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Disciplina: História do cristianismo
Aula 2: Formação da identidade cristã
Introdução
Hoje em dia, quando lemos notícias ou mesmo quando caminhamos pelas ruas, tomamos ciência da diversidade de
igrejas que se consideram cristãs, ou seja, que fundamentam sua fé na concepção salvadora do Cristo.
Mas essas igrejas possuem práticas e dogmas diferenciados entre si, desenvolvendo ritos e símbolos a que somente seus
membros atribuem um valor espiritual.
Nesta aula, conheceremos as bases teológicas e históricas sobre as quais foi construído o cristianismo, que reuniu em sua
formação original inúmeras práticas e diversos ritos religiosos inspirados em correntes filosóficas da cultura
mediterrânica.
Para isso, também nos dedicaremos a compreender as estratégias internas construídas pela Igreja primitiva para definir
seus princípios dogmáticos e condenar, sob o estigma de heresia, todos os pensamentos divergentes das normas
teológicas eclesiásticas.
Assim, entenderemos como a Igreja Católica Apostólica Romana alcançou a primazia sobre as demais sedes episcopais e,
superada a fase das perseguições, tornou-se aliada do Império Romano em sua política de pacificação das tribos
germânicas que ameaçavam as fronteiras do Império – já enfraquecido pela crise que nele se instaurou a partir do século
III.
Objetivos
Analisar a formação da identidade cristã no contexto do Império Romano com base nas principais etapas desse
processo – controvérsia ariana e patrística;
Explicar o processo de construção institucional da Igreja Romana por meio de seus concílios e da relação com a base
política do Império Romano;
Identificar a importância dos movimentos monásticos e a ação do clero regular na expansão do cristianismo ocidental
entre os reinos germânicos.
Contexto do Império Romano
 
Na aula anterior, entendemos a diversidade cultural que caracterizou o cristianismo primitivo, bem como o
processo persecutório que as autoridades judaicas e o Estado romano realizou sobre os primeiros cristãos.
Agora, precisamos refletir sobre as estratégias internas utilizadas pela Igreja primitiva para promover sua unidade
dogmática e hierárquica.
A Revolta dos Macabeus , a destruição do templo de Jerusalém e a consequente diáspora das comunidades
judaicas pela Ásia Menor, pelo Oriente, pelo Egito e, principalmente, pela Alexandria enfraqueceram a liderança da
Igreja de Jerusalém sobre a Igreja primitiva, mas ampliou a difusão do sistema paulino nessas comunidades.
 Quadro Machabeusze, de Wojciech Stattler (1842) | Fonte: Wikimedia Commons
 
Como os cristãos consideravam que a Igreja de Jerusalém ainda estava atrelada aos princípios judaicos, a Igreja
de Roma – capital do Império Romano – foi gradativamente ampliando sua liderança sobre a primitiva.
No entanto, a predominância do sistema paulino entre as comunidades primitivas não representou a unidade
heterodóxica da Igreja primitiva. Esta se encontrava frequentemente exposta às múltiplas ideias religiosas que
circulavam, entre os séculos I e II, na região mediterrânica.
Muitos historiadores, como Johnson (2001, p. 59), acreditam que, nesse momento, havia:
1
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
[...] inúmeras variedades de cristianismo com pouco em comum, além do fato de
serem centradas na crença da ressurreição.
Johnson (2001, p. 59),
 
Observe o mapa a seguir, que representa as Igrejas primitivas espalhadas pelo Império Romano – a maioria delas
na parte oriental:
 Mapa das Igrejas primitivas. | Disponível < https://goo.gl/9p248z >.
Acesso em: 20 mar. 2018.
 
Uma série de histórias sobre Jesus e seus ensinamentos circulavam entre as comunidades cristãs, e mesclavam-se
às ideias religiosas e filosóficas presentes em suas regiões de origem.
As comunidades cristãs primitivas se empenharam em apurar sua ortodoxia, reunindo seus representantes em
concílios. O primeiro foi organizado na cidade de Jerusalém, como vimos anteriormente, mas surtiu poucos efeitos
práticos, além de garantir a liberdade de pregação ao modelo evangélico paulino.
Vamos pensar, então, em algumas das concepções religiosas e filosóficas que
circulavam nas comunidades cristãs primitivas e ameaçavam a unidade da
Igreja primitiva.
 
Entre elas, podemos identificar resquícios filosóficos do pensamento helenístico e concepções caracterizadas pela
Igreja na categoria de erros teológicos ou de heresias.
Princípios filosóficos do pensamento helenístico
 
Vamos iniciar nosso estudo entendendo as linhas gerais de alguns princípios filosóficos que representaram o
pensamento helenístico. 
 
São eles:
Neoplatonismo
Sistema filosófico fortemente inspirado pelas ideias do filósofo grego Platão (427 a.C.-348 a.C.). Seu iniciador
foi o filósofo Amônio Sacas (175 d.C.-242 d.C.), que fundou a Escola de Alexandria, em 232 d.C., mas seu
maior expoente foi o filósofo grego Plotino (204 d.C.-270 d.C.). 
 
Para Plotino, o universo era a manifestação visível de três princípios espirituais: 
Uno;
Inteligência;
Alma.
Neoplatonismo e cristianismo disputaram por espaço no Império Romano entre os séculos III e VI até que,
em 529, a Escola de Atenas – reduto do pensamento neoplatônico – foi fechada pelo Édito de Justiniano
(482 d.C.-565 d.C.), influenciado pelo cristianismo. 
 
Entretanto, ironicamente, algumas ideias neoplatônicas – sobretudo as de Plotino – sobreviveram por meio
de sua influência sobre uma vertente do pensamento cristão representada, especialmente, pelo filósofo
Agostinho de Hipona (354 d.C.-430 d.C.).
Gnosticismo
Corrente filosófica que se formou no século II d.C. a partir da confluência de tradições gregas, egípcias e
judaicas. Embora constituído por diversas subcorrentes, com variações significativas de pensamento, algumas
ideias centrais são comuns a todas as vertentes. 
 
