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Concepções sobre a Origem do Homem

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1.1 História 
Concepção Criacionista 
De onde Viemos? 
 
A questão sobre as origens do homem remete a um amplo debate, no qual filosofia, 
religião e ciência entram em cena para construir diferentes concepções sobre a existência da 
vida humana e, implicitamente, por que somos o único espécime dotado de características 
que nos diferenciam do restante dos animais. 
Desde as primeiras manifestações mítico-religiosas, o homem busca resposta para 
essa questão. Nesse âmbito, a teoria criacionista é a que tem maior aceitação. Ao mesmo 
tempo, ao contrário do que muitos pensam, as diferentes religiões do mundo elaboraram uma 
versão própria da teoria criacionista. 
 
Criacionismo na mitologia grega 
A mitologia grega atribui a origem do homem ao feito dos titãs Epimeteu e 
Prometeu. Epimeteu teria criado os homens sem vida, imperfeitos e feitos a partir de um 
molde de barro. Por compaixão, seu irmão Prometeu resolveu roubar o fogo do deus Vulcano 
para dar vida à raça humana. Já a mitologia chinesa atribui a criação da raça humana à 
solidão da deusa Nu Wa, que, ao perceber sua sombra sob as ondas de um rio, resolveu criar 
seres à sua semelhança. 
 
Criacionismo no cristianismo 
O cristianismo adota a Bíblia como fonte explicativa sobre a criação do homem. 
Segundo a narrativa bíblica, o homem foi concebido depois que Deus criou céus e terra. 
Também feito a partir do barro, o homem teria ganhado vida quando Deus assoprou o fôlego 
da vida em suas narinas. Outras religiões contemporâneas e antigas formulam outras 
explicações, e algumas chegam a ter pontos de explicação bastante semelhantes. 
 
 
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Sendo um tema polêmico e inacabado, a origem do homem ainda será uma delicada 
questão capaz de se desdobrar em outros debates. Dessa forma, cabe a cada um julgar e 
adotar, por meio de critérios pessoais, a corrente explicativa que lhe parece mais plausível. 
 
 
Fonte: SOUSA, Rainer Gonçalves. Criacionismo. Disponível em: 
<https://brasilescola.uol.com.br/historiag/criacionismo.htm>. Acesso em: 8 abr. 2020. 
 
 
Concepção Evolucionista 
 
Desenvolvida através de anos de pesquisa e observação das espécies por Charles 
Darwin, a teoria da evolução, ou evolucionismo, foi uma importante etapa para a ciência 
mundial. 
O Evolucionismo surgiu por volta de 1850, e tem como base a ideia de que as 
características das espécies passam por seleção ao longo das gerações. Essas características 
não são escolhidas por acaso, mas sim por conseguirem sobreviver ao meio. 
Podemos dizer que, em resumo do evolucionismo, a teoria foi criada e desenvolvida 
por diversos cientistas, entre eles destacam-se o naturalista Charles Darwin. Inglês, nascido 
em 1809, publicou juntamente com Alfred Wallace a obra A Origem das Espécies, em 1859, 
uma série de estudos sobre os mecanismos de evolução das espécies. A obra marcou época 
por apresentar um diferente ponto de vista, em que os principais tópicos das ideias de Darwin 
eram os seguintes: 
 Em todas as suas características, seres da mesma espécie podem apresentar 
variações, logo conclui que não são idênticos entre si. 
 Organismo possuem uma enorme capacidade de reprodução, porém isso não 
significa que todos os descendentes chegarão à idade adulta. 
- A quantidade de seres de uma espécie é relativamente constante ao longo das 
gerações 
 Com isso, existe uma grande luta pela vida entre estes seres, porque apesar de 
nascerem muitos, um número limitado consegue chegar à maturidade, o que 
mantém constante o número de indivíduos. 
 
