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MAD2 Protozooses Sistêmicas II TOXOPLASMOSE – TOXPLASMA GONDII A toxoplasmose é uma infecção cosmopolita. Em algumas áreas da Europa, da África e da América Latina, observam-se frequentemente taxas de soroprevalência acima de 80% na população adulta. Em termos globais, estima-se que entre um terço e um quarto da população mundial esteja infectada. A grande importância da toxoplasmose, como problema clínico e de saúde pública, decorre de infecções em gestantes e pacientes imunocomprometidos, que podem produzir complicações graves e potencialmente fatais. • Parasita intracelular obrigatório; • O parasito invade e se multiplica em qualquer célula nucleada de mamíferos e aves. • 3 estágios infectantes: taquizoítos, bradizoítos e esporozoítos o apresentam um tipo de motilidade chamado de deslizamento ou gliding o Esporozoítos: desenvolvem-se no interior dos oocistos liberados junto com as fezes de felinos infectados; liberados no trato intestinal, invadem as células hospedeiras e se transformam em taquizoítos. o Taquizoítos: alongados e encurvados, multiplicam-se rapidamente no interior das células. o Bradizoítos: taquizoítos convertidos em formas quiescentes menores, que se multiplicam lentamente no interior de cistos teciduais. Estágios infectantes Esporozoítos: estágio infectante do parasita encontrada no oocisto maduro do meio ambiente. • produzidos apenas no hospedeiro definitivo por reprodução sexuada; • eliminados nas fezes do gato; • resistência ao meio ambiente: viáveis >1 ano no solo; • oocisto torna-se infectante no meio ambiente, denominado oocisto esporulado ou maduro; • esporozoítos: eclodem dos oocistos - formas altamente infectantes. Taquizoítos: estágio do parasito nas infecções agudas. • invade vários tipos celulares, exceto hemácias (fagócitos, céls hepáticas, pulmonares, nervosas, submucosas, musculares etc.); • deslocamento rápido mediado pela adesão do parasito ao substrato, via proteínas transmembranares; • reprodução intracelular rápida por endodiogenia (reprodução assexuada); • presentes na fase aguda da doença; • presente em líquidos corpóreos. Bradizoítos: estágio do parasito encontrada dentro de cistos teciduais, na forma crônica da doença. • conversão de taquizoítos em bradizoitos: induzida por estresse provocado pela resposta imunológica (estresse oxidativo); • dentro do cisto se encontram milhares de parasitos (bradizoítos) que continuam se reproduzindo lentamente por endodiogenia; • taquizoítos e bradizoítos diferem quanto ao metabolismo e à composição antigênica • presente em tecidos (comum: epitelial, nervoso, ocular, muscular); • resiste ao ph do estômago, sistema imune e medicamentos. Ciclo de vida Os únicos hospedeiros definitivos conhecidos para Toxoplasma gondii são membros da família Felidae (gatos domésticos e seus parentes). Oocistos não esporulados são eliminados nas fezes do gato (1). Embora os oocistos geralmente sejam eliminados por apenas 1-3 semanas, um grande número pode ser eliminado. Os oocistos levam de 1 a 5 dias para esporular no meio ambiente e se tornarem infectantes. Hospedeiros intermediários na natureza (incluindo pássaros e roedores) são infectados após a ingestão de solo, água ou material vegetal contaminado com oocistos (2). Os oocistos se transformam em taquizoítos logo após a ingestão. Esses taquizoítos localizam-se no tecido neural e muscular e se desenvolvem em bradizoítos de cisto tecidual (3). Os gatos são infectados após consumir hospedeiros intermediários que abrigam cistos teciduais (4). Os gatos também podem ser infectados diretamente pela ingestão de oocistos esporulados. Animais criados para consumo humano e caça selvagem também podem ser Encontrado dentro do vacúolo parasitóforo (VP) da célula, cuja membrana do VP forma a parede do cisto infectados com cistos teciduais após a ingestão de oocistos esporulados no ambiente (5). Os humanos podem