São elas:
O Deus criador seria apenas um ser imperfeito, que produziu um mundo igualmente imperfeito;
Acima deste haveria um Deus (o Pai) – este sim perfeito, mas que não criou o universo e apenas reside
em uma esfera de sabedoria;
A existência de um ser feminino igualmente sábio e puro (Sophia) que, de uma região celeste (o
Pleroma) envia um salvador (o Cristo) para, por meio da gnose , despertar os seres humanos de sua
ignorância e conduzi-los ao Bem Supremo.
 
O Gnosticismo lutou por hegemonia com outras correntes cristãs até o século III d.C., quando entrou em
declínio. 
Maniqueísmo
Surgiu no século III d.C. e foi fundado por Manes ou Maniqueu (216 d.C.-274 d.C.) – espécie de profeta de
origem persa. 
 
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3
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Influenciada por uma antiga religião persa (zoroastrismo), esta corrente teve como principal característica
uma concepção dualista do universo, segundo a qual os seres humanos situam-se no meio de uma luta
eterna entre o bem – de origem divina – e o mal – oriundo das forças que se opõem ao divino. 
 
O maniqueísmo foi fortemente perseguido pelo imperador romano Diocleciano (244 d.C.-311 d.C.) e
declarado herético pela Igreja no século IV.

Atenção
Tais pressupostos filosóficos influenciaram diretamente a construção de concepções teológicas que foram
condenadas como heréticas pelas autoridades episcopais da Igreja primitiva em seus concílios.
Vertentes do cristianismo
 
Vamos conhecer, agora, algumas vertentes do cristianismo:
Arianismo
Formulada a partir da tese defendida por Ário (256 d.C.-336 d.C.) – presbítero em Alexandria – de que o
Deus da Bíblia não seria equivalente em substância a Jesus de Nazaré. 
 
Para Ário, o Deus Pai era um ser supremo, todo-poderoso e incognoscível, enquanto Jesus seria apenas um
emissário, um filho daquela divindade, com prerrogativas e atributos derivados de seu pai, porém menos
abrangentes. 
 
O arianismo foi, assim, uma dissidência doutrinária em relação à visão dominante nos primeiros tempos da
Igreja sobre a identidade essencial entre Jesus Cristo e Deus.
Donatismo
Diferente do arianismo, representou uma dissidênciarelacionada a uma questão prática: o tratamento dado
pela Igreja às pessoas que, na visão dos donatistas, não tinham condições morais para ingressar na
hierarquia da Igreja por terem cedido a pressões e ameaças durante a perseguição aos cristãos pelo
imperador Diocleciano. 
 
O termo donatismo remete a Donato, o Grande (270 d.C.-355 d.C.), que se tornou bispo cismático de
Cartago em 313, escolhido por um grupo de presbíteros que rejeitava a consagração de Ceciliano,
considerado um traditore como bispo de Cartago e primaz do norte da África. 
 
O donatismo estendeu-se, no norte da África, até o final do século VII.
Monarquismo
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Corrente defendida no século II d.C. por Teódoto de Bizâncio, segundo a qual Jesus teria sido apenas um
homem que, por ocasião de seu batismo, recebeu o poder divino.
Monarquianismo
Integrou um grupo de correntes contrárias ao princípio da trindade, para as quais Deus seria Um só, e não
três. Em 190 d.C., Teódoto foi excomungado pelo Papa Vitor I.
Montanismo
Corrente fundada por Montano em meados do século II d.C. De origem frígia, Montano era considerado por
seus seguidores um profeta enviado por Cristo para trazer à Terra a mensagem do fim de uma era e da
chegada de um período de revelação divina: Jerusalém Celeste. 
 
Com essa promessa, Montano atraiu numerosos seguidores, incluindo Tertuliano (170 d.C.-220 d.C.) – um
dos mais importantes representantes do cristianismo em sua fase inicial. 
 
O montanismo foi, antes de tudo, um movimento ascético, isto é, voltado para a expiação dos pecados por
meio de sacrifícios e de privações físicas.
Patrística
Diante de todas essas manifestações contraditórias no interior do movimento cristão, surgiu um forte
elemento de afirmação dos valores e das tendências que se consolidaram como a visão cristã hegemônica. A
patrística foi a matriz filosófica sobre a qual a Igreja se alicerçou nos primeiros séculos de sua existência. 
 
Um marco importante na evolução do pensamento patrístico foi o Concílio de Niceia, realizado em 325 d.C.
com o objetivo de estabelecer uma padronização nas questões de fé. Isso tornou possível à Igreja enfrentar
os inúmeros desafios representados pelas dissidências internas e pelos sistemas rivais. 
 
Outro grande marco do movimento patrístico é a obra de Agostinho de Hipona, que reformulou essa filosofia,
combinando os elementos da fé com princípios retirados de filósofos como Platão e Plotino. 
 
É precisamente esta a principal contribuição da patrística agostiniana: a estruturação de uma doutrina que,
embora conservando os principais argumentos da fé cristã, seja capaz de, igualmente, levar em consideração
os ditames da razão na busca de uma síntese nem sempre fácil, mas que se mostrou forte o bastante para
manter por longo tempo a unidade da Igreja.
 
Processo de construção institucional da Igreja
Romana e seus concílios
 
Podemos identificar dois grandes momentos de controvérsia teológica dentro da Igreja:
1º
6
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No período entre os anos 325 d.C. e 451 d.C.
2º
No século XVI, durante a Reforma Protestante.
 
