgiram apontando o rumo das novas tendências da Educação Física. A criação dos primeiros cursos de pós-graduação em Educação Física, o retorno de professores doutorados fora do Brasil, as publicações de um número maior de livros e revistas, bem como o aumento do número de congressos e outros eventos dessa natureza foram fatores que também contribuíram para esse debate. As relações entre Educação Física e sociedade passaram a ser discutidas sob a influência das teorias críticas da educação: questionou-se seu papel e sua dimensão política. Ocorreu então uma mudança de enfoque, tanto no que dizia respeito à natureza da área quanto no que se referia aos seus objetivos, conteúdos e pressupostos pedagógicos de ensino e aprendizagem. No primeiro aspecto, se ampliou a visão de uma área biológica, reavaliaram-se e enfatizaram-se as dimensões psicológicas, sociais, cognitivas e afetivas, concebendoo aluno como ser humano integral. No segundo, se abarcaram objetivos educacionais mais amplos (não apenas voltados para a formação de um físico que pudesse sustentar a atividade intelectual), conteúdos diversificados (não só exercícios e esportes) e pressupostos pedagógicos mais humanos (e não apenas adestramento). Atualmente se concebe a existência de algumas abordagens para a Educação Física escolar no Brasil que resultam da articulação de diferentes teorias psicológicas, sociológicas e concepções filosóficas. Todas essas correntes têm ampliado os campos de ação e reflexão para a área e aproximado das ciências humanas, e, embora contenham enfoques científicos diferenciados entre si, com pontos muitas vezes divergentes, têm em comum a busca de uma Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser humano. Nas escolas, embora já seja reconhecida como uma área essencial, a Educação Física ainda é tratada como “marginal”, que pode, por exemplo, ter seu horário “empurrado” para fora do período que os alunos estão na escola ou alocada em horários convenientes para outras áreas e não de acordo com as necessidades de suas especificidades (algumas aulas, por exemplo, são no último horário da manhã, quando o sol está a pino). Outra situação em que essa “marginalidade” se manifesta é no momento de planejamento, discussão e avaliação do trabalho, no qual raramente a Educação Física é integrada. Muitas vezes o professor acaba por se convencer da “pequena importância” de seu trabalho, distanciando-se da equipe pedagógica, trabalhando isoladamente. Paradoxalmente, esse professor é uma referência importante para seus alunos, pois a Educação Física propicia uma experiência de aprendizagem peculiar ao mobilizar os aspectos afetivos, sociais, éticos e de sexualidade de forma intensa e explícita, o que faz com que o professor de Educação Física tenha um conhecimento abrangente de seus alunos. Levando essas questões em conta e considerando a importância da própria área, evidencia-se cada vez mais, a necessidade de integração. A Lei de Diretrizes e Bases promulgada em 20 de dezembro de 1996 busca transformar o caráter que a Educação Física assumiu nos últimos anos ao explicitar no art. 26, § 3o , que “a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”. Dessa forma, a Educação Física deve ser exercida em toda a escolaridade de primeira a oitava séries, não somente de quinta a oitava séries, como era anteriormente. A consideração à particularidade da população de cada escola e a integração ao projeto pedagógico evidenciaram a preocupação em tornar a Educação Física uma área não-marginalizada.
História da educação física
A história da educação física relaciona-se com as que estudam o passado e o presente das atividades humanas e a sua evolução. O homem, condicionado à situações de ser pensante, desempenhou, em todas as etapas da vida, um papel importante na história, da educação física, a qual se propõe a investigar a origem e o desenvolvimento progressivo de suas atividades, físicas, através do tempo: sua importância, as causas de seu apogeu e da sua decadência.
A educação física evolui à medida que se processa a evolução cultural dos povos. Assim, a sua orientação no tempo e no espaço está em sintonia com os sistemas políticos, sociais, econômicos e científicos vigentes nas sociedades humanas.
Na Pré-História havia a preocupação do desenvolvimento, da força bruta, sob o ponto de vista utilitário-guerreiro, sem ideia definida do ponto de vista moral.
Na Antiguidade, os gregos, entretanto, mais evoluídos, visavam ao desenvolvimento físico e moral do homem. Nesse período, a educação física visava o aspecto somático, harmonia de formas, musculatura saliente, sem exagero, de onde surgiram os atletas de porte esbelto. É a fase anatômica da educação física. Já entre os romanos, que herdaram com a conquista da Grécia as atividades físicas dos gregos, em plena decadência, orientavam a educação física, objetivando o desenvolvimento das massas musculares. Poucos se dedicavam à cultura intelectual e muito menos a da moral.
•	Origem da educação física
Quando se fala em educação física, forma-se logo no pensamento a imagem de movimento ou locomoção. Logo, não se pode pensar em exercícios físicos sem primeiro atentar para a sua origem: Os antropólogos e paleontólogos, pesquisando certos terrenos geológicos, descobriram que o homem apareceu entre o fim Plioceno e o começo do Pleistoceno.
A existência humana determina necessidades econômicas obrigaram o homem a locomover-se, de uma região para outra, numa mesma época do ano, ou em épocas diferentes, iniciando, assim, inconscientemente o adestramento do corpo, melhorando, através de milhões de anos, o seu aspecto físico para vencer melhor a luta pela vida, quer procurando os bens econômicos, quer defendendo-se ou atacando, sem, no entanto, constituir-se uma preocupação diária, em virtude de ser uma prática natural, do saltar, trepar, correr, lançar, nadar, aprimorando, consequentemente, as funções orgânicas. O elevado grau de desenvolvimento físico, decorrente do trabalho orgânico, agudeza dos sentidos de que eram dotados os povos selvagens, são provas irrefutáveis de que os exercícios físicos, nasceram instintivamente com o homem, em razão de suas necessidades econômicas e biológicas.
A observação que se faz e a conclusão a que se chega, no recém-nascido, por onde, constata-se que "o movimento é o seu gesto mais pronunciado". O instinto de mover o tronco e as extremidades primeiramente arrastando-se, depois andando de gatinhas (quadruptação), logo depois andando, trepando, correndo, saltando e, quando já adulto, sentindo-se forte, surge-lhe o instinto da luta, procurando dominar os mais fracos, depois os de igualdade de condições e às vezes os mais fortes. Esses movimentos e meios de locomoção, certamente, eram mais acentuados nos recém-nascidos primitivos do que nos civilizados, os quais sofreram os influxos progressivos do regime e do meio que passaram a viver.
Nessa altura compreende-se, pois, que a educação física teve origem com o ser vivo e sua racionalização. Com o homem, quando compreendeu ser, o desenvolvimento da potência física, necessária à sobrevivência, remontando a sua prática aos mais antigos povos orientais.
