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Fisiologia Humana I João Vitor Novaes | 74A Medicina FCM-MG 1º período 2020.2 PLACA MOTORA E CONTRAÇÃO MUSCULAR (Capítulos 06 e 07 do Guyton) • Estrutura do músculo esquelético: - Sarcolema: membrana celular que envolve a fibra muscular. • Projeta longos processos digitiformes (túbulos T) para o sarcoplasma da fibra muscular. - Túbulos transversos: importante para a passagem do potencial de ação polo interior da fibra muscular. - Retículo Sarcoplasmático: armazena íons Ca, importantes para a base da contração muscular. - Regiões do sarcômero: linha Z, banda A e banda I. A célula muscular é uma célula rica em mitocôndria, porque a contração muscular exige muita energia – que é derivada do ATP do metabolismo celular. - Miofibrilas: o conjunto de miofibrilas compõe a fibra muscular. São formadas por filamentos de actina (finos), miosina (grossos), titina (elásticos) e nebulina (inelásticos). Ainda existem outras proteínas que fazem parte das miofibrilas que são a troponina e a tropomiosina. • Molécula de miosina: possui uma cabeça e uma cauda. • Molécula de actina: se assemelha a uma hélice de pérolas. 1 miofibrila = 3000 filamentos de actina e 1500 filamentos de miosina. - Responsáveis pela dinâmica da contração muscular. • Bandas/Faixas I → faixas claras • Bandas/Faixas A → faixas escuras Essas faixas dão a estrutura de músculo estriado → formam estrias Projeções miosinas (cabeça da miosina): pontes cruzadas Vinculina e Distrofina: formam o citoesqueleto extramiofibrilar – são proteínas de adesão célula-célula. Formam o disco Z: une as miofibrilas em toda extensão da fibra muscular (transversalmente) • Distrofias musculares: doenças causadas pela deficiência da Distrofina nas células musculares. Com isso, uma miofibrila não cola direito com outra miofibrila – provoca dificuldade da passagem do potencial de ação entre as células musculares → fraqueza muscular generalizada (tetraplegia). - Sarcoplasma: “citoplasma” da fibra muscular. - Sarcômeros: unidade funcional dos músculos. - Tecidos conjuntivos extracelulares: • EPIMÍSIO: Estrutura firme (fibras de colágeno), que cerca todo o ventre muscular e o separa dos demais músculos. • PERIMÍSIO: Divide o músculo em fascículos, conduto para vasos sanguíneos e nervos (resistente ao estiramento). • ENDOMÍSIO: Cerca cada fibra muscular e é imediatamente externo ao sarcolema. Troca metabólica e transporte de parte da força contrátil do músculo ao tendão. - Titina: importante molécula de proteína que está colada junto com a miosina e com o disco Z. Ajuda a transferir a força da contração muscular para os tendões. Funciona como mola: quando temos um encurtamento dos sarcômeros, a titina estica e gera energia. Quando o músculo relaxa, a titina encurta (mola propulsora geradora de energia). • Teoria da Contração Muscular: Filamentos Deslizantes (Proposta por A. E. Huxley e H. E. Huxley em 1964) - Encurtamento ativo dos sarcômeros resulta do movimento relativo dos filamentos de actina e de miosina um no outro (deslizamento). - Cada filamento mantém sempre o seu comprimento original (não há deformações). - A força de contração é desenvolvida pelas cabeças de miosina (pontes cruzadas) na região de sobreposição entre actina e miosina (banda A). - Produz o deslizamento da actina em direção ao centro do sarcômero. - As pontes cruzadas desprendem-se do receptor da actina e reinserem-se em outro local mais adiante (5 a 6 vezes por contração), semelhante a um homem puxando uma corda, uma mão sobre a outra. • A saber: contração muscular e potencial de ação - A contração muscular é o potencial de ação na fibra muscular com liberação de cálcio intramuscular (cálcio que está dentro retículo sarcoplasmático). - Potencial de repouso da membrana: -80 a -90 mV. - Tempo de duração do potencial de ação das fibras musculares é 5 vezes mais prolongado do que nas fibras nervosas (diâmetro