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CLARETIANO CENTRO UNIVERSITÁRIO 
ARTES VISUAIS 
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA ARTE: DA PRÉ-HISTÓRIA 
AO SURREALISMO 
 
 
 
 
 
 
ROSANE AZEVEDO MIRANDA DE ALAGÃO E CANDIDO (8097974) 
 
 
 
 
 
 
 
PORTFÓLIO CICLO 2: 
O BARROCO EUROPEU 
Tutor: Profª. Arethusa Almeida de Paula 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2021 
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O BARROCO EUROPEU 
 
 
Do Século XVI para o Século XVII houve várias transformações nas perspectivas do mundo, 
em que o homem vinha da “Idade Média”, na qual os dogmas da religião tinham quase total 
controle da situação. Com o advento Renascentista e a Reforma Protestante, este, movimento 
religioso que se voltou contra ações e regras da Igreja Católica, o qual teve como principal 
agente da Reforma, o monge alemão Martinho Lutero (1483-1546), que, em 1517, publicou 95 
teses as quais fundamentalmente criticavam a venda de indulgências (quando a Igreja 
“concedia” o perdão divino a qualquer pessoa que pagasse), então, deu-se início a um processo 
de ruptura que abalou seriamente o domínio católico na Europa. 
 
A Igreja Católica, insatisfeita com a perda de seu espaço e poder, decidiu se opor às inovações, 
reagindo com o Movimento que recebeu o nome de Contrarreforma. Assim sendo, como 
estratégia para lidar com o avanço do protestantismo, a Igreja Católica passou a patrocinar 
artistas e artesãos, para produzir ornamentos e imagens para a decoração dos templos, usando 
a arquitetura e a pintura para difundir a religião e arrebatar fiéis. 
 
A arte Barroca surge, nesse contexto, na Itália, no século XVII, mas a sua difusão abrangeu 
quase toda a Europa e a América Latina, porém o aparecimento deu-se em épocas diferentes 
em cada país. Permaneceu vivo no mundo das artes até o século XVIII. O estilo tem 
representantes em vários ramos artísticos, como pintura, escultura, arquitetura, música e 
decoração. A origem da palavra barroco é incerta. Alguns acreditam que venha do 
italiano, barocco, palavra usada para se referir a uma ideia ou pensamento tortuoso. Outros 
creem que tenha origem portuguesa: barroco é um termo usado para descrever pérolas 
imperfeitas — alguns consideravam o barroco um estilo imperfeito, exagerado, sem regras, em 
comparação com o estilo clássico, que prezava pela moderação e clareza. 
 
As obras de pintura e escultura do Barroco são rebuscadas, detalhistas e expressam as emoções 
da vida e do homem. É uma arte exagerada, com traços contorcidos que demonstram um 
movimento exagerado, valorizam as cores, as sombras e a luz, e representam os contrastes, 
mostra faces humanas marcadas pelas emoções, principalmente, o sofrimento. Há um culto à 
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morte, um pessimismo; espiritualidade e drama. Predominam nas esculturas as curvas, os 
relevos e a utilização da cor dourada. 
 
Entre os artistas barrocos importantes estão: Caravaggio (barroco italiano), Diego Velásquez 
(barroco espanhol) e Rembrandt (barroco holandês). 
 
Pode-se citar também Artemísia Gentileschi, uma importante figura feminina do barroco 
italiano. 
 
Artemísia Gentileschi nasceu em Roma em 8 de julho de 1593, filha de Orazio Gentileschi, um 
pintor maneirista da região da Toscana que se estabeleceu em Roma, onde conheceu e adotou 
o caravaggismo, e Prudenza Montone. Órfã de mãe aos 12 anos, foi criada pelo pai. Iniciou 
seus estudos de pintura no ateliê do pai. A imagem da pintura foi ofuscada, por um longo 
período, pelo escândalo de um processo aberto pelo seu pai, no qual denunciava o pintor 
Agostino Tassi pela acusação de “desvirginamento” sem consentimento. Ela foi humilhada em 
um julgamento longo e doloroso, sendo impelida a retratar-se. Porém, foi comprovada a 
acusação e o denunciado foi condenado, mas nunca cumpriu a pena. 
 
O estilo de Artemísia Gentileschi expõe, de certa maneira, sua postura anticonformista diante 
da sociedade patriarcal e funciona como uma marca da artista, o que se reflete em toda a sua 
produção pictórica. 
 
Foi uma das únicas mulheres a serem mencionadas no ramo da pintura artística do barroco, 
sendo a primeira a possuir uma posição privilegiada. Ela era uma pintora notável dentro do 
Tenebrismo - caracterizado pelo forte contraste de luz e sombra através de uma iluminação 
forçada; e do Naturalismo. 
 
No final do ano de 1613, Artemísia Gentileschi mudou-se de Roma para Florença, onde passou 
a ter visibilidade por meio de sua pintura, e, em 1615 foi convidada a pintar uma tela intitulada 
“Alegoria da inclinação” encomendada por Michelangelo Buonarroti, o Jovem (1568-1642). 
Em 1616, a artista torna-se a primeira mulher (de quem se tem registro) a ingressar na Academia 
das Artes do Desenho em Florença. 
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Suas boas relações com artistas, intelectuais, nobres e colecionadores de obras de arte de 
diferentes regiões da Europa, bem como seu ingresso na Academia, facilitou-lhe a obtenção de 
autorização para ter seu próprio ateliê e contratar modelos para suas obras. Residiu em cidades 
importantes da Europa e produziu muita arte, inclusive, para colecionadores particulares. 
 
