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Introdução
Caro (a) aluno (a), o estudo apresentado, neste presente livro, irá introduzir o processo de entendimento sobre a formação econômica do Brasil, e de como extrair informações de extrema importância para sua formação.
Nossa disciplina tem como principal objetivo introduzir e demonstrar como se deu o desenvolvimento de nosso país, desde a era do Brasil Colônia, implicando em seus problemas contemporâneos, desenvolvidos pelo nosso país, no decorrer do tempo.
As demonstrações apresentadas neste livro, te  auxiliarão a visualizar as atividades econômicas exercidas, desde o descobrimento do Brasil de forma mais detalhada, dando suporte para tomada de decisões.
Pare e pense que, para avaliar o cenário socioeconômico, não basta apenas conhecer os números destacados nos relatórios. É importante também conhecer a forma, que ocorreu o seu desenvolvimento; o seu ramo de atividade exercida; e os fatores externos, que influenciam, até hoje, na moeda.
Abordaremos temas específicos como o comércio exterior e o crescimento econômico; e a análise dos diversos ciclos da economia, escravatura, imigração, migração interna e o processo de industrialização.
Agora que já conhecemos o contexto da Formação Econômica do Brasil, quero convidá-lo (a) a continuar em nossa jornada de estudos, através do presente livro.
Vamos lá?
1. Fundamentos econômicos da ocupação territorial do Brasil
O período pré-colonial foi marcado com a chegada de Portugal ao Brasil. Nos primeiros trinta anos, o Brasil foi objeto de pouco interesse para Portugal, que estava mais envolvido com o lucrativo comércio de especiarias com as Índias, além de não dispor de homens suficientes para povoar todas as regiões descobertas.
Após os europeus tomarem posse de nossas terras, tiveram os primeiros contatos com os indígenas, os quais foram denominados, pelos portugueses de “selvagens”. Logo após realizarem os primeiros contatos, os portugueses e indígenas acabaram realizando algumas trocas de produtos.
Furtado (2005 p.16) aponta que, inicialmente, a ocupação econômica do território brasileiro foi, em boa medida, realizada em consequência da pressão política exercida sobre Espanha e Portugal e também pelas demais nações europeias. O princípio dessa medida, era de que os espanhóis e portugueses não tinham direito senão àquelas terras que estivessem efetivamente ocupadas.
Por volta de 1500 a 1530, os portugueses realizaram poucos empreendimentos no território, algumas outras expedições chegaram, como por exemplo a de 1501, trazendo Gaspar de Lemos no comando e também a expedição de Gonçalo Coelho de 1503. Essas expedições acabaram nomeando algumas localidades no litoral e confirmando a existência do pau-brasil
Os portugueses enfrentaram também alguns contratempos, como o enfrentamento da resistência de algumas populações indígenas e a ameaça de invasão por outros povos europeus, que também tinham interesse em explorar as terras brasileiras.
A primeira atividade econômica, realizada pelos portugueses, ocorria em torno da exploração do pau-brasil, existente em grande quantidade na costa brasileira, em especial no nordeste do País. Esse período ficou conhecido como “Ciclo do Pau-Brasil”. Os indígenas realizavam o trabalho de derrubar árvores e preparar a madeira para embarque, enquanto uns poucos europeus permaneciam em feitorias, localizadas na costa.
Para Braga (1997 p. 11), o monopólio assinalava bem um dos aspectos que ocorria na política colonial que Portugal adotou, em relação às novas terras. O pau-brasil, também ficou conhecido como pau-de-tinta, ele ganhou esse nome por ser uma madeira tintorial, tendo sido empregado na Europa, para tingir tecidos e realizar confecção de peças nobres de armação de naus e carpintaria.
Braga ainda cita que o produto proporciona pouca renda à Coroa portuguesa, porém ajustou-se bem ao modelo da época mercantilista-colonialista, adotado por Portugal.
Apesar de todas as descrições realizadas, a ocupação portuguesa, em solo brasileiro, efetivamente só se deu de fato por volta de 1530. Este  momento, data a implantação do sistema das capitanias hereditárias, que teve o intuito de proteger toda a costa das invasões francesas e holandesas, pois as terras brasileiras já eram consideradas como patrimônio de Portugal.