Educação física pelo homem primitivo: Surgiu, como já vimos, com o aparecimento do homem. Porém, na pré-história, não se encontram indícios concretos de como foram praticados tais exercícios pelo homem primitivo, além da imitação. Partindo, todavia, da Lei do Uso (Lamarck), segundo a qual a utilização frequente dos diferentes órgãos, sistemas e aparelhos, em época e situações também diferentes, de acordo com os estágios pelos quais passou o homem, desenvolveu-se e, ao mesmo tempo, aperfeiçoou as funções determinando mudanças morfofuncionais; e do seu aforismo: "A função cria o órgão" (Lamarck), conclui-se que, existindo a espécie animal, existe movimento e, portanto, exercícios físicos, os quais, pela sua repetição, aperfeiçoam e desenvolvem os órgãos, sistemas e aparelhos.
O homem primitivo: Deslocava-se de um lugar para outro a procura de alimentos, marchando, trepando, nadando, saltando e lançando as suas diferentes armas de arremesso.
Pela repetição contínua desses exercícios, na luta pela sobrevivência, aperfeiçoava as funções educando-as gradativa e inconscientemente, segundo as leis naturais de criação (biológicas), confirmando pelo aforismo: "Natura non facit saltus" (Cuvier).
Educação física no Período Oriental
•	Educação física na China: O povo chinês mantém as características da civilização mais primitiva na Terra. Ninguém sabe da onde vieram e qual a sua raça. Remonta, sua origem, segundo a mitologia, a Pan-ku (o primeiro homem) que teria trabalhado 18 mil anos, ano 2 222 000 a. C.
•	Educação física no Japão: A palavra Japão é uma corrupção do vocábulo malaio Japang ou Japum que designaas ilhas; é uma tradução do termo Nippon que por sua vez é uma corruptela do nome chinês Jith-Pon ("lugar donde vem o sol"). Geralmente, os nipônicos empregam a palavra Nippon, com o adjetivo Dai, que significa Grande (Dai Nippon - Grande Japão). O império foi fundado pelo Imperador Jimm, 647 a. C.
•	Educação física no Egito: Os egípcios, segundo se pode afirmar, 5000 a C., aparecem na história como uma civilização adiantada. A princípio, o povo vivia em tribos, tendo cada uma delas suas leis e sua religião; mais tarde se reuniram, no alto e baixo Egito, para formarem o reino do Egito, sob a direção de um chefe único, o Faráo (Pharaon ou Piraout, o Duplo Grande Mora; vem de Phrah, o sol), que o povo acreditava ser a encarnação do deus nacional Horus, o filho do deus-sol Rá, cuja dualidade é simbolizada pela Serpente e pelo Falcão, a cana e a abelha, o Lotus e o papiros.
•	Educação física no Irã: Denominava-se povos iranianos os elamitas (primitivos), os Medas e os Persas, que habitavam o vasto Planalto do Irã, continuação do Pamir, região que se estende do Mar Cáspio ao golfo pérsico e do Rio Tigre ao Indus; o primeiro de raça turanina, descendente dos Sumérios, os dois últimos de raça ariana.
•	Educação física dos mesopotâmicos: Denominava-se povos mesopotâmicos os Sumerianos, os acadianos, amorreos (o Oeste) e elamitas, que habitavam a região compreendida entre os rios Tigres e Eufrates, chamada Mesopotâmia (entre rios), que, vindos das montanhas da Armênia.
Educação física na Antiguidade
Mundo Egeu, Civilização Pré-Helênica
Bom se relacionando aos gregos e outros anteriores a 2000ªC., pouco se sabia até o século passado, quando, em 1878, um comerciante cretense, Minos Kalokairinos, desenterrou estranhas antiguidades ao sul de Heraclião (antiga Creta), a seguir, os arqueólogos Heinrich Schliemann, alemão 1822-1890, Arthur Evans, inglês, (1851-1941), investigando, efetuaram escavações na Ásia Menor (Troia) e no Peloponéso (Micenas, Pilos e Tirinto), encontrando vestígios de antiguissima civilização, que florecera a uns 3000 a.C. Estudos efetuados posteriormente forneceram elementos que permitiram melhor conhecimento da Grécia pré- histórica, revelando ao mundo ter existido a Civilização Egeana, até então ignorada, originária da Ilha de Creta, cujos habitantes eram chamados Kefti (insulanos ou marítimos), que formaram a base da civilização egeia, precursora da grega.
As escassas informações, dessa civilização, passaram à história através de estranhos hieróglifos gravados em monumentos, armas, ídolos, cerâmicas, joias, tabletes de argila etc., estes, descobertos nas ruínas de Cnossos, até hoje permanecem indecifráveis. A falta da escrita, as pinturas encontradas, não proporcionam dados expressivos a respeito dos costumes e instituições de Creta.
Sistema educativo
Os muros, recentemente desenterrados, mostraram que a cultura física era praticada com tal paixão, sob o aspecto de exercícios de força e destreza, que chegaram a construir praças de jogos ou circo. Pelos pictogramas e pinturas de cenas esportivas, encontradas, nos muros. Conclui-se que os cretenses praticavam diversos jogos (corrida a pé, saltos, touradas; danças, exercícios ginásticos; Pugilismo, Boxe, lutas e gladiadores; jogos de xadrez e caça). A educação física era praticada, como se pôde deduzir, sob os aspectos militar, esportivo, médico e rítmico.
•	Aspecto militar: Com este objetivo preparavam o exército para a guerra, sob o caráter guerreiro, em toda sua amplitude, para desenvolver o sangue frio e a coragem, utilizando-se da luta de gladiadores entre homens, e entre homens e mulheres com os animais ferozes, tal qual foi mais tarde praticado em Roma, e com o mesmo fim, isto é, de alegrar a aristocracia debochada e sedenta de crueldade e prazer, e acostumar a ver matar.
•	Aspecto esportivo: Desenvolvia, individual e coletivamente, as qualidades guerreiras;
Caráter individual: Praticavam os esportes que desenvolviam as qualidades inatas do guerreiro, tais como coragem, ousadia, resistência e confiança em si mesmo. Entre muitos exercícios salienta-se de uma maneira especial:
a) Corridas a pé: As quais formavam a base dos exercícios de destreza e agilidade, com o objetivo de aplicá-lo as corridas de touros.
b) Pugilismo: Constituído de uma espécie de Boxe, parecido com o box dos dias atuais, no qual era permitido golpearem-se tanto com os pés como com os punhos, tal como no Pancrácio dos gregos, ou o “catch_as_catch_can” dos americanos do norte. Muitos lutadores encontravam, a mais das vezes, a morte no decorrer do combate. Os atletas, já nessa longinquá época, eram divididos em categorias, assim compreendidas: peso leve, que lutavam de mãos livres, podendo golpearem-se com os pés; peso médio, que usavam capacetes, com penachos e luvas; peso pesado, que eram protegidos com um capacete, máscara e luvas de couro acolchoadas, compridas e trançadas. Lutavam até que um deles caísse exausto e o vencedor o pisasse triunfante.
c) Combate de gladiadores: Este combate, levado a efeito no próprio local do sacrifício ao culto a Minotauro, em que se sacrificavam vítimas humanas (escravos ou prisioneiros), no qual o vencedor obtinha a liberdade e o vencido era sacrificado, costume esse encontrado na Grécia primitiva como herança da civilização cretense e mais tarde, em Romacomo herança da Grécia, quando a conquistaram.
d) Corridas de touros: Com o correr dos tempos, a luta de gladiadores tornou-se insípida e foi substituída pela corrida de touros dentro da arena, como parte integrante do culto sagrado ou touromáquico, em homenagem a divindade touro-homem, em que a vítima em geral terminava espetada nos chifres dos touros bravos.
