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CAPÍTULO 4 FILME RADIOGRÁFICO, ECRANS INTENSIFICADORES E GRADES 71 C A P Í T U L O Filme Radiográfico, Ecrans Intensificadores e Grades 71 44 O feixe de fótons de raios X que passa pelos arcos dentários tem sua intensidade reduzida (atenuada) por absorção e espalhamento de fótons fora da direção do feixe primário. A configuração dos fótons que saem do objeto (feixe remanescente) possui informações so- bre a estrutura e a composição do absorvente. Para essa informação ser útil no diagnóstico, o feixe remanes- cente deve ser registrado em um receptor de imagem. O receptor de imagem mais utilizado em radiografias dentárias é o filme radiográfico. Este capítulo descreve o filme radiográfico e suas propriedades, assim como o uso de ecrans intensificadores e grades antidifusoras para melhorar a imagem radiográfica. Sistemas de ra- diografias digitais, que também podem ser usados para fazer uma radiografia, são descritos no Capítulo 12. Filme Radiográfico COMPOSIÇÃO O filme radiográfico tem dois componentes principais: emulsão e base. A emulsão, que é sensível aos raios X e à luz visível, registra a imagem radiográfica. A base é um suporte de material plástico sobre o qual a emulsão é colocada (Fig. 4-1). Emulsão Os dois principais componentes da emulsão são os cris- tais halogenados de prata, que são sensíveis à radiação X e à luz visível, e uma matriz onde os cristais estão suspensos. Os cristais halogenados de prata são compos- tos principalmente de cristais de brometo de prata. A composição da emulsão dos filmes odontológicos é mostrada na Tabela 4-1. Iodeto é adicionado ao filme Ultra-Speed pois seu largo diâmetro (comparado com o brometo) rompe a regularidade da estrutura do cristal de brometo de prata, aumentando desse modo sua sen- sibilidade à radiação X. O iodeto não é usado no filme InSight. A fotosensibilidade dos cristais halogenados de prata também depende da presença de pequenas quan- tidades de compostos contendo enxofre. Além disso, pequenas quantidades de ouro são algumas vezes adi- cionadas aos cristais halogenados de prata para aumen- tar sua sensibilidade. Os cristais halogenados de prata no filme InSight são cristais tubulares planos com o diâmetro médio de 1,8 μm (Fig. 4-2). O filme Ultra-Speed é composto por cris- tais de formato globular de aproximadamente 1 μm de diâmetro. Os cristais tubulares do filme InSight são orien- tados paralelamente à superfície do filme para oferecer uma maior área transeccional para o feixe de raios X (Fig. 4-3). Como resultado, o filme InSight requer ape- nas cerca da metade da exposição do filme Ultra-Speed. Na fabricação do filme, os cristais halogenados de prata são envolvidos em um veículo que é aplicado em ambos os lados da base de suporte. O veículo, composto de material gelatinoso e não-gelatinoso, mantém os cristais halogenados de prata uniformemente dispersos. Para assegurar uma boa adesão da emulsão à base do fil- me, uma fina camada de material adesivo é adicionada à base antes da emulsão ser aplicada. Durante o pro- cessamento do filme, o veículo absorve as soluções processadoras, permitindo que os químicos alcancem e reajam aos cristais halogenados de prata. Uma camada adicional de veículo é aplicada na emulsão do filme como uma camada de revestimento; essa barreira ajuda a proteger o filme de danos como arranhões, contami- nação ou pressão dos rolos quando uma processadora automática é usada. A emulsão do filme é sensível tanto aos fótons de raios X quanto à luz visível. O filme que será exposto aos 72 PARTE 4 PRINCÍPIOS DE FORMAÇÃO DA IMAGEM E TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS raios X é chamado de filme de exposição direta. Todos os filmes odontológicos intra-orais são filmes de exposição direta. Os filmes screen, que são sensíveis à luz visível, são usados com ecrans intensificadores que emitem luz visível. Filmes screen e ecrans intensificadores são usa- dos para projeções extra-orais como as panorâmicas e as radiografias de crânio. Os ecrans intensificadores são descritos posteriormente neste capítulo. Base A função da base do filme é dar suporte à emulsão. A base deve ter um grau adequado de flexibilidade que permita um fácil manejo do filme. A base de um filme de raios X odontológico possui 0,18 mm de espessura e é feita de poliéster polietileno tereftalato. A base do filme é uniformemente translúcida e não provoca alte- ração no resultado radiográfico. Acredita-se que uma base com um leve corante azul aumenta a visibilidade de detalhes para o diagnóstico. A base do filme tam- bém deve resistir à exposição das soluções de processa- mento sem sofrer distorção. FILME RADIOGRÁFICO INTRA-ORAL Um grande número de fabricantes pelo mundo produz filmes radiográficos odontológicos intra-orais. Entretan- to, o filme é fabricado com dupla emulsão, ou seja, co- berto com uma camada de emulsão em cada lado da base. Com a camada dupla de emulsão, menos radiação pode ser usada para produzir a imagem. O filme de exposição direta é usado para exames intra-orais porque fornece imagens de maior resolução, quando compara- FIG. 4-1 Micrografia eletrônica de varredura de um filme radiográfico Kodak InSight (300 ×). Observe a camada pro- tetora, a emulsão e a base neste filme de dupla emulsão. (Cortesia de Eastman Kodak, Rochester, N.Y.) FIG. 4-2 Micrografia eletrônica de varredura de uma emul- são comparando cristais de brometo de prata tabulares planos em um filme InSight (A) com cristais globulares haloge- nados de prata do filme Ultra-Speed (B). (Cortesia de East- man Kodak, Rochester, N.Y.) A B TABELA 4-1 Peso da Camada por Largura do Filme (mg/cm2) TIPO DE FILME PRATA BROMO IODO VEÍCULO VEÍCULO DO DA EMULSÃO REVESTIMENTO InSight 0,81-1,03 0,63-0,71 0 0,70-0,80 0,07-0,11 Ultra-Speed 0,92 0,67 0,02 0,59 0,16 Cortesia de Eastman Kodak, Rochester, N.Y. CAPÍTULO 4 FILME RADIOGRÁFICO, ECRANS INTENSIFICADORES E GRADES 73 do com a combinação filme ecran. Algumas indicações, como a detecção de cáries incipientes ou lesão peria- pical precoce, requerem essa alta resolução. Uma das bordas do filme possui um pequeno pon- to de elevação (pit localizador) que é usado para orien- tação do filme. Quando o filme é colocado na boca do paciente, o lado convexo do pit localizador é sempre posicionado em direção ao tubo de raios X. O lado do filme com a concavidade é assim posicionado em direção à língua do paciente. Depois de o filme ser processado, o pit localizador é usado para identificar na imagem os lados direito e esquerdo do paciente (Fig. 6-22). O filme