A promessa da existência de muito ouro e prata, determinou a colonização do Brasil, fazendo com que as explorações marítimas fossem substituídas pelas expedições terrestres, com o principal objetivo de invadir e dominar os espaços considerados privilegiados em recursos naturais. O foco era de que os nossos rios servissem de caminho para as expedições portuguesas, que acabaram contribuindo para a escravização dos índios e, também, com a fundação de vilas e cidades.
Todavia, Portugal não apresentava condições para investir na colonização de terras com uma extensa faixa marítima. As Índias orientais geraram grandes gastos agravados com a inflação crescente na Europa. Essa situação interna de Portugal demonstrava exaustão e a administração tornava-se onerosa. Desta forma, a solução era atribuir a colonização à iniciativa privada, dando início ao sistema de donatários.
Você sabia
O Donatário das Capitanias teve origem devido o projeto Novo Mundo, onde foram administradores de grandes extensões territoriais, chamadas de Capitanias Hereditárias.
A escolha dos donatários era realizada, a partir de concursos entre pessoas da nobreza e aquelas enriquecidas pelo mercantilismo, as quais eram favorecidas pela proximidade de suas relações com a Coroa. Os selecionados tinham como missão investir, de seus próprios bolsos, no projeto de instauração e organização das capitanias, materializando o projeto geopolítico português na América.
Segundo a carta de doação, o donatário tinha como principais deveres: fundar povoações, cobrar impostos dos mesmos, administrar a justiça, doar sesmarias aos colonos e nomear funcionários, como alcaides, meirinhos e tabeliães. O capitão-donatário exercia funções militares, também funções judiciárias, como a indicação de ouvidores e a presença em julgamentos. Esse sistema foi criado durante a expansão ultramarina, a partir do século XV, com a finalidade de facilitar e evitar despesas com a administração das novas terras conquistadas.
Com a falta de um órgão coordenador das donatarias, ocasionou-se uma crescente dispersão administrativa. Após a expansão das colônias e de suas atividades, os interesses das donatarias tornaram-se mais independentes, agravando o surgimento de hostilidades recíprocas. Pois as escolhas desses coordenadores foram realizadas com base em sua posição social e capacidade financeira.
A grande maioria possuía pouca ou nenhuma experiência administrativa, porém a estrutura socioeconômica colonial, nesse sistema, se originou e perdurou por séculos, em especial, na região rural do Nordeste.
Em 1549, se estabeleceu o governo geral, que, mesmo não finalizando o sistema de donatarias, acabou o enfraquecendo. A administração centralizou-se mais, em decorrência da inimizade de Espanha e Portugal, originada pela rigidez de Felipe II, responsável pelo vice-reino da Espanha. Esses fatores foram primordiais para que os donatários perdessem parte de seu poder.
Houve grandes dificuldades de administrar a colônia e os ocupantes que nela se estabeleciam. A Coroa portuguesa sentia a necessidade de instalar um corpo administrativo, em que pudesse organizar de perto toda a imensa extensão territorial, que se formava em posse do Império Português, principalmente, após o fracasso do sistema de capitanias.
Por volta de 1549, Tomé de Sousa aportou no litoral brasileiro com a missão de desempenhar uma série de funções administrativas, devido à necessidade que ocorria naquela época. Apesar do relativo êxito da centralização da administração com o governador-geral, que era um português, nomeado pela Coroa para o cargo, as condições de comunicação e transporte, no século XVI, eram extremamente precárias, dificultando bastante o controle administrativo.
Esse modelo de administração durou até a chegadada Família Real no Brasil, em 1808, inaugurando aquilo conhecido como Período Joanino.
A economia nacional originou-se dependente do mercado externo, com base em produções monoculturas, seguindo a determinação desse mercado, sujeitando-se às oscilações ocasionadas pelo mesmo. Sendo esta uma das principais características das colônias em regime de exploração, em contrapartida as colônias de povoamento .
No início do século XVI, a burguesia e o governo português lucravam através do comércio dos produtos do Oriente. A maneira de seu envolvimento neste negócio, entretanto, dava-se a partir da movimentação de mercadoria, levando-as daquele continente para a Europa. Isso porque as regiões do Oriente já ofereciam, por si mesmas, bens acabados, prontos para a comercialização, não necessitando aos portugueses investirem diretamente na produção daqueles bens.