da fibra muscular é maior que o da fibra nervosa). - Velocidade de condução menor que nas fibras nervosas. • PLACA MOTORA (Junção Neuromuscular): Para que o potencial de ação passe do nervo motor para as fibras musculares, existe uma ligação entre os tecidos nervoso e muscular – chamada de Placa Motora ou Junção Neuromuscular. - Função da Placa Motora: provocar a excitação das fibras musculares pelos nervos (através de um estímulo que acaba por gerar um potencial de ação na fibra muscular). - Fibras nervosas são mielinizadas (ou seja, condução do potencial de ação saltatória e rápida). - 98% 1 junção por cada fibra muscular. - A junção é realizada, geralmente, próxima ao centro da fibra muscular para que a propagação do potencial de ação seja uniforme para ambos os lados da fibra muscular e ter, portanto, uma ótima eficiência de passagem do potencial de ação. • Transmissão neuromuscular (Acoplamento Excitação-Contração): O potencial de ação vem através de um impulso nervoso das grandes fibras mielinizadas que se originam no corno anterior da medula espinal e chega como nervo até as fibras musculares. Daí, vai se ramificar nessas fibras em várias terminações neuromusculares (Placa Motora), gerando a passagem do potencial de ação para dentro das fibras musculares esqueléticas. Mas como ocorre a secreção de acetilcolina pelos terminais nervosos? Primeiro, a acetilcolina fica no terminal nervoso nas vesículas sinápticas (formadas no aparelho de Golgi, no corpo celular desse moto neurônio na medula) e vai ser transportada pronta até o terminal axônio (junção). Já o neurotransmissor (a acetilcolina) é produzido no citosol dessas terminações nervosas e vai ficar armazenado nas vesículas sinápticas. Quando chega o impulso nervoso (ou seja, o potencial de ação), haverá a abertura, na membrana do terminal axônio, de canais de Ca voltagem-dependentes ou canais de Ca sensíveis a voltagem. Dessa maneira, o Ca que está no LEC vai entrar para o interior do canal axônio e promoverá a exocitose (expulsão) das vesículas sinápticas com a acetilcolina na fenda sináptica. Existe, por fim, uma enzima (chamada acetilcolinesterase), que, depois que a acetilcolina se liga ao seu receptor nicotínico, ela vai degradar a acetilcolina em acetato e colina, provocando a reabsorção dessa substância, que volta para o terminal axônio (ressíntese da acetilcolina). A figura ao lado mostra uma junção neuromuscular, na qual podemos observar um neurônio motor mielinizado (célula de Schwann, que produz bainha de mielina – promove a condução saltatória do potencial de ação). No terminal axônico, observam- se várias mitocôndrias e as vesículas sinápticas (em azul), que tem dentro delas a acetilcolina. O que acontece quando chega um potencial de ação nesse terminal axônico? Esse potencial de ação, que é um estímulo elétrico, vai fazer com que os canais de cálcio sensíveis à voltagem (que estão na membrana do terminal axônico) se abram e, com isso, o Ca que está fora da célula vai entrar e vai servir para estimular a saída da acetilcolina (que, na fenda sináptica, se ligará ao seu receptor nicotínico). O canal vai abrir e terá a passagem do potencial de ação para o interior da fibra muscular. Outro caso clínico é a Miastenia Grave (fraqueza muscular grave). É uma doença autoimune, onde anticorpos produzidos pelo nosso próprio corpo enxergam os receptores nicotínicos como inimigos e, consequentemente, destroem esses receptores. Sendo assim, a acetilcolina que é liberada na fenda sináptica não tem capacidade de se ligar a esses receptores nicotínicos destruídos. Na primeira figura, uma junção muscular normal, mostrando a acetilcolina (verde) sendo liberada na fenda sináptica e se ligando aos receptores nicotínicos. Porém, na Miastenia Grave, na figura de baixo, observa-se a diminuição do número de receptores nicotínicos e os anticorpos (em azul) inativando esses receptores e bloqueando, então, a