radiográfico intra-oral contém uma ou duas películas de filme (Fig. 4-4). Quando o filme duplo é utilizado, o segundo filme serve como um registro du- plicado que pode ser enviado para convênios odonto- lógicos ou para outro profissional. O filme é protegido por um envoltório de papel preto e depois, externa- mente, em um papel branco ou um envoltório plásti- co resistente à umidade. O envoltório externo indica claramente a posição do pit localizador e identifica qual o lado do filme deve ser direcionado para o tubo de raios X. Entre os envoltórios do filme existe uma fina folha de chumbo com um padrão em escamas. A folha é posicionada atrás do filme, distante do tubo. Esta folha de chumbo possui diversas funções. Ela protege o filme da radiação de espalhamento (secundária), que provo- ca fog no filme e reduz o contraste do objeto (qualidade da imagem). Ela também reduz a exposição do paciente absorvendo um pouco do feixe de raios X residual. No entanto, o mais importante é o fato de que se o filme for colocado invertido na boca do paciente e o lado sen- sível do filme for colocado afastado do tubo, a folha de chumbo será posicionada entre o objeto e o filme. Nes- tas circunstâncias a maior parte da radiação é absorvi- da pela folha de chumbo e a radiografia resultante fica clara e mostra o padrão em escamas da folha de chum- bo. A combinação de um filme clarocom as escamas características indica que o filme foi colocado inverti- do na boca do paciente e que a sinalização do lado di- reito–lado esquerdo do paciente indicado pelo pit do filme está invertida. Como os filmes de exposição direta intra-oral pos- suem diversas indicações e são usados tanto em adul- tos como em crianças pequenas, eles são feitos de vários tamanhos. A composição dos filmes é idêntica em cada caso. Camada protetora Emulsão Base 5 � Camada protetora Emulsão Base 5 � A B C D FIG. 4-3 Imagem transversal de microscopia eletrônica de um filme InSight (A) e filme Ultra-Speed (B). Observe que a orientação dos cristais tabulares no filme InSight é essen- cialmente paralela à superfície do filme para aumentar a área de superfície de exposição dos cristais aos raios X. (Cor- tesia de Eastman Kodak, Rochester, N.Y.) FIG. 4-4 Pacote à prova de umidade e luz (A) contém uma aba para abertura no lado oposto à face que fica voltada para o tubo. Dentro existe uma lâmina de chumbo (B) e um envoltório de folha de papel preto à prova de luz (C) que é dobrado em volta do filme (D). O filme é empacotado com uma ou duas películas. A B 74 PARTE 4 PRINCÍPIOS DE FORMAÇÃO DA IMAGEM E TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS Radiografia Periapical As radiografias periapicais são usadas para registrar coroa, raiz e periápice. Os filmes podem ter três ta- manhos: 0 para crianças pequenas (22 × 35 mm); 1, que é relativamente estreito e usado para incidências dos dentes anteriores (24 × 40 mm); e 2, o tamanho padrão de filme usado para os adultos (31 × 41 mm) (Fig. 4-5). Radiografia Bite-wing As radiografias bite-wing (interproximais) são usadas para registrar a porção coronal dos dentes da maxila e da mandíbula em uma imagem. Elas são ideais para detectar cáries interproximais e avaliar a altura do osso alveolar. O filme de tamanho número 2 normalmente é usado para adultos; o tamanho menor de número 1, é indicado para crianças. Em crianças pequenas, o ta- manho 0 pode ser utilizado. Um tamanho de número 3, relativamente longo, também está disponível. O filme para bite-wings freqüentemente possui uma asa de papel projetada do meio do filme sobre a qual o paciente oclui para manter o filme (Fig. 4-6). Esta asa raramente é visibilizada e não interfere na quali- dade de diagnóstico da imagem. Posicionadores de filmes também estão disponíveis para radiografias bite-wings. Radiografia Oclusal O filme oclusal é três vezes maior que o filme número 2 (57 × 76 mm) (Fig. 4-5). É utilizado para mostrar áreas maiores na maxila ou na mandíbula do que as observa- das no filme periapical. Estes filmes também são usados para obter projeções ortogonais às projeções periapicais convencionais. O nome provém do fato de o filme normalmente ser mantido em posição por uma oclusão suave do paciente, deixando o filme entre as superfícies oclusais dos dentes (Capítulo 8). FILME SCREEN As radiografias extra-orais usadas mais freqüentemente em odontologia são a panorâmica, cefalométrica e ou- tras projeções do crânio. Para essas projeções e para visibilizar todas as outras radiografias extra-orais, o fil- me ecran é usado com ecrans intensificadores (descri- tos adiante neste capítulo) para reduzir a exposição do paciente. O filme ecran é diferente do filme odonto- lógico intra-oral. Ele é projetado para ser sensível à luz visível porque é colocado entre dois ecrans inten- sificadores quando a exposição é feita. O ecran intensificador absorve os raios X e emite luz visível, que expõe o filme ecran. Os cristais halogenados de prata são inerentemente sensíveis à luz ultravioleta (UV) e à luz azul (300 a 500 nm) e, assim, são sensíveis aos ecrans que emitem UV e luz azul. Quando o filme é usado com ecran que emite luz verde, os cristais halogenados de prata são cobertos com um corante sensibilizante para aumentar a absorção. Como as propriedades dos ecrans intensificadores variam, o dentista deve usar a apro- priada combinação ecrans-filme recomendada pelos fa- bricantes para que a emissão característica do ecrans combine com a absorção característica do filme. Diversos tipos de filmes ecrans são adequados para radiografias extra-orais. Alguns fabricantes fornecem filmes de alto contraste e média velocidade para as ra- diografias do crânio. Outros filmes disponíveis são mais rápidos (i. e. necessitam de menos exposição à radiação), mas promovem menor detalhe de imagem. Tais filmes FIG. 4-5 O filme radiográfico é comumente fornecido em vários tamanhos. Esquerda, filme oclusal; à direita em cima, filme adulto posterior; à direita no meio, filme adulto ante- rior; à direita embaixo, filme infantil (em envoltório de vinil). FIG. 4-6 Asa de mordida colocada em volta de um filme adulto tipo 2 para segurá-lo quando o paciente ocluir a aba na radiografia bite-wing. Essa projeção permite a visualização das coroas dentárias e das cristas alveolares. CAPÍTULO 4 FILME RADIOGRÁFICO, ECRANS INTENSIFICADORES E GRADES 75 podem ser usados para radiografias panorâmicas, onde uma imagem de detalhes minuciosos não está disponí- vel devido ao movimento do cabeçote do tubo de raios X durante a exposição. Outro tipo de filme fornece menor contraste e ampla