Portugal estava em crise comercial com o Oriente, desta forma, passa a interferir na produção de forma direta. Devido a essa crise, eles chegaram à conclusão de que era necessário montar uma empresa para produzir uma mercadoria, onde a mesma tinha que ser de fácil acesso ao mercado europeu. Para isso, era primordial atrair os colonos e povoar as terras, criando condições mínimas de produção.
Assim, foi instalado no Brasil uma colonização baseada no cultivo de cana-de-açúcar e com base na mão de obra escrava, oferecendo lucros em alta escala para os colonos que fizeram adesão a esse tipo de atividade agrícola, que ocorria em especial no Nordeste, devido a região oferecer condições favoráveis ao cultivo.
Com o objetivo de proteger as terras conquistadas, os portugueses acompanhavam de perto esses movimentos e, até pelo suborno, atuaram na corte francesa, para desviar as atenções do Brasil.
Este fato, desencadeou o surgimento das primeiras empresas agrícolas. Durante o período colonial, a empresa açucareira foi um grande investimento dos portugueses nas terras brasileiras. Porém, as necessidades de consumo das populações nativas e coloniais serviram para o desenvolvimento de outras atividades econômicas destinadas à subsistência.
Esses empreendimentos econômicos ficaram conhecidos como atividades acessórias ou secundárias. As práticas abrangeram o plantio de pequenas e médias culturas e produção como as de algodão, rapadura, aguardente, tabaco e mandioca.
No Brasil Colonial, a mandioca era um item alimentar primordial entre os colonos, principalmente, para os escravos. Eles consideravam tão importante que a Coroa Portuguesa chegou a exigir que parte das terras dos senhores de engenho fosse destinada a esta cultura. Mas a maioria deles não aceitavam perder recursos e mão de obra para a realização desse tipo de atividade.
É importante ressaltar que, em decorrência da típica pecuária, instalada nas regiões nordeste e sul, foi impulsionado, no Brasil, o surgimento de outras classes econômicas, sociais e culturais, como também, a expansão dos territórios coloniais. Essas atividades tinham como principal função abastecer as populações coloniais e, como consequência,
1.1 Concorrência colonial nas américas
De acordo com Furtado (2005), as colônias de povoamento, no hemisfério norte, surgiram no século XVII, e representou o principal acontecimento na história das Américas, para o Brasil.  Podemos dizer que foi o surgimento de uma poderosa economia concorrente, no mercado dos produtos tropicais. Em conjunto com o Brasil, existiam três grandes potências, cujo poder colonial crescia na mesma época, sendo elas: Holanda, França e Inglaterra.
De acordo com a obra de Furtado (2005), os franceses e ingleses se empenharam em concentrar, nas Antilhas, importantes núcleos de população europeia, com a expectativa de um salto em larga escala aos ricos domínios da grande potência enferma desse século. Devido aos seus objetivos políticos, essa colonização tinha como função basear-se no sistema de pequena propriedade.
Ao contrário do ocorrido entre Espanha e Portugal, que estavam afligidos por uma permanente escassez de mão de obra, em decorrência do início da ocupação da América, a Inglaterra, do século XVII, apresentava uma população considerável, mas que abandonavam os campos, na medida em que o velho sistema de agricultura coletiva ia sendo eliminado.
As terras agrícolas eram desviadas para a criação de gado lanígero. Nestas, os produtores viviam em condições suficientemente precárias para submeter-se a um regime de servidão, por tempo limitado, com o fim de acumular um pequeno patrimônio.
Desta forma, o norte da América Setentrional encontrou grandes dificuldades para criar uma base econômica estável. A produção era exatamente aquilo que se produzia na Europa, onde os salários, na época, estavam determinados por um nível de subsistência extremamente baixo, Furtado (2005).
As condições climáticas das Antilhas permitiam a produção de algumas agriculturas, como o algodão, o café e, principalmente, o fumo. As produções desses artigos eram compatíveis com o regime de pequena propriedade agrícola e permitia que as companhias colonizadoras realizassem lucros substanciais, ao mesmo tempo em que os governos das potências expansionistas, França e Inglaterra, viam crescer seus domínios.