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 Organismos com variações favoráveis ao meio conseguem sobreviver mais do 
que organismos com variações menos favoráveis 
 Por suas variações favoráveis estes seres tem mais chances de garantir 
descendência. Como as características são transmitidas de pais para filhos, os 
descendentes também ganham essas variações. 
 Podendo se concluir que ao longo das gerações, a influência da seleção natural 
sobre os seres é o que mantém ou melhora o grau de adaptação ao ambiente. 
Charles Darwin chegou a essas conclusões após uma pesquisa feita em várias partes 
do mundo em uma viagem de circum-navegação entre os anos 1831 e 1836. Foi nesta viagem 
que o cientista pode notar que diversas espécies parentes tinham diferentes características 
dependendo de sua localidade. 
Ele ainda pode perceber que entre seres extintos e seres presentes da mesma espécie 
que vivem no mesmo ambiente há características comuns. Essas observações o levaram a 
afirmar que havia um caráter mutável entre as espécies e não imutável como era se pensado 
antes. Chegando à conclusão de que as espécies não se mantinham da mesma forma ao longo 
 
Mas é preciso salientar que para ele, o significado de evoluir não é necessariamente 
se tornar algo melhor. Evoluir, em resumo do evolucionismo, é mudar biologicamente com o 
intuito de se adaptar ao meio em que se vive. Esse processo Darwin, deu o nome de Seleção 
Natural. 
O conceito de Seleção Natural, em resumo do evolucionismo, proposto por Charles 
Darwin, parte do primórdio da adequação de um aspecto atraente ao ambiente. O fato deste 
aspecto se conservar o torna favorável conforme ele é transmitido para as gerações futuras. 
Enquanto esse aspecto ou característica favorável se estabelece na população como 
uma característica padrão, sendo transmitida para várias gerações, os aspectos que não são 
favoráveis a esse organismo, se tornam cada vez menos frequentes, até não se perpetuarem 
reprodutivamente. 
Agindo diretamente no conjunto de características particulares, a Seleção Natural, dá 
mais importância aos meios favoráveis, o que acaba por provocar adaptação do mesmo. 
Sendo possível a sobrevivência do organismo portador destas características, pois, essas 
variações são bem sucedidas. O organismo se torna mais preparado reprodutivamente, com 
condições para provocar o nascimento de uma nova espécie. 
No meio científico, a teoria da evolução, acabou causando uma grande polêmica. 
Apesar de existir antigos indícios de cientistas que já acreditavam que todas as mudanças no 
 
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mundo orgânico e inorgânico eram por causa de uma lei. Contrariando a ideia de que essas 
mudanças ocorriam por intervenção geradas por algum milagre, como escreveu o naturalista 
Jean-Baptiste de Lamarck. 
Outra crença bem definida na época era que as características das espécies eram 
imutáveis, ou seja, desde sua origem eram as mesmas. Não existindo o ideal de mudança sem 
uma intervenção divina apontada por Darwin. 
Essas percepções eram bastantes influenciadas pela religião cristã, em que todos os 
seres vivos desde o início do mundo foram criados por Deus. Até mesmo Charles Darwin, 
teve dúvidas sobre suas convicções religiosas após os resultados de seus estudos, o que o fez 
atrasar a apresentação de sua teoria por 20 anos. 
Outra polêmica que rodeia a teoria é relacionada aos seres humanos. Em resumo do 
evolucionismo, existe a indicação de que os humanos têm um ancestral comum com algumas 
espécies de macacos, como o chimpanzé, por exemplo. Alguns recentes estudos de 
decodificação genética mostram a semelhança de 98% em genes de humanos e chimpanzé. 
Entretanto é importante destacar que isso não significa que o homem vem do macaco, mas 
que tem ancestrais em comum. 
Fonte: Disponível em: <https://www.resumoescolar.com.br/biologia/resumo-do-evolucionismo/>. 
Acesso em: 9 abr. 2020. 
 
Figura 1 
 
 
Disponível em: <http://neliobizzo.pro.br/blog/teoria/criacionismo-x-evolucionismo/>. 
Acesso em: 9 abr. 2020. 
 
 
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Disponível em: <https://www.fronteiras.com/artigos/o-criacionismo-nao-e-uma-teoria>. Acesso em: 9 
abr. 2020. 
 
