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Laís Silva Gomes – 06/2021 @laissg1 Bioquímica - Biossinalização – 03/05/2021 A maioria dos processos são dependentes de processos de biossinalização. Uma molécula biológica (sinalizadores) leva o sinal para outra célula. É a ação de biossinalizar (sinalização biológica). Forma como as células se comunicam. Característica universal de todas as células de se comunicar umas com as outras, que depende do sinal e de existência de receptor (são os dois protagonistas). No caso da Maria Elizabeth, o processo de sinalização mediado pela insulina (sinalizador) não acontece devidamente. Toda vez que ela consome alimentos ricos em carboidratos e gorduras, a glicemia sobe (alteração dos níveis de glicose – hiperglicemia). Em um cenário de hiperglicemia é necessário diminuir a glicose. O organismo precisa de um informante (molécula sinal - insulina). Para receber o sinal, é preciso ter receptores, que apresentam baixa sensibilidade (capacidade do receptor de responder a mínimas alterações). Se a sensibilidade está baixa, dificilmente o receptor deve responder. O processo de sinalização mediado pela insulina está comprometido por uma baixa sensibilidade do receptor. Laís Silva Gomes – 06/2021 @laissg1 Bioquímica - Biossinalização – 05/05/2021 O receptor é necessário. Reage com o sinal e dentro da célula, cria mecanismos para a criação da resposta. Na 2ª situação existem várias possibilidades de ação para apagar o fogo. Para agir rapidamente, é necessário que tenha energia (ATP) de forma rápida (situação de susto ou fuga). ▪ Necessidade: gerar energia (ATP) ▪ O que o organismo pode usar como substrato para geração de energia: glicogênio. Para usar reservas energética, o organismo precisa estar ciente dessa necessidade, precisando de uma molécula sinal. ▪ Molécula sinal: informa às células que é vivenciada uma situação de susto, e precisa da geração de energia É necessário também de molécula receptora, que interage com o sinal. Decodifica a mensagem do sinal e a partir desse momento, dentro da célula acontece a cascata de sinalização, e ao fim, uma resposta celular, que sacia a necessidade. Definição de biossinalização: capacidade universal das células de se comunicarem umas com as outras. A manutenção da homeostase do organismo é totalmente dependente desse processo. Acontece por algumas etapas previamente definidas, passos primordiais para concretização da capacidade de comunicação. 1. Um sinal interage com o receptor. o A molécula sinal carreia uma informação (mensagem) das diferentes necessidades do organismo. o Para toda molécula sinal (expressa ou secreta o sinal) existe uma molécula receptora (recebe e interpreta o sinal). O receptor é tipo um decodificador; faz com que a célula entenda o que o sinal tenta informar. o Nem toda molécula sinal é hormônio. Podem ser lipídeos, derivadas de proteínas, carboidratos (glicoproteínas). o Nem todo receptor é receptor de superfície. Existem receptores intracelulares. O que determina é a característica da molécula sinal. Moléculas polares demandam receptores de superfície. Molécula apolar pode atravessar a membrana, não demandando de receptores de superfícies. Utilizam receptores predominantemente intracelulares. 2. Receptor ativado interage com a maquinaria celular (proteínas intracelulares). Elas vão sendo ativadas em sequência, a partir do momento que interagem com o receptor. É a chamada cascata de sinalização. o Cascata de sinalização é uma ativação sequencial de proteínas intracelulares. o Ela não é contínua para sempre. O desfecho é a ativação de uma proteína-alvo (ou efetoras). Ela é a responsável por efetuar a resposta celular. 3. Produção da resposta celular, através da proteína efetora (que foi alcançada pela cascata de sinalização) INTERAÇÃO SINAL-RECEPTOR → CASCATA DE SINALIZAÇÃO → PRODUÇÃO DE RESPOSTA Laís Silva Gomes – 06/2021 @laissg1 Bioquímica - Biossinalização – 10/05/2021 TIPOS DE BIOSSINALIZAÇÃO (SINALIZAÇÃO CELULAR) É necessário atentar à característica da molécula-sinal e molécula receptora. 