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Materiais de construção I Profa. Ma. Laisa Cristina Carvalho 1ª Edição Gestão da Educação a Distância Todos os direitos desta edi- ção ficam reservados ao Unis - MG. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume (ou parte do mesmo), sob qual- quer meio, sem autorização expressa da instituição. Cidade Universitária - Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola, 650, Bairro Aeroporto. Varginha /MG ead.unis.edu.br 0800 283 5665 Autoria Currículo Lattes: Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Minas Gerais (2013), mes- trado em Estruturas e Construção Civil pela Universidade Federal de São Carlos (2016) e dou- toranda em Estruturas e Construção Civil pela Universidade Federal de São Carlos. Desenvolve pesquisas relativas ao esforço despendido pelos trabalhadores nas diversas tarefas da constru- ção civil. Atuando principalmente nos seguintes temas: ergonomia, produtividade e gestão do canteiro de obras. Profa. Ma. Laisa Cristina Carvalho http://lattes.cnpq.br/2781510654977013 5 Unis EaD Cidade Universitária – Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola, 650, Bairro Aeroporto. Varginha /MG ead.unis.edu.br CARVALHO, Laisa Cristina. Materiais de Construção I. Varginha: GE- aD-UNIS/MG, 2020. 65 p. 1. Cal. 2. Gesso. 3. Cimento. 4. Agregado graúdo. 5. Agregado miúdo. 6. Argamassa. 7. Concreto. Caros alunos, Com a constante competição do setor da construção, faz-se necessário que nos preo- cupemos cada vez mais com as novas tecnologias e materiais disponíveis no mercado. A con- corrência na construção civil se mostra até em um mesmo segmento aumentando a cada dia, sendo oferecidos os mesmos produtos e serviços por diversas marcas. De acordo com esse mercado, conquistar e consolidar marcas e materiais vêm se tor- nando um grande desafio para as empresas de construção civil. Para ajudar no entendimento e escolha desses materiais e tecnologias, a disciplina de Materiais de Construção vem para aumentar o leque de conhecimento, garantindo a elabora- ção de bons projetos e as melhores especificações nos sistemas construtivos. A interatividade do conteúdo da referida disciplina se dará a partir do desenvolvimento de habilidades e competências de seus sujeitos envolvidos (docentes e discentes), na proposta de encontrar formas variadas para a construção do conteúdo ementário sugerido pela institui- ção de ensino superior, subsidiando-se em uma metodologia didática. O desafio está lançado, contem comigo! Vamos trabalhar juntos!!!!! Laisa Cristina Carvalho Ementa Orientações Palavras-chave Propriedades gerais dos materiais. Normas brasileiras. Materiais: pedras naturais, agregados, aglomerantes, argamassas, concretos. Dosagem de concreto. Ver Plano de Estudos da disciplina, disponível no ambiente virtual. Cal; Gesso; Cimento; Agragado graúdo; Agregado miúdo; Argamassa; Cimento. Unidade I - Propriedades gerais dos materiais e Normas brasileiras 12 Introdução 12 1.1 Introdução aos Materiais de Construção 12 1.2 Condições e classificação dos materiais 15 1.3 Propriedades Gerais dos Materiais 16 1.4 Normas Brasileiras Regulamentadoras 18 Unidade II - Pedras naturais e agregados 23 Introdução 23 2.1 O uso das pedras naturais na engenharia 23 2.2 Formação e classificação das rochas 23 2.2.1 Rochas ígneas 24 2.2.2 Rochas sedimentares 27 2.2.3 Rochas metamórficas 30 2.3 Agregados 32 2.3.1 Classificação dos Agregados 32 2.4 Agregado miúdo 35 2.5 Agregado graúdo 35 Unidade III - Aglomerantes 38 Introdução 38 3.1 Classificação dos aglomerantes 38 3.1.1 Aglomerantes Hidráulicos 38 3.2 Propriedades dos Aglomerantes 39 3.3 Processos de produção dos aglomerantes e suas características 40 3.3.1 CAL 40 3.3.2 Gesso 42 3.3.3 Cimento 44 3.3.3.1 Matérias-primas para a produção do cimento 45 3.3.3.2 Fabricação do cimento Portland 46 3.3.3.3 Preparo e dosagem da mistura crua 46 3.3.3.4 Homogeneização 47 3.3.3.5 Clinquerização 48 3.3.3.6 Esfriamento 48 3.3.3.7 Adições finais e moagem 49 3.3.3.8 Ensacamento 49 Unidade IV - Argamassa 53 Introdução 53 4.1 Classificação das argamassas 55 4.2 Propriedades das argamassas 57 Unidade V - Concreto 60 Introdução 60 5.1 Qualidade do concreto 61 5.2 Propriedades do concreto 61 5.2.1 Propriedades do concreto fresco 62 5.2.2 Propriedades do concreto endurecido 63 Referências Bibliográficas 65 Objetivos da Unidade Unidade I - Propriedades gerais dos materiais. Normas brasileiras. I - Apresentar os conceitos gerais sobre os materiais de cons- trução e sua aplicação, além de apresentar todas as normati- vas que envolvem os materiais nas mais variadas etapas. 12 Unidade I - Propriedades gerais dos materiais e Normas brasileiras Introdução Nessa unidade, pessoal, iremos entender a importância do conhecimento mais aprofundado acerca dos materiais de construção e seu emprego na construção civil. 1.1 Introdução aos Materiais de Construção Na construção de uma edificação, são definidos como materiais todo e qualquer material utilizado na construção, desde a locação e infraestrutura da obra até a fase de acabamento, desde um simples prego até os materiais mais conhecidos como o concreto. Figura 1 - Mistura pronta sendo liberada pela betoneira Fonte: istock.com 13 Assim, a expressão “materiais de construção” compreende uma gama extensa de mate- riais, os quais estudaremos alguns dos principais, que denominamos de “Materiais de Constru- ção Básicos”. Figura 2 - Armazém com sacos de cimento Fonte: istock.com Se avaliarmos na construção civil hoje, podemos identificar que temos diversos ma- teriais que são utilizados há muitos anos da mesma forma, como o concreto, enquanto que outros evoluem constantemente. 14 Figura 3 - Materiais de construção Fonte: istock.com Quando pensamos na evolução dos materiais de construção devemos compreender que esse processo não é recente, pois os povos antigos usavam os materiais assim como os en- contravam na natureza, sem qualquer transformação. Com a evolução, inovação e tecnologias a cada geração, surgiram as necessidades que levaram à transformação desses materiais de uma maneira simples, a fim de facilitar seu uso ou de criar novos materiais a partir deles. É possível perceber que os materiais continuam evoluindo para satisfazer as necessida- des do homem e de forma cada vez mais acelerada, com exigências cada vez maiores quanto à sua qualidade, durabilidade e custo. Cabe ainda destacar que hoje existe um cenário voltado à sustentabilidade que a produção e o emprego dos materiais de construção devem considerar a questão ambiental. 