latitude. Este tipo revela uma ampla faixa de densida- des e é mais adequado para radiografias cefalométricas, nas quais tanto detalhes de osso quanto de tecidos mo- les são desejados. O formato dos filmes ecrans muda constantemente para otimizar as características da imagem. A Kodak, p. ex., introduziu o filme T-Mat, que possui cristais ha- logenados de prata de formato tabular (plano) (Fig. 4-7). Os cristais tabulares (T) estão dispostos com sua super- fície relativamente larga e achatadas voltados para fon- te de radiação, promovendo uma maior superfície transversal (alvo) e resultando num aumento da veloci- dade sem perda de nitidez. Além disso, corantes sen- sibilizadores verdes são adicionados à superfície dos cristais tubulares, aumentando sua capacidade de ab- sorver luz e diminuindo a possibilidade de a luz da ca- mada de fósforo de um lado do ecran intensificador sensibilizar a emulsão do lado oposto do filme. Um novo sistema da Kodak, Ektavision, inclui um corante ab- sorvente na emulsão para prevenir que a luz do ecran atinja a emulsão do outro lado. Isso aumenta a nitidez da imagem. Ecrans Intensificadores Desde o início da história da radiologia, cientistas des- cobriram que vários sais inorgânicos ou fósforos fluo- rescem (emitem luz visível) quando expostos aos feixes de raios X. A intensidade desta fluorescência é propor- cional à energia de raios X absorvida. Estes fósforos fo- ram incorporados aos ecrans intensificadores para serem usados com os filmes ecrans. A soma dos efeitos dos raios X e da luz visível emitida pelos fósforos do ecran expõe o filme no chassi. FUNÇÃO A presença do ecran intensificador cria um sistema re- ceptor de imagem que é de 10 a 60 vezes mais sensível aos raios X do que o filme sozinho. Conseqüentemente, o uso de ecrans intensificadores significa uma redução substancial na dose de radiação a que o paciente é ex- posto. Os ecrans intensificadores são utilizados com fil- mes para praticamente todas as radiografias extra-orais, incluindo panorâmicas, cefalométricas e projeções do crânio. Em geral, o poder de resolução do ecrans está relacionado à sua velocidade: quanto menor a velocida- de do ecran, maior é o poder de resolução e vice-ver- sa. O ecran intensificador não é usado em radiografias intra-orais com filmes periapicais ou oclusais, porque seu uso reduziria a resolução da imagem resultante, o que é necessário para muitas anomalias dentárias. COMPOSIÇÃO Os ecrans intensificadores são feitos de uma base de su- porte, uma camada de fósforo e uma cobertura poli- mérica protetora (Fig. 4-8). Em todas as aplicações na odontologia, os ecrans intensificadores são usados em pares, um em cada lado do filme, e são posicionados dentrode um chassi (Fig. 4-9). O objetivo do chassi é segurar cada ecran intensificador em íntimo contato com o filme radiográfico para maximizar a nitidez da imagem. Muitos chassis são rígidos, mas também po- dem ser flexíveis. Base O material de base de muitos ecrans intensificadores é uma forma de plástico de poliéster de cerca 0,25 mm de espessura. A base proporciona suporte mecânico para as outras camadas. Em alguns ecrans intensificadores, a base também é reflexiva; assim eles refletem a luz emi- tida pela camada de fósforo de volta ao filme de raios X. Isso possui um efeito de aumentar a emissão de luz do ecran intensificador. Entretanto, também resulta em uma imagem com perda de nitidez devido à divergência dos raios luminosos refletidos de volta ao filme. Os ecrans intensificadores de maior detalhe omitem a camada refle- xiva para melhorar a nitidez da imagem. Em outros FIG. 4-7 Cristais T halogenados de prata na emulsão de um filme T-Mat (A) são maiores e mais planos do que os cristais menores e espessos na emulsão de um filme convencional (B). Observe que as superfícies planas dos cristais T são ori- entadas paralelas à superfície do filme e voltadas para fon- te de radiação. (Cortesia de Eastman Kodak, Rochester, N.Y.) A B 76 PARTE 4 PRINCÍPIOS DE FORMAÇÃO DA IMAGEM E TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS mentos terras raras, mais comumente lantânio e ga- dolínio. Suas fluorescências podem ser aumentadas pela adição de pequenas quantidades de elementos como túlio, nióbio ou térbio. Combinações usuais de fósfo- ros dos ecrans intensificadores são mostradas na Tabe- la 4-2. Alguns compostos terras raras são eficientes fósfo- ros. Na escala de energia usada tipicamente em radio- grafias odontológicas, um par de ecrans intensificadores de terras raras absorve cerca de 60% dos fótons que al- cançam o chassi depois de atravessar o paciente. Estes fósforos têm uma eficiência de cerca de 18% em conver- ter energia de raios X em luz visível. Os ecrans de ter- ras raras convertem cada fóton de raios X absorvido em aproximadamente 4.000 fótons de luz visível de baixa energia (verde ou azul). Esses fótons visíveis expõem depois o filme. Fósforos diferentes fluorescem em diferentes porções do espectro. Por exemplo, a luz emitida do ecran inten- sificador de terras raras Kodak Lanex (Fig. 4-10) varia de 375 a 600 nm e possui um pico em 545 nm (verde). A Figura 4-10 mostra o espectro de emissão de um ecran de terras raras e o espectro sensível de um filme apro- priado. Outro ecran intensificador possui seu maior pico em 350 nm (UV) e outro em 450 nm (azul). É im- portante combinar ecrans emissores de luz verde com filmes sensíveis à luz verde e ecrans emissores de luz azul com filmes sensíveis à luz azul. FIG. 4-8 A imagem da esquerda mostra o esquema de dois ecrans intensificadores (tonalidades de cinza) envolvendo o filme (branco). O esquema ampliado da direita mostra os fótons de raios X entrando acima, atravessando a base e atin- gindo as partículas de fósforo. Os fósforos emitem luz visível, expondo o filme. Alguns fótons de luz visível podem refletir fora da camada reflexiva da base. FIG. 4-9 Chassi de 20 x 25 cm. Quando o chassi é fechado, o filme é colocado em íntimo contato entre os dois ecrans intensificadores. ecrans intensificadores, a base não é reflexiva e uma cobertura separada de dióxido de titânio é aplicada ao material de base, servindo como uma camada reflexiva. Camada de Fósforo A camada de fósforo é composta de cristais fluorescen- tes suspensos em uma pasta polimérica. Quando os cris- tais absorvem fótons de raios X, eles fluorescem (Fig. 4-8). Os cristais de fósforos freqüentemente contêm ele- CAPÍTULO 4 FILME RADIOGRÁFICO, ECRANS INTENSIFICADORES E GRADES 77 A velocidade e a resolução de um ecran dependem de muitos fatores, incluindo: • Tipo de fósforo e eficiência