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RELATÓRIO DE VISTORIA PONTE SOBRE O RIO VERDE – CONTINUAÇÃO DA VIA DANIEL DE CARVALHO – BAIRRO ESTAÇÃO INTRODUÇÃO: A estação de São Lourenço foi aberta em 1884 pela E. F. Minas e Rio. "A região de São Lourenço na época da inauguração da ferrovia era uma área alagadiça e havia uma pequena estação sem expressão, construída em madeira, e que fora construída em 1894, sendo que todo o movimento comercial era feito pela estação, na época já em alvenaria, de Carmo, hoje Américo Lobo. Com a construção da ponte, em 1912, o então bairro da Estação ganhou importância, e todo o movimento foi incrementado, resultando inclusive na construção da nova estação em 1925, já na época da Rede Sul Mineira" (Hugo Caramuru). A ponte sobre o Rio Verde está localizada na Via Daniel de Carvalho, nas proximidades da estação Ferroviária. As obras de ampliação da ponte realizada em 2008 projetam uma variante no leito do Rio Verde, com a previsão de construção de uma nova ponte para suprir o fluxo de veículos, porém não esta prevista a ampliação da ponte existente. Após a construção da nova ponte, esta será destinada ao tráfego local. 2. OBJETIVO: Vistoriar a estrutura da ponte a fim de verificar as suas condições de estabilidade e segurança e propor soluções para sanar as deficiências estruturais e funcionais, para a sua entrega em boas condições, a quem assumir a jurisdição do segmento. 3. REFERÊNCIAS: - Manual de Inspeção de Pontes Rodoviárias, 2a Edição, DNIT/2004; - Manual de Projeto de Obras-de-Arte Especiais do DNER/1996; - Norma DNIT 010/2004-PRO – Inspeções em pontes e viadutos de concreto armado e protendido – Procedimento, WWW.dnit.gov.br. 4. DADOS DA ESTRUTURA: O projeto original não foi encontrado. A ponte em concreto armado apresenta as características gerais das obras-de-arte projetadas entre 1911 e 1912, já tendo sofrido diversas reformas para conter a ação da natureza. Fotos da reinauguração após reforma de 2008.Fonte PMSL. De acordo com o projeto da reforma sofrida em 2008, a ponte apresenta uma Seção Transversal: largura total de 8,30m; foram obedecidas as Normas Brasileiras: NB - 1/1946 e NB - 2/1946, Norma Rodoviária: NPER/1949, Normas para Projeto de Estradas de Rodagem; Cargas Móveis: Compressor de 24 tf, Caminhão de 12 tf e carga de Multidão variável com o vão teórico, basicamente de 500 kgf/m 2, Comprimento total da ponte : 78,00m. Infraestrutura: Só foi possível visualizar os blocos de coroamento (Foto3). Blocos de Coroamento Mesoestrutura: Pilares maciços de concreto armado, com seção variável, e comprimento entre colunas de 14 metros. Cada apoio é constituído por um pilar contínuo e perpendicular. Pilares com seção variável, duas vigas com mísula nos apoios e laje maciça em concreto armado (Fotos 1, 2 e 3). Foto 3 – Vigas com mísula nos apoios Seção transversal: • Largura total: 8,30m; • Largura total da pista: 6,30m; Nº de Faixas/Largura da Faixa: 1,0 com 65m; • os passeios e guarda-corpos ocupam 1,20m, de cada lado. Trata-se de uma ponte estreita (Foto 3). Foto 4 – Vista da parte superior da ponte 5. VERIFICAÇÕES: Efetuamos a vistoria no dia 10 de maio de 2021, e visita na PMSL – Departamento de Obras e Infraestrutura Urbana, sendo verificados os elementos visíveis da ponte: vigas, lajes, pilares e encontros. 5.1 – Aspectos relativos à infraestrutura e à mesoestrutura: : A comparação da geometria da estrutura com o terreno circundante, não indica a existência de recalque das fundações (Foto 4). Os blocos apresentam segregação (ninhos de concretagem). Alguns pilares apresentam as armaduras expostas e manchas escuras. Junto aos blocos há muitas raízes e galhos de árvores. 