Dedicaremos parte desta aula a analisar o primeiro período, quando os líderes das primeiras comunidades
primitivas foram convocados a participar dos concílios universais ou ecumênicos para:
1
Resolver os problemas doutrinários
Que causavam divisões e discórdias na Igreja primitiva.
2
Estabelecer bases dogmáticas únicas
A fim de identificar como heresia todas as concepções religiosas que não estivessem de acordo com as decisões
firmadas nos concílios.
Nesse período, os dogmas construídos pela Igreja foram resultado do
trabalho interpretativo, realizado pelos primeiros teólogos sobre os textos
bíblicos.
Dessa forma, pretendia-se eliminar da Igreja todos os comportamentos, ritos e símbolos que criavam mal-estar e
despertavam o descontentamento das autoridades romanas, justificando as perseguições.
Assim como os judeus, os cristãos eram vistos com certo preconceito pelos romanos, principalmente quando praticavam
ritos como:
7
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1
A eucaristia
Assimilada à prática do canibalismo.
2
O beijo da paz nos cultos dominicais
Entendido como um ato incestuoso.
Vamos pensar, então, em algumas das concepções religiosas e filosóficas que
circulavam nas comunidades cristãs primitivas e ameaçavam a unidade da Igreja
primitiva.
Embora os ritos mencionados anteriormente não tenham sido banidos da Igreja primitiva, esta se esforçou para eliminar
de suas comunidades práticas mais controversas – como, por exemplo, profetizar em nome de Deus, prevendo atos
futuros, e falar línguas inspiradas pelo Espírito Santo.
Essas práticas eram totalmente desaprovadas pelo Estado, já que causavam instabilidade nas massas e reforçavam o
poder carismático de alguns líderes religiosos que poderiam representar uma ameaça ao império.
Uma onda de crise se instaurou, então, no Império Romano durante o século III, motivada por fatores externos e
internos. Em termos internos, graças a sua dimensão territorial, o império tornou-se cada vez mais oneroso.
Com o tempo, a burocracia instituída para facilitar o comando de Roma sobre seu império tornou-se cada vez mais
pesada para os cofres públicos, que compensavam seus gastos com o aumento de impostos. Era muito difícil para os
cidadãos romanos sustentar os ganhos dos funcionários públicos e da corte imperial com seus privilégios.
Além disso, como nos informa Geary (2005), as rebeliões começaram a se intensificar nas províncias, em que a
aristocracia local se rebelava contra o domínio central romano devido ao aumento da pressão econômica do império sobre
ela. Para isso, muitas vezes, contava com o apoio dos generais romanos e de suas tropas, as quais prometiam terras e o
produto dos saques.
Como nos alerta Ferril (1986), o exército romano tornou-se a espinha dorsal do
império, e, a princípio, somente seus cidadãos podiam fazer parte dele.
A crescente demanda de tropas para a conquista de novas terras e para a proteção das regiões conquistadas tornou o
império cada vez mais dependente de sua força militar. Isso fortaleceu muito a influência dos generais sobre os soldados
que estavam sob seu comando – na maioria das vezes muito mais leais a seus chefes do que ao poder central imperial.
Conforme as possibilidades expansivas do império diminuíam, e Roma chegava a seu limite de expansão territorial, o
exército tornava-se cada vez mais defensivo, e seus soldados, dependentes do pagamento de soldos, saques ou pilhagens
oferecidos por seus generais.
Dessa forma, as províncias romanas se viram imersas em rebeliões, tornando-se palco da disputa de poder crescente
entre os generais, que queriam apropriar-se do governo dessas regiões, e a autoridade imperial.
Tal disputa foi tão intensificada que, entre os anos de 235 d.C. e 268 d.C., foi
possível identificar na política romana a figura dos imperadores de caserna .
Em contrapartida, o fim da expansão territorial de Roma implicou a dificuldade de reposição de mão de obra escrava –
fundamental para o funcionamento da economia imperial.
Para alguns historiadores como Anderson (1974), o aumento do preço dos escravos, decorrente do fim das guerras de
conquista de Roma, promoveu uma verdadeira pane na economia romana, o que gerou perda de receitas e
empobrecimento da população.
No plano externo, o Império Romano viu aumentar a pressão dos povos germânicos sobre suas fronteiras, o que provocou
maior demanda pelo poder defensivo do exército.
Mas quem eram os germânicos? De onde eles vinham?
Vejamos...
Povos germânicos
As tribos germânicas não formavam uma unidade. Cada uma delas possuía um arcabouço cultural próprio, mas pontos
em comum podem ser identificados em sua estrutura.
Observe o mapa a seguir e identifique algumas tribos germânicas com as quais o Império Romanotiveram contato:
 Mapa dos povos germânicos. | Disponível < https://goo.gl/w3GbSc >.
Acesso em: 20 mar. 2018.
8
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Essas tribos eram nômades ou seminômades. Deslocavam-se por caminhos migratórios em busca de regiões em que
pudessem obter recursos para sua sobrevivência, assegurada por meio de:
Caça
Pesca
Cultivo de alguns produtos
Pecuária
Em termos políticos, a figura do rei desses povos não era necessariamente permanente, mas utilizada, sobretudo, nos
momentos em que os conflitos militares exigissem liderança efetiva para conquista ou preservação dos espaços ocupados.
Os reis germânicos eram escolhidos entre os membros mais poderosos da sippe , que tinha a função de liderar a
comunidade e cuidar para a aplicação das leis – orais e baseadas nos costumes – que regiam o grupo.
Todos os membros da tribo tinham acesso à terra e aos recursos, mas aqueles que possuíam maior potencial militar
acumulavam mais riquezas e, com o tempo e a ocupação efetiva de territórios, formaram uma aristocracia.
Em termos religiosos, as tribos germânicas eram politeístas, e suas divindades estavam relacionadas diretamente às
forças naturais, com representação antropomórfica.