2. O ciclo agroexportador do açúcar
A atividade originou-se no Brasil, devido ao aumento generalizado do consumo de açúcar na Europa, surgindo, naturalmente, como uma produção na colônia americana, servindo como base para a fixação do mesmo, no nosso país. Os portugueses esperavam que, ao introduzir o cultivo da cana, conseguissem se firmar ainda mais e garantir a presença portuguesa nestas terras, impedindo as invasões e ameaças estrangeiras (Furtado,2003).
O cultivo da cana-de-açúcar teve como principais características as seguintes:
· Mão de obra escrava;
· Grandes latifúndios (extensões de terra);
· Monocultura (plantio de um mesmo produto em larga escala).
Para realizar a produção do açúcar, o engenho possuía um grande conjunto de instalações, dentre elas, a moenda (local onde era extraído o caldo da cana). Além do engenho, existiam também as senzalas (local de moradia dos escravos), a casa grande (moradia do proprietário), as estrebarias e oficinas.
Os portugueses não conseguiram submeter as populações indígenas, que aqui viviam, ao ritmo intenso de trabalho, e por isso, deu início à prática do tráfico negreiro.
O mercado era promissor, mas por conta do pacto colonial realizado, em decorrência  do tratado de Tordesilhas, a determinação era que todo açúcar que saísse do nosso país, fosse encaminhado diretamente para Portugal. Sendo assim, a produção de cana tinha sua economia voltada para a prática de exportações. Em decorrência disso, Portugal quase não obtinha lucro, pois o produto era repassado para a Holanda, onde tinha, como principal atividade, refinar e passar para o consumidor final.
Devido a Portugal não ter todo o capital exigido para realizar a implantação de negócios na colônia, contou com o auxílio de banqueiros europeus, os quais financiaram uma considerável parte deste empreendimento. Entre esses financiadores, podemos destacar os banqueiros holandeses, que, com o passar do tempo, passaram também a realizar a negociação do produto, em diferentes pontos da Europa, assumindo o papel de atravessadores, e acabavam obtendo uma considerável parcela dos lucros.
3. A geografia econômica da colonização
O engenho também contava com construções utilizadas para o abrigo da população, que moravam nas colônias, além das unidades utilizadas para produção.
A chamada casa-grande, era o nome dado às casas dos proprietários das terras, onde moravam com suas famílias e alguns escravos domésticos. A senzala era destinada para os escravos, que trabalhavam nas colheitas e instalações produtivas do engenho. Por meio dessa visão, podemos perceber que a formulação desses espaços influiu nos contrastes que marcaram o desenvolvimento da sociedade colonial.
Os engenhos não estavam disponíveis para todas as propriedades que plantavam cana-de-açúcar. Assim, os praticantes dessa agricultura, que não possuíam recursospara construírem o seu próprio engenho, eram geralmente conhecidos como lavradores de cana. A maior parte, desses cultivadores de cana, utilizava o engenho de outra propriedade, mediante algum tipo de compensação material.
A sociedade era considerada ruralizada, pois o local, onde se produzia o açúcar, na maioria das vezes, era no campo, e onde as pessoas habitavam. Ainda com pouca existência, as cidades que ficavam no litoral eram portos para vender açúcar.
Os senhores de engenho tinham suas casas nas cidades. Porém, só as utilizavam nas épocas de festa da cidade ou quando chegava a temporada de venda do açúcar, para os grandes comerciantes. O senhor de engenho era considerado o grande dominador.
Você sabia
Os jesuítas pertenciam a uma parte de ordem religiosa católica chamada Companhia de Jesus. O objetivo deles era de disseminar sua fé pelo mundo, os padres jesuítas eram subordinados a um regime de privações que os preparavam para viverem em locais distantes, geralmente, fora de suas nações e se adaptarem às mais adversas condições de subsistência. Esses padres chegaram em nosso país por volta de 1549, com o objetivo de cristianizar as populações indígenas do território colonial.
A partir de suas missões, promoveram uma educação católica e práticas de catequização, organizando as populações indígenas em torno de um regime que combinava trabalho e religiosidade.