15 1.2 Condições e classificação dos materiais A escolha dos materiais de construção em uma obra se dá através de condições técni- cas, econômicas e estéticas, em função das características e uso da edificação. Pessoal, é importante lembrar aqui que não há material melhor ou pior, e sim materiais que são compatíveis ou não com a proposta do seu projeto. Vamos acessar esses links e fazer a leitura para entender um pouco mais sobre esse assunto: https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/materiais-de-construcao/ https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/materiais-de-constru- cao-civil/ http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10014837.pdf Quando conhecemos as características e propriedades dos materiais que serão empre- gados em uma construção, isso nos possibilita: melhorar e/ou aumentar a resistência e segu- rança elevando sua durabilidade; otimização de custos e tempo; melhorar a estética da obra, proporcionando funcionalidade com design; otimização da construção buscando a sustenta- bilidade; verificar a compatibilidade dos materiais, evitando patologias no contato de dois ou mais materiais. 16 Figura 4 - Conceitos da construção Fonte: istock.com1.3 Propriedades Gerais dos Materiais As propriedades dos materiais podem ser definidas como as qualidades exteriores que caracterizam e distinguem os materiais, sendo assim, um determinado material é conhecido e identificado por suas propriedades e por seu comportamento perante agentes exteriores. Bauer (2008) determina algumas das principais propriedades dos materiais, dentre as quais podemos destacar as mais importantes ao nosso estudo: • Extensão: é uma propriedade que os corpos possuem para ocupar um lugar no espaço. • Massa: a quantidade de matéria e é constante para o mesmo corpo, esteja onde estiver. 17 • Peso: definido como a força com que a massa é atraída para o centro da Terra varia de local para local. • Volume: o espaço que ocupa determinada quantidade de matéria. • Massa específica: a relação entre sua massa e seu volume. • Peso específico: a relação entre seu peso e seu volume. • Densidade: a relação entre sua massa e a massa do mesmo volume de água destilada a 4ºC. • Porosidade: propriedade que a matéria tem de não ser contínua, havendo espaços en- tre as massas. • Dureza: é definida como a resistência que os corpos opõem ao serem riscados. • Tenacidade: a resistência que o material tem de se opor ao choque ou percussão, ou seja, é o impacto necessário para levar um material à ruptura. • Plasticidade: é a capacidade que os corpos têm de se espalharem até formarem lâmi- nas sem, no entanto, se romperem. • Ductibilidade: a capacidade que tem os corpos de se reduzirem a fios sem se rompe- rem. • Durabilidade: a habilidade que os corpos apresentam de permanecerem inalterados com o tempo. 18 • Desgaste: a perda de qualidades ou de dimensões com o uso contínuo. • Elasticidade: a tendência que os corpos apresentam ao retornar à forma primitiva pós a aplicação de um esforço. 1.4 Normas Brasileiras Regulamentadoras As legislações aplicáveis a construção, civil principalmente no que tange os materiais de construção, podem ser entendidas como uma forma de padronização de parâmetros e cri- térios para o nosso processo produtivo. Ao utilizar as Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBR’s), o profissional garante o aumento a rentabilidade, qualidade e competitividade do ma- terial proposto à construção civil no mercado. Assim, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma organização que tem como finalidade estabelecer alguns padrões a serem acompanhados nos mais variados seto- res, inclusive no ramo da construção civil. Desde o ano de 2013, todas as construções que são feitas necessitam seguir a Norma de Desempenho de Edificações (NBR 15575), elaborada pela própria ABNT, por exemplo. Com isso, as normas da ABNT têm o intuito de garantir maior qualidade e padronização as especificações em todas as construções, por trazer exigências em relação à segurança e con- formidade de qualquer obra. Atualmente o setor da construção civil possui mais de mil normas destinadas para a construção civil. 19 Figura 5 - Resumo da relação de normas desta publicação Fonte: Elaborado pela autora A ABNT surgiu em 1940, tendo como responsabilidade a elaboração das Normas Brasi- leiras, que são desenvolvidas por seus Comitês Brasileiros. Hoje, a ABNT possui um quadro com vários comitês técnicos, que operam na coordenação, planejamento e execução das atividades de normalização técnica dentro de seu âmbito de atuação, sempre contando com alinhamento de necessidades entre consumidores e produtores. O setor da construção civil nas últimas décadas teve sua demanda aumentada signi- ficativamente, o que acarretou no surgimento de muitos materiais de pouca qualidade que acabam prejudicando o produto final e o consumidor. Com isso, viu-se a necessidade de NBRs voltadas ao controle dos materiais, com objetivo de colocar critérios de avaliação de materiais, visando o aumento de durabilidade e desempenho, gerando a oportunidade de melhoria con- tínua dos produtos. Um dos benefícios da normalização quando falamos de qualidade é a de contratação e venda de novas tecnologias. A utilização de materiais catalogados e normalizados facilita a exportação e a importação padronizada de produtos que estejam regulamentados de acordo com as NBR’s da construção civil. Para encerrar nossa unidade, veja algumas normas que usamos com muita frequência na construção civil e que nos garante excelência no serviço ofertado. 