Caráter coletivo: Este compreendia as caçadas e corridas de carros, com o espírito de competição e recreativo. Na caça empregavam animais selvagens, águias, cães de raças, costume que passou aos povos de origem asiáticas (árabes e egípcios).
História da Educação Física no mundo
 EDUCACAO-FISICA
A origem da educação física remota a tempos do homem primitivo que precisava desenvolver capacidades corporais com a finalidade de ganhar seus desafios, porque era uma questão de vida ou morte. Só que tudo isso acontecia de maneira inconsciente, mas é neste período que podemos verificar os primeiros registros da força física humana sendo exercida.
O corpo humano adquiriu uma anatomia que nada mais é do que o resultado evolutivo de um refinamento realizado por nossos ancestrais que necessitavam correr, nadar, levantar, pular, entre outros exercícios para a sua sobrevivência. Estes princípios foram aperfeiçoados com base nas necessidades de ataque e defesa, mostrando que neste processo evolutivo a agilidade, destreza e a força eram qualidades que os tornavam privilegiados com relação a outros animais. O nosso polegar, por exemplo, possui este desenvolvimento para nos dar possibilidade para arremessamentos. 
Historiadores desvendaram que no Oriente os humanos logo começaram a se tornar mais civilizados devido aos exercícios que tinham um sentido moral preparatório para a vida. Na Índia, a atividade física estava completamente unida com o ensino e a religião daquela sociedade. Algumas práticas na China conferiam a guerra de forma a aprimorar as qualidades físicas e motoras dos guerreiros. 
O berço dos esportes, remota à sociedade grega antiga, em um momento onde a atividade física era muito importante e estava ligada a intelectualidade e a espiritualidade em forma de mitologia e de filosofia de vida, onde o corpo bem definido possuía bons olhares, tais como vitalidade, destreza, saúde e é claro, força. Foi nesta época em que os próprios gregos criaram os Jogos Olímpicos, onde os mesmos faziam homenagens aos seus deuses com a prática de competições. 
A educação física no Brasil teve origem graças a uma grande miscigenação cultural, desde os índios que aqui já habitavam até os imigrantes que acrescentaram inúmeras fontes para que a atividade física fosse aprimorada de acordo com as necessidades de seu tempo. Mas a educação físicacomo disciplina possui a sua origem por volta da metade do século XIX, sendo este o período do Brasil Império, onde existiam leis que incluíam a ginástica na grade de ensino dos estudantes. Porém, apenas na década de 1990 que a atividade física obtém um status mais amplo na sociedade, até se tornar o que conhecemos atualmente.
A História da Paideia e a Educação Física com o Requisito para a Formação da Cidadania
Paideia
Paideia (em grego antigo: παιδεία) é a denominação do sistema de educação e formação ética da Grécia Antiga, que incluía temas como Ginástica, Gramática, Retórica, Música, Matemática, Geografia, História Natural e Filosofia, objetivando a formação de um cidadão perfeito e completo, capaz de liderar e ser liderado e desempenhar um papel positivo na sociedade.
O conceito surgiu nos tempos homéricos e permaneceu em sua essência inalterado ao longo dos séculos, embora variando suas formas de aplicação e as disciplinas envolvidas, e continua a interessar muitos educadores e pensadores contemporâneos.
A paideia na Grécia
 
Récita de poesia por um jovem acompanhado de um músico. Durante muito tempo uma das formas de transmissão da cultura foi a récita poética. Relevo funerário, ca. 420 a.C. Gliptoteca de Munique.
O conceito formou-se difusamente no período Arcaico da Grécia Antiga, e cristalizou-se mais especificamente em Atenas no período Clássico. O seu desenvolvimento tem gerado considerável debate entre os historiadores, havendo muitas opiniões divergentes, e mesmo na Grécia, ele era entendido de várias formas, que mudaram ao longo do tempo. No entanto, havia um padrão genérico nitidamente reconhecido. Inicialmente, a palavra paideia (de paidos, criança) significava simplesmente "criação de meninos", e seu escopo era limitado a uma instrução em Ginástica e Música "música" no sentido das disciplinas presididas pelas Musas, que incluíam, entre outros, elementos de história, eloquência, dança, religião e música propriamente dita. Tinha entre seus objetivos mais centrais a transmissão dos costumes coletivos, e de fato era a expressão e reflexo desses mesmos costumes que passavam de geração em geração.
De acordo com Kevin Robb, os gregos reconheciam que paideia era em suma a aceitação dos modelos dos ancestrais, na forma como um jovem, à medida que cresce, aceita e imita o modo de vida de seus pais e seus "ídolos" em geral os melhores atletas e guerreiros , um processo de transmissão de cultura que o autor pondera ser tão velho quanto a espécie humana. Uma vez que no período Arcaico a transmissão da cultura estava fundamentada essencialmente na oralidade, o resumo da civilização grega Arcaica compilado por Homero em suas obras poéticas teve um importante papel no sentido de organizar esse corpo de conhecimento e tradições coletivas, e a ampla autoridade que Homero ganhou entre os gregos garantiu sua perpetuação de uma forma relativamente estável por muito tempo. Não por acaso a educação envolvia a memorização e récita da poesia homérica, concebida também como instrumento didático e moralizante, e não apenas um deleite para os sentidos ou um simples entretenimento.
Platão pensava que "a essência de toda a verdadeira educação ou paideia é a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento". Aristófanes disse mais ou menos o mesmo, declarando em As Nuvens que o objetivo da educação não era simplesmente adquirir o domínio sobre as matérias ministradas, mas produzir igualmente a excelência moral, enlaçando as potencialidades mentais e físicas em um caráter bem formado, de tal maneira que o homem pudesse ser um melhor cidadão. Como interpretou modernamente Werner Jaeger, um dos principais estudiosos do tema, os gregos deram o nome de paideia a "todas as formas e criações espirituais e ao tesouro completo da sua tradição, tal como nós o designamos por Bildung ou pela palavra latina, cultura". Daí que, para traduzir o termo paideia"não se possa evitar o emprego de expressões modernas como civilização, tradição, literatura, ou educação; nenhuma delas coincidindo, porém, com o que os gregos entendiam por paideia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global. Para abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá-los todos de uma só vez". Segundo Marrou, na sua abrangência, o conceito de paideia não designa unicamente a técnica própria para, desde cedo, preparar a criança para a vida adulta. A ampliação do conceito fez com que ele passasse também a designar o resultado do processo educativo que se prolonga por toda vida, muito para além dos anos escolares. A paideia, vem por isso a significar "cultura entendida no sentido perfectivo que a palavra tem hoje entre nós: o estado de um espírito plenamente desenvolvido, tendo desabrochado todas as suas virtualidades, o homem tornado verdadeiramente homem".