Saiba mais
Como nos lembra Le Goff (1982), a princípio, os germânicos eram tão menosprezados pelos cristãos quanto o eram
pelos romanos, que os consideravam bárbaros por não estarem inseridos na cultura romana.
Não havia uma política única romana em relação à forma como o Estado lidaria com os germânicos, que, aproveitando-se
do vácuo de poder militar nas fronteiras – principalmente a partir do século III –, foram se apropriando das terras
imperiais por meio de movimentos ora migratórios, ora invasivos.
Diante da pressão exercida pelos germânicos nas fronteiras ocidentais, o Império Romano constituiu estratégias para
tornar algumas dessas tribos suas aliadas na luta contra povos invasores, oriundos de outras regiões. Esse foi o caso dos
hunos, que iniciaram uma série de invasões no império, vindos do Oriente no século IV.
A partir de uma aliança com o império, muitos germânicos passaram a integrar as
tropas imperiais, e outros tantos compraram a cidadania romana.
Crise do Império Romano: aliança entre Estado e
cristianismo
10
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Você já deve ter percebido que o grande Império Romano começou a dar sinais de enfraquecimento em suas estruturas
políticas, econômicas, sociais e culturais a partir do processo de crise que nele se instaurou no século III, motivado por
pressões tanto internas quanto externas.
Os imperadores romanos se mostraram cientes da situação deteriorada do poder imperial. Cada imperador desse século e
dos seguintes se esforçaram, então, para criar estratégias ideológicas que valorizassem a centralidade de tal poder.
A mais utilizada pelos imperadores do início do século III foi a retomada da religião cívica romana, acoplando-a aos cultos
solares helenísticos, influenciados pelas mitologias persa, indiana, egípcia e grega.
Muitos imperadores romanos – como o próprio Constantino (272 d.C.-337 d.C.) – se tornaram praticantes do
mitraísmo . Enquanto tentavam retomar a religiosidade romana tradicional, os cristãos prosseguiam em seus esforços
para organizar internamente suas estruturas teológicas, o que, com o tempo, foi alcançado.
Os cristãos foram aumentando em número e se tornando populares entre os outros cidadãos do império. Essa
popularidade foi intensificada pelos seguintes fatores:
1º fator
O cristianismo alcançou um grande número de fiéis graças a sua mensagem centrada no amor e na caridade, a qual,
além de garantir a união entre seus membros, investia no desenvolvimento de práticas caritativas que atingiam os
menos favorecidos socioeconomicamente.
2º fator
Os cristãos perseguidos pelo império eram considerados heróis. Muitos foram publicamente executados nas arenas
romanas.
3º fator
Havia entre os cristãos a vigência de princípios morais e de um senso de hierarquia que favorecia a coesão entre os
membros da comunidade, aumentando seu senso de dever e de obediência.
4º fator
Os cristãos demonstravam intenso sentimento de esperança por entender que os sofrimentos experimentados na
vida terrestre eram precursores das recompensas que seriam alcançadas na vida eterna.
5º fator
As mulheres alcançaram nas Igrejas primitivas um espaço de liderança e de exercício da religiosidade,
principalmente no que se refere à organização das práticas caritativas, o que, sem dúvida, ampliou o número de
conversões femininas.
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6º fator
A própria crença cristã na existência de um Deus Pai que cuida de seu povo escolhido, do qual todos aqueles que se
convertem podem fazer parte, tornava o cristianismo extremamente atrativo para os que se convertiam e, ao mesmo
tempo, angariava a simpatia da população romana.
Investindo na consolidação de sua unidade, a Igreja terminou despertando no Estado romano vontade de aliar-se a ela,
principalmente em um momento em que a crise de suas estruturas estava cada vez mais latente.
O imperador Constantino reconheceu, em primeiro lugar, o valor do cristianismo para promover amplas vantagens ao
império: o fato de basear a crença em um único Deus protetor poderia render à figura imperial – já amplamente
desgastada pela crise – um sopro de fortalecimento e de autoridade.
Deus cuida de seu povo, assim como o imperador cuida de seus súditos.
Inspirando-se no cristianismo, nos rituais do mitraísmo e no culto do Sol Invictus, Constantino ampliou, de forma
considerável, a força ideológica do poder imperial, além de diminuir os privilégios econômicos dos sacerdotes romanos,
anteriormente sustentados pelo Estado.
Apesar de a conversão de Constantino ter ocorrido somente em seu leito de morte, o imperador desempenhou papel de
liderança notável na Igreja primitiva. Foi ele que assinou o Édito de Milão (313), por meio do qual o cristianismo foi
retirado da condição de ilicitude diante do império, e os cristãos ganharam liberdade de culto.
Sem dúvida, tratava-se do primeiro passo para a promoção da aliança entre o Estado romano e o cristianismo.

Saiba mais
Inclusive, foi Constantino que mandou reunir e presidiu o Concílio de Niceia (325 d.C.): a primeira tentativa oficial da
Igreja de estabelecer um consenso dogmático quanto a questões que versavam sobre outros temas em relação à
natureza de Cristo, que alimentavam heresias, como o arianismo e a celebração da Páscoa.
Arianismo X Cristianismo: poder da Igreja Católica
Como vimos anteriormente, no contexto do século IV, o arianismo foi considerado uma das mais significativas ameaças à
unidade da Igreja cristã.
No entanto, apesar da condenação alcançada em Niceia, o arianismo continuou a ser professado, principalmente na parte
oriental do império, em que a cultura grega influenciava, de forma mais direta, a população do que a cultura romana, que
possuía maior abrangência no Ocidente romano.
O que se tratava de uma discussão teológica entre as comunidades cristãs ocidentais e orientais ganhou proporções de
embates políticos. Os bispos orientais adotaram as ideias de Ário e excomungaram aqueles que apoiaram o concílio de
Niceia – inclusive o bispo de Roma.
Depois, Constâncio II (337 d.C.-361 d.C.) aderiu ao arianismo, provavelmente em uma tentativa de contrapor-se à
liderança da Igreja Romana.
12
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
Atenção
Posteriormente, o arianismo também foi adotado por alguns imperadores como doutrina na evangelização dos povos
germânicos, como foi o caso dos ostrogodos e dos visigodos, que entraram no império por sua fronteira oriental e
chegaram ao Ocidente já professando a fé ariana.
O arianismo só perdeu sua força religiosa e política quando Teodósio (379 d.C.-395
d.C.) declarou o cristianismo como religião oficial do Império Romano.A medida de Teodósio não representou a perseguição e a proibição do paganismo pelo Estado nem o fim dos conflitos
entre os judeus, os cristãos e os pagãos, como demonstra a história da erudita Hipátia (351/370 d.C.-415 d.C.).