20 • NBR 5738/2008 – Moldagem e Cura dos Corpos de Prova Cilíndricos ou Prismáticos • NBR 6118/2014 – Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento • NBR 7190/1997 – Projeto de Estruturas de Madeira • NBR 7199/1989 – Projeto, Execução e Aplicações dos Vidros na Construção Civil • NBR 7212 – Execução de Concreto Dosado em Central – Procedimento • NBR 7222/2010 – Concreto e Argamassa – Determinação da Resistência à Tração por Compressão Diametral dos Corpos de Prova Cilíndricos • NBR 7480/2007 – Aço Destinado a Armaduras para Estruturas de Concreto Armado – Es- pecificação • NBR 13.818/1997 – Placas Cerâmicas para Revestimento – Especificação e Métodos de Ensaio • NBR 14.931/2004 – Execução de Estruturas de Concreto – Procedimento • NBR 12.654/1992 – Controle Tecnológico dos Materiais Componentes do Concreto • NBR 12.655/2008 – Concreto de Cimento Portland – Preparo, Controle e Recebimento – Procedimento • NBR 12.721/2006 – Avaliação de Custos de Construção para Incorporação e Outras Dis- posições para Condomínios Edifícios – Procedimento. 21 Pessoal, para conhecer mais a respeito, recomendo a leitura: http://www.abnt.org.br/construcao-civil-infraestrutura Objetivos da Unidade II Unidade II - Pedras naturais e agregados - Abarcar o contexto geral de formação das rochas e descre- ver sobre os agregados, conceitos, características e aplicação. 23 Unidade II - Pedras naturais e agregados Introdução Pessoal, nessa unidade iremos trabalhar direcionando nosso estudo as rochas na enge- nharia. 2.1 O uso das pedras naturais na engenharia O uso da rocha natural como um material na construção civil se dá não apenas pela es- colha da pedra, mas também por fatores técnicos e econômicos. Podemos dizer que os fatores econômicos se referem ao custo do material e sua disponibilidade no local de execução (uso), os fatores técnicos são observados em função do uso da pedra e suas finalidades em função da aplicação. Para definir então se uma rocha é ou não apropriada para aquele uso, é necessário co- nhecer suas propriedades e características para verificar sua influência quando misturada a outros materiais. 2.2 Formação e classificação das rochas As rochas são definidas como um corpo sólido natural, resultante de um processo ge- ológico, formado por sedimentos de um ou mais minerais arranjados, conforme condições de temperatura e pressão existentes em sua formação. Em função do processo de formação das rochas podemos classifica-las em: • Rochas Ígneas • Rochas Sedimentares 24 • Rochas Metamórficas 2.2.1 Rochas ígneas As rochas ígneas, ou também conhecidas como magmáticas, têm sua origem através da solidificação do magma. Tal solidificação pode se dar de dois modos: dentro da crosta ou na superfície. Assim, quando temos rochas formadas em profundidade (dentro da crosta), elas são chamadas de intrusivas ou plutônicas, apresentando uma estrutura cristalina e uma tex- tura de graduação mais grossa. Enquanto que as rochas formadas na superfície terrestre pelo extravasamento de lava por condutos vulcânicos (erupções vulcânicas) são conhecidas por rochas extrusivas ou vulcânicas, sendo sua estrutura caracterizada por ser vítrea ou cristalina e apresentar uma textura com graduação mais fina. Figura 6 - Rochas ígneas Fonte: istock.com 25 Figura 7- Resumo Fonte: Elaboradopela autora. Adaptado por Design Unis. De modo geral, as rochas ígneas apresentam melhor comportamento geotécnico se comparada às demais rochas, por se apresentarem mais resistentes e mais abrasivas, essas são as mais utilizadas na construção civil. Podemos citar como esse tipo de rocha: • Granito; • Basalto; • Dioritos; 26 Figura 8- Granito Fonte: istock.com Figura 9 - Basalto Fonte: istock.com 27 Figura 10 - Dioritos Fonte: istock.com 2.2.2 Rochas sedimentares As rochas sedimentares, como o próprio nome diz, têm sua formação através do agru- pamento dos sedimentos, ou seja, esse tipo de rocha se forma a partir da lixiviação de minerais provenientes da desagregação e transporte de rochas pré-existentes. Esse tipo de rocha pos- sui menor resistência e constitui uma camada fina (aproximadamente 0,8 km de espessura) da crosta terrestre. Seu processo de formação pode ocorrer de duas formas: • por deposição, onde há o arranjo dos fragmentos de rochas em camadas diferentes, 28 caracterizando a rocha como primária; • origem química, quando, após a deposição, ocorre um conjunto de processos químicos e acontece a transformação dos sedimentos em rochas sob condições de baixas pres- sões e temperaturas, conhecido por diagênese, esse tipo de rocha é caracterizada como secundária. Podemos citar, como exemplos desse tipo de rochas, os: • Arenitos; • Calcários; • Carvão Figura 11- Arenitos Fonte: istock.com 29 Figura 12 - Calcários Fonte: istock.com Figura 13 - Carvão Fonte: istock.com 30 2.2.3 Rochas metamórficas As rochas metamórficas surgem através de rochas pré-existentes que, no transcorrer dos processos geológicos, passaram por mudanças mineralógicas, químicas e estruturais, pro- vocando a instabilidade dos minerais, fazendo com que eles se transformassem e se rearran- jassem sob novas condições. Podemos citar, como exemplos desse tipo de rochas, os: • Gnaisse; • Quartzito; • Ardósia Figura 14- Gnaisse Fonte: istock.com 31 Figura 15- Quartzito Fonte: istock.com Figura 16 - Ardósia Fonte: istock.com 32 2.3 Agregados Quando pensamos nos agregados, primeiramente precisamos entender sua definição. Para Bauer (2008), a definição de agregado pode ser apresentada como: material particulado, não coesivo, de atividade química praticamente nula, constituído de misturas de partículas cobrindo extensa gama de tamanhos. Na construção civil, quando pensamos nos agregados, podemos resumir sua definição em: ma¬terial granuloso e inerte, que compõe as argamassas e concretos, colaborando para o aumento da resistência mecânica e redução de custo na obra. A maior parte dos agregados é encontrada disponível na natureza, como, por exemplo: areia, brita e seixos rolados. É comum que alguns agregados naturais passem por processos de beneficiamento, como é o caso das britas, que são extraídas em jazidas e depois passam pelo procedimento de britagem nos tamanhos padrões de uso. Ainda existem subprodutos de ativi- dades industriais que conseguimos usar como agregados, como é o caso da escória de alto-for- no, que é um resíduo proveniente da fabricação de ferro gusa e alguns mate¬riais reciclados, porém, seu uso se restringe a aplicações em que o critério resistência é menos significativo. 