1. Sinalização dependente de contato: só se concretiza a partir do contato célula- sinal//célula-alvo; a molécula-sinal é expressa na superfície de uma célula (célula sinalizadora), e a molécula receptora está expressa na superfície da célula-alvo. Ex.: inflamação mediada pela célula imune (leucócito com glicoproteína na superfície – molécula sinal) e lectinas (moléculas receptoras); processo de internalização viral. 2. Parácrina: tem uma célula-sinalizadora que secreta o sinal para as células-alvo, que estão próximas. Ex.: eicosanoides. 3. Sináptica: apresenta características semelhantes à sinalização parácrina. A diferença é que a sináptica ocorre somente em células neuronais. O neurônio produz o sinal (neurotransmissor), que é secretado no meio extracelular, e o sítio de atuação é numa célula próxima. Ex.: sinapse no cérebro. 4. Endócrina: a célula sinalizadora (é a célula-endócrina) produz a molécula sinal e secreta no meio extracelular. Pode cair na circulação sanguínea e ser carreada à células-alvo que estão distantes do local de síntese. Atuação sistêmica, em todo o organismo, mas somente as células-alvo com receptor de superfície adequado responderão a esse sinal. Ex.: hormônios. 5. Autócrina: atua no mesmo local de produção do sinal. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA TRANSDUÇÃO DE SINAL 1. Especificidade: capacidade da célula de expressar um receptor especifico para dado sinal, mas dependendo da sua maquinaria, gera respostas diferente (determina a variabilidade na resposta celular). 2. Amplificação; uma molécula sinal interage com o receptor, que quando ativado, começa a interagir com a maquinaria celular. A partir do momento que a 1ª proteína se ativa, promove ativação de outras. Essa amplificação é a capacidade do processo de sinalização amplificar o sinal a partir da cascata de sinalização. 3. Modularidade: se correlaciona com a resposta celular; capacidade do processo de biossinalização modular a resposta, mas para isso, é preciso atuação das proteínas moduladoras (atraem proteínas da cascata). Proteínas moduladoras (ou de ancoragem): vão protagonizar essa característica da modularidade. Não tem atividade catalítica definida. Serve de âncora, isto é, fica no meio da cascata e atraindo outras proteínas intracelulares. Dependendo de quem são essas proteínas, a resposta gerada pode tomar caminhos diferentes. 4. Dessensibilização: perda de sensibilidade; sensibilidade é uma característica relacionada ao receptor, é a capacidade dos receptores responderem a mínimos sinais. Quando tiver excesso de resposta, a perda de sensibilidade é necessária (feedback negativo). 5. Integração: conceito relacionado à resposta. Capacidade do processo de sinalização de integrar a resposta celular. Receptores diferentes produzem uma única resposta para benefício do todo, concretizada pela união da maquinaria celular. Laís Silva Gomes – 06/2021 @laissg1 DIVERSIDADE DE SINAIS Nem toda molécula sinal é hormônio. Há diversidade tanto em termos quantitativos, quanto em qualitativos. Antígenos (atuam no sistema imune), carboidratos (glicoproteínas, oligossacarídeos), componentes da MEC, fatores de crescimento, diferentes hormônios, hipóxia, luz, toque, patógenos, neurotransmissores, nutriente, odores, feromônios, sabores, entre outros. O organismo vários receptores para os vários sinais que podem acontecer: classes de receptores (responsáveis por interagir com a diversidade de sinais). Sinais diferentes podem interagir com os mesmos tipos de receptor. Existem seis classes de receptores: 1. Receptor associado à Proteína G: receptor de superfície. O ligante é predominantemente polar. Mas ele sozinho não concretiza os processos. Para isso, deve ser associado à proteína G, a qual viabilizaa atividade do receptor e cascata de sinalização. 2. Receptor tirosina-cinases: associado a enzimas (atividade catalítica - acelera reações químicas). Receptor de superfície, molécula ligante polar. A enzima tem atividade cinásica (toda cinase catalisa reação de fosforilação – adicionar fosfato). Então o receptor fica ativo toda vez que tiver sido fosforilado. 3. Receptor guanilil-ciclase: associado a enzimas (atividade catalítica - acelera reações químicas). Receptor de superfície, molécula ligante polar. A enzima guanilil-ciclase é responsável pela síntese da GMP, derivada da GTP (molécula funcionalmente similar ao ATP, a diferença é a base nitrogenada). O receptor quebra o GTP e forma GMP, e usa a energia da quebra para ser ativado. 