Ao mesmo tempo que os jesuítas atuavam junto aos povos originários, eles foram os responsáveis pela fundação das primeiras instituições de ensino do Brasil aos moldes europeus, durante a era colonial. Os principais centros de exploração contavam com colégios administrados, dentro das colônias. Assim, todo acesso ao conhecimento laico da época era controlado pela Igreja. Essa ação na educação, trazida ao nosso país pelos jesuítas, é de grande importância para compreensão dos traços da cultura brasileira.
Como já mencionado, a economia cresceu grandemente na região do Nordeste. Como por exemplo, a cidade de Salvador que se destacava por ser uma região litorânea, exerceu funções como de porto transatlântico e de cabotagem para o comércio de fumo, algodão, couro e açúcar (principal produto de exportação), onde ocorria também a utilização do tráfico de escravos, como meio de troca. Na Baía de Todos os Santos, a agricultura comercial se destacou, ao concentrar um grande número de engenhos de açúcar, onde se encontrava também, a cultura do fumo e ainda, mais ao sul, uma agricultura de subsistência.
No sertão brasileiro, era desenvolvido como atividade principal a pecuária, tanto como produção de carne; couro e sebo, quanto com o fornecimento de gado, que serviam de força motriz para os engenhos e para o abastecimento da cidade de Salvador e do Recôncavo (Bahia de todos os Santos). Girando em torno da atividade açucareira, a vida sócio-política baiana era reflexo da “grande lavoura”, existente na era colonial.
Por volta de 1639, o valor do açúcar exportado pelo Brasil holandês, nos portos de embarque, teria sido aproximadamente de 1,2 milhão de libras. Deve-se ter em conta, entretanto, que os gastos de consumo se ampliaram muito na época holandesa, seja pela necessidade de manter tropa numerosa, seja em razão do custo da administração, do período de Nassau (1637-44).
Inicialmente, o empresário brasileiro operou relativamente em grande escala. As condições do meio não permitiam pensar em pequenos engenhos, como fora o caso nas ilhas do Atlântico. Desta forma, deduzimos, portanto, que os capitais foram importados.
O mais importante, na etapa inicial, eram os equipamentos e a mão de obra europeia especializada. A mão de obra indígena foi utilizada na comunidade e também nas tarefas não especializadas, das obras de instalação.
Nas primeiras fases realizadas dessa operação, coube ao trabalho indígena um papel igualmente importante. Com os engenhos já implantados para a operação, o valor destes, deveria pelo menos dobrar o capital importado, sob a forma de equipamentos e destinado a financiar a transplantação dos operários especializados.
No início, o trabalhador escravo africano veio para substituir o trabalho indígena, com mais possibilidade de resistência, menor eficiência e de submissão mais incerta. Após a instalação dos engenhos, seu processo de expansão seguiu sempre as mesmas linhas: gastos monetários na importação de equipamentos, de alguns materiais de construção e de mão de obra escrava. Posteriormente, essa mão de obra foi ganhando força, pois os administradores perceberam que os africanos eram produtivos e compreendiam melhor o cultivo.
Após efetivação da importação dos equipamentos e da mão de obra escrava, a etapa subsequente foi de inversão de novas plantações, construção e instalação de engenhos, tendo sido concluída sem que houvesse lugar para a formação de um fluxo de renda monetária.
Uma parte da força de trabalho escravo dedicou-se a produzir alimentos para servir a população, e os demais se ocupavam nas obras de instalação e, também, nas tarefas agrícolas e industriais do engenho. Numa economia industrial, a inversão fez crescer diretamente a renda da coletividade, em quantidade idêntica a ela mesma.
Isto ocorreu devido a inversão que se transformou, automaticamente, em pagamento a fatores de produção. Esta, a inversão em uma construção, estava basicamente constituída pelo pagamento do material nela utilizado e da força de trabalho absorvido. A compra do material de construção, por seu lado, não foi outra coisa senão a remuneração da mão de obra e do capital utilizados em sua fabricação e transporte (FURTADO, 2015).
Esses pagamentos geraram uma criação de renda monetária ou de poder de compra, somados. A inversão realizada numa economia exportadora-escravista foi um fenômeno inteiramente diverso.  Para Furtado (1959), parte dela transformou-se em pagamentos feitos no exterior, por exemplo: importação de mão de obra, de equipamentos e materiais de construção, a parte maior, sem embargo, tem como origem a utilização da força de trabalho escravo.