 
2 Geografia 
 
O Espaço geográfico e o sentido das paisagens 
A Geografia pode ser entendida como a Ciência que estuda o espaço habitado pelo 
ser humano e os fenômenos que nele ocorrem. Assim, tudo o que ocorre no espaço sob os 
mais variados pontos de vista, sejafísico, humano, econômico ou social, é objeto da 
geografia. 
Desta forma entende-se por espaço geográfico, o meio utilizado e transformado 
pelas atividades humanas. Em termos gerais, ele se difere do espaço natural, em razão do 
último não sofrer diretamente as consequências das práticas econômicas, sociais, culturais e 
cotidianas presentes nas sociedades que envolvem tanto o meio rural quanto o meio urbano. 
 É necessári paisagem
utilizada como sinônimo, mas que possui significados bem diferentes na Ciência Geográfica. 
A paisagem é composta por elementos do presente e do passado, urbanas, rurais, são 
os aspectos naturais e culturais que compõem o mundo. A paisagem é, então, aspectos que 
utilizamos para perceber a constituição do espaço geográfico, isto é, a forma como 
compreendemos o mundo. 
 
 
 
 
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Preste atenção nestas notícias 
 
Confira lugares para aproveitar o feriado em Mato Grosso e arredores 
Lagoa Encantada em Primavera do Leste 
Está cansado de passar o feriado embaixo dentro de 
uma sala com ar condicionado? Ou cansou de ir sempre aos 
mesmos lugares? Pois saiba que Mato Grosso é um estado 
com milhares de atrativos t
todos os seus municípios. O Olhar Conceito preparou uma 
neste final de semana, já que sexta-feira temos mais um 
feriado. 
 
Reserva do Cabaçal 
 
 km, pouco mais de quatro horas de 
Cuiabá, e a viagem deve ser feita pela MT-175. O município possui belezas inexploradas e 
 
Em seu entorno, escondem-se sete quedas de 
cachoeiras: Rabo de galo, Monte Cristo, Chuva de Prata, 
Cachoeira do Tatu e do Jabuti, cachoeira do Lajeado, cachoeira 
Salto das Estrelas, dentre outras. 
Algumas das atrações turísticas ficam dentro de 
rada taxa de visitação. 
Cachoeira Chuva de Prata (Foto: Conhecendo MT) 
 
Fonte: Foto: Roots Ecoturismo. Da Redação - Isabela Mercuri, 30/10/2018. Disponível em: 
<https://www.olharconceito.com.br/noticias/exibir.asp?id=16390&noticia=confira-nove-lugares-
para-aproveitar-o-feriado-em-mato-grosso-e-arredores>. Acesso em: 9 abr. 2020. 
 
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Como pode perceber, parte das notícias trata do turismo em Mato Grosso. E que 
nosso Estado está repleto de belíssimas paisagens que desconhecemos. Nesta viagem ao 
conhecimento sobre esse assunto vamos apresentando como a paisagem constitui a vida 
humana. 
 
2.1. A relação homem e a ocupação do espaço 
 
 
Observe e leia com muita atenção esse breve relato sobre um local muito conhecido 
da Mato Grosso, o Morro da Mesa, em Poxoréu. Veja como a paisagem serviu de referência 
para este lugar e o povoado que nasceu ali. 
 
As origens de Poxoréu são garimpeiras. No 
fim do século XIX, garimpeiros procuravam 
infrutiferamente diamantes nas cabeceiras do Rio 
São Lourenço. Mas a 24 de junho de 1924, João 
Arenas Teixeira dirigiu-se à Fazenda Firmeza, de 
Antônio Barcelos, a fim de formar uma expedição 
ao Rio São Lourenço. Com Pedro José, José 
Pacífico, Antônio Diamantino, Rueda, Francisco Louzada, Félix Abadie e mais um 
companheiro foram examinando os cascalhos indicadores de diamante, as formas, no jargão 
garimpeiro. 
A região, já bem conhecida, apresentava rios ainda sem nomes. O primeiro diamante 
foi encontrado no dia 29 de junho e por isso deram o nome de São Pedro ao córrego. A 
notícia do diamante se espalhou e a região dos córregos São Paulo, Pombas, Sete, São Pedro 
sentiu a corrida garimpeira. A corrutela maior foi a de São Pedro. 
Em 1927, ocorreu incêndio desolador em São Pedro e os garimpeiros mudaram-se 
para o sopé do Morro da Mesa, a 30 quilômetros da região explorada até então, às margens 
do Rio Poxoréu. Assentaram-se os começos de Poxoréu. 
A primeira denominação do lugar foi Morro da Mesa, em referência ao exuberante 
morro que tem a forma de mesa talhada em arenito triássico. Posteriormente o nome foi 
 