ser infectados por qualquer uma das várias rotas: Comer carne mal-passada de animais com cistos de tecido (6). Consumir alimentos ou água contaminados com fezes de gato ou por amostras ambientais contaminadas (como solo contaminado com fezes ou trocar a caixa de areia de um gato de estimação) (7). Transfusão de sangue ou transplante de órgãos (8). Transplacentalmente da mãe para o feto (9). No hospedeiro humano, os parasitos formam cistos teciduais, mais comumente no músculo esquelético, miocárdio, cérebro e olhos; esses cistos podem permanecer durante toda a vida do hospedeiro. O diagnóstico geralmente é feito por sorologia, embora cistos teciduais possam ser observados em amostras de biópsia coradas (10). O diagnóstico de infecções congênitas pode ser realizado pela detecção do DNA do T. gondii no líquido amniótico por meio de métodos moleculares como a PCR (11). Infecção humana Cistos teciduais ou oocistos esporulados ingeridos liberam bradizoítos e esporozoítos, respectivamente, no lúmen intestinal. Os zoítos rapidamente invadem células epiteliais e se transformam em taquizoítos, que se disseminam pelo organismo, podendo ocorrer a passagem transplacentária de taquizoítos, o que resulta em infecção congênita. Com o controle da infecção por uma resposta imunológica competente, o parasito forma cistos teciduais preferencialmente em tecidos nervosos e musculares. Os principais sítios de reativação de toxoplasmose no ser humano são o cérebro e os olhos. Mecanismo de invasão • contato inicial via proteínas associadas ao glideossomo (SAGs); • adesão via MICs (adesinas); • penetração (exocitose do conteúdo das roptrias); • separação do vacúolo parasitário. Resposta imune competente Via hematogênica/tr ansplacentária Strategies and timing of T. gondii transcellular invasion. (1) Initial attachment to the host cell surface via SAGs precedes (2) conoid extension, release of MICs and apical attachment. (3) Invasion is initiated by secretion of RONs and association with microneme-derived AMA1, which forms the ring-like MJ. (4) The parasite re-orientates and ROPs are discharged from rhoptries into the host cytoplasm where they associate with the developing PV or remain soluble. (5) The parasite actively invades through the MJ, creating the invaginated PV. (6) Once internalised, the PV is closed and 7) the parasite separates from the host plasma membrane and dense granules are released and associate with the PVM. Steps 2–5 take only 15–20 seconds whereas the final steps 6–7 take 1–2 minutes. Magnified view of tachyzoite (inset). Resposta imune do hospedeiro • A. Após cruzar o epitélio do intestino delgado, os taquizoítos são reconhecidos por DC e macrófagos que estimulam a produção de IL-12 e TNF. • B. A resposta imune resulta na produção de interferon pelas células NK e Linfócitos T o IL10 e Il27 modulam a resposta imune e evitam a superprodução de citocinas pelas Th1. o A produção de IFN durante as respostas inata e adaptativa é responsável pela ativação de células que controlam a infecção parasitária: • C. Controle parasitário o Monócitos e macrófagos realizam superprodução de NO e ROS, além de proteínas de defesa, chamadas IRGs (immunity-rekated GTPases) e GBPs (p67 guanylate-binding proteins), que são recrutadas ao parasitóforo e estão envolvidas no clearence do parasita. o Células não hematopoiéticas produzem IRGs e GBPs. Ciclo lítico – intensa multiplicação de taquizoítos e intensa resposta inflamatória, com grande produção de TNF alfa, IL12 e IFN-gama, estimulada pela grande quantidade de antígenos solúveis (liberados durante o deslizamento) e remanescentes da célula mãe (endodiogenia). Innate immune responses to Toxoplasma gondii during infection. a| Early in infection, the first host cells to respond are dendritic cells (DCs), monocytes and macrophages.The interaction of Toxoplasmagondii profilin with Toll-like receptor11 (TLR11) on DCs is important for host