Podemos dizer que a diferença entre o custo de reposição e de manutenção dessa mão de obra, e o valor do produto do trabalho da mesma, era lucro para o empresário. Sendo assim, a nova inversão faz crescer a renda real, apenas no montante.
Furtado (2003) cita que a formação de um sistema econômico de alta produtividade e em rápida expansão, na faixa litorânea do Nordeste brasileiro, teria necessariamente de causar algumas consequências diretas e também indiretas, para as demais regiões do subcontinente que os portugueses reivindicaram.
Ainda de acordo com o autor, a extrema especialização da economia açucareira constitui, na verdade, uma contraprova de sua elevada rentabilidade do negócio açucareiro, no qual fez surgir, em tempo relativamente curto, um mercado completamente novo para um número de produtos, (particularmente nas ilhas inglesas) onde não usavam suas terras e seus escravos, senão para produzir açúcar.
4. A crise do açúcar e as novas perspectivas, através do surgimento de novos ciclos econômicos
Alguns fatores primordiais acarretaram a crise do açúcar, sendo o principal deles a constituição da União Ibérica, que firmou o domínio da Espanha sobre Portugal e suas colônias. Este fato fez com que os espanhóis tirassem os holandeses da lucrativa atividade açucareira brasileira, expulsando-os do Nordeste brasileiro. Após este fato, os holandeses passaram a produzir açúcar em suas colônias nas Antilhas.
Os colonizadores conheciam muito bem o processo de fabricação do açúcar e tinham em suas mãos o controle sobre a distribuição e comercialização deste produto. Desta forma, rapidamente conseguiram conquistar os grandes mercados de consumidores, deixando o açúcar, produzido do Brasil, em segundo plano, no mercado internacional.
Eles obtiveram um grande desenvolvimento sobre a produção do açúcar, dominando técnicas e produzindo manufaturas utilizadas na fabricação, além de possuir o controle do sistema bancário e creditício da época. De modo que a realização da indústria açucareira tambémcomeçou a ser desenvolvida na Antilhas, sem interferência do monopólio português no Brasil.
Podemos destacar, em Furtado (2005), a existência de três etapas sobre o desenvolvimento econômico americano não português. Primeiro, foi realizado a procura por metais preciosos que visava a produção de um excedente líquido, utilizando a mão de obra indígena. Na segunda etapa, desenvolveu-se uma produção agrícola exportadora, financiada por grandes empresas sem empregar ainda a mão de obra escrava importada.
Ocorreu o florescimento de uma economia similar à da Europa contemporânea, no qual era dirigida de dentro para fora, a partir de um mercado interno não especializado, voltado para o mercado exportador, mas sem uma distinção profunda entre a produção do mercado interno em relação às exportações
O desenvolvimento da terceira etapa econômica contrariou alguns dos interesses metropolitanos fundados no monopólio. O baixo preço do frete internacional, somente foi possível, em razão da conjugação de alguns fatores geopolíticos favoráveis, nesta época.
A plantação de açúcar foi extremamente favorável aos holandeses, pois eles estavam geograficamente bem localizados, favorecendo, assim, a sua exportação, dando o lugar das propriedades pequenas das Antilhas, aos grandes latifúndios .
Na Virgínia, onde as terras não estavam todas divididas em mãos de pequenos produtores, a formação de grandes unidades agrícolas se desenvolveu, mais rapidamente, surgindo assim uma situação totalmente nova no mercado de produtos tropicais: ocorreu uma intensa concorrência entre regiões que exploram mão de obra escrava, em grandes unidades produtivas, e regiões de pequenas propriedades e mão de obra europeia.
Estes fatos mudaram a trajetória da economia açucareira do Brasil, pois introduziram a concorrência entre o açúcar brasileiro e o açúcar das Antilhas, fazendo com que houvesse a redução dos preços e a redução da margem de lucro da produção brasileira.
Diante deste fato, a concorrência holandesa foi uma das principais causas da crise do açúcar brasileiro, no período colonial, pois eles produziam um produto mais barato e com uma melhor qualidade do que o brasileiro.
