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UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO Conceito de Usinabilidade 2. PROPRIEDADES DE USINAGEM 3. USINABILIDADE 4. ENSAIOS DE USINABILIDADE 5. EQUAÇÃO DE TAYLOR 6. EQUAÇÃO DE TAYLOR ESTENDIDA 7. EXEMPLOS DE ENSAIOS QUE NÃO REQUREM USINAGEM • Teste de composição química – R • Teste de microestrutura – R • Teste de propriedades físicas – R 8. EXEMPLOS DE ENSAIOS QUE REQUREM USINAGEM • Teste de pressão (Ff) constante – R • Teste de faceamento rápido – R • Teste de torneamento cônico – A • Teste da taxa de desgaste – A 9. MODELOS DE ENSAIOS DE USINABILIDADE 10. CONCLUSÃO 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 1. INTRODUÇÃO CONCEITO DE USINABILIDADE A usinabilidade pode ser considerada uma propriedade do material, mas a medida da usinabilidade depende de parâmetros considerados. Em outras palavras, a ordem no ranking de usinabilidade de um número de matériais pode não ser a mesma, quando obtido em condições diferentes. Desta forma, a usinabilidade é muito mais o resultado de um ensaio e/ou teste, do que uma propriedade do material. A usinabilidade pode ser definida como: “Uma grandeza tecnológica que expressa por meio de um valor numérico comparativo (índice de usinabilidade), um conjunto de propriedades de usinagem de um determinado material em relação a outro tomado como padrão”. (DINIZ, Anselmo Eduardo; et al. Tecnologia da usinagem dos materiais. 5. ed. São Paulo: Artliber Editora, 2006.) Em termos gerais, a usinabilidade expressa o grau de “facilidade ou dificuldade” para usinar determinado material. Fig. 01 - Usinagem de Material Macio Fig. 02 - Usinagem de Material temperado UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II • Força e potência de usinagem; • Temperatura de corte; • Vida útil da ferramenta; • Acabamento/integridade superficial da peça usinada; • Formação de cavaco e rebarbas; • Propriedades físicas ou mecânicas do material, (composição química; Estrutura cristalina; Estabilidade química; etc...). A usinabilidade interessa não somente aos fabricantes dos metais, como também aos consumidores, fabricantes de ferramentas e todos envolvidos na produção de peças por meio da formação de cavaco. Tem uma grande influência na produtividade de uma empresa, razão pela qual existe um enorme interesse em estabelecer métodos de ensaios não muito longos e com relativa precisão, que permitem determinar a usinabilidade de um material. 2. PROPRIEDADES DE USINAGEM Entende se por propriedades de usinagem, as variáveis que expressam o seu efeito sobre grandezas mensuráveis inerentes ao processo de usinagem, (parâmetros de usinabilidade) como: UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II • Não ser uma grandeza física do material, e sim uma resultante da interação maquina, ferramenta e material. • Possui um numero muito grande de combinações de variáveis de usinagem, que podem ser comparadas como: velocidade de corte, avanço e geometria da ferramenta, material da peça, material da ferramenta, composição química, etc. Com resultados muitas vezes não muito precisos e difíceis de serem analisados e interpretados. • Um material pode apresentar usinabilidade melhor que outro segundo um determinado critério e pior em relação a outro critério. E importante salientar que a usinabilidade não e somente utilizada para quantificar a facilidade ou dificuldade de se usinar materiais. Ela também pode ser usada para quantificar a performance das ferramentas de corte, dos fluidos de corte, da geometria das ferramentas, entre outras, porém as mesmas dificuldades se aplicam para todos estes casos. 