production of interleukin12 (IL12). In addition to stimulating IL12 production, macrophages also induce tumour necrosis factor (TNF), a cofactor in antimicrobial activity, in response to TLR2 and TLR4mediated detection of glycosyl phosphatidylinositol (GPI)anchored parasite proteins. b| The immune response results in the production of interferon (IFN) from natural killer (NK) cells through the innate response and, eventually, from CD4+ and CD8+ Tcells as the adaptive response ensues. IL10 and IL27 are key to modulating these pathways and prevent the overproduction of Thelper1 type cytokines. c| The production of IFN during the innate and adaptive phases is responsible for activating cells to control parasite infection. IFN propagates a signal through a surface IFN receptor (IFNR) to activate signal transducer and activator of transcription1 (STAT1), a nuclear transcription factor that controls the expression of many genes. In response to STAT1 activity, monocytes and macrophages upregulate their production of nitric oxide (NO) and reactive oxygen species (ROS), both of which contribute to the control of intracellular parasites. Both haematopoetic and nonhaematopoetic cells upregulate two families of defence proteins called immunity-related GTPases (IRGs) and p67guanylate-binding proteins (GBPs), which are recruited to the parasitophorous vacuole (PV) and are involved in parasite clearance. The function of IRGs and GBPs depends on autophagy protein5 (ATG5). Aspectos clínicos • Maioria das infecções por T. gondii são assintomáticas. • Doença sintomática: o Toxoplasmose aguda (10-20%); o Toxoplasmose do sistema nervoso central (SNC) – comum em pacientes com AIDS ou imunocomprometidos; o Toxoplasmose congênita (transplacentária); o Toxoplasmose ocular (resultado de uma infecção congênita reativada, ~20 anos); o Doença disseminada sem envolvimento do sistema nervoso central em pacientes imunocomprometidos (pneumonite, miocardite). Imunocompetentes: • Toxoplasmose aguda (10-20%): o período de incubação de 4-21 dias; o a infecção é caracterizada por destruição celular, reprodução de muitos organismos e eventual formação de cistos (bradizoitos); o sintomas: dor de cabeça, coriza, mialgia, febre, fadiga, dor de garganta, linfoadenopatia; o raramente ocorre infecção aguda disseminada: exantema cutâneo, febre alta e prostração podendo ocorrer meningoencefalite, hepatite, pneumonite e miocardite. Imunocomprometidos: • a maioria dos pacientes com AIDS ou outros pacientes imunocomprometidos com toxoplasmose apresentam encefalite: cefaleia, alteração do estado mental, convulsões, coma, febre e, algumas vezes, deficits neurológicos focais, com perda motora ou sensorial, paralisia de par craniano, alterações visuais e convulsões focais; • reagudização (reativação do cisto tecidual): principal causa imunossupressão: o conversão da fase crônica (bradizoíto/cisto tecidual) para fase aguda (taquizoíto). • principais sítios de reativação: sistema nervoso e globo ocular. Infecção congênita: • gestante na fase aguda (infecção primária) ou reativação por imunodepressão; • 10-15% resultam em aborto; • gravidade depende do período de gestação: o 1º TRIMESTRE: Elevado risco de aborto o 2º TRIMESTRE: Elevado risco de aborto ou nascimento prematuro. o 3º TRIMESTRE: Pode nascer normal e apresentar anomalias tardiamente. • lesões “mais comuns” no SNC e retina. Reativação da toxoplasmose • após o primeiro contato com o protozoário, o toxoplasma é controlado pelo sistema imune e fica inativado; • entre pessoas com imunidade normal, mesmo naquelas que aparesentaram sintoma de infecção aguda, os sintomas geralmente não retornam; • pessoas que tiveram toxoplasmose ocular, mesmo naquelas com imunidade normal, a reativação pode ocorrer, mas essa reativação não é muito frequente; • é preciso estar atento a uma nova piora dos sintomas da reativação ocular para não perder tempo e, mesmo sem sintomas, é