Nas últimas décadas, Artemísia vem recuperando uma posição de grande relevância, devido à 
localização e reconhecimento de importantes obras, atribuídas a outros artistas ou de autoria 
desconhecida, como por exemplo, “Cristo e a samaritana ao poço”, exposta ao público na 
Mostra Artemísia Gentileschi: storia di una passione (2011-2012), Palácio Real em Milão. 
Provavelmente o contexto da última década do século XXI no qual a pintora passou a ser mais 
valorizada esteja relacionado com a história sobre as relações de gênero. 
 
Especula-se que a artista tenha morrido na devastadora praga que varreu Nápoles em 1656. 
 
Abaixo imagem da tela Susana e os Anciãos, pintada em 1610, quando Artemísia estava com 
apenas 17 anos. 
 
O quadro se baseia no relato da parábola de Susana - uma mulher casada com um rico morador 
da Babilônia, assediada sexualmente por dois juízes que frequentavam sua casa. Ao recusar as 
investidas dos dois, foi falsamente acusada de adultério. Susana foi inocentada da acusação, 
após esses juízes caírem em contradição quando interrogados. 
 
A representação da história de Susana e os Anciãos foi retratada por inúmeros artistas ao longo 
da história, sendo que a grande maioria optou por representar uma mulher frívola e namoradora. 
Mas Artemísia optou por uma imagem vulnerável e assustada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Susana e os Anciãos (1610). Artemisia Gentileschi. Óleo sobre tela, 170 x 119 cm. Pommersfelden - Alemanha, 
Museu Kunstsammlungen 
 
 
 
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Após pesquisar e ler diversas análises da tela em questão, transcrevo abaixo a análise 
apresentada pela discente Cristine Tedesco, em tese de doutorado: 
 
“A imagem revela as prováveis influências da artista, a exemplo das figuras humanas de 
Michelangelo, tanto nos volumes anatômicos do corpo de Susana, como na própria posição das 
mãos”.(1) 
 
“A propósito das referências da pintora para a realização da composição, a artista filia-se à 
tradição clássica ao utilizar colunas e relevos na elaboração do parapeito. Além disso, no que 
se refere aos aspectos técnicos da imagem, a Susana de Artemísia carrega elementos de matriz 
renascentista. Há uma preocupação com as linhas do contorno anatômico escultórico da 
personagem que pode ser vista de forma isolada dos demais, evocando o conceito de linear, que 
caracteriza a arte do Renascimento. Assim, “Susana e os velhos” é uma imagem atravessada 
por técnicas que aludem às influências da tradição clássica da jovem artista e sua aproximação 
com os novos métodos de pensar a imagem em voga no seu tempo. Artemísia também fez 
referência ao pictórico ao explorar os jogos de luzes e sombras na composição. A luz originária 
do lado direito atinge a cena, principalmente o corpo de Susana, o qual, por sua vez, produz as 
sombrasque chegam ao canto inferior esquerdo, escondendo parcialmente a assinatura de 
Artemísia e a datação inscritas na própria estrutura arquitetônica. 
 
Em “Susana e os velhos”, Artemísia compôs uma imagem atenta à figura feminina, há uma 
evidente preocupação em dar a sensação de agitação ao corpo de Susana, que consistia num dos 
maiores desafios para um artista, ou seja, representar figuras humanas em movimento”.(1) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(1) TEDESCO, Cristine. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de 
Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Porto Alegre, RS, 2018. 
 
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Referências Bibliográficas: 
 
 
DUETE, L. M. F. G.; GIRALDI, F. G.; NASCIMENTO, E. C. História da Arte: da Pré-História 
ao Barroco. Batatais: Claretiano, 2013. 
Arte It, The Map Of Art in Italy, site. Disponível em http://www.arte.it/artista/artemisia-lomi-
detto-artemisia-gentileschi-59. 
 
Barroco, o que é, contexto histórico e características. Conhecimento Científico, site. Disponível 
em https://conhecimentocientifico.r7.com /barroco-o-que-e. 
 
FERNANDES, Cláudio. Papel da Companhia de Jesus na Contrarreforma; Brasil Escola. 
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/papel-companhia-jesus-na-
contrarreforma.htm. Acesso em 28 de outubro de 2019. 
 
IMBROISI, Margaret. História da Arte, Prazer em Conhecer, Artemísia Gentileschi, 
02/04/2016. Disponível em https://www.historiadasartes.com/prazer-em-conhecer/ artemisia-
gentileschi. 
 
NÓBREGA, Raquel. Monografia de Pós Graduação – Universidade de Brasília – UNB, 
Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Programa de Pós-Graduação em Literatura, 
Brasília, 2014. Disponível em http://repositorio.unb.br/bitstream/ 
10482/17410/1/2014_RachelNobregaSantaFe. 
 
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