de conversão do fósforo • Espessura da camada de fósforo e peso da cobertura (quantidade de fósforo/ unidade de volume) • Presença de camada reflexiva • Presença de um corante que absorva a luz na camada de fósforo ou camada protetora • Tamanho dos cristais de fósforo Ecrans rápidos possuem cristais de fósforo grandes e convertem eficientemente fótons de raios X em luz visível, mas produzem imagens de baixa resolução. Quando o tamanho dos cristais ou a espessura do ecran diminui, a velocidade do ecran também dimi- nui, mas a nitidez da imagem aumenta. Ecrans rápi- dos também possuem uma camada de fósforo espessa e uma camada reflexiva, mas estas propriedades tam- bém diminuem a nitidez. Ao decidir a combinação a ser usada, o operador deve considerar as necessida- des de resolução requeridas para a indicação da ra- diografia. A Tabela 4-3 mostra alguns ecrans atuais e sua classificação quanto à velocidade. Muitas indica- ções de diagnóstico extra-oral podem ser realizadas com uma combinação filme-ecran para atingir uma velocidade de 400 ou mais rápida. Cobertura Protetora Uma cobertura protetora de polímero (maior que 15 μm de espessura) é colocada sobre a camada de fósforo para protegê-la e promover uma superfície que pode ser lim- pa. O ecran intensificador deve ser mantido limpo por- que qualquer detrito, sujeira ou arranhão pode causar manchas claras na radiografia resultante. TABELA 4-2 Elementos Terras Raras Usados nos Ecrans Intensificadores EMISSÃO FÓSFORO Verde Oxissulfito de gadolínio, térbio ativado Azul e UV Tantalato de ítrio, nióbio ativado 350 100 In te ns id ad e re la tiv a Comprimento de onda (nm) 80 60 40 20 0 400 450 500 Linhas de emissão dos ecrans Espectro de absorção do filme 550 600 650 FIG. 4-10 Sensibilidade relativa do filme Kodak T-Mat (li- nha contínua) e linhas de emissão dos ecrans Kodak Lanex e Ektavision (oxissulfito de gadolínio, térbio ativado). O ecran intensificador emite luz como uma série de linhas de emissão relativamente estreita. A emissão máxima do ecran em 545 nm corresponde adequadamente uma região de alta sensibilidade. (Dados de Cortesia de Eastman Kodak, Rochester, N. Y.) TABELA 4-3 Velocidade de Ecrans Terras Raras Selecionados CLASSE DE STERLING/ VELOCIDADE AGFA FUJI KODAK KONICA DUPONT 3M Ecrans emissores de luz verde 100 Curix Ortho Fine HR Fine Lanex Fine KF — Trimax 2 200 Curix Ortho Medium HR Medium Lanex Medium KM — Trimax 4 400 Curix Ortho Regular HR Regular Lanex Regular KR Ektavision Quanta V Trimax 8 600 Curix Ortho Fast HR Fast Lanex Fast KS — Trimax 12 Ecrans emissores de luz verde 100 — — — — Quanta Detail — 200 MR 400 — — RD Quanta Fast Detail — 800 MR 800 — — RB Quanta Rapid Trilight 8 78 PARTE 4 PRINCÍPIOS DE FORMAÇÃO DA IMAGEM E TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS Características da Imagem Processar um filme exposto aos raios X faz com que ele fique escurecido na área exposta. O grau e o padrão de escurecimento do filme dependem de inúmeros fatores, incluindo a energia e a intensidade do feixe de raios X, composição do objeto radiografado, a emulsão do filme utilizado e as características do processamento do filme. Este capítulo descreve as principais características de imagem dos filmes radiográficos. DENSIDADE RADIOGRÁFICA Quando um filme é exposto ao feixe de raios X (ou à luz, no caso da combinação filme-ecrans) e depois pro- cessado, os cristais halogenados de prata da emulsão que foram atingidos pelos fótons são convertidos em cristais de prata metálica. Esses cristais de prata blo- queiam a transmissão de luz do negatoscópio e dão ao filme sua aparência escura. O grau total de escu- recimento de um filme exposto é chamado de densida- de radiográfica. Esta densidade pode ser medida como a densidade óptica de uma área de um filme de raios X, onde: Densidade óptica = Log 10 I o I t onde I 0 é a intensidade de luz incidente (p. ex.: do negatoscópio) e I t é a intensidade de luz transmitida pelo filme. Assim, a medida da densidade do filme tam- bém é a medida da opacidade do filme. Com uma den- sidadeóptica de zero, 100% da luz é transmitida; com uma densidade de 1, 10% da luz é transmitida; com uma densidade de 2, 1% da luz é transmitida, e assim por diante. O gráfico da relação entre a densidade óptica do fil- me e a exposição é chamado de curva característica (Fig. 4-11). Ela é normalmente mostrada como a relação en- tre a densidade óptica do filme e o logaritmo da expo- sição correspondente. Quando a exposição do filme aumenta, sua densidade óptica aumenta. O filme possui seu valor diagnóstico aumentado quando as estruturas de interesse são visibilizadas numa porção relativamen- te estrita do gráfico, entre 0,6 e 3,0 unidades de den- sidade óptica. As curvas características dos filmes fornecem muitas informações sobre o contraste, veloci- dade e latitude. Um filme virgem, quando processado, mostra alguma densidade. Isso se deve à densidade inerente da base e do corante adicionado, assim como à produção de cris- tais halogenados de prata não expostos. Esta mínima densidade é chamada de fog ou base e velamento. A densi- dade óptica da base e velamento é normalmente 0,2 a 0,3. A densidade radiográfica é influenciada pela expo- sição, pela espessura e pela densidade do objeto. Exposição A densidade total do filme depende do número de fó- tons absorvidos pela emulsão do filme. Aumentando-se a miliamperagem (mA), a kilovoltagem pico (kVp), ou o tempo de exposição, aumenta-se o número de fótons que alcançam o filme, aumentando, assim, a densidade radiográfica. Reduzindo-se a distância entre o ponto fo- cal e o filme aumenta-se também a densidade do filme. Espessura do Objeto Quanto mais espesso for o objeto, mais os feixes são atenuados e mais clara será a imagem resultante (Fig. 4-12). Se os fatores de exposição utilizados para adul- tos forem usados para crianças ou pacientes edêntulos, o filme resultante será mais escuro porque há uma me- nor quantidade de tecido absorvente no caminho do feixe de raios X. O dentista deve variar a exposição (tanto o kVp quanto o tempo) de acordo com o tama- nho do paciente para produzir radiografias com uma densidade ideal. Densidade do Objeto Variações na densidade do objeto exercem uma profun- da influencia na imagem. Quanto maior a densidade de uma estrutura dentro de um objeto, maior é a atenua- ção do feixe de raios X direcionado através do objeto ou área. Na cavidade oral, as densidades relativas de várias estruturas anatômicas, em ordem decrescente de densidades, são esmalte, dentina e cemento, osso, mús- culo, gordura e ar. Objetos metálicos (p. ex.: restaurações) são muito mais densos do que o esmalte e, portanto, absorvem mais. Como o feixe de raios X é diferente- mente atenuado por esses absorvedores, o feixe resultan- 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 Log da exposição D en si da de ó tic a FIG. 4-11 Curva característica de filme de exposição dire- ta. O contraste (inclinação da curva) é maior na região de alta densidade do que na região de baixa densidade. CAPÍTULO 4 FILME RADIOGRÁFICO, ECRANS INTENSIFICADORES E GRADES 79 te possui informações que são registradas no filme radiográfico como áreas claras e escuras. Objetos densos (que são grandes absorvedores) formam a imagem radiográfica clara que é denominada radiopaca. Objetos de baixa densidade são absorventes fracos. Eles per- mitem a passagem da maioria dos fótons e formam a área escura no filme que corresponde ao objeto radio- transparente. CONTRASTE RADIOGRÁFICO Contraste radiográfico é um termo genérico que descreve as variações de densidades em uma radiografia. É de- finido como a diferença de densidades entre as áreas claras quanto escuras na radiografia. Assim, uma radio- grafia que mostra tanto áreas claras quanto escuras possui um alto contraste. Isso também é denominado como uma escala curta de contraste, pois poucas tona- lidades de cinza estão presentes entre as imagens brancas e pretas no filme. Uma imagem radiográfica composta apenas de zonas de cinza-claro e cinza-escu- ro tem um baixo contraste e é denominada como ten- do uma escala longa de contraste (Fig. 4-13). O contraste radiográfico da imagem é o resultado da interação do contraste do objeto, contraste do filme e da radiação secundária. Contraste do Objeto O contraste do objeto é uma série de características do objeto que influencia no contraste radiográfico. Ele é muito influenciado pela espessura, densidade e núme- ro atômico do objeto. O contraste do objeto da cabeça e pescoço do paciente numa projeção cefalométrica la- teral é alto. As regiões densas do osso e dos dentes ab- sorvem a maioria dos raios incidentes, enquanto o tecido mole do perfil facial menos denso transmite a maioria da radiação. O contraste do objeto também é influenciado pela intensidade e energia do feixe. A energia do feixe de raios X, fornecida pelo kVp, influencia o contraste da imagem. A Figura 4-14 mostra um dispositivo em de- graus em cunha de alumínio exposto a feixes de raios X de diferentes energias. Com o aumento do kVp, au- Cunha de alumínio com 16 degraus 3,2 3,0 2,8 2,6 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 R ad io gr af ia d o de gr au e m c un ha D en si da de ó tic a FIG. 4-12 A, Degrau em cunha de alumínio. B, Gráfico da densidade óptica de uma radiografia feita pela exposição do degrau em cunha. Observe que quando a espessura do alumínio diminui, mais fótons estão disponíveis para expor o filme e a imagem se torna progressivamente mais escura. A B A B FIG. 4-13 Radiografia de uma mandíbula seca mostrando um baixo contraste (A) e um alto contraste (B). 80 PARTE 4 PRINCÍPIOS DE FORMAÇÃO DA IMAGEM E TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS menta-se a densidade total da imagem, e o tempo de exposição deve ser ajustado de forma que a densidade no meio da escala em cada caso seja comparável. À medida que se aumenta o kVp do feixe de raios X, di- minui-se o contraste do objeto. Da mesma forma, quando um kVp de energia relativamente baixa é usa- do, o contraste do objeto aumenta. Muitos clínicos se- lecionam o kVp em uma faixa entre 70 a 80. Em valores altos o tempo de exposição é reduzido, mas a perda de contraste pode ser indesejável, porque alterações sutis podem ficar obscurecidas. Mudar o tempo de exposição ou o mA (e mantendo- se o kVp constante) também influencia no contraste do objeto. Se o filme estiver excessivamente claro ou escu- ro, o contraste das estruturas anatômicas fica reduzido. Mudanças sutis no mA podem também provocar altera- ções leves no contraste do objeto pela modificação da localização de estruturas radiografadas na curva carac- terística, como descrito previamente. Contraste do Filme O contraste do filme descreve a capacidade de os filmes radiográficos exibirem diferenças no contraste do objeto, que são variações na intensidade do feixe remanescen- te. Um filme de alto contraste revela áreas de pequenas diferenças no contraste do objeto mais claramente do que um filme de baixo contraste. O contraste do filme normalmente é medido como a média do declive da porção útil de diagnóstico da curva característica (Fig. 4-15): quanto maior o declive da curva nesta região, maior o contraste do filme. Nesta ilustração, o filme A possui maior contraste que o filme B. Quando o decli- ve da curva no limite normal é maior do que 1, o filme possui um contraste do objeto exagerado. Essa caracte- rística desejável, que é encontrada na maioria dos fil- mes, permite a visibilidade de estruturas que diferem sutilmente em densidade. Por exemplo, o raio remanes- cente na região da câmara pulpar do dente vai ser mais intenso (maior exposição) do que o raio da região que circunda o esmalte da coroa. O filme de alto contraste irá mostrar um maior contraste (diferença na densidade óptica) entre estas estruturas do que o filme de baixo contraste. Filmes usados com ecrans intensificadores pos- suem normalmente um declive no intervalode 2 a 3. Como pode ser observado na Figura 4-11, o contraste do filme também depende do intervalo de densidades que está sendo examinado. No filme radiográfico de exposição direta, o declive da curva aumenta continua- mente com o aumento da exposição. Como resultado, FIG. 4-14 Radiografias de um degrau em cunha realizadas em 40 a 100 kVp. Quando o kVp aumenta, o mA é reduzi- do para manter a densidade uniforme no meio da escala. Observe a escala longa de cinza (baixo contraste) com um alto kVp. (Cortesia de Eastman Kodak, Rochester, N.Y.) Log da exposição do filme 0,0 0,0 D en si da de ó pt ic a 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,53,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 Filme A Filme B � Densi- dade óptica � Densidade óptica � expo- sição 3,0 3,5 � expo- sição FIG. 4-15 Curvas características de dois filmes demons- trando o grande contraste inerente ao filme A comparado ao filme B. A inclinação do filme A é maior do que a do fil- me B; assim, o filme A mostra uma maior mudança na den- sidade óptica do que o filme B para uma alteração constante da exposição. O fato de o filme A ser mais rápi- do do que o filme B nesta figura não está relacionado ao contraste do filme. CAPÍTULO 