interessante a avaliação periódica por um oftalmologista para se descartar processo inflamatório ativo; • a maior probabilidade de reativação da toxoplasmose é em pessoas com imunossupressão grave como na AIDS; • no caso específico de pessoas com AIDS, a forma mais frequente de reativação da toxiplasmose é no cérebro – neurotoxoplasmose. Diagnostico laboratorial • exames sorológicos (detecção de anticorpos específicos): imunofluorescência, ELISA; • SNC: Tomografia computadorizada ou ressonância magnética e punção lombar; • avaliação histopatológica das biópsias; • PCR do sangue, líquor, tecido ou, durante a gestação, do líquido amniótico; • Triagem Neonatal o pesquisa IgM - papel filtro (SUS – 2020); o 5-23 crianças infectadas a cada 10.000 nascidos vivos). Infecção primária – detecção de anticorpos específicos: • diferentes padrões de resposta de anticorpos retratam as fases aguda, de transição e crônica da infecção. • ase aguda: presença de IgM, IgA, IgE e IgG • títulos médios ou altos de IgG ou rápida elevação de títulos em amostras pareadas com intervalo de 2 semanas. • IgG de fase aguda são em geral de baixa avidez • Fase de transição: IgG com avidez crescente, ausência de IgA e IgE, IgM podem estar presentes em baixos títulos. • Fase crônica (substitui gradativamente a fase de transição em semanas ou meses): baixos títulos de IgG de alta avidez na ausência de Acs das demais classes. PLASMODIUM SP – MALÁRIA A malária é uma das principais doenças parasitárias da atualidade, com cerca de 216 milhões de casos e 445.000 mortes anuais. Mais de 90% dos casos ocorrem na África, especialmente nas extensas áreas de savana e floresta equatorial ao sul do Saara, onde a malária é uma das principais causas de morte entre crianças com menos de 5 anos de idade e gestantes. • cerca de 40% da população mundial vive em áreas com transmissão de malária, distribuídas em 91 países da África, da Ásia, da Oceania e das Américas; • mais de 90% dos casos ocorrem na África; • Brasil: o 39% dos casos de malária registrados no continente americano, o Registram-se no país quase 200.000 novos casos a cada ano. o A transmissão concentra-se na Região Amazônica, composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. • doença infecciosa grave (doença de notificação); • transmissão: fêmea do mosquito anófeles; • principal sintoma: febre intermitente; Quatro espécies de plasmódios são classicamente reconhecidas como agentes etiológicos da malária humana: Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malariae e P. ovale. Hoje está demonstrado que, em alguns focos da América do Sul, as mesmas linhagens de P. vivax e P. malariae circulam entre seres humanos e macacos, com evidentes implicações para seu controle e a eliminação da malária no continente (Lalremruata et al., 2015; Brasil et al., 2017). • Plasmodium falciparum: predomina na África (91%) das infecções. • P. vivax: raro na Africa, responsável por 36% dos casos extra-africanos de malária o Nas Américas: espécie predominante nas últimas décadas, e corresponde hoje a 64% das infecções; as demais espécies encontradas no continente são P. falciparum e P. malariae. • P. malariae: 2ª. sp + comum na África • P. ovale. • P. knowlesi Ciclo de vida O ciclo de vida do parasita da malária envolve dois hospedeiros. Durante uma refeição de sangue, uma fêmea do mosquito Anopheles infectada com malária inocula esporozoítos no hospedeiro humano (1). Os esporozoítos infectam as células do fígado (2) e amadurecem em esquizontes (3), que se rompem e liberam merozoítos (4). (Digno de nota, em P. vivax e P. ovale um estágiodormente [hipnozoítos] pode persistir no fígado (se não for tratado) e causar recaídas invadindo a corrente sanguínea semanas, ou mesmo anos depois.) Após esta replicação inicial no fígado (esquizogonia exo-eritrocítica (A)), os parasitas sofrem multiplicação assexuada nos eritrócitos (esquizogonia eritrocítica (B)). Merozoítos