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PODERES DA ADMINISTRAÇÃO 1. Generalidades • São instrumentos ou prerrogativas que o Estado dispõe para realizar as suas finalidades • Os poderes da administração pública diferem dos poderes do administrador • A finalidade do ato administrativo é a satisfação do interesse público → Para alcançar essa finalidade, o Estado precisa desses poderes • Esses poderes diferenciam o Estado dos particulares • Os poderes confirmam a potestade do Estado → O Estado anda acima do particular → Há um poder maior/supremo do que o poder particular → O Estado pode fazer coisas com os particulares que nem os particulares podem fazer uns com os outros, como rebocar o carro de forma não solicitada • O Poder enquanto instrumento é algo abstrato → Se materializa por meio de atos administrativos 2. Características • Poder-dever → Chamado de “Dever-poder” por Celso Bandeira → O administrador público tem o instrumento, mas deve usar o poder em um dever - O instrumento não pode ser usado a sua conveniência → A todo poder corresponde um dever • Os poderes são irrenunciáveis → Decorrência de serem poder-dever → O administrador público não pode abrir mão da prerrogativa - Não pode dispor de algo que não lhe pertence • Os poderes são limitados → É a marca dos poderes administrativos → Em constitucional, vemos que nem os princípios são absolutos → Só podem ser aplicados com respeito à ordem jurídica → Havendo excessos, pode haver responsabilização • Podem ensejar responsabilidade → Havendo abuso dos poderes 3. Espécies • Poderes: Regulamentar, Hierárquico, Disciplinar e de Polícia Obs.: Alguns doutrinadores incluem o poder vinculado e o poder discricionário • É uma corrente minoritária • Entendem que mais do que espécies de atos, são espécies de poderes • A maioria entende que dentro das espécies há manifestações vinculadas e discricionárias → A vinculação é espécie de ato, não de poder • Vinculado: Cumpridos os requisitos, o direito é recebido automaticamente → Não recai juízo de valor, ponderação, etc • Discricionário: O Estado delibera se dá ou não o direito → Há juízo de valor, margem de escolha, ponderação, liberdade de escolha, conveniência, oportunidade → Mesmo preenchidos os requisitos legais, o administrador pode escolher 3.1. Poder regulamentar • Também chamado de “poder normativo” → Essa é a expressão mais adequada, pois o regulamento é só uma das espécies de atos normativos que podem ser praticados no âmbito da administração pública • De forma geral, refere-se ao regulamento → Privativo do chefe do poder executivo Regulamento executivo Regulamento autônomo Art. 84, IV, CF Competência Privativa do Presidente da República Art. 84, VI, a e Art. 84, VI, b Pode-se dispor mediante decreto sobre: Forma – Decreto autônomo Conteúdo – Regulamento autônomo Propicia a fiel execução da lei Busca fundamento de validade diretamente na lei Busca fundamento de validade diretamente na Constituição Federal Exemplo de fundamento de validade na lei (regulamento executivo) → →A Constituição diz que precisamos licitar Cria-se a lei de licitação (Lei 8.666) Cria- se a lei específica da modalidade Pregão (Lei 10.520/02), que se aplica na aquisição de →bens e serviços comuns (bem previsto no edital com expressão usual de mercado) Surge o regulamento para delimitar o que é bem e serviço comum Exemplo de fundamento de validade na Constituição (regulamento autônomo) O cargo público é criado por lei, a sua extinção também deveria ser por lei (pelo →princípio da simetria/paralelismo das formas) A extinção ocorre por decreto ou →regulamento autônomo, como se lei fosse Só é possível pois a Constituição autoriza 3.2. Poder hierárquico • Também chamado de poder do hierarca por Celso Antônio Bandeira de Melo • O poder de estruturar, hierarquizar os diversos quadros da administração pública • Prerrogativas: → Dar ordens → Delegar e avocar funções → Fiscalizar (podendo ensejar uma sanção) → Controlar e rever atos praticados pelos funcionários → Julgar recursos • O hierarquicamente