Ainda, de acordo com Furtado (2005), nesse contexto, Portugal não conseguiu ultrapassar em competitividade o açúcar antilhano. Tal fato, assim, fez com que a produção açucareira entrasse em crise. A falta de condições para investimento e as várias oscilações experimentadas no mercado externo, acabavam por deflagrar esses tempos de crise da economia açucareira. Mas não podemos nos esquecer que essa atividade econômica sempre figurou entre as mais importantes de nossa economia colonial. E, por isso, nunca chegou a entrar em uma crise definitiva que viesse a encerrar o negócio.
Os lucros dos senhores de engenho do Nordeste foram reduzidos drasticamente e como consequência diminuiu-se a arrecadação de impostos, provocando uma crise financeira, em Portugal. A coroa portuguesa rapidamente agiu em busca de uma nova forma de exploração colonial.
A coroa não via uma saída a não ser estimular a produção de outros gêneros agrícolas no Brasil, por exemplo, tabaco e algodão. Incentivou, também, a busca pelas drogas do sertão, na região da Amazônia. Estas nada mais eram do que especiarias (canela, ervas aromáticas e medicinais, cacau, castanha-do-pará, baunilha, cravo e guaraná), muito apreciadas na Europa.
O rei de Portugal viu, nesta atividade, uma esperança de voltar a se reerguer, gerando uma nova fonte de renda e desenvolvimento de sua principal colônia. As entradas e bandeiras tiveram um papel fundamental na busca por estas especiarias mencionadas acima.
4.1 O ciclo do ouro no Brasil
De acordo com Braga (1999), também no século XVI, Portugal realizava estímulos para pessoas interessadas na exploração do território, conhecido como Brasil Colônia. As operações com o objetivo de expansão territorial, financiadas e organizadas pelo próprio governo, eram chamadas de entradas. Houveram também indivíduos interessados nestas empresas, organizando expedições próprias. Ainda que também incentivados pela Coroa, empregaram com recursos próprios buscas por pedras preciosas, ou também para captura de indígenas para vendê-los como escravos, entre outras motivações. Estes indivíduos ficaram, posteriormente, conhecidos como bandeirantes.
Tais expedições foram fomentadas em momentos e por motivos diferentes, principalmente, após o fim do ciclo do açúcar, quando Portugal necessitava buscar novos recursos. Todo metal encontrado, durante as expedições, deveria ser levado às Casas de Fundição, onde um quinto era retirado, como imposto pago à Coroa portuguesa. Esses métodos de exploração foram de grande importância para a expansão territorial do Império Português, na América.
Com o intuito de aprisionar indígenas, recuperar escravos foragidos e buscar pedras e metais preciosos, os bandeirantes, nos séculos XVII e XVIII, tiveram como foco expandir territorialmente o centro-sul do Brasil. Eles chegaram a ultrapassar o Tratado de Tordesilhas e, em meados do século XVII, encontraram em suas movimentações grandes reservas de ouro, em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Por várias décadas, pequenos depósitos de ouro aluvial foram explorados em segredo para não despertar a ganância das autoridades portuguesas. Esses depósitos foram descobertos em meados de 1693 e 1695, na região hoje chamada de Minas Gerais, entre a Serra da Mantiqueira e as cabeceiras do rio São Francisco. Porém, essa tranquilidade não durou para sempre.
Espalharam-se notícias relatando ricos depósitos, com rios, riachos e ribeirinhos brilhando em ouro. Logo, acampamentos se transformaram em cidades e nasceram Ouro Preto, Mariana e Sabará. Inicialmente, os paulistas viram surgir concorrentes do Nordeste, mas as notícias chegaram também a Portugal.
A descoberta do minério brasileiro foi um marco histórico, favorecendo a economia portuguesa que estava em baixa, devido à queda do valor dos seus produtos coloniais, no século XVII. A Coroa portuguesa, dentre os impostos mais comuns, cobrava o quinto, a captação, as tarifas de importação e exportação, além dos impostos sobre transmissão de propriedade. Por volta de 1713, mais do que o quinto, os mineradores também pagavam a finta anual de trinta arrobas, reduzida para vinte e cinco, em 1718.