4. Canal iônico com portão: uma molécula proteica na superfície celular que permite a passagem de íons. São tipos de receptores, porque para abrirem ou fecharem precisam de um sinal. Também existe canal iônico dependente de voltagem. 5. Receptor de adesão: permeiam a adesão célula-célula; receptor de superfície. Interagem com as moléculas da MEC; permitem contato intra-extracelular. Extracelularmente interagem com moléculas da MEC. Intracelularmente, depois do contato extracelular, há interação com proteínas do citoesqueleto. 6. Receptor nuclear: é um receptor intracelular, localizado no núcleo. Traz características totalmente distintas dos demais. Ligante apolar (hidrofóbicos). São potentes reguladores da expressão de diferentes proteínas no organismo (resposta celular gerada é a nível de expressão gênica). Laís Silva Gomes – 06/2021 @laissg1 Bioquímica - Biossinalização – 12/05/2021 ÊNFASE NOS RECEPTORES: ASSOCIADO À PROTEÍNA G E TIROSINA-CINASE RECEPTORES ACOPLADOS À PROTEÍNA G (GPCR) – CARACTERÍSTICAS GERAIS ✓ Componentes essenciais: o Receptor na membrana plasmática: tem uma única subunidade que atravessa 7 vezes a membrana; seu papel é receber e interpretar o sinal; o Proteína G: chamada de proteína G, pois tem a capacidade de ligar ao nucleotídeo de guanina (GTP); é uma proteína heterotrimérica (três subunidades estrutural e funcionalmente diferentes – sempre acopladas ao receptor), mas existem também as monoméricas. Subunidades: alfa (é importante, porque interage diretamente com o GTP; ativa quando liga ao GTP, inativa quando ligada ao GDP), beta e gama (alfa e gama formam heterodímero (recepciona a subunidade alfa toda vez que o processo de sinalização celular finalizar). A subunidade alfa (sempre que está ativa) se desprende da beta e gama, para que possa ativar uma enzima, a fim de gerar resposta celular. o Enzima efetora: responsável por efetuar a resposta. Ativada quando a subunidade alfa interage com ela. MECANISMO GERAL DE FUNCIONAMENTO DO RECEPTOR ACOPLADO À PROTEÍNA G 1º) Interação sinal + receptor Na 2ª situação existem várias possibilidades de ação para apagar o fogo. Para agir rapidamente, é necessário que tenha energia (ATP) de forma rápida (situação de susto ou fuga). ▪ Necessidade: gerar energia (ATP) ▪ O que o organismo pode usar como substrato para geração de energia: glicogênio. ▪ A quebra do glicogênio só acontece se tiver ativação de uma enzima: glicogênio fosforilase (proteína alvo). Essa proteína alvo não está ativa o tempo todo. Para usar reservas energética, o organismo precisa estar ciente dessa necessidade, precisando de uma molécula sinal. ▪ Molécula sinal: informa às células que existe uma demanda energético, fazendo com que a célula ative a enzima responsável pela quebra do glicogênio. Nessa situação, o sinal predominante é a adrenalina. É necessário também de molécula receptora, que interage com o sinal. Decodifica a mensagem do sinal e a partir desse momento, dentro da célula acontece a cascata de sinalização, e ao fim, uma resposta celular, que sacia a necessidade. O receptor de adrenalina e glucagon é um receptor acoplado à proteína G. Laís Silva Gomes – 06/2021 @laissg1 2º) Mudança conformacional na face intracelular → associação da proteína G → na subunidade alfa tem a troca de GDP em GTP, ativando a proteína → deslocamento da subunidade alfa → promove a ativação da enzima → cascata de sinalização → ativação da proteína alvo 3º) Resposta celular RECEPTORES ACOPLADOS À PROTEINA G (GPCR) – SISTEMA RECEPTOR β-ADRENÉRGICO Objetivo: promover a ativação do glicogênio fosforilase (enzima que quebra o glicogênio) para gerar energia. Ela é ativada pela adição de fosfato. Os mecanismos de regulação enzimática controlam a ativação ou inativação dessa enzima. As cinases são responsáveis pela fosforilação. Fosforilação é regulação por modificação covalente. O sinal é a adrenalina nessa situação. Informa a necessidade de energia. Os receptores acoplados à proteína G que recebem. A subunidade alfa se desloca até a proteína adenilil-ciclase (que sintetiza o AMP – quebra o ATP e forma o AMP). O AMP é um modulador alostérico (o modulador se liga ao sitio alostérico da enzima) positivo. O positivo aumenta a atividade enzimática, enquanto