ligaçãoda acetilcolina com os receptores nicotínicos. Um sinal característico da miastenia grave é a ptose palpebral (queda do músculo da pálpebra – a pessoa fica com um olho meio fechado). Tratamento da Miastenia Grave: a enzima acetilcolinesterase degrada a acetilcolina quando ela se liga ao receptor nicotínico. Depois o canal se abre e ela se desliga do receptor nicotínico e fica na fenda sináptica (o canal fecha – cessou o potencial de ação/a contração muscular). Para essa acetilcolina ser reaproveitada (fabricada novamente), ela precisa voltar para o terminal axônico do neurônio motor. Como ela volta? Vem a acetilcolinesterase, degrada a acetilcolina em duas substâncias (acetato e colina) – o peso molecular se torna menor e ela consegue retornar para a fenda sináptica. Então, a acetilcolinesterase faz essa função para facilitar a quebra e nova produção de acetilcolina. Quando utilizamos a neostigmina ou a fisostigmina (anticolinesterásicos) no tratamento da Miastenia Grave, olha só o que ocorre: como a acetilcolina está ficando em excesso igual vimos na figura anterior na fenda sináptica, a acetilcolinesterase degrada a acetilcolina para ela voltar para o terminal axônico. Daí, ela não consegue mais se ligar aos poucos receptores nicotínicos que restam da Miastenia Grave (que ainda não foram destruídos). A partir do momento que se dá esse fármaco, inativa- se a acetilcolinesterase e a acetilcolina vai ficar por um maior tempo na fenda sináptica tendo maior chance de se ligar a receptores que ainda não foram danificados. • Sistema de túbulos transversos: - Propagam o potencial de ação para o interior da fibra muscular. - Como foi falado, o diâmetro da fibra muscular é muito maior do que o diâmetro das fibras nervosas e os túbulos transversos fazem o papel de levar o estímulo até as miofibrilas mais centrais. - Faz com que haja a uniformidade e a sincronia da contração muscular. • Etapas da excitação e do relaxamento fisiológico das fibras musculares: 01: Chegada do sinal nervoso na placa motora Esse sinal nervoso vem do neurônio motor do corno anterior da medula espinal. Com a chegada desse potencial de ação, haverá a excitação dos canais de Ca sensíveis a voltagem. Isso provocará um influxo de Ca para dentro do terminal axônico. 02: Exocitose da acetilcolina para a fenda sináptica Depois que o Ca entrou para o terminal axônico, ocorre liberação de acetilcolina. 03: Ligação da acetilcolina em seu receptor nicotínico 04: Abertura dos canais de cálcio regulados pela acetilcolina. Provocando a entrada do sódio para dentro da fibra. Despolarização local. 05: Abertura dos canais voltagem-dependentes para propagar todo o potencial de ação (despolarização) da célula. Entrada de sódio e saída de potássio na regularização (quem provoca isso são os canais ligantes da acetilcolina que iniciou esse processo e vai provocar a abertura dos canais). 06: Propagação do potencial de ação para toda a membrana da fibra muscular (adentram para o interior da fibra através dos túbulos transversos). 07: Saída do cálcio intramuscular (armazenado no reticulo sarcoplasmático) para a região das miofibrilas. 08: Esse cálcio foi se ligar nas miofibrilas - se liga na proteína chamada troponina. Liga-se na parte troponina C – que está ligada a tropomiosina (quando o músculo está relaxado, essa proteína tampa o sitio ativo da actina). 09: Deslizamento da tropomiosina – gera exposição do sítio ativo da actina. Qual a importância do Ca para a contração muscular? Esse cálcio que sai do reticulo sarcoplasmático se liga como uma chave na troponina (fechadura). E a tropomiosina é como se fosse uma porta que estava tampando o sitio ativo da actina. Então, com a chegada do cálcio, ele abre esse sitio ativo gerando essa alteração conformacional da tropomiosina. Nessas duas etapas, observamos a teoria do mecanismo dos filamentos deslizantes entre actina e miosina. 