4 FILME RADIOGRÁFICO, ECRANS INTENSIFICADORES E GRADES 81 filmes expostos corretamente possuem mais contraste do que filmes subexpostos (claros). O processamento radiográfico é outro fator que in- fluencia no contraste do filme. O contraste do filme é maximizado pelas condições de processamento ideais. Um mal manuseio do filme por um processamento in- completo ou excessivo reduz o contraste das estruturas anatômicas. O tratamento incorreto do filme, como ar- mazenamento em altas temperaturas, exposição exces- siva à luz de segurança ou frestas de luz na câmara escura também degrada o contraste da imagem. Velamento (fog) no filme radiográfico resulta no au- mento da densidade do filme por outras causas além da exposição ao raio remanescente. O contraste do fil- me é reduzido pela adição dessa densidade indesejável. Causas comuns de velamento na imagem são as luzes de segurança inapropriadas, armazenamento do filme em altas temperaturas, revelação do filme a uma tempera- tura excessiva ou por um período prolongado. O velamento da imagem pode ser reduzido pelo proces- samento e armazenamento adequados do filme. Radiação Secundária A radiação secundária resulta de fótons que interagiram com o objeto pela interação Compton ou coerente. Essa interação causa a emissão de fótons que percorrem di- reções diferentes do feixe primário. A radiação secun- dária conseqüente provoca um esfumaçamento na radiografia e um escurecimento homogêneo da ima- gem, que resulta na perda do contraste radiográfico. Em odontologia, as melhores maneiras para reduzir a radiação secundária são (1) uso de kVp relativamente baixo, (2) colimar o feixe do tamanho do filme para prevenir espalhamento para uma área fora da região da imagem e (3) uso de grades antidifusoras nas radiogra- fias extra-orais. SENSIBILIDADE RADIOGRÁFICA A sensibilidade ou velocidade radiográfica refere-se a quantidade de radiação necessária para produzir uma imagem com densidade padrão. A velocidade do filme é expressa freqüentemente como o inverso da exposição necessária (em roentgens-recíproco) para produzir uma densidade óptica de 1 acima da base velamento. Um filme rápido requer uma exposição relativamente baixa para produzir uma densidade de 1, enquanto um filme lento requer um tempo maior de exposição para que o filme revelado tenha a mesma densidade. A sensibili- dade do filme é fortemente controlada pelo tamanho dos cristais halogenados de prata e pelo seu conteúdo de prata. A sensibilidade dos filmes radiográficos intra-orais é indicada por uma letra que designa um grupo em par- ticular (Tabela 4-4). O filme radiográfico mais sensível disponível atualmente tem a classificação de sensibili- dade F. Apenas filmes D ou mais sensíveis são apropria- dos para radiografias intra-orais. Atualmente, os tipos de filmes mais usados nos EUA são o Kodak Ultra-Speed (grupo D) e Kodak InSight (grupo E ou F, dependen- do das condições de processamento). Os filmes InSight são preferidos pois requerem a metade da exposição do filme Ultra-Speed e oferecem contraste e resolução com- paráveis. O filme de sensibilidade F é mais rápido do que o tipo D, pois cristais tabulares são usados na emulsão do filme F. A curva característica da Figura 4-16 mostra que o filme InSight (curva da esquerda) é mais sensível que o filme Ultra-Speed (curva da direita), pois menos exposição é necessária para produzir o mesmo TABELA 4-4 Classificação de Velocidade dos Filmes Intra-orais GRUPO DE VELOCIDADE NÍVEL DE SENSIBILIDADE DO FILME (ROENTGEN-RECÍPROCO) C 6-12 D 12-24 E 24-48 F 48-96 Do Council on Dental Materials and Devices: Dentist’s desk reference: materials, instruments, and equipment, ed 2, Chicago, 1983, American Dental Association. *Roentgen-Recíproco é o inverso da exposição em Roentgens necessária para se obter um filme com densidade óptica de 1.0 acima da base e velamento após o processamento. Log da exposição do filme InSight Ultra-Speed 0,0 0,0 D en si da de ó pt ic a 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,53,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 FIG. 4-16 Curvas características dos filmes InSight e Ultra- Speed. O filme InSight é mais rápido e possui essencialmen- te o mesmo contraste do filme Ultra-Speed. (Cortesia de Eastman Kodak, Rochester, N.Y.) 82 PARTE 4 PRINCÍPIOS DE FORMAÇÃO DA IMAGEM E TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS nível de densidade, embora os dois filmes tenham contrastes similares. Apesar de a sensibilidade do filme poder ser ligeira- mente aumentada pelo processamento do filme numa alta temperatura, isso é alcançado à custa do aumento do velamento e da granulação da imagem. O processa- mento em uma solução saturada pode abaixar a sen- sibilidade efetiva. É sempre preferível utilizar uma solução de processamento nova e seguir o tempo e a temperatura de processamento recomendados. LATITUDE DO FILME A latitude do filme é o intervalo de exposições onde se pode produzir densidade útil num filme. Um filme ob- tido com uma ampla latitude pode registrar um objeto com uma longa escala de contraste do objeto. O filme que possui a curva característica com uma porção de li- nha reta longa e pouca inclinação tem uma ampla lati- tude (Fig. 4-17). Como conseqüência, uma grande variação na quantidade de radiação emitida pelo obje- to pode ser observada. Os filmes com uma ampla lati- tude possuem contraste mais baixo (i. e., escala longa de cinza) do que filmes com uma latitude mais estreita. Fil- mes com uma ampla latitude são úteis quando tanto as estruturas ósseas do crânio quanto os tecidos moles da região facial devem ser registrados. Até certo ponto, o operador pode modificar a latitu- de do filme. Um alto kVp produz imagens com uma ampla latitude e um baixo contraste. A diminuição da exposição produz uma imagem clara e mostra uma es- cala ligeiramente mais ampla de estruturas anatômicas com menor contraste. O filme de ampla latitude é re- comendado para estruturas visibilizadas em uma ampla escala de densidades do objeto. RUÍDO RADIOGRÁFICO Ruído radiográfico é uma aparência desigual de densi- dade de um filme radiográfico exposto uniformemen- te. É visto numa pequena área de filme como variações localizadas de densidade. As causas primárias de ruído são o mosqueado radiográfico e o artefato radiográfico. O mosqueado radiográfico é uma densidade desigual resultante da uma estrutura física do filme ou do ecran in- tensificador. Artefatos radiográficos são defeitos causados por erros na manipulação do filme, como impressões digitais ou dobras no filme, ou erros no processamento