2.3.1 Classificação dos Agregados Os agregados podem ser classificados em função de: • Origem; • Massa unitária; • Dimensões das partículas. 33 Figura 17 - Classificação dos agregados Fonte: Elaborado pela autora. a) Quanto à origem – temos dois tipos de agregados: os naturais, que são aqueles que não sofreram nenhum processo de beneficiamento, sendo encontrados na natureza já em di- mensões e formas aplicáveis para construção, enquanto que os agregados artificiais sofrem o processo de beneficiamento para atender as necessidades da construção. b) Quanto à Massa Unitária – temos diferentes tipos de agregados em função da sua massa: • Agregados leves: possuem massa unitária inferior a 1120 kg/m3. Seu uso mais comum é na produção de concretos leves. Essa massa menor é devido à sua microestrutura ce- lular e altamente porosa. • Agregados normais: possuem massa unitária entre 1500 e 1800 kg/m3; sua principal 34 aplicação é na produção de concretos convencionais. • Agregados pesados: possuem massa unitária superior a 1800 kg/m3; seu uso se dá na produção de concretos pesados, utilizados para blindagens de radiação. Cabe destacar que a massa desses agregados é pela presença dos minerais de bário, ferro e titânio na estrutura dos agregados. c) Quanto à dimensão das partículas – a dimensão das partículas se dá através da granulometria dos agregados, assim, podemos classificá-los em miúdos (0,150mm – 4,75mm) e graúdos (4,75mm – 75mm). Quadro 1 - Dimensões de agregados para concreto Fonte: Elaborado pela autora. 35 2.4 Agregado miúdo As areias são obtidas pelo processo de desagregação de rochas apresentando seus grãos com tamanhos variados, em função do tamanho dos grãos (granulometria), a areia pode ser classificada em: grossa, média e fina. Para o uso da areia na construção civil, essa deve ser isenta de sais, óleos, graxas, ma- téria orgânica, barro, detritos, dentre outros. Lembrando que a areia pode ser obtida em rios ou solo (jazidas) naturais, pois não devemos utilizar na construção a areia da praia devido à quantidade matéria orgânica e sal presentes. Figura 18 - Pilha de areia Fonte: istock.com 2.5 Agregado graúdo O agregado graúdo pode ser definido como todos os materiais granulosos de diâmetro superior a 4,8 mm. Os principais agregados graúdos são: seixos rolados, pedras britadas, argi- las expandidas, escórias, dentre outros. As britas derivam da desagregação das rochas pelo processo de britagem e que, após passar em peneiras, são classificadas de acordo com sua dimensão média, variando de 4,8 a 76 mm. As britas são comumente utilizadas para produção de concretos, podendo ser obtidas de pedras de calcário ou granito. 36 Para uso em estruturas de concreto armado, a escolha da granulometria baseia-se na NBR 6118/2014 e não deve exceder 1/3 da menor dimensão da peça a ser concretada. As mais utilizadas na obra são as britas número 1 e 2. Para padronizar e facilitar o comércio dessas pedras, por normativas, as britas são clas- sificadas como: Tabela 1 - Classificação de britas BRITA DIÂMETRO MÍNIMO (mm) DIÂMETRO MÁXIMO (mm) 0 4,8 9,5 1 9,5 19 2 19,0 25,0 3 25,0 50,0 4 50,0 76,0 Fonte: Elaborado pela autora. Objetivos da Unidade III Unidade III - Aglomerantes - Apresentar o processo de fabricação dos aglomerantes, dada a ênfase a Cal, Gesso e Cimento. 38 Unidade III - Aglomerantes Introdução Os aglomerantes podem ser definidos como um material ligante, pulverulento e com capacidade de unir os grãos dos agregados. São produtos ativos, utilizados na produção de argamassas e concreto, sendo os principais aglomerantes o cimento, a cal e o gesso. São encontrados sob a forma de pó e, quando misturados com a água, formam uma pasta que endurece pela secagem como consequência das reações químicas. Durante o pro- cesso de secagem, o aglomerante adere-se nas superfícies que estão em contato. 3.1 Classificação dos aglomerantes 3.1.1 Aglomerantes Hidráulicos Os aglomerantes hidráulicos podem ser divididos em simples, compostos, mistos e aé- reos: • São classificados como aglomerantes simples aqueles que reagem na presença de água, possuem um único aglomerante e podem ser misturados a outros elementosem pequenas quantidades com intuito de regular a pega. Um exemplo desse aglomerante é o CPC – Cimento Portland Comum. • Os aglomerantes compostos são aglomerantes simples com a adição de outros produ- tos, como pozolanas, escorias e outros. Um exemplo desse aglomerante é o CPZ – Ci- mento Portland Pozolânico. • É determinada como aglomerante misto a mistura de dois ou mais aglomerantes sim- 39 ples, como, por exemplo: Cal + Cimento. • O aglomerante aéreo se difere dos demais no que diz respeito ao endurecimento, pois ele endurece pela ação química ao CO2, química do ar, a cal aérea é um exemplo. 3.2 Propriedades dos Aglomerantes O tempo de pega inicial é definido pelo início da solidificação da pasta, ou seja, é o momento em que a pasta começa a endurecer perdendo a sua plasticidade. O fim da pega se dá quando se inicia a fase de endurecimento, mas não significa que a pasta tenha alcançado toda a sua resistência, pois, completada a fase de pega, inicia-se a fase de endurecimento que pode durar meses e/ou anos, se as condições de conservação forem favoráveis. Esquema 1 - Fase de pega Fonte: Elaborado pela autora. O coeficiente de rendimento é dado em função do volume de pasta, obtido com uma unidade de volume de aglomerante. Os aglomerantes podem ser categorizados em função da sua pega, sendo definidos como: aglomerantes aéreos (endurecem pela ação química ao CO2 do ar); aglomerantes hi- dráulicos (endurecem pela ação da água – hidratação); aglomerantes inertes (endurecem por 40 secagem). 