10: Ativação e engatilhamento da cabeça da miosina através do gasto de ATP. Vai sofrer uma atração para se ligar ao sitio ativo da actina. 11: Formação das pontes cruzadas – cabeça da miosina + sítio ativo da actina. Gera o encurtamento dos sarcômeros e a contração muscular (gasta energia, vai se desgrudar do sítio ativo da actina – indo para os próximos, em torno de 5 a 6 vezes). 12: Forca de deslocamento – as pontes cruzadas que estão sendo formadas vão provocar um deslizamento da cabeça da miosina para outro sitio ativo da actina com gasto de energia. 13: Formação de um novo ATP para o mecanismo de contração muscular. Término do mecanismo das pontes cruzadas. Relaxamento dos músculos: 14: Cessação do estímulo nervoso e consequentemente vai parar de ser liberada acetilcolina para a fenda sináptica. 15: A acetilcolina (AChE) vai desgrudar do seu receptor nicotínico, volta para a fenda sináptica e a acetilcolinesterase quebra ela em acetato e colina para ocorrer a ressíntese na fenda sináptica novamente. 16: Reabsorção dos íons cálcio de volta para o retículo sarcoplasmático. 17: Por que esse cálcio voltou? Esse cálcio desgrudou da troponina. 18: Retorno da tropomiosina (bloqueio do sitio ativo da actina). A miosina fica esperando um novo estimulo para ocorrer uma nova contração muscular. - Passo a passo da contração muscular: os íons e potenciais 1) Um potencial de ação trafega ao longo de um nervo motor até suas terminações nas fibras musculares; 2) Em cada terminação o nervo secreta pequenas quantidades de neurotransmissores (acetilcolina); 3) A acetilcolina atua sobre a membrana da fibra muscular, abrindo canais acetilcolina dependente; 4) A abertura dos canais de acetilcolina-dependentes permite que grandes quantidade de íons Na flua para dentro da fibra muscular, desencadeando um potencial de ação; 5) O potencial de ação cursa ao longo da fibra muscular do mesmo modo que acontece nas fibras nervosas; 6) O potencial de ação despolariza a membrana da fibra e passa para o sarcoplasma, onde faz com que o reticulo sarcoplasmático libere para as miofibrilas grande quantidade de íons Ca; 7) Os íons Ca provocam grande força atrativa entre os filamentos de actina e miosina, fazendo com que elas deslizem entre si (contração); 8) Após um tempo, os íons Ca são bombeados de volta para o retículo sarcoplasmático, onde ficam armazenados até um novo potencial de ação muscular. A contração muscular ocorre por um mecanismo de deslizamento dos filamentos de actina e miosina. Um potencial de ação passa pela fibra muscular faz com o retículo sarcoplasmático libera grande quantidade de íons Ca que, rapidamente, atinge as miofibrilas. Quando há a liberação desses íons Ca2+, eles mudam a configuração da troponina, levando à exposição dos locais de ligação entre a actina e a miosina. Sarcolema: membrana celular das fibras musculares Miofibrilas: compõem a fibra muscular e são formadas por filamentos finos (actina) e grossos (miosina). - Molécula de miosina: possui uma cabeça e uma cauda. - Molécula de actina: se assemelha a uma hélice de perolas. Sarcoplasma: onde as miofibrilas estão suspensas no interior da fibra muscular por uma matriz formada pelos constituintes intracelulares usuais Ocorrendo a interação entre as proteínas, é liberada energia e observa-se uma deformação na cabeça da miosina que se curva e acaba empurrando o filamento de actina, causando o deslizamento dessas proteínas. • Tetania Incompleta x Tetania Completa O que é TETANIA? Tetania é uma somação de estímulos por frequência. Incompleta: Há um aumento contínuo dos potenciais de ação e o tempo de relaxamento entre as contrações diminui até que as fibras musculares alcancem o estado de contração máxima. Completa: A taxa de estímulos é mais rápida o suficiente para que não tenha tempo da fibra muscular relaxar. A fibra alcançapressão máxima e permanece nesse ponto.
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