Saiba mais
Para saber mais sobre Hipátia – uma das pensadoras mais importantes da história –, sugerimos que assista ao
seguinte filme:
ÁGORA = ALEXANDRIA. Direção: Alejandro Amenábar. Espanha: Flashstar Home Video, 2009. 126 min, son., color.
Esta produção cinematográfica ajudará você a mergulhar no contexto dos conflitos religiosos que cercaram as
comunidades judaica, cristã e muçulmana justamente no final do século IV e no início do século V.
Foi somente no século V, com a definição de uma hierarquia efetiva na Igreja e a ascensão definitiva da liderança romana
no Ocidente, que o arianismo praticamente desapareceu.
Em seu processo de reorganização interna, as comunidades cristãs primitivas estabeleceram a liderança masculina para o
episcopado. Aproveitando-se da distribuição territorial das províncias vigentes no império, as Igrejas primitivas se
organizaram em dioceses lideradas pelos bispos .
Observe o mapa a seguir e identifique as primeiras dioceses existentes no império:
 Dioceses do Império Romano – 300 | Disponível < https://goo.gl/2jukL2 >.
Acesso em: 20 mar. 2018.
Os principais líderes da Igreja primitiva foram os bispos das cidades mais importantes do Império. São elas:
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Roma
Constantinopla
Alexandria
Antioquia
Cartago
Com o tempo, e não sem disputas e protestos, emergiu a liderança do bispado romano sobre os demais, graças ao fato
de ter sido instituído pelo apóstolo Pedro – considerado o primeiro bispo da Igreja Romana.
A primazia romana foi e é justificada pelas palavras de Mateus atribuídas a Jesus Cristo:

Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja... E Eu te darei as chaves do
reino dos céus, e tudo o que ligares na Terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares
na Terra será desligado nos céus.
(Mateus 16:18-19)
Os papas consideravam-se herdeiros de Pedro e disputaram posições nos concílios para fazer valer sua autoridade sobre
os outros bispos da Igreja. Eles foram muito beneficiados em sua luta pelo apoio imperial. Afinal, Roma também era a
capital do Império Romano.
O alcance da liderança romana sobre a Igreja primitiva e sua aliança com o Império garantiram:
1
À Igreja Católica Apostólica Romana
Uma crescente influência sobre as regiões ocidentais.
2
Ao Império Romano
Uma sobrevida maior diante do quadro de crise que nele se instalou desde o século III.
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Determinada por Teodósio em 395 d.C., a divisão do Império Romano em duas partes ampliou a autoridade papal.
Teodósio estabeleceu que Roma seria a capital do Império Romano Ocidental, e que Constantinopla abrigaria a sede do
Império Romano Oriental. A ideia era preservar a administração do império e o controle militar das fronteiras –
principalmente das orientais, já que as ocidentais caíam mais facilmente, vítimas dos ataques germânicos.
Muitas foram as medidas políticas e administrativas tomadas ao longo do século IV por imperadores como Constantino,
Teodósio e Diocleciano, a fim de garantir a preservação do Império Romano. Apesar disso, ele sucumbiu diante do
processo de desagregação interna, gerado pela crise do século III e da pressão externa que os germânicos e outros
invasores exerceram sobre as extensas fronteiras imperiais.
Diante de tudo o que aprendemos até agora, já é possível concluir que o cristianismo sobreviveu à desagregação do
Império Romano.
A Igreja Católica tornou-se a principal herdeira e difusora da cultura romana
durante a Idade Média (476-1453).
Toda essa influência da Igreja no Ocidente Medieval foi, em grande parte, alcançada pelo trabalho de evangelização
iniciado pelos monges cristãos entre os povos germânicos.
Monasticismo e evangelização dos reinos germânicos
O monasticismo não é uma prática religiosa do cristianismo. Isolar-se do mundo para alcançar uma vida espiritual mais
pura e intensa era um ato comum a muitas religiões orientais, como o budismo e o hinduísmo, por exemplo.
Como já vimos, a expansão do cristianismo primeiro para o Oriente garantiu que as doutrinas e práticas cristãs fossem
fortemente influenciadas pela herança religiosa de vários povos orientais. O monasticismo era uma prática muito comum
nas comunidades cristãs egípcias.
Tradicionalmente, podemos dividir a história do monasticismo cristão em quatro fases. São elas:
1ª fase (séculos IV a VI)
O monasticismo teve início no século IV, quando se tornou uma prática comum entre os fiéis, que começaram a se
afastar das cidades e a exercitar sua espiritualidade em regiões inóspitas, como os desertos do norte da África. 
 
Estendeu-se até o século VI, quando se tornou uma prática religiosa comum tanto na Igreja ocidental quanto na
oriental.
2ª fase (entre os séculos X e XI)
Neste período, o monasticismo estava a tal ponto difundido que passou por uma reforma para reorganizar seus
princípios na Igreja ocidental.
3ª fase (século XIII)
Esta fase foi inaugurada com a ação das ordens mendicantes, que buscaram desenvolver uma religiosidade muito
mais próxima do cotidiano da população – principalmente a urbana – com intensa prática caritativa.
4ª fase (século XVI)
Esta fase se iniciou com o surgimento da ordem dos jesuítas, que se tornaram os porta-vozes dos princípios
dogmáticos e do trabalho evangelizador da Igreja Católica após a Contrarreforma.