3.3 Processos de produção dos aglomerantes e suas características 3.3.1 CAL A cal é o produto obtido por meio das rochas calcárias (CaCO3) ou rochas magnesianas (MgCO3) que são a matéria prima no processo de calcinação, que, elevadas a altas temperatu- ras, dão origem a esse aglomerante. A partir da “queima” da rocha calcária em fornos, calcina- ção a 900º C, obtém-se a “cal viva” ou “cal virgem”. Existem dois tipos de cal utilizadas nas construções: hidratada (aérea) e hidráulica. A cal hidratada ou aérea é um aglomerante caracterizado pelo endurecimento por reações com o CO2 do ar, ao contrário da hidráulica, que exige o contato com a água. As cales aéreas se classificam segundo dois critérios: • Quanto à composição química: Cal Cálcica – teor de MgO < 20% Cal Magnesiana – teor de MgO > 20% Em ambos os casos, a soma de CaO e MgO deve ser maior que 95% e os componentes argilosos como a SiO2 (sílica), Al2O3 (alumina) e Fe2O3 (óxido de ferro) somam no máximo 5%. • Quanto ao rendimento da pasta: Cal gorda – são necessários menos de 550 kg de cal virgem para produzir 1 m3 de pasta, ou seja, 1 m3 de cal produz mais de 1,82 m3 de pasta; 41 Cal magra – são necessários mais de 550 kg de cal virgem para produzir 1 m3 de pasta, ou seja, 1 m3 de cal produz menos de 1,82 m3 de pasta. A produção da cal hidráulica incide na fragmentação da rocha calcária seguida da calci- nação e da hidratação; depois do cozimento, as pedras são umedecidas para a extinção (hidra- tação), com uma temperatura controlada na faixa de 150º C (o controle da extinção é bastante rigoroso, caso contrário, a água em excesso combina com os silicatos e aluminatos). Um outro modo de classificação das cales é pelo grau de hidraulicidade, onde: • Grau de Hidraulicidade < 0,1 ⇨ Cal Aérea ⇨ Tempo de Endurecimento > 30 dias; • Grau de Hidraulicidade de 0,1 a 0,15 ⇨ Cal Fracamente Hidráulica ⇨ Tempo Endureci- mento de 15 a 30 dias; • Grau de Hidraulicidade de 0,15 a 0,30 ⇨ Cal Medianamente Hidráulica ⇨Tempo Endu- recimento de 10 a 15 dias; • Grau de Hidraulicidade de 0,30 a 0,40 ⇨ Cal Hidráulica ⇨Tempo Endurecimento de 5 a 10 dias; • Grau de Hidraulicidade de 0,40 a 0,50 ⇨ Cal Eminentemente Hidráulica ⇨ Tempo Endu- recimento de 2 a 4 dias; 42 Pessoal, para entender mais um pouco sobre a cal e seu proces- so de obtenção, acessem os links: http://www.brasical.com.br/produtos/ https://www.youtube.com/watch?v=2PjgmKh1yU0 3.3.2 Gesso O gesso é um aglomerante obtido a partir da desidratação total ou parcial da gipsita, encontrada na natureza com algum teor de impurezas como a sílica (SiO2), a alumina (Al2O3), o óxido de ferro (FeO) e o carbonato de cálcio (CaCO3), sendo o teor máximo de impurezas limitado em 6%. A gipsita é o tipo de gesso mais consumido na indústria cimenteira, encontra-se no estado natural em grandes jazidas sedimentares. As principais jazidas exploradas atualmente encontram-se: a) na Serra de Araripina, em região confrontante dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí; b) na região de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte; e c) nas regiões de Codó, Balsas e Carolina, no Estado do Maranhão. 43 O fosfogesso é um assunto ainda muito discutido e pouco co- nhecido pelas pessoas, por esse motivo, aconselho a leitura dos mate- riais apresentados nos links. http://www.pipe.ufpr.br/portal/defesas/dissertacao/220.pdf http://pelicano.ipen.br/PosG30/TextoCompleto/Catia%20Heloisa%20 Rosignoli%20Saueia_M.pdf http://professoralucianekawa.blogspot.com/2014/07/fosfogesso-resi- duos-da-producao-de_24.html Pessoal, para um aprofundamento no assunto vamos assistir a esses vídeos e ver como é o processo de extração da gipsita e sua transformação no gesso que usamos no nosso dia a dia. https://www.youtube.com/watch?v=TtvNRk1Ofyc https://www.youtube.com/watch?v=quReQsENzzY As reservas nacionais de gesso conhecidas são suficientes para atender ao consumo, nos níveis atuais, por cerca de 1000 anos, entretanto, a má distribuição geológica dos depósi- tos, restritos a Região Nordeste e as enormes proporções de rejeitos industriais da fabricação do ácido fosfórico no Sul e Sudeste do país, motivaram a industrialização do fosfogesso ou gesso sintético, a partir de 1975. 44 Uma importante propriedade do gesso é sua pega, onde temos o início de pega acon- tecendo com 2 a 3 minutos após a mistura com a água, e o fim de pega acontecendo de 15 a 20 minutos após essa mistura. Durante esse processo ocorre com liberação de calor (processo exotérmico). O processo de ganho de resistência do gesso pode durar semanas e é influencia- do por: tempo e temperatura de calcinação da gipsita; finura do gesso; quantidade de água de amassamento (água utilizada na mistura); presença de impurezas. É importante destacar que o gesso é um aglomerante corrosivo, por isso, junto a ele devemos usar apenas materiais galvanizados, plásticos, fibras sintéticas, tecidos. O gesso é um bom isolante, sendo considerado de tipo médio, podendo proteger a estrutura contra incên- dios, absorvendo grande quantidade de calor. 3.3.3 Cimento O cimento é o aglomerante mais conhecido e usado na construção civil, sendo ele um material ligante, pulverulento, de cor acinzentada, resultante da queima do calcário, argila e posterior adição de gesso. A combinação do cimento com diferentes materiais, como areia, brita, cal, aditivo e outros, origina a formação das pastas, argamassas e concretos. A pega do cimento é um fenômeno físico-químico por meio do qual a pasta de cimento se solidifica. Concluída a pega, o processo de endurecimento continua ainda durante longo período de tempo, aumentando gradualmente a sua dureza e resistência. Exemplo: resistência à compressão de um bloco de argamas- sa de cimento e areia, traço 1:3 a 3 dias - 80 kg/cm², a 7 dias - 180 kg/ cm² e a 28 dias - 250 kg/cm². 45 A pega pode ser influenciada por diversos fatores, sendo retardada pelas baixas tempe- raturas, pelos sulfatos e cloretos de cálcio, e acelerada pelas altas temperaturas e pelos silicatos e carbonatos. 3.3.3.1 Matérias-primas para a produção do cimento O Cimento Portland na sua fabricação depende, principalmente, dos seguintes produ- tos minerais: • O calcárioé encontrado na natureza como o carbonato de cálcio (CaCO3), que pos- sui impurezas como óxidos de magnésio (MgO). Cabe destacar que a cal, que é legiti- mamente a matéria-prima, entra na fabricação do cimento. A dolomita fornece apenas 30,4% de CaO e não é utilizada na fabricação do cimento Portland. • A argila utilizada na fabricação do cimento é basicamente constituída de silicato de alumínio hidratado, podendo conter ainda em menores proporções ferro e outros mi- nerais. A argila fornece os óxidos SiO2, Al2O3 e Fe2O3 necessários para o processo de fabricação do cimento. • O gesso é o produto de adição final no processo de fabricação do cimento Portland, Para entender como ocorre o início e fim de pega do cimento, assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=8my16q19YSo https://www.youtube.com/watch?v=UxQrLYuKbyg 46 com intuito de regular o tempo de pega por ocasião das reações de hidratação dos sul- fatos. 