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alterado para Poxoréu. A denominação, de certa forma, foi uma homenagem ao povo boróro. 
Poxoréu tornou-se lugar de referência na região, ponto de escala de avião na rota Cuiabá-
Goiás. O município de Poxoréu foi criado em 05 de março de 1939, através dos Decretos-Lei 
nº 145 e nº 208. 
Inicialmente dizia-se Poxorêu, com pronúncia fechada. No entanto, o povo habituou-
se com a pronúncia aberta Poxoréu. Mais tarde, um estudo de numerologia, executado a 
pedido do prefeito Lindberg Nunes Rocha, em seu segundo mandato, determinou a mudança 
da grafia para Poxoréo, através da Lei Municipal nº 01, de 7 de julho de 1968. 
Crédito: Confederação Nacional dos Municípios 
 
Dessa forma, vamos aprendendo que um noticiário e também um texto histórico são 
formas diferentes de falarmos sobre paisagem. 
 
 
2.2. A paisagem e a comunicação humana 
 
Ao longo desse caminho rumo ao conhecimento, estamos conversando com você 
sobre o nosso tema de hoje que é a paisagem. 
Podemos observar que o ser humano estabelece formas de se comunicar e de 
estabelecer sua relação com o mundo. 
Nesta placa indicativa, o turista é informado dos 
vários lugares a que se pode ter acesso. As informações 
também dão conta, não somente de tipo de paisagem que 
se terá acesso, bem como, informa também as distâncias, 
os sentidos para sua melhor localização e também os 
nomes que se vai reconhecendo como forma de 
identificação desses belíssimos lugares. 
Assim, continuando a nossa conversa sobre 
paisagem você pode perceber as diversas formas de se comunicar uma ideia, um pensamento, 
um contexto, uma história do passado e presente. Tudo isso conversando com você sobre 
 
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paisagem. Dessa forma, pode ir construindo seu conceito sobre o tema de nosso estudo e 
entendendo melhor o seu sentido na vida humana. 
 
2.3. Paisagem urbana 
 
 
Quando olhamos para a sociedade também é possível identificarmos outro tipo de 
paisagem. Todas as questões que nos fazem perceber como a sociedade ocupa todos os 
espaços. Leia com atenção o texto abaixo: 
 
De acordo com o estudo do 
Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), 13,5 milhões de 
brasileiros viveram com menos de R$ 145 
por mês ao longo do último ano. Este valor 
considera a classificação do Banco 
Mundial para marcar a linha da pobreza 
extrema, ou seja, pessoas com rendimentos inferiores a US$ 1,90 por dia, o que equivale a 
cerca de R$ 145 por mês. 
A pesquisa mostra também que a gradual melhora dos indicadores econômicos em 
2018 não freou o aumento da miséria no país, tendo em vista que entre 2017 e 2018, 200 mil 
pessoas passaram a integrar o grupo em situação de miséria. 
 
Fonte: Disponível em: <https://br.sputniknews.com/brasil/2019110614740488-ibge-miseria-no-brasil-
bate-recorde-e-atinge-135-milhoes>. Acesso em: 8 abr. 2020. 
 
Nesse texto, podemos verificar rapidinho qual tipo de mensagem essa paisagem 
quer nos comunicar. E partir dela, temos outras informações que nos ajudam a compreender 
melhor todas essas informações. 
 
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Usamos 04 tipos de mensagens para discutirmos sobre o tema de nossa aula: a paisagem. 
Dessa forma podemos resumir agora todas as informações importantes: 
 
1. O que entendemos por paisagem nos quatro tópicos; 
2. Os vários tipos de mensagem que foram possíveis utilizar para 
falarmos do mesmo assunto; 
3. E afinal, como podemos construir nosso conhecimento de 
geografia a partir desse assunto. 
 