infectam glóbulos vermelhos (5). Os trofozoítos em estágio de anel amadurecem em esquizontes, que se rompem liberando merozoítos. Alguns parasitas se diferenciam em estágios eritrocíticos sexuais (gametócitos) (7). Os parasitas do estádio sanguíneo são responsáveis pelas manifestações clínicas da doença. Os gametócitos, masculinos (microgametócitos) e femininos (macrogametócitos), são ingeridos por um mosquito Anopheles durante uma refeição de sangue (8). A multiplicação dos parasitas no mosquito é conhecida como ciclo esporogônico (C). Enquanto no estômago do mosquito, os microgametas penetram nos macrogametas gerando zigotos (9). Os zigotos, por sua vez, tornam-se móveis e alongados (ookinetes) (10) que invadem a parede do intestino médio do mosquito, onde se transformam em oocistos (11). Os oocistos crescem, se rompem e liberam esporozoítos (12), que seguem para as glândulas salivares do mosquito. A inoculação dos esporozoítos em um novo hospedeiro humano perpetua o ciclo de vida da malária. Invasão de hemácias por merozoítos de plasmódios Entrada: 1. Reconhecimento de receptores da superfície da hemácia. 2. Reorientação da posição do merozoíto, de modo a colocar seu polo apical em contato direto com a membrana da hemácia. 3. Invaginação da membrana da hemácia. 4. Interações de alta afinidade de moléculas do merozoíto com receptores da hemácia, inicialmente em seu polo apical e estendendo-se até seu polo posterior, facilitando a penetração do merozoíto, que forma um vacúolo à medida que penetra célula. 5. Descarte das moléculas que interagem com a membrana da hemácia, possibilitando o fechamento do vacúolo que se formou durante a invasão, com o merozoíto em seu interior. Digno de nota, em P. vivax e P. ovale um estágio dormente [hipnozoítos] pode persistir no fígado (se não for tratado) e causar recaídas invadindo a corrente sanguínea semanas, ou mesmo anos depois). Saída: • Os primeiros estágios intraeritrocitários dos plasmódios são os trofozoítos. • No interior das hemácias ocorre nova esquizogonia; o os esquizontes eritrocitários maduros apresentam entre 6 e 32 núcleos, cada um deles originando um merozoíto (1). o Ao fim da esquizogonia (2 – ruptura do vacúolo parasitário 3 – merozoítos o citosol), os merozoítos são liberados na corrente sanguínea, coincidindo temporalmente com os picos febris periódicos característicos da malária. • Em geral, a febre e os demais sinais e sintomas típicos da malária surgem quando se ultrapassa certo limiar de parasitemia, em torno de 10 a 100 formas sanguíneas por microlitro de sangue. Por isso, os primeiros ciclos eritrocitários podem deixar de despertar sintomas. • A saída dos merozoítos da hemácia exige a ruptura do vacúolo parasitóforo em que o parasito se instalou e da membrana celular da célula hospedeira (4). Fisiopatogenia • virulência parasitária; • efeito lítico direto na hemácia: o P. vivax – hemácias jovens, Antígeno de Duffy o P. malariae – hemácias maduras o P. falciparum – qualquer hemácia (alta parasitemia). • Parasitemia intensa dos eritrócitos: o destruição (anemia); o sequestro eritrocitário; o depósito de imunocomplexos. Resposta imune • Acs gerados por exposição prévia ou imunização podem inibir invasão do esporozoíto no hepatócito • Células dendríticas nos linfonodos drenantes ou fígado apresentam antígenos via MHC I ou II – TCD4 e TCD8 • Ac reconhecem ag da superfície do merozoíto ou de eritrócitos infectados ou liberados das organelas apicais do parasito no momento da invasão e promovem a eliminação das células sanguíneas parasitadas por opsonização ou fagocitose mediada por monócitos. Figure 1. Schematic representation of immune responses against Plasmodium spp. parasites. (a) Following the bite of an infected mosquito, some sporozoites enter the peripheral circulation and migrate to the liver; others remain in the skin where they can develop into merozoites or are drained to the nearest