3.3.3.2 Fabricação do cimento Portland A fabricação do cimento Portland envolve as seguintes etapas de operações: preparo e dosagem da mistura crua; homogeneização; cliquerização; esfriamento; adições finais e moa- gem; e ensacamento. Figura 19 - Fluxo de fabricação do cimento Fonte: https://cimentomaua.com.br/blog/cimento-como-feito-composicao-e-nomenclatura/ 3.3.3.3 Preparo e dosagem da mistura crua Para o preparo da mistura crua a matéria-prima, ela é extraída das jazidas pelos proces- sos usuais de exploração de minerais. O calcário pode, por causa de sua elevada dureza, exigir o emprego de equipamentos e processos de britagem, para ficar reduzido ao tamanho de partículas de diâmetro máximo da ordem de 1cm. As argilas com silicatos, alumina e óxido de ferro, na maioria das vezes, podem ser misturadas diretamente com o calcário. 47 O calcário e argila são enviadas ao moinho de cru (moinho de bolas, de barras, de rolos) em quantidades determinadas, onde há o processamento do início da mistura das matérias- -primas e, ao mesmo tempo, a sua pulverização, de modo a reduzir o diâmetro das partículas a 0,050 mm, em média. A moagem, conforme se trata de via úmida ou seca, é feita com ou sem presença de água. No momento em que a mistura crua passa para a dosagem, é feita a determinação da porcentagem de cada matéria-prima, que depende fundamentalmente da composição quí- mica das matérias-primas e da composição que se pretende obter para o cimento Portland, quando terminado o processo de fabricação. Durante o processo de fabricação, a matéria-prima e a mistura crua são avaliadas, qui- micamente, várias vezes, com intervalos de tempo de 1 hora ou, dependendo do caso, até de meia em meia hora, e, em função dos resultados obtidos através dos ensaios, o laboratório recomenda as porcentagens de cada matéria-prima para compor a mistura crua. Atualmente existem diversos métodos de controle da composição química da mistura crua, dentre os mais comuns, temos: módulo hidráulico (Michaelis); módulo de sílica; módulo de alumina-ferro. 3.3.3.4 Homogeneização Após a matéria-prima ser dosada e reduzida a um pó muito fino, depois da moagem, essa deve ter a sua homogeneidade assegurada da melhor forma possível. Cabe ressaltar que no processo de fabricação por via úmida, a matéria-prima é moída com água e sal dos moinhos sob a forma de uma pasta contendo em regra de 30 a 40 % de água e é bombeada para gran- des tanques cilíndricos, onde se processa durante várias horas a operação de homogeneização. Os tanques de homogeneização possuem um equipamento que gira em torno de um eixo central e é constituído de uma série de pás que giram, por sua vez, em torno de vários eixos ligados à parte principal. Nessa fase da operação, a pasta é ensaiada várias vezes, a fim de se controlar a homogeneidade da mistura e a dosagem dos constituintes do cimento, o que permite a sua correção, se necessária. 48 No processo de fabricação por via seca, a matéria-prima sai do moinho já misturada, pulverizada e seca. Normalmente, os moinhos de cru do sistema por via seca trabalham com temperaturas elevadas (300 - 400ºc) no seu interior, o que permite secá-la (menos de 1 % de umidade). Para tal fim, são usados, em certos tipos de moinho, os gases de combustão do for- no, antes de serem enviados ao filtro retentor de poeiras, e, em seguida, à chaminé. O cru é transportado mecânica ou pneumaticamente para o silo homogeneizador, onde se assegura a homogeneização necessária da mistura e se corrige, quando necessário, a sua composição. 3.3.3.5 Clinquerização No processo de clinquerização, a matéria-prima, uma vez pulverizada e misturada na dosagem, passa por tratamento térmico. No processo por via úmida, todo o processamento termoquímico necessário à produção do clínquer se dá no forno rotativo. Enquanto que no processo por via seca, sob temperaturas da ordem de 900ºC a 1000ºC, o processamento da mistura crua se dá em intercambiadores de calor do tipo ciclone ou de contracorrente. O restante do processamento realiza-se no forno, de comprimento reduzido, que rece- be a mistura já na referida temperatura. 3.3.3.6 Esfriamento No forno, a matéria-prima transforma-se em clínquer. Na saída, o material é encontrado em formato de bolas de diâmetro variável entre 1cm a 3cm. As bolas que constituem o clínquer saem do forno a uma temperatura da ordem de 1200ºC a 1300ºC, pois há um início de abaixa- mento de temperatura, na fase final, ainda no interior do forno. O clínquer sai do forno e passa para um equipamento esfriador, que pode ser de vários tipos. Sua intenção é reduzir a temperatura, mais ou menos rapidamente, pela passagem de uma corrente de ar frio no clínquer. Dependendo da instalação, na saída do esfriador, o clínquer 49 apresenta-se com temperatura entre 50ºC e 70ºC, em média. O clínquer, após o esfriamento, é transportado e estocado em depósitos. 3.3.3.7 Adições finais e moagem O clínquer após obtido é conduzido à moagem final, recebendo, antes, certa quanti- dade de gesso, conforme prescrito pela norma, a adição do gesso é destinada ao controle do tempo de início de pega. O clínquer e seus aditivos passam ao moinho para a moagem final, onde é assegurado ao produto o módulo de finura, de acordo com as normas. 3.3.3.8 Ensacamento O cimento Portland resultante da moagem do clínquer, com os aditivos permitidos, é transportado para os silos de cimento a granel, onde é estocado. Após a realização de todos en- saios de qualidade do cimento estocado, ele é enviado para a operação de ensacamento, essa operação é toda mecanizada, com equipamentos especiais que automaticamente enchem os sacos e os soltam assim que atingem o peso especificado de 50 Kg. 50 Quadro 2 - Tipos de cimento Fonte: Elaborado pela autora. 