5.2 – Aspectos relativos à superestrutura: Verifica-se muitos problemas construtivos como ninhos de de concretagem, insuficiência de cobrimento das armaduras e a utilização de um concreto muito poroso, demonstrado pela grande quantidade de eflorescências. Foto 5 – Parte inferior do tabuleiro Há muitos problemas causados pela ausência de manutenção nas vigas, transversinas e lajes, como manchas escuras, manchas claras (eflorescências), manchas de corrosão e armaduras expostas e oxidadas e acúmulo de sujeira, principalmente na região das juntas e dentes gerber. Os aparelhos de apoio estão destruídos, causando o desnivelamento do tabuleiro (Fotos 5). Não existem pingadeiras nos bordos das lajes em balanço. Na Foto 5 aindar, verifica-se a intervenção na laje e transversina, próximas do encontro Norte. A Laje e transversina que sofreram intervenção 5.4 – Aspectos relativos aos encontros: Os encontros apresentam rachaduras, emagamento e desplacamento do concreto, armaduras expostas e oxidadas, manchas escuras e manchas claras (eflorescências) . Encontro do lado do centro da cidade com macro fissuras. 5.5 – Aspectos relativos aos acabamentos: Os passeios muito estreitos, cerca de 1,20m de largura e os guarda-corpos pouco eficazes tornam a passagem pela ponte muito perigosa, principalmente por pedestres e ciclistas. As juntas de dilatação se apresentam obstruídas com massa asfáltica e sem a vedação flexível (tipo JEENE), o que permite o ingresso de água e de partículas sólidas. Os elementos de captação de águas pluviais do tabuleiro são insuficientes. As lajes em balanço se apresentam em péssimo estado de conservação devido a ausência de pingadeiras que impediriam o acesso de água na sua parte inferior 5.6 – Outras considerações: A passagem de veículos causa vibrações na estrutura. No Cadastro da ponte no DOIU – Registro de Inspeção Cadastral, de 03/07/2008, citado no item 3., já registrava a existência de armaduras expostas em toda a estrutura, a falta de pingadeira no balanço das lajes e a presença de raízes e galhos junto aos blocos. 6. CONCLUSÃO: A ponte, mesmo após a reforma ocorrida em 2008, não apresenta, no momento, problemas de estabilidade, mas a estrutura mostra péssimas condições de conservação. Os defeitos e manifestações patológicas, em áreas consideráveis, fazem com que a estrutura apresente um nível de deterioração elevado, com comprometimento da durabilidade e da vida útil. A estrutura foi bem construída, considerando as condições e recursos da época. No entanto, chegou ao atual estado de conservação devido à falta de um programa de manutenção preventiva, quando os problemas poderiam ser sanados no seu início. Trata-se de uma ponte muito estreita e tendo em vista o trânsito de pedestres, ciclistas, etc..., a travessia coloca em risco a vida das pessoas. De acordo com os critérios da NORMA DNIT 010/2004 – PRO, pode-se classificar a estrutura: Condições de Estabilidade: Boa aparentemente, obra potencialmente problemática. Condições de conservação: Precárias. 7. RECOMENDAÇÕES: A estrutura deverá receber intervenção, que compreende a execução de trabalhos de recuperação, reforço e alargamento (definições da NORMA DNIT 010/2004-PRO), de acordo com projeto executivo de engenharia, a ser licitado, de acordo com o exposto o projeto de recuperação, reforço e reabilitação da ponte, deixando com sujestões: • recuperação e reforço, considerando as cargas móveis para classe 45, de acordo com a NBR 7188/1984; • reabilitação, alargando a seção transversal de acordo com a largura da via; • deverão ser previstas passagem de pedestres e ciclistas e barreiras rígidas; • recuperação de toda a estrutura, com remoção das partes deterioradas de concreto e de aço, adicionando novas armaduras e recomposição dos cobrimentos; • redimensionamento do sistema de drenagem do tabuleiro; • recuperação e reforço dos encontros. São Lourenço, MG, 11/05/2021. ROGÉRIO ARTHUR TIBÚRCIO MOTA RA 2017700299