Evolução do conceito
 
O ideal da educação completa encontrou expressão visual nas artes da época, com a construção de um modelo estético para o corpo humano de vasta influência posterior, que conjugava naturalismo e idealismo e simbolizava as virtudes do cidadão perfeito, alguém que cultivava harmoniosamente a mente, a alma e o corpo, como é exemplo o Doríforo de Policleto. 
O sistema de educação, antes do século V a.C., que veio a ser conhecido como "Sistema Antigo", não era bem estruturado: o ensino podia ser ministrado conforme a aptidão e disponibilidade dos professores e alunos, e era muito dependente da iniciativa individual. Refere Platão que o ensino não tinha uma duração determinada, mas uma vez deixada a adolescência esperava-se que a pessoa passasse a completar sua educação por conta própria na vida em sociedade. 
Aparentemente os jovens recebiam a educação em dois espaços distintos: um para a ginástica e outro para a música, mas a princípio qualquer lugar podia ser aproveitado. Contudo, a formação em ginástica exigia equipamentos especiais, encontrados em geral nas palestras, que eram simples "escolas de luta", mantidas por privados e existentes em grande número, ao passo que os ginásios públicos eram poucos, mas mais estruturados, e em geral destinados à prática esportiva de adultos, ao preparo dos atletas que deveriam participar dos Jogos, e ao treinamento dos efebos que ingressavam na vida militar, ministrado por oficiais do governo. Este treinamento também fazia parte da paideia, uma vez que o exercício militar era obrigatório e parte importante na vida da Grécia Antiga, embora pouco se saiba com segurança sobre ele. Depois da fixação literária da poesia homérica, de início transmitida oralmente, a instrução na leitura e escrita também passou a fazer parte da educação da juventude, a qual passou em boa parte a depender da alfabetização. Contudo, esse desenvolvimento aconteceu lentamente, e até o século V a.C. a literacia permaneceu baixíssima mesmo entre a elite. 
Mas, se até então o objetivo fundamental da educação era a formação aristocrática do homem individual como kalos kai agathos ("belo e bom"), a partir do século V a.C., exige-se algo mais da educação. O Sistema Antigo, baseado na ginástica e na música, deixava de ser suficiente. Mas um ideal de maior amplitude somente se cristalizaria após a popularização do Sofismo. Muitos sofistas estrangeiros se fixaram em Atenas, exercendo profundo impacto no sistema educativo, minimizando os aspectos ginásticos e enfatizando os intelectuais e literários. Ao mesmo tempo, eles objetivaram atuar não tanto no preparo dos infantes, mas instituíram como que um "segundo grau" na educação, criando cursos de aperfeiçoamento que antes não eram facilmente acessíveis nem eram sistematizados. Eles divulgaram suas ideias agressivamente com uma intensa propaganda, centrada nos locais de maior visibilidade, como a ágora e os ginásios públicos, e contribuíram para a profissionalização dos professores. Apesar disso, seus esforços não foram coordenados. Os mestres agiam independentemente, itineravampor várias cidades e locais ministrando aulas privadas em assuntos que elegiam ao seu critério individual, e não instituíram verdadeiras escolas no sentido moderno, instituições estáveis com currículo fixo. Sua influência, por outro lado, se fez sentir nas instituições tradicionais de Atenas, como o Liceu e a Academia, que a partir do século IV a.C., no período Clássico, se tornaram centros importantes de ensino avançado. 
Durante muito tempo os ideais educativos de Esparta, onde prevalecia um modelo mais conformista e estático que preparava principalmente para as artes guerreiras, competiram com os de Atenas, mais livre e aberto e mais humanista e cultural, e que deixou um legado duradouro transmitido até os dias de hoje. Não obstante, é preciso observar que a educação ateniense era dirigida principalmente aos cidadãos, estatuto que cabia aos homens livres detentores de direitos políticos, e não a escravos ou estrangeiros. Tampouco a educação objetivava a formação profissional em ofícios braçais, ocupações reservadas aos não-cidadãos. Para Manuel Ferreira Patrício, os sofistas realizaram uma síntese dos esforços educativos gregos até sua época e instalaram definitivamente a aretê, o seu conceito de virtude, dentro da estrutura do Estado:
 
A Academia de Platão em Atenas. Mosaico em Pompeia, ca. séc. I
"Realizara o ideal de formação aristocrática, das classes nobres, em Homero; ajustara-se à educação dos camponeses, em Hesíodo; transformara-se na agogê espartana, pela poderosa criação poética de Tirteu; viera a ser a reassunção do ideal homérico de nobreza por Teógnis e Píndaro, veiculando com o conceito de aretê a afirmação absoluta do princípio aristocrático da raça, fundamento da comunidade de sangue. Vai ser agora, decididamente e decisivamente, a afirmação do princípio democrático, fundamento da comunidade dos cidadãos, de todos os cidadãos livres do Estado. Esta comunidade é a estirpe da pólis democrática, ampliação da comunidade de sangue e gérmen da educação humana tal como o Ocidente veio a entendê-la".[11]
Platão daria uma contribuição fundamental ao transformar o sistema anárquico dos sofistas em uma escola permanente de nível superior na sua Academia Platônica, colocando a transmissão da paideia na dependência da instrução literária, jurídica e filosófica. Apesar das suas transformações, a paideia em si, no sentido de uma educação completa e tradicional de fundo cívico e moral, pouco mudou em relação à sua inicial concepção Arcaica, mais mudaram as formas como a educação era dada e as especialidades que passaram a ser incluídas na ideia de "educação completa", que se multiplicaram á medida que a civilização grega evoluía e se diversificava e a literacia ficava acessível a uma população muito maior. Segundo Torres,
"O período Clássico representa o apogeu dos desenvolvimentos educacionais da Grécia antiga. Foi nesse período que houve um nivelamento democrático da educação e os ideais da paideia se materializaram de forma mais visível: o pendor atlético, a ênfase artística (principalmente através da poesia e da música), a atenção à gramática, a crescente importância atribuída à literatura, a subordinação da instrução à educação, o surgimento de uma noção de currículo (incluindo aritmética, geometria, acústica, astronomia, literatura, retórica e dialética) e a criação de duas etapas de aprendizado (quadrívio científico e trívio literário)". 
A paideia no cristianismo
 
Estatueta do Bom Pastor, uma imagem recorrente nos primeiros tempos do cristianismo, alusiva ao papel de Jesus como o mestre perfeito. Século III, Museu Pio-Cristão.