Conversaremos com você agora no caderno das atividades. Bora lá? 
 
 
3. Filosofia 
 
 
 
TEXTO 1: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.escolaeducacao.com.br 
 
 
VAMOS RESUMIR? 
 
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[..] Tinha cinco metros o mapa que dominou o encontro em Berlim, que teve lugar 
na Chancelaria do Reich. Mostrava o continente africano, com rios, lagos, nomes de alguns 
locais e muitas manchas brancas. 
Quando a Conferência de Berlim chegou ao fim, a 26 de fevereiro de 1885, depois 
de mais de três meses de discussões, ainda havia grandes extensões de África onde nenhum 
europeu tinha posto os pés. 
Representantes de 13 países da Europa,dos Estados Unidos da América e do 
Império Otomano deslocaram-se a Berlim a convite do chanceler alemão Otto von Bismarck 
para dividirem a África entre si, "em conformidade com o direito internacional". Os africanos 
não foram convidados para a reunião. 
À excepção da Etiópia e da Libéria, todos os Estados que hoje compõem África 
foram divididos entre as potências coloniais poucos anos após o encontro. Muitos 
historiadores, como Olyaemi Akinwumi, da Universidade Estatal de Nasarawa, na Nigéria, 
consideram que a Conferência de Berlim foi o fundamento de futuros conflitos internos na 
África. 
"A divisão da África foi feita sem qualquer consideração pela história da sociedade, 
sem ter em conta as estruturas políticas, sociais e econômicas existentes." Segundo 
Akinwumi, a Conferência de Berlim causou danos irreparáveis e alguns países sofrem até 
hoje com isso. 
 
Novas fronteiras 
 
Foram definidas novas fronteiras e muitas rotas de comércio desapareceram porque 
já não era permitido fazer negócios com pessoas fora da sua própria colônia. 
Em muitos países, como foi o caso dos Camarões, os europeus desconsideraram 
completamente as comunidades locais e as suas necessidades, lembra o investigador alemão 
Michael Pesek, da Universidade de Erfurt. 
Disponível em: <https://www.dw.com/pt-002/confer%C3%AAncia-de-berlim-partilha-de-
%C3%A1frica-decidiu-se-h%C3%A1-130-anos/a-18283420>. Acesso em: 9 abr. 2020. 
 
 
4. Sociologia 
 
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(IMAGEM: GOOGLE) 
 
Por que estudar a sociedade em que vivemos? Não basta vivê-la? É possível 
conhecer a sociedade cientificamente? A Sociologia serve para quê? Essas são perguntas que 
muitos estudantes fazem quando encontram essa disciplina na grade curricular. E as 
perguntas não param aí. Vamos procurar respondê-las no decorrer de nossos estudos. 
O que se pode dizer, inicialmente, é que a Sociologia, assim como as demais 
ciências humanas (História, Ciência Política, Economia, Antropologia, etc.), tem como 
objetivo compreender e explicar as permanências e as transformações que ocorrem nas 
sociedades humanas e até indicar algumas pistas sobre os rumos das mudanças. 
Através dos tempos, os seres humanos buscam suprir suas necessidades básicas 
mediante a produção não só de alimentos, abrigo e vestuário, mas também de normas, 
valores, costumes, relações de poder, arte e explicações sobre a vida e sobre o mundo. Viver 
em sociedade é participar dessa produção. Ao fazê-lo, acabamos produzindo a história das 
pessoas, dos grupos e das classes sociais. Por isso, a Sociologia tem uma estreita relação com 
a História. Basta dizer que precisamos de ambas para explicar a existência da própria 
Sociologia. 
Mas qual é o campo de estudo específico da Sociologia? Para entender os 
elementos essenciais da sociedade em que vivemos, os sociólogos procuram dar respostas a 
questões como estas: 
 