Comentário
Durante esta disciplina, você terá oportunidade de aprender mais sobre as várias fases do movimento monástico
cristão, mas, nesta aula, vamos nos concentrar na primeira fase, que coincide com a desagregação do Império
Romano e a evangelização dos povos germânicos.
1ª fase do monasticismo cristão
O desenvolvimento do monasticismo pode ser atribuído a diversas razões. Selecionamos, aqui, aquelas que consideramos
mais significativas. São elas:
1ª razão – Influência filosófica da doutrina dualista nas primeiras comunidades cristãs
O dualismo tendia a considerar o espírito algo bom e a carne algo ruim. Logo, era preciso martirizar o corpo por meio
de uma vida ascética (espiritual) e meditativa para alcançar uma vida espiritual plena, o que seria possível para
alguns fiéis com a prática do monasticismo.
2ª razão – Contexto político do Império Romano
Os habitantes do império já experimentavam uma vida cheia de dificuldades econômicas e inseguranças políticas,
que intensificava entre os cristãos a busca pelo abandono do mundo e a dedicação a uma vida espiritual mais
intensa, a fim de garantir o gozo da vida eterna.
3ª razão – Efeitos da conversão dos germânicos ao cristianismo junto às comunidades
cristãs
A conversão dos germânicos ao cristianismo trouxe para as comunidades cristãs as influências culturais próprias de
uma religiosidade politeísta, considerada por elas pagã. Em reação ao paganismo, muitos fiéis abandonaram o
mundo e se submeteram às regras de uma vida ascética.
4ª razão – Condições geográficas das regiões de desenvolvimento inicial das práticas
monásticas
Nestas regiões, havia desertos e espaços inóspitos que favoreciam o isolamento e uma vida sacrificada. 
 
Inicialmente, o monasticismo desenvolveu-se entre as comunidades cristãs como uma prática de rebeldia de alguns
diante da corrupção que consideravam estar presentes na Igreja. Portanto, muitos se tornaram anacoretas ou
eremitas, partindo para uma vida de isolamento em regiões inabitáveis.
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Com o tempo, as comunidades cristãs monásticas se tornaram extremamente populares e atraíram seguidores, que
passaram a habitar cavernas e a viver de forma comunal. Elas construíram claustros em que desenvolviam seus rituais
religiosos coletivos.
Entretanto, somente no século IV, foram instituídas regras nessas comunidades parao exercício da prática monástica
coletiva, chamada de monasticismo cenobítico – muito mais frequente no Ocidente, que, com um clima mais frio,
favoreceu a construção de monastérios.
O monasticismo cenobítico surgiu no Egito sob a influência de figuras como Pacônio (292 d.C.-346 d.C.) e Basílio de
Cesareia (330 d.C.-379 d.C.). De acordo com a tradição, no Ocidente, foi difundido por Atanásio (296 d.C.-373 d.C.) –
arcebispo de Alexandria – durante os exílios impostos pelos imperadores romanos.
Peregrinos que iam em direção à Palestina tinham contato com as práticas monásticas e se interessavam por implantá-las
em suas regiões de origem, contando com o apoio de figuras eclesiástica proeminentes, como Martinho de Tours (316
d.C.-397 d.C.), Jerônimo (347 d.C.-420 d.C.) e Agostinho, que dedicaram escritos para enaltecer essa prática espiritual.
 Bento de Núrsia
A figura mais influente no movimento cenobítico foi, sem dúvida, Bento de Núrsia (480 d.C.-543 d.C.), que, afastando-se
da vida mundana, resolveu habitar algumas cavernas em torno de Roma. Em 529 d.C., ele fundou o mosteiro de Monte
Cassino – o primeiro da Ordem Beneditina.
Os ensinos e as orientações de Bento relativos à organização, ao trabalho e às formas de culto foram reunidos por ele na
Regula Monasteriorum (Regra dos Mosteiros) e se espalharam por diversas regiões.
Com o tempo, uma rede de monastérios beneditinos espalhou-se por todo o Ocidente. Cada um deles era considerado
autônomo, gerido por seus próprios membros, que viviam disciplinadamente seu cotidiano, dividido em horas dedicadas à
oração individual e coletiva, bem como à leitura.
A alimentação dos monges também era regrada, evitando-se alimentos pesados. E a prática da pobreza, da castidade e
da obediência era a base sobre a qual os monges beneditinos orientavam suas ações evangelizadoras, endereçadas às
tribos germânicas.

Saiba mais
Os monges se tornaram populares entre os germânicos principalmente quando praticavam a caridade, distribuindo
alimentos, trabalhos e cuidados médicos. Sem dúvida, essas figuras foram os principais agentes de difusão do
cristianismo no Ocidente. Os monges contaram com o apoio da antiga estrutura e da tradição política do Império
Romano para firmar alianças com os recém-entronizados reis romanos em busca da consolidação de sua autoridade
política sobre seus súditos.
Dessa forma, muitos reis germânicos abriram mão de suas tradições religiosas e adotaram o cristianismo como
religião oficial, já que este ajudaria a justificar, de forma permanente, a centralidade do poder monárquico recém-
estabelecido entre eles.
Atividade
1. Leia o texto dogmático estabelecido no Concílio de Niceia, em 325 d.C.: O Credo de Niceia
Em seguida, identifique as principais doutrinas que a Igreja primitiva se empenhou para reforçar, a fim de contrapor-
se aos pensamentos heréticos correntes no período.
2. Observe o mapa a seguir e identifique as tribos germânicas que faziam fronteira com o Império Romano.
 Disponível em: < https://goo.gl/w3GbSc >. Acesso em: 20 mar. 2018.
3. Leia um trecho da Regra de São Bento: Quais são os instrumentos das boas obras .
Em seguida, identifique algumas das principais orientações que os monges deveriam seguir para aprimorar sua vida
espiritual.
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GEOVANIA MARTINS
Realce
GEOVANIA MARTINS
Nota
Gabarito