A fama da cultura grega fez com que os romanos adotassem muitos dos seus princípios e se inspirassem no sistema da paideia para organizar seu próprio sistema educativo, difundindo-o por toda a volta do Mediterrâneo, inclusive na Palestina, onde há evidências do estabelecimento de escolas gregas desde o século III a.C. Porém, não foi sem resistência que os palestinos aceitaram os costumes estrangeiros, principalmente por parte dos sacerdotes judeus, que não aprovavam a competição que essas escolas faziam com as escolas das sinagogas e para quem a nudez praticada nos ginásios constituía grave ofensa às leis de sua religião. No entanto, a frequentação das escolas gregas acarretava distinção social, numa fase em que esta região era dominada pelos romanos. 
Com o surgimento do cristianismo a tradição foi continuada pelos primeiros Padres da Igreja, mas com novas adaptações, colocando a teologiacomo a base da educação.[16] Como disse Davey Naugle, "neste contexto, o aprendizado era uma forma de disciplina cristã, uma parte do discipulado, e mesmo uma forma de culto". Mas além da teologia e da tradição judaico-cristã, foram assimiladas outras áreas do conhecimento, e mesmo a tradição clássica pagã foi largamente aproveitada, atualizando a paideia grega à luz da nova fé, tendo agora Jesus como o mais perfeito pedagogo e a Bíblia como o compêndio educativo essencial. Além disso, a sólida formação em retórica oferecida pelo sistema grego oferecia uma boa base para os cristãos defenderem melhor a sua fé publicamente. O aproveitamento da filosofia grega também proporcionou aos filósofos e teólogos cristãos meios de consolidar os fundamentos da religião e dar-lhes um contorno mais acessível à razão, ao mesmo tempo possibilitando a fixação de novos dogmas e o combate às heresias e ao paganismo. Nas palavras de Barros,
"Trabalha-se então em várias frentes, mas o maior problema é enfrentar o ideal de cultura grega como um todo e neste confronto solidificar a liderança espiritual da doutrina cristã. Deste encontro histórico o resultado será uma teologia cristã que não pode ocultar sua dívida com a erudição clássica. Prega-se uma nova paideia que tem em Cristo seu ponto vital e ao mesmo tempo preparam-se os andaimes de uma nova civilização, a civilização cristã. [...] É neste contexto que se constrói uma verdadeira literatura cristã, muitas vezes livremente alimentada na tradição grega".
Ao longo da Idade Média o conceito de uma educação total para a formação de uma pessoa completa, moral e útil à sociedade permaneceu vivo, e se multiplicaram os tratados que buscavam abranger a totalidade do conhecimento sobre o homem, a natureza e Deus. Este desejo de universalidade foi a base da educação medieval de alto nível, consagrada na fórmula do trivium e do quadrivium, e deu as bases para a consolidação do sistema universitário. A partir da Idade Moderna manteve-se o interesse por uma educação completa, mas o fortalecimento da ciência e do experimentalismo individual deu mais ênfase à investigação crítica e objetiva da verdade, relativizando e minando os fundamentos monolíticos da educação medieval, que dava um relevo preponderante à tradição, ao misticismo e à autoridade da Igreja e dos antigos mestres, e que buscava respostas absolutas de validade universal e eterna. 
Atualidade
O conceito grego ainda tem grande apelo para os historiadores, filósofos e educadores contemporãneos, foi o tema do XX Congresso Mundial de Filosofia organizado pela International Federation of Philosophical Societies em Boston em 1998, e muitos o têm proposto como uma fórmula válida para a sociedade de hoje, considerando que ela tem se caracterizado pela fragmentação e superficialidade da educação e pela perda de referenciais morais sólidos. Como observou Daise Diniz,
"A educação, para nossos antigos filósofos, foi acima de tudo um exercício para o bem viver em comunidade, uma convivência calcada, sobretudo, na responsabilidade para com os outros e no respeito mútuo, que instaura a harmonia e preserva a dignidade entre os seres. A razão humana, no que tinha de mais sublime, era enfocada no ato de educar. [...] A questão que fica para nós é como estamos lidando com essa herança grega, num mundo em que se convencionou dissociar o sucesso do desenvolvimento do caráter. [...] O ato de educar foi barbarizado, barbarizado pela apatia, pelo politicamente correto e pelas falácias produzidas pela mídia. Nesse sentidoé que o ato de educar torna-se um tema vivo, por necessitar de constante reflexão. A reflexão sobre que seres e que sociedade desejamos para nossa geração e para as gerações futuras. Essa era a questão da paideia grega, uma vez que, na Grécia Antiga, educava-se para a vida em comunidade, em todas as suas nuanças. É preciso indagar se nossas práticas educativas têm ajudado para nos tornarmos seres melhores, posto que o ato de educar pode ser o motor da construção de sujeitos éticos dotados de responsabilidade, solidariedade e de caráter para dar novos rumos à história humana".
Projetos modernos de escolas de tempo integral, com um currículo diversificado, também se inspiram no antigo ideal grego de educação completa. Considerando a grande dependência da cultura ocidental dos princípios lançados na Grécia Antiga, disse o filósofo Hans-Georg Gadamer que um retorno aos gregos é para os ocidentais como que um reencontro consigo mesmos. 