lymph node; (b) sporozoitespecific antibodies generated by previous exposure to malaria or by immunization could inhibit subsequent sporozoite invasion of the hepatocyte; (c) some parasites in the skin- draining lymph nodes are degraded. Antigen presenting cells, including dendritic cells, uptake parasite remnants and present antigens to naive T cells, inducing CD8+ T cells which then migrate to the liver and perform effector functions; (d) parasite-derived T cell epitopes are presented on the surface of the infected hepatocytes in association with MHC class I or (presumably) class II molecules for recognition by CD8+ or CD4+ T cells, respectively; differentiation into central and effector memory cells occurs over time; (e) the apoptosis of infected hepatocytes could provide a source of antigen for subsequent immune responses; (f) during the blood-stage of the parasite life cycle, different types of antigen presenting cells can present parasite antigens to CD4+ T cells, to provide help for optimal T cell-dependent antibody responses; (g) some antibody responses could be T cell independent. B cells eventually develop into a memory population; (h) antibodies recognize parasite antigens on the surface of merozoites or infected erythrocytes or are released from apical organelles at the moment of invasion, and promote the clearance of parasitized red blood cells either by opsonization or by an antigen-dependent cellular inhibition process where monocytes uptake and phagocyte infected cells. Trends in Parasitology June 2011, Vol. 27, No. 6 Mecanismo de evasão • Merozoítos: único estágio extracelular; • antígenos altamente polimórficos (AMA1); • PfRH e EBA – perfis de expressão variável; • RH5 é pobremente imunogênica (níveis limitados de expressão); • dessa forma a resposta de Ac deve ser muito eficiente em reconhecer esses múltiplos alvos antigênicos para realizar uma resposta efetiva. Figure 2. Plasmodium merozoites face an array of immunological challenges. Merozoites are the only extracellular stage of the Plasmodium life cycle and are therefore exposed to an array of immune attack mechanisms, as illustrated in cartoon form. Merozoite antigens are known to be the target of antibody responses, which operate both by opsonisation leading to phagocytosis and by simple steric hindrance of receptor–ligand interactions critical for invasion. Complement deposition on the merozoite surface may also play a role in parasite clearance. To avoid these attack mechanisms, Plasmodium parasites have evolved a number of distinct evasion responses. Some merozoite antigens such as AMA1 are highly polymorphic, while members of the PfRH and EBA multigene families are largely redundant and have variable expression profiles. Both of these strategies slow the development of protective immunity by forcing the antibody response to efficiently recognize multiple targets in order to mount an effective response. Finally, RH5 appears to be poorly immunogenic in the context of natural infections, perhaps due to limited levels of expression and exposure. Macrófagos hemofagocitos inflamatórios (iHPCs) • Receptores Toll-like reconhecem padrões moleculares específicos protozoários, ativados, induzem a produção de citocinas pró-inflamatórias (IL-6 IL-1Beta, TNF-alfa), desenvolvem células mielóides e diferenciação de macrófagos. • Monócitos ativados cronicamente diferenciam-se em macrófagos hemofagocítos inflamatórios (iHPCs). A diferenciação desse macrófago especializado seráfeita a partir de infecções por protozoários, como Plasmodium. • Os iHPCs tem uma maior capacidade de fagocitose de eritrócitos, são as principais contribuintes para o desenvolvimento de citopenias inflamatórias, como a leucopenia, plaquetopenia e a anemia na malária. Figura 1. Monócitos Ly6Chi de origem hematopoiética migram para o baço, ao serem infectados por Plasmodium tem a ativação crônica dos TLR7 e TLR9. Essa ativação