51 Pessoal, para aprofundar e enxergar o processo de fabricação do cimento, vamos assistir aos seguintes vídeos. Vocês irão se apaixo- nar por esse processo! Nesses vídeos, também há explicações sobre os tipos de cimento. https://abcp.org.br/cimento/fabricacao/ https://www.youtube.com/watch?v=4rE0pAjnMus https://www.youtube.com/watch?v=JXgDVvqWmDA https://www.youtube.com/watch?v=CXcUM5TCtTA https://www.youtube.com/watch?v=8T0KvIdORhU Objetivos da Unidade IV Unidade IV - Argamassa - Demonstrar o processo de produção da argamassa, seus ti- pos e características. 53 Unidade IV - Argamassa Introdução O conceito de argamassa na construção civil é definido como a mistura de aglome- rante, agregado miúdo e água, formando assim uma pasta. Se necessário, fazem parte de sua composição produtos especiais, denominados aditivos. Figura 20- Argamassa Fonte: Elaborado pela autora 54 Na construção civil brasileira,comumente usamos agregados inertes na produção da argamassa como: areia silicosa e quartzoza (lavada de rio); areia siltosa e argilosa (de barranco); “areia artificial” (originária de rochas britadas). Os aglomerantes mais utilizados são: a cal aérea (cal hidratada ou então a cal extinta em obra), o cimento Portland (comum, branco) e o gesso. As argamassas diferem-se por apresentarem características plásticas, adesivas, quando de sua aplicação e por tornarem-se rígidas e resistentes após um certo período de tempo. Em função dessas características, definimos seus principais empregos na construção civil. Assim, as argamassas se prestam para a moldagem de elementos, para a aderência de outros elementos, para a proteção física e mecânica de componentes, etc. As argamassas são possuem vários usos dentro da edificação, dentre eles: assentamen- to de tijolos, blocos, azulejos, etc. Servem ainda para revestimento das paredes e tetos e nos reparos de peças de concreto. Pessoal, é importante ressaltar aqui a diferença dos termos ar- gamassa e pasta!!! ARGAMASSAS: São misturas de um ou mais aglomerantes, agregados miúdos e água. Além dos componentes essenciais da argamassa, po- dem vir adicionados outros, com a finalidade de conferir ou melhorar determinadas propriedades. PASTAS: São misturas de aglomerantes + água. As pastas são pouco usadas, devido ao seu preço elevado e aos efeitos secundários causa- dos pela retração. As pastas são pouco usadas devido ao seu alto custo e aos efeitos secundários causados pela retração. NATAS: São pastas preparadas com excesso de água. 55 A escolha do tipo de argamassa está condicionada às exigências da obra, e, de um modo geral, as argamassas devem satisfazer as seguintes condições, de acordo com sua finalidade; • Resistência mecânica; • Compacidade; • Impermeabilidade; • Constância de volume; • Aderência; • Durabilidade. A qualidade da argamassa depende do seu processo de produção, onde é necessário que todos os grãos do material inerte sejam inteiramente envolvidos pela pasta como também a ela estejam perfeitamente aderidos; além disso, os vazios entre os grãos do agregado devem ser totalmente cheios pela pasta. 4.1 Classificação das argamassas As argamassas podem apresentar diversas classificações, dentre elas, temos: ✓Classificação segundo o emprego: Comuns quando se destinam às obras correntes, podendo ser: • Argamassas para rejuntamento nas alvenarias; 56 • Argamassas para revestimentos; • Argamassas para pisos; • Argamassas para injeções. ✓Classificação segundo o tipo de aglomerante: • Argamassas aéreas: Cal aérea, gesso, etc. • Argamassas hidráulicas: Cal Hidráulica e cimento; • Argamassas mistas: um aglomerante aéreo e um hidráulico. ✓Classificação segundo a dosagem: • Pobres ou magras: Quando o volume de aglomerante é insuficiente para encher os vazios do agregado. • Cheias: Quando os vazios do agregado são preenchidos exatamente pela pasta. • Ricas ou gordas: Quando houver excesso de pasta. • Argamassas refratárias: quando devem resistir a elevadas temperaturas. 57 4.2 Propriedades das argamassas As propriedades da argamassa são essenciais para que o desempenho e durabilidade sejam atingidos após sua cura, sendo essas consideradas no estado fresco e endurecido. Tabela 2 - Propriedades da argamassa Trabalhabilidade É a propriedade das argamassas no estado fresco que de- termina a facilidade com que elas podem ser misturadas, transportadas, aplicadas, consolidadas e acabadas, em uma condição homogênea. Consistência É a maior ou menor facilidade de a argamassa deformar-se sob ação de cargas. Plasticidade É a propriedade pela qual a argamassa tende a conservar-se deformada após a retirada das tensões de deformação. Retenção de água e de consistência É a capacidade de a argamassa fresca manter sua trabalha- bilidade quando sujeita a solicitações que provocam a per- da de água. Coesão Refere-se às forças físicas de atração existentes entre as par- tículas sólidas da argamassa e as ligações químicas da pasta - aglomerante. Exsudação É a tendência de separação da água (pasta) da argamassa, de modo que a água sobe, e os agregados descem pelo efeito da gravidade. Argamassas de consistência fluida apresentam maior tendência a exsudação. Densidade de massa Relação entre a massa e o volume de material. Adesão inicial União inicial da argamassa no estado fresco ao substrato. Fonte: Elaborado pela autora. 58 Pessoal, para fixação desse conteúdo vamos assistir a esses ví- deos sobre argamassa. https://www.youtube.com/watch?v=UkDTJWyoi7A https://www.youtube.com/watch?v=wJJheS6tChQ https://www.youtube.com/watch?v=G7GDAuHsLmA https://www.youtube.com/watch?v=H6COlSTeFRg https://www.youtube.com/watch?v=BY2W7HKwmcE Objetivos da Unidade V Unidade V - Concreto - Abordar todo conteúdo que envolve o concreto, desde o processo de produção até a concretagem, apresentando suas propriedades no estado fresco e endurecido. 