HISTÓRIA E FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: DA PAIDEIA GREGA AO PRAGMATISMO ROMANO Antônio Roberto Xavier1 Resumo: Este artigo tem como escopo principal compreender e atualizar um debate histórico-filosófico sobre educação e seus aspectos epistemológicos, traçando, sucintamente, uma ponte cognitiva entre a Paideia grega e o pragmatismo educacional romano. Este artigo é uma revisão bibliográfica de abordagem qualitativa e segue o método dedutivo interpretacional dos conteúdos presentes em fontes secundárias. Ao desenvolver está escrita, partiu-se do pressuposto de que educação é um daqueles termos de significados bem amplos, que, por mais que se procure definir, não se conseguem esgotar as acepções e concepções acerca de seus significados e implicações em âmbito coletivo nos diferentes momentos do saber-fazer humano. Todavia, em razão de seu variado e volumoso arcabouço de sentidos e por ser sua busca uma constante das e nas sociedades, o uso ou mau uso do vocábulo educação, muitas vezes, tem se tornado banal ou irreflexivo, praxiologicamente. O uso do vocábulo educação, em certas circunstâncias, tem deixado de representar suas reais finalidades por ser empregado de forma deslocada dos padrões sociais, morais e/ou éticos pertinentes. Com efeito, é possível que, ao se falar sobre educação, venham à tona, através do senso comum, aspectos referentes às escolas, seus muros, grades, portões, cadeados, direção, coordenação, professores, quadros e uma infindável lista de diretrizes, normas e sanções raramente cumpridas. Entretanto, conforme é demonstrado neste trabalho, educação é uma prática social indispensável para o viver e evoluir positivamente em sociedade. Para tanto, necessário se faz entender os diversos princípios, funções e demandas educacionais nos diferentes contextos da história da humanidade. Palavras-chave: Educação. História. Filosofia. Paideia Grega. Pragmatismo Romano. Abstract: This article has the scope to understand and update a historical-philosophical debate about education and its epistemological aspects tracing briefly a cognitive bridge between the Greek Paideia and the Roman educational pragmatism. This article is a literature review, qualitative approach and follows the interpretational deductive method of the contents on secondary sources. In developing this writing, he broke than 1 Pós-Doutorando pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestre em Políticas Públicas e Sociedade e em Planejamento em Políticas Públicas, ambas as formações pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), especialista em História e Sociologia pela Universidade Regional do Cariri (URCA) e graduado em História pela UECE e em Pedagogia pela Faculdade Kurios (FAK). Membro titular do Conselho Superior Universitário (Consuni). Professor adjunto da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), lotado no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA). Professor permanente do Mestrado Acadêmico em Sociobiodiversidade e Tecnologias Sustentáveis (MASTS) da Unilab. Atua nas seguintes Linhas de Pesquisa: 1) Políticas Públicas, Governo e Sociedade; 2) Políticas Sociais; 3) História e Memória da Educação; 4) Etnociências, Saberes Populares e Interdisciplinaridade. Desenvolve também pesquisas em Bio(auto)grafia de professores quilombolas e professores leigos, além de Gênero, Museologia, Patrimônio; Oralidade, Memória e Narrativas Biográficas. É líder do Grupo de Pesquisa Gestão de Políticas Sociais (GPS), vice-líder do Grupo de Pesquisa História, Cultura, Memória e Educação (Hicume), ambos da Unilab, vinculados ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e integrante do Núcleo de História e Memória da Educação (Nhime) da UFC, também vinculado ao CNPq. E-mail: . Lattes: . HISTÓRIA E FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: DA PAIDEIA GREGA... Antônio Roberto Xavier Ano 3 n. 9 Setembro - Dezembro 2016 p. 81 - 99 82 education assumption is one of those terms of very broad meaning that for longer look set you can not exhaust the meanings and conceptions about their meanings and implications in a community basis at different times of know- make human. However, because of their varied and voluminous framework of meanings and to be your search of a constant and societies, the use or misuse of the word education, often has become banal or unreflective, praxiologicamente. The use of the word education in certain circumstances, has failed to represent their real purposes for being employee so displaced social standards. Moral and / or ethical relevant. Indeed, it is possible to talk about education come to the fore, through common sense, this refers to schools, its walls, railings, gates, padlocks, direction, coordination, teachers, staff and an endless list of guidelines, norms and sanctions rarely met. However, as demonstrated in this work, education is an indispensable social practice to live and evolve positively in society. Therefore, the need to make understand several principles, functions and educational demands in different areas of human history. Keywords: Education. History. Philosophy. Paideia Greek. Pragmatism Romano. Etimologicamente, a palavra “educação”, em língua portuguesa, tem suas origens vinculadas à palavra grega notiSeía, à latina educatio, à inglesa education, à francesa éducation, à alemã erziehung, tendo seus vocábulos correspondentes nas demais línguas relacionados sempre ao sentido genérico, primeiramente, de transmissão e aprendizagem do conjunto das técnicas de trabalho (cultivo), visando à sobrevivência humana e ao respeito à moral e à religiosidade. Num segundo momento, o vocábulo educação é a arte compreensiva do legado cultural (das boas artes, da poesia, da filosofia) de geração para geração, com vistas ao aperfeiçoamento das técnicas anteriores, da moral e do seguimento dos padrões sociais estabelecidos para formar o homem singular na sua forma genuína. Essa circunstância aplica-se desde as sociedades primitivas. 1 – O primeiro conceito de E. como se disse, é posto em prática pelas sociedades primitivas e também, parcialmente, nas sociedades secundárias, sobretudo no que tange à E. moral e religiosa. Consiste na transmissão pura e simples das técnicas consideradas válidas e na transmissão simultânea da crença no caráter sagrado, portanto imutável, de tais técnicas. Na tradição pedagógica do Ocidente, esse conceito de E., por motivos óbvios, foi formulado e defendido poucas vezes.– No segundo conceito de E., a transmissão das técnicas já adquiridas tem sobretudo a finalidade de possibilitar o aperfeiçoamento dessas técnicas através da iniciativa dos indivíduos. Nesse aspecto, a E. é definida não do ponto de vista da sociedade, mas do ponto de vista do indivíduo: a formação do indivíduo, sua HISTÓRIA E FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: DA PAIDEIA GREGA... Antônio Roberto Xavier Ano 3 n. 9 Setembro - Dezembro 2016 p. 81 - 99 83 cultura, torna-se o fim da educação. A definição de E. na tradição pedagógica do Ocidente obedece inteiramente a essa exigência. Esses conceitos repetem-secom tal uniformidade na tradição pedagógica que não chegam a constituir novidade do ponto de vista filosófico. (Abbagnano, 1998, p. 306-307). Pelo visto, a educação surge pari passu à existência humana, e a primeira forma de educação se dá de maneira informal e tem por finalidade a sobrevivência da própria espécie humana. No decorrer de seu desenvolvimento, há o domínio e o aperfeiçoamento das técnicas educativas transformadoras do habitat natural. As características dessa educação concentram-se na transmissão e perpetuação do legado cultural nas mais diversas e distintas coletividades humanas. Inicialmente, a transmissão e o aprendizado do/no meio em que os seres vivos