3. USINABILIDADE A usinabilidade não possui uma unidade de medida bem definida devido a: UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 3. USINABILIDADE A maioria dos resultado de testes de usinabilidade publicados em literaturas, foram resultados de testes realizados por torneamento e apesar de algumas características serem comuns, é aconselhável não fazer explorações para diferentes processos. Por meio dos ensaios de usinabilidade e possível criar catálogos com informações práticas, que ajudam no planejamento das atividades de usinagem, reduzindo custos e otimizando recursos. O mais completo banco de dados de usinagem já publicado está no “Machining Data Handbook” – Machinabily Data Center do IAMS (Institue of Advanced Manufacturing Sciences Inc). Fig. 03 – Dados de Usinabilidade Fresa de topo e Inserto convencional para fresa de facear UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 4. ENSAIOS DE USINABILIDADE Os testes de usinabilidade podem ser classificados da seguinte maneira: • Dois grupos: a) Requer usinagem b) Não requer usinagem Os ensaios que não requerem usinagem, a usinabilidade é obtida com base na composição química, propriedades físicas ou na microestrutura do material da peça usinada. Quanto à natureza dos resultados obtidos, os ensaios de usinabilidade são classificados em: Fig. 04 – Movimentos de corte • Dois subgrupos a) Ranking testes – “R”: São testes classificatórios, indicam meramente por comparação a usinabilidade relativa entre duas ou mais combinações de ferramentas e peças, para uma dada condição de corte. b) Testes absolutos – “A”: São aqueles que indicam os méritos relativos de duas ou mais combinações de ferramentas e peças, para uma dada faixa de condições de corte. OBS: A letra “R” indica que e um teste ranqueador, e a letra “A” indica que o teste é absoluto. UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 4. CLASSIFICAÇÃO DOS ENSAIOS DE USINABILIDADE Fig. 05 – Classificação dos ensaios de usinabilidade – Fonte Mills e Redford, 1983. UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 4. ENSAIO DE USINABILIDADE – Ranking Teste Os ranking testes podem ser bastante úteis, mas possuem duas desvantagem: • Podem indicar que o material “A” usina melhor que o “B” que usina melhor que o “C”. Mas na maioria dos casos, não há indicação da magnitude da diferença entre os materiais, devido a medida da usinabilidade, não estar relacionada a grandezas mesuráveis e previsíveis. Ex. vida útil da ferramenta para determinada condição de corte, etc. • Os testes tem por objetivo, comparar usinabilidade de materiais para uma determinada condição de corte, não oferecendo garantia caso ocorra alterações nas condições, que o ranking de usinabilidade permaneça o mesmo. Fig. 06 – Imagem Térmica da cunha de corte das ferramentas A Figura ao lado, demonstra através de imagens termográficas, alterações na temperatura da aresta de corte de alguns modelos de ferramentas de usinagem, em função dos perfis e ângulos de saída do cavaco. UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 4. ENSAIO DE USINABILIDADE – Testes Absolutos Os testes absolutos são geralmente validos para várias velocidades de corte (equação de Taylor simples), certamente sobre uma faixa prática de variação, podendo também levar em consideração mudanças nas condições de corte e geometria da ferramenta (equação de Taylor estendida - 1903, Livro Shop management). Equação de Taylor: Fig. 07 – Deterioração relacionada ao desgaste modelo de Taylor Taylor observou que: 1º O aumento da profundidade de corte possui efeito mínimo na vida da ferramenta. 2º O aumento do avanço de corte possui um pouco mais de efeito na vida da ferramenta, em relação ao aumento na profundidade de corte. 3º O aumento da velocidade de corte, velocidades mais altas, influenciam grandemente na vida da ferramenta. O gráfico demonstra o desgaste da ferramenta resultante do aumento da velocidade de corte (azul Vc), avanço (cinza f) e profundidade de corte (preto ap). Estas observações levaram Taylor a desenvolver um modelo matemático para o desgaste da ferramenta, focado no efeito das diversas velocidades de corte. UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 5. EQUAÇÃO DE TAYLOR SIMPLES A equação para o modelo básico de Taylor é Vc * Tn = CT, com “CT” representando a velocidade de corte que resultaria em uma vida daferramenta de um minuto. Taylor observou que o desgaste da ferramenta e acelerado no inicio de uma operação de usinagem, estabilizando e aumentando lentamente em uma segunda fase, entrando em uma terceira e fase final, de rápido desgaste até o fim da vida da ferramenta. O modelo de Taylor não é aplicado em velocidades de corte baixas, nas quais o material pode aderir e acumular na aresta de corte, afetando a qualidade do corte e danificando a ferramenta. Vc = Velocidade de corte