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 Por que as pessoas agem e pensam de uma forma e não de outra? 
 Por que nos relacionamos uns com os outros de determinada maneira, 
normalmente padronizada? 
 Por que existe tanta desigualdade e desemprego em nosso cotidiano? 
 Por que existem a política e as relações de poder na sociedade? 
 Quais são nossos direitos e o que significa cidadania? 
 Por que existem movimentos sociais com interesses tão diversos? Esses 
movimentos são revolucionários ou apenas reformadores? 
 O que é cultura? Qual a relação entre cultura e ideologia? Como elas estão 
presentes nos meios de comunicação de massa? 
A Sociologia nos ajuda a entender melhor essas e outras questões que envolvem 
nosso cotidiano, sejam elas de caráter pessoal, grupal, ou, ainda, relativas à sociedade à 
qual pertencemos ou a todas as sociedades. Mas o fundamental da Sociologia é fornecer-
nos conceitos e outras ferramentas para analisar as questões sociais e individuais de um 
modo mais sistemático e consistente, indo além do senso comum. Para Pierre Bourdieu, 
sociólogo francês contemporâneo, a Sociologia, quando se coloca numa posição crítica, 
incomoda muito, porque, como outras ciências humanas, revela aspectos da sociedade que 
certos indivíduos ou grupos se empenham em ocultar. Se esses indivíduos e grupos 
procuram impedir que determinados atos e fenômenos sejam conhecidos do público, de 
alguma forma o esclarecimento de tais fatos pode perturbar seus interesses ou mesmo 
concepções, explicações e convicções. 
Ora, uma das preocupações da Sociologia é justamente formar indivíduos 
autônomos, que se transformem em pensadores independentes, capazes de analisar o 
noticiário, as novelas da televisão, os programas do dia a dia e as entrevistas das 
autoridades, percebendo o que se oculta nos discursos e formando o próprio pensamento e 
julgamento sobre os fatos, ou, ainda mais importante, que tenham a capacidade de fazer as 
próprias perguntas para alcançar um conhecimento mais preciso da sociedade à qual 
pertencem. Como bem lembrou o sociólogo estadunidense Charles Wright Mills, a 
Sociologia contribui também para desenvolver nossa imaginação sociológica, isto é, a 
capacidade de analisar nossas vivências cotidianas e estabelecer as relações entre elas e as 
situações mais amplas que nos condicionam e nos limitam, mas que também explicam o 
que acontece com nossa vida. 
 
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Parafraseando o filósofo inglês Alfred N. Whitehead, podemos dizer que a 
Sociologia tem por objetivo fazer com que as pessoas possam ver e analisar o bosque e as 
árvores ao mesmo tempo. 
 
A produção social do conhecimento 
 
Todo conhecimento se desenvolve socialmente. Se quisermos conhecer e 
compreender como pensavam as pessoas de determinada época, precisamos saber em que 
meio social elas viveram, pois o pensamento de um período da história é criado pelos 
indivíduos em grupos ou classes, reagindo e respondendo a situações históricas de seu 
tempo. Se quisermos saber por que os indivíduos, grupos e classes pensam de determinada 
forma, por que explicam a sociedade deste ou daquele ponto de vista, precisaremos 
entender como os membros dessas sociedades se organizaram e se organizam para suprir 
suas necessidades, relacionar-se e discutir as questões que envolvem as relações sociais, as 
normas, os valores, os costumes, as tradições e a religiosidade. Ou seja, deveremos 
entender como são criadas as instituições sociais, políticas e econômicas que permitem 
certa estabilidade social. 
Na maioria das sociedades, há indivíduos e grupos que defendem a manutenção da 
situação existente, o status quo, porque este atende a seus interesses. Assim, procuram 
apoiar e desenvolver formas de explicação da realidade que justifiquem a necessidade de 
conservar a sociedade tal como está. Há pessoas, entretanto, que querem mudar a situação 
existente, pois não pensam que a sociedade à qual pertencem é boa para elas e para os 
outros. Tais pessoas procuram explicar a realidade social destacando os problemas dela e as 
possibilidades de mudança para uma forma de organização que assegure mais igualdade 
entre os indivíduos. 
Aqueles que querem manter a situação existente normalmente são os que detêm o 
poder na sociedade; aqueles que lutam para mudá-la são os que estão em situação 
subalterna. Além do conflito no campo político e econômico, há um conflito de ideias entre 
os diferentes grupos sociais. Mas as ideias e formas de conhecimento nunca são 
radicalmente opostas; elas coincidem em alguns pontos e em outros não, e é isso que 
mantém aberta a possibilidade de diálogo. 
 