60 Unidade V - Concreto Introdução O concreto pode ser definido como um material heterogêneo resultante da mistura de um aglomerante hidráulico com materiais inertes e água. O aglomerante usado é o cimento Portland, embora possam ser empregados outros tipos de cimento. Os materiais inertes do concreto são os agregados, que, quando classificados conforme granulometria (dimensões), recebem as denominações de agregados graúdos (brita) e agrega- dos miúdos (areia). Figura 21 - Distribuição do concreto Fonte: istock.com 61 5.1 Qualidade do concreto A qualidade do concreto depende de vários fatores, mas podemos destacar que o mais importante é a qualidade dos materiais componentes. Por esse motivo, é necessária uma esco- lha cuidadosa desses materiais. Depois de ter em mãos materiais de boa qualidade, é preciso misturá-los nas propor- ções adequadas, considerando, então, a relação entre cimento e agregado, a granulometria (miúdo e graúdo) e principalmente a relação entre a água empregada e o cimento (relação a/c). Após a mistura, o concreto deve ser: transportado, lançado nas fôrmas e adensado con- forme estabelece as normas. Como a hidratação do cimento continua por um tempo conside- rável, é preciso que as condições da obra favoreçam as reações que processam. Esse período é o que chamamos de cura do concreto. Para entender melhor sobre o processo de cura, assistam a esse vídeo pessoal: https://www.youtube.com/watch?v=YxD1Gkmh9DE De modo geral, para garantir desempenho e durabilidade ao concreto devemos aten- der as seguintes propriedades: trabalhabilidade, resistência mecânica, durabilidade, imperme- abilidade e constância de volume depois de endurecido, sempre tendo em vista o fator técni- co-econômico. 5.2 Propriedades do concreto O processo de produção do concreto envolve uma série de operações executadas de modo a obter um produto endurecido com propriedades e características definidas em um 62 projeto. As propriedades do concreto dependem dos materiais e suas proporções que influen- ciam tanto o concreto em seu estado fresco como no seu estado endurecido. 5.2.1 Propriedades do concreto fresco • Consistência e trabalhabilidade - propriedades intrínsecas da mistura fresca relacionada com a mobilidade da massa e a coesão entre os elementos componentes, tendo em vis- ta a uniformidade e a compacidade do concreto. As operações de transporte, lançamen- to e adensamento do concreto devem permitir a obtenção de uma massa homogênea e sem vazios. A trabalhabilidade não é apenas uma característica inerente ao próprio concreto, mas envolve também as considerações relativas à natureza da obra e aos mé- todos de execução adotados.• A segregação compreende a separação dos constituintes da mistura, impedindo a ob- tenção de um concreto com características de uniformidade satisfatórias. A segregação pode ocorrer também como resultado de uma vibração exagerada. Um concreto em que isso venha a ocorrer será um concreto mais fraco e sem uniformidade. • Exsudação é a tendência da água de amassamento vir à superfície do concreto recém lançado. A água, ao subir à superfície, pode carregar partículas finas de cimento, for- mando uma pasta que impede a ligação de novas camadas de material e deve ser remo- vida cuidadosamente. A exsudação pode ser controlada pela proporção adequada de um concreto trabalhável, evitando-se o emprego de água além do necessário. Às vezes, corrige-se a exsudação adicionando-se grãos relativamente finos, que compensam as deficiências dos agregados. 63 5.2.2 Propriedades do concreto endurecido • Peso específico - depende de muitos fatores, principalmente da natureza dos agrega- dos, da sua granulometria e do método de compactação empregado. Pode ser tanto maior quanto maior o peso específico dos agregados usados e tanto maior quanto mais quantidade de agregado graúdo contiver. A variação do peso específico, contudo, é pe- quena, podendo tomar para o concreto simples um valor de 2,3 tf/m³ e para o concreto armado de 2,5 tf/m³. • As deformações do concreto podem ser de duas naturezas: ✓Deformações causadas por variação das condições ambientes: retração e deformações provocadas por variações de umidade e temperatura ambiente; ✓Deformações causadas pela ação de cargas externas: deformação imediata, deformação lenta, deformação lenta recuperável e fluência. • Resistência à compressão - é a característica mais importante de um concreto. É deter- minada em corpos de prova padronizados para possibilitar que resultados de diferentes concretos possam ser comparados. 64 Pessoal, para encerrar nossa disciplina e essa unidade, vamos assistir a esses vídeos https://www.youtube.com/watch?v=Q2zU2CdalJo https://www.youtube.com/watch?v=TZLpzDIqzmk https://www.youtube.com/watch?v=kQAEZQKEfu8 https://www.youtube.com/watch?v=gHzRzKQZkQw https://www.youtube.com/watch?v=vzta_JFuxhc https://www.youtube.com/watch?v=8Ow2LxZM5Jg https://www.youtube.com/watch?v=My-uxVXh4rs Referências Bibliográficas AMBROZEWICH, Paulo Henrique Laporte. Materiais de Construção – Normas, Especificações, Aplicação e Ensaios de Laboratório. São Paulo: PINI, 2014. BAUER, Falcão L. A. Materiais de construção. Rio de Janeiro: LTC, 1997. RIBEIRO, Carmen Couto. Materiais de construção civil. 2 ed. - Belo Horizonte: UFMG; Escola de Engenharia da UFMG. 2002. Unidade I - Propriedades gerais dos materiais e Normas brasileiras Introdução 1.1 Introdução aos Materiais de Construção 1.2 Condições e classificação dos materiais 1.3 Propriedades Gerais dos Materiais 1.4 Normas Brasileiras Regulamentadoras Unidade II - Pedras naturais e agregados Introdução 2.1 O uso das pedras naturais na engenharia 2.2 Formação e classificação das rochas 2.2.1 Rochas ígneas 2.2.2 Rochas sedimentares 2.2.3 Rochas metamórficas 2.3 Agregados 2.3.1 Classificação dos Agregados 2.4 Agregado miúdo 2.5 Agregado graúdo Unidade III - Aglomerantes Introdução 3.1 Classificação dos aglomerantes 3.1.1 Aglomerantes Hidráulicos 3.2 Propriedades dos Aglomerantes 3.3 Processos de produção dos aglomerantes e suas características 3.3.1 CAL 3.3.2 Gesso 3.3.3 Cimento 3.3.3.1 Matérias-primas para a produção do cimento 3.3.3.2 Fabricação do cimento Portland 3.3.3.3 Preparo e dosagem da mistura crua 3.3.3.4 Homogeneização 3.3.3.5 Clinquerização 3.3.3.6 Esfriamento 3.3.3.7 Adições finais e moagem 3.3.3.8 Ensacamento Unidade IV - Argamassa Introdução 4.1 Classificação das argamassas 4.2 Propriedades das argamassas Unidade V - Concreto Introdução 5.1 Qualidade do concreto 5.2 Propriedades do concreto 5.2.1 Propriedades do concreto fresco 5.2.2 Propriedades do concreto endurecido Referências Bibliográficas
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