surgiram ocorreram por meio dos gestos e depois por meio da oralidade, visando à sobrevivência da espécie. “Numa vasta aceitação, a educação designa o conjunto das influências do ambiente, as dos homens ou as das coisas, chegando a transformar o comportamento do indivíduo que as experimenta, educação da vida” (Arenilla et al., 2001, p. 167). Segundo Bergson (1941), a educação tem como função precípua levar o ser humano a ousar na sua ação, a criar através dessa ação, necessitando esse ser humano de liberdade, podendo a educação fomentar a liberdade para que o ser se energize em atos com todo seu espírito. Essa função, se, por um lado, é coerente com o pensamento foucaultiano (2011); por outro, não condiz com a reprodução conservadora da moral social atribuída ao papel da educação burguesa, sobretudo dos defensores positivistas/funcionalistas (Freire, 1976; Marx et al., 1976; Meksenas, 1988). Em linhas gerais, parece ser válido afirmar que a educação é um processo tanto de ensino-aprendizagem quanto de socialização/endoculturação em espaços e contextos sociais no âmbito do desenvolvimento humano. Contudo, a educação, sobretudo a formal, não se processa por si só. Seu desenvolvimento depende de profissionais na área, que, dependendo de suas desenvolturas, tal educação galgará êxito ou não, sobretudo para a inserção e atuação no mundo do trabalho. É sobre esses profissionais e a melhoria da educação que Ribeiro (2011, p. 472-475) direciona sua atenção, afirmando e reafirmando que: HISTÓRIA E FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: DA PAIDEIA GREGA... Antônio Roberto Xavier Ano 3 n. 9 Setembro - Dezembro 2016 p. 81 - 99 84 Para a melhoria da educação básica, a formação dos educadores deve estar em consonância com os resultados pretendidos, permitindo que esses profissionais da educação se beneficiem simultaneamente dos programas de capacitação em serviço e outros incentivos relacionados à obtenção desses resultados. Todos agora são chamados a participar nesse processo de reforma da educação, sem distinção de cor, raça, credo, gênero ou classe socialA estratégia adotada pelo capital, além de valorizar a capacidade tecnológica, é estimular o aumento da competência, da eficácia e da produtividade da força de trabalho e do controle social recomendando, para tal, o investimento na educação básica na população dos países periféricos e emergentes. Cabendo ao professor ser o guardião dos interesses inerentes ao próprio processo de reprodução ampliada do sistema, como bem expressa o modelo do aprender a aprender adotado pela ONU, pela Unesco e pelo Banco Mundial, posicionados aqui como legítimos representantes da sociedade de mercado. A moldura pensante à qual a educação pode ser vinculada é, sem dúvida, o grande desafio atual. Essa é mais uma reflexão que envolve a educação formal de nossos tempos. Porém, não sendo estanque somente nesses aspectos, a educação também não se resume apenas ao tipo formal, podendo também ser informal e não formal, dependendo do ambiente e do grupo social nos quais ela se insere. A educação formal está relacionada com o sistema escolar institucionalizado, com legislação própria, estruturado, gradual, hierarquizado, disciplinado e disciplinador, com programas, planejamento, conteúdos sistematizados, currículo e público-alvo previamente selecionados e delimitados. Esse modelo de educação é padronizado pelo poder público ou privado e, via de regra, tem que cumprir as determinações estabelecidas no âmbito das instituições de ensino, visando alcançar, como finalidade, a formação de indivíduo ativo, perceptivo, criativo, habilidoso, competente e, acima de tudo, capaz de atender às demandas do mercado de trabalho, compatível com a tríade economia-tecnologia-telecomunicação em constante transformação em tempo real. Nesse tipo de educação, o educador é facilmente identificado como sendo o(a) professor(a) que precisa ser especializado(a) por área de ensino e viver numa progressiva dinâmica de aperfeiçoamento diante das transformações e exigências do mundo do trabalho e das tramas da política e da politicagem. “Na educação formal espera-se, sobretudo que haja uma aprendizagem efetiva (que, infelizmente nem sempre HISTÓRIA E FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: DA PAIDEIA GREGA... Antônio Roberto Xavier Ano 3 n. 9 Setembro - Dezembro 2016 p. 81 - 99 85 ocorre), além da certificação e titulação que capacitam os indivíduos a seguir para graus mais avançados” (Gohn, 2006, p. 30). Além do mais: A educação formal tem objetivos claros e específicos e é representada principalmente pelas escolas e universidades. Ela depende de uma diretriz educacional centralizada como currículo, com estruturas hierárquicas e burocráticas, determinadas em nível nacional, com órgãos fiscalizadores dos ministérios da educação. A educação não-formal é mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática. Os programas da educação não-formal não precisam necessariamente seguir um sistema seqüencial e hierárquico de „progressão‟. Podem ter duração variável, e podem, ou não, conceder certificados de aprendizagem. (Gadotti, 2005, p. 2). No tocante à educação não formal, muitas vezes confundida com a educação informal, o(a) educador(a) ou educadores(as) emerge(m) do processo integrado que ocorre internamente em um grupo e em comum acordo os integrantes escolhem intencionalmente os espaços não institucionalizados para as práticas educativas e sociointerativas. Nessa forma de educação, as diretrizes educacionais são definidas conjuntamente pelos integrantes da coletividade e a participação dos indivíduos é optativa ou condicionada por forças circunstanciais. O processo educativo não formal vai além das prerrogativas escolares, levando em conta a história de vida e suas realidades individuais. A educação não formal capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no mundo. Sua finalidade que circunda é abrir janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais. Seus objetivos não são dados a priori, eles se constroem no processo interativo, gerando um processo educativo. Um modo de educar surge como resultado do processo voltado para os interesses e as necessidades que dele participa. A construção de relações sociais baseadas em princípios de igualdade e justiça social, quando presentes num dado grupo social, fortalece o exercício da cidadania. A transmissão de informação e formação política e sociocultural é uma meta na educação não formal. Ela prepara os cidadãos, educa o ser humano para a civilidade, em oposição à barbárie, ao egoísmo, individualismo, etc. (Gohn, 2006, p. 29-30). A educação não formal busca a formação de um ser consciente e de mentalidade crítica emancipada de certas alienações impostas por outros seres, grupos HISTÓRIA E FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: DA PAIDEIA GREGA... Antônio Roberto Xavier Ano 3 n. 9 Setembro - Dezembro 2016 p. 81 - 99 86 ou instituições. Nesse tipo de educação, busca-se uma aprendizagem teórico-prática conscientemente. Com relação à educação informal, vincula-se diretamente à transmissão do legado cultural de geração para geração através da experiência sentida e vivida, configurando-se, assim, como objeto de abordagem universal com ou sem os códigos escritos e se desenvolve de indivíduo para indivíduo, grupo ou coletividade sem nenhum rigor oficializado. A educação informal é “[...] aquela que os indivíduos aprendemdurante seu processo de socialização – na família, bairro, clube, amigos etc., carregada de valores e culturas próprias, de pertencimento e sentimentos herdados” (Gohn, 2006, p. 28). Desse modo, a educação apresenta-se como um imenso palco de oportunidades para o indivíduo se libertar e caminhar por suas próprias aspirações e inspirações. Nesse sentido, a educação