T = Tempo desgaste do ângulo de flanco n = Constante dependendo condição de corte CT = Constante (quando T = 1.0 min, V = C) (Profundidade de corte e avanço constantes) Fig. 08 – Equação de Taylor simples Fig. 09 – Desgaste abrasivo I = Desgaste acelerado no começo da operação II = Desgaste estabiliza amentando lentamente III = Desgaste rápido fim da vida da ferramenta Log T (tool life) Log V Vc . T = C n T UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 6. EQUAÇÃO DE TAYLOR ESTENDIDA A equação estendida do modelo de vida da ferramenta, inclui uma variável que leva em consideração o ângulo de saída da ferramenta e as constantes para diversos tipos de materiais de usinagem, sendo mais precisa quando alterado uma condição de corte por vez, alterar diversas condições simultaneamente pode produzir resultados inconsistentes. T = Vida da ferramenta em minutos Vc = Velocidade de corte h = Espessura do cavaco b = Largura do cavaco VB = Desgaste m, n, o, p, q = - cotg α Fig. 10 – Equação de Taylor estendida Fig. 11 – Curvas de desgaste ao longo da vida da ferramenta em função da velocidade de corte UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 6. EQUAÇÃO DE TAYLOR ESTENDIDA O modelo de equação estendida de Taylor contempla: O ângulo da aresta de corte ortogonal em relação a peça (perpendicular ao avanço) ou oblíquo (ângulo de saída relativo à direção de avanço). Aresta de corte "livre" se o canto não estiver envolvidos no corte e "não livres" quando o canto da ferramenta estiver aplicado na peça. A equação estendida acrescentou uma variável para o ângulo de saída da aresta de corte, mas nenhuma concessão foi feita para a aplicação do canto da ferramenta. Fig. 11 – Processo de corte de metal – Princípio básico Ortogonal livre Obliquo livre Obliquo não livre Lateral obliquo não livre Fig. 12 – Corte ortogonal UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 7. EXEMPLOS DE ENSAIOS QUE NÃO REQUREM USINAGEM • Teste de composição química – “R” Este teste indica que conhecendo a composição química do material pode-se relacionar uma medida de usinabilidade. Czaplicki, L. encontrou a seguinte relação para determinada velocidade de corte, uma vida de 60 minutos no torneamento com ferramenta de metal duro. Vc60 = 161,5 – 141,4 x %C – 42.4 x %Si – 39,2 x %Mn – 179,4 x %P + 121,4 x %S O autor reivindica uma precisão de +/- 8%, porém a faixa de materiais e tratamento térmico são bastante restritos. Boulger et Alli encontrou a relação para expressar a usinabilidade de aços de livre-corte. Índice Usinabilidade = 146 – 400 x %C – 1500 x %Si + 200 x %S UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 7. EXEMPLOS DE ENSAIOS QUE NÃO REQUREM USINAGEM • Teste de microestrutura – “R” Mostra a relação entre a microestrutura de aços carbono e parâmetros de medida de usinabilidade. Nota-se que um aço com 50% de perlita consegue agregar boa usinabilidade com razoável dureza. A tabela mostra a relação entre a microestrutura de aços carbono e parâmetro de medida de usinabilidade (Trabalho de desenvolvido por Zlatin e Filds – citado por Mills e Redford) Fig. 13 – Microestrutura do aço carbono/parâmetro de usinabilidade Fig. 14 – Microestrutura ligas ferro carbono UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 7. EXEMPLOS DE ENSAIOS QUE NÃO REQUREM USINAGEM • Teste de propriedades fisícas – “R” Utiliza técnicas de análise dimensional e relações entre a medida da usinabilidade de materiais metálicos e suas propriedades já desenvolvidas. (Desenvolvido por Henkin e Datsko – citado por Mills e Redford) Relação similar foi apresentada por Janistky, e citada por Mills e Redford Onde: B = Condutividade térmica do material L = Comprimento característico HB = Dureza Brinel do material Ar = Redução de área obtida em ensaio de tração convencional Onde: D = Constante que depende das dimensões do corte Fig. 15 – Equação de Henkin e Datsko Fig. 16 – Equação de Janistky UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 8. EXEMPLOS DE ENSAIOS QUE REQUREM USINAGEM • Teste de pressão (Ff) constante – R (Proposto por Boulger et Alli e citado por Mills e Redford) Consiste na aplicação de uma força constante de avanço e na medição do intervalo de tempo para a ferramenta realizar um