• Dedicar-se à oração;
• Manter o silêncio;
• Não falar excessivamente;
• Não satisfazer os desejos da carne;
• Evitar os maus pensamentos;
• Não beber vinho nem comer em excesso;
• Praticar o jejum e a caridade;
• Não matar;
• Não cometer adultério;
• Não furtar;
• Manter o hábito da confissão
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GEOVANIA MARTINS
Nota
Gabarito

• Visigodos;
• Francos;
• Alamanos;
• Burgúndios;
• Lombardos;
• Marcomanos;
• Godos
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GEOVANIA MARTINS
Nota
Gabarito

Havia a crença de que Cristo possuía duas naturezas (divina e humana) reunidas em um só ser. Por isso, ele era considerado a encarnação de Deus, mas conservava sua parcela de humanidade.
4. Que heresia foi largamente difundida entre os povos germânicos, principalmente após também ter sido adotada
por alguns imperadores romanos?
 a) Arianismo
 b) Gnosticismo
 c) Maniqueísmo
 d) Monasticismo
 e) Neoplatonismo
5. Assinale a opção cujo fator explica a aliança construída entre a Igreja e o Império Romano:
 a) A crença dos cristãos na vida eterna auxiliava a preservação da paz no território imperial, o que justifica o apoio
dos imperadores a essa religião.
 b) O grande destaque dado à liderança feminina nas comunidades cristãs garantia aos imperadores a certeza de
que essa religião manteria a popularidade do império entre as mulheres.
 c) O cristianismo mostrava-se uma religião interessante aos imperadores romanos por favorecer a preservação das
diferenças culturais entre a população das diversas regiões do império.
 d) Os imperadores viam na teologia cristã a oportunidade para reforçar a noção de centralização do poder
imperial, necessária para deter os efeitos da crise enfrentada pelo império a partir do século III.
 e) A difusão da prática da caridade nas comunidades primitivas garantia que o cristianismo ficasse restrito à
população de baixa condição econômica no império, e os imperadores pretendiam disseminá-la, também, entre a
elite romana.
6. Os principais agentes da difusão do cristianismo no Ocidente foram os:
 a) Papas
 b) Bispos
 c) Monges
 d) Guerreiros
 e) Camponeses
Notas
Revolta dos Macabeus
Os macabeus foram integrantes de um exército rebelde de judeus que lutou contra o domínio romano na Judeia.
Formaram a dinastia dos asmoneus e governaram a Judeia entre os anos 164 a.C. a 37 a.C., em que impuseram a religião
judaica, investiram na expansão das fronteiras de Israel e lutaram para diminuir a influência da cultura helenística na
região.
Édito
Ordem de autoridade superior ou judicial que se divulga por meio de anúncios considerados editais, afixados em locais
públicos ou publicados nos meios de comunicação de massa.
Fonte: Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa.
Gnose
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Conhecimento profundo.
Traditore
Alguém que entregou escrituras cristãs ao imperador durante as perseguições.
Primaz
Prelado católico que possuía jurisdição sobre determinado número de arcebispos e bispos.
Patrística
Conjunto de reflexões empreendidas pelos primeiros padres da Igreja, que se estendeu do primeiro ao sétimo século da
era cristã. Essas reflexões, que, a princípio, voltavam-se à análise do texto bíblico, logo passaram a abarcar questões
doutrinárias e filosóficas.
Dogmas
Do verbo latino dokeo, que significa pensar.
Imperadores de caserna
Série de generais que, empoderados pelo apoio de suas tropas, marcharam sobre Roma e ocuparam o trono imperial em
um sistema de alta rotatividade.
Germânicas
Termo constituído pelos linguistas do século XIX para designar as várias tribos indo-europeias que habitavam as regiões
ocidentais, gradualmente conquistadas pelos romanos.
Sippe
Comunidade de guerreiros.
Mitraísmo
Antigo culto popular da região mediterrânica em homenagem à Mitra – divindade persa representada por um touro –, ao
qual acoplaram a devoção ao Sol Invictus – Deus Sol oficial do Império Romano e patrono de soldados. Essa adoração foi
oficialmente instituída pelo imperador Aureliano em 25 de dezembro de 274 d.C.
Constâncio II
Filho de Constantino e um dos governadores das três regiões em que o Império Romano foi dividido após a morte de seu
pai.
Bispos
Personalidades máximas na hierarquia eclesiástica em termos territoriais.
Pedro
Nome que, em grego e em aramaico, significa pedra.
Anacoretas
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Monge cristão que vivia em retiro.
Fonte: Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa.
O Credo de Niceia
Cremos em um só Deus, Pai Todo-Poderoso,criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis. 
E em um só Senhor Jesus Cristo, 
o Filho de Deus, 
unigênito do Pai, 
da substância do Pai; 
Luz de Luz, 
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, 
gerado, não criado, 
consubstancial ao Pai; 
por quem foram criadas todas as coisas que estão no céu ou na Terra. 
O qual por nós, homens, e para nossa salvação, desceu (do céu), 
encarnou-se e se fez homem. 
Padeceu e, ao terceiro dia, ressuscitou e subiu ao céu. 
Ele virá novamente para julgar os vivos e os mortos. 
E (cremos) no Espírito Santo. 
E quem quer que diga que houve um tempo em que o Filho de Deus não existia, 
ou que antes que fosse gerado, ele não existia, 