recruta a participação de IRF5 que migra para o núcleo ativando a transcrição de genes específicos, como Spi-C. Esse perfil gênico transcricional promove a diferenciação dos monócitos em hemofagócitos inflamatórios (iHPC), que são caracterizados pela expressão de CD31 e DR3. Diferenciadas, essas células contribuem para o desenvolvimento de anemias inflamatórias por fagocitarem hemácias e plaquetas na síndrome de ativação macrofágica ou na malária (7). Aspectos clínicos • sintomas prodrômicos – náuseas, vômitos, astenia, fadiga, anorexia; • ataque paroxístico (acesso malárico – ciclos de 48-72 horas): o “estágio frio” - Calafrios intensos (15 min a 1 h); o “estágio quente” - Febre até 41°C (4-8 horas); o diaforese (sudorese, prostração); o cefaleia, vômitos, mialgia, dor abdominal; o palidez, icterícia, hepatoesplenomegalia; • Remissão. Complicações: • Período toxêmico – se o paciente não recebe terapêutica específica, adequada e oportuna, os sinais e sintomas podem evoluir para formas graves e complicadas, dependendo da resposta imunológica do organismo, aumento da parasitemia e espécie de plasmódio. o hiperpirexia (temperatura >41°C); o convulsão; o hiperparasitemia (>200.000/mm3); o vômitos repetidos; o oligúria; o dispneia; o anemia intensa; o Icterícia; o Hemorragias; o hipotensão arterial. • As formas graves podem cursar com alteração de consciência, delírio e coma, estão relacionadas à parasitemia elevada, acima de 2% das hemácias parasitadas, podendo atingir até 30% dos eritrócitos. Diagnóstico Padrão ouro: • Hematoscopia - Microscopia do sangue (esfregaços finos ou gota espessa) Coloração de Giemsa • O sangue deve ser colhido durante ou logo após o acesso malárico (maior número de formas no sangue periférico. Teste Rápido: HRP-II e pLDH (P.falciparum) pLDH (P.vivax) • Detectam enzimas ou Antígenos específicos do Plasmodium Hemograma: • leucopenia com linfocitose; • trombocitopenia; • anemia; • presença de formas evolutivas no sangue periférico. Bioquímica: • ureia e creatinina; • enzimas hepáticas (AST e ALT) e Bilirrubinas; • LDH. Urina I: hemoglobinúria. Tratamento – infecção aguda – cloroquina Sua principal ação antimalárica deriva da inibição da heme-polimerase, a enzima que polimeriza a heme livre tóxico em hemozoína. Isso envenena o parasito e evita que utilize os aminoácidos da proteólise da hemoglobina. Referências MURRAY, Patrick.; Microbiologia Médica, 8ed. Capítulo 74 – Protozoários do Sangue e dos Tecidos. FERREIRA, Marcelo Urbano.; Parasitologia Contemporânea, 2ed. Capítulo 3 – Os Plasmódios e a Malária e Capítulo 4 – Toxoplasma Gondii e a Toxoplasmose. CDC. Toxoplasmose. Disponível em: https://www.cdc.gov/dpdx/toxoplasmosis/index.html CDC. Malária. Disponível em: https://www.cdc.gov/malaria/about/biology/index.html REVIEW- Mechanisms and pathways of Toxoplasma gondii transepithelial migration. Emily J. Jonesa,b, Tamas Korcsmaros a,b, and Simon R. Cardinga,c. TISSUE BARRIERS 2017, VOL. 5, NO. 1, e1273865 (11 pages). DOI: http://dx.doi.org/10.1080/21688370.2016.1273865 Modulation of innate immunity by Toxoplasma gondii virulence effectors. C. Hunter, L. Sibley. 2012. Biology, Medicine – Nature Reviews Microbiology. DOI: 10.1038/nrmicro2858 Wright GJ, Rayner JC (2014) Plasmodium falciparum Erythrocyte Invasion: Combining Function with Immune Evasion. PLoS Pathog 10(3): e1003943. https://doi.org/10.1371/journal.ppat.1003943 Akilesh, H. M. et al. Chronic TLR7 and TLR9 signaling drives anemia via differentiation of specialized hemophagocytes. Science 363, (2019). R.J.M.E.A. Rang & Dale Farmacologia. Grupo GEN, 2020. 9788595157255. Capítulo 55. Ministério da Saúde. 2010. Guia prático de tratamento da malária no BrasilI. SBN 978-85-334-1725- 09788533417250 https://www.cdc.gov/dpdx/toxoplasmosis/index.html http://dx.doi.org/10.1080/21688370.2016.1273865 https://doi.org/10.1371/journal.ppat.1003943
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