determinado deslocamento, sendo o intervalo de tempo ou o percurso descrito pela ferramenta em um intervalo de tempo pré-fixado, tomados como parâmetros de usinabilidade. O ensaio pode ser aplicado nos processos de torneamento e furação, onde pesos são fixados ao manípulos de avanço da ferramenta por meio de um cabo, garantindo que a pressão aplicada pela ferramenta sobre a peça seja constante. Fig. 17 – Furadeira de coluna Fig. 18 – Desenho esquemático do teste de pressão UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 8. EXEMPLOS DE ENSAIOS QUE REQUREM USINAGEM • Teste de faceamento rápido – “R” (Proposto por Kraus e Weddell e Lorenz, e citado por Mills e Redford) Consiste em facear um disco do centro para a periferia, normalmente com ferramenta de aço rápido. Com este procedimento a velocidade de corte vai aumentando constantemente até atingir o ponto critico onde ocorre o colapso da ferramenta. O colapso é observado por simples análise na superfície usinada e a medida de usinabilidade pode ser dada pelo tempo para a falha da ferramenta, ou o percurso de avanço. Fig. 19 – Teste de faceamento rápido UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 8. EXEMPLOS DE ENSAIOS QUE REQUREM USINAGEM • Teste de torneamento cônico – “A” (Proposto por Heiginbotham e Pandey, e citado por Mills e Redford) É classificado como teste como teste absoluto, porém de curta duração. Neste teste utiliza se uma peça de perfil cônico para ser torneada, iniciando do diâmetro menor para o maior do cone. Este procedimento permite um aumento progressivo da velocidade de corte, acelerando assim o final da vida da ferramenta, de acordo com um critério preestabelecido. Conhecendo a velocidade de corte inicial, sua taxa de crescimento ao longo do tempo e o desgaste do flanco da ferramenta, determina se as constantes da equação de Taylor. Fig. 20 – Teste de torneamento cônico UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 8. EXEMPLOS DE ENSAIOS QUE REQUREM USINAGEM • Teste da taxa de desgaste – “A” (Proposto por Taylor) E considerado o melhor teste absoluto de longa duração com ferramenta de tornear monocortante e especificado pela norma ISSO 3685 de 1977. O objetivo desta norma é assegurar que os testes sejam realizados em condições padrões para se ter dados compatíveis de fontes diferentes. Os resultados são geralmente apresentados usando a equação de Taylor. Fig. 21 – Desgaste das ferramentas / Tipos de operações de Usinagem 9. MODELOS DE TESTES DE USINABILIDADE Os ensaios baixo demonstram que, no torneamento de um aço SAE 4140, a máxima vida da ferramenta corresponde ao estado recozido ou normalizado desse aço e o desgaste da ferramenta aumenta com o aumento da dureza, de modo que o máximo desgaste se verifica com a dureza mais elevada do aço. UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II Fig. 22 – Efeito da Microestrutura sobre a usinabilidade aço SAE 4140 Temperado e revenido \ Normalizado Fig. 23 – Efeito da Microestrutura sobre a usinabilidade aço SAE 4140 Normalizado \ Recozido 10. CONCLUSÃO Pelo trabalho apresentado e possível verificar que a determinação do índice de usinabilidade de um determinado material esta ligado as características metalúrgicas do material, tipo de processo, variáveis da ferramenta e parâmetros preestabelecidospara o ensaio. Podemos afirmar que um material possui maior facilidade de era usinado quando comprado a outro com base na sua composição química, porém não e possível assumir uma margem de erro segura para tal afirmação, uma vez que, fatores metalúrgicos como estrutura cristalina e tratamento térmico afetam diretamente o índice de usinabilidade. Diante da necessidade de utilizar o índice de usinabilidade de um material buscando aumentar a produtividade e diminuir os custos de usinagem, a melhor forma de garantir os resultados são através dos ensaios absolutos. Uma forma de garantir que o tempo de realização dos ensaios não comprometam a produtividade e fazer um bom planejamento estratégico, realizando os ensaios nos materiais entes do inicio das atividades de usinagem em grande escala. UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIPAC - Lafaiete Processo de Fabricação II
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