é detentora de um leque de funções e abre uma variedade infindável de possibilidades para o homem e suas realizações. Mas, para chegar a essas condições gerais e parciais da atualidade no mundo ocidental, a educação vem atravessando uma longa trajetória heterogênea nos diferentes contextos históricos. Educação ocidental: o legado da Paideia2 O percurso evolutivo da educação, tomando por base o lado ocidental e a Grécia, herdeira das culturas de outros impérios, como as dos impérios egípcio e pérsico, prosseguiu galgando sempre inovações, renovações e aperfeiçoamento. Aliás, diga-se de passagem, foi do Egito, apesar da existência de outros povos e impérios mais antigos, que a Grécia recebeu as mais fecundas influências em se tratando de educação e instrução nos diversos e variados aspectos. Do Egito é que nos chegaram os testemunhos mais antigos e talvez mais ricos sobre todos os aspectos da civilização e, em particular, sobre a educação. Embora a pesquisa arqueológica a cada ano venha descobrindo provas de outras civilizações até mais antigas, ainda assim, para os povos que reconhecem sua origem histórica na antiguidade clássica greco-romana e nas posteriores manifestações cristãs que introduziram nela muitos 2 No sentido de cultura para os gregos. HISTÓRIA E FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: DA PAIDEIA GREGA... Antônio Roberto Xavier Ano 3 n. 9 Setembro - Dezembro 2016 p. 81 - 99 87 elementos do Oriente Próximo, o Egito está no início da sua história. (Manacorda, 2006, p. 9). O reconhecimento da supremacia instrucional egípcia foi reconhecido pelos fenícios, mesopotâmicos, gregos (como Platão) e tantos outros povos antigos e modernos. De fato, o que se tornou ciências, como a geometria, a matemática em geral, astronomia, teologia, medicina, arquitetura, dentre tantas outras formas de ensinamentos práticos e teóricos que datam da “[...] 3ª dinastia (século XXVII a.C.)”, foi legado do Império egípcio (Manacorda, 2006, p. 11). O aperfeiçoamento, a assimilação e a praticidade das técnicas de captação cultural antes e pós-escrita são bem anteriores ao mundo grego e seus conquistados. Entretanto, é dessas terras gregas que o legado cultural/educacional do Ocidente encontrará suas bases e fundamentações. Por isso, algumas peculiaridades merecem ser mencionadas com relação ao desenvolvimento educativo a partir do legado que os gregos assimilaram de outros povos e repassaram para os demais. Entre tantas especificidades pertinentes ao legado educacional do Oriente e do Ocidente, talvez a que mais resuma de maneira rápida seja a do primado da conservação, transmissão e reprodução das tradições culturais coletivas na parte oriental e a da valoração do desenvolvimento filosófico, liberal e individual na parte ocidental, pelo menos para 10% dos habitantes gregos, já que cerca de 90% deles eram escravos, sem terem direito à educação (Piletti et al., 2007). A formação do povo grego compreende os seguintes períodos: Período Pré-Homérico (2500-1100 a.C.) ou heroico, em que aconteceu a formação do povo grego com a junção de várias tribos. Nesse período, prevalece a crença mitológica. Período Homérico (900-750 a.C.), fase retratada pelos poemas de Homero, Ilíada e Odisseia. Nesse período, a prática da oralidade foi bastante utilizada para a transmissão do legado cultural na Grécia. Continua a concepção mítica de mundo na qual as explicações para a vida e os acontecimentos são e devem ser guiadas e decididas pelo sobrenatural. São responsáveis pela reprodução e transmissão oral desses mitos e tradições os cantadores ambulantes, aedos e rapsodos predominantemente. “A educação nesse período [...] compreende um duplo ideal de homem, ou seja, o homem de ação e o homem de sabedoria. Esse duplo ideal – sabedoria e poder de ação – tinha que ser atingido por todos os gregos livres” (Piletti et al., 2007, p. 59). HISTÓRIA E FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: DA PAIDEIA GREGA... Antônio Roberto Xavier Ano 3 n. 9 Setembro - Dezembro 2016 p. 81 - 99 88 Período Arcaico (século VII e VI a.C.), fase da formação das CidadesEstados e da presença da escrita, da moeda, da lei, dos sofistas e da vida urbana na pólis grega, com instrução voltada exclusivamente para a preparação física militar visando à guerra na Cidade-Estado de Esparta. Não há ainda uma atenção voltada para a educação do homem em geral e para a compreensão humanística de mundo. Plutarco explica qual era o tipo de educação em Esparta nesse período: “Em relação à instrução, eles recebiam apenas exatamente o que era absolutamente necessário. Todo o restante de sua educação tinha em vista torná-los sujeitos ao comando, suportar os trabalhos, lutar e conquistar” (Piletti et al., 2007, p. 60). Com efeito, em Esparta, nesse contexto, as crianças, ao nascerem doentes ou com alguma deficiência, eram jogadas de um despenhadeiro ou adotadas por um hilota. Caso fossem sadias e do sexo masculino, ao completarem 7 anos de idade, eram entregues ao Estado para serem treinadas nos estabelecimentos militares. As meninas ficavam com as mães para aprenderem as atividades domésticas. Os meninos, ao completarem 12 anos, dedicavam-se às práticas esportivas e, ao completarem a maioridade, recebiam treinamentos rigorosos de preparação para a guerra: “[...] tinham de andar descalços e nus para ficarem com a pele mais grossa e eram chicoteados até sangrar para aprenderem a dominar a dor. Dos 20 aos 30 anos permaneciam nos quartéis à espera de convocação para alguma guerra” (Azevedo et al., 2005, p. 58). Ao completarem 30 anos, os homens conquistavam a cidadania (liberdade civil), porém só estavam liberados do serviço militar após completarem 60 anos de idade. Essa era a forma de educação espartana. Por outro lado, na Cidade-Estado de Atenas, sobretudo a partir do final do século VI e século V a.C., a permeabilidade filosófica e científica encontram espaços propícios. A educação intelectual é colocada no mesmo patamar da educação física. O objetivo era formar o homem em sua plenitude tanto corpórea quanto intelectual. E a formação corpórea estava vinculada à arte e à estética. O Estado não mais é visto apenas como máquina de conquista, mas a serviço de assegurar a liberdade do cidadão ateniense. Com efeito, ao invés de ser entregue aos cuidados do Estado para servir à guerra como em Esparta, em Atenas, a criança aos 7 anos de idade era entregue aos cuidados de um pedagogo. “Os pedagogos eram escravos ou servos encarregados” de levar e trazer as crianças às escolas. “O menino ateniense freqüentava dois tipos HISTÓRIA E FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: DA PAIDEIA GREGA... Antônio Roberto Xavier Ano 3 n. 9 Setembro - Dezembro 2016 p. 81 - 99 89 diferentes de escolas: a escola de música e a escola de ginástica ou palestra” (Piletti et al., 2007, p. 61-62). Mas a busca de uma educação de um duplo ideal de homem – de ação e de sabedoria – persistia. Essa meta vai ser possível no século V a.C., no chamado século de Péricles, por suas conquistas e apogeu ateniense. É no anseio dessa busca que surgem os sofistas (450-400 a.C.). Nesse período, Atenas enfrentava guerras contra os persas. Passados os combates e em plena vigência das leis constitucionais de Clístenes, que priorizava a liberdade política, a educação tinha por cerne reivindicar a liberdade individual e o crescimento intelectual de cada cidadão ateniense. Mas havia um obstáculo: quem estaria preparado para a nova missão educacional com essa dupla finalidade? É a partir dessa necessidade que surgem os novos professores: os sofistas ou os sábios. Essa era a nova categoria de docentes que a sociedade ateniense exigia, pois os sofistas eram considerados mestres de retórica e cultura a tal ponto de terem influenciado o universo

Outros materiais