que o negativo diminui. O AMP ativa a PKA (proteína cinase A), que catalisa uma reação de fosforilação (adição de fosfato) na enzima glicogênio-fosforilase. Portanto, a PKA viabiliza a fosforilação da proteína alvo. A adrenalina interage com o receptor. Ocorre a mudança conformacional e acoplamento a proteína G. A subunidade alfa se liga a adenilil-ciclase, sintetizando AMP cíclico a partir do ATP. O AMP cíclico ativa a PKA, que fosforila e ativa a próxima enzima da cascata, a cinase da glicogênio- fosforilase. Essa enzima adiciona fosfato na glicogênio-fosforilase, e acontece a quebra de glicogênio em glicose. Laís Silva Gomes – 06/2021 @laissg1 Bioquímica - Biossinalização – 17/05/2021 RECEPTOR TIROSINA-CINASE Na situação 1, quando há excesso de glicose, é necessário armazena-la, em forma de glicogênio. Para isso, vai ser necessário a presença da enzima glicogênio sintase (proteína alvo). A síntese de glicogênio acontece intracelularmente, em células musculares ou hepáticas. A glicose não entra livremente na célula, é necessário a presença dos GLUTs. As células que armazenam glicogênio não têm GLUT4 (proteína alvo) na superfície o tempo todo, é preciso ativa- la. A glicogênio sintase fica ativa quando desfosforilada. O sinal deve informar a célula de que a glicose sanguínea está muito elevada. Esse sinal é a insulina (hormônio secretado em situação de hiperglicemia). O receptor desse sinal é da classe tirosina-cinase. - Receptor transmembrânico de superfície - Tem 2 subunidades: alfa e beta; essas subunidades tem 2 faces – extracelular (a função é receber a molécula sinal) e intracelular (é uma enzima com atividade cinásica; atividade enzimática do receptor; sitio ativo enzimático, catalisa a reação de fosforilação, e esse processo se dá em resíduos de tirosinas – aminoácidos); - Quando o sinal interage com a face extracelular, ativa a enzima na face intracelular. Acontece autofosforilação. MECANISMO GERAL DE FUNCIONAMENTO DO RECEPTOR TIROSINA-CINASE 1º) Interação sinal + receptor, na face extracelular do receptor 2º) Mudança conformacional na face intracelular que promove a ativação da atividade cinásica (ativação da enzina que está na face intracelular) → autofosforilação (fosforilação no próprio receptor, por ele mesmo) → ativação do receptor 3º) Receptor ativo → promove a exposição do sitio ativo para o meio intracelular, onde há muitas proteínas 4º) Cascata de sinalização → vai para a proteína alvo e gera a resposta celular RECEPTOR TIROSINA-CINASE (RTKs) E RECEPTOR DO HORMÔNIO INSULINA (INS-R) O objetivo é a mobilização do GLUT4 e ativação da glicogênio-sintase (desfosforilada). Ocorre interação do sinal (insulina) com o receptor (tipo tirosina-cinase). Ativaa enzima tirosina- cinase na face intracelular, promovendo a autofosforilação do receptor em resíduos de tirosina. O receptor fica ativo e promove a exposição do sitio ativo da enzima para o meio intracelular, fazendo com que as proteínas se liguem a ele, tendo a possibilidade de serem fosforiladas. A 1ª proteína da cascata é a IRS-1 (substrato do receptor de insulina – foi a molécula que se ligou no sitio ativo do receptor). Laís Silva Gomes – 06/2021 @laissg1 A IRS-1 se fosforila e ativa a PI3K (ou fosfatidil-inositol cinase – enzima). Fosfatidil-inositol (PIP) é um lipídio de membrana. Vai de PIP2 para PIP3, porque acontece fosforilação através do PI3K. Esse lipídeo de membrana é responsável por ativar a próxima enzima, a PKB (ou proteína cinase B – enzima). Os GLUT ficam em vesículas lipídicas dentro da célula. O PKB promove a estimulação do movimento dessa vesícula para a superfície celular, fazendo os GLUTs ficarem expostos e prontos para a captação de glicose através de transporte passivo. Agora, precisa transformar essa glicose em glicogênio, sendo necessária a enzima glicogênio- sintase (GS). Depois que PKB promoveu a mobilização do GLUT e consequentemente, a absorção de glicose, ela passa a agir sob outras proteínas. A enzima GSK3 (ou glicogênio-sintase cinase) está ativa. A PKB fosforila ela e fez com que ela ficasse inativa, para que ela não fosforile a GS (a GS é inativa quando fosforilada). Assim, a transformação da glicose em glicogênio é possível. A proteína é ativada e ativa outras até chegar na proteína alvo.