superior sanciona o subordinado pela prática de infração funcional → Isso é decorrência tanto do poder hierárquico quanto do poder disciplinar → Se for para escolher entre um dos poderes, escolhe-se o disciplinar - Mesmo este sendo uma consequência do poder hierárquico 3.3. Poder Disciplinar • É o poder de aplicar sanção em relação a todos aqueles que possuam algum tipo de vínculo jurídico específico com a administração → CESPE: Aqueles que estão na intimidade da administração → Não se resume a aplicar sanção for infração funcional • Existem vários tipos de vínculos específicos → Vínculo do servidor: Da investidura, está investido em cargo público → Vínculo do aluno de escola pública: Da matrícula • Esse poder é marcado por uma supremacia especial → Demonstra a existência de vínculo jurídico específico • Difere do poder de polícia pois neste há a ausência de vínculo jurídico específico → Por exemplo, o vínculo da concessionária de serviço é do contrato 3.4. Poder de Polícia • É a compatibilização de interesses entre aquilo que deseja o interesse público e o que deseja o interesse privado buscando alcançar o equilíbrio • Restringe a atuação do particular em prol do interesse público → Normalmente restringe a propriedade ou a liberdade • O art. 78 do CTN define o poder de polícia, trazendo todos os seus desdobramentos • Não há obrigação de indenizar pelo exercício do poder de polícia → A administração não está impedindo o exercício do direito, apenas regula o exercício → Não se viola a proporcionalidade - Só indeniza se houver excesso ou abuso no seu uso • O poder de polícia pode ser exercido de diversas formas → Caráter preventivo: Se manifesta nos atos normativos - Ex.: A velocidade máxima imposta nas vias serve para prevenir acidentes → Caráter fiscalizador: Se manifesta nos atos de controle - Ex.: Radares e agentes de trânsito servem para verificar o cumprimento da norma → Caráter repressivo: Se manifesta nos atos punitivos - Ex.: A multa e a suspensão da CNH agem quando se viola a norma • Via de regra, o poder de polícia é negativo → Traz obrigações de “não fazer”, como “não ultrapasse 60 km/h” • O poder de polícia decorre de uma supremacia geral, não especial → A punição é marcada pela ausência de vínculo jurídico específico entre quem pune (a administração) e quem é punido (o cidadão) 3.4.1. Atributos do poder de polícia • Discricionariedade: Como regra, o poder de polícia é discricionário → Há margem de escolha → Excepcionalmente, é vinculado (preenchidos os requisitos, deve realizar o ato) • Autoexecutoriedade: Realiza seus atos independentemente de autorização do Judiciário → É a regra, mas existem atos que não dispensam o poder judiciário - Não precisa dele para aplicar a multa, mas precisa para cobrar → O particular pode acionar o Poder Judiciário para defendê-lo • Coercibilidade: Não depende de anuência do particular → O que foi determinado pela polícia deve ser cumprido → O particular pode pedir ao juiz para não cumprir, mas está obrigado até a decisão 3.4.2. Delegação do poder de polícia • Os atos decisórios não podem ser delegados → Mostram a potestade do poder público → ADI 1717: Dos Conselhos de Classe, que são autarquias profissionais • Os atos materiais de mera execução podem ser delegados → Prévios/Preparatórios: A empresa fotografa o carro que ultrapassa o limite → Posteriores/Subsequentes: Uma empresa demole um prédio 3.4.3. Polícia Administrativa X Polícia Judiciária • A maior diferença entre elas não é o caráter repressivo de uma e preventivo da outra Polícia Administrativa Polícia Judiciária Atua fora do crime – Esfera extrapenal Atua no crime – Contenção do crime com a aplicação da lei penal Atua por corporações variadas Composta por diversos órgãos Polícia edilícia, de caça e pesca, alfandegária, … Atua por corporações específicas Composta por certos órgãos Polícia Civil, Federal (polêmica sobre a Militar)Incide apenas sobre bens e direitos Além de bens e direitos, toca pessoas diretamente
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