O quinto correspondia à entrega de 20% do total retirado para os cofres da Coroa. Contudo, como o ouro comercialmente circulava sob a forma de pepitas ou em pó, se tornava de fácil manuseio, o que facilitava com que escapassem aos olhos dos agentes fiscalizadores. Isso, além do fato de a prática do contrabando ter rapidamente se tornado comum nas áreas de garimpo.
Vale destacar que os próprios mineradores também tentavam driblar a fiscalização, escondendo o ouro em suas roupas, bolsas e até mesmo nos animais, que realizavam o transporte na época, como as mulas e bois. Pois, adotando esta estratégia eles poderiam aumentar sua renda final na comercialização. Por outro lado, alguns historiadores mencionam que os próprios fiscais tentavam angariar rendas, através da mineração, contrabandeando as riquezas de seus senhores.
A sociedade mineradora, diferente da açucareira, se compunha de pessoas de feitio mais urbanos e perfis mais diversificados. Essa população era composta, em grande maioria, pelos donos das minas, funcionários da Coroa, homens livres, em resumo, era uma profissão de prestígio àquela época, no interior das classes de trabalhadores.
Devido aos impactos sociais e econômicos causados nesse período, a região das Minas se tornou um polo repleto de indígenas, escravos, bandeirantes, colonos, dentre outros grupos. Com o intuito de comprar a sua liberdade, os negros escravizados escondiam o ouro, ou então realizavam fugas rumo aos quilombos.
4.2 O ciclo do fumo
Não podemos especificar ao certo quando o fumo começou a ser utilizado para a compra de escravos na África. O tráfico começou em 1570, mas o fumo apareceu no comércio somente no final do século XVII. Dada então a virada do século para o XVIII,o fumo ocupou o segundo lugar no comércio de exportação, vindo logo abaixo do açúcar, produto o qual ainda passava por período de crise.
Sua produção ocorria, principalmente, na Bahia e em Alagoas. O tabaco (nome também dado ao fumo), junto com a cachaça e a rapadura, foi utilizado como produto de troca por negros, na África. Devido à realização dessa troca, o fumo passou a ser o principal gênero de comércio, empregado no escambo dos escravos, na Costa da Mina.
A medida que essa agricultura se transformava em êxito comercial, cresciam as dificuldades apresentadas pelo abastecimento de mão de obra europeia. Do ponto de vista das companhias interessadas no comércio das novas colônias, a solução do problema estava na introdução da mão de obra escrava, realizada pelos africanos.
Como já observamos, o comércio de escravos, vindos da África, constituía um negócio mais rentável para o capitalismo, mas, de maneira geral, não estava ao alcance do pequeno produtor. Porém, as atividades agrícolas dessas colônias não justificavam grandes inversões.
Pode-se explicar que a importação de mão de obra europeia, em regime de servidão temporária, tenha continuado nas colônias mais pobres e excluída das colônias mais ricas, já que estava, amplamente reconhecido, que o trabalho escravo era o mais barato.
A transição para a escravização dos povos negros africanos se realizou onde foi possível especializar a agricultura, num artigo exportável em grande escala. As colônias de pequenos proprietários, onde podemos dizer que em grande parte eram autossuficientes, constituem comunidades com características totalmente distintas das que predominavam nas prósperas colônias agrícolas de exportação. A concentração da renda era menor, e as mesmas estavam menos sujeitas a bruscas contrações econômicas.
Síntese
A disciplina de Formação Econômica do Brasil está baseada na obra de Celso Furtado, que fundamenta o início do primeiro capítulo, colocando a implantação da colonização na América como algo previsível, dentro da expansão mercantilista da Europa.
Vimos também que as preocupações demonstradas, tanto pela Espanha como por Portugal, após a colonização do “Novo Mundo”, foram principalmente de cunho comercial, mas, também, de proteção de território dessas terras, contra a ambição de outros reinos na Europa.
Para conseguir proteger seus novos territórios e ainda assim não se tornar tão custoso aos cofres, os portugueses apostaram na produção agrícola. Assim, a América, aos poucos, foi se integrando, embora, com um sistema europeu de produção, não sendo apenas um local voltado à extração.
Após a crise do açúcar, a Coroa Portuguesa passa a investir em novos ciclos econômicos, onde, também, descobrem o vantajoso negócio do ouro, no Brasil.

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