radiográfico, como manchas de revelador ou fixador ou marcas e arranhões provenientes da manipulação rude. Nos filmes radiográficos intra-orais, o mosqueado pode ser vistocomo uma granulosidade na película, que é causada pela visibilidade dos cristais de prata na emul- são do filme, especialmente quando a imagem é ana- lisada de forma ampliada. A granulação do filme é mais evidente quando o processamento em altas tempera- turas é usado. O mosqueado radiográfico é também evidente quan- do o filme é usado com ecrans intensificadores rápidos. Duas importantes causas do fenômeno são o ruído quân- tico e a estrutura mosqueada do ecran. Ruído quântico é causado pela oscilação no número de fótons por unidade de área transversal do feixe absorvido pelo ecran inten- sificador. O ruído quântico é mais evidente quando a combinação filme-ecran rápidos é usada. Sob estas con- dições, a desigualdade relativa dos raios é mais alta. O tempo de exposição longo necessário pela combinação filme-ecran mais lentos tende a tirar o padrão dos raios da média e, desse modo, reduzir o ruído quântico. Es- trutura mosqueada do ecran é a granulosidade causa- da pelos ecran de fósforos. Ela é mais evidente quando ecrans rápidos com cristais grandes são usados. BORRAÇÃO ÓPTICA Nitidez é a capacidade da radiografia em definir pontos contíguos (p. ex.: a junção amelodentinária, uma fina cortical óssea). Resolução, ou poder de resolução, é a capacidade de uma radiografia de registrar estruturas separadas que estão próximas entre si. Isto é normalmen- te medido pela radiografia de um objeto composto de finas tiras de chumbo com espaços radiotransparentes alternados de mesma espessura. Os grupos de linhas e espaços ficam dispostos na radiografia em ordem cres- cente de números de linhas e espaços por milímetros Log de exposição do filme 0,0 0,0 D en si da de ó pt ic a 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,53,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 Filme A Filme B Latitude A Latitude B Faixa de densidade útil FIG. 4-17 Curvas características de dois filmes demonstran- do a maior latitude inerente ao filme B comparado ao fil- me A. A inclinação do filme B é menos íngreme do que a do filme A; conseqüentemente, o filme B possui uma escala maior de exposição dentro da faixa de densidade útil do que o filme A. CAPÍTULO 4 FILME RADIOGRÁFICO, ECRANS INTENSIFICADORES E GRADES 83 (Fig. 4-18). O poder de resolução é medido como o maior número de linhas pares (a linha par sendo a ima- gem do objeto e o espaço radiotranparente adjacente) por milímetro que pode ser distinguido na radiografia resultante quando examinada com uma lupa. Normal- mente, a combinação filme-ecran panorâmico pode determinar cerca de cinco pares de linhas por milíme- tros; o filme periapical, que possui maior poder de re- solução, pode delimitar claramente mais de 20 pares de linhas por milímetro. A borração radiográfica é causada pelo fator filme (fil- me e ecran), artefato de movimento e fator geométrico. Fator Filme No filme radiográfico intra-oral, o tamanho e o núme- ro de cristais de prata na emulsão do filme determinam a nitidez da imagem: quanto menor o tamanho do cristal, melhor a nitidez. Em geral, filmes lentos pos- suem pequenos cristais e filmes rápidos possuem cris- tais maiores. O uso de ecrans intensificadores nas radiografias extra- orais possui um efeito contrário na nitidez da imagem. Algum grau de nitidez é perdido, pois a luz visível e a radiação ultravioleta emitidas pelo ecran espalham-se além do ponto de origem e expõem uma área maior do filme do que os cristais de fósforo (Fig. 4-8). Esta luz espalhada causa a borração de detalhes minucio- sos da radiografia. Os ecrans intensificadores com gran- des cristais são relativamente rápidos, mas a nitidez da imagem fica reduzida. Além disso, os ecrans intensifi- cadores rápidos possuem uma camada de fósforo rela- tivamente espessa, o que contribui para dissipação da luz e perda da nitidez da imagem. A difusão da luz do ecran pode ser minimizada e a nitidez da imagem aumentada pelo íntimo contato obtido entre o ecran intensificador e o filme. A presença de uma imagem em cada lado da dupla emulsão do filme também provoca perda na nitidez da imagem devido à paralaxe (Fig. 4-19). A paralaxe resulta de uma mudança aparente na posição ou tamanho de um objeto quando ele é observado por diferentes pers- pectivas. Como o filme odontológico possui uma dupla camada de emulsão e os feixes de raios X são divergen- tes, as imagens registradas em cada emulsão variam li- geiramente de tamanho. Nas imagens intra-orais, o efeito de paralaxe na nitidez da imagem não é impor- tante, entretanto ele é mais aparente quando os filmes são observados molhados. Nessas condições, a emulsão fica intumescida pela água e a perda de nitidez da ima- gem causada pela paralaxe é mais evidente. Quando ecrans intensificadores são usados, a distorção da para- laxe contribui para a perda de nitidez pois a luz de um ecran pode atravessar a base do filme e alcançar a emulsão do lado oposto. Esse problema pode ser resol- vido incorporando-se corantes na base, que absorvem a luz emitida pelos ecrans. Artefato de Movimento A nitidez da imagem também pode ser perdida pelo movimento do filme, do objeto ou da fonte de raios X durante a exposição. Movimentos na fonte de raios X ampliam o ponto focal e reduzem a nitidez da imagem. O movimento do paciente pode ser minimizado apoian- do-se sua cabeça no encosto da cadeira durante a expo- FIG. 4-18 Radiografia de um objeto com poder de resolu- ção consistindo em grupos de linhas radiopacas e espaços radiotranparentes. A numeração em cada grupo indica os pares de linhas por milímetro representado pelo grupo. Fonte de raios X F ilm e de d up la e m ul sã o FIG. 4-19 A falta de nitidez pelo princípio da paralaxe ocorre quando um filme de dupla emulsão é usado, gerando uma ampliação ligeiramente maior do lado do filme longe da fonte de raios X. A falta de nitidez pelo princípio da paralaxe é um problema pequeno na prática clínica. 