ou que ele foi criado daquilo que não existia, 
ou que ele é de uma substância ou essência diferente (do Pai), 
ou que ele é uma criatura, 
ou sujeito à mudança ou transformação, 
todos os que falem assim 
são anatematizados pela Igreja Católica e Apostólica.
Disponível < https://www.ecclesia.com.br/biblioteca/historia_da_igreja/ 
primeiro_concilio_ecumenico_de_niceia.html
<https://www.ecclesia.com.br/biblioteca/historia_da_igreja/primeiro_concilio_ecumenico_de_niceia.html>
>. Acesso em: 20 mar. 2018.
Quais são os instrumentos das boas obras
1. Primeiramente, amar ao Senhor Deus de todo o coração, com toda a alma, com todas as forças. 
2. Depois, amar ao próximo como a si mesmo. 
3. Em seguida, não matar. 
4. Não cometer adultério. 
5. Não furtar. 
6. Não cobiçar. 
7. Não levantar falso testemunho. 
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https://www.ecclesia.com.br/biblioteca/historia_da_igreja/primeiro_concilio_ecumenico_de_niceia.html
8. Honrar todos os homens. 
9. E não fazer a outrem o que não quer que lhe seja feito. 
10. Abnegar-se a si mesmo para seguir o Cristo. 
11. Castigar o corpo. 
12. Não abraçar as delícias. 
13. Amar o jejum. 
14. Reconfortar os pobres. 
15. Vestir os nus. 
16. Visitar os enfermos. 
17. Sepultar os mortos. 
18. Socorrer na tribulação. 
19. Consolar o que sofre. 
20. Fazer-se alheio às coisas do mundo. 
21. Nada antepor ao amor de Cristo. 
22. Não satisfazer a ira. 
23. Não reservar tempo para a cólera. 
24. Não conservar a falsidade no coração. 
25. Não conceder paz simulada. 
26. Não se afastar da caridade. 
27. Não jurar para não vir a perjurar. 
28. Proferir a verdade de coração e de boca. 
29. Não retribuir o mal com o mal. 
30. Não fazer injustiça, mas suportar pacientemente as que lhe são feitas. 
31. Amar os inimigos. 
32. Não retribuir com maldição aos que o amaldiçoam, mas, antes, abençoá-los. 
33. Suportar perseguição pela justiça. 
34. Não ser soberbo. 
35. Não ser dado ao vinho. 
36. Não ser guloso. 
37. Não ser apegado ao sono. 
38. Não ser preguiçoso. 
39. Não ser murmurador. 
40. Não ser detrator. 
41. Colocar toda a esperança em Deus. 
42. O que achar de bem em si, atribuí-lo a Deus, e não a si mesmo. 
43. Mas, quanto ao mal, saber que é sempre obra sua e a si mesmo atribuí-lo. 
44. Temer o dia do juízo. 
45. Ter pavor do inferno. 
46. Desejar a vida eterna com toda a cobiça espiritual. 
47. Ter diariamente diante dos olhos a morte a surpreendê-lo. 
48. Vigiar a toda hora os atos de sua vida. 
49. Saber como certo que Deus o vê em todo lugar. 
50. Quebrar imediatamente de encontro ao Cristo os maus pensamentos que lhe advêm ao coração e revelá-los a um
conselheiro espiritual. 
51. Guardar sua boca da palavra má ou perversa. 
52. Não gostar de falar muito. 
53. Não falar palavras vãs ou que só sirvam para provocar riso. 
54. Não gostar do riso excessivo ou ruidoso. 
55. Ouvir de boa vontade as santas leituras. 
56. Dar-se frequentemente à oração. 
57. Confessar todos os dias a Deus na oração, com lágrimas e gemidos, as faltas passadas. 
58. E daí por diante, emendar-se delas. 
59. Não satisfazer os desejos da carne. 
60. Odiar a própria vontade.
Disponível < http://www.ricardocosta.com/traducoes/textos/regra-de-sao-bento-c-530
<http://www.ricardocosta.com/traducoes/textos/regra-de-sao-bento-c-530> >. Acesso em: 20 mar. 2018.
Referências
ANDERSON, P. (1974). Passagens da Antiguidade ao feudalismo. Tradução de Beatriz Sidou. 5. ed. São Paulo:
Brasiliense, 1998.
FERRIL, A. A queda do Império Romano. – a explicação militar. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
http://www.ricardocosta.com/traducoes/textos/regra-de-sao-bento-c-530
GEARY, P. O mito das nações– a invenção do nacionalismo. São Paulo: Conrad, 2005.
GIBBON, E. Declínio e queda do Império Romano. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
JOHNSON, P. História do cristianismo. Rio de Janeiro: Imago, 2001.
LE GOFF, J. A civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Estampa, 1982.
MARTIN, T. Roma Antiga – de Rômulo a Justiniano. Porto Alegre: L&PM, 2014.
Próximos Passos
Igreja Bizantina;
Formação e expansão do islamismo.
Explore mais
 
1. Sugestão de áudio
 
Nos monastérios, as orações eram seguidas por músicas cantadas pelos monges para adorar a Deus e facilitar a
prática da meditação. Esse tipo de música sacra ficou conhecido como canto gregoriano.
Em algumas cidades do Brasil, onde existem mosteiros beneditinos, é possível participar de missas públicas em que
o canto gregoriano é entoado.
Para ouvi-lo e meditar, acesse A suavidade e a beleza do canto gregoriano
<https://www.youtube.com/watch?v=D6Y2e4CXg8s> .
 
2. Sugestão de leitura
 
VEYNE, P. Quando nosso mundo se tornou cristão (312-394). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
Paul Veyne é um dos pesquisadores que mais tem se dedicado ao estudo da história inicial do cristianismo.
Para aprofundar a análise de sua obra, leia uma resenha desse texto em Um sonho imperial: Constantino e a
invenção do cristianismo. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
69092012000200016>
https://www.youtube.com/watch?v=D6Y2e4CXg8s
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092012000200016

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