 
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A Sociologia é uma dessas formas de conhecimento, resultado das condições sociais, 
econômicas e políticas do tempo em que se desenvolveu. Ela nasceu em resposta à 
necessidade de explicar e entender as transformações que começaram a ocorrer no mundo 
ocidental entre o final do século XVIII e o início do século XIX, decorrentes da emergência e 
do desenvolvimento da sociedade capitalista. 
Naquela época, a produção de alimentos e de objetosartesanais, que se concentrava 
no campo, passou a se deslocar para as cidades, onde começavam a se desenvolver as 
indústrias. Essa mudança desencadeou importantes transformações no modo de vida dos 
diferentes grupos sociais, afetando as relações familiares e de trabalho. Aos poucos, as 
normas e valores se estruturariam em novas bases, menos religiosas, estimulando o 
desenvolvimento de novas ideias. 
Grandes transformações políticas também ocorreram, no contexto do que se chama 
de Revolução Industrial, impulsionadas por movimentos como os da Independência dos 
Estados Unidos e da Revolução Francesa. Procurando entender essas transformações e 
mostrar caminhos para a resolução dos problemas por elas gerados, muitos pensadores 
escreveram e divulgaram suas teorias sobre a sociedade anterior e sobre a constituição da 
nova sociedade, que estava vivendo tantas incertezas. Criaram-se assim as bases sobre as 
quais a Sociologia viria a se desenvolver como uma ciência específica. Entre o final do século 
XIX c início do século XX, os estudiosos que mais iriam influenciar o posterior 
desenvolvimento da Sociologia concentravam-se fundamentalmente em três países: França, 
Alemanha e Estados Unidos. Na França, vários autores desenvolveram trabalhos sociológicos 
importantes; entre eles, Frédéric Le Play (1806-1882), René Worms (1869-1926) e Gabriel 
Tarde (1843-1904). O mais expressivo deles, porém, foi Émile Durkheim (1858-1917), que 
 
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procurou sistematicamente definir o caráter científico da Sociologia, inaugurando uma 
corrente que por muito tempo seria hegemônica entre os sociólogos franceses. 
Na Alemanha, destacaram-se os estudos sociológicos de George Simmel (1858-
1918), Ferdinand Tönnies (1855-1936), Werner Sombart (1863-1941), Alfred Weber (1868-
1958) e Max Weber (1864-1920), este último o mais conhecido deles, pela extensão e 
influência de sua obra. 
Nos Estados Unidos da América, a Sociologia desenvolveu-se desde o final do 
século XIX e início do XX nas universidades de Chicago, de Colúmbia e de Harvard, 
principalmente. Muitos foram os sociólogos que se destacaram; entre eles, Robert E. Park 
(1864-1944) e George H. Mead (1863-1932). No decorrer do século XX, a Sociologia tornou-
se uma disciplina mundialmente reconhecida. Os sociólogos estão presentes não só nas 
universidades, mas também nos meios de comunicação, discutindo questões específicas ou 
gerais que envolvem a vida em sociedade. Os mais destacados, independentemente do país de 
origem, ministram cursos e conferências em centros universitários de todos os continentes e 
têm seus livros traduzidos em muitos idiomas. 
No Brasil, a Sociologia tem alcançado uma visibilidade muito grande, seja por causa 
da presença em todo o território nacional de institutos de pesquisa social ou cursos de 
graduação e de pós-graduação, seja pela atuação de sociólogos em muitos órgãos públicos 
e privados ou nos meios de comunicação de massa. Assim, a Sociologia e os sociólogos estão 
presentes no cotidiano do país. 
 
[**Conteúdo retirado da obra: TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. 2ª ed., São 
Paulo: Saraiva, 2010. p. 07-09.]

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