84 PARTE 4 PRINCÍPIOS DE FORMAÇÃO DA IMAGEM E TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS sição. O uso de mA e kVp mais altos e um tempo de exposição mais curto também ajudam a resolver este problema. Fator Geométrico Alguns fatores geométricos influenciam na nitidez da imagem. Em parte, a perda de nitidez da imagem re- sulta do fato de os fótons não serem emitidos por um ponto (ponto focal) no anodo do tubo de raios X. Quanto maior o ponto focal, maior a perda de nitidez da imagem. Além disso, a nitidez da imagem pode ser aperfeiçoada pelo aumento da distância do ponto focal- objeto e pela redução da distância objeto-filme. Várias formas de otimizar a projeção geométrica são discutidas no Capítulo 5. QUALIDADE DA IMAGEM A qualidade da imagem descreve o julgamento subjetivo do clínico sobre toda a aparência da radiografia. É uma combinação de características de densidade, contraste, latitude, nitidez, resolução e talvez até outros parâme- tros. Várias considerações matemáticas têm sido usadas para avaliar estes parâmetros adicionais, mas uma com- pleta discussão sobre eles está além dos propósitos deste texto. O equivalente quântico de detecção (DQE) é uma medida básica da eficiência de um sistema de imagens. Ela compreende contraste, borração, velocidade e ruído da imagem. Freqüentemente um sistema pode ser oti- mizado por um destes parâmetros, mas isso geralmente é conseguido à custa dos outros. Por exemplo, o siste- ma rápido normalmente possui um alto nível de ruído. Entretanto, mesmo com essas e outras abordagens sofis- ticadas, mais informações são necessárias para um com- pleto entendimento de todos os fatores responsáveis pela formação subjetiva da qualidade da imagem. Grades Quando um feixe de raios X atinge o paciente, muitos fótons incidentes sofrem interações Compton e produzem radiação secundária. Normalmente, o número de fótons de radiação secundária no feixe remanescente que atin- ge o filme é duas a quatro vezes o número de fótons primários que não sofre absorção. A quantidade de ra- diação secundáriaaumenta com o aumento da espes- sura do objeto, o tamanho da área de indicência e o kVp (energia do feixe dos raios X). Estes fótons secundários produzem fog no filme e reduzem o contraste do objeto. FUNÇÃO A função da grade é reduzir a quantidade de radiação secundária emitida pelo objeto e que atinge o filme. A grade, que é posicionada entre o objeto e o filme, pre- ferencialmente elimina a radiação secundária e poupa os fótons primários; isso reduz a densidade e aumenta o contraste do filme. COMPOSIÇÃO A grade é composta por tiras alternadas de um material radiopaco (geralmente chumbo) e tiras de material radiotransparente (freqüentemente plástico). O diagra- ma da Figura 4-20 mostra a interação entre a grade e os feixes de raios X. Quando fótons secundários gerados no objeto são espalhados em direção ao filme, eles ge- ralmente são absorvidos pelo material radiopaco da gra- de. Isso ocorre porque a direção dos fótons secundários desvia-se da direção original do feixe primário, e, con- seqüentemente, eles não passam pelas placas paralelas da grade. Grades focalizadoras são usadas mais freqüen- temente. Na grade focalizadora, as tiras de material radiopaco estão todas direcionadas para um ponto co- mum a uma distância afastada, o ponto focal do tubo de raios X. Como as tiras de chumbo são anguladas para o ponto focal, suas direções coincidem com o caminho divergente dos fótons no feixe de raios X primário. As tiras de chumbo absorvem os fótons secundários à me- dida que seus trajetos divergem dos fótons primários. A grade focalizadora pode ser usada apenas dentro do li- mite de distância do ponto focal, onde o alinhamento das tiras de chumbo coincide com o caminho dos fei- xes dos raios X divergentes. O limite desta distância vem especificado na grade. As grades são fabricadas com uma grande variedade de pares de linhas absorventes e espaços radiotrans- parentes por polegada. Grades com 80 ou mais pares de linha por polegada não mostram a imagem das linhas da grade na radiografia. A razão entre a espessura da grade com a largura do espaço radiotransparente é co- nhecida como razão da grade. Quanto maior a razão da grade, mais efetivamente a radiação secundária é remo- vida do feixe de raios X. Grade com razão de 8 ou 10 são preferidas. A imagem das linhas radiotransparentes da grade no filme pode ser suprimida pelo posicionamento per- pendicular da grade em relação às suas linhas (mas não movendo o objeto ou o filme) durante a exposição. Isso gera um efeito de borração das linhas radiotranspa- rentes e permite uma exposição mais uniforme. Este movimento não interfere na absorção dos fótons secun- dários. O aparato para mover a grade é chamado Bucky. Para compensar a absorção da radiação secundária pela grade, a exposição necessária quando a grade é usada é aproximadamente o dobro de quando a grade não é utilizada. Conseqüentemente, as grades devem ser usadas apenas quando uma melhoria na qualidade da imagem para fins de diagnóstico é suficiente para jus- tificar a exposição adicional. Por exemplo, na radiogra- fia cefalométrica lateral solicitada para avaliação de CAPÍTULO 4 FILME RADIOGRÁFICO, ECRANS INTENSIFICADORES E GRADES 85 crescimento e desenvolvimento da região facial (Capí- tulo 11), o uso de grade geralmente não está indicado, pois a melhoria no contraste não ajuda na identificação das estruturas anatômicas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bushberg JT: The essential physics of medical imaging, ed 2, Baltimore, 2001, Lippincott Williams & Wilkins. Bushong SC: Radiologic science for technologists: physics, biology, and protection, ed 7, St. Louis, 2001, Mosby. Council on Dental Materials and Devices: Revised Ameri- can Dental Association specification no. 22 for intraoral dental radiographic film adapted, JADA 80:1066, 1970. Curry TS III et al: Christensen’s physics of diagnostic ra- diology, ed 4, Philadelphia, 1990, Lea & Febiger. Haus AG: The AAPM/RSNA physics tutorial for residents: measures of screen-film performance, Radiographics 16:1165, 1996. Ludlow JB, Platin E, Mol A: Characteristics of Kodak In- Sight, an F-speed intraoral film, Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 91:120-9, 2001. Nair MK, Nair UP: An in-vitro evaluation of Kodak InSight and Ektaspeed Plus film with a CMOS detector for natu- ral proximal caries: ROC analysis. Caries Res 35:354-9, 2001. Thunthy KH, Ireland EJ. A comparison of the visibility of caries on Kodak F-speed (InSight) and D-speed (Ultra- speed) films. LDA J 60:31-2, 2001. Radiação primária Radiação primária Radiação secundária Radiação secundária Grade focalizadora Grade paralela Filme Filme Tiras de chumbo Tiras de chumbo Material radiotransparente Material radiotransparente FIG. 4-20 A grade absorve os fótons de raios X secundários do feixe primário e previne o velamento radiográfico. Na grade focalizadora, as lâminas absorventes são anguladas em direção ao anodo; na grade paralela, as lâminas absorventes são pa- ralelas.
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