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Introdução ao Modernismo Material organizado por Professora Eveline Peres IFSUL – Campus Pelotas Semana de arte moderna de 1922 Contexto histórico Os idealizadores da semana de arte moderna queriam fazer um evento que se opusesse às comemorações do centenário da independência do Brasil que iriam ocorrer naquele ano. Esperava-se que a Semana fosse um contraponto crítico ao Centenário e à grande feira oficial que ocorria na capital federal – Rio de Janeiro -, a partir do mês de setembro. Capa do programa da Semana de Arte Moderna de 22, autoria de Di Cavalcanti Semana de arte moderna de 1922 Esse aspecto importante da escolha do momento de realização materializa no próprio tecido da história do país a missão do Modernismo: sobrepor a todo custo o presente e o futuro ao passado – ou, ao menos, a um certo passado comprometido com o atraso. Oswald de Andrade afirma em um artigo publicado em um jornal em 1920 que algo estava por vir na cidade durante o ano do centenário. Semana de arte moderna de 1922 Havia vários jovens paulistas que trabalhavam de forma articulada para que houvesse uma renovação cultural no Brasil, sendo assim, a Semana de arte moderna de 1922 foi o resultado de todas as movimentações desses jovens, da defesa da obra de Anita Malfatti à descoberta e divulgação da obra de Brecheret, passando pelo famoso texto de Oswald de Andrade sobre o “meu poeta futurista” (Mário de Andrade), até os diversos textos de Menotti Del Picchia no Correio Paulistano, eram feitas como estratégia de divulgação e comprometimento com suas obras com um novo tempo estético. Trecho de Inverno – Mário de Andrade “O vento reza um cantochão ... Agora calma e paz. Somente o vento Continua com seu oou (...) O vento rosna um fabordão E o vento com seus roncos...” Cantochão- canto tradicional da liturgia cristã-católica ocidental, monódico, diatônico e de ritmo livre, composto sobre textos litúrgicos latinos e baseado na acentuação e nas divisões do fraseado; canto gregoriano, canto plano. Fabordão- MÚSICA 1. FALSO-BORDÃO ('composição'). 2.FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE palavra ou grupo de palavras, locução ou expressão em que alguém se apoia, repetindo-a viciosamente ao falar ou escrever; bordão. Fragmentos do artigo denominado “Paranoia ou Mistificação?”, de autoria de Monteiro Lobato, sobre a Exposição de Anita Malfatti: “Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas(..) A outra espécie é formada pelos que veem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...) Embora eles se deem como novos, precursores de uma arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranoia e com a mistificação.(...) Essas considerações são provocadas pela exposição da senhora Malfatti onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso e companhia”. Algumas obras expostas em 1917 por Anita Malfatti Algumas obras representativas do Expressionismo Alemão Semana de arte moderna de 1922 Semana de arte moderna de 1922 Talvez porque a intenção fosse, de fato, experimentar e provocar mudanças, a Semana de Arte Moderna, na verdade, durou apenas três dias, alternados. O evento esteve anunciado e programado para ocorrer entre os dias 11 e 18 de fevereiro, mas o Theatro foi aberto para as exposições nos dias 13, 15 e 17. Em cada dia, as apresentações foram divididas por tema: no dia 13, pintura e escultura; no dia 15, a literatura; e no dia 17, a música. Ironicamente, alguns dos nomes mais importantes do Modernismo não estiveram presentes na Semana. É o caso de Tarsila do Amaral, provavelmente a pintora mais conhecida do movimento, que estava em Paris, e Manuel Bandeira, que ficou doente e faltou à declamação do seu próprio poema, Os sapos, no segundo dia.(fonte: guia do estudante) Artistas que participaram da Semana de arte moderna de 1922 Anita Malfatti (pintora) Di Cavalcanti (pintor) Vicente do Rego Monteiro (pintor) Inácio da Costa Ferreira (pintor) John Graz (pintor) Alberto Martins Ribeiro (pintor) Oswaldo Goeldi (pintor) Victor Brecheret (escultor) Hidelgardo Leão Velloso (escultor) Wilhelm Haarberg (escultor) Heitor Villa-Lobos “Bachianas brasileiras) Eugênia Álvaro Moreyra (atriz e diretora de teatro) Mario de Andrade(escritor) – Oswald de Andrade (escritor) – Sérgio Milliet (escritor) Plínio Salgado (escritor) Menotti del Picchia (escritor) Ronald de Carvalho (poeta e político) Álvaro Moreira (escritor) Renato de Almeida (escritor) Guilherme de Almeida (escritor) Ribeiro Couto (escritor) Os sapos - Manuel Bandeira Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra. Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: - "Meu pai foi à guerra!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: - "Meu cancioneiro É bem martelado. Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos. O meu verso é bom Frumento sem joio. Faço rimas com Consoantes de apoio. Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma. Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas..." Urra o sapo-boi: - "Meu pai foi rei!"- "Foi!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: - A grande arte é como Lavor de joalheiro. Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo". Os sapos - Manuel Bandeira Além de ressaltar a estética parnasiana de forma sarcástica, “Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma.” Manuel Bandeira também faz uma alusão irônica aos poemas que valorizam a descrição dos objetos e da escultura clássica. “Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: - A grande arte é como Lavor de joalheiro. Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo”. Exemplos de poesia parnasianas que mantêm esta valorização dos objetos clássicos são “Profissão de fé”, de Olavo Bilac e “Vaso Grego”, de Alberto Oliveira. Seguem alguns trechos: (…) “Invejo o ourives quando escrevo: Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto relevo Faz de uma flor.” (“Profissão de fé“) (…) “Esta, de áureos relevos, trabalhada De divas mãos, brilhante copa, um dia, Já de os deuses servir como cansada, Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.” (…) (“Vaso Grego”) http://www.literaturaemfoco.com/?p=4914 O clube dos cinco Questões sobre a 1ª Geração Modernista Leia o significado da palavra “ode” e um fragmento de “Ode ao burguês”: Ode, segundo o Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa, significa: poema lírico destinado ao canto; poema lírico composto de versos com medida igual, sempre com tom alegre e entusiástico. Ode ao Burguês Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, o burguês-burguês! A digestão bem feita de São Paulo! O homem-curva! o homem-nádegas! O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, é sempre um cauteloso pouco-a-pouco Eu insulto as aristocracias cautelosas! os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros! que vivem dentro de muros sem pulos, e gemem sangues de alguns mil-réis fracos para dizerem que as filhas da senhora falam o francês e tocam os “Printemps” com as unhas! (...) Fora! Fu! Fora o bom burguês!… (ANDRADE, Mario. 50 poemas e um Prefácio interessantíssimo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013. Disponível em: <https://pensador.uol.com. br/frase/NTIwOTg5/>.) Questões sobre a 1ª Geração Modernista Tomando por base o significado da palavra ode, o título do poema e o conteúdo do poema exposto, pode-se afirmar que: I. O título do poema corresponde claramente ao conteúdo exposto, que deixa óbvio que se trata de um canto alegre e entusiástico,quase uma homenagem. II. A sonoridade do título, quando lido oralmente, sugere-nos sua real intenção: por meio do jogo sonoro e da ironia, declarar “ódio ao burguês”. III. O poema foi escrito para ser declamado na Semana de Arte Moderna e provocar a plateia sarcasticamente, uma vez que se trata de uma sequência de insultos. IV. O poema exalta inúmeras qualidades do burguês, assim como seus ideais e conduta, mostrando-se coerente com o título. estagiarios_colinc Realce estagiarios_colinc Realce Questões sobre a 1ª Geração Modernista a. Apenas I está correta. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas III e IV estão corretas. d. Apenas I e IV estão corretas. e. Apenas I e II estão corretas. estagiarios_colinc Realce Questões sobre a 1ª Geração Modernista a. Apenas I está correta. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas III e IV estão corretas. d. Apenas I e IV estão corretas. e. Apenas I e II estão corretas. Questões sobre a 1ª Geração Modernista Poética Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor. Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbedos O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare - Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. (BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro. Aguilar, 1974) Questões sobre a 1ª Geração Modernista Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta: a) critica todo e qualquer lirismo na literatura. b) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico. c) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico. d) propõe a criação de um novo lirismo. Questões sobre a 1ª Geração Modernista Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta: a) critica todo e qualquer lirismo na literatura. b) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico. c) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico. d) propõe a criação de um novo lirismo. Questões sobre a 1ª Geração Modernista Erro de português – Poema de Oswald de Andrade “Quando o português chegou Debaixo duma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português”. O primitivismo observável no poema acima, de Oswald de Andrade, caracteriza de forma marcante a) o regionalismo do Nordeste. b) o concretismo paulista. c) a poesia Pau-Brasil. d) o simbolismo pré-modernista. e) o tropicalismo baiano. Questões sobre a 1ª Geração Modernista Erro de português – Poema de Oswald de Andrade “Quando o português chegou Debaixo duma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português”. O primitivismo observável no poema acima, de Oswald de Andrade, caracteriza de forma marcante a) o regionalismo do Nordeste. b) o concretismo paulista. c) a